Os Maias 8
Márcia
(11.º 9.ª)
Márcia
(Muito Bom-/Bom+ ou quase Muito Bom-) Pontos fortes Boa leitura em voz alta
(só um brevíssimo tropeção na última frase). Redação de um texto bastante longo
quase sem erros (não ficaria mal, porém, algum toque de maior vivacidade,
ironia, no texto de Carlos). Ter-se cobrido todo o capítulo, de modo coerente,
proporcional, com verosimilhança. Esforço documental, através de filme dos
espaços a que o texto se vai reportando. Limpeza do todo (simplicidade, bom
acabamento, qualidade estética da abertura e do fecho). Aspetos melhoráveis Na oralidade: embora relativamente controlada,
ainda se notou a tendência de Márcia para aglutinar sílabas (por atacar as
palavras com muita velocidade); «Seteais» costuma ser dito «s[ε]teais» (com a
vogal aberta, portanto). Na escrita: Carlos diria mais provavelmente
«Eusebiozinho» (ou «Silveirinha») do que «Silveira»; «Só queria olhar-lhe um
pouco mais» devia ser «Só queria olhá-la
um pouco mais; evitaria «quão»; «que passou o dia a lembrar» era subsituível
por «que passara o dia a lembrar»).
Pedro R. (11.º 3.ª) & Rodrigo (11.º 4.ª)
Rodrigo
& Pedro (Muito Bom) Pontos fortes Imitação (mais pastiche do
que paródia) do formato televisivo que adotam (reportagem, ou peça para
«direto» entremeada com reportagem, para programa de revisão de espetáculos) mostra-se
rigorosa na perceção do modelo e criativa na construção da caricatura (leve,
aliás). Esta apropriação tão próxima dos modelos que serviram de inspiração implicou
um domínio avançado da técnica (da montagem mas ainda antes na recolha de
imagens) e, certamente, planificação aturada, logística complicada e muito
tempo de trabalho. Guião também me parece bastante certo na redação das falas e
dos restantes textos de ligação (notar os vários encaixes: é uma peça que apresenta
uma reportagem sobre um filme que trataria da obra que era o objeto da tarefa).
É interessante ainda a mobilização de uma equipa que, creio, já tem certa
tarimba de realizações semelhantes, e que inclui as duas Ineses (com efeito, o
cinema e a televisão são artes que obrigam a trabalho coletivo). Aspetos melhoráveis É difícil
procurarmos corrigir aspetos de linguagem (como se trata de representar uma
situação, com oralidade informal, temos de aceitar que as personagens falarão
como todos normalmente falamos, com uma ou outra quebra da gramática da
escrita). Ainda assim, emendo este momento: «Todos nós deixámos parte de si
neste trabalho» (todos deixámos uma parte de nós neste trabalho / cada um
deixou uma parte de si neste trabalho). Na representação, há uns quantos
momentos talvez um pouco menos «profissionais» (quando se parece estar a tentar
recuperar um texto escrito), mas também aqui se pode dizer que as personagens
que estão a ser imitadas também estavam em situação de representação (e também poderiam
ter essas ligeiras hesitações: os locutores nem sempre leem bem o teleponto, em
entrevista também se trata de represntar e às vezes parecemos insinceros, etc.).
«Esqueceram-me as queijadas» deveria ser dito por Cruges (e não por Carlos),
mas não sei se a troca não foi propositada.
Luís (11.º 1.ª)
Luís
(Bom (-)) Pontos fortes Texto está bem escrito,
com bons momentos de redação (embora também haja passos em que o uso do
vocabulário parece forçado, um pouco exibicionista). Leitura em voz alta revela
progressos e decerto bastante ensaio. Quase não há erros e há bastante
fluência, mesmo se a cadência adotada, talvez para propiciar um ritmo
securizante, impede a naturalidade (a expressividade de uma personagem em
discurso intimista). Aspetos melhoráveis
Na legenda inicial, «Tarefa sobre os Maias», falta maiúscula em «Os» e itálico
para Os Maias. «Devaneios» saiu
«desvaneios». «[...] a senhora de que
tanto tenho sonhado» (com que tanto
tenho sonhado»). «Espero profundamente não ser desiludido» (aqui está um
exemplo de certo desvario lexical: «profundamente» é bom advérbio para
«esperar»?). A parcimónia de meios não me desagrada, mas também temos de notar
que há algum desperdício das potencialidades que pode ter um microfilme (o que
eu entenderia melhor se se tratasse de um excecional leitor em voz alta).
