Thursday, September 08, 2022

Aula 31-32

Aula 31-32 (7 [1.ª, 3.ª], 14 [5.ª], 15/nov [4.ª]) Correção de redações de textos em prosa inspirados em poema de Paterson.



Pedro Mexia, «Paterson», Expresso. Revista, coluna ‘Fraco Consolo’, [...]:

Paterson é condutor de autocarros e poeta. Vive em Paterson, um subúrbio de New Jersey. E tem em casa livros de William Carlos Williams, entre os quais Paterson (1946-58), um poema épico factual demótico, que se quer ao mesmo tempo um “orgulho local; (...) uma confissão; (...) uma réplica ao grego e ao latim sem mais nada; uma multidão; uma comemoração”.

O último filme de Jim Jarmusch, Paterson (2016), é uma investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade. Paterson, interpretado por Adam Driver, leva uma vida estável mas espartana. Tem uma namorada giríssima mas um pouco enfadonha, obcecada com determinados padrões, que usa indiscriminadamente em pinturas, vestidos e decorações de bolos. Laura (a iraniana Golshifteh Farahani) é apesar disso a “musa” do namorado, ou não tivesse, como nos lembram escusadamente, nome igual ao da amada de Petrarca. Paterson escreve poemas para ela, “se são para ti, são poemas de amor”, embora admita que não é insensível às outras mulheres.

Os poemas de Paterson, que vamos vendo no ecrã, são despretensiosos, diretos, como os mais despretensiosos e diretos versos de Williams. Poemas minimais, discretos, timidamente inventivos, que são na verdade da autoria de um poeta não-ficcional, amigo de Jarmusch: Ron Padgett. Esses poemas obedecem a uma máxima de Williams, “no ideas but in things”, tese que constituía uma reação à poesia erudita e hermética de Eliot e Pound. O doutor Williams, talvez por ser médico, gostava de coisas concretas, de pessoas concretas, queria toda a invenção ancorada num presente verificável e gostava de fazer coincidir, como escreveu um seu estudioso, “os materiais que suscitam a poesia e a poesia que esses materiais suscitam”. É por isso que no Paterson de Jarmusch as coisas mostradas ou ouvidas, e os versos que sobre elas se escrevem, são trivialmente poéticas: caixas de fósforos, copos de cerveja, conversas sobre pugilistas e engates. Mas quando sugerem a Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são nada poéticas.

Como em todos os Jarmusch, ou quase todos, o ambiente de Paterson é depurado e modesto, o clima casto e cool, as pessoas macambúzias mas boas. Mas há uma estranha sensação de que toda a gente vive numa “ilha das almas perdidas”, parafraseando o título de um clássico dos anos 30 que Jarmusch cita. De acordo com as nossas possibilidades, veremos nesta história o copo meio cheio ou meio vazio. O elogio da domesticidade não se distingue das tragicomédias amorosas das personagens secundárias. A empatia humana confunde-se com a uniformidade, de modo que aparecem gémeos em todo o lado. Os indivíduos são em geral decentes, mas há quem avise que é melhor “não tentar mudar as coisas, senão ainda as tornamos piores”. Escrever poesia é fundamental para Paterson, mas ele não faz questão de que alguém leia os seus poemas, e até assistimos a um episódio que lembra ironicamente a desculpa do cábula: “O cão comeu-me o trabalho de casa.”

Cada um escolherá em Paterson os seus momentos significativos. Lembro-me de três. Um é quando o condutor de autocarros encontra uma rapariguinha de 10 anos que escreve poemas tão bons como os dele, o que põe em causa a noção de talento ou a excecionalidade da poesia. O segundo é a evocação de uma das estrelas de Paterson, New Jersey, o comediante Lou Costello, sugerindo talvez que a vida deve ser levada à conta de slapstick. O último é o verso “preferias ser um peixe?”, de uma canção de 1944. Uma canção que nos diz que um peixe não faz coisa alguma com a sua vida, que vai apenas nadando ribeiro abaixo até que, um dia, é pescado. “But then if that sort of life is what you wish / You may grow up to be a fish.”

 

Vai lendo o texto, de Pedro Mexia, na folha já distribuída. Circunda a melhor alínea de cada item. (Não consultes colegas, nem o manual nem outros papéis nossos.)

 

No primeiro parágrafo, chama-se a atenção para coincidências que envolvem «Paterson»:

a) nome de cidade, nome de poeta-motorista, título do filme, nome de outro poeta.

b) nome da cidade, título do filme, nome de personagem, título de livro.

c) nome do realizador, título do filme, nome do protagonista, nome da cidade.

d) nome da cidade, nome do motorista, título do filme, nome de outro realizador.

 

William Carlos Williams é

a) o nome do motorista-poeta protagonista de Paterson.

b) um molengão do Bétis que, infelizmente, vai jogar por Portugal no Qatar (e, pior, com o «Cris»).

c) um poeta criado pelo realizador de Paterson.

d) um escritor que viveu em Paterson efetivamente.

 

Quando, no início do segundo parágrafo, se diz que o filme é uma «investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade», isso significa que

a) é policial, investigando o que passa entre as personagens.

b) é investigativo e banal.

c) se centra em personagens com vidas simples e sem grandes angústias.

d) procura provar como vivem as pessoas felizes.

 

«leva uma vida estável mas espartana» deve querer dizer que Paterson

a) tem saúde controlada e disciplinada.

b) vai, com estabilidade, para o raio que o parta.

c) tem um dia a dia repetitivo mas ambicioso.

d) vive sem grandes luxos.

 

Laura é

a) a «musa» de Paterson, embora não tenha esse nome (que é, na verdade, o da musa de Petrarca).

b) a namorada e «musa» de Paterson (por coincidência, com o mesmo nome da musa de Petrarca).

c) iraniana e «musa» de Paterson.

d) a musa e namorada de Adam Driver.

 

No terceiro parágrafo é esclarecida a autoria dos poemas que vimos no filme. São de

a) Jim Jarmusch.

b) William Carlos Williams.

c) Ron Padgett.

d) Eliot