Os Maias 14
Guilherme
(11.º 1.ª)
Guilherme
(Muito Bom) Pontos fortes Originalidade do formato
adotado: no que se vai ouvindo, uma crónica, em torno das mudanças de redação,
de estilo, em função do género (carta, mail), incluindo também uma carta fictícia
(de João da Eça [sic]); ao mesmo
tempo, nas imagens, vamos vendo uma representação que ilustra, com ironia
conseguida, um antes e depois (carta/mail). São, de certo modo, dois trabalhos
num só, aproveitando-se verdadeiramente a capacidade agregadora de um filme,
sobre... texto, sem deixar de escrever também um texto. Foi tudo bem imaginado,
planificado com rigor decerto, executado com gosto e atenção a pormenores (cfr., por exemplo, estilo gráfico e caracterização
de personagens). Não encontro falhas de escrita nem na leitura em voz alta. Aspetos melhoráveis Poria o volume do fundo
musical um pouco mais baixo, já que faz que tenhamos de estar com certa concentração
para seguirmos o texto.
Marta & Noorani (11.º 1.ª)
Noorani
& Marta (Bom -) Pontos fortes O
formato escolhido punha dificuldades técnicas que foram vencidas pelas autoras
(o que, é claro, não significa que não fique a sensação de que falta alguma
coisa para que estejamos perante um verdadeiro trailer profissional, talvez no
domínio do tratamento do som e da música escolhida). A leitura em voz alta está
sempre correta (embora se deva reconhecer que, não havendo passos longos, a
leitura não era demasiado exigente; é também discutível se a entoação devia
procurar imitar a dos trailers profissionais, como se fez, ou se valeria mais usar
um estilo de oral mais adaptável às vozes de raparigas). Na escrita, também não
vejo erros (só «no local físico e sentimentalmente familiar» não soa bem: será
«física e sentimentalmente familiar»?; há inda um «entre ambos», cujo «ambos»
não tem referente próximo, apesar de percebermos que se trata de Carlos e Maria
Eduarda). Aspetos melhoráveis O
problema do formato ‘trailer’ é que convida a que haja pouco discurso oral, que
era o que se pretendia, em grande parte, neste trabalho; por outro lado, tratando-se
de trabalho em dupla, esperava uma extensão maior. (Há trailers mais longos,
que inserem algumas cenas, o que seria difícil, ou que apresentam uma narração mais
desenvolvida, até para fazer realçar os momento de frases liminares, o que já
acho que poderiam ter feito.) Teria evitado usar imagens da telenovela
brasileira (de resto, contrastam depois com os nomes dos atores que são
anunciados). A pronúncia de «história» escusa de ser «h[i]stória» (em Lisboa,
dizemos «[ch]tória» e seria essa a pronúncia recomendável).
Joana & Mónica (11.º 1.ª)
Mónica
& Joana (Suficiente / Suficiente (+)) Pontos
fortes Conseguiu isolar-se o assunto que poderia transformar o capítulo em
causa num objeto de trailer (a revelação a Carlos de aspetos que ele desconhecia
acerca de Maria [não ficou claro, porém, que Castro Gomes é apenas quem
sustenta Maria Eduarda]; a expetativa sobre como reagiria em seguida). Não há
falhas notórias quer na leitura em voz alta quer no texto criado (embora a
extensão do texto, pequena, o facilitasse). Finalmente, Joana cumpriu uma das
tarefas grandes, o que é mérito seu (vencendo uma teimosia) e da Mónica (que a
terá sabido arregimentar). Aspetos
melhoráveis Há pouco texto e pouco discurso oral (no fundo, a parte com
texto é de pouco mais de um minuto). O género ‘trailer’ exige um domínio de
técnicas de montagem que, naturalmente, Joana e Mónica não têm. Deveria ter-se
evitado o recurso a imagens, e música, da série brasileira ou a imagens googladas
sem grande seletividade. Na oralidade: parece ouvir-se «João de* Ega», «Carlos
de* Maia» e «Afonso de* Maia» (deveria dizer-se «João da Ega», «Carlos da Maia»,
«Afonso da Maia»).
