Microfilmes autobiográficos (10.º 12.ª)
Ana
N.
Ana N. (17, 7) || Texto/Conceção
É um filme sobre o «eu» em que o narrador anuncia não querer falar de si
próprio. Esta estratégia resulta, porque abre caminho a que a Ana não se cinja
a uma tentativa de retrato e possa construir um texto mais complexo (em que,
não deixando de se ir caracterizando, e até caindo por vezes nos mesmos lugares
comuns de outros textos menos sofisticados, o faz com muito mais subtileza).. A
corrigir: «Tudo isto pelo que ainda vou passar» [Tudo isto por que ainda vou
passar]. Realce-se também a realização muito perfeita: filme propriamente dito
(num bosque que poderia funcionar como metáfora das hesitações que se exprimem,
com as verdas a serem as vias por se vai decidir a narradora), com som do
próprio contexto (uns pássaros, pelo menos), mas também a música que se
sobrepôs e o própria narração. Expressão
oral Muito boa leitura em voz alta, em estilo pouco impositivo, mas que
corresponde realisticamente ao de um monólogo (não esqueçamos que o texto
começa com o aviso de que se está a tentar escrever — os deíticos em «estou
aqui a tentar escrever» implicam que a leitura deva simular certa
interiorização, um estilo de reflexão para si). Em «Mas que, no fundo, vou ser
sempre eu» pareceu-me haver demasiada pontuação oral (nem toda a pontuação
gráfica corresponde a uma pausa na expressão oral).
Márcia
Márcia (13,5) || Texto/Conceção
Como indica o título — «As memórias de uma infância feliz» —, faz-se um relato
autobiográfico centrado sobretudo no passado. Esse relato é coerente com as
imagens que vão surgindo, mas é relativamente curto (quase metade do tempo que
eu recomendara como mínimo). Teria sido fácil desenvolver mais a redação, que
aliás se segue com gosto (sugestão: referir mais pormenores, quase pequenos
«lembro-me que» das épocas que são mencionadas). Expressão oral Nos dois primeiros terços do filme, a leitura foi
eficiente, embora talvez demasiado uniforme. No terço final pareceu-me haver
algumas hesitações, como se o texto estivesse ainda pouco ensaiado.
Helena
Helena (14,8) || Texto/Conceção
«Uma história em progresso...» procura, mais do que relatar sobretudo factos
marcantes (incluindo um mesmo marcante, como se diz ironicamente, ter partido a
cabeça), perceber que lições se podem tirar deles para o presente (é, por isso,
realmente, uma história em progresso). Montagem está bem articulada com o
texto. A redação não tem falhas de linguagem. Corrigir só: «Não podemos ver o
lado negativo» [Não podemos ver só o lado negativo]. Expressão oral A leitura em voz alta não é, habitualmente, a melhor
área da Helena, mas deve dizer-se que esta leitura terá sido, como convém
sempre, bastante ensaiada, dado que não se ouviram hesitações relevantes. Daria
só o conselho de não se fazer mais pausas. «Que deu o começo a t[u]do isto»,
leu-se «todo»
Ana
S.
Ana S. (17,4) || Texto/Conceção
O trabalho é original, conseguindo traçar autorretrato sem cair nas caracterizações
diretas mais banais. Há um esquema narrativo leve, mais sugerido por imagens e
texto, do que propriamente relatado por extenso, que serve de pano de fundo a escrita
sobretudo reflexiva e sempre correta. O final do texto resolve um aspeto que eu
ia considerar uma fragilidade do filme (o facto de haver, a partir de certo
momento, pouca relação entre texto e imagem) — ora, ao aludir à chuva e ao pôr
do sol, narração e filme reencontram-se, numa conclusão que torna tudo
coerente. Muito boa realização, montagem, som. A corrigir: «desanimante»
[desanimador]; «não sou, nem nunca irei ser, um modelo perfeito de sociedade»
não faz grande sentido (talvez: «nunca irei ser um modelo em termos sociais /
para o resto da sociedade»?). Expressão
oral Boa leitura em voz alta, quase sem falhas. Apenas em «sobre as
pedras», ouvimos «so[b] as pedras», o que na oralidade lisboeta acontece quase
sempre mas num texto lido em voz alta deve ser evitado; em «essência»
pareceu-me haver ligeira assimilação do som nasal pela primeira vogal («[e[ns]ência»).
