Bibliofilmes do 10.º 5.ª
Susana
Susana
/ Mário Zambujal, Já não se escrevem cartas
de amor / 18 // Pontos fortes Boa
planificação de tudo: nestes três minutos certos conseguiu-se dar uma perfeita
ilustração de parte do livro (a dramatização percorre vários estilos, a autora
desempenha até mais do que uma personagem, o trecho escolhido tem suficiente
enredo para resultar sozinho), fazer um comentário que é também sociológico e
fechar a imagem dos autores (autor do livro, autora do bibliofilme sobre o
livro, autor da autora). Esta faculdade de se condensar muita informação em
pouco tempo, característica do cinema, resulta porque há o ritmo devido (que implicou
decerto muito trabalho). Boa leitura expressiva/representação. Aspetos melhoráveis A corrigir: em «dile[c]ta»
e «afe[c]tuosos», o som /k/ não é para ser dito (mesmo antes do AO, não se
dizia; agora, continua a não se dizer e não se escreverá também) — porém como
se trata de mimar que está a escrever/ler, a hipercorreção até se compreende;
na legenda final, gralha em «[r]reflexão», mas também má regência (dir-se-á ‘reflexão
acerca da obra’). Dois pequenos trechos que não compreendi bem:«tem esta o
objetivo de lhe comunicar» (é, não é?); «a dita ousadia» (1,18; se calhar, não
é como estou a reconstituir).
Bia G.
Bia G. / José
Gameiro, Até que o amor nos separe / 16
// Pontos fortes Leitura em voz alta
da recensão ao livro bastante proficiente e clara, quase sem hesitações, apesar
da sua extensão. O texto desta parte é seguro e correto. Também a parte do
excerto do livro lido não tem erros de leitura, embora me pareça que a expressividade
adotada não é a expressividade mais realista (digamos que há uma sobrerrepresentação
que retira verosimilhança à leitura). Bom acabamento do filme, com cuidado planeamento
dos seus diversos momentos. Aspetos
melhoráveis Livro escolhido (eu pedira obra literária...), embora se deva
dizer que houve o cuidado de, no bibliofilme, já se ir justificando esta preferência.
A corrigir: «da qual» [0.37] (creio que seria «na qual» ou «no qual»); aquando
Maria e Manuel decidem ir» (quando Maria e Manuel decidem ir); «tornou-se numa
palavra banalizada» (tornou-se numa palavra banal / banalizou-se); «noutros
famílias» ([2.23]; noutras famílias).
Cláudia
Cláudia / Sir
Arthur Conan Doyle, coleção de Sherlock Holmes / 15 // Pontos fortes Boa redação — criativa, leve, irónica.Destreza na
leitura em voz alta, sobretudo revelada em diversos exercícios de
expressividade (inseridos no texto sem que fossem até esperáveis por vezes),
embora também haja momentos em que certa velocidade na leitura — que me pareceu
propositada — acaba por levar a menor eficiência. Aspetos melhoráveis Formato é basicamente o de recensão, apreciação,
ao(s) livro(s), embora, em termos de texto, apresentada de modo original. Em
termos de imagem, há recurso intensivo a imagens googladas. Não saiu bem a pronúncia
de «detetive» (1.16). A corrigir: «que é feito aos outros noventa» (que é feito
dos outros noventa); «pelo Sir» (por Sir ...).
Patrícia
Patrícia
/ Héctor
Abad Faciolince, Somos o esquecimento que
seremos / 15 // Pontos fortes Redação
própria que se integra bem no estilo de Faciolince (e não é dizer pouco isto).
Leitura expressiva sem erros (apesar de demasiado uniforme: para se conseguir
dar a impressão de certo derrotismo que o narrador evidencia, era preciso
contrastar momentos de desânimo, ou simplesmente mais introspetivos, com outros
mais neutros). Livro lido. Cuidado em referir a obra no final. Aspetos melhoráveis. Em termos de
imagens, a estratégia é demasiado parcimoniosa. A corrigir: «Quetzal» lê-se
«[k]etzal» (sem semi-vogal e como aguda). Melhorar: «sombra, sombra a qual»
(sombra, que).
