Sunday, September 07, 2014

Bibliofilmes do 10.º 5.ª


Susana



Susana / Mário Zambujal, Já não se escrevem cartas de amor / 18 // Pontos fortes Boa planificação de tudo: nestes três minutos certos conseguiu-se dar uma perfeita ilustração de parte do livro (a dramatização percorre vários estilos, a autora desempenha até mais do que uma personagem, o trecho escolhido tem suficiente enredo para resultar sozinho), fazer um comentário que é também sociológico e fechar a imagem dos autores (autor do livro, autora do bibliofilme sobre o livro, autor da autora). Esta faculdade de se condensar muita informação em pouco tempo, característica do cinema, resulta porque há o ritmo devido (que implicou decerto muito trabalho). Boa leitura expressiva/representação. Aspetos melhoráveis A corrigir: em «dile[c]ta» e «afe[c]tuosos», o som /k/ não é para ser dito (mesmo antes do AO, não se dizia; agora, continua a não se dizer e não se escreverá também) — porém como se trata de mimar que está a escrever/ler, a hipercorreção até se compreende; na legenda final, gralha em «[r]reflexão», mas também má regência (dir-se-á ‘reflexão acerca da obra’). Dois pequenos trechos que não compreendi bem:«tem esta o objetivo de lhe comunicar» (é, não é?); «a dita ousadia» (1,18; se calhar, não é como estou a reconstituir).

 

Bia G.



Bia G. / José Gameiro, Até que o amor nos separe / 16 // Pontos fortes Leitura em voz alta da recensão ao livro bastante proficiente e clara, quase sem hesitações, apesar da sua extensão. O texto desta parte é seguro e correto. Também a parte do excerto do livro lido não tem erros de leitura, embora me pareça que a expressividade adotada não é a expressividade mais realista (digamos que há uma sobrerrepresentação que retira verosimilhança à leitura). Bom acabamento do filme, com cuidado planeamento dos seus diversos momentos. Aspetos melhoráveis Livro escolhido (eu pedira obra literária...), embora se deva dizer que houve o cuidado de, no bibliofilme, já se ir justificando esta preferência. A corrigir: «da qual» [0.37] (creio que seria «na qual» ou «no qual»); aquando Maria e Manuel decidem ir» (quando Maria e Manuel decidem ir); «tornou-se numa palavra banalizada» (tornou-se numa palavra banal / banalizou-se); «noutros famílias» ([2.23]; noutras famílias).

 

Cláudia



Cláudia / Sir Arthur Conan Doyle, coleção de Sherlock Holmes / 15 // Pontos fortes Boa redação — criativa, leve, irónica.Destreza na leitura em voz alta, sobretudo revelada em diversos exercícios de expressividade (inseridos no texto sem que fossem até esperáveis por vezes), embora também haja momentos em que certa velocidade na leitura — que me pareceu propositada — acaba por levar a menor eficiência. Aspetos melhoráveis Formato é basicamente o de recensão, apreciação, ao(s) livro(s), embora, em termos de texto, apresentada de modo original. Em termos de imagem, há recurso intensivo a imagens googladas. Não saiu bem a pronúncia de «detetive» (1.16). A corrigir: «que é feito aos outros noventa» (que é feito dos outros noventa); «pelo Sir» (por Sir ...).

 

Patrícia



Patrícia / Héctor Abad Faciolince, Somos o esquecimento que seremos / 15 // Pontos fortes Redação própria que se integra bem no estilo de Faciolince (e não é dizer pouco isto). Leitura expressiva sem erros (apesar de demasiado uniforme: para se conseguir dar a impressão de certo derrotismo que o narrador evidencia, era preciso contrastar momentos de desânimo, ou simplesmente mais introspetivos, com outros mais neutros). Livro lido. Cuidado em referir a obra no final. Aspetos melhoráveis. Em termos de imagens, a estratégia é demasiado parcimoniosa. A corrigir: «Quetzal» lê-se «[k]etzal» (sem semi-vogal e como aguda). Melhorar: «sombra, sombra a qual» (sombra, que).