Bia
Bia (17,6) || Texto/Conceção
O formato diário permitiu que se adotasse escrita no fundo sobretudo narrativa.
Há grande mérito na criação, em poucos minutos, de episódio com ação e densidade
posicológica, dado com verosimilhança e carga emotiva. (Podemos só
perguntar-nos se não era vantajoso ser-se menos explícito e sugerir mais o debate
sentimental.) Realização também perfeita (resulta bem o contraste entre
minimalismo do filme e «ação», mais cinematográfica, do texto.). Expressão oral Mais do que leitura em
voz alta temos um oral de representação, de leitura declamada até, muito nitída.
Este tipo de leitura, com entoações mais vincadas, implica risco muito maior
(como o que se põe àquelas ginastas que estão sempre a tentar na trave
exercícios de alto grau de dificuldade), que a autora ultrapassou muito bem
(talvez as entoações em «estava horrível!» e«trinta minutos» atores do Dona
Maria II as fizessem melhor). Também beneficia essa leitura a original
intervenção de outra voz, curta intromissão que aviva, e dramatiza, a narração.
A corrigir: ouve-se «qui[mo]» mas é «quimio», abreviação de «quimioterapia».
Elly
Elly (15,8) || Texto/Conceção
É um autorretrato que consegue fugir aos estereótipos (embora também se chegue a
cair, uma ou duas vezes, em frases mais comuns nestes textos). Filme, quase
sempre em andamento e alegre, funciona bem, porque permite contrabalançar texto
bastante liminar (isto é, taxativo, afirmativo, mesmo se a autora se mostra
também reflexiva). Revela-se boa noção do ritmo que pode ter o cinema ou os
clips de publicidade. Na legenda inicial não pode haver vírgula a seguir a
«deles» (ficaria: «Eu tenho vários medos, mas talvez o maior deles seja perder as
pessoas que mais amo»); corrigir também «As pessoas que lá habitam» [«As
pessoas que o habitam» (estava a falar-se do mundo, o «lá» não pode ser)]. Expressão oral Não teria a Elly feito
mal se tivesse lido um pouco mais lentamente (reservando maior velocidade para
os momentos de enumerações, de séries). Em geral há clareza, nitidez e entoações
certas, mas cerca de 0.36, 1.45, 2.40, houve hesitações (repetia-se!). No
final, «E tu?» está bem entoado, mas podia estar ainda melhor (fazer mais pausa
após «já decidi» e ser depois mais teatral?).
Gonçalo
Gonçalo (12,7) || Texto/Conceção
Boa ideia, que poucos aproveitaram, a de usar situação fictícia. Porém, foi pena
que o Gonçalo não tivesse tido em conta algumas das instruções que deixei
escritas no blogue (sobretudo a de que o tempo mínimo era de dois minutos; também
pedi que evitassem a ilustração por slides googlados — do género: fala-se em tempo
e aparece uma ampulheta ou um relógio). O texto que já está seria uma boa base,
mas era preciso desenvolvê-lo mais. Corrigir: «Minha vida em palavras» [A minha
vida em palavras]; «apercebendo que» [apercebendo de que]; «com o que tudo que
precisasse» [com tudo o que precisasse]. Expressão
oral A leitura é clara, até com entoação geralmente certa, mas mostra as
hesitações de quem não ensaiou assim tantas vezes. Haveria que repetir mais,
evitando que parecesse que o texto ainda não estava bem reconhecido (a seguir a
«surgiu-me» e antes de «a ideia» não pode haver pausa; entre «caderno» e
«encontrei» também não).
Joana
M.
