Sunday, September 06, 2015

Os Maias 7



Afonso & Gonçalo S. (11.º 5.ª)
Gonçalo S. & Afonso (19,5-19) Pontos fortes Transposição para a nossa época e para um dado formato/género televisivo consegue encontrar os equivalentes apropriados (quer em termos de situação quer em termos de linguagem). Texto da paródia consegue ser inteligente e engraçado sem nunca seguir soluções fáceis (de humor à portuguesa, digamos). Representação dos dois atores. Todos os aspetos de realização videográfica (de adereços à montagem; implicando muita habilidade técnica e, decerto, trabalho). Aspetos melhoráveis Numa legenda, por gralha, «ni[n]guém»; no texto lido, creio que não era «obra *proclamada pelos estudantes», mas «vituperada», «amaldiçoada». Admito que introdução e epílogo, embora também muito bons, fossem prescindíveis, já que talvez retirem unidade ao conjunto (e a paródia propriamente dita ao programa seria mais que suficiente, até para não nos afastarmos tanto do tempo aconselhado).

Anastasiia (11.º 7.ª)
Anastasiia (16,5-17) Pontos fortes Ideia de aproveitar o livro prometido por Ega, Memórias de um átomo, e relacioná-lo com dados de ciência e filosóficos. Redação. Entoação e ritmo na leitura em voz alta. Imagem (uma famosa pintura de Caspar David Friedrich, mas com um fundo reformulado, segundo creio concebido pela autora — talvez devesse constar referência, por questão de informação mas até também para que se percebesse que houve trabalho criativo próprio). Aspetos melhoráveis Na redação: em vez de «a figura que *me, de facto, cativou», seria ««a figura que, de facto, me cativou»; em vez de «aparência», seria, no contexto em causa, «aparição» ou «surgimento»; plural de «aguardente» é «aguardentes» (a não ser que o objetivo fosse mesmo, poeticamente, «águas ardentes»). Na pronúncia: «provocou-me» saiu pouco claro; e é «alguns pref[ε]rem» (não «pref[i]rem», embora a 1.ª pessoa do singular seja «pref[i]ro»); em«manuscrito» não há o som [p].)

Maria Madalena & Tiago (11.º 1.ª)

Tiago & Maria Madalena (18,5-18) Pontos fortes Ritmo narrativo (no fundo: um bom guião de filme, assente na coordenação entre cenas representadas, voz off e slides ao estilo do cinema mudo). Tom geral de alegria e humor leve. Realização e montagem (incluo nisto, é claro, a música — crucial —, a representação e todos os aspetos que o cinema tem de providenciar e que nem notamos). Resultou bem terem usado a própria escola como cenário. Lettering elegante. Aspetos melhoráveis No texto: «*os seus planos tinham sido desvanecidos» (seria: «os seus planos tinham-se desvanecido»). Na leitura em voz alta: Tiago, cerca de 1,25, teve uma hesitação notória (valia a pena terem repetido esse passo). E olhem que Charles já não era um bebé (sim, creio que usaram uma espécie de bebé por brincadeira).

Vitória (11.º 8.ª)

Vitória (14,5) Pontos fortes Texto parece-me bem revisto, embora transposição para diário siga demasiado o próprio texto de Eça (e seja mais um relato extenso, abrangendo vários dias, do que página escrita no final do dia, como se supõe aconteça com os diários). Houve algum cuidado no acabamento, notável, por exemplo, no fundo musical (conviria dar também a referência: trata-se da sonata 14 para piano de Beethoven, a «sonata ao luar»). Imagem construída propositadamente (mas, é claro, é uma única imagem). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta, apressada, deveria ser mais intimista (e houve vários cortes na gravação). Na redação: «*a decisão foi um tanto impossível» (seria: «a decisão foi um tanto difícil»); «*ao que nem para as aulas de florete [...]» («e nem para as aulas de florete [...]»; «*retornei a Aterro» («retornei ao Aterro»); «rua Almada» («rua do Almada»).

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