Bibliofilmes do 10.º 1.ª
Catarina
C.
Catarina
/ John Steinbeck, As vinhas da ira / 17 // Pontos fortes Clareza
e qualidade de toda a leitura em voz alta, quer nas partes de apreciação
crítica quer nas falas expressivas de personagens (locução, enfim, quase
profissional). Boa escolha de livro. Aspetos
melhoráveis A parte mais apelativa em termos de imagens, a da animação, não
é da autora, embora esta mostre bom domínio técnico em vários momentos da
construção do filme. Na escrita, corrija-se: «a assolar as suas terra» (abandonar); abuso da estrutura ‘viagem esta
que’, ‘terra esta que’ (bastaria o «que»); «para Califórnia» (para a
Califórnia); longo período iniciado com «Retratando-se» (2.18-2.33) não chega a
completar-se de modo gramatical.
Carolina
D.
Carolina
D. / Nicholas
Sparks, O diário da nossa paixão /
14,7 // Pontos
fortes Capacidade de ir modulando a voz
em função das partes do trailer; boa leitura em voz alta; destreza técnica. Aspetos melhoráveis Imagens são do
filme feito a partir do livro (o que leva a duas desvantagens: aproximam-se
livro e filme — preferia que o livro fosse tratado como unidade única — e
reduz-se a originalidade do trailer (que acaba por não ser muito diferente do
trailer do próprio filme). Aspetos de língua: «que uniu-os no tempo» (que os
uniu no tempo); «Porém, estes veem-se obrigados a se afastarem-se» (a afastarem-se); «1 ano | 7 anos» (um ano |
sete anos). Livro escolhido (Sparks não é um grande autor e teria preferido que
evitassem livros que foram objeto de filme).
Beatriz
S.
Beatriz
S. / Christiane
F., Os filhos da droga / [14] // Pontos fortes Leitura é muito clara e consegue-se expressividade, embora
também me pareça haver, aqui e ali, ligeiras hesitações (e ênfases mal
colocadas). Aspetos melhoráveis
Creio que texto é sempre o do original — não havendo escrita
própria [mas é aspeto que quero confirmar com a autora]. Também as imagens são, salvo erro, sobretudo googladas. Correções de
língua: «em banheiros fedorentos» (parece português do Brasil; em pg. europeu
seria ‘em casas de banho mal-cheirosas’); «que só era» (que era só). Livro
escolhido não é literário (como eu disse preferir).
Marta
Marta
/José Luís
Peixoto, Dentro do segredo / 15,5 // Pontos fortes
Houve trabalho de redação — feito com fidelidade ao original, reveladora de
leitura atenta, e com correção linguística — na transposição da 1.ª para a 3.ª
pessoa, que é, no fundo, o que acontece como estratégia principal. Leitura em
voz alta sem erros (hesitação em «participar»), mas também sem especial
expressividade. Boa escolha de livro. Aspetos
melhoráveis Abordagem é, no fundamental, de síntese-resumo, o que eu
desaconselhara. A corrigir: «desvastadas» (devastadas).
Carolina A.
Carolina
/ David
Byrne, Diário da bicicleta / 12,8-13 // Pontos fortes Boa leitura em voz alta, embora demasiado rápida em
certos momentos (houve ensaio, mas maior lentidão era recomendável). Ter-se
aproveitado nas imagens elementos paratextuais do livro. Aspetos
melhoráveis Não se cumpre o tempo mínimo exigido (são só 1.32, eu pedira
dois minutos pelo menos). Abordagem é de resumo-sinopse, o que lhes foi dito que
evitassem.
Beatriz
Sá
Beatriz
Sá / Kalaf
Angelo, Estórias de amor para meninos de
cor / 14,7 // Pontos fortes Sensação
com que ficamos de que obra foi realmente lida. Embora a abordagem seja
sobretudo de comentário — o que , quanto a mim, não é o ideal —, essa
apreciação é um texto que se sente personalizado, não «wikipédico». Aspetos
melhoráveis Há pouco tratamento em termos de imagens. Leitura tem pequenas
hesitações (e o advérbio lê-se «dev[ε]ras», não «dev[ê]ras»). A corrigir:
«retrata histórias» (relata); «consegui-me deparar» (consegui deparar-me); «ou
nem ligamos» (ou a que nem ligamos).