Joana M. (17,5) || Texto/Conceção
Situação cénica aparentemente simples — mas que terá dado imenso trabalho e ensaios
— resulta efetivamente. O despojamento do cenário (só um cadeirão,
convenientemente rebuscado) e a própria música acentuam a conotação dramática
do texto que é lido. Realização muito perfeita (para ser absolutamente
profissional, talvez o som da leitura do texto pudesse estar «mais próximo de
nós», em detrimento do da música, creio). Boa redação (não notei incorreções nem
banalidades). Melhorável: «não passou de um mero dia» [foi um dia como todos os
outros]; «e [em] que imagino o final deste labirinto»; também evitaria o
«supostamente». Expressão oral Muito
boa leitura (note-se que, neste caso, a naturalidade da leitura tem de ser
aferida pela circunstância de a leitora estar também a ser filmada: ou seja,
supõe-se que seja representado o próprio ato de ler, o que, em rigor, até
tornaria admissíveis algumas hesitações — que aliás nem acontecem). Elogie-se
ainda a preocupação por parte da Joana de ir levantando o olhar do papel de vez
em quando, como deve fazer quem lê em face de outros e que significa um grau de
dificuldade acrescido. Não tenho a certeza de ter faltado o «o» em «O rosto do
meu filho não [o] irei reconhecer quando sair daqui». Cerca de 1.20, pronúncia
um pouco entaramelada.
Joana
S.
Joana S. (14,8-15) || Texto/Conceção
É um relato de episódio — creio que verídico — passado com a autora. É um
género de texto que poucos aproveitaram (gabe-se, portanto, a originalidade).
Também o formato fílmico não é dos mais usuais (embora, por acaso, o microfilme
anterior, da homónima Joana M., a ele recorresse também). O texto está bem
escrito: apesar de extenso, não tem erros, se excetuarmos os que indico a
seguir, e ouve-se com interesse. A corrigir: «talvez lá estivesse algumas
vezes» [talvez lá tivesse estado algumas vezes]; «na mera esperança de acordar»
[apenas com esperança de acordar / na expetativa apenas de acordar]; «de ver a
retrospetiva da minha vida» [de fazer/ter uma retrospetiva da minha vida]; «o
coração bombardeava» [bombeava]; «dos meus habituais sonhos» [dos meus sonhos
habituais]; «vidral» [vitral]. Quanto ao lapso na legenda inicial («portugês»
por «português», a própria autora mo advertiu, portanto não deve ser aqui contabilizado.
Expressão oral Como disse no final
do vídeo anterior, a avaliação de uma leitura que é filmada até poderia ser
condescendente com eventuais hesitações, porque elas corresponderiam a
situações que acontecem na vida real a qualquer leitor. Só que aqui não temos
uma personagem a ler uma carta, temos a própria autora/narradora a assumir um
relato verdadeiro. Portanto, a Joana deveria ter evitado algumas hesitações que
se notam (repetindo a leitura). Porém, trata-se de texto longo, nada fácil,
pelo que se tem de considerar que a leitura está bastante aceitável.
Joana
Si
Joana Si (16) || Texto/Conceção
É um autorretrato. Deve dizer-se que, em termos puramente textuais, as
caracterizações que ouvimos correspondem a lugares comuns (às frases feitas que
eu advertira nas instruções). No entanto, a Joana concebeu este autorretrato de
tal forma, que esses supostos lugares comuns não o são (ou são mais aceitáveis).
É muito interessante o rol de caracterizações feitas por outros (há alguém do
norte, parece-me, a pessoa que diz «boa ouvinte» [eu acrescentaria, nem tanto
nas aulas de Português]), porque constitui momento polifónico que traz
vivacidade ao trabalho. Aliás tido o filme evidencia sentido do ritmo que deve
ter o cinema e a publicidade. Não tem grande importância, em termos da
disciplina de Português, o ter-se usado um programa que implica aparecer agora a
marca d’água da empresa (mas estes aspetos, num trabalho que tinha um prazo de
um mês, devem ser experimentados, para, com antecedência, serem remediados). A
corrigir: a estrofe do soneto de Camões está mal copiada: devia ter-se tentado pôr
cada verso numa linha, ou marcar a mudança de verso com uma barra. De resto, e mesmo
em termos de estrutura do filme, talvez fosse preferível não se ter aproveitado
a citação de Camões (parece-me, no seu estilo, pouco coerente com o resto). Expressão oral A leitura é clara, calma,
sem erros nem hesitações, mas é preciso reconhecer que o texto, curto e
fragmentado, não punha grandes dificuldades.
