Sunday, September 07, 2014

Microfilmes autobiográficos (10.º 12.ª)



Ana N.



Ana N. (17, 7) || Texto/Conceção É um filme sobre o «eu» em que o narrador anuncia não querer falar de si próprio. Esta estratégia resulta, porque abre caminho a que a Ana não se cinja a uma tentativa de retrato e possa construir um texto mais complexo (em que, não deixando de se ir caracterizando, e até caindo por vezes nos mesmos lugares comuns de outros textos menos sofisticados, o faz com muito mais subtileza).. A corrigir: «Tudo isto pelo que ainda vou passar» [Tudo isto por que ainda vou passar]. Realce-se também a realização muito perfeita: filme propriamente dito (num bosque que poderia funcionar como metáfora das hesitações que se exprimem, com as verdas a serem as vias por se vai decidir a narradora), com som do próprio contexto (uns pássaros, pelo menos), mas também a música que se sobrepôs e o própria narração. Expressão oral Muito boa leitura em voz alta, em estilo pouco impositivo, mas que corresponde realisticamente ao de um monólogo (não esqueçamos que o texto começa com o aviso de que se está a tentar escrever — os deíticos em «estou aqui a tentar escrever» implicam que a leitura deva simular certa interiorização, um estilo de reflexão para si). Em «Mas que, no fundo, vou ser sempre eu» pareceu-me haver demasiada pontuação oral (nem toda a pontuação gráfica corresponde a uma pausa na expressão oral).


Márcia



Márcia (13,5) || Texto/Conceção Como indica o título — «As memórias de uma infância feliz» —, faz-se um relato autobiográfico centrado sobretudo no passado. Esse relato é coerente com as imagens que vão surgindo, mas é relativamente curto (quase metade do tempo que eu recomendara como mínimo). Teria sido fácil desenvolver mais a redação, que aliás se segue com gosto (sugestão: referir mais pormenores, quase pequenos «lembro-me que» das épocas que são mencionadas). Expressão oral Nos dois primeiros terços do filme, a leitura foi eficiente, embora talvez demasiado uniforme. No terço final pareceu-me haver algumas hesitações, como se o texto estivesse ainda pouco ensaiado.


Helena



Helena (14,8) || Texto/Conceção «Uma história em progresso...» procura, mais do que relatar sobretudo factos marcantes (incluindo um mesmo marcante, como se diz ironicamente, ter partido a cabeça), perceber que lições se podem tirar deles para o presente (é, por isso, realmente, uma história em progresso). Montagem está bem articulada com o texto. A redação não tem falhas de linguagem. Corrigir só: «Não podemos ver o lado negativo» [Não podemos ver só o lado negativo]. Expressão oral A leitura em voz alta não é, habitualmente, a melhor área da Helena, mas deve dizer-se que esta leitura terá sido, como convém sempre, bastante ensaiada, dado que não se ouviram hesitações relevantes. Daria só o conselho de não se fazer mais pausas. «Que deu o começo a t[u]do isto», leu-se «todo»


Ana S.



Ana S. (17,4) || Texto/Conceção O trabalho é original, conseguindo traçar autorretrato sem cair nas caracterizações diretas mais banais. Há um esquema narrativo leve, mais sugerido por imagens e texto, do que propriamente relatado por extenso, que serve de pano de fundo a escrita sobretudo reflexiva e sempre correta. O final do texto resolve um aspeto que eu ia considerar uma fragilidade do filme (o facto de haver, a partir de certo momento, pouca relação entre texto e imagem) — ora, ao aludir à chuva e ao pôr do sol, narração e filme reencontram-se, numa conclusão que torna tudo coerente. Muito boa realização, montagem, som. A corrigir: «desanimante» [desanimador]; «não sou, nem nunca irei ser, um modelo perfeito de sociedade» não faz grande sentido (talvez: «nunca irei ser um modelo em termos sociais / para o resto da sociedade»?). Expressão oral Boa leitura em voz alta, quase sem falhas. Apenas em «sobre as pedras», ouvimos «so[b] as pedras», o que na oralidade lisboeta acontece quase sempre mas num texto lido em voz alta deve ser evitado; em «essência» pareceu-me haver ligeira assimilação do som nasal pela primeira vogal («[e[ns]ência»).


