Sunday, September 16, 2012

Os Maias 8


Márcia (11.º 9.ª)



Márcia (Muito Bom-/Bom+ ou quase Muito Bom-) Pontos fortes Boa leitura em voz alta (só um brevíssimo tropeção na última frase). Redação de um texto bastante longo quase sem erros (não ficaria mal, porém, algum toque de maior vivacidade, ironia, no texto de Carlos). Ter-se cobrido todo o capítulo, de modo coerente, proporcional, com verosimilhança. Esforço documental, através de filme dos espaços a que o texto se vai reportando. Limpeza do todo (simplicidade, bom acabamento, qualidade estética da abertura e do fecho). Aspetos melhoráveis Na oralidade: embora relativamente controlada, ainda se notou a tendência de Márcia para aglutinar sílabas (por atacar as palavras com muita velocidade); «Seteais» costuma ser dito «s[ε]teais» (com a vogal aberta, portanto). Na escrita: Carlos diria mais provavelmente «Eusebiozinho» (ou «Silveirinha») do que «Silveira»; «Só queria olhar-lhe um pouco mais» devia ser «Só queria olhá-la um pouco mais; evitaria «quão»; «que passou o dia a lembrar» era subsituível por «que passara o dia a lembrar»).



Pedro R. (11.º 3.ª) & Rodrigo (11.º 4.ª)





Rodrigo & Pedro (Muito Bom) Pontos fortes Imitação (mais pastiche do que paródia) do formato televisivo que adotam (reportagem, ou peça para «direto» entremeada com reportagem, para programa de revisão de espetáculos) mostra-se rigorosa na perceção do modelo e criativa na construção da caricatura (leve, aliás). Esta apropriação tão próxima dos modelos que serviram de inspiração implicou um domínio avançado da técnica (da montagem mas ainda antes na recolha de imagens) e, certamente, planificação aturada, logística complicada e muito tempo de trabalho. Guião também me parece bastante certo na redação das falas e dos restantes textos de ligação (notar os vários encaixes: é uma peça que apresenta uma reportagem sobre um filme que trataria da obra que era o objeto da tarefa). É interessante ainda a mobilização de uma equipa que, creio, já tem certa tarimba de realizações semelhantes, e que inclui as duas Ineses (com efeito, o cinema e a televisão são artes que obrigam a trabalho coletivo). Aspetos melhoráveis É difícil procurarmos corrigir aspetos de linguagem (como se trata de representar uma situação, com oralidade informal, temos de aceitar que as personagens falarão como todos normalmente falamos, com uma ou outra quebra da gramática da escrita). Ainda assim, emendo este momento: «Todos nós deixámos parte de si neste trabalho» (todos deixámos uma parte de nós neste trabalho / cada um deixou uma parte de si neste trabalho). Na representação, há uns quantos momentos talvez um pouco menos «profissionais» (quando se parece estar a tentar recuperar um texto escrito), mas também aqui se pode dizer que as personagens que estão a ser imitadas também estavam em situação de representação (e também poderiam ter essas ligeiras hesitações: os locutores nem sempre leem bem o teleponto, em entrevista também se trata de represntar e às vezes parecemos insinceros, etc.). «Esqueceram-me as queijadas» deveria ser dito por Cruges (e não por Carlos), mas não sei se a troca não foi propositada.





Luís (11.º 1.ª)





Luís (Bom (-)) Pontos fortes Texto está bem escrito, com bons momentos de redação (embora também haja passos em que o uso do vocabulário parece forçado, um pouco exibicionista). Leitura em voz alta revela progressos e decerto bastante ensaio. Quase não há erros e há bastante fluência, mesmo se a cadência adotada, talvez para propiciar um ritmo securizante, impede a naturalidade (a expressividade de uma personagem em discurso intimista). Aspetos melhoráveis Na legenda inicial, «Tarefa sobre os Maias», falta maiúscula em «Os» e itálico para Os Maias. «Devaneios» saiu «desvaneios». «[...] a senhora de que tanto tenho sonhado» (com que tanto tenho sonhado»). «Espero profundamente não ser desiludido» (aqui está um exemplo de certo desvario lexical: «profundamente» é bom advérbio para «esperar»?). A parcimónia de meios não me desagrada, mas também temos de notar que há algum desperdício das potencialidades que pode ter um microfilme (o que eu entenderia melhor se se tratasse de um excecional leitor em voz alta).