 

Amy



Amy / Italo Calvino, O Barão Trepador / 12 // Pontos fortes No começo, a leitura foi bastante aceitável (depois, foi havendo progressivamente hesitações). Há domínio técnico, o filme está bem acabado, a música resulta. Livro em causa é efetivamente recomendável. Aspetos melhoráveis Esperava que o bibliofilme não se ficasse pela leitura de trechos do livro (e, na verdade, foi esse o foco quase único). Podia ter havido alguma criação mais pessoal (porventura até fugindo um pouco do livro). Na pronúncia:«flâmulas» e «álamo» são palavras esdrúxulas (proparoxítonas), têm de ser lidas com a tónica em flâ e em á. A corrigir na escrita: «recomendou-nos para fazer» (recomendou que fizéssemos / pediu para fazermos).

 

Beatriz R.



Beatriz R. / José Luís Peixoto, Abraço / 13,7 // Pontos fortes Partes em que a autora confessa a sua reação à leitura, o que faz com sinceridade — são três curtos momentos: no início, a meio e no final (foi aliás pena que essa parte mais subjetiva do filme ficasse curta). Leitura em voz alta do trecho do início de Abraço (bem escolhido) começou bem (depois, no final, surgiram hesitações). Aspetos melhoráveis A parte wikipédica sobre Peixoto. Em geral, não se ter criado texto próprio (nas instruções eu sugeria isso com bastante clareza).

 

Bia S.



Bia S. / Patrick Modiano, Um circo que passa / 15 // Pontos fortes Ter-se procurado transmitir a atmosfera de Paris (música e ruas — estas são um tópico recorrente das obras de Modiano) e parte do enredo (acidente final), de forma que não é a de mera sinopse nética. Consegue-se sugerir o ambiente do livro (houve boa intuição de como se poderia «filmar» a obra, faltou depois o acabamento devido). Houve o cuidado de incluir a referência bibliográfica da obra, como eu pedira (mas há um lapso ao pôr-se, como organizadora, Cecília Andrade (que será uma funcionária da editora, encarregada de aspetos de supervisão editorial e de revisão; na verdade, a referência ficaria assim: Patrick Modiano, Um circo que passa, trad. de Ana Cristina Costa, 2.ª ed., Alfragide, Dom Quixote, 2014). Aspetos melhoráveis Leitura e redação pareceu-me poder ser mais ensaiada. Imagens googladas, por vezes, com erros, sobretudo nos nomes de arruamentos de Paris (Quais des Orfèvres é um dos exemplos). A pronúncia do nome Patrick Modiano, o mais recente Prémio Nobel, é para ser feita em francês (M[ô]dian[ô]). A corrigir: «nas ruas de Paris que o autor faz questão de realçá-las» (nas ruas de Paris que o autor faz questão de realçar); «Pois a história relata-se nos anos noventa» (é narrada, é relatada); não podemos tratar o narrador por Patrick (aliás, o narrador autodiegético é identificado como Jean) nem por autor.

 

Carolina



Carolina / Caio Fernando Abreu, Onde andará Dulce Veiga? / 16 // Pontos fortes Facilidade em concretizar um «direto» (salvo erro, numa mesma sequência), com locução num registo que vai do formal lido ao cada vez mais espontâneo (mas sempre sem demasiadas marcas de improvisação) — boa leitura ou boa locução, portanto. Alusões a experiências pessoais de leitura (o hábito de ir anotando frases lapidares). Importância dada ao paratexto (embora, neste caso, me parecesse exagerado o detalhe a alguns dos elementos que são específicos da editora do que do livro em causa). Aspetos melhoráveis Carolina conseguiria fazer trabalho mais criativo, apesar de haver já vários aspetos originais. Sintaxe do passo que termina a 0.42: «ninguém sabe dele» (‘ninguém saberia dele’, já que o segmento depende de «dá a entender que», que estava no passado). A corrigir: «mas a que eu gostei mais» (mas a de que eu gostei mais); «toltecas» pode ser lido «tolt[é]cas», como palavra grave (paroxítona) que é.