Bia



Bia (17,6) || Texto/Conceção O formato diário permitiu que se adotasse escrita no fundo sobretudo narrativa. Há grande mérito na criação, em poucos minutos, de episódio com ação e densidade posicológica, dado com verosimilhança e carga emotiva. (Podemos só perguntar-nos se não era vantajoso ser-se menos explícito e sugerir mais o debate sentimental.) Realização também perfeita (resulta bem o contraste entre minimalismo do filme e «ação», mais cinematográfica, do texto.). Expressão oral Mais do que leitura em voz alta temos um oral de representação, de leitura declamada até, muito nitída. Este tipo de leitura, com entoações mais vincadas, implica risco muito maior (como o que se põe àquelas ginastas que estão sempre a tentar na trave exercícios de alto grau de dificuldade), que a autora ultrapassou muito bem (talvez as entoações em «estava horrível!» e«trinta minutos» atores do Dona Maria II as fizessem melhor). Também beneficia essa leitura a original intervenção de outra voz, curta intromissão que aviva, e dramatiza, a narração. A corrigir: ouve-se «qui[mo]» mas é «quimio», abreviação de «quimioterapia».


Elly



Elly (15,8) || Texto/Conceção É um autorretrato que consegue fugir aos estereótipos (embora também se chegue a cair, uma ou duas vezes, em frases mais comuns nestes textos). Filme, quase sempre em andamento e alegre, funciona bem, porque permite contrabalançar texto bastante liminar (isto é, taxativo, afirmativo, mesmo se a autora se mostra também reflexiva). Revela-se boa noção do ritmo que pode ter o cinema ou os clips de publicidade. Na legenda inicial não pode haver vírgula a seguir a «deles» (ficaria: «Eu tenho vários medos, mas talvez o maior deles seja perder as pessoas que mais amo»); corrigir também «As pessoas que lá habitam» [«As pessoas que o habitam» (estava a falar-se do mundo, o «lá» não pode ser)]. Expressão oral Não teria a Elly feito mal se tivesse lido um pouco mais lentamente (reservando maior velocidade para os momentos de enumerações, de séries). Em geral há clareza, nitidez e entoações certas, mas cerca de 0.36, 1.45, 2.40, houve hesitações (repetia-se!). No final, «E tu?» está bem entoado, mas podia estar ainda melhor (fazer mais pausa após «já decidi» e ser depois mais teatral?).


Gonçalo



Gonçalo (12,7) || Texto/Conceção Boa ideia, que poucos aproveitaram, a de usar situação fictícia. Porém, foi pena que o Gonçalo não tivesse tido em conta algumas das instruções que deixei escritas no blogue (sobretudo a de que o tempo mínimo era de dois minutos; também pedi que evitassem a ilustração por slides googlados — do género: fala-se em tempo e aparece uma ampulheta ou um relógio). O texto que já está seria uma boa base, mas era preciso desenvolvê-lo mais. Corrigir: «Minha vida em palavras» [A minha vida em palavras]; «apercebendo que» [apercebendo de que]; «com o que tudo que precisasse» [com tudo o que precisasse]. Expressão oral A leitura é clara, até com entoação geralmente certa, mas mostra as hesitações de quem não ensaiou assim tantas vezes. Haveria que repetir mais, evitando que parecesse que o texto ainda não estava bem reconhecido (a seguir a «surgiu-me» e antes de «a ideia» não pode haver pausa; entre «caderno» e «encontrei» também não).


Joana M.