Amy
Amy
/ Italo
Calvino, O Barão Trepador / 12 // Pontos fortes No começo, a leitura foi
bastante aceitável (depois, foi havendo progressivamente hesitações). Há
domínio técnico, o filme está bem acabado, a música resulta. Livro em causa é
efetivamente recomendável. Aspetos
melhoráveis Esperava que o bibliofilme não se ficasse pela leitura de
trechos do livro (e, na verdade, foi esse o foco quase único). Podia ter havido
alguma criação mais pessoal (porventura até fugindo um pouco do livro). Na
pronúncia:«flâmulas» e «álamo» são palavras esdrúxulas (proparoxítonas), têm de
ser lidas com a tónica em flâ e em á. A corrigir na escrita: «recomendou-nos
para fazer» (recomendou que fizéssemos / pediu para fazermos).
Beatriz R.
Beatriz R. / José Luís
Peixoto, Abraço / 13,7 // Pontos fortes Partes em que a autora
confessa a sua reação à leitura, o que faz com sinceridade — são três curtos
momentos: no início, a meio e no final (foi aliás pena que essa parte mais
subjetiva do filme ficasse curta). Leitura em voz alta do trecho do início de Abraço (bem escolhido) começou bem
(depois, no final, surgiram hesitações). Aspetos
melhoráveis A parte wikipédica sobre Peixoto. Em geral, não se ter criado
texto próprio (nas instruções eu sugeria isso com bastante clareza).
Bia S.
Bia S. / Patrick
Modiano, Um circo que passa / 15 //
Pontos fortes Ter-se procurado
transmitir a atmosfera de Paris (música e ruas — estas são um tópico recorrente
das obras de Modiano) e parte do enredo (acidente final), de forma que não é a
de mera sinopse nética. Consegue-se sugerir o ambiente do livro (houve boa
intuição de como se poderia «filmar» a obra, faltou depois o acabamento devido).
Houve o cuidado de incluir a referência bibliográfica da obra, como eu pedira
(mas há um lapso ao pôr-se, como organizadora, Cecília Andrade (que será uma
funcionária da editora, encarregada de aspetos de supervisão editorial e de
revisão; na verdade, a referência ficaria assim: Patrick Modiano, Um circo que passa, trad. de Ana Cristina
Costa, 2.ª ed., Alfragide, Dom Quixote, 2014). Aspetos melhoráveis Leitura e redação pareceu-me poder ser mais ensaiada.
Imagens googladas, por vezes, com erros, sobretudo nos nomes de arruamentos de
Paris (Quais des Orfèvres é um dos exemplos). A pronúncia do nome Patrick
Modiano, o mais recente Prémio Nobel, é para ser feita em francês (M[ô]dian[ô]).
A corrigir: «nas ruas de Paris que o autor faz questão de realçá-las» (nas ruas
de Paris que o autor faz questão de realçar); «Pois a história relata-se nos
anos noventa» (é narrada, é relatada); não podemos tratar o narrador por
Patrick (aliás, o narrador autodiegético é identificado como Jean) nem por
autor.
Carolina
Carolina / Caio
Fernando Abreu, Onde andará Dulce Veiga?
/ 16 // Pontos fortes Facilidade em
concretizar um «direto» (salvo erro, numa mesma sequência), com locução num registo
que vai do formal lido ao cada vez mais espontâneo (mas sempre sem demasiadas
marcas de improvisação) — boa leitura ou boa locução, portanto. Alusões a
experiências pessoais de leitura (o hábito de ir anotando frases lapidares).
Importância dada ao paratexto (embora, neste caso, me parecesse exagerado o
detalhe a alguns dos elementos que são específicos da editora do que do livro
em causa). Aspetos melhoráveis
Carolina conseguiria fazer trabalho mais criativo, apesar de haver já vários
aspetos originais. Sintaxe do passo que termina a 0.42: «ninguém sabe dele» (‘ninguém
saberia dele’, já que o segmento depende de «dá a entender que», que estava no
passado). A corrigir: «mas a que eu gostei mais» (mas a de que eu gostei mais);
«toltecas» pode ser lido «tolt[é]cas», como palavra grave (paroxítona) que é.