R. Leal
R.
Leal / Dalton
Trevisan, Novelas nada exemplares /
14,5 // Pontos
fortes O cuidado de se ter optado por
obra interessante — por autor brasileiro, inovador — e haver efetiva leitura,
com perceção das características da escrita de Trevisan. Simplicidade e domínio
técnico. Leitura clara, ainda que com uma ou outra hesitação. Aspetos melhoráveis Estratégia foi
essencialmente de resumo-sinopse. Embora por pouco, não se chegou ao tempo
mínimo exigido — e não era difícil, por exemplo, acrescentar excerto de algum
dos contos ou reflexão acerca do tema de um dos que foram abordados.
João
C.
João
C. / António
Lobo Antunes, Explicação dos pássaros
/ 12,5 // Pontos
fortes Livro escolhido é interessante, a
sua leitura implica já um nível exigente. Interpretações apresentadas são
corretas. Aspetos melhoráveis
Nota-se, por vezes, que leitura em voz alta é a de quem está... a ler (o ideal
era que não percebêssemos que há alguém a seguir as linhas no papel). Slides
googlados e ilustrativos (que eu tenho criticado). Abordagem de resumo/sinopse.
Tempo mínimo não foi atingido.
André
André
/ B.
Traven, O visitante da noite & outros
contos / 10,8 // Pontos fortes Facto de se ter escolhido ler um
livro original. Ter havido ensaio da leitura em voz alta — embora pudesse ser
esta ainda mais experimentada. Não há erros de pronúncia (se excetuarmos «dir-se-ia»),
mesmo se a entoação não é, por vezes, a ideal. Aspetos melhoráveis Creio que não há propriamente redação pessoal, o que se
lê são apenas excertos do livro.
Inês
Inês
/ Luz antiga / 15,3 // Pontos fortes Simplicidade e clareza — boa síntese do que é o livro,
embora houvesse espaço para se continuar mais um pouco. Bom acabamento do
filme. Livro lido. Aspetos melhoráveis
A corrigir: «o presente onde sofre»
(em que). Formato escolhido (no fundo, resumo-sinopse), embora o cruzamento com
leitura de excertos do livro atenue essa falha. Leitura em voz alta dos dez
segundos finais saiu mais hesitante.
Miguel
Miguel
/ George
Orwell, 1984 e O Triunfo dos Porcos / 15,5 // Pontos fortes Reflexão
pessoal, embora bastante misturada com resumo/sinopse — mas o comentário
sobrepõe-se ao resto. Grafismo e sentido estético face a pormenores do
paratexto. Escolha dos livros Aspetos
melhoráveis Leitura pouco definida — por pressa ou por pouco ensaio.
Rebeca
Rebeca / Virginia Woolf, Flush. Uma biografia / 18 // Pontos fortes Qualidade da redação, que mostra leitura fina do livro e correção linguística. Leitura em voz alta, que consegue ser expressiva, mesmo tratando-se de uma apreciação crítica, ensaística, o que poderia levar a um estilo de leitura relativamente neutro. Aspetos melhoráveis Ter-se usado uma estratégia de comentário-análise (eu recomendara um formato menos convencional). A corrigir: creio ouvir um «originando [ou srerá originado?]» que não percebo bem (seria «natural de», «originário de»?).
Gonçalo
Gonçalo
/ Mark
Twain, As aventuras de Tom Sawyer /
13 // Pontos
fortes Domínio técnico (com reflexo no
bom acabamento do filme). Enquadramento do livro (ou, enfim, da série de
televisão) também em termos da história da sua receção (assinalando-se
experiência dos pais) ou da psicologia do autor («gostava de, às vezes, ser um
pouco como [Tom]»). Leitura em voz alta, no que se refere às entoações (havendo
porém alguns erros nas pronúncias: «Huckleberry», que saiu nasalado na sílaba
inicial;«rubrica», que é uma palavra grave mas foi dita como esdrúxula). Aspetos melhoráveis Ter-se adotado um formato
de resumo, sinopse (eu aconselhara estratégias mais pessoais, mais criativas).