Luísa
Luísa (14,6) || Texto/Conceção
#Neste perfil há algumas frases freitas, mas também há momentos de ironia e com
estilo original. De qualquer modo, o estilo é sobretudo coloquial, de quem
quase poderia estare a conversar e, por isso, o texto não tem a densidade, a
complexidade, que talvez fosse desejável. Mas também não tem erros e segue-se
bem. Montagem é também bastante aceitável (eu desaconselho as imagens
googladas, mas, neste caso, as duas ou três que foram usadas não constituem ruído
e compreendem-se); som é não ficou perfeito. Expressão oral Valeria a pena ter sido um ponto mais lenta (quem lê
deve ter em conta que quem ouve não conhece o texto, tem de ir pensando; por
outro lado, a velocidade implica mais dificuldades ao próprio locutor, incluindo
pequenas hesitações ou repetições). Algumas boas entoações a imitarem a
coloquialidade (a Luísa consegue, mesmo em velocidade, fazer as entoações devidas).
Margarida
Margarida (15) || Texto/Conceção
O texto é de autobiografia/memórias de infância. Percorrem-se etapas típicas,
mas a boa escolha das imagens e o lado ‘memórias’ (o título é mesmo «Algumas
memórias») permitem fugir ao que pode haver de estereotipado nestas abordagens.
A escrita é leve, aqui e ali até ligeiramente irónica, brincalhona, e quase sem
erros. Há um momento involutariamente engraçado: quando se diz «aqui estamos
nós tão bonitas no casamento de uma prima» e já está uma imagem com
protagonista e prima sentadas num camelo — é preciso esperar o resto do texto
para se perceber que a foto é sobre o circo a que só se alude depois. A corrigir:
«Foram tempos onde me diverti muito» [Foram tempos em que me diverti muito]. Expressão oral Em geral, boa leitura em
voz alta (clara, com boas entoações, na velocidade devida). Há porém duas
hesitações (antes de «antes do jantar»; e em «muito importante»), talvez por se
querer ir demasiado rápido.
Mariana
Mariana (14,2) || Texto/Conceção
Redação é original. Assenta sobretudo na tentativa de definir a narradora, para
o que se convocam pequenos pormenores, pequenos prazeres, circunstâncias (esses
passos, em que se refere o filme visto do sofá, ou a selva-plantas da marquise,
são interessantes, mas acabam por ser pouco desenvolvidos). Creio que aliás é
esse o aspecto que me parece falhar: não se ter levado mais longe, com maior
duração e de modo mais revisto, a ideia
inicial. A corrigir: «apercebo-me que» [apercebo-me de que]; «e que mais gosto»
[e de que mais gosto]; «ou apenas um sítio que me possa sentir em casa» [ou
apenas um sítio em que me possa sentir em casa]; «perspetiva para com» [perspetiva
de]. Expressão oral Leitura em voz
alta não me pareceu completamente ensaiada, como se houvesse partes do texto
que ainda se estavam a reconhecer (estaria o manuscrito pouco legível? era
propositado para simular monólogo hesitante, reflexivo?). Lapso mesmo em
«associamos a estas».
Patrícia
Patrícia (14,3) || Texto/Conceção O início do texto usa
uma linguagem original e levemente irónica que, a pouco e pouco, acaba por dar
lugar a abordagem mais previsível (com os lugares comuns deste tipo de textos).
Creio que a Patrícia tem capacidade para fazer melhor. Ficou-me a ideia de que
este trabalho foi acabado um pouco à pressa. Nas instruções, por exemplo,
pede-se que se não usem imagens «googladas» (teria sido possível decerto
conseguir imagens próprias que evitassem esse recurso). Expressão oral Leitura em voz alta não me pareceu suficientemente
ensaiada (na parte final, sobretudo, há hesitações) — ora, nestes trabalhos de
gravação supõe-se que se repita até sair bem. Falhas de pronúncia: «espetacular»
(e não «e[x]petacular»); «escolaridade» também soou um pouco «e[x]colaridade»; «outra
série que adoro» também não saiu perfeito.