Joana (11.º 4.ª)
Joana (Bom+/Muito
Bom-) Pontos fortes Toda a produção-realização,
ou seja, no fundo, a agregação de uma série de artes-técnicas (filmagem, encenação,
música, texto), cuja integração coerente caracteriza o cinema. Aproveitamento
do enredo de Os Maias numa situação
que não se limita a seguir o original mas se liberta dele criativamente (sem
deixar de aludir à obra). Leitura em voz alta sem falhas. Texto está bem
escrito, embora admita eu haver alguma ajuda adulta (e daí não vem mal ao mundo
aliás). Representação (que já não será mérito da Joana). Aspetos melhoráveis Na escrita: «Carlos correspondia também no seu
diário» (Carlos correspondia a esta paixão também no seu diário); «era uma
mulher mais velha, que preencheu a vida de Carlos [...]» (Era uma mulher mais
velha que preenchera a vida de Carlos); «Carlos suplicara e explicara» (Carlos
suplicara[-lhe perdão (costuma ser verbo
transitivo «suplicar»)]); nas legendas finais deve corrigir-se «interpretado»
(é assim que se escreve).
F. Hipólito (11.º 4.ª)
F.
Hipólito (Bom-/Suf+) Pontos fortes Boa
leitura em voz alta. Recurso ao formato publicitário era boa ideia, que foi
potenciada aqui e ali (nos dizeres finais, por exemplo), mas que implicaria
maior investimento na leitura do livro e também em meios técnicos. Aspetos melhoráveis Não parece haver
suficiente aproveitamento da obra (e do capítulo): a publicidade recorre sobretudo
a avaliações genéricas, que, no fundo, podiam caber a qualquer livro famoso. Na
escrita: «peça de Eça de Queirós» (romance de Eça de Queirós); «Os Maias são considerados por muitos
leitores e autores...» (não se justifica esta menção dos autores); «de outras
peças de Eça» (de outras obras de Eça); «personagens são faladas» (personagens são
referidas); «que a chega a propor em
casamento» (que chega a propor-lhe
casamento).
André & José (11.º 3.ª)
José & André (Suficiente -/Insuficiente+) Pontos
fortes A assunção de um tom coloquial (evidente logo num inicial e quase bruto
«Então!», como quem pergunta ao leitor porque está ali especado) podia ser uma
boa ideia: para evitar repetir o formato ‘resumo lido em voz alta’, os autores recorreriam
a uma espécie de conversa, com algum improviso até. Ainda assim, teria de haver
mais ensaio (os improvisos em televisão são ensaiados). Não havendo esse ensaio
da informalidade, acaba por o resultado se confundir bastante com leitura
formal mas pouco estudada. Aspetos melhoráveis
Ter-se feito apenas o resumo (respaldado mais em sebentas do que em efetiva
leitura do capítulo?). Há confusões importantes: a «Toca» não é o «quarto da
quinta de Santa Olávia», é uma quinta nos Olivais. No texto: «Em setembro, onde
Craft...» (Em setembro, quando Craft...); evitar os «sendo que» e os «este»
muito repetidos.
[Comentário logo que possível]
Manel (11.º 4.ª)
Manel (Bom
(+)) Pontos fortes Boa ideia, boa
escolha do formato (as entrevistas permitem mostrar conhecimento do capítulo e enquadrar
tudo numa perspetiva ligeira, crítica do enredo, afinal, ainda que se vá
recontando esse enredo), bom texto. Também bem a leitura (embora, como, em
geral, não se procura ser realista, mas se visa a caricatura, as entoações
sejam menos escrutináveis — mesmo assim, por exemplo, a intervenção de Eça termina
com um «deviam ser» que se esbate quando esperaríamos maior inflexibilidade, o
que ocorre porque o exagero de autoridade que se adotara para a voz de Eça não
pôde ser bem controlado até ao último segundo; também o desespero de Maria
Eduarda, não chega a ser tão agudo quanto se deixava adivinhar a certa altura).
Aspetos melhoráveis Note-se que era
o capítulo XVIII que cabia ao Manel! Imagem que ilustra entrevista a Carlos é um
retrato de Eça (valia a pena, para manter o recurso usado com a Maria Eduarda e
com Ega, procurar retrato masculino mais próximo do que conhecemos da personagem,
além de que a figura do escritor vai depois aparecer quando é ele mesmo o entrevistado). Em «efectuar»,
o C não é para ser dito. Pequenas falhas de acabamento sem importância: ouve-se
uma voz que não e a do autor nuns curtos segundos; slide de Ega surge com Maria
ainda a carpir as suas mágoas.
#
<< Home