11.º 5.ª
Augusto & João G. (18) Concepção É uma paródia da própria publicidade. Essa brincadeira é, em geral, muito bem sucedida (e todos sabemos como é difícil fazer humor sem se cair em piroseiras). Devo dizer que a parte em que há espécie de pastiche de personagem de Gato Fedorento (é, creio, o «filósofo matarruano») — ainda que revele boa execução — seria, quanto a mim, das mais prescindíveis. Excelente montagem, conseguindo-se o ritmo típico da publicidade mais profissional (o tal depoimento é que quase desequilibra a boa organização do clip. Expressão oral Augusto mostra muitas capacidades de representação; e o João, de leitura em voz alta. Texto em off é quase sempre muito bem lido (e o registo implica uma expressividade que não facilitava a tarefa). Falha: «Secundária» é dito «Segundária». Texto O que digo em cima sobre a dificuldade de se fazer uma paródia é ainda mais verdade para o texto. Ora o texto nunca fica falhado, o que significa que foi bem escrito. Num dos slides finais, falta acento em «câmera» (ou «câmara»). Duração 2,59
Ricardo & João M.
Carolina
Ana
Joana & Júlia
Guilherme
Filipa
Tiago
Tiago (14,5) Concepção O formato é o de visita guiada, o que, por si só, é mais da ordem do documentário, da reportagem, do que do texto publicitário. Se essa visita guiada fosse mais breve — e, então, teria de tudo ser mais planificado — poderia constituir o miolo de um clip de publicidade: a seguir ao roteiro, ou ao longo do percurso, vincar-se-ia a mensagem a passar. Como está, parece ser forçado o momento do slogan (como se a longa introdução até ao último dizer fosse uma parte de outro género). Expressão oral & Texto A fala espontânea (que o Tiago já usara em bibliofilme) até pode ser boa solução. Neste caso — como quase sempre —, esse improviso devia ser preparado, mais ensaiado. A situação de quem vai mostrando a escola acaba por implicar o excesso de deícticos («aqui temos»; «este é»), o que seria controlável se houvesse mais ensaios. Por outro lado, também há momentos em que percebemos seguir-se um texto escrito (e aí falha bastante a fluência da leitura). Enfim o ideal seria usar um «improviso» mais ou menos preparado ou uma leitura muito representada (o que exigia texto mais pensado, talvez). Uma falha de sintaxe: «Não te vai faltar sítios onde ir» devia ser «Não te vão faltar sítios onde ir». Duração 3,40 (o que é mais do que o combinado).
Dulce
Dulce (17) Concepção É uma abordagem que não vejo muito em outros publifilmes, porque se preferiu aqui valorizar a presença dos próprios alunos. É como se se reconhecesse que, antes de mais, a identidade da escola resulta dos seus alunos. Outros filmes apontam os rankings, os meios postos à disposição de todos, a situação em Lisboa, a arquitectura, a exigência, os professores, etc. O clip da Dulce acaba assim por ser também um clip de homenagem (aliás, salvo erro, na mesma linha do seu microfilme do ano passado), até porque nele intervêm colegas. Música e preferência dada a slides (relativamente a imagens filmadas) acentuam essas características de anúncio-clip memorialístico. Enquanto simples anúncio publicitário, era até de discutir se a parte final (a partir dos dois minutos) não era já prescindível. De certo modo, já se chegara ao auge (o que se segue até pode tirar tirar força ao que já havia). No entanto, o slogan («Aqui quem faz a escola somos nós») vem resolver essa aparente calmaria em que se entrara. Uma opção que não me pareceu resultar (por quebrar um tanto a coerência do filme) é a do uso de uns poucos slides que não são da escola especificamente (e ilustram texto para que não terá sido encontrada foto da ESJGF imediatamente). São uns dez slides apenas, mas é precisamente por não serem muitos que beliscam a coerência geral. Expressão oral Boa, ou muito boa, leitura em voz alta. Não notei falhas. Texto Bom texto (não me apercebi de falhas de sintaxe ou outras). Gostei também do slogan. Num dos slides finais falta o acento de «músicas». Duração 2,42
Catarina & Beatriz