Imagens serem sobretudo as dos desenhos animados e de séries juvenis de TV (até
por acentuarem uma ideia feita, errada, de que se trata de obra infantil;
aliás, se fosse livro infanto-juvenil, estaria desaconselhado nas instruções da
tarefa). A corrigir: «o que vai [ou foi?]
em tudo contrariamente à minha maneira de ser» (o que é um perfil contrário à
minha maneira de ser).
Maria
Maria
/Atul
Gawande, A mão que nos opera. Confissões
um cirurgião sobre uma ciência imperfeita / 12,5 // Pontos fortes Escolha de obra recente (que, embora sem grande valor
literário, corresponde a um dos perfis aceitáveis, já que é de cariz
autobiográfico). Leitura em voz alta sem erros (exceção: «cateter» foi pronunciado
«cat[é]ter», quando é palavra aguda — mas no léxico da medicina são comuns
estas trocas). Aspetos melhoráveis
Tempo mínimo não foi atingido. Estratégia é de apreciação crítica (em termos
muitos leves, quase de mero clip de publicidade), mas eu pedira que usassem
formato mais inventiva.
Isabela
Isabela
/ Patrick
Modiano, Dora Bruder / 13-12,8 // Pontos fortes Capacidade de síntese a destacar o que é o livro em
causa. Livro escolhido (do mais recente Prémio Nobel). Aspetos melhoráveis Tempo mínimo não foi cumprido. Identificação do
narrador (o eu do texto) com o autor
(Patrick Modiano): não foi o autor que leu o jornal, foi o narrador. Na leitura
em voz alta, ainda houve alguns lapsos («ignorarei» saiu «ignorei»; «pobre»
pareceu «podre» ou «p[ô]bre»; «tudo o que macula e nos destrói» perdeu o «e»; «holocausto»
ficou pouco definido; e, ainda, as pronúncias francesas: «Modian[ô]»,
«Ornan[ô]»). O Prémio Nobel foi atribuído ao autor, não a este livro em
particular (que é, porém, o mais conhecido de Modiano).
Carlota
Carlota
/ José
Eduardo Agualusa, Um estranho em Goa
/ 12 // Pontos
fortes Ter-se lido o livro (que, com
efeito, tem enredo complexo). Ter-se tentado explicá-lo com honestidade (embora
talvez sem conseguir transmitir o essencial). Aspetos melhoráveis Tempo mínimo não foi cumprido, mas por alguns
segundos apenas. Formato adotado foi de resumo-sinopse e mais uma curta
apreciação crítica, quando eu desaconselhara estas estratégias. Não houve
aproveitamento em termos de imagens (fui até eu que tive de tratar da imagem
com capa e contracapa do livro). Leitura em voz alta não parece ensaiada o
suficiente (e últimas falas parecem mesmo ditas espontaneamente, sem o texto
estar escrito). A corrigir: «uma das suas aventuras onde ele iria comprar» (porquê o «onde»?; também, mais à frente,
num «onde se despedem», o «onde» é
despropositado ); «mas gostei-o de ler» (mas gostei de lê-lo).
Madalena B.-J.
Madalena
B.-J. / Alice
Munro, Falsos Segredos /18 // Pontos fortes Ter-se construído criação
que implica soluções subjetivas em torno do livro (especificamente, do conto
«Entusiasmo»), dando, ao mesmo tempo, conta do que pode interessar outros
leitores pelas narrativas de Munro. Texto redigido está sempre bem (ver, porém,
a exceção que indico em baixo). Dramatização foi bem preparada (nas
representações de ambas as atrizes e nos restantes aspeto necessários à
encenação). Quer trechos de leitura em voz alta quer falas das personagens na
representação usam estilo relativamente neutro (naturalista) e não têm lapsos. Aspetos melhoráveis Bigodes de Jack (a
modos que a cara desenhada por Bean para tentar disfarçar o apagamento da mãe de
Whistler). A corrigir: «no hospital [...], anuncia na carta que» (quem
anuncia?; esta frase não está gramatical).
