Friday, August 30, 2019

Aula 9 da Quarentena (= 126-127)


Aula 126-127 [= Quarentena 9] (20 [3.ª 5.ª, 9.ª], 21/abr [4.ª]) Começo com umas informações.

1. Ainda que continuemos a ter como base principal para se seguirem as aulas este blogue, passaremos a usar também — mas só para fazerem certas tarefas indicadas nas aulas — uma outra plataforma, em GoogleClassroom, a que chamei Gaveta do 12.º 3.ª, Gaveta do 12.º 4, Gaveta do 12.º 5.ª, Gaveta do 12.º 9.ª. No entanto, repito, convém que vão seguindo as aulas sempre por aqui — por este blogue. Depois, usarão as quatro Gavetas, em Classroom, apenas para ir deixando as tarefas, que eu, a pouco e pouco, irei comentando, classificando ou, simplesmente, registando (não esperem que comente ou classifique tudo; também nas aulas presenciais acontecia pedir redações que depois não levava comigo). Devo começar hoje ou amanhã a convidá-los para as tais salas de aula. Não se assustem com a enxurrada de tarefas (serão três: é que lhes vou pedir que lancem também os dois escritos que terão feito nas aulas da semana que passou, além do da própria aula de hoje).

2. Quanto às aulas síncronas (vulgo videoconferências ou outro estilo de sessões em direto), veremos se são necessárias. Não sou adepto. O ensino em Português ganha em ser assíncrono, porque a escrita e a leitura são, por natureza, diferidas (não são «tipicamente» em direto). A situação de falar para todos ao mesmo tempo, em exposição, no caso de Português, corresponde, no fundo, a não estar tudo preparado como devia ser (se pode ficar por escrito, qual é a vantagem da exposição oral?; dúvidas podem sempre pô-las por mail). Só esta semana se vai perceber se há indicação para se ter sessões «em direto».

3. Não deixem de seguir as aulas 7 e 8, se ainda não o fizeram. (Não me esquecerei de compensar o facto de termos tido essas aulas numa altura em que era suposto não termos aulas, e por isso, mais à frente — ou mesmo muito proximamente —, poderemos prescindir de uma ou duas aulas.)

4. O slide inicial da apresentação desta aula homenageia Rubem Fonseca, escritor brasileiro, que se lê muitíssimo bem (que o diga o A., do 12.º 5.ª, que leu há pouco um ou dois livros deste autor seu conterrâneo) e que morreu há poucos dias, não de Covid-19 mas de ter já 94 anos. Morreu também, no dia seguinte, o chileno Luis Sepúlveda (este «Luis» é sem acento, porque está grafado como palavra em espanhol). Sepúlveda estava infetado (parece que por ter estado num congresso em Itália, ainda antes de ter estado no Correntes d’Escritas). Rubem Fonseca também estivera em 2012 no Correntes e foi Prémio Camões em 2003. Os polícias no slide têm que ver com o género policial, o dos livros mais conhecidos de Fonseca. Quanto a Sepúlveda, premonitoriamente, já fora homenageado em slide da aula 7, perto de um pangolim, de Boris Johnson, de Fellaini e Arteta.

5. Como já tinha dito, as nossas aulas serão cada vez mais caóticas. Iremos vendo O Ano da Morte de Ricardo Reis, restos do 12.º ano, revisões dos três anos. Também sairemos até dos programas em sentido restrito: muitas vezes, mesmo para exames, a melhor estratégia é não ficarmos grudados às informações sebenteiras, e apostar-se na flexibilidade que cada um ganhe através de abordagens mais abertas, com horizontes menos tacanhos.



Vamos regressar ao Ano da Morte da Ricardo Reis (há quem considere que se deveria escrever «a O Ano da Morte da Ricardo Reis» ou «a’O Ano da Morte da Ricardo Reis, mas eu aceito «nos Maias», na «Ilustre Casa», etc. — em exame, porém, se calhar é preferível «em Os Maias», «a O Ano da Morte de Ricardo Reis», etc.).

