Sunday, September 16, 2012

Os Maias 13


Marta B. (11.º 3.ª)



Marta B.  (Bom-/Bom(-)) Pontos fortes Leitura em voz alta, de texto difícil e de razoável extensão, é meritória, sem erros de entoação ou mesmo hesitações (houve apenas os acidentes de fonética que assinalo em baixo), mostrando a facilidade que tem a Marta. Texto criado aproveita bem a situação do capítulo (e consegue aliás enquadrá-la bem). Aspetos melhoráveis Na escrita: «muito diferente daquele que Ega esperava» (tem de se tirar «Ega», ou substituir por «ele», dado que toda a frase é focalizada em Ega, como se estivesse ele mesmo a narrar: não seria plausível este reforçar do sujeito, o natural é um sujeito nulo subentendido); «e que pouco ou nada este podia fazer» (este «este» revela ainda o problema que mencionei antes: o sujeito tem de ficar subentendido, já que é Ega que está a pensar sobre si mesmo); «começo por lhe informar que» (começo por a informar [ou por informá-la] de que); «se as minhas ações reflitiram assim» (se as minhas ações se refletiram assim); «se haveria de mandar ou não» (se haveria de mandar [enviar era preferível] a carta ou não); «espero que tudo o que aqui vou escrever e confessar deste papel e desta tinta não saiam» (saia [«tudo» é singular]); o trecho 1.10 a 1.17 também não tem sintaxe elegante. Na oralidade: «condessa» saiu «conde[n]sa» (é uma assimilação nasal, natural mas feia); «também» está demasiado «tamém»; «mesmo» soa «memo» (0.39). Teria evitado imagens googladas (não gosto, particularmente, das da telenovela inspirada no Maias, mas, em geral, diria que todas as imagens não originais desvalorizam estes trabalhos).



Joana (11.º 3.ª)





Joana (Bom(-)) Pontos fortes Leitura em voz alta não tem falhas notórias, embora nem me pareça ter sido muito ensaiada (com a capacidade da Joana, há de ter sido a segunda ou terceira leitura, mas eu não me admirava demasiado se me dissessem que fora logo a primeira). Texto mostra desembaraço mas não implicou também grande investimento. Enfim, Joana terá demorado menos tempo a fazer o trabalho do que eu a escrever este comentário (até aqui). Aspetos melhoráveis Na escrita: «ao esperar Maria» (dado que esperava ver Maria). Na oralidade: em «exce[p]tuando», o P não é para ser lido. Embora diligente, o preenchimento do tempo da gravação com slides alusivos (googlados, diga-se) não é vantajoso (desfoca-nos do texto mais do que o ilustra): mais valia ter-se apostado em duas ou três fotografias originais. A googlagem dá coisas engraçadas: uma foto de um parque, claramente urbano, nos Olivais, para ilustrar a Toca (uma quinta nos Olivais do século XIX é mais representável por qualquer quinta de todo o mundo do que pela imagem que saiu ao escrever-se «Olivais»: vá lá, não ter ficado a equipa de iniciados do Sport Lisboa e Olivais, que é outra das primeiras imagens que saem); o que saiu em «cabeça degolada» quase não se percebe ser uma cabeça degolada (mas fez bem a Joana não pôr nenhuma das outras imagens que saem na primeira dezena de sugestões, nomeadamente a de um dos decapitados num motim em prisão do Maranhão).





Yara (11.º 1.ª)





Yara (Bom-) Pontos fortes Leitura em voz alta mostra que Yara, quando as prepara, consegue boas leituras. Formato (descrição para leilão) é bem cumprido, embora pudesse ter-se tentado fugir mais ao que vem no livro (acrescentando apontamentos irónicos que implicassem já a o conhecimento posterior da intriga, brincando, portanto, com elementos do enredo de Os Maias?). Música bem escolhida. Montagem limpa. Aspetos melhoráveis Na escrita: é preciso distinguir entre «Bairro das Janelas Verdes», onde ficava o Ramalhete (a zona de Santos: entre Alcântara e São Paulo), e o «Museu das Janelas Verdes» (o Museu de Arte Antiga, que leva o nome do Bairro mas não é o Ramalhete); «mobilada com requinte cujo grande parte da decoração se mantém» (este «cujo não faz sentido; creio que era: «mobilada com requinte, mantendo-se grande parte da sua decoração»); «é para vós que dedicamos» (é a vós que dedicamos»). Não me parece ser o ideal o uso de imagens googladas, mas não sei como se poderia ter feito de outro modo (desenhando?); é verdade que, num leilão, muitas vezes o objeto é descrito apenas discursivamente.


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