Sunday, September 16, 2012

Os Maias 7


Miguel F. (11.º 1.ª)



Miguel F. (Bom) Pontos fortes Escrita (texto consegue incorporar vários dados relativos ao enredo neste ponto da obra e, ao mesmo tempo, criar um monólogo, em registo apropriado e com sintaxe correta, verosímil, que implica criatividade e bom conhecimento de Os Maias). Soluções musical e fílmica, sem acrescentarem muito (são quase independentes da situação), mostram ser boas bases (digamos: asseadas, tecnicamente corretas e com bom gosto) sobre que assentam texto e oralidade. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta não tem erros concretos apontáveis e, no entanto, não consegue transmitir bem as inflexões típicas de um monólogo, ficou demasiado escolar (por um lado, o texto, complexo, não era fácil; e, entretanto, seria preciso recorrer-se a uma leitura mais representada, de quem está a pensar, hesitante até). Na escrita: «perder a oportunidade de olhar nos olhos» (de a olhar; de olhá-la); «como ele se tenta elevar ao nível de quem se interessa» (de quem lhe interessa); «lembro-me que um deles fora quando estávamos na universidade» (foi quando). Na oralidade: «compactar com esta ideia» (compactuar); «não pude deixar de achar a ideia» saiu um pouco embrulhado.



Bárbara & João (11.º 9.ª)





João & Bárbara (Bom + ou mesmo Bom+/Muito Bom-) Pontos fortes Realização criativa, cuidadosa, conjugando bem várias artes (o desenho, a escrita, a representação); montagem bastante perfeita, decerto trabalhosa, revelando bom domínio técnico. Boas leituras em voz alta (tanto a de Bárbara, que, por vezes, usa muito bem vários registos expressivos, como a de João). Quer nas leituras, quer na escrita, quer nos desenhos/filme, há um tom ligeiro, de boa disposição, inteligente, que resulta bem. Aspetos melhoráveis Uma fragilidade que encontro é afinal apontada pelos próprios autores, ainda que em crítica irónica: o benefício dos resumos em detrimento da verdadeira leitura da obra, que acontece tantas vezes com Os Maias. Ora, com efeito, não se sente completa segurança no conhecimento do enredo e das personagens (e parece-me haver uma ou duas frases demasiado próximas das de ensaios teóricos sobre a obra). Na escrita: «um homem infindável» (o adjetivo não parece apropriado); «um senhor com um estatuto social condecorado» (estatuto elevado); «ao imitá-lo [...] recebesse» (ao imitá-lo [...] receberia); não creio que se possa dizer de Carlos que era um «prestigiado médico»; «eram irmãos e teriam sido separados à nascença» (eram irmãos e tinham sido separados). Na oralidade: «condessa» (4.30) soa quase «condensa».





Daniel (11.º 6.ª)





Daniel (Suficiente) Pontos fortes Cobre-se o enredo do capítulo, que me parece ter sido bem compreendido. Rimas estão certas, embora se sinta, num ponto ou noutro dos versos, a falta de elaboração maior ao nível da métrica (se a extensão dos versos não é próxima perde-se o efeito da rima). Interessante o tom coloquial (à contador de histórias), conseguido no início. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta, por vezes, carece de confiança (como se, por ter medo de falhar, o Daniel acabasse mesmo por hesitar um pouco e o texto ficasse por isso esbatido). Na escrita do primeiro slide, falta o acento em «capítulo» e Os Maias podia estar em itálico. Na escrita lida: «vamos lá situar» (vamos lá situar-nos / Vamos lá situar a história); «onde todos se dão» (qual é o antecedente desta palavra relativa?); «um dos mais textos» (um dos mais [adjetivo] textos); há ainda um «contudo» que não me parece pertinente (não vejo que oposição o justifica). Na oralidade: «vamos lá [s]ituar» saiu um pouco embrulhado: «Craft, um [não se percebe: «crânio»?]; «íntimo d[um] Ramalhete» (do Ramalhete).





Luísa (11.º 3.ª)