Catarina
Catarina / Wladyslaw
Szpilman, O Pianista / 17,5 // Pontos fortes Sentido estético ao longo
do filme, quer visual (incluindo lettering) quer em termos de música (incluindo
Chopin, precisamente por Spzilman); sensação de que houve gosto em fazer e que
ficou tudo bem acabado. Criação de texto próprio, coerente com o contexto,
coeso linguisticamente e que foi bem lido. Referenciação no final (embora sem
se cumprirem alguns preceitos que fui destacando em aula — «O Pianista» > O Pianista; valia pena pôr o tradutor; e
para quê, numa referência única, antepor o apelido?). Aspetos melhoráveis Texto criado não tem erros mas tem alguns quase-lugares
comuns (sufoco, coração a parar de bater, quão pesado...). Som da leitura em
voz alta fica, por vezes, apagado sob o da música, havendo dois momentos talvez
em que não consegui perceber palavras que eram ditas. A corrigir: «houve
momentos que» (houve momentos em que).
Gonçalo S.
Gonçalo S. / John
Boyne, O rapaz do pijama às riscas /
16,5 // Pontos fortes Cuidados
postos na realização, evidenciando o bibliofilme grande capacidade técnica, rigor
na planificação, criatividade. A estratégia, em termos textuais, também é
inteligente — um diálogo entre um conhecedor do livro e alguém que quer
conselhos de leitura —, mas deve reconhecer-se que este formato acaba por
camuflar o facto, de no fundo, o texto ser sobretudo uma sinopse-comentário
crítico (formatos que eu desaconselhara). Cuidado em pôr referência bibliográfica,
embora não se tivesse aqui aproveitado o que lhes ensinara nas aulas (seria
assim John Boyne, O rapaz do pijama às
riscas, trad. de Cecília Faria e Olívia Santos, 10.ª ed., Alfragide, Asa,
2011). Aspetos melhoráveis Livro
escolhido (eu pedira que evitassem os livros infanto-juvenis, grupo em que
este, de certo modo, se inscreve — teria preferido obra mais literária). Leitura
em voz alta é clara, mas por vezes pouco plástica (talvez pelo estilo um tanto
declamatório que se preferiu). A pronúncia lisboeta de «pijama» é «p’jama»
(«p[i]jama» é pronúncia artificial, hipercorreta); «infame» é palavra grave
(proparoxítona) mas pareceu-me lida como se fosse «*ínfame»; «curiosidade» não
saiu nítida; «isso já vais ser ser tu a descobrir» (isso já vais ter de ser tu
a descobrir). A corrigir na redação: «em busca das respostas que por ninguém
eram respondidas» (em busca das respostas a perguntas que por ninguém eram
respondidas); «sempre lhe passou a imagem da vedação como sendo um paraíso»
([da vedação] passou-lhe a imagem de um paraíso / sempre lhe falou da vedação
como [sendo] um paraíso).
J. Cabo
J. Cabo / Mark
Twain, As aventuras de Tom Sawyer /
14 // Pontos fortes Leitura em voz
alta revela capacidade assinalável. Embora em formato que não é o que se
pretendia (resumo), redação está clara e sem erros (mas, note-se, eu não
pretendia resumos — até por ser um tipo de texto cuja originalidade é difícil
de controlar — há milhares de sinopses deste livro, todas, naturalmente, com
muitos segmentos próximos). Analogia, encontrada no final, entre a personagem
Tom Sawyer e o próprio autor é interessante — esse era um caminho que o filme
podia ter desenvolvido (preferível ao da sinopse). Aspetos melhoráveis Abordagem é de sinopse-resumo, o que eu
desaconselhara (deviam ler as instruções das tarefas!). A corrigir: neste
registo, de escrita formal, não se usa «chateou-se» (aborreceu-se); «a família
e a população os procurava» (a família e a população os procuravam); «rapariga
judaica» (rapariga judia»). «Espontaneidade» (e não «espontan[ea]dade»).
Joana
Joana / Anne
Frank, O diário de... / 17 // Pontos fortes Conseguir-se abordagem da
obra que, no possível, fugiu à mera sinopse. A estratégia de ir seguindo com
particular atenção certos elementos paratextuais (as páginas preliminares, uma quase-dedicatória,
as entradas do diário, a planta da casa, umas listas de compras) ou textos
inseridos (poema), o que permitiu evitar a repetição da história que já todos
conhecemos. Boa leitura em voz alta («outrem», escrito assim, terá de ser dito
como palavra grave, embora também surja, por vezes, «outrém», que será lido
como aguda; «enumerar» saiu quase como «enamorar»). Bom acabamento do filme
(boa planificação). Aspetos melhoráveis
Teria preferido outro livro, mais literário. Há alguns lugares comuns na
redação: («muito engraçado», «entusiasmante até à última página», «uma lição de
vida»). A corrigir: «até mete» (até põe).