 

Catarina



Catarina / Wladyslaw Szpilman, O Pianista / 17,5 // Pontos fortes Sentido estético ao longo do filme, quer visual (incluindo lettering) quer em termos de música (incluindo Chopin, precisamente por Spzilman); sensação de que houve gosto em fazer e que ficou tudo bem acabado. Criação de texto próprio, coerente com o contexto, coeso linguisticamente e que foi bem lido. Referenciação no final (embora sem se cumprirem alguns preceitos que fui destacando em aula — «O Pianista» > O Pianista; valia pena pôr o tradutor; e para quê, numa referência única, antepor o apelido?). Aspetos melhoráveis Texto criado não tem erros mas tem alguns quase-lugares comuns (sufoco, coração a parar de bater, quão pesado...). Som da leitura em voz alta fica, por vezes, apagado sob o da música, havendo dois momentos talvez em que não consegui perceber palavras que eram ditas. A corrigir: «houve momentos que» (houve momentos em que).

 

Gonçalo S.



Gonçalo S. / John Boyne, O rapaz do pijama às riscas / 16,5 // Pontos fortes Cuidados postos na realização, evidenciando o bibliofilme grande capacidade técnica, rigor na planificação, criatividade. A estratégia, em termos textuais, também é inteligente — um diálogo entre um conhecedor do livro e alguém que quer conselhos de leitura —, mas deve reconhecer-se que este formato acaba por camuflar o facto, de no fundo, o texto ser sobretudo uma sinopse-comentário crítico (formatos que eu desaconselhara). Cuidado em pôr referência bibliográfica, embora não se tivesse aqui aproveitado o que lhes ensinara nas aulas (seria assim John Boyne, O rapaz do pijama às riscas, trad. de Cecília Faria e Olívia Santos, 10.ª ed., Alfragide, Asa, 2011). Aspetos melhoráveis Livro escolhido (eu pedira que evitassem os livros infanto-juvenis, grupo em que este, de certo modo, se inscreve — teria preferido obra mais literária). Leitura em voz alta é clara, mas por vezes pouco plástica (talvez pelo estilo um tanto declamatório que se preferiu). A pronúncia lisboeta de «pijama» é «p’jama» («p[i]jama» é pronúncia artificial, hipercorreta); «infame» é palavra grave (proparoxítona) mas pareceu-me lida como se fosse «*ínfame»; «curiosidade» não saiu nítida; «isso já vais ser ser tu a descobrir» (isso já vais ter de ser tu a descobrir). A corrigir na redação: «em busca das respostas que por ninguém eram respondidas» (em busca das respostas a perguntas que por ninguém eram respondidas); «sempre lhe passou a imagem da vedação como sendo um paraíso» ([da vedação] passou-lhe a imagem de um paraíso / sempre lhe falou da vedação como [sendo] um paraíso).

 

J. Cabo



J. Cabo / Mark Twain, As aventuras de Tom Sawyer / 14 // Pontos fortes Leitura em voz alta revela capacidade assinalável. Embora em formato que não é o que se pretendia (resumo), redação está clara e sem erros (mas, note-se, eu não pretendia resumos — até por ser um tipo de texto cuja originalidade é difícil de controlar — há milhares de sinopses deste livro, todas, naturalmente, com muitos segmentos próximos). Analogia, encontrada no final, entre a personagem Tom Sawyer e o próprio autor é interessante — esse era um caminho que o filme podia ter desenvolvido (preferível ao da sinopse). Aspetos melhoráveis Abordagem é de sinopse-resumo, o que eu desaconselhara (deviam ler as instruções das tarefas!). A corrigir: neste registo, de escrita formal, não se usa «chateou-se» (aborreceu-se); «a família e a população os procurava» (a família e a população os procuravam); «rapariga judaica» (rapariga judia»). «Espontaneidade» (e não «espontan[ea]dade»).