Joana M. (17,5) || Texto/Conceção Situação cénica aparentemente simples — mas que terá dado imenso trabalho e ensaios — resulta efetivamente. O despojamento do cenário (só um cadeirão, convenientemente rebuscado) e a própria música acentuam a conotação dramática do texto que é lido. Realização muito perfeita (para ser absolutamente profissional, talvez o som da leitura do texto pudesse estar «mais próximo de nós», em detrimento do da música, creio). Boa redação (não notei incorreções nem banalidades). Melhorável: «não passou de um mero dia» [foi um dia como todos os outros]; «e [em] que imagino o final deste labirinto»; também evitaria o «supostamente». Expressão oral Muito boa leitura (note-se que, neste caso, a naturalidade da leitura tem de ser aferida pela circunstância de a leitora estar também a ser filmada: ou seja, supõe-se que seja representado o próprio ato de ler, o que, em rigor, até tornaria admissíveis algumas hesitações — que aliás nem acontecem). Elogie-se ainda a preocupação por parte da Joana de ir levantando o olhar do papel de vez em quando, como deve fazer quem lê em face de outros e que significa um grau de dificuldade acrescido. Não tenho a certeza de ter faltado o «o» em «O rosto do meu filho não [o] irei reconhecer quando sair daqui». Cerca de 1.20, pronúncia um pouco entaramelada.


Joana S.



Joana S. (14,8-15) || Texto/Conceção É um relato de episódio — creio que verídico — passado com a autora. É um género de texto que poucos aproveitaram (gabe-se, portanto, a originalidade). Também o formato fílmico não é dos mais usuais (embora, por acaso, o microfilme anterior, da homónima Joana M., a ele recorresse também). O texto está bem escrito: apesar de extenso, não tem erros, se excetuarmos os que indico a seguir, e ouve-se com interesse. A corrigir: «talvez lá estivesse algumas vezes» [talvez lá tivesse estado algumas vezes]; «na mera esperança de acordar» [apenas com esperança de acordar / na expetativa apenas de acordar]; «de ver a retrospetiva da minha vida» [de fazer/ter uma retrospetiva da minha vida]; «o coração bombardeava» [bombeava]; «dos meus habituais sonhos» [dos meus sonhos habituais]; «vidral» [vitral]. Quanto ao lapso na legenda inicial («portugês» por «português», a própria autora mo advertiu, portanto não deve ser aqui contabilizado. Expressão oral Como disse no final do vídeo anterior, a avaliação de uma leitura que é filmada até poderia ser condescendente com eventuais hesitações, porque elas corresponderiam a situações que acontecem na vida real a qualquer leitor. Só que aqui não temos uma personagem a ler uma carta, temos a própria autora/narradora a assumir um relato verdadeiro. Portanto, a Joana deveria ter evitado algumas hesitações que se notam (repetindo a leitura). Porém, trata-se de texto longo, nada fácil, pelo que se tem de considerar que a leitura está bastante aceitável.


Joana Si



Joana Si (16) || Texto/Conceção É um autorretrato. Deve dizer-se que, em termos puramente textuais, as caracterizações que ouvimos correspondem a lugares comuns (às frases feitas que eu advertira nas instruções). No entanto, a Joana concebeu este autorretrato de tal forma, que esses supostos lugares comuns não o são (ou são mais aceitáveis). É muito interessante o rol de caracterizações feitas por outros (há alguém do norte, parece-me, a pessoa que diz «boa ouvinte» [eu acrescentaria, nem tanto nas aulas de Português]), porque constitui momento polifónico que traz vivacidade ao trabalho. Aliás tido o filme evidencia sentido do ritmo que deve ter o cinema e a publicidade. Não tem grande importância, em termos da disciplina de Português, o ter-se usado um programa que implica aparecer agora a marca d’água da empresa (mas estes aspetos, num trabalho que tinha um prazo de um mês, devem ser experimentados, para, com antecedência, serem remediados). A corrigir: a estrofe do soneto de Camões está mal copiada: devia ter-se tentado pôr cada verso numa linha, ou marcar a mudança de verso com uma barra. De resto, e mesmo em termos de estrutura do filme, talvez fosse preferível não se ter aproveitado a citação de Camões (parece-me, no seu estilo, pouco coerente com o resto). Expressão oral A leitura é clara, calma, sem erros nem hesitações, mas é preciso reconhecer que o texto, curto e fragmentado, não punha grandes dificuldades.