Catarina
Catarina (15) || Texto/Conceção
Género do texto está entre o de autobiografia e de memórias de infância (o
título é mesmo memórias e as frases «lembro-me que» fazem que seja talvez esse
formato o predominante). A redação não tem erros (e a autora mostra ser capaz
de passos criativos) e está tudo bem documentado por imagens próprias (só uma ou
duas «googladas»). A Catarina refere, a certa altura, o tempo reduzido para
tudo o que teria para contar, mas, na verdade, cumpriu o tempo mínimo que
estava previsto. O filme pareceu-me aliás um pouco fechado à pressa. A corrigir:
«a minha família foi aquela que mais me marcou » [foi o que mais me marcou]. Expressão oral Não encontro falhas na
leitura em voz alta, que me parece boa (fez-se bem em ir pausadamente), quase
sem nenhuma hesitação, embora também sem especial aposta na expressividade. «Maternidade»
saiu pouco nítido.
André S.
André S. (13,5) || Texto/Conceção
A ideia é boa. Uma autobiografia fictícia (não sei se com elementos comuns ao
autor?). A própria realização também não está nada má, mas fica pouco desenvolvida
(pedi que o tempo mínimo fosse de dois minutos; o filme do André tem cerca de
minuto e meio). Não há erros, a não ser os que indico a seguir. A corrigir: «Que
há muito me foram ensinados» [Que há muito me tinham sido ensinados]; «graças a
um acidente de carro» [por causa de um acidente de carro]. Expressão oral O texto não era muito desafiante, não punha
especiais dificuldades. Mesmo assim, há momentos em que se exigia maior
agilidade (ensaiar mais?).
Miguel D.
Miguel D. (14) || Texto/Conceção
É um trabalho que tem simultaneamente como grande virtude e grande defeito fugir ao
que estava estipulado. Não se seguiram certas exigências definidas nas
instruções que deixara (tempo mínimo; necessidade de haver texto com certa
continuidade), o que é óbvia falha. Por outro lado, também é verdade que o
filme é original, cumpre o assunto pedido (texto diarístico) e fá-lo com
criatividade e domínio técnico. Admito, ainda assim, que se pudesse ter tentado
ainda algum desenvolvimento. Expressão
oral Tem de se aferir quer pelo oral representado quer pelas partes de
locução (leitura em voz alta, portanto). Nestas há ligeiras hesitações que
podiam ter sido evitadas: «estavam à espera de mim [...] boas ondas» é a mais
nítida.
André F.
André F. (12-11) || Texto/Conceção O formato usado é o mais simples (diria mesmo, excessivamente
simples, já que, segundo o que deixara estipulado, mesmo tratando-se de ficheiro
áudio haveria sempre que juntar uma imagem, pelo menos). O texto está bem
escrito, é original, por recorrer a autobiografia fictícia. Não percebi se
parte do depoimento aproveita frases ditas por algum treinador verdadeiro. A
corrigir: «Alguns deles que utilizei no Manchester» [alguns dos que utilizei no
Manchester]; «mas ainda um grande amante do desporto-rei» [mas ainda sou um
grande amante do desporto-rei]. Expressão
oral Há algumas pequenas hesitações que, num texto dito uma só vez, são
compreensíveis mas que, numa gravação feita por quem lê bastante bem, são de
evitar (repetia-se até ficar bem). Na parte final, parece haver mais distração.
Duarte Ambrósio
[consegui converter áudio do trabalho, e
ouvi-lo, embora em tão más condições que prefiro não arriscar um comentário desenvolvido]
Duarte (12) || Texto/Conceção É uma autobiografia desportiva (fictícia, mas com elementos contextuais verdadeiros). Parece-me sobretudo cronológica (demasiado apenas narrativa, portanto; há dados, informações, mas faltará reflexão, introspeção). A mesma ideia, se o Duarte tivesse tido mais tempo, poderia ser tratada com mais elaboração. Expressão oral Não parece haver hesitações ou incorreções claras, mas creio que a velocidade é excessiva.
