Sunday, September 07, 2014

Microfilmes autobiográficos (10.º 8.ª)


 

Matilde



Matilde (15) || Texto/Conceção Texto bem escrito, sem incorreções linguísticas e criativo. Suporte fílmico, digamos assim, pouco ambicioso (e até a incorrer em falhas para que alertara nas «Instruções» — imagens googladas a ilustrar diretamente o que se vai dizendo). Som simples e eficaz. Expressão oral Boa leitura, ou mesmo quase muito boa. Um conselho, no entanto: se dermos ênfase a muitos passos, acabamos por nada acentuar (vale a pena, por exemplo, vincar especialmente, em termos de entoação, «tamanho A5»?).

 




(16) || Texto/Conceção Solução original e arrojada (porque exige mais em termos de leitura em voz alta, já que que o leitor passa a ser visto também). Texto é simples, mas apropriado a um depoimento como o que se simula. Quase sem erros (notei «no qual sonhava ser espião» [seria: «por causa do qual passei a sonhar ser espião»]. Expressão oral Tom sereno adequado. Porém, algumas hesitações e pequenas repetições (que indicam que teria sido conveniente ainda mais ensaio?). Cortes da montagem ficam demasiado nítidos.

 

Madalena S.



Madalena S. (16) || Texto/Conceção Boa articulação entre imagens — reunidas com gosto — e texto, mesmo se este abusa um pouco de um estilo aforístico próximo do dos lugares comuns. Não há incorreções linguísticas.  Extensão curta, mas, deve reconhecer-se, denso aproveitamento (há uma brevidade típica do estilo publicitário, que nada tem que ver com preguiça ou desleixo). Expressão oral Leitura muito boa, decerto bastante ensaiada.

 

Liane



Liane (14) || Texto/Conceção Montagem, de som e imagens, feita com cuidado e evidente gosto. Texto, por vezes, cai um pouco em lugares comuuns. Há três frases que não estão bem: «são aquelas que desiludem-nos» [são aquelas que nos desiludem]; «só fortalecem-me» [só me fortalecem] (são estruturas de subordinação, ou de realce, que implicam que o pronome venha antes do verbo); «pessoas [com] que raramente falamos». Expressão oral Leitura quase sempre correta, ainda que, à medida que a Liane se aproxima do fim do texto, já haja menos segurança. Por outro lado, creio que, como o texto é longo e muito estruturado da mesma maneira, era vantajoso ter variado mais a abordagem expressiva (introduzindo momentos mais coloquiais?).

 

Bárbara



Bárbara (11) || Texto/Conceção É discutível se se trata de texto marcado pelo «eu», como se pretendia. Redação sem erros mas que se socorre muito de afirmações correntes. Montagem demasiado fundada em imagens googladas. Bom som de fundo, embora sobrepondo-se algum tanto à leitura (aos 50 segundos, não percebo «deviam estar [?]»). Final abrupto. Expressão oral Leitura sem erros. A pronúncia «estereótipo» (esdrúxula ou proparoxitona) é mais comum do que a paroxítona ou grave («estereotipo»).

 

Catarina A.



Catarina A. (14,5) || Texto/Conceção Tópico (viagens) e o facto de o texto se apoiar numa espécie de arquivo pessoal — embora, salvo erro, também se recorra a imagens googladas — constituíram estratégia inteligente. Resultado é limpo, mesmo se se pode dizer que o tipo de texto não punha grandes dificuldades. Expressão oral Leitura de pouco risco (não se apostou em ir variando as entoações), segura e sem erros. A legenda final («fim...») não seria para ser lida.

