Sunday, September 08, 2024

Aula 42-43

Aula 42-43 (25 [3.ª], 26 [4.ª], 28/nov [1.ª]) Correção de comentário a «O avô e o neto».

[Solução possível para comentário a «O avô e o neto»:

               O poema configura uma narrativa, uma vez que recria um episódio com personagens (avô e neto), as suas ações e as suas falas.

               É possível delimitar dois momentos: as três primeiras estrofes centram-se na reação emotiva do avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1); as três seguintes focam essencialmente o neto e a naturalidade da sua brincadeira e das suas palavras.

               O sujeito poético narra uma situação ilustrativa da nostalgia da infância. O avô, «ao ver o neto a brincar» (v. 1), sente uma tristeza motivada pelas saudades do seu tempo de criança e deseja poder voltar a esses momentos (vv. 3-6). Ao recordar o passado, lembra a tristeza inocente que advinha da desconstrução dos seus castelos de brincar. Associam-se, assim, uma tristeza presente relativa ao passado e a recordação de uma tristeza vivida nesse passado.

               A fala do neto revela a inocência típica das crianças, ao pensar que o choro do avô se deve à queda da construção. ]

Vamos conhecer mais uma «linha temática» das que se têm convencionado para o estudo de Fernando Pessoa em nome próprio (isto é, ortónimo) e que no manual vem designada como ‘sonho e realidade’ (pp. 38-41).

Na p. 38, lê «Às vezes, em sonho triste».

As estrofes são {escolhe, mas no futuro terás de saber de cor estes nomes} dísticos / tercetos / quadras / quintilhas / sextilhas / setilhas / oitava / novena ou nona / décima.

Quantas rimas diferentes há em cada estrofe? Há ______, exceto no caso da terceira estrofe, em que teríamos um esquema rimático __-__-__-__-__.

Vê, no entanto, este detalhe do manuscrito de Pessoa e propõe uma nova decifração do v. 13 do poema (ou v. 3 da estrofe em causa), tendo em conta o esquema rimático mais esperável:



O verso que Pessoa efetivamente escreveu foi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Faz a divisão em sílabas métricas do verso que corresponda ao teu número de pauta (se fores de 21 em diante, subtrai vinte, escolhendo o v. 1, depois o v. 2, etc.); e classifica o verso em termos de métrica: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Responde às perguntas 1 a 4 no manual, completando as respostas que já pus.

1. Ao longo do poema, o sujeito poético descreve um «país» imaginado. Comprova o carácter idealizado desse lugar.

Ao longo do poema, descreve-se um «país» _______, que existe apenas «em sonho triste» (v. 1) e como resposta aos «desejos» (v. 2) do ______ poético. Trata-se de um espaço sem existência ____, acessível apenas nos momentos de «longínquo divagar» (v. 15).

2. Seleciona a opção de resposta adequada para completar as afirmações. [Vê as alíneas com as alternativas no manual]:

O vocabulário utilizado no texto contribui para acentuar o carácter onírico do local descrito. Assim, o advérbio «longinquamente» (v. 3) assinala ______ entre a existência concreta do «eu» e o «país» sonhado, cuja irrealidade é reforçada através do adjetivo _____.

3. Explicita o modo como é vivida a passagem do tempo, tendo em conta a segunda estrofe do poema.

De acordo com a segunda estrofe, a experiência da passagem do tempo é marcada pela espontaneidade ou ______ — «Vive-se como se nasce / Sem o querer nem saber» (vv. 6-7) — e pela _____ cíclica da vida — «O tempo morre e renasce / Sem que o sintamos correr.» (vv. 9-10). Deste modo, tratando-se de um tempo circular, não-linear, não há consciência da sua _______.

4. Identifica o recurso expressivo presente no verso 17 — «É uma infância sem fim.» — e relaciona o seu valor com as características do «país» descrito ao longo do poema.

A ______, associando a existência no país onírico a uma «infância» ilimitada, resume o ambiente de felicidade e de ingenuidade que o sujeito poético imagina, num espaço/tempo marcado pela ______ de pensamentos e pela inocência próprios da meninice.

Usaremos a prova de exame de 2019 (1.ª fase), que aproveitava um texto igualmente «catalogado» como sobre ‘sonho e realidade’. Responde aos três itens que constituíam a Parte A do Grupo I — no caso do item 2 podes aproveitar na tua resposta o que, nos «Critérios de classificação», se recomendava como tópicos alegáveis, ainda que, de qualquer modo, tenhas de compor essa síntese em texto e possas acrescentar ideias tuas.

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo

Onde há paisagens que não pode haver.

Tão belas que são como que o veludo

Do tecido que o mundo pode ser.

 

5             Bem sei. Vegetações olhando o mar,

Coral, encostas, tudo o que é a vida

Tornado amor e luz, o que o sonhar

Dá à imaginação anoitecida.

 

Bem sei. Vejo isso tudo. O mesmo vento

10           Que ali agita os ramos em torpor

Passa de leve por meu pensamento

E o pensamento julga que é amor.

 

Sei, sim, é belo, é longe, é impossível,

Existe, dorme, tem a cor e o fim,

15           E, ainda que não haja, é tão visível

Que é uma parte natural de mim.

 

Sei tudo, sei, sei tudo. E sei também

Que não é lá que há isso que lá está.

Sei qual é a luz que essa paisagem tem

20          E qual a rota que nos leva lá.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu, edição de Richard Zenith, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2008, pp. 314-315.

1. Nas três primeiras estrofes, o sujeito poético descreve um lugar idealizado. Apresente duas características desse espaço e exemplifique cada uma delas com uma transcrição pertinente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. Explique o conteúdo dos versos 3 e 4 e relacione-o com a temática pessoana em evidência no poema.

[tópicos nos «Critérios de classificação», sobre o item 2:

Devem ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:

comparação entre a beleza das ilhas e o «veludo», para sugerir a suavidade/a felicidade que o mundo pode proporcionar, se existir harmonia/se a tessitura dos seus elementos for harmoniosa;

enquadramento na temática do sonho e da realidade, na medida em que as ilhas imaginadas permitem ao sujeito poético vislumbrar um mundo de plenitude a que, no entanto, só pode aceder através do sonho. ]

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. Explicite dois sentidos das anáforas e das suas variantes (versos 1, 5, 9, 13, 17 e 19), tendo em conta o desenvolvimento temático do poema.

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[copiar:

As anáforas «Bem sei» (vv. 1, 5, 9) sublinham a certeza de que o espaço descrito é um espaço de felicidade, mas também de que, sendo fruto do sonho, é inacessível.

Já nas estrofes finais, a repetição de «Sei» (vv. 13, 17, 19), aliás ele próprio reforçado («Sei, sim», v. 13; «Sei, sei, sei tudo», v. 17»; e «sei também», v. 17), realça a afirmação de que o sonho é inerente à essência do sujeito poético.]

TPC — Lê «Leituras de livros» (no blogue ou via classroom). Depois, diz-me qualquer coisa ou escreve-me ainda em novembro.

 

 

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