Os Maias 18
Marta G. & Catarina
(11.º 6.ª)
Catarina & Marta G. (Bom (-)) Pontos fortes
Arrumação e clareza (foi boa ideia anunciar o tipo de transposição que ia ser
feita). Leituras em voz alta mostram que ambas as autoras têm boa capacidade nesse domínio (embora pudesse haver ou mais ensaios ou mais escrutínio dos resultados,
mais vigilância). Texto escrito é interessante, verosímil, num registo que, sem
ser o queirosiano (é claro!), não é demasiado corrente (não fiz as contas, mas era preciso
ver se a Torre Eiffel, construída em 1889, podia ter sido local de encontro de
Carlos e Sophie). Aspetos melhoráveis
Imagens podiam ser originais (era preferível carta em português; eram evitáveis
as imagens da telenovela brasileira). Na escrita: a segunda carta começa com um
tratamento na 3.ª pessoa («sua»), fixando-se depois na segunda («tu»); a noção
de Pretérito Mais-que-perfeito ainda não está consolidada: há «dissera» (que
gostava muito), quando tinha de ser «disse», e, por exemplo, em «lembrava-me do
que passei em Lisboa», podia estar «passara»; «apercebi-me que» (apercebi-me de
que). Na oralidade: na leitura de Marta não há erros, embora uma ou duas hesitações
se pudessem ter evitado (tropeção em «contar-te detalhadamente», em «um pedido
que» e em «nesse mesmo instante»; «Sophie» devia ser «S[ô]phie»); na de
Catarina, convinha corrigir «p[ó]ssamos (não se sendo jogador de futebol, é «p[u]ssamos» que se diz: a palavra é
grave e não esdrúxula), «Sophie» (que foi dita como esdrúxula, o que em francês
não existe) e «cumprimentos» (saiu «comprimentos»).
Pedro C. & Pedro D. (11.º 1.ª)
Pedro D. & Pedro C. (Muito Bom -) Pontos
fortes Todo o cuidado, planificação, saberes técnicos vários, que este
filme revela (a atenção aos pormenores, a que cinema obriga; o rigor honesto
que deveria suportar sempre as nossas tarefas). Ter o trabalho implicado pesquisa,
criação e logística (locais, cenário e adereços) complexas e terem estas sido
bem resolvidas. Leituras em voz alta sem erros e muito claras (embora me
parecesse que não faria mal terem uma cadência menos uniforme, mais maleável,
mais suscetível de dar a modulação de sentimentos, estados de espírito). Também
a escrita é muito perfeita (falo sem ter confrontado o texto com o que possam
ter aproveitado dos próprios Maias, já
que estou sem exemplar por perto). Aspetos
melhoráveis A atenção aos pormenores que gabei em cima tem talvez uma consequência
desvantajosa: querer dar conta de tudo, quando um espetador também deve poder
inferir sem ilustrações (creio que não era necessário ir dando paisagens de
todos os locais mencionados: enquanto objeto artístico, perde-se um pouco,
teria ficado melhor só com os planos de Ega e de Carlos). Na escrita: «Estou tentado
em progredir» (estou tentado a progredir); numa «didascália», em vez de «pelo
Vilaça», era preferível «por Vilaça»; nas legendas, as preposições («de») não têm
de vir com maiúscula; a «capítulo» faltou o acento. Quando se diz «as novidades
da Avenida» e se ilustra com rua lisboeta, talvez se devesse pôr mesmo a
Avenida da Liberdade (o antigo Passeio Público dera lugar, na década em que
Carlos está ausente, à abertura da avenida que viria a ser a atual Avenida da
Liberdade).
Sara (11.º 3.ª)
Sara
(Bom (-))
Pontos fortes Leitura em voz alta consegue,
em geral, as devidas entoações e tem poucos tropeções (Sara evitou a velocidade
que, em outras ocasiões, prejudicou a sua leitura; ainda assim, à medida que
nos vamos aproximando do final, há como que uma sofreguidão de chegar à meta,
que leva a autora a ter menos fôlego e a fazer uma ou duas pronúncias menos
claras.) Textos tem boa escrita, respeita as ideias do capítulo, mas talvez
pudesse distanciar-se mais do escrito original (creio que há trechos muito
chegados ao que está no livro). Aspetos
melhoráveis Cerca de 0.54, não percebo o que é dito (pronúncia saiu «embrulhada»,
porque se vinha com excessiva velocidade). Em «o tipo de jogada que adotamos»,
era mais esperável um perfeito («adotámos»). «Tempestade» é dito «Tempestal».
João (11.º 4.ª)
João (Insuficiente)
Não foram vistas as instruções com cuidado (já nem falo da data de entrega; mas
aí se diz que é necessário haver discurso oral; também se refere a extensão aconselhada,
que é bastante maior do que a deste trailer; por outro lado, no mapa que
dou, o lugar do autor corresponde ao capítulo XIII). «Inco*sciente» seria «inconsciente»
(e vale a pena lembrar que há também, nos Maias,
«incesto consciente»). Se este recado for visto a tempo (ainda há uma série de
dias, até porque, por causa da greve, as reuniões de avaliação não se
realizarão nas datas previstas, mas só talvez lá para o final da semana), dava
ao João a sugestão de ainda tentar fazer, sobre um qualquer capítulo lido (o
XIII, idealmente), uma gravação segundo o que eu pedira (ver instruções) e
enviar-ma.
Pedro
M. (11.º 1.ª)
Pedro M.
(Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Texto
criado tem o mérito de ser interpretativo (de implicar uma visão de conjunto,
que não se fixa só no capítulo); também o de usar um registo requintado, que
não discrepa do literário, mesmo se, como é evidente, não é queirosiano.
Leitura em voz alta bastante perfeita. Filmar apenas o autor a ler é, por um
lado, solução económica, mas, por outro lado, significa risco maior, já que é
mais difícil o exercício de leitura em voz alta assim, sob a vigilância da
câmara. Aspetos melhoráveis Embora
considere a leitura em voz alta conseguida — já o disse em cima —, admito que seria
útil alternar-se entre momentos mais parados e outros mais vertiginosos (representando-se
assim a introspeção, a angústia, a excitação que um diário pode conter). A
certa altura adota-se uma velocidade razoável e uniforme, o que faz esbater o
efeito monologal (apesar de esse ritmo elevado até ser mais difícil de gerir
sem lapsos, como consegue o Pedro) Apesar do que digo em cima, o minimalismo
das imagens.
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