Aula 7 da Quarentena (= 123-123R)
Aula 123-123R [= Quarentena 7] (14 [4.ª, 5.ª], 15/abr [9.ª, 3.ª]) Informações:
1. Já estão no Inovar as sínteses
sobre o 2.º período.
Em
alguns casos, advirto aí o facto de a nota atribuída ter sido otimista
(procurando imaginar uma evolução que adivinhava ir suceder mais tarde ou mais
cedo mas que nem sempre se concretizara ainda) e o deverem ter em conta que se
tratou de classificação contingente que ainda pode ser reajustada.
Vai parecer
um pouco cru o que direi em várias das sínteses: alguns alunos precisam de
confirmar a nota que, na verdade, pode não ter correspondido ao que já tinham
mostrado até então. Mesmo em regime não-presencial, é preciso mostrar agora que
essa confiança no putativo (não é palavra feia, significa ‘alegado, suposto’)
progresso não foi apenas simpática.
Em
outros casos, considerei não poder fazer já o arredondamento ideal (até em
termos de média de todo o ciclo), mas ainda acredito que possam chegar lá. Portanto,
o discurso vai em sentido contrário, apelando a que ainda melhorem este ou
aquele aspeto.
Ou
seja, da minha parte, a avaliação ainda não está fechada, independentemente do
regime que tenhamos até ao final do período.
Reproduzo
essas sínteses, resguardadas de alguma indicação que pudesse ser considerada
mais pessoal, aqui (por turmas, e só com os números dos alunos precedidos das
duas primeiras letras do nome por que são tratados na aula de Português —
note-se que o facto de haver seis más no 12.º 9.ª nada que ver com a sua falta
de bondade mas com o haver Margaridas, Marianas, Marta): 12.º 3.ª; 12.º 4.ª;
12.º 5.ª; 12.º 9.ª.
2. Sugiro a seguir como devem
acompanhar as aulas no 3.º período.
Ainda
não sei se nos vão obrigar a congregarmo-nos todos nas mesmas plataformas. Para
já, continuarei a usar o Gaveta de Nuvens nos moldes em que o fiz nas
seis aulas da quarentena de março. Depois, verei se há vantagem em migrar para
outro lado (ou permitir duas vias).
Sugiro
que sigam mesmo o vosso horário ou, pelo menos, não deixem acumular aulas. Não
é relevante a hora a que «tenham» a aula, mas evitem atrasar-se quanto aos dias.
Façam tudo o que é pedido como se estivessem na sala D9, com a vantagem de que
não verei V. (3.ª), T.N. ou A.P. (4.ª), B. E. (5.ª) ou M.V. (9.ª) a consultarem
telemóvel. (Sim, bem sei que foi azar calhar vê-los a vocês.)
Se
houver texto para ler ou relancear, demorem o que demorariam em aula e anotem
as respostas que dariam aos itens que lhes for pedindo para completarem (depois
de o fazerem, comparem com as respostas na Apresentação, que pode estar só no final
da aula). Ouçam ou vejam os áudios ou vídeos que for inserindo. E conservem
convosco os pequenos comentários ou as respostas maiores que tiverem de fazer.
A certa altura, pedirei que mos enviem. E, nessa altura — como fiz na aula 5 da
Quarentena —, marcarei prazo curto, pelo que convém ir fazendo tudo à medida
que as tarefas forem sendo indicadas, isto é, na própria aula.
Continuaremos
a dar gramática (no fundo, rever, sobretudo), ainda que não seja fácil
avaliá-la ao longe. Inventarei maneira. Não descarto testá-la em sessões em
direto com poucos alunos ou individuais, mas é improvável. Não desinvistam
deste domínio (aliás, para muitos: invistam mesmo um pouco mais).
Quanto
à expressão oral, adiamos para já as preocupações com a recitação de poemas de Mensagem.
O mais provável é que lhes venha a pedir ficheiro áudio ou vídeo com leituras
em voz alta ou algum outro tipo de expressão oral. Ver-se-á.
Entretanto,
estou a reunir em PDF os trabalhos corrigidos de cada um, que enviarei, por
mail — ou por alguma nova plataforma que entretanto nos chegue? —, logo que
possa. Mas ainda demorarei alguns, ou bastantes, dias.
Tenho
mantido a numeração das aulas marcando os blocos que conteriam os tempos de
apoio (por exemplo, o de hoje), mas, em termos de conteúdo, as aulas serão cada
vez mais indiferenciadas. O 3.º período, mesmo em ano não covídico, costuma
ser, em grande parte, de revisões. A minha intenção sempre fora que nesta fase
final nos ocupássemos de tudo, caoticamente, em revisões, ou aprimoramentos, do
12.º e dos outros anos, aqui e ali articulados com referências à leitura de O
Ano da Morte de Ricardo Reis.
Nesta
primeira aula do 3.º período, como prometido, vamos fazer revisões acerca de Antero de Quental, o poeta
contemporâneo de Eça e de Cesário que vimos no 11.º ano. Aliás, ouvimos,
sobretudo, porque o usámos para umas eliminatórias da Liga dos Campeões (e já
repararam como este ano, premonitoriamente, deixámos cair as competições
europeias da UELVA, estando agora a UEFA a plagiar-nos?).
Porém,
ainda antes de chegarmos a Antero, queria aproveitar o programa de rádio «E o
resto é História», para revisão de revisão de outro assunto. Oiçam, por favor,
o episódio sobre «A maior mentira da História de Portugal». Desde o
começo até ao minuto 11 (basta ouvirem até aí) fala-se daquela que para Rui
Ramos é a maior mentira da História de Portugal, que corresponde ao momento que
Fernão Lopes descreve no
passo que estudámos melhor da Crónica de D. João I:
Como
talvez não o tenham à mão reproduzo mais uma vez o texto da crónica (não para
que o vão reler agora, apenas para o terem presente). Outros textos que lemos
de Fernão Lopes foram os relativos ao cerco de Lisboa. Revejam na diagonal,
quase sem a olharem, esta versão (com a grafia muito adaptada) do
célebre trecho do capítulo 11 da Crónica
de D. João I, de Fernão Lopes):
Do alvoroço que foi na cidade cuidando que
matavam o Mestre, e como lá foi Álvaro Pais e muitas gentes com ele
O pajem do
Mestre, que estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila, segundo já
era percebido, começou de ir rijamente a galope, em cima do cavalo em que
estava, dizendo altas vozes, bradando pela rua:
— Matam o Mestre!
Matam o Mestre nos paços da rainha! Acorrei ao Mestre que matam!
E assim chegou a
casa de Álvaro Pais, que era dali grande espaço.
As gentes que
isto ouviam saíam à rua ver que coisa era. E, começando de falar uns com os
outros, alvoroçavam-se nas vontades e começavam de tomar armas, cada um como
melhor e mais asinha podia.
Álvaro Pais, que
estava prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo usança daquele tempo,
cavalgou logo à pressa, em cima de um cavalo que anos havia que não cavalgara,
e todos seus aliados com ele, bradando a quaisquer que achava, dizendo:
— Acorramos ao
Mestre, amigos! Acorramos ao Mestre, ca filho é de el-rei D. Pedro!
E assim bradavam
ele e o pajem, indo pela rua.
Soaram as vozes
do ruído pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o Mestre. E, assim como
viúva que rei não tinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se
moveram todos com mão armada, correndo à pressa para onde diziam que se isto
fazia, para lhe darem vida e escusar morte.
Álvaro Pais não
quedava de ir para lá, bradando a todos:
— Acorramos ao
Mestre, amigos! Acorramos ao Mestre que matam sem porquê!
A gente começou
de se juntar a ele e era tanta, que era estranha coisa de ver. Não cabiam pelas
ruas principais e atravessavam lugares escusos, desejando cada um de ser o
primeiro; e, perguntando uns aos outros «quem matava o Mestre?», não minguava
quem respondesse que o matava o conde João Fernandes, por mandado da rainha.
E, por vontade de
Deus, todos feitos de um coração, com talente de o vingar, como foram às portas
do paço, que eram já cerradas, antes que chegassem, com espantosas palavras, começaram
de dizer:
— Onde matam o
Mestre? Que é do Mestre? Quem cerrou estas portas?
Ali eram ouvidos
brados de desvairadas maneiras. Tais aí havia que certificavam que o Mestre era
morto, pois as portas estavam cerradas, dizendo que as britassem para entrar
dentro, e veriam que era do Mestre ou que coisa era aquela.
Uns deles bradavam
por lenha e que viesse lume, para porem fogo aos paços e queimar o traidor e a
aleivosa. Outros se aficavam pedindo escadas para subir acima, pera verem que
era do Mestre. E em tudo isto era o ruído tão grande, que se não entendiam uns
com os outros, nem determinavam nenhuma coisa. E não somente era isto à porta
dos paços, mas ainda ao redor deles por onde homens e mulheres podiam estar.
Umas vinham com feixes de lenha, outras traziam carqueja para acender o fogo,
cuidando queimar o muro dos paços com ela, dizendo muitos doestos contra a
rainha.
De cima, não
minguava quem bradasse que o Mestre era vivo e o conde João Fernandes morto.
Mas isto não queria nenhum crer, dizendo:
— Pois se vivo é,
mostrai-no-lo e vê-lo-emos.
Então os do
Mestre, vendo tão grande alvoroço como este, e que cada vez se acendia mais,
disseram que fosse sua mercê de se mostrar àquelas gentes; de outra guisa
poderiam quebrar as portas, ou lhes pôr o fogo; e, entrando assim dentro por
força, não lhes poderiam depois tolher de fazer o que quisessem.
Ali se mostrou o
Mestre a uma grande janela que vinha sobre a rua, onde estava Álvaro Pais e a
mais força de gente, e disse:
— Amigos,
pacificai-vos, ca eu vivo e são sou, a Deus graças.
E tanta era a
turvação deles e assim tinham já em crença que o Mestre era morto, que tais
havia aí que aperfiavam que não era aquele; porém, conhecendo-o todos
claramente, houveram grande prazer quando o viram, e diziam uns contra os
outros:
— Oh, que mal
fez! Pois que matou o traidor do conde, que não matou logo a aleivosa com ele!
Credes em Deus: ainda lhe há de vir algum mal por ela. Olhai e vede que maldade
tão grande! Mandaram-no chamar onde ia já de seu caminho, para o matarem aqui
por traição. Oh aleivosa! Já nos matou um senhor e agora nos queria matar
outro! Leixai-a, ca ainda há mal de acabar por estas cousas que faz.
E sem dúvida, se
eles entraram dentro, não se escusara a rainha de morte, e fora maravilha
quantos eram da sua parte e do conde poderem escapar.
O Mestre estava à
janela e todos olhavam contra ele, dizendo:
— Ó senhor! Como
vos quiseram matar por traição! Bendito seja Deus, que vos guardou desse
traidor! Vinde-vos, dai ao demo esses paços, não sejais lá mais!
E, em dizendo
isto, muitos choravam com prazer de o ver vivo.
Vendo ele então
que nenhuma dúvida tinha em sua segurança, desceu a fundo e cavalgou com os
seus, acompanhado de todos os outros, que era maravilha de ver. Os quais, mui
ledos ao redor dele, bradavam, dizendo:
— Que nos mandais
fazer, senhor? Que quereis que façamos?
E ele lhes
respondia, mal podendo ser ouvido, que lho agradecia muito, mas que por então
não havia deles mais mister.
Chegamos
então a Antero de Quental.
Tinha-lhes
sugerido que vissem o filme Anthero. O Palácio da Ventura (parte I;
parte II), do realizador José Medeiros. Embora se assuma que é uma ficção, o
filme detém-se numa série de momentos importantes da vida de Antero de Quental,
mostrados desordenadamente: suicídio; Antero como líder dos estudantes em Coimbra
contra reitor Basílio e tempos de boémia; polémicas com Castilho e com Teófilo
Braga; diálogo com o amigo e poeta João
de Deus e viagem à América; conferências do Casino Lisbonense; os problemas de
saúde constantes, etc. (não estou a seguir a ordem no filme, nem a biográfica).
Se não
viram, vejam talvez só o começo, o suficiente para perceberem a estrutura. É um
filme sobre o processo de fazer um filme sobre Antero. Aos dois minutos da
parte I é declamado o poema aproveitado no título do filme, «O Palácio da
Ventura», um soneto que lemos o ano passado, mas que analisámos
superficialmente. (Também no final da parte II, à uma hora e três minutos, há
outra declamação do mesmo soneto.)
Vocabulário porventura mais
difícil: ventura = ‘felicidade’; cavaleiro andante = ‘herói das
novelas de cavalaria medievais que busca um ideal de amor e de justiça’; paladino
= ‘cavaleiro andante’, ‘defensor intrépido de alguma causa’; anelante = ‘ofegante,
ansioso’; formosura = beleza; deserdado = ‘aquele que é privado
de uma herança, de um benefício’; fragor = ‘estrondo’.
Vai
completando esta análise do poema (no final, vê as soluções na Apresentação; se ter mais jeito teres o poema à frente, em livro, podes consultá-lo na p. 298 do manual do 11.º ano):
Quanto à forma, a composição (dois quartetos e dois tercetos) é um
_________.
O metro é ______________ (podes experimentar com o v. 1: So | nho
| que | sou | um | ca | va | lei | r(0)’an | dan), como é comum nos sonetos.
