Os Maias 3
Inês
P. (11.º 1.ª)
Inês P. (Bom+/Muito
Bom- ou mesmo quase Muito Bom-) Pontos
fortes Simplicidade (parcimónia de meios, apostando-se antes na elaboração
da escrita e na correção da leitura em volta). Muito boa escrita e muito boa
leitura em voz alta. Coerência de música, imagem, estilo de texto. Tipo textual
(entre o narrativo e o expositivo, vagamente poético, aforístico aqui e ali). Aspetos melhoráveis Era evitável a
repetição em «O ensino inglês acolhe-o [...] e ensina-lhe». Em «como um
gentleman deve», terá de se acrescentar «fazer». Em «Este dá-lhe bom coração, que
o leva a preocupar-se mais com os outros do que com ele próprio, e
inteligência», o referente da anáfora «este» (o ensino inglês) está tão longe
que se reconhece mal. Certa propensão para a anteposição do adjetivo ao nome (que
é propositada mas de discutível efeito): «estrangeira educação»; «familiar
madrugada»; «sombrio futuro»; «simples infância».
Sofia
R. (11.º 6.ª)
Sofia
R. (Bom+/Muito
Bom- ou mesmo quase Muito Bom-) Pontos fortes Redação criativa e muito
correta: o relato de uma personagem secundária, o Teixeira, cuja biografia,
expandida mas coerente com o que, espaçadamente, se lê nos Maias (casamento com Gertrudes é inventado, se não me escapou a mim)
permite acompanhar o essencial da intriga deste capítulo. Leitura em voz alta perfeita,
em ritmo e estilo adequados (em parte, reconheça-se, porque se preferiu uma
abordagem mais neutra e segura do que o risco de uma mais expressiva). Não há incongruências
na história, se considerarmos o contexto do século XIX (talvez só o conceito de
«café», onde o Teixeira seria empregado, seja forçado; e o de «um leite», bebido
no tal café: havia leitarias com as vacas mesmo ali, não sei se haveria leite
que se fosse beber a um café, pedido em garrafa, por exemplo). Aspetos melhoráveis Talvez pudesse a
Sofia ter aproveitado mais a focalização no Teixeira, pondo-o a refletir, a opinar,
o que, é verdade, talvez não fosse o natural de um criado-mordomo (não diria
escudeiro) como o Teixeira. Solução para a imagem é das mais fáceis.
Mar (11.º 4.ª)
Mar
(Bom +) Pontos fortes Leitura em voz alta muito
clara e sempre correta (levemente expressiva, mas vencendo bem as dificuldades
desses momentos de entoação mais vincada; diria apenas que, quase no final, um «muito»
e um «extremamente» saíram ligeiramente alongados). A redação, eficiente, consegue
dar bem o enredo desta parte do livro (escolheu-se um registo quase corrente, o
que leva a que o léxico seja relativamente banal, nada queirosiano, mas essa
estratégia de bastante naturalidade é assumida e resulta bem). Aspetos melhoráveis «*quaisqueres» é
erro (o plural de «qualquer» é «quaisquer»). Em vez de «lembra-me de» (0,27), seria
«lembro-me de». «Em busca de o animar» poderia ficar «Com o fito de o animar». Cerca
dos dois minutos, um pouco antes e um pouco depois, há uns três ou quatro «n(ess)a
altura» demasiado próximos. Poder-se-ia ter arriscado um Carlos mais opinativo,
mais irónico, que implicasse fugir-se à segurança do simples resumo.
Pedro F. (11.º 6.ª)
Pedro
F. (Bom -) Pontos fortes Leitura em voz alta,
clara, sem erros, na velocidade certa. Escolheu-se o tema fulcral do capítulo
(os dois modelos educativos), e fez-se síntese pertinente, embora me parecesse
que a posição irónica do narrador relativamente a Eusebiozinho não terá sido descodificada
na íntegra (por outro lado, como acontece em geral nas abordagens
fundamentalmente expositivas, há um pouco o risco de que o que se diz fique aquém
do que se encontraria num ensaio específico; por isso aconselho sempre uma aproximação
mais criativa, mais pessoal). Aspetos
melhoráveis Não creio que se possa dizer que Eusebiozinho fosse inteligente
(o retrato que dele se faz mesmo logo neste capítulo aponta em sentido
contrário: era a criança que tudo memorizava, mas não culta nem inteligente). «Este
terceiro capítulo vai servir-me de
comparação» (vai servir-me para
comparação). «A tia, Dona Ana, mais liberal na educação dada a Eusebiozinho em
relação aos Maias» (há aqui falhas de sintaxe e, creio, de compreensão do
original). Não se poderá dizer que Carlos, durante o tempo de Santa Olávia,
tivesse Vilaça como figura paternal, dado que este raramente lá iria.
Afonso (11.º 9.ª)
Afonso (Bom – ou
Bom-/Suf+) Pontos fortes Abordagem
ensaística correta: é um resumo eficiente do que haveria a dizer acerca de uma
das teses do romance (e, no entanto, eu preferiria uma abordagem menos
convencional, mais pessoal e mais criativa; acaba por ser um texto que não traz
grande novidade relativamente ao que encontramos em milhentas sebentas sobre Os Maias). Escrita é boa, não apresentando
o texto agramaticalidades. Preocupação em referir a fonte das imagens (creio é
que o blogue em causa as recolheu em livros de Marina Tavares Dias ou de Campos
Matos). Aspetos melhoráveis Percebo
a ideia de Afonso ao adotar uma leitura de quem imita a exposição não guiada
por papel (ou não havia mesmo texto?); por exemplo, em leituras para colóquios
científicos, há quem use esta estratégia (ler de tal modo, que até parece que o
texto está a brotar no momento). Só que, neste formato (no fundo, próximo do
documentário televisivo), creio que é mais pertinente a leitura em voz alta,
formal e clara. (Ainda por cima, recentemente, e para importantes competições, o
autor até tem mostrado ser capaz de leituras em voz alta muito boas.) Na escrita:
«e, por consequente» (e, por consequência; e, consequentemente»).
Rafael & Gisela (11.º 3.ª)
Gisela
& Rafael (Muito
Bom -) Pontos fortes Todos os
aspetos que envolvem a realização de um filme (que implicou decerto a família
toda e que mostra domínio de cinema e de montagem, bom gosto, sentido da ironia,
planificação, muito trabalho), que depois se vê sem se notar que passaram seis
minutos. Grafismo. Expressão gestual e corporal na representação (que mima bem,
como no cinema mudo, o que há para encenar; e que não será alheia às
capacidades gímnicas dos atores). Leituras claras, na velocidade ideal, quase
sempre corretas. Aspetos melhoráveis
Na escrita: «vai de encontro a» (vai ao encontro de); «como de.. se tratassem»
(como de... se tratasse [neste tipo de estruturas, o verbo «tratar» fica sempre
no singular]). Na oralidade: «picuices» saiu um pouco nasalado; «euforicamente»
ficou quase «e*foricamente»; «dirigiu-se tristonho» atrapalhado.
#
<< Home