Luísa



Luísa (14,6) || Texto/Conceção #Neste perfil há algumas frases freitas, mas também há momentos de ironia e com estilo original. De qualquer modo, o estilo é sobretudo coloquial, de quem quase poderia estare a conversar e, por isso, o texto não tem a densidade, a complexidade, que talvez fosse desejável. Mas também não tem erros e segue-se bem. Montagem é também bastante aceitável (eu desaconselho as imagens googladas, mas, neste caso, as duas ou três que foram usadas não constituem ruído e compreendem-se); som é não ficou perfeito. Expressão oral Valeria a pena ter sido um ponto mais lenta (quem lê deve ter em conta que quem ouve não conhece o texto, tem de ir pensando; por outro lado, a velocidade implica mais dificuldades ao próprio locutor, incluindo pequenas hesitações ou repetições). Algumas boas entoações a imitarem a coloquialidade (a Luísa consegue, mesmo em velocidade, fazer as entoações devidas).


Margarida



Margarida (15) || Texto/Conceção O texto é de autobiografia/memórias de infância. Percorrem-se etapas típicas, mas a boa escolha das imagens e o lado ‘memórias’ (o título é mesmo «Algumas memórias») permitem fugir ao que pode haver de estereotipado nestas abordagens. A escrita é leve, aqui e ali até ligeiramente irónica, brincalhona, e quase sem erros. Há um momento involutariamente engraçado: quando se diz «aqui estamos nós tão bonitas no casamento de uma prima» e já está uma imagem com protagonista e prima sentadas num camelo — é preciso esperar o resto do texto para se perceber que a foto é sobre o circo a que só se alude depois. A corrigir: «Foram tempos onde me diverti muito» [Foram tempos em que me diverti muito]. Expressão oral Em geral, boa leitura em voz alta (clara, com boas entoações, na velocidade devida). Há porém duas hesitações (antes de «antes do jantar»; e em «muito importante»), talvez por se querer ir demasiado rápido.


Mariana



Mariana (14,2) || Texto/Conceção Redação é original. Assenta sobretudo na tentativa de definir a narradora, para o que se convocam pequenos pormenores, pequenos prazeres, circunstâncias (esses passos, em que se refere o filme visto do sofá, ou a selva-plantas da marquise, são interessantes, mas acabam por ser pouco desenvolvidos). Creio que aliás é esse o aspecto que me parece falhar: não se ter levado mais longe, com maior duração  e de modo mais revisto, a ideia inicial. A corrigir: «apercebo-me que» [apercebo-me de que]; «e que mais gosto» [e de que mais gosto]; «ou apenas um sítio que me possa sentir em casa» [ou apenas um sítio em que me possa sentir em casa]; «perspetiva para com» [perspetiva de]. Expressão oral Leitura em voz alta não me pareceu completamente ensaiada, como se houvesse partes do texto que ainda se estavam a reconhecer (estaria o manuscrito pouco legível? era propositado para simular monólogo hesitante, reflexivo?). Lapso mesmo em «associamos a estas».


Patrícia



Patrícia (14,3) || Texto/Conceção O início do texto usa uma linguagem original e levemente irónica que, a pouco e pouco, acaba por dar lugar a abordagem mais previsível (com os lugares comuns deste tipo de textos). Creio que a Patrícia tem capacidade para fazer melhor. Ficou-me a ideia de que este trabalho foi acabado um pouco à pressa. Nas instruções, por exemplo, pede-se que se não usem imagens «googladas» (teria sido possível decerto conseguir imagens próprias que evitassem esse recurso). Expressão oral Leitura em voz alta não me pareceu suficientemente ensaiada (na parte final, sobretudo, há hesitações) — ora, nestes trabalhos de gravação supõe-se que se repita até sair bem. Falhas de pronúncia: «espetacular» (e não «e[x]petacular»); «escolaridade» também soou um pouco «e[x]colaridade»; «outra série que adoro» também não saiu perfeito.