Tomás & Zanatti (11.º 9.ª)
Zanatti
& Tomás (Bom+/Muito Bom-) Pontos
fortes Bom ritmo do filme (o que assenta em boa realização, montagem,
planificação, trabalho, saber técnico, facilidade de representação, sentido de
humor). Capacidade de criar, em episódios breves, situações alusivas, ora
próximas do original, ora em transposição com alterações importantes (seria
talvez possível caricaturar mais aspetos da própria obra: o comprometimento de
Eusebiosinho ao ser descoberto; Alencar a cantar mesmo um poema; ...). Acertada
a ideia de fazer uma explicação inicial (mas notar que«sketch» não foi aí bem
pronunciado) e, depois, introduções aos vários sketches (em geral, bem lidas, em
modo coloquial). Aspetos melhoráveis
Não se pode dizer que um momento do capítulo fosse a ida de Eusebiozinho de Palma Cavalão a Sintra (eles são lá
encontrados por Carlos) nem que fossem em busca das «famosas prostitutas de
Sintra» (não me lembro de essa característica ser atribuída à vila, mas pode
isso ter-me falhado; não tenho aqui o livro comigo). Na introdução ao quarto «sketch»,
Zanatti foi precipitado na leitura, havendo sobretudo um «Alencar», o segundo,
dito como palavra grave (é aguda, claro). «Bloopers» é melhor que «apanhados».
Helena (11.º 4.ª)
Helena (Bom
(-)) Pontos fortes Ter-se percebido
que, ao fazer um trailer de capítulo, havia que encarar essas páginas enquanto
unidade autónoma, que se soube identificar: Uma
aventura em Sintra (em alguns outros filmes de colegas que seguiram este formato,
fez-se, erradamente, um trailer de Os Maias
embora focando o capítulo em causa). A ideia das figuras, devidas a Higor (é
mesmo esta a grafia?), resulta bem. Também a música foi bem escolhida. Há bom acabamento
do trabalho (vê-se que não há nada feito apenas por fazer ou para «encher», e que
houve gosto). Aspetos melhoráveis
Embora um trailer seja, por natureza, relativamente breve, pode demorar ainda
alguns minutos e, neste caso, convinha mesmo que o filme tivesse algum tempo
mais, para poder haver exibição da oralidade ou de texto. Outro aspeto: por
azar, nem todos os epítetos atribuídos às personagens se veem bem, porque as
letras fazem pouco contraste com as imagens, mas acho que se podia ter sido
mais certeiro, por exemplo, no de Eusebiozinho (é «tradicionalista»?) e, em
geral, buscar caracterizações mais interpretativas (para Palma, «jornalista» é
pouco: «o jornalista corrupto» era o mínimo; para Cruges, «maestro» parece
pouco: «o maestro que se esqueceu das queijadas»?; etc.).
Rita (11.º 6.ª)
Rita
(Suficiente+/Bom-) Pontos fortes Há
sentido da rima (os versos saíram, em geral, corretos, até com métrica próxima
da ideal); no entanto, teria gostado que o espaço com o poema fosse maior (é
cerca de um minuto: 1.00-2.12). Enredo do capítulo pareceu compreendido.
Leitura em voz alta aceitável, embora julgue que Rita conseguiria fazer melhor.
Aspetos melhoráveis Música
justifica-se antes da recitação começar, mas, depois, aqui e ali, torna pouco
cómoda a audição dos versos. Na oralidade: «os Castros Gomes se entraram» (?;
seria «se instalaram»?) «? tinha ficado» (1.45) (não se percebe a palavra);
«Lawrence» é proparoxítona (ou esdrúxula; não paroxítona ou grave). Na escrita:
«e bradava aos ventos» (quem é que bradava? Carlos? é o sujeito indeterminado?)
Finalmente: o lugar da Rita no mapa da sala correspondia ao capítulo XIII...
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