Aula LIV
Aula LIV (11/dez [3.ª]) [a 1.ª parte da aula corresponde a
boa parte da aula 41 das outras duas turmas]
A parte B do Grupo
I da prova de exame de Português mais recente (2024, 2.ª fase) aproveitava
uma ode de Ricardo Reis. (A
parte A do mesmo Grupo I usava um texto de A Cidade e as Serras,
de Eça de Queirós; a parte C — ou item 7 — pedia uma «breve
exposição» em que se compararia uma pintura de René Magritte e o texto da parte
A.)
PARTE B
Leia o poema e as notas.
As rosas amo dos jardins
de Adónis1,
Essas volucres2
amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
5 A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e
acabam
Antes que Apolo3 deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida
um dia,
10 Inscientes4, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
Ricardo
Reis, Poesia,
edição de Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp.
13-14.
NOTAS
1 Adónis – jovem da mitologia grega, símbolo
de beleza masculina.
2 volucres – efémeras.
3 Apolo – deus grego do sol.
4 Inscientes – ignorantes.
* 4. Explicite a importância
da referência aos elementos da natureza para o desenvolvimento do pensamento do
sujeito poético.
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[Solução possível:
As rosas representam a
efemeridade da vida. São «volucres» (v. 2), pois, «em o dia em que nascem» (v.
3), morrem, pelo que ilustram o carácter transitório da existência. Por outro
lado, uma vez que «nascem nascido já o Sol» (v. 6) e perecem antes que ele se
ponha, «a luz para elas é eterna» (v. 5), o que deve inspirar os humanos a
aproveitarem moderadamente a vida, conscientes da sua finitude, semelhante à de
«um dia» (v. 9) das rosas.
O curso diurno do sol
representa a duração da vida: para a rosa, um dia; para o ser humano, uma
passagem efémera («O pouco que duramos» ‒ v. 12).]
* 5. Explique os quatro
últimos versos do poema, tendo em conta o ideal de vida defendido pelo sujeito
poético.
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[Solução possível:
Face à constatação da
efemeridade da vida, o sujeito poético aconselha Lídia a que viva o momento
presente («Assim façamos nossa vida um dia» ‒ v. 9), de acordo com o
princípio epicurista do carpe diem, único caminho
para a felicidade e para a ausência de dor, assumindo uma atitude de
indiferença face à passagem do tempo, num esforço de autodisciplina. Exorta-a a
assumir uma atitude deliberada de aceitação da efemeridade da vida e da
inevitabilidade da morte («há noite antes e após / O pouco que duramos» ‒ vv. 11-12).]
6. Complete as afirmações
abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na folha de
respostas, registe apenas as letras – a) e b) – e, para cada uma
delas, o número que corresponde à opção selecionada.
No poema apresentado, constata-se o classicismo da poesia de
Ricardo Reis, nomeadamente através do recurso à _______ [a)], nos versos
7 e 8. O carácter moralista da poesia deste heterónimo pessoano é indiciado
pelo uso de verbos conjugados na primeira pessoa do modo conjuntivo, como ocorre
_______ [b)]
a) |
b) |
1. perífrase 2. hipérbole 3. metonímia |
1. no verso 12 2. no verso 1 3. no verso 9 |
Podendo socorrer-te dos valores
modais (modalidade)
apontados na p. 328, preenche a coluna à direita. De qualquer modo, os termos a
usar serão:
epistémica
(valor de certeza);
epistémica
(valor de probabilidade);
deôntica
(valor de obrigação);
deôntica
(valor de permissão);
apreciativa.
Frase de Último a sair, passo de traição de
Débora |
Modalidade (valor de ...) |
Pões-me
creme? [Débora para Bruno] |
deôntica
(valor de obrigação) |
Podes
pôr-me creme, faz favor. [Débora para Bruno] |
|
Posso.
[Bruno para Débora] |
|
Então
não posso. [Bruno para Débora] |
|
As
tuas mãos são uma coisa, Bruno! [Débora
para Bruno] |
|
São
super-fortes! [Débora para Bruno] |
|
Eu
até me estou a sentir mal. [Bruno para Débora] |
|
O
Unas é que devia estar a fazer
isto... [Bruno] |
|
Não
te preocupes. [Débora para Bruno] |
|
O
quintal ainda não é aí. [Débora para Bruno] |
|
E
o vizinho não tem de saber de
nada. [Débora para Bruno] |
|
Se calhar, posso
espalhar por mais sítios? [Bruno para Débora] |
|
Claro.
[Débora para Bruno] |
|
É
isso. [Débora para Bruno] |
|
Está
ótimo! [Débora para Bruno] |
|
Tens
uma melga aqui. [Unas para Débora] |
|
Posso matá-la? [Unas para
Débora] |
|
Granda
melga! Bem! [Bruno para Unas] |
|
[...]
quando podes ter o original [Bruno
para Débora] |
|
Se calhar, até quero o original.
[Débora para Bruno] |
|
Tipo duas
melgas que voavam mais ou menos
assim. [Bruno] |
|
Unas, isso é aquela conversa que não interessa a ninguém.
[Débora] |
|
Os poemas
de Adília
Lopes (nasc. 1960) que copiei em baixo supõem o conhecimento de
textos de Ricardo Reis (com a figura horaciana de «Lídia»). A alusão a Reis
está explícita no título do primeiro poema de Adília Lopes e na epígrafe (cfr. v. 21 de «Vem sentar-te comigo,
Lídia, à beira do rio», p. 68) e no último verso do segundo poema (além de que,
neste texto, o segundo verso repete o primeiro verso da ode de Reis «As rosas
amo do jardim de Adónis», p. 139).
Escreve um comentário
sobre estes poemas de Adília Lopes, procurando salientar a relação que eles
estabelecem com a ideologia de Ricardo Reis, citando, se for caso disso,
qualquer uma das suas odes lidianas.
(anti-Ricardo Reis)
O rio
é bom
para nadar
e as flores
para dar
o resto
são cantigas
casa-te com Lídia
tem bebés
passa a lua de mel
na Grécia
Adília Lopes, Sete rios entre campos
«pega tu nelas»
Ricardo
Reis
Mão morta vai bater àquela porta
as rosas
amo dos jardins de Adónis
ao
escrever
é preciso
reconciliar uma lebre
com uma
tartaruga
oh como
era lebre a tartaruga!
Mas
porque será sempre Lídia
a pegar
nas rosas
Dr.
Ricardo Reis?
Adília Lopes, Os 5 livros de versos
salvaram o tio
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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