Madalena
Madalena (14,5) || Texto/Conceção Texto está bem escrito, tem alguns bons momentos (por
exemplo, metáforas criativas, séries de expressões em enumerações ou gradações,
pormenores de descrição). Correções (ou propostas de melhoria): evitar usar
demasiado «meras»: «As meras expetativas» (no início), «As meras promessas»
(ainda antes dos quarenta segundos), «Meras vontades» (ao minuto e meio),
«Meras ilusões» (2’). Em vez de «traz as mesmas» resulta melhor a mais simples
das anáforas: «trá-las»; em vez de «metaforicamente bem dito», «dito
metaforicamente». Expressão oral A
Madalena não tem grandes dificuldades na leitura em voz alta (o que aliás a
leva a ler quase com talvez demasiada velocidade e, sobretudo, a saltar, ou
«comer», sílabas). Porém, vê-se que houve poucos ensaios (notem-se as hesitações
nestes momentos: 0’37; 0’44; 0’58; 2’19, 3’53). Por outro lado, uma gravação
permite repetições até que a leitura saia perfeita. Ora esse esforço, de
repetir tantas vezes quantas as necessárias até que saísse tudo bem, não me
parece ter sido feito.
Bruna
Bruna (14,5) || Texto/Conceção
É uma autobiografia, escrita com certa originalidade, com coerência e sem erros,
embora não deixando de seguir os passos típicos do género. As imagens são da
net, uma estratégia que eu desaconselhara, mas que, neste caso, não funciona mal,
já que tem alguma coisa de brincadeira em torno da própria biografia. A
corrigir: «Um conjunto de experiências vieram-me à memória» (seria: «Um
conjunto de experiências veio-me à memória», por ‘um conjunto’ é singular);
«Sou complexa, difícil de lidar» («Sou complexa, é difícil lidar comigo»). Expressão oral A Bruna lê no ritmo
adequado, sem hesitações nem erros de entoação (apenas uma paragem antes de «a
quem não merecia» [2’50]). Talvez pudesse ter havido um ou outro momento em que
se investisse mais na expressividade, mas este estilo mais neutro e claro também
tem as suas vantagens. «Irresponsável» saiu um pouco nasalado (quase «i[nr]esponsável»).
Henrique
Henrique (14) || Texto/Conceção
Texto é leve, irónico (o que vai bem com o estilo de filmagem, também
desprendido, fragmentado). Foi só pena que não se chegasse ao tempo mínimo
estipulado (eram dois minutos e o filme ficou com pouco mais de metade dessa
duração). Há uma estrutura linguística de que se abusa um pouco, a retoma do
nome como tópico da frase seguinte. Por exemplo: «para chegar à escola, chegada
esta que»; «ir para as aulas, aulas estas que a entrada parece…» (neste caso,
seria: «ir para as aulas, cujo início parece…»). Também não se pode dizer «a
sua saída» por «a saída das aulas». Expressão
oral O Henrique adotou um estilo expressivo, de quem está a conversar mais
do que a ler, o que torna agradável a leitura em voz alta. As entoações são
corretas.
Joana
G.
Joana G. (10) || Texto/Conceção
A ideia da Joana parece-me boa (memórias das férias passadas no campo). Faltou,
porém, desenvolver mais o texto. Pedira, no mínimo, dois minutos (e o som demora
apenas 1’10). A grande crítica que faço é mesmo esta: a de que se fez tudo
demasiado à pressa (para um trabalho que era para ser apresentado há vários
meses…); por exemplo, a imagem é a primeira que surge se googlarmos Viseu (não
haveria lá em casa alguma da aldeia propriamente dita?). Expressão oral Também aqui me parece ter havido pouco tempo gasto,
pouco ensaio. Fica a ideia de que o texto está a ser lido quase pela primeira
vez. Haveria que ensaiar bastante mais. E talvez até esperar que houvesse menos
ruído nas imediações.
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