Os Maias 7
Miguel
F. (11.º 1.ª)
Miguel
F. (Bom) Pontos fortes Escrita (texto
consegue incorporar vários dados relativos ao enredo neste ponto da obra e, ao
mesmo tempo, criar um monólogo, em registo apropriado e com sintaxe correta,
verosímil, que implica criatividade e bom conhecimento de Os Maias). Soluções musical e fílmica, sem acrescentarem muito (são
quase independentes da situação), mostram ser boas bases (digamos: asseadas,
tecnicamente corretas e com bom gosto) sobre que assentam texto e oralidade. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta
não tem erros concretos apontáveis e, no entanto, não consegue transmitir bem
as inflexões típicas de um monólogo, ficou demasiado escolar (por um lado, o
texto, complexo, não era fácil; e, entretanto, seria preciso recorrer-se a uma
leitura mais representada, de quem está a pensar, hesitante até). Na escrita: «perder
a oportunidade de olhar nos olhos» (de a olhar; de olhá-la); «como ele se tenta
elevar ao nível de quem se interessa»
(de quem lhe interessa); «lembro-me
que um deles fora quando estávamos na
universidade» (foi quando). Na
oralidade: «compactar com esta ideia» (compactuar); «não pude deixar de achar a
ideia» saiu um pouco embrulhado.
Bárbara & João (11.º 9.ª)
João
& Bárbara (Bom
+ ou mesmo Bom+/Muito Bom-) Pontos
fortes Realização criativa, cuidadosa, conjugando bem várias artes (o
desenho, a escrita, a representação); montagem bastante perfeita, decerto trabalhosa,
revelando bom domínio técnico. Boas leituras em voz alta (tanto a de Bárbara, que,
por vezes, usa muito bem vários registos expressivos, como a de João). Quer nas
leituras, quer na escrita, quer nos desenhos/filme, há um tom ligeiro, de boa
disposição, inteligente, que resulta bem. Aspetos
melhoráveis Uma fragilidade que encontro é afinal apontada pelos próprios
autores, ainda que em crítica irónica: o benefício dos resumos em detrimento da
verdadeira leitura da obra, que acontece tantas vezes com Os Maias. Ora, com efeito, não se sente completa segurança no
conhecimento do enredo e das personagens (e parece-me haver uma ou duas frases demasiado
próximas das de ensaios teóricos sobre a obra). Na escrita: «um homem infindável»
(o adjetivo não parece apropriado); «um senhor com um estatuto social
condecorado» (estatuto elevado); «ao imitá-lo [...] recebesse» (ao imitá-lo
[...] receberia); não creio que se possa dizer de Carlos que era um «prestigiado
médico»; «eram irmãos e teriam sido separados à nascença» (eram irmãos e tinham
sido separados). Na oralidade: «condessa» (4.30) soa quase «condensa».
Daniel (11.º 6.ª)
Daniel (Suficiente)
Pontos fortes Cobre-se o enredo do
capítulo, que me parece ter sido bem compreendido. Rimas estão certas, embora se
sinta, num ponto ou noutro dos versos, a falta de elaboração maior ao nível da
métrica (se a extensão dos versos não é próxima perde-se o efeito da rima).
Interessante o tom coloquial (à contador de histórias), conseguido no início. Aspetos melhoráveis Leitura em voz
alta, por vezes, carece de confiança (como se, por ter medo de falhar, o Daniel
acabasse mesmo por hesitar um pouco e o texto ficasse por isso esbatido). Na
escrita do primeiro slide, falta o acento em «capítulo» e Os Maias podia estar em itálico. Na escrita lida: «vamos lá situar»
(vamos lá situar-nos / Vamos lá situar a história); «onde todos se dão» (qual é o antecedente desta palavra relativa?);
«um dos mais textos» (um dos mais [adjetivo]
textos); há ainda um «contudo» que não me parece pertinente (não vejo que
oposição o justifica). Na oralidade: «vamos lá [s]ituar» saiu um pouco
embrulhado: «Craft, um [não se percebe:
«crânio»?]; «íntimo d[um] Ramalhete» (do Ramalhete).