Mariana
Mariana / Rubem
Fonseca, Bufo & Spallanzani / 13,5-14
// Pontos fortes Disfarçou-se relativamente
bem o pouco investimento em termos fílmicos, conseguindo-se, apenas com imagens
googladas e algum programa de construção de apresentações, dar ritmo visual ao
texto lido. (Nestas imagens, porém, há demasiado recurso a fotogramas do filme
que adaptou a obra — confusão que é sempre de evitar). Aspetos melhoráveis Se não me engano (não tenho o livro à mão e já
o li há uns anos), a estratégia usada é de mero resumo e aproveitamento de passos
do romance, quando teria sido possível fazer texto mais criativo embora a
propósito do livro lido. Leitura em voz alta, embora tenha alguns momentos de
boa expressividade, merecia ter sido mais ensaiada (a vantagem de uma gravação
é podermos repeti-la as vezes que for preciso). Cumprimento de prazos.
Madalena A.
Madalena A. / Pedro
Chagas Freitas, Prometo falhar / 16,5
// Pontos fortes Criou-se texto
próprio, dentro do estilo do de Freitas. Transformação das cores-base do filme
é estratagema — provavelmente, até muito fácil — que resulta, embora me pareça
que se ganhava bastante se a câmara estivesse fixa (o movimento do trânsito é
suficiente; o facto de não se ter usado um tripé ou artifício idêntico causa
«ruído» desnecessário: a câmara fixa simularia uma narração de focalização
externa, efeito que se perde um tanto). Redação tem mérito, não há erros e o texto
não se distingue de uma primeira parte, que ainda é de Freitas (sim, é verdade
que este não será um grande escritor). Aspetos
melhoráveis Leitura ficou demasiado apressada, o que prejudica depois a
expressividade (que até se percebe seria alcançável: a autora mostra muita
fluência); tinha de parecer um monólogo (embora haja um «tu») e, para isso,
convinha poder simular que se estava a pensar. Combinara com a Madalena a
leitura de um livro bem melhor do que este (se não me engano, Galveias, de José Luís Peixoto).
Cumprimento de prazos.
João S.
João S.
/ Gabriel
García Márquez, Doze contos peregrinos
/ 10 // Pontos fortes Escolha da
obra a ler. Aspetos melhoráveis Há
pouca produção pessoal (adotou-se um formato que eu pedira para não usarem;
dados biográficos sobre autor e comentário bastante vago). Duração do filme não
chega ao tempo mínimo estipulado (1.20 vs. mínimo de 2 minutos). Leitura em voz
alta revela algumas hesitações ligeiras (devia ter-se repetido várias vezes até
que se chegasse a uma gravação completamente limpa. Cumprimento de prazos. A
corrigir: «conceptuados» (conceituados); «desrespeituoso» (desrespeitoso).
Sofia
Sofia / J. Rentes de
Carvalho, Com os holandeses / 11 // Pontos fortes Leitura em voz alta não
tem erros, embora não pareça muito ensaiada e ainda haja pequenas hesitações:
corrija-se «f[ô]co» (é «f[ó]co»); «acerca» lê-se «[á]cerca»; «protagonistas»
saiu um pouco trapalhão. Redação também quase não tem erros («é-nos dado a
conhecer todos os costumes e ...» devia ser «são-nos dados a conhecer todos os
costumes e ...». Aspetos melhoráveis Tempo
mínimo não foi cumprido. Todo o bibliofilme me parece aliás feito com pouca
aplicação. Podia ter a Sofia feito um texto seu em que desse testemunho da
forma como vê ela a vida na Holanda, que também conhece, contrastando a sua perspetiva
com a de Rentes de Carvalho. Cumprimento dos prazos.
Tiago
Tiago
Rodrigo M.
Rodrigo
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