Catarina





Catarina (15) || Texto/Conceção Género do texto está entre o de autobiografia e de memórias de infância (o título é mesmo memórias e as frases «lembro-me que» fazem que seja talvez esse formato o predominante). A redação não tem erros (e a autora mostra ser capaz de passos criativos) e está tudo bem documentado por imagens próprias (só uma ou duas «googladas»). A Catarina refere, a certa altura, o tempo reduzido para tudo o que teria para contar, mas, na verdade, cumpriu o tempo mínimo que estava previsto. O filme pareceu-me aliás um pouco fechado à pressa. A corrigir: «a minha família foi aquela que mais me marcou » [foi o que mais me marcou]. Expressão oral Não encontro falhas na leitura em voz alta, que me parece boa (fez-se bem em ir pausadamente), quase sem nenhuma hesitação, embora também sem especial aposta na expressividade. «Maternidade» saiu pouco nítido. 





André S.





André S. (13,5) || Texto/Conceção A ideia é boa. Uma autobiografia fictícia (não sei se com elementos comuns ao autor?). A própria realização também não está nada má, mas fica pouco desenvolvida (pedi que o tempo mínimo fosse de dois minutos; o filme do André tem cerca de minuto e meio). Não há erros, a não ser os que indico a seguir. A corrigir: «Que há muito me foram ensinados» [Que há muito me tinham sido ensinados]; «graças a um acidente de carro» [por causa de um acidente de carro]. Expressão oral O texto não era muito desafiante, não punha especiais dificuldades. Mesmo assim, há momentos em que se exigia maior agilidade (ensaiar mais?).







Miguel D.





Miguel D. (14) || Texto/Conceção É um trabalho que tem simultaneamente  como grande virtude e grande defeito fugir ao que estava estipulado. Não se seguiram certas exigências definidas nas instruções que deixara (tempo mínimo; necessidade de haver texto com certa continuidade), o que é óbvia falha. Por outro lado, também é verdade que o filme é original, cumpre o assunto pedido (texto diarístico) e fá-lo com criatividade e domínio técnico. Admito, ainda assim, que se pudesse ter tentado ainda algum desenvolvimento. Expressão oral Tem de se aferir quer pelo oral representado quer pelas partes de locução (leitura em voz alta, portanto). Nestas há ligeiras hesitações que podiam ter sido evitadas: «estavam à espera de mim [...] boas ondas» é a mais nítida.





André F.





André F. (12-11) || Texto/Conceção O formato usado é o mais simples (diria mesmo, excessivamente simples, já que, segundo o que deixara estipulado, mesmo tratando-se de ficheiro áudio haveria sempre que juntar uma imagem, pelo menos). O texto está bem escrito, é original, por recorrer a autobiografia fictícia. Não percebi se parte do depoimento aproveita frases ditas por algum treinador verdadeiro. A corrigir: «Alguns deles que utilizei no Manchester» [alguns dos que utilizei no Manchester]; «mas ainda um grande amante do desporto-rei» [mas ainda sou um grande amante do desporto-rei]. Expressão oral Há algumas pequenas hesitações que, num texto dito uma só vez, são compreensíveis mas que, numa gravação feita por quem lê bastante bem, são de evitar (repetia-se até ficar bem). Na parte final, parece haver mais distração.





Duarte Ambrósio


[consegui converter áudio do trabalho, e ouvi-lo, embora em tão más condições que prefiro não arriscar um comentário desenvolvido]


Duarte (12) || Texto/Conceção É uma autobiografia desportiva (fictícia, mas com elementos contextuais verdadeiros). Parece-me sobretudo cronológica (demasiado apenas narrativa, portanto; há dados, informações, mas faltará reflexão, introspeção). A mesma ideia, se o Duarte tivesse tido mais tempo, poderia ser tratada com mais elaboração. Expressão oral Não parece haver hesitações ou incorreções claras, mas creio que a velocidade é excessiva.   