 

Cláudia



Cláudia (13,5-13) || Texto/Conceção Tomar como base o horário/semanário foi boa ideia. Adotou-se um estilo de escrita talvez demasiado coloquial («E pronto. É...»). No entanto, o resultado é agradável (as imagens escolhidas contribuem para dar um retrato que vinca a amizade), embora me pareça pudesse ter havido mais elaboração, mais reflexões — saiu tudo um pouco logo à primeira. A corrigir: «pela ordem que tenho as aulas» [«pela ordem das aulas» ou «pela ordem em que tenho as aulas»]; «atividade [de] que gosto muito. Expressão oral Ainda poderia ter sido mais ensaiada a leitura (o primeiro meio minuto está um pouco apressado), mas, em geral, velocidade e tom foram bem escolhidos. Um«volta» saiu quase «v[ô]lta».

 

Henrique



Henrique (13,5-13) || Texto/Conceção Ideia simples mas que pode resultar: recorrer-se a imagens de um episódio ou vivência e fazer girar à sua volta todo o texto. Porém, a redação ficou curta; podia ter havido mais elaboração. A corrigir: «com receio [de] que esgotasse»; «os [de] que mais gostei»; «que (se) alastrou»; «[de] que gosto muito». Expressão oral Houve pouco ensaio. Por vezes, parece que se está ainda a reconhecer o texto a ler (havendo excessiva «pontuação»), embora a calma a clareza sejam aspetos positivos a realçar.

 

João A.



João A. (10,5) || Texto/Conceção Houve pouco investimento, quer no texto quer nas imagens (um minuto e dez) E, no entanto, nota-se que até havia boas ideias. Algumas incorreções linguísticas: «muitas coisas ao qual me arrependo» [de que]; «passei muito do meu tempo que sempre me ajudaram»; «por mais chato que são» [por mais aborrecidos que sejam]; «apercebo [de] que sou». Expressão oral O João mostra ter a noção da necessidade de fazer inflexões, entoações diversas, conseguindo dar alguma leveza e interesse a um texto genericamente bastante preguiçoso.

 

Madalena F.



Madalena F. (17) || Texto/Conceção Redação é constituída por dois momentos — a que correspondem fragmentos de dois filmes —, um mais narrativo, o outro mais introspetivo, expositivo, instrucional, mesmo preditivo (este, por vezes, próximo do lugar comum, da frase feita, embora sempre bem escrito). Trabalho inteligente, sem erros, bem acabado. Expressão oral Muito boa leitura em voz alta.

 

Sara M.



Sara M. (18) || Texto/Conceção Ideia criativa (que a Sara intitulou «Dez linhas que me traçam» e em que se aproveitam fragmentos de «La Linea», série de animação italiana, criada por Osvaldo Cavandoli), bem concretizada tecnicamente, com escrita apropriada. Só estas falhas: «e ao acesso de [aos] audiovisuais»; «desenrascada» (preferível: «que se sabe desenvencilhar»). Expressão oral Muito boa leitura: calma, sem hesitações, com as entoações devidas.

 

Sara T.



Sara T. (11) || Texto/Conceção Demasiado curto (menos de metade do mínimo que se aconselhara). O texto, que é um conjunto de aforismos que é difícil dizer que sejam muito originais (são lugares comuns, no fundo), é pouco ambicioso. Um erro só: «Não duvido o valor da vida» [«Não duvido do valor da vida»]. Revela a Sara bom gosto na escolha das imagens mas nada é propriamente original, embora mostre domínio técnico. Expressão oral Sem falhas.

 

Vitória



Vitória (14,5-15) || Texto/Conceção Boas escolhas de imagens e montagem e bom sentido do ritmo, e som, que deve ter um microfilme. Redação adequada mas cedendo, aqui e ali, ao lugar comum. Notei estas incorreções: «São nesses momentos que» (É nesses...); «Dos tempos [em] que nos arriscamos». Expressão oral A leitura podia, por vezes, ser mais calma, mas é sobretudo a música que nos faz ficar com a impressão (talvez errada) de que a Vitória vai demasiado rápido.

 


Miguel





Miguel (10) || Texto/Conceção Demasiado curto, aparentemente «feito sobre o joelho». Ideia era, potencialmente, interessante: transmitia-se uma vivência a partir de um episódio bastante específico. Texto revela bom sentido narrativo, mas houve pouco investimento. Falhas de escrita: «nunca ganhou» [nunca ganhara]; «irrequieto» [creio que era «inquieto»]; «[de] que não me irei esquecer». Expressão oral Leitura foi pouco ensaiada.