Beatriz & Catarina (16,5-17) Concepção & Texto Começa-se por três perguntas. Depois, em resposta, uma porta abre-se (em texto e em imagens) para um «novo mundo». O resto do texto é anafórico: «Um mundo em que..». É esta anáfora (aqui a figura de estilo; não o termo gramatical que, por exemplo, usamos na descrição das pronominalizações) que vai introduzindo as características da escola. O último item dessa série, «[Um mundo que é...] o teu mundo» é um bom slogan. Ao contrário não me soa muito bem «Procuras uma concentração de oportunidades?» (é gramatical, mas pouco natural). Também «Estás em busca de [...]», sendo absolutamente aceitável, é talvez demasiado informal. Quanto a «culturalmente, socialmente e psicologicamente», podíamos pensar que fosse melhor «cultural, social e psicologicamente», mas a verdade é que apresentar o advérbio completo favorece o reforço (e a estrutura ternária) dessa parte do texto. Enfim, o filme assenta num esquema com paralelismos, enumerações, que é útil à síntese. Expressão oral Sempre perfeita a leitura em voz alta (excepto quando Beatriz parece rir-se, no final da primeira pergunta). (Tenho dúvidas se o género não exigia maior velocidade — mas, como o filme está entre a publicidade imperativa-comercial e a mais institucional, deve aceitar-se esta aparente demora.) O som dos momentos em que houve desligar de microfone (ou é da montagem?) incomoda um pouco, mas é pormenor técnico irrelevante em termos de exercício de português. Duração 2,44
Bárbara & Marta F.
Marta F. & Bárbara (16,5) Concepção A ideia do anúncio é focar as capacidades fomentadas pela ESJGF. Na verdade, deveria ser esse o critério por que se aferiria a «excelência» da escola. (Outros filmes escolhem antes os rankings, as instalações, ...) Como a perspectiva não é a escola, estática, o filme mostra-nos os alunos (colegas de Bárbara e de Marta, e elas próprias) no exacto exercício dessas aprendizagens (em acção, portanto). E eu acho que é interessante ver esses momentos (em aula ou em convívio) e que que é um bom plano de publicidade usá-los como fundo sobre que se inscrevem os «louvores» da escola (neste caso, menos tangíveis mas mais importantes até). O resultado é mais leve, mais alegre, do que quando se investe sobretudo na descrição do edifício ou das características prévias. Acho que esta já boa demonstração podia ter sido ainda mais desenvolvida, mais elaborada. Expressão oral Não há tanto texto como gostaria que houvesse, mas a leitura (e a ‘representação’) é sempre boa. Texto Não há falhas de sintaxe (ou de outra das áreas da descrição da língua — excepto a de ortografia que refiro em baixo), mas o texto é menos inventivo do que seriam capazes as suas autoras. Num dos últimos slides, a translineação de «contacta-nos» implicava fazer repetir o hífen na linha de baixo (é assim que se faz com palavras que têm hífen mesmo antes de mudarem de linha: em cima fica o ‘hífen’ da translineação; em baixo, o da própria palavra). É certo que, quando escrevemos a computador, já começamos a desleixar esta regra (nas minhas folhas de aula, isso acontecerá também), mas o publifilme deveria ter esses cuidados de acabamento. Dois reparos de ordem semântica-lexical: não creio se possa considerar «comédia» como uma qualidade/capacidade («comicidade», «espírito crítico», «boa disposição» é que o seriam); é melhor «forma-nos em inúmeras qualidades» do que «forma-nos com inúmeras qualidades». Duração 1,03
Diogo
Diogo (16) Concepção É um anúncio institucional, em que, porém, fica esbatido o cinzentismo que pudesse haver, graças ao ritmo do filme e à musica. Tudo foi suficientemente ensaiado e bem acabado. (Desagradou-me apenas o incumprimento dos prazos estipulados.) Expressão oral Bastante razoável: não descortinei falhas, velocidade parece-me bem escolhida (nota-se que há certo cuidado em não se ser demasiado rápido, o que poderia levar a lapsos), entoações são as adequadas. Texto Pode dizer-se que não há grande risco, sintaxe é em geral simples, mas o que é certo é que o assim não se comete erros. O estilo, informativo mas leve, resulta. Por vezes, a formulação é quase ingénua («os espaços mais verdes que já viste»), podendo com isso o texto parecer irónico. Uma das primeiras frases não é aceitável: «Se queres uma escola com excelente educação, [...]»: a escola poder ter excelente ensino (ou pode fomentar a educação), mas não tem educação. Duração 1,35