 

Joana



Joana / Anne Frank, O diário de... / 17 // Pontos fortes Conseguir-se abordagem da obra que, no possível, fugiu à mera sinopse. A estratégia de ir seguindo com particular atenção certos elementos paratextuais (as páginas preliminares, uma quase-dedicatória, as entradas do diário, a planta da casa, umas listas de compras) ou textos inseridos (poema), o que permitiu evitar a repetição da história que já todos conhecemos. Boa leitura em voz alta («outrem», escrito assim, terá de ser dito como palavra grave, embora também surja, por vezes, «outrém», que será lido como aguda; «enumerar» saiu quase como «enamorar»). Bom acabamento do filme (boa planificação). Aspetos melhoráveis Teria preferido outro livro, mais literário. Há alguns lugares comuns na redação: («muito engraçado», «entusiasmante até à última página», «uma lição de vida»). A corrigir: «até mete» (até põe).
 

João O.



João O. / Christian de Montella, O cavaleiro sem nome / 14 // Pontos fortes A ideia de fazer em poema uma sinopse do livro. Leitura em voz alta não tem erros mas podia ter sido ainda mais ensaiada (talvez mais expressiva também). Aspetos melhoráveis Teria preferido um livro menos infanto-juvenil, mesmo se posso reconhecer serem interessantes estes temas em torno do rei Artur. Na redação do poema faltaram talvez maior diversidade na estrutura das frases, e no léxico, e o cumprimento de um esquema rimático regular (ou mais fixo, pelo menos).

 

Leonor



Leonor / João Tordo, As três vidas / 16 // Pontos fortes Leitura expressiva. Boa redação de texto a partir de citação tirada do livro de Tordo. Preocupação em esclarecer, no final, formato usado (valeria a pena indicar também a exata citação) e em referir a obra (porém, não é As 3 vidas, mas As três vidas). Adequação da música escolhida. Aspetos melhoráveis Parte visual é sobretudo constituída por imagens da net (seria talvez preferível ser-se aqui mais seletivo: preferir poucas imagens e recolhidas para o efeito pela autora). A corrigir: «não posso esperar que um pouco da sua alma continua a viver aqui» (não posso esperar que um pouco da sua alma continue a viver aqui); «todas as coisas que gosto» (todas as coisas de que gosto); «a satisfação que dá em ajudar» (a satisfação que dá ajudar). Sintaxe não está boa neste passo: «[...] porque é assim que todas as pessoas me vão recordar, mas que praticamente não dão valor [...]». Na leitura do trecho final houve pausa exagerada depois de «e [se não nos]» e antes de «por uma delas».

 

Manel



Manel / Frank Miller, O Regresso do Cavaleiro das Trevas / 17,5 // Pontos fortes Sentido de realização fílmica (o conjunto de texto, música, imagens; a dramatização conseguida). Redação. Leitura em voz alta (com momentos de boa expressividade e revelando capacidade de ir alterando os ritmos sem tropeçar). Lettering bem escolhido. Aspetos melhoráveis A corrigir: «tem 2 prémios literários» (tem dois prémios literários); «video» (vídeo). Nas pronúncias de algumas palavras («escuridão», «graciosidade», «sobrevivente», «e-agora-as-teias»), tendência para excessiva rapidez no «ataque à palavra», que leva a que a expressão fique lisboetamente compactada.

 

Capela



Capela  / António Lobo Antunes, Quarto livro de crónicas / 15 // Pontos fortes Cuidado em pôr referência bibliográfica, como fora pedido e quase ninguém fez, e aliás quase sem lapso (corrija-se apenas a data, já que não se deve pôr o mês). Redação sem erros. Leitura em volta alta está correta, mas talvez se pudesse ter arriscado maior expressividade (enquanto espécie de contrapartida por não haver grande investimento na parte fílmica). Aspetos melhoráveis Economia de meios no que se refere à parte visual (ou mesmo à musical). Texto é pouco à Lobo Antunes (e até era fácil fazer um pastiche da escrita deste Quarto livro de crónicas), mas também não sabemos se era esse o escopo do autor.