João O.
João O. / Christian
de Montella, O cavaleiro sem nome /
14 // Pontos fortes A ideia de fazer
em poema uma sinopse do livro. Leitura em voz alta não tem erros mas podia ter
sido ainda mais ensaiada (talvez mais expressiva também). Aspetos melhoráveis Teria preferido um livro menos infanto-juvenil,
mesmo se posso reconhecer serem interessantes estes temas em torno do rei
Artur. Na redação do poema faltaram talvez maior diversidade na estrutura das
frases, e no léxico, e o cumprimento de um esquema rimático regular (ou mais
fixo, pelo menos).
Leonor
Leonor / João
Tordo, As três vidas / 16 // Pontos fortes Leitura expressiva. Boa
redação de texto a partir de citação tirada do livro de Tordo. Preocupação em
esclarecer, no final, formato usado (valeria a pena indicar também a exata
citação) e em referir a obra (porém, não é As
3 vidas, mas As três vidas).
Adequação da música escolhida. Aspetos
melhoráveis Parte visual é sobretudo constituída por imagens da net (seria
talvez preferível ser-se aqui mais seletivo: preferir poucas imagens e recolhidas
para o efeito pela autora). A corrigir: «não posso esperar que um pouco da sua
alma continua a viver aqui» (não
posso esperar que um pouco da sua alma continue
a viver aqui); «todas as coisas que gosto» (todas as coisas de que gosto); «a satisfação que dá em
ajudar» (a satisfação que dá ajudar). Sintaxe não está boa neste passo: «[...]
porque é assim que todas as pessoas me vão recordar, mas que praticamente não
dão valor [...]». Na leitura do trecho final houve pausa exagerada depois de «e
[se não nos]» e antes de «por uma delas».
Manel
Manel / Frank
Miller, O Regresso do Cavaleiro das
Trevas / 17,5 // Pontos fortes
Sentido de realização fílmica (o conjunto de texto, música, imagens; a dramatização
conseguida). Redação. Leitura em voz alta (com momentos de boa expressividade e
revelando capacidade de ir alterando os ritmos sem tropeçar). Lettering bem
escolhido. Aspetos melhoráveis A
corrigir: «tem 2 prémios literários» (tem dois prémios literários); «video»
(vídeo). Nas pronúncias de algumas palavras («escuridão», «graciosidade»,
«sobrevivente», «e-agora-as-teias»), tendência para excessiva rapidez no
«ataque à palavra», que leva a que a expressão fique lisboetamente compactada.
Capela
Capela / António Lobo Antunes, Quarto livro de crónicas / 15 // Pontos fortes Cuidado em pôr referência bibliográfica, como fora
pedido e quase ninguém fez, e aliás quase sem lapso (corrija-se apenas a data,
já que não se deve pôr o mês). Redação sem erros. Leitura em volta alta está
correta, mas talvez se pudesse ter arriscado maior expressividade (enquanto
espécie de contrapartida por não haver grande investimento na parte fílmica). Aspetos melhoráveis Economia de meios
no que se refere à parte visual (ou mesmo à musical). Texto é pouco à Lobo
Antunes (e até era fácil fazer um pastiche da escrita deste Quarto livro de crónicas), mas também
não sabemos se era esse o escopo do autor.