Madalena





Madalena (14,5) || Texto/Conceção Texto está bem escrito, tem alguns bons momentos (por exemplo, metáforas criativas, séries de expressões em enumerações ou gradações, pormenores de descrição). Correções (ou propostas de melhoria): evitar usar demasiado «meras»: «As meras expetativas» (no início), «As meras promessas» (ainda antes dos quarenta segundos), «Meras vontades» (ao minuto e meio), «Meras ilusões» (2’). Em vez de «traz as mesmas» resulta melhor a mais simples das anáforas: «trá-las»; em vez de «metaforicamente bem dito», «dito metaforicamente». Expressão oral A Madalena não tem grandes dificuldades na leitura em voz alta (o que aliás a leva a ler quase com talvez demasiada velocidade e, sobretudo, a saltar, ou «comer», sílabas). Porém, vê-se que houve poucos ensaios (notem-se as hesitações nestes momentos: 0’37; 0’44; 0’58; 2’19, 3’53). Por outro lado, uma gravação permite repetições até que a leitura saia perfeita. Ora esse esforço, de repetir tantas vezes quantas as necessárias até que saísse tudo bem, não me parece ter sido feito.





Bruna




Bruna (14,5) || Texto/Conceção É uma autobiografia, escrita com certa originalidade, com coerência e sem erros, embora não deixando de seguir os passos típicos do género. As imagens são da net, uma estratégia que eu desaconselhara, mas que, neste caso, não funciona mal, já que tem alguma coisa de brincadeira em torno da própria biografia. A corrigir: «Um conjunto de experiências vieram-me à memória» (seria: «Um conjunto de experiências veio-me à memória», por ‘um conjunto’ é singular); «Sou complexa, difícil de lidar» («Sou complexa, é difícil lidar comigo»). Expressão oral A Bruna lê no ritmo adequado, sem hesitações nem erros de entoação (apenas uma paragem antes de «a quem não merecia» [2’50]). Talvez pudesse ter havido um ou outro momento em que se investisse mais na expressividade, mas este estilo mais neutro e claro também tem as suas vantagens. «Irresponsável» saiu um pouco nasalado (quase «i[nr]esponsável»).


Henrique


Henrique (14) || Texto/Conceção Texto é leve, irónico (o que vai bem com o estilo de filmagem, também desprendido, fragmentado). Foi só pena que não se chegasse ao tempo mínimo estipulado (eram dois minutos e o filme ficou com pouco mais de metade dessa duração). Há uma estrutura linguística de que se abusa um pouco, a retoma do nome como tópico da frase seguinte. Por exemplo: «para chegar à escola, chegada esta que»; «ir para as aulas, aulas estas que a entrada parece…» (neste caso, seria: «ir para as aulas, cujo início parece…»). Também não se pode dizer «a sua saída» por «a saída das aulas». Expressão oral O Henrique adotou um estilo expressivo, de quem está a conversar mais do que a ler, o que torna agradável a leitura em voz alta. As entoações são corretas.


Joana G.


Joana G. (10) || Texto/Conceção A ideia da Joana parece-me boa (memórias das férias passadas no campo). Faltou, porém, desenvolver mais o texto. Pedira, no mínimo, dois minutos (e o som demora apenas 1’10). A grande crítica que faço é mesmo esta: a de que se fez tudo demasiado à pressa (para um trabalho que era para ser apresentado há vários meses…); por exemplo, a imagem é a primeira que surge se googlarmos Viseu (não haveria lá em casa alguma da aldeia propriamente dita?). Expressão oral Também aqui me parece ter havido pouco tempo gasto, pouco ensaio. Fica a ideia de que o texto está a ser lido quase pela primeira vez. Haveria que ensaiar bastante mais. E talvez até esperar que houvesse menos ruído nas imediações.


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