Aula 9 da Quarentena (= 126-127)
Aula 126-127 [= Quarentena 9] (20 [3.ª 5.ª, 9.ª], 21/abr [4.ª]) Começo com umas informações.
1. Ainda que continuemos a ter como base principal para se seguirem
as aulas este blogue, passaremos a usar também — mas só para fazerem certas
tarefas indicadas nas aulas — uma outra plataforma, em GoogleClassroom, a que chamei Gaveta do 12.º 3.ª, Gaveta do 12.º 4, Gaveta do 12.º 5.ª, Gaveta do 12.º 9.ª. No entanto, repito, convém que vão seguindo as aulas sempre por aqui — por este blogue. Depois, usarão as quatro Gavetas, em Classroom, apenas para ir deixando as tarefas, que eu, a pouco e pouco, irei comentando, classificando ou, simplesmente, registando (não esperem que comente ou classifique tudo; também nas aulas presenciais acontecia pedir redações que depois não levava comigo). Devo começar hoje ou amanhã a convidá-los para as tais salas de aula. Não se assustem com a enxurrada de tarefas (serão três: é que lhes vou pedir que lancem também os dois escritos que terão feito nas aulas da semana que passou, além do da própria aula de hoje).
2.
Quanto às aulas síncronas (vulgo videoconferências ou outro estilo de sessões
em direto), veremos se são necessárias. Não sou adepto. O ensino em Português
ganha em ser assíncrono, porque a escrita e a leitura são, por natureza,
diferidas (não são «tipicamente» em direto). A situação de falar para todos ao
mesmo tempo, em exposição, no caso de Português, corresponde, no fundo, a não
estar tudo preparado como devia ser (se pode ficar por escrito, qual é a
vantagem da exposição oral?; dúvidas podem sempre pô-las por mail). Só esta
semana se vai perceber se há indicação para se ter sessões «em direto».
3. Não
deixem de seguir as aulas 7 e 8, se ainda não o fizeram. (Não me esquecerei
de compensar o facto de termos tido essas aulas numa altura em que era suposto
não termos aulas, e por isso, mais à frente — ou mesmo muito proximamente —, poderemos prescindir de uma ou
duas aulas.)
4. O
slide inicial da apresentação desta aula homenageia Rubem Fonseca, escritor
brasileiro, que se lê muitíssimo bem (que o diga o A., do 12.º 5.ª, que leu há pouco um
ou dois livros deste autor seu conterrâneo) e que morreu há poucos dias, não de Covid-19 mas
de ter já 94 anos. Morreu também, no dia seguinte, o chileno Luis Sepúlveda (este «Luis» é sem acento, porque está grafado como palavra em espanhol).
Sepúlveda estava infetado (parece que por ter estado num congresso em Itália,
ainda antes de ter estado no Correntes d’Escritas). Rubem Fonseca também
estivera em 2012 no Correntes e foi Prémio Camões em 2003. Os polícias no slide
têm que ver com o género policial, o dos livros mais conhecidos de Fonseca. Quanto
a Sepúlveda, premonitoriamente, já fora homenageado em slide da aula 7, perto de
um pangolim, de Boris Johnson, de Fellaini e Arteta.
5.
Como já tinha dito, as nossas aulas serão cada vez mais caóticas. Iremos vendo O Ano da Morte de Ricardo Reis,
restos do 12.º ano, revisões dos três anos. Também sairemos até dos programas
em sentido restrito: muitas vezes, mesmo para exames, a melhor estratégia é não
ficarmos grudados às informações sebenteiras, e apostar-se na flexibilidade que
cada um ganhe através de abordagens mais abertas, com horizontes menos tacanhos.
Vamos regressar ao Ano da Morte da Ricardo Reis (há quem considere que
se deveria escrever «a O Ano da Morte da Ricardo Reis» ou «a’O Ano da
Morte da Ricardo Reis, mas eu aceito «nos Maias», na «Ilustre
Casa», etc. — em exame, porém, se calhar é preferível «em Os Maias»,
«a O Ano da Morte de Ricardo Reis», etc.).