Víramos Ricardo Reis na sala de refeições do Hotel Bragança, a conhecer Marcenda. No passo de hoje, Reis conhece a outra figura feminina (e do eixo amoroso do romance), Lídia. Se tiveres contigo o manual, abre-o na p. 262. (No livro de Saramago, na edição para que o manual remete, seriam as pp. 50-52, mas nem todos terão a mesma edição.) Será este o trecho:




Para responderes às perguntas de Gramática no texto, da p. 263, completa só as lacunas nas respostas que já pus (mas lê as perguntas antes):

1. Na expressão «__________ portuguesa» reconhece-se a combinação do «moreno mate» de Reis com o «judeu português» aplicado a Álvaro de Campos; ao descrever-se Lídia como «mais para o baixo que para o alto», reconhece-se uma das características atribuídas a Reis, que também «um pouco, mas muito pouco, mais _________».

2. Entre os verbos «estava» e «en­trasse» estabelece-se uma relação de __________ {simultaneidade, anterioridade, posterioridade}; entre estes e «está... (molhado)», existe uma relação de ____________ {simultaneidade, anterioridade, posterioridade}.

3.

A= «resta», «justificam», «_________»;

B = Não há;

C = «já», «ainda», «________».

D = «_______________________»

Vê as soluções na Apresentação:


A imagem com que o manual ilustra «Lídia» é um fotograma do filme Diário de uma criada de quarto [Journal d’une femme de chambre]. Tem pouco a ver com Lídia a protagonista deste filme, Célestine. O filme adapta um romance do escritor francês Octave Mirbeau (1848-1917), que aliás já teve mais adaptações ao cinema (a mais célebre é o filme homónimo de Luis Buñuel, de 1964).

Fica só o trailer do filme de Benoît Jacquot, que é recente, de 2015, cujo DVD tinha pensado passar nos finais das nossas aulas (que pena!):


E uma cena do filme de Buñuel:




A Lídia do nosso texto alude, como se percebeu, à Lídia de tantas odes de Reis, mas entre ambas haverá muitas diferenças. A Lídia das odes é uma interlocutora silenciosa, que serve ao sujeito poético para explicar a sua ideologia conformista, estoico-epicurista. Tem pouca «autonomia», é instrumental. Era aliás já um empréstimo da literatura clássica que Reis assumia imitar.

Se puderes, lê na diagonal algumas odes com «Lídia». Após rápida pesquisa, vi no Arquivo Pessoa umas dezenas de odes em que surge «Lídia», mas ficam apenas, sem critério nenhum, estas:










Debrucemo-nos sobre um assunto de gramática (de texto): Sequências textuais. Uso a tabela que está no anexo colado à contracapa do manual (mas na p. 275 do miolo do manual está um quadro igual):



Não há grande novidade, exceto que temos «dialogal» (já se disse «conversacional»), «explicativa» (que corresponde a «expositiva»). Quando se abordavam os tipos textuais, constava ainda o protótipo preditivo (o de um horóscopo, por exemplo) e o protótipo instrucional (num aviso, por exemplo).

Pensa nas soluções das perguntas desta ficha do Caderno de atividades sobre Sequências textuais (pensa mesmo, embora sem necessidade de estares a ser exaustivo — experimenta ver se saberias responder, no fundo).






Repara agora nas soluções:








A redação seguinte será para, mais tarde, depositar na Gaveta em Classroom e em Word. Por isso, podes fazê-la já a computador, se preferes adiantar trabalho.

Escreve cinco parágrafos — cada um predominantemente de uma das cinco sequências textuais estudadas —, que constituirão um texto seguido correspondente a uma reflexão/relato de Lídia (ou acerca de), a criada do hotel. Texto não tem de mostrar fidelidade ao que se passa na obra, embora talvez seja uma mais-valia fazer alusões que demonstrem conhecimento do enredo (mas sem exaustividade).

Marca ao lado de cada parágrafo o tipo de sequência (N, De, A, E, Di — ordem não tem de ser esta).

Entre duzentas a trezentas palavras.

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TPC — Dá uma vista de olhos a este texto, em torno de Rubem Fonseca, saído no Público.









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