Pedro
Pedro / Hermann
Hesse, Siddhartha / 17 // Pontos fortes Texto criado, que segue o
estilo e atmosfera do livro de Hesse. É uma boa transposição para a experiência
do narrador, embora se deva reconhecer que este tipo de escrita (fragmentos com
interrogações, observações aforísticas) não põe problemas de sintaxe muito
complexos. Também a leitura em voz alta não tem erros e tem momentos
conseguidos de boa expressividade (o final, por exemplo), mas há certa
tendência para ler algumas palavras velozmente, como explico em baixo. Escolha
musical e da primeira metade das imagens (que, se não são originais, pelo menos
tiveram tratamento original). Ter-se posto a solicitada referência
bibliográfica e estar esta quase perfeitamente redigida (título no devido
itálico e segundo o que está no rosto e não na capa, acertando-se na localidade
— recente — da editora; só talvez se pudesse acrescentar, logo depois do
título, «trad. de Pedro Miguel Dias» bem como o número da edição; e falta um
ene em Hermann). Aspetos melhoráveis A tal propensão
para atacar as palavras rapidamente, comendo sílabas (momentos em que era
preciso melhor definição das sílabas: «que mereça ser descoberta», «[a 0.31,
que não percebo bem]», «onde a deixei a última vez»,«[a 1.10, que não percebo
bem]»). Algumas imagens parecem-me néticas (teria preferido apenas imagens
recolhidas para o efeito).
Tety
Tety / Sophie Jordan, A luz do fogo
/ 17 // Pontos fortes Bom domínio técnico.
Noção do género ‘trailer’ (tendo-se conjugado bem os efeitos do ritmo de
aparecimento dos slides, a escolha da música, o texto liminar). Não haver
falhas nas legendas. Além da parte ‘trailer’, ter-se feito dois momentos
introdutórios (sobre a autora — que talvez seja o menos interessante) e sobre a
própria experiência de leitura do livro. Aspetos
melhoráveis Livro (teria preferido outro tipo de obra, mais literária, mas
é verdade que fui eu mesmo que acabei por aceitar esta proposta). A corrigir:
«em Texas» (no Texas); «escreve sobre o pseudónimo» (escreve sob o pseudónimo);
no genérico final, no elenco, não deveria figurar «Jacinda» mas o nome da atriz
que interpretasse esta personagem.
Maria
Maria / John
Boyne, O rapaz do pijama às riscas /
15 // Pontos fortes Leitura é quase
sempre fluente (notei, porém, este mau momento: «que se vai prolongar às
escondidas, durante um ano» (que se vai prolongar, às escondidas, durante um
ano). Texto não tem erros e revela noção das estruturas típicas de um trailer.
A autora demonstra domínio técnico, ficando o filme um objeto bem acabado. Aspetos melhoráveis Livro escolhido,
pouco literário (pedira que não escolhessem livros infanto-juvenis, mas, na
verdade, este livro entra nesse grupo). Abordagem acaba por ser a de um
resumo-sinopse (que eu pretendia que evitassem), apesar de sob o formato de
trailer. Também teria preferido que não usassem imagens dos filmes que adaptam
as obras sobre que escrevem (a obra a analisar era o livro, não o filme).
Tomás
Tomás / Pedro Adão e Silva, O sal na terra / 17 // Pontos
fortes Escolha de livro original. Capacidade de associar o livro lido à
própria experiência. Assunção de perspetivas pessoais, sentindo-se que a
abordagem é a de quem tem alguma coisa a dizer sobre o livro e o seu assunto.
Bom preenchimento de todo o filme, capacidade de síntese. Domínio técnico. Preocupação
em referir fontes (créditos). Aspetos
melhoráveis A emendar: pronúncia de «na actualidade» (o /k/ há muito não se
diz]); «compara a importância do surf em Portugal a importância da neve na
Suiça» (à / com a); «video» (vídeo); alguns lugares comuns (exemplo: «sair da
zona de conforto»). Leitura em voz alta — de que gostei bastante e que deve ter
sido muito ensaiada — revela aqui e ali pouca leves falhas de plasticidade.
J. Tavares
J. Tavares / Anne Frank, O
Diário de... / 13 // Pontos fortes São referidos aspetos
(sobre edições, versões, censura exercida pelo pai, dúvidas sobre «Kitty») que
são relativamente mais interessantes do que a sempre repetida história da vida
no anexo. Mostra-se capacidade de síntese e domínio técnico. Aspetos melhoráveis Livro escolhido (se
me tivessem avisado, não teria aceitado a escolha deste livro, que é pouco
literário). Leitura nem sempre parece muito ensaiada. A corrigir: Anne Frank
não nasceu em 1992, como parece ouvir-se; «Amesterdão, cujo era um país que» (Amesterdão, que era uma cidade que);
«enquanto aos outros» (quantos aos outros); «O Diário contém três versões» (há três versões do Diário); «queria chamar a si própria
por...» (queria referir-se a si própria por...).