 



Xana





Xana (11,5) || Texto/Conceção Parte-se de uma preocupação sobretudo de âmbito sociológico para fazer alusão, bastante breve mas conclusiva e por isso significativa, a características do «eu». O texto («Reflexo de um mundo melhor») poderia ser mais elaborado e, sobretudo, mais extenso (mínimo pedido era dois minutos, mas há muitos espaços sem voz). Não há, porém, erros evidentes (corrigir só: «acredito num mundo em que as pessoas não se import[e]m [...]»). A articulação das imagens cai, por vezes, nos perigos que eu advertira nas instruções do trabalho. Música («Cornestorn», Arctic Monkeys) bem escolhida, mas sobrepondo-se um tanto à voz. Expressão oral Aconselharia mais lentidão e, provavelmente, mais ensaios (fica a ideia de que não houve o investimento que supõe um trabalho que foi explicado há quase dois meses).


 



Ana





Ana (14) || Texto/Conceção São umas memórias dos tempos recentes, cruzadas com as vivências em comum com os colegas dos últimos anos. Em parte, a abordagem é de relato (o que leva a que o discurso não seja muito complexo), mas há alguns momentos em que a Ana consegue dar estilo próprio a este tipo de trechos autobiográficos (há ironia, um certo estilo afável, aqui e ali). Imagens bem escolhidas. A corrigir (mas não sei se ouvi bem): «Nesses quais dez anos» [Nesses dez anos]. Expressão oral A captação do som é um tanto irregular. Pareceu-me, porém, que a leitura usa um estilo calmo, familiar, bastante aceitável (consegue fazer-se inflexões com naturalidade, embora haja um pequeno trecho demasiado veloz).


 



Catarina F.





Catarina F. (12,5-13) || Texto/Conceção É uma gravação autobiográfica curiosa, na medida em que se centra em outra pessoa, o sobrinho da Catarina, mas não deixa de ser sobre o «eu» da narradora (e a sua vivência da amizade por alguém). O texto é interessante e, em termos substantivos, elaborado, mas poderia estar mais revisto aqui e ali. O formato escolhido foi dos mais simples (foto e áudio da leitura em voz alta), o que pode não ser desvantagem (se implicar o foco exclusivo no próprio texto). Expressão oral A leitura em voz alta tem qualidade inferior à do texto. Numa primeira fase, foi a velocidade que criou dificuldades (bastaria ir-se um pouco mais lentamente, respirando mais); na segunda parte já se vai mais pausadamente, mas nota-se as hesitações que causa o cansaço de leitura relativamente extensa. E, no entanto,  o estilo de voz — calmo, ligeiramente introspetivo — é o apropriado para este tipo de relatos.


 






Filipe





Filipe (10) || Texto/Conceção O trabalho escolheu o formato mais simples, o que já indiciava ter havido pouco investimento. Depois, confirma-se que foi tudo concebido um pouco em cima da hora (não se atinge, aliás, o tempo mínimo pedido). E, no entanto, a ideia permitia mais: o relato de vivências durantes umas férias em total independência. A corrigir: «chatices», num texto que se pretendia formal, terá de ser «aborrecimentos», «trabalhos». Expressão oral O Filipe, preparando-as, consegue boas leituras, tendo noção de como pode fazer inflexões expressivas com bastante naturalidade. Chega aqui a usar esse estilo, por vezes, e usa a velocidade certa; mas também se nota que esta leitura não foi tão ensaiada como deveria (veja-se, por exempolo, o final, com claras hesitações antes de «anos»). «Inesquecível» saiu tão pouco definido (tão lisboeta) que o que se ouve «esquecível».


 



Vasco A.