Luísa (Muito Bom (-)) Pontos fortes Efabulação criada, que está na linha de narrativas que aproveitam romances conhecidos e ficcionam depois derivações suas, envolvendo ou não o próprio escritor (em torno do obras de Eça, verdadeiras ou fictícias, lembro-me destes romances nos últimos quinze anos: Fernando Venâncio, Os esquemas de Fradique; Mário Cláudio, As Batalhas do Caia; Miguel Real, A Visão de Túndalo por Eça de Queirós; José Pedro Fernandes, Autobiografia de Carlos Fradique Mendes; José Eduardo Agualusa, Nação Crioula; José António Marcos, O Enigma das Cartas Inéditas de Eça de Queirós). Essa derivação está muito bem escrita, conseguindo potenciar o enredo da obra-fonte, inserir em dose certa efeitos de surpresa que não implicam inverosimilhança demasiada, usar registo contemporâneo mas «literário». Leitura em voz alta (de texto difícil!) quase sem falhas. Confluência das imagens, aparentemente pouco ligadas ao texto durante toda a leitura, para um final comum com o da leitura («Braço de Prata»), só nessa altura se desvendando a lógica da linha de comboio. Aspetos melhoráveis Na escrita: «agora faz sentido o porquê de a visita não ter» (agora faz sentido o facto de a visita não ter [a causalidade já está em ‘fazer sentido’: o «porquê» torna-se pleonástico, como em «*justifica o motivo por que»]); «não ter acrescentado qualquer intriga à ação» (não ter acrescentado qualquer peripécia à ação / nada ter acrescentado à ação / nada ter acrescentado à intriga [devemos reservar «intriga» para o sentido de ‘enredo’, ‘ação’, ‘história’]); «la nouveau paixão de Dâmaso» (la nouvelle paixão de Dâmaso [ou está assim para mimar o mau francês de Dâmaso?]); «Carlos nunca fora a Sintra nesse dia» (Carlos não fora a Sintra nesse dia); e experimentaria omitir boa parte dos «seus» e «suas». Na oralidade: hesitação em «numa porta de madeira» (2.50). [Comentário logo que possível]





Ana (11.º 6.ª)





Ana (Suficiente (+)) Pontos fortes Início («Que será o Ramalhete?») parece uma boa maneira de criar expetativa e conseguir a atenção da audiência. Também no resto do texto — e no final, que remete para um leilão — há um tom coloquial que mostra intuição para este formato narrativo/descritivo. A própria leitura em voz alta é adequada à atenção, porque clara e na velocidade certa. Aspetos melhoráveis Falta algum desenvolvimento, um maior investimento, parecendo-me o capítulo (ou a obra) lido um pouco pela rama. Na escrita há vários problemas de sintaxe (apesar da pouca extensão do texto): «na obra dos Maias» (nos Maias / na obra Os Maias); «é descrito como uma vivenda campestre em que no topo tem um sino e uma cruz» (que no topo tinha... / em cujo topo havia... / e no topo tinha); «no início da obra em que logo de seguida é desabitada por Afonso da Maia e Pedro da Maia» ([de novo a expressão relativa «em que» deveria ser um mero «e»; e não sei se se pode dizer «desabitada por» na aceção ‘abandonada por’]); «a ação começa por se iniciar» (a ação inicia-se / a ação começa); «ou tendo com várias conversas» (ou tendo várias conversas).




Gonçalo N. (11.º 4.ª)

 


Gonçalo N. (Suficiente) Pontos fortes Não há erros no texto e cobre-se o capítulo (embora, para ser franco, isto me pareça resultado de se ter seguido texto de resumos ou do próprio livro — e eu tivesse preferido um texto mais pessoal, mais original). Leitura em voz alta revela capacidades, mesmo se apressada (há tentativas de entoação que mostram ter o Gonçalo facilidade). Aspetos melhoráveis Embora se diga tratar-se de diário, não há divisão em dias, parecendo o relato ser um mais resumo da ação do capítulo (feito a partir de sebentas?) do que verdadeiras páginas de diário, embora se assuma a 1.ª pessoa e haja, aqui ali, marcas relativamente intimistas. A parte sobre a Gouvarinho não me parece reproduzir bem os sentimentos de Carlos. No slide inicial, falta acento em «Diário»; no final, creio que o «visionamentalizado» é propositadamente brincalhão.[Comentário logo que possível]


Raquel (11.º 4.ª)





Raquel (Suficiente +) Pontos fortes Consegue transpor-se, para um discurso pessoal, intimista, o que seria a perspetiva de Carlos, sem se ficar a autora pela simples retoma dos passos da intriga (houve a noção de que, num diário, mais do que se relata, reflete-se, exprimem-se hesitações, desabafos, etc.); mesmo assim, ao querer aproveitar demasiado o enredo do capítulo, perde-se ligeiramente o sentido de que um diário é um conjunto de fragmentos, por dias. Leitura em voz alta tem uma abordagem, em termos de entoação, que é a correta para o género ‘diário’. Aspetos melhoráveis Na escrita: «e que também já são poucos os que [o] conseguem aturar» (faltara á o «o»); demasiados «acaba por» cerca de 0.50; também demasiados «bastantes»; «sobressair-se» (sobressair); «só tenho pena pois não consigo ver» (só tenho pena de não conseguir ver); «se mete a fazer» (se põe a fazer).


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