Sunday, September 08, 2024

Aula 39-40

Aula 39-40 (18 [3.ª], 21 [1.ª], 22/nov [4.ª]) Correção de comentário a «Notas sobre Tavira».

Abordaremos ainda outra subdivisão temática que é costume considerar no estudo de Fernando Pessoa ortónimo: os poemas que revelam a nostalgia da infância. Vejamos na p. 45 «Pobre velha música». Lê o poema, verso a verso, e preenche:

v. 1

Neste verso, podemos notar a ______ adjetivação que qualifica «música». Além disso, como acontece geralmente quando os adjetivos precedem os nomes, pelo menos «pobre» não tem aqui o seu sentido mais objetivo (denotativo), antes adquire um valor subjetivo (________), talvez próximo de ‘infeliz’, ‘saudosa’ (na verdade, não sei bem).

v. 2

O «por que» não pode ser confundido com a conjunção subordinativa causal «________». Com efeito, equivale a «por qual [agrado]», sendo o «que» um determinante relativo. No outro dia, exemplifiquei a mesma situação com «por que motivo» ou «por que razão».

v. 3

«lágrimas» não rima com «música». Ou seja, a rima desta quadra não é completamente _______, é A-B-C-B, só os vv. 2 e 4 rimam, como é habitual nas quadras verdadeiramente populares.

v. 4

Embora feche a frase, «Meu olhar parado» desempenha a função sintática de _______ (ou seja, há um leve hipérbato, uma vez que a ordem mais natural da frase seria com o sujeito à cabeça: «Meu olhar parado enche-se de lágrimas»).

v. 5

Nota que é «Recordo» (não é «Relembro, como vocês diriam). O mais interessante é o complemento direto «outro ouvir-te», com um _______ (e pronome) a servir de nome.

v. 6

O «te» é complemento ______ (na 3.ª pessoa, teríamos «a» ou «o», não «lhe»). Verifiquemos a métrica: este verso é _________. (Tem em conta que «te ou» conta como uma só sílaba: «t’ou».) Todos os versos do poema são de redondilha menor.

v. 7

«Nessa minha infância» parece acolher a possibilidade de o poeta ter tido _______ infâncias, o que talvez remeta para a distinção entre a infância vivida efetivamente, mas com o poeta inconsciente da felicidade que ela lhe poderia trazer, e aquela que ele agora racionaliza (no fundo, fictícia). Isto lembra-nos outros tópicos do ortónimo: a ‘dor de pensar’ e o ‘________ artístico’.

v. 8

O referente do termo anafórico «ti» é «________». (Já agora: podemos dizer que o «te» do v. 5 faz parte da mesma cadeia anafórica.)

v. 9

Em «ânsia tão raiva», o que há de original é usar-se um _____ («raiva») quando se esperaria um adjetivo («______»).

v. 10

Neste verso o complemento direto («aquele outrora») integra um determinante («aquele») e um ______ («outrora»). Usa-se um advérbio como se fosse um nome.

v. 11

Provavelmente, neste verso alude-se à impossibilidade de conjugar _____ e sentimentos espontâneos (que levava o poeta a invejar gatos e ceifeiras). O paradoxo é o de que só se pode ser feliz se não se souber que se está a ser feliz.

v. 12

«Fui-o outrora agora» é um verso que, em termos das regras de coesão e coerência, seria reprovado. Mas, é claro, o valor de um texto literário está mesmo na originalidade com que são quebradas essas regras. O sujeito poético assume que, no presente, quando racionaliza uma felicidade que não sabe se, no _____, sentiu efetivamente, é feliz (decerto nos termos do que estipulou no chamado ‘fingimento artístico’).

Relanceia, à esquerda, «Pedrouços» (p. 44) e o esquema que explica estoutro texto de nostalgia da infância.

Escreve a função sintática ao lado dos segmentos que fui sublinhando, da letra de «A Paixão (segundo Nicolau da Viola)» (Rui Veloso, Mingos & Samurais, 1990).

«A Paixão (segundo Nicolau da Viola)»

(Carlos Tê / Rui Veloso-Carlos Tê)

Tu eras aquela que eu mais queria    ________

Para me dar algum conforto e companhia    ________

Era só contigo que eu sonhava andar

Para todo o lado e até quem sabe talvez casar

 

Ai o que eu passei só por te amar

A saliva que eu gastei para te mudar

Mas esse teu mundo era mais forte do que eu    ______

E nem com a força da música ele se moveu

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

 

E era só a ti que eu mais queria

Ao meu lado no concerto nesse dia    ______   ______

Juntos no escuro de mão dada a ouvir

Aquela música maluca sempre a subir

Mas tu não ficaste nem meia hora

Não fizeste um esforço p’ra gostar e foste embora

 

Contigo aprendi uma grande lição

Não se ama alguém que não ouve a mesma canção    ______

 

Mesmo sabendo que não gostavas    ______

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

 

Foi nesse dia que percebi

Nada mais por nós havia a fazer

A minha paixão por ti era um lume

Que não tinha mais lenha por onde arder    ______

 

Mesmo sabendo que não gostavas

Empenhei o meu anel de rubi

P’ra te levar ao concerto que havia no Rivoli    ______

Lido «O avô e o neto» (p. 42), explica a dimensão narrativa do poema, delimitando os momentos do episódio relatado e mostrando como a nostalgia da infância é tratada.

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Escreve frases introduzidas por «Lembro-me que», que reportem um episódio, um simples incidente, bom ou mau, possivelmente insignificante, mas que ficou registado para sempre na tua memória. (Cfr. frases de Luís Maio — na Fugas —, no estilo que pretendo.)

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

Lembro-me que ... .

 

TPC — Melhora frases iniciadas e trá-las na próxima aula.

 

 

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