Marta Melim & Mafalda
Mafalda & Marta (15,7) Concepção O dispositivo que imaginaram é bastante simples, mas resulta (o que tem que ver com a vantagem de em publicidade se ser liminar, selectivo, breve). A resposta a «A nossa escola é...» vai implicar uma série de elogios, traduzidos em adjectivos e imagens que os acompanham. Vem depois o mesmo esquema, agora com «Na nossa escola existe...», seguindo-se os vários recursos. O ritmo é marcado pelas próprias séries. Saiu uma tarefa limpa, também do ponto de vista técnico. Expressão oral Boa leitura (Mafalda) e bastante aceitável (da parte de Marta, que, porém, vai, por vezes, demasiado rápida, demasiado lisboeta, por assim dizer). Texto Passada a parte telegráfica, surgem alguns problemas com a sintaxe. Não é gramatical «ao qual nós designamos por CRE» (seria «que designamos» ou «a que chamamos»). Em vez de «Na nossa escola existe», poria «Na nossa escola há». «A associação tem em sua posse a rádio da escola» é fraco: «tem a seu cargo», «tem a respondabilidade de». Também a ideia de que a Associação favorece «a interacção com os alunos» me parece ilógica (interação entre os alunos; a Associação interage com os alunos, mas não favorece a interacção com). Slogan final não o percebo bem («A nossa escola representa»), mas gosto da voz em uníssono. Duração 1,04
André
André (16,75) Concepção Trata-se de pastiche de programa de rádio (Rádio-Escolas FM), que, a pretexto de dar a conhecer várias escolas, faz uma reportagem sobre a ESJGF. Nesta reportagem há uma paródia aos depoimentos encomiásticos (que aparecem demasiado melosos, em caricatura). Note-se que, apesar dos efeitos de caricatura, tudo (programa de rádio e reportagem nele inserida) sai verosímil, o que significa que há bom conhecimento das características dos dois géneros de texto. Também houve capacidade técnica (inserção da música, coerência dos textos com a duração, boas imitações), o que se reflecte no ar de bom acabamento que tem o «publifone». Expressão oral Boa leitura, sem hesitações e a conseguir seguir as várias «expressividades» que estavam em jogo: a do radialista, as dos depoimentos (aqui, como disse, também há exercícios de imitação bem sucedidos). Reparo: um locutor não diria «’tou», mas «estou». Texto Como fui dizendo, mostra conhecer-se bem o discurso do género ‘programa de rádio’ (amador). Em vez de «foi construída por Raul Ferreira em 1980», proponho: «foi projectada por Raul Hestnes Ferreira» e inaugurada em 1980». Em vez de «melhor classificadas», tem de ser «mais bem classificadas» (pode não soar bem, mas é assim). Duração 1,40
Marta Mens.
Marta Mens. (15,5) Concepção Aproveitam-se citações de José Gomes Ferreira, para, a partir delas, passar à descrição do enquadramento da escola e, depois, à caracterização do seu ambiente de trabalho. As informações acerca da escola vão sendo acompanhadas de imagens (ora de ilustração realista; ora de comentário em brincadeira). (Crítica que tem de ser feita: este filme foi-me entregue muitíssimo depois do prazo combinado.) Expressão oral Ganharia a leitura em voz alta, que foi boa, em ter sido ligeiramente mais lenta. Texto Escrita é boa, num estilo que fica entre a leve ironia e a simpatia. Ideia interessante a de abrir o filme com uma citação de José Gomes Ferreira (das Aventuras de João sem Medo) e, depois, recorrer a vários versos do poeta; «estudar sempre também cansa», que alude a poema do patrono da escola, é depois, com inteligência, recuperado no final («acreditem que, aqui, viver sempre não cansa»). Duração 1,15
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