Diana
Diana / Berthe Bernage, Margarida Voltará
a Florir / 14,7 //
Pontos fortes Simplicidade do
formato, que, apesar de «minimal», revela bom gosto: Diana lê texto seu, criado
de modo a inserir-se no enredo do livro, enquanto que, na imagem, vai também
lendo o livro em causa. Leitura em voz alta não tem erros, apesar da sua
extensão e embora talvez pudesse ser um pouco mais lenta. Aspetos melhoráveis Obra e, depois, o texto redigido pela autora são
quase só de relato, de narrativa (é uma literatura ainda sem espessura,
demasiado assente na justaposição de ações). A corrigir: «queria ficar longe
dos que a conhecem» (queria ficar longe dos que a conheciam); «contém um
diploma hospitalar» (detém / possui / tem um diploma hospitalar); «Margarida pensou
que ele disse isso» (Margarida pensou que ele dissera isso); «tem medo que
pudessem» (tinha medo que pudessem); em geral, houve excesso de «Margarida» (o
português é uma língua que aceita sujeito nulo, portanto era possível prescindir
do nome da personagem ou o pronome, ficando o sujeito subentendido).
Lucas
Lucas / Oliver
Sacks, O Tio Tungsténio. Memórias de uma
infância química / 13,8-14 // Pontos
fortes Momentos em que Lucas fala da sua reação enquanto leitor. Leitura
havida da obra (resultando em boa compreensão do enredo e na forma sintética
como ele é explanado). Aspetos
melhoráveis Leitura em voz alta podia ter sido mais ensaiada. Ilustrações
com imagens googladas. Não percebo o segmento em 1.20 («seguindo o seu
inquietamento»?). Ter-se optado por um formato que é, em boa parte, de sinopse.
Rita
Rita / Anne Frank, O Diário de ... / 12 // Pontos fortes Boa leitura em voz alta
(na velocidade ideal e sem erros). Bom domínio técnico na composição do filme,
embora imagens sejam pouco originais. Aspetos
melhoráveis Já fui dizendo em outros bibliofilmes que escolheram esta obra
(contra o que se pedira!) o que acho sobre essa decisão. Não era este o estilo
de livro que me interessava que tivessem lido, pretendia livro mais literário. E,
depois, a abordagem também vai contra o que se estipulara nas Instruções para
esta tarefa (disse que evitassem as sinopses-resumos do textos). A corrigir:
«este pequeno grupo de judeus foram
então para o anexo» (este pequeno grupo de judeus foi então para o anexo); «o
anexo foi assaltado, onde roubaram
quarenta moedas de prata» (o anexo foi assaltado, tendo sido roubadas quarenta
moedas de prata); «uma carta muito dura que mais tarde se arrepende» (uma carta
muito dura de que mais tarde se arrepende); «antissemista» (antissemita);
«passa por uma fase onde fica» (passa
por uma fase em que fica).
Ana
Ana / Delphine de Vigan, Nô e Eu
/ 14,5 // Pontos fortes A leitura em
voz alta é boa (não há erros, entoações são devidas, velocidade é adequada),
decerto houve o ensaio devido. Ter-se optado por livro em função do efetivo
gosto (embora as minhas sugestões fossem também úteis, por se tratar de obras
mais literárias). Domínio técnico e acabamento do filme. Aspetos melhoráveis Ter-se adotado, em grande parte do tempo, um
formato de sinopse do livro (eu pedira que evitassem essa estratégia e que lhe
preferissem abordagens mais pessoais, mais criativas). As imagens podiam ser
mais diversificadas a partir de certa altura (funcionam muito bem inicialmente,
mas, depois, parece faltar mais jardim para tanto texto). Cumprimento de
prazos. A corrigir: «os sem-abrigos» (os sem-abrigo [embora seja talvez
discutível]); «uma rapariga com graves problemas familiares que desde a morte
da sua irmão mais nova a sua mãe entrou em depressão» (uma rapariga com graves
problemas familiares cuja mãe, desde a morte da filha mais nova, entrara em
depressão); o francês «Lou» será para ler como o português «Lu».
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