Víramos Ricardo Reis na sala de refeições
do Hotel Bragança, a conhecer Marcenda. No passo de hoje, Reis conhece a outra
figura feminina (e do eixo amoroso do romance), Lídia. Se tiveres contigo o
manual, abre-o na p. 262. (No livro de Saramago, na edição para que o manual
remete, seriam as pp. 50-52, mas nem todos terão a mesma edição.) Será este o
trecho:
Para responderes às perguntas de
Gramática no texto, da p. 263, completa só as lacunas nas respostas que já
pus (mas lê as perguntas
antes):
1. Na expressão «__________
portuguesa» reconhece-se a combinação do «moreno mate» de Reis com o «judeu
português» aplicado a Álvaro de Campos; ao descrever-se Lídia como «mais para o
baixo que para o alto», reconhece-se uma das características
atribuídas a Reis, que também «um pouco, mas muito pouco, mais _________».
2. Entre os verbos «estava»
e «entrasse» estabelece-se uma relação de __________ {simultaneidade, anterioridade,
posterioridade}; entre estes e «está... (molhado)», existe uma relação
de ____________ {simultaneidade, anterioridade, posterioridade}.
3.
A= «resta»,
«justificam», «_________»;
B = Não
há;
C =
«já», «ainda», «________».
D = «_______________________»
Vê as soluções na Apresentação:
A imagem com que o manual ilustra
«Lídia» é um fotograma do filme Diário de uma criada de quarto [Journal
d’une femme de chambre]. Tem pouco a ver com Lídia a protagonista deste
filme, Célestine. O filme adapta um romance do escritor francês Octave Mirbeau (1848-1917),
que aliás já teve mais adaptações ao cinema (a mais célebre é o filme homónimo
de Luis Buñuel, de 1964).
Fica só o trailer do filme de
Benoît Jacquot, que é recente, de 2015, cujo DVD tinha pensado passar nos
finais das nossas aulas (que pena!):
E uma
cena do filme de Buñuel:
A Lídia do nosso texto alude, como
se percebeu, à Lídia de tantas odes de Reis, mas entre ambas haverá muitas diferenças.
A Lídia das odes é uma interlocutora silenciosa, que serve ao sujeito poético
para explicar a sua ideologia conformista, estoico-epicurista. Tem pouca
«autonomia», é instrumental. Era aliás já um empréstimo da literatura clássica
que Reis assumia imitar.
Se puderes, lê na diagonal algumas
odes com «Lídia». Após rápida pesquisa, vi no Arquivo Pessoa umas dezenas de odes em que surge «Lídia», mas ficam apenas, sem critério nenhum, estas:
Debrucemo-nos sobre um assunto de
gramática (de texto): Sequências
textuais. Uso a tabela que está no anexo colado à contracapa do
manual (mas na p. 275 do miolo do manual está um quadro igual):
Não há grande novidade, exceto que
temos «dialogal» (já se disse «conversacional»), «explicativa» (que corresponde a «expositiva»). Quando se abordavam os tipos textuais, constava ainda o protótipo
preditivo (o de um horóscopo, por exemplo) e o protótipo instrucional (num aviso, por
exemplo).
Pensa nas soluções das perguntas
desta ficha do Caderno de atividades sobre Sequências textuais (pensa
mesmo, embora sem necessidade de estares a ser exaustivo — experimenta ver se
saberias responder, no fundo).
Repara agora nas soluções:
A redação seguinte será para, mais tarde, depositar na Gaveta em Classroom e em Word. Por isso, podes fazê-la já a
computador, se preferes adiantar trabalho.
Escreve cinco parágrafos — cada um
predominantemente de uma das cinco sequências textuais estudadas —, que constituirão
um texto seguido correspondente a uma reflexão/relato de Lídia (ou acerca de),
a criada do hotel. Texto não tem de mostrar fidelidade ao que se passa na obra,
embora talvez seja uma mais-valia fazer alusões que demonstrem conhecimento do
enredo (mas sem exaustividade).
Marca ao lado de cada parágrafo o
tipo de sequência (N, De, A, E, Di — ordem não tem de ser esta).
Entre duzentas a trezentas
palavras.
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . .
TPC
— Dá uma vista de olhos a este texto, em torno de Rubem Fonseca, saído no Público.
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