Vasco A. (11) ||  Texto/Conceção É um autorretrato, sem erros, mas num registo talvez demasiado simples para o que se pretendia. Formato também é o mais económico (áudio com uma imagem) e, quanto a tempo, cumpriu-se à justa o que se pedira como mínimo (na verdade, faltaram uns dez segundos). Final será mesmo «e que, no final de contas, sou um adolescente» ou «É que, no final de contas, sou um adolescente»? A corrigir: «no curso de humanidades, onde pretendo ter um cargo na área do turismo» [no curso de humanidades, já que pretendo pretendo ter um cargo na área do turismo] Expressão oral Em geral, a leitura está na velocidade correta e com entoações corretas, mas há também duas ou três ligeiras hesitações (no final, a mais nítida).


 



Marco





Marco (12) || Texto/Conceção Optou-se pelo formato mais simples (slide e áudio). Chegou-se à justa ao tempo mínimo pedido (ou até se ficou a uns dez segundos desse tempo). A ideia foi boa e talvez pudesse mais aproveitada. A corrigir: «mantia» [mantinha]; «só podíamos esperar para que algo de bom acontecesse» [só podíamos esperar que algo de bom acontecesse]. Expressão oral Não se teria feito mal em ler um pouco mais pausadamente. Há alguns momentos de expressividade conseguidos. A palavra «bancada» soou «[m]ancada».


 


Catarina S.





Catarina S. (15-14,5) || Texto/Conceção Interessante a solução de abordar o tempo da ação na ordem inversa, começando pela atualidade e chegando à infância (à Benjamin Button, portanto). Basta isso para tornar o filme mais fresco, mais incomum (a redação também fica beneficiada, porque se permite uma ligação entre informações, que já não a de simples justaposição).As imagens — em filme mesmo — são também ricas e estão bem montadas. Tempo mínimo pedido não chegou a ser cumprido, mas também não se ficou muito longe. A corrigir: «quatro anos onde aprendi a ler» [quatro anos em que aprendi a ler]. Expressão oral Aconselharia leitura mais pausada (a velocidade leva a que certas palavras surjam pouco definidas, pronunciadas muito à lisboeta, mas sobretudo impede que se façam as entoações ideais).

 


João M.



João M. (9,5) || Texto/Conceção O género pode integrar-se no dos relatos de vivências (neste caso, a vivência do autor no que se refere à escola). Texto foi feito com pouca demora, com pouca elaboração (no final, chega a parecer que não está propriamente escrito, mas apenas alinhavado); tempo mínimo estipulado (dois minutos) fica longe de ser preenchido. Há alguns erros: «sobre a direção de professores» («sob a direção de professores»); «não podem sofrer este bem essencial» («não podem usufruir deste bem essencial»); «porém, é com justa causa» («porém, a minha perspetiva está devidamente fundamentada»); «sem nunca baixar terreno» («sem nunca ceder terreno»?; «sem nunca baixar a guarda»?); «xenofobismo» («xenofobia»); «visão menos profissional [da escola]» («visão menos interesseira»?). Expressão oral Devia ter havido mais ensaios, mais repetições (ou o texto escrito não estava suficientemente fixado?).

 

Carolina



Carolina (10) || Texto/Conceção Na verdade, a Carolina não teve em conta as intruções da tarefa (há que ler sempre as indicações): texto não é de 1.ª pessoa (nem memórias, autobiografia, relato de vivências) nem se chega ao mínimo de tempo pedido (dois minutos — mal se atingiu metade). A corrigir: «aos bens materiais do que espirituais» («aos bens materiais do que aos espirituais»); «a estabilidade emocional deve ser baseada nas relações humanas entre as pessoas onde são transmitidas [...]» («a estabilidade emocional deve ser baseada nas relações entre as pessoas pelas quais são transmitidas [...]»); «modelos, por vezes, estes irreais» («modelos por estes, por vezes, irreais» ou «modelos, por vezes, irreais»); «pessoas depressivas» («pessoas deprimidas»). Expressão oral Sem erros, mas com velocidade excessiva, que levou a que algumas palavras surjam pouco claras.

 

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