Luísa (11.º 3.ª)
Luísa
(Muito Bom (-)) Pontos fortes
Efabulação criada, que está na linha de narrativas que aproveitam romances
conhecidos e ficcionam depois derivações suas, envolvendo ou não o próprio
escritor (em torno do obras de Eça, verdadeiras ou fictícias, lembro-me destes
romances nos últimos quinze anos: Fernando Venâncio, Os esquemas de Fradique; Mário Cláudio, As Batalhas do Caia; Miguel Real, A Visão de Túndalo por Eça de Queirós; José Pedro Fernandes, Autobiografia de Carlos Fradique Mendes;
José Eduardo Agualusa, Nação Crioula;
José António Marcos, O Enigma das Cartas
Inéditas de Eça de Queirós). Essa derivação está muito bem escrita,
conseguindo potenciar o enredo da obra-fonte, inserir em dose certa efeitos de
surpresa que não implicam inverosimilhança demasiada, usar registo contemporâneo
mas «literário». Leitura em voz alta (de texto difícil!) quase sem falhas. Confluência
das imagens, aparentemente pouco ligadas ao texto durante toda a leitura, para
um final comum com o da leitura («Braço de Prata»), só nessa altura se desvendando
a lógica da linha de comboio. Aspetos
melhoráveis Na escrita: «agora faz sentido o porquê de a visita não ter»
(agora faz sentido o facto de a visita não ter [a causalidade já está em ‘fazer sentido’: o «porquê» torna-se
pleonástico, como em «*justifica o motivo por que»]); «não ter acrescentado
qualquer intriga à ação» (não ter acrescentado qualquer peripécia à ação / nada
ter acrescentado à ação / nada ter acrescentado à intriga [devemos reservar «intriga» para o sentido de ‘enredo’, ‘ação’, ‘história’]);
«la nouveau paixão de Dâmaso» (la nouvelle paixão de Dâmaso [ou está assim para mimar o mau francês de
Dâmaso?]); «Carlos nunca fora a Sintra nesse dia» (Carlos não fora a Sintra
nesse dia); e experimentaria omitir boa parte dos «seus» e «suas». Na
oralidade: hesitação em «numa porta de madeira» (2.50). [Comentário
logo que possível]
Ana (11.º 6.ª)
Ana (Suficiente
(+)) Pontos fortes Início («Que será
o Ramalhete?») parece uma boa maneira de criar expetativa e conseguir a atenção
da audiência. Também no resto do texto — e no final, que remete para um leilão
— há um tom coloquial que mostra intuição para este formato
narrativo/descritivo. A própria leitura em voz alta é adequada à atenção, porque
clara e na velocidade certa. Aspetos
melhoráveis Falta algum desenvolvimento, um maior investimento, parecendo-me
o capítulo (ou a obra) lido um pouco pela rama. Na escrita há vários problemas
de sintaxe (apesar da pouca extensão do texto): «na obra dos Maias» (nos Maias / na obra Os Maias);
«é descrito como uma vivenda campestre em
que no topo tem um sino e uma cruz» (que no topo tinha... / em cujo topo
havia... / e no topo tinha); «no início da obra em que logo de seguida é desabitada
por Afonso da Maia e Pedro da Maia» ([de novo a expressão relativa «em que»
deveria ser um mero «e»; e não sei se se pode dizer «desabitada por» na aceção ‘abandonada
por’]); «a ação começa por se iniciar» (a ação inicia-se / a ação começa); «ou
tendo com várias conversas» (ou tendo várias conversas).
Gonçalo N. (11.º 4.ª)
Gonçalo N. (Suficiente)
Pontos fortes Não há erros no texto e
cobre-se o capítulo (embora, para ser franco, isto me pareça resultado de se
ter seguido texto de resumos ou do próprio livro — e eu tivesse preferido um
texto mais pessoal, mais original). Leitura em voz alta revela capacidades,
mesmo se apressada (há tentativas de entoação que mostram ter o Gonçalo
facilidade). Aspetos melhoráveis Embora
se diga tratar-se de diário, não há divisão em dias, parecendo o relato ser um mais
resumo da ação do capítulo (feito a partir de sebentas?) do que verdadeiras
páginas de diário, embora se assuma a 1.ª pessoa e haja, aqui ali, marcas relativamente
intimistas. A parte sobre a Gouvarinho não me parece reproduzir bem os
sentimentos de Carlos. No slide inicial, falta acento em «Diário»; no final,
creio que o «visionamentalizado» é propositadamente brincalhão.[Comentário
logo que possível]
Raquel (11.º 4.ª)
Raquel (Suficiente
+) Pontos fortes Consegue
transpor-se, para um discurso pessoal, intimista, o que seria a perspetiva de
Carlos, sem se ficar a autora pela simples retoma dos passos da intriga (houve
a noção de que, num diário, mais do que se relata, reflete-se, exprimem-se
hesitações, desabafos, etc.); mesmo assim, ao querer aproveitar demasiado o enredo
do capítulo, perde-se ligeiramente o sentido de que um diário é um conjunto de
fragmentos, por dias. Leitura em voz alta tem uma abordagem, em termos de
entoação, que é a correta para o género ‘diário’. Aspetos melhoráveis Na escrita: «e que também já são poucos os que [o]
conseguem aturar» (faltara á o «o»); demasiados «acaba por» cerca de 0.50; também
demasiados «bastantes»; «sobressair-se» (sobressair); «só tenho pena pois não
consigo ver» (só tenho pena de não conseguir ver); «se mete a fazer» (se põe a
fazer).
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