Tomás & Zanatti (11.º 9.ª)





Zanatti & Tomás (Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Bom ritmo do filme (o que assenta em boa realização, montagem, planificação, trabalho, saber técnico, facilidade de representação, sentido de humor). Capacidade de criar, em episódios breves, situações alusivas, ora próximas do original, ora em transposição com alterações importantes (seria talvez possível caricaturar mais aspetos da própria obra: o comprometimento de Eusebiosinho ao ser descoberto; Alencar a cantar mesmo um poema; ...). Acertada a ideia de fazer uma explicação inicial (mas notar que«sketch» não foi aí bem pronunciado) e, depois, introduções aos vários sketches (em geral, bem lidas, em modo coloquial). Aspetos melhoráveis Não se pode dizer que um momento do capítulo fosse a ida de Eusebiozinho de Palma Cavalão a Sintra (eles são lá encontrados por Carlos) nem que fossem em busca das «famosas prostitutas de Sintra» (não me lembro de essa característica ser atribuída à vila, mas pode isso ter-me falhado; não tenho aqui o livro comigo). Na introdução ao quarto «sketch», Zanatti foi precipitado na leitura, havendo sobretudo um «Alencar», o segundo, dito como palavra grave (é aguda, claro). «Bloopers» é melhor que «apanhados».





Helena (11.º 4.ª)





Helena (Bom (-)) Pontos fortes Ter-se percebido que, ao fazer um trailer de capítulo, havia que encarar essas páginas enquanto unidade autónoma, que se soube identificar: Uma aventura em Sintra (em alguns outros filmes de colegas que seguiram este formato, fez-se, erradamente, um trailer de Os Maias embora focando o capítulo em causa). A ideia das figuras, devidas a Higor (é mesmo esta a grafia?), resulta bem. Também a música foi bem escolhida. Há bom acabamento do trabalho (vê-se que não há nada feito apenas por fazer ou para «encher», e que houve gosto). Aspetos melhoráveis Embora um trailer seja, por natureza, relativamente breve, pode demorar ainda alguns minutos e, neste caso, convinha mesmo que o filme tivesse algum tempo mais, para poder haver exibição da oralidade ou de texto. Outro aspeto: por azar, nem todos os epítetos atribuídos às personagens se veem bem, porque as letras fazem pouco contraste com as imagens, mas acho que se podia ter sido mais certeiro, por exemplo, no de Eusebiozinho (é «tradicionalista»?) e, em geral, buscar caracterizações mais interpretativas (para Palma, «jornalista» é pouco: «o jornalista corrupto» era o mínimo; para Cruges, «maestro» parece pouco: «o maestro que se esqueceu das queijadas»?; etc.).





Rita (11.º 6.ª)





Rita (Suficiente+/Bom-) Pontos fortes Há sentido da rima (os versos saíram, em geral, corretos, até com métrica próxima da ideal); no entanto, teria gostado que o espaço com o poema fosse maior (é cerca de um minuto: 1.00-2.12). Enredo do capítulo pareceu compreendido. Leitura em voz alta aceitável, embora julgue que Rita conseguiria fazer melhor. Aspetos melhoráveis Música justifica-se antes da recitação começar, mas, depois, aqui e ali, torna pouco cómoda a audição dos versos. Na oralidade: «os Castros Gomes se entraram» (?; seria «se instalaram»?) «? tinha ficado» (1.45) (não se percebe a palavra); «Lawrence» é proparoxítona (ou esdrúxula; não paroxítona ou grave). Na escrita: «e bradava aos ventos» (quem é que bradava? Carlos? é o sujeito indeterminado?) Finalmente: o lugar da Rita no mapa da sala correspondia ao capítulo XIII...



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