 

Pedro



Pedro / Hermann Hesse, Siddhartha / 17 // Pontos fortes Texto criado, que segue o estilo e atmosfera do livro de Hesse. É uma boa transposição para a experiência do narrador, embora se deva reconhecer que este tipo de escrita (fragmentos com interrogações, observações aforísticas) não põe problemas de sintaxe muito complexos. Também a leitura em voz alta não tem erros e tem momentos conseguidos de boa expressividade (o final, por exemplo), mas há certa tendência para ler algumas palavras velozmente, como explico em baixo. Escolha musical e da primeira metade das imagens (que, se não são originais, pelo menos tiveram tratamento original). Ter-se posto a solicitada referência bibliográfica e estar esta quase perfeitamente redigida (título no devido itálico e segundo o que está no rosto e não na capa, acertando-se na localidade — recente — da editora; só talvez se pudesse acrescentar, logo depois do título, «trad. de Pedro Miguel Dias» bem como o número da edição; e falta um ene em Hermann). Aspetos melhoráveis A tal propensão para atacar as palavras rapidamente, comendo sílabas (momentos em que era preciso melhor definição das sílabas: «que mereça ser descoberta», «[a 0.31, que não percebo bem]», «onde a deixei a última vez»,«[a 1.10, que não percebo bem]»). Algumas imagens parecem-me néticas (teria preferido apenas imagens recolhidas para o efeito).

 

Tety



Tety / Sophie Jordan, A luz do fogo / 17 // Pontos fortes Bom domínio técnico. Noção do género ‘trailer’ (tendo-se conjugado bem os efeitos do ritmo de aparecimento dos slides, a escolha da música, o texto liminar). Não haver falhas nas legendas. Além da parte ‘trailer’, ter-se feito dois momentos introdutórios (sobre a autora — que talvez seja o menos interessante) e sobre a própria experiência de leitura do livro. Aspetos melhoráveis Livro (teria preferido outro tipo de obra, mais literária, mas é verdade que fui eu mesmo que acabei por aceitar esta proposta). A corrigir: «em Texas» (no Texas); «escreve sobre o pseudónimo» (escreve sob o pseudónimo); no genérico final, no elenco, não deveria figurar «Jacinda» mas o nome da atriz que interpretasse esta personagem.

 

Maria



Maria / John Boyne, O rapaz do pijama às riscas / 15 // Pontos fortes Leitura é quase sempre fluente (notei, porém, este mau momento: «que se vai prolongar às escondidas, durante um ano» (que se vai prolongar, às escondidas, durante um ano). Texto não tem erros e revela noção das estruturas típicas de um trailer. A autora demonstra domínio técnico, ficando o filme um objeto bem acabado. Aspetos melhoráveis Livro escolhido, pouco literário (pedira que não escolhessem livros infanto-juvenis, mas, na verdade, este livro entra nesse grupo). Abordagem acaba por ser a de um resumo-sinopse (que eu pretendia que evitassem), apesar de sob o formato de trailer. Também teria preferido que não usassem imagens dos filmes que adaptam as obras sobre que escrevem (a obra a analisar era o livro, não o filme).

 


Tomás





Tomás / Pedro Adão e Silva, O sal na terra / 17 // Pontos fortes Escolha de livro original. Capacidade de associar o livro lido à própria experiência. Assunção de perspetivas pessoais, sentindo-se que a abordagem é a de quem tem alguma coisa a dizer sobre o livro e o seu assunto. Bom preenchimento de todo o filme, capacidade de síntese. Domínio técnico. Preocupação em referir fontes (créditos). Aspetos melhoráveis A emendar: pronúncia de «na actualidade» (o /k/ há muito não se diz]); «compara a importância do surf em Portugal a importância da neve na Suiça» (à / com a); «video» (vídeo); alguns lugares comuns (exemplo: «sair da zona de conforto»). Leitura em voz alta — de que gostei bastante e que deve ter sido muito ensaiada — revela aqui e ali pouca leves falhas de plasticidade.


 



J. Tavares





J. Tavares / Anne Frank, O Diário de... / 13 // Pontos fortes São referidos aspetos (sobre edições, versões, censura exercida pelo pai, dúvidas sobre «Kitty») que são relativamente mais interessantes do que a sempre repetida história da vida no anexo. Mostra-se capacidade de síntese e domínio técnico. Aspetos melhoráveis Livro escolhido (se me tivessem avisado, não teria aceitado a escolha deste livro, que é pouco literário). Leitura nem sempre parece muito ensaiada. A corrigir: Anne Frank não nasceu em 1992, como parece ouvir-se; «Amesterdão, cujo era um país que» (Amesterdão, que era uma cidade que); «enquanto aos outros» (quantos aos outros); «O Diário contém três versões» (há três versões do Diário); «queria chamar a si própria por...» (queria referir-se a si própria por...).