A rima nos quartetos, como costuma acontecer também no sonetos
clássicos, é interpolada e __________ repetindo-se o esquema rimático na
primeira e na segunda estrofe: A-__-__-A || A-__-__-__.
Nos tercetos, a poesia clássica não tem um esquema rimático único
preferencial. Neste caso, o que temos é: A-A-__ || __-__-__.
Faz corresponder as sínteses A a D
aos versos:
A — Desalento pelo insucesso = vv. 5-__
B — Renascimento da esperança = vv. __-__
C — Deceção final = vv. __-__
D — Entusiasmo = vv. __-__
Se descartarmos uma forma de Imperativo («_______», v. 11), todo o poema
usa um único tempo verbal, o _______ do Indicativo.
Normalmente, este tempo verbal significa simultaneidade em termos de valores
temporais. No entanto, nestes versos a conotação que é introduzida pelo
Presente do Indicativo é mais complexa: é como se o sujeito poético estivesse a
ver-se a praticar todas as ações, que assim ficam a parecer-nos, em termos
temporais, relativamente ao momento da enunciação, __________ {anteriores /
simultâneas / posteriores}, ainda que se vá narrando uma sequência de
situações (o que, em princípio, devia implicar anterioridade, pelo menos até se
chegar ao momento presente, já que não estamos habituados a que uma narrativa
nos chegue em direto, como se tratasse de um relato de jogo de futebol).
Voltemos à única forma do Imperativo. Que valor temporal conotará?
Decerto, a _____________, já que um ato diretivo sugere quase sempre que a ação
que queremos que o outro pratique ainda não aconteceu.
Passemos aos valores aspetuais. Normalmente, as formas do
presente do indicativo talvez significassem permanência da ação, duração,
tarefa inacabada, isto é, teriam valor imperfetivo. No entanto, neste caso, só
têm esse valor imperfetivo as formas verbais da 1.ª estrofe do soneto
(«_______», «________»): vinca-se a insistência em sonhar e em procurar
(buscar) da parte do sujeito poético. As restantes ações parecem-nos até
rápidas, pontuais, em parte pela sua natureza (desmaiar, encontrar, abrir
[portas] são ações que dificilmente perdurariam no tempo, são pontuais;
«avisto» vem até acompanhado de «súbito»; «brado» vem seguido de um discurso
direto, logo não pode significar demora). Há também uma forma com valor
genérico («____», v. 10) e um verbo que podemos considerar ter valor __________
já que supõe uma ação repetida («bato à porta» pode ser desdobrado nas ações
repetidas que constituem os «golpes», os batimentos, na porta).
Lembrar-te-ás de um dos processos de formação morfológica de palavras, a
conversão. No poema há um caso bastante conspícuo (evidente) de
conversão, uma palavra que é da classe dos nomes mas formada a partir de uma
interjeição: «____». (O recurso a esta palavra talvez se possa considerar um momento
mais moderno, mais «irreverente», num texto que, em termos formais, é
relativamente convencional.)
O mais
famoso dos cavaleiros andantes — na verdade, sua caricatura-paródia — é Dom
Quixote, herói de O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de
Miguel de Cervantes. Vê aqui por que motivo é útil conhecermos esta obra:
A
seguir, vê os itens de uma prova de exame que usou como texto o soneto de
Antero que estivemos a estudar. Não foi um exame de Português, mas de
Literatura Portuguesa (2016, 2.ª chamada). O estilo dos itens é idêntico ao que
teríamos numa prova de Português:
(Não
deixes de ler as perguntas. Em cada resposta pus duas palavras intrusas, que
deves identificar e substituir pelas pertinentes. Vê as soluções na
Apresentação.)
1. Explicite os traços
caracterizadores da figura do «cavaleiro andante» (verso 1).
Sendo um «Paladino do amor» (v. 3), o «cavaleiro
andante» (v. 1) é sonhador e fofinho, procurando ansiosamente («anelante» – v.
3) o «palácio encantado da Ventura» (v. 4), que é o seu grande objetivo.
Corajoso, entrega-se a essa busca até ao limite das suas forças (v. 5). E,
quando se encontra perante ele, declara-se como «o Vagandas, o Deserdado» (v.
10), a quem falta toda a felicidade.
2. Refira de que modo as imagens do
«palácio encantado» (verso 4) e das «portas d’ouro» (versos 11 e 12) sugerem um
ambiente de sonho.
Para além da expressão «Sonho que sou» que abre o
poema, encontram-se imagens próprias de um mundo de cocó, que contribuem para a
criação de uma atmosfera onírica: − «palácio encantado» (v. 4), que parece
flutuar num plano superior («aérea formosura» – v. 8); − «portas d’ouro» (vv.
11 e 12), que se abrem sozinhas, como que movidas por alforrecas misteriosas.
3. Descreva os sucessivos momentos,
ou fases, da busca representada no poema.
São quatro os momentos da cusca representada no
poema. O primeiro momento (1.ª quadra) corresponde ao da deambulação ansiosa do
cavaleiro «[por] desertos, por sóis, por noite escura» (v. 2). O segundo
momento (2.ª quadra) é o que marca a descoberta do palácio procurado. O
terceiro momento da busca (1.º terceto) é o do apelo emocionado do «eu» a que
as portas do palácio se abram. O quarto momento (2.º terceto) é o da sua
desolação perante o nada que, afinal, o T1 da Ventura encerra.
4. Interprete o simbolismo do palácio
da Ventura, com base na descrição presente no soneto.
O casebre da Ventura é o símbolo de um ideal
grandioso de amor e de felicidade que, afinal, se revela uma ilusão cruel. Os
elementos que lhe dão forma são a dimensão mágica (é «encantado» – v. 4), a
beleza (é «fulgurante / Na sua pompa e aérea formosura» – vv. 7-8), a forretice
(tem «portas d’ouro» – vv. 11 e 12) e, finalmente, o «Silêncio» e a «escuridão»
(v. 14).
Musicado; cantado por Filipa Pais
(que também surge no filme de José Medeiros):
«Na Mão de Deus», soneto recitado
por Maria do Céu Guerra, que faz o papel de irmã de Antero no filme a que temos
aludido:
Vê os
primeiros vinte minutos do episódio 1 da série Sara (de Ricardo
Adolfo, Marco Martins e Bruno Nogueira; com realização de Marco Martins),
talvez até ao momento em que as personagens interpretadas por Beatriz Batarda e
Rita Blanco vão entusiasmadas a cantar, no carro, de regressso a Lisboa. Como
verás, é sobre uma atriz, papel desempenhado por Beatriz Batarda (que, na vida
real, tem um estatuto semelhante ao da personagem da série): https://www.rtp.pt/play/p4996/e462265/sara
Num
comentário de cerca de cento e cinquenta palavras contrasta o percurso
psicológico da personagem Sara com o apelo no soneto de Antero «A um poeta» (que
também lemos o ano passado; reproduzido a seguir [se preferires ver pelo manual do 11.º ano, está na p. 296]). Inclui no teu texto pelo
menos duas citações (uma, do poema; a outra, de uma fala qualquer do filme). Escreve
a caneta. Guarda o texto que escreveres.
Classifica
as orações nesta
canção recomendada por colega do 12.º 5.ª (e, aqui, acompanhada de
luzes de telemóveis):
Balada Astral
(Miguel Araújo)
Quando Deus pôs o mundo // Subordinada _____________
E o céu a girar,
Bem lá no fundo // Subordinante
Sabia que, por aquele andar,
// Subordinada ____________
Eu te havia de encontrar.
Minha mãe, no segundo // _______________
Em que aceitou dançar, // Subordinada adjetiva _________
Foi na cantiga
Dos astros a conspirar
E do seu cósmico vagar.
Mandaram teu pai
Sorrir para a tua mãe,
Para que tu // Subordinada ________________________
Existisses também.
Era um dia bonito
E, na altura, eu também,
O infinito
Ainda se lembrava bem
Do seu cósmico refém.
E eu, que pensava
Que ia só comprar pão // Subordinada ________________
E tu, que pensavas
Que ias só passear o cão
A salvo da conspiração.
Cruzámos caminhos, // Coordenada
Tropeçámos no olhar // Coordenada _________________
E o pão nesse dia // Coordenada __________________
Ficou por comprar.
Ensarilharam-se as trelas dos cães,
Os astros, os signos,
Os desígnios, as constelações,
As estrelas, os trilhos,
E as tralhas dos dois.
TPC — Lê esta síntese das características da poesia de Antero de Quental,
que que catrapisquei de um excelente manual do 11.º ano (Alexandre Dias Pinto e
Patrícia Nunes, Entre Nós e as Palavras, Carnaxide, Santillana, 2016).
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