 



Diana





Diana / Berthe Bernage, Margarida Voltará a Florir / 14,7 // Pontos fortes Simplicidade do formato, que, apesar de «minimal», revela bom gosto: Diana lê texto seu, criado de modo a inserir-se no enredo do livro, enquanto que, na imagem, vai também lendo o livro em causa. Leitura em voz alta não tem erros, apesar da sua extensão e embora talvez pudesse ser um pouco mais lenta. Aspetos melhoráveis Obra e, depois, o texto redigido pela autora são quase só de relato, de narrativa (é uma literatura ainda sem espessura, demasiado assente na justaposição de ações). A corrigir: «queria ficar longe dos que a conhecem» (queria ficar longe dos que a conheciam); «contém um diploma hospitalar» (detém / possui / tem um diploma hospitalar); «Margarida pensou que ele disse isso» (Margarida pensou que ele dissera isso); «tem medo que pudessem» (tinha medo que pudessem); em geral, houve excesso de «Margarida» (o português é uma língua que aceita sujeito nulo, portanto era possível prescindir do nome da personagem ou o pronome, ficando o sujeito subentendido).


 



Lucas





Lucas / Oliver Sacks, O Tio Tungsténio. Memórias de uma infância química / 13,8-14 // Pontos fortes Momentos em que Lucas fala da sua reação enquanto leitor. Leitura havida da obra (resultando em boa compreensão do enredo e na forma sintética como ele é explanado). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta podia ter sido mais ensaiada. Ilustrações com imagens googladas. Não percebo o segmento em 1.20 («seguindo o seu inquietamento»?). Ter-se optado por um formato que é, em boa parte, de sinopse.


 



Rita





Rita / Anne Frank, O Diário de ... / 12 // Pontos fortes Boa leitura em voz alta (na velocidade ideal e sem erros). Bom domínio técnico na composição do filme, embora imagens sejam pouco originais. Aspetos melhoráveis Já fui dizendo em outros bibliofilmes que escolheram esta obra (contra o que se pedira!) o que acho sobre essa decisão. Não era este o estilo de livro que me interessava que tivessem lido, pretendia livro mais literário. E, depois, a abordagem também vai contra o que se estipulara nas Instruções para esta tarefa (disse que evitassem as sinopses-resumos do textos). A corrigir: «este pequeno grupo de judeus foram então para o anexo» (este pequeno grupo de judeus foi então para o anexo); «o anexo foi assaltado, onde roubaram quarenta moedas de prata» (o anexo foi assaltado, tendo sido roubadas quarenta moedas de prata); «uma carta muito dura que mais tarde se arrepende» (uma carta muito dura de que mais tarde se arrepende); «antissemista» (antissemita); «passa por uma fase onde fica» (passa por uma fase em que fica).


 



Ana





Ana / Delphine de Vigan, Nô e Eu / 14,5 // Pontos fortes A leitura em voz alta é boa (não há erros, entoações são devidas, velocidade é adequada), decerto houve o ensaio devido. Ter-se optado por livro em função do efetivo gosto (embora as minhas sugestões fossem também úteis, por se tratar de obras mais literárias). Domínio técnico e acabamento do filme. Aspetos melhoráveis Ter-se adotado, em grande parte do tempo, um formato de sinopse do livro (eu pedira que evitassem essa estratégia e que lhe preferissem abordagens mais pessoais, mais criativas). As imagens podiam ser mais diversificadas a partir de certa altura (funcionam muito bem inicialmente, mas, depois, parece faltar mais jardim para tanto texto). Cumprimento de prazos. A corrigir: «os sem-abrigos» (os sem-abrigo [embora seja talvez discutível]); «uma rapariga com graves problemas familiares que desde a morte da sua irmão mais nova a sua mãe entrou em depressão» (uma rapariga com graves problemas familiares cuja mãe, desde a morte da filha mais nova, entrara em depressão); o francês «Lou» será para ler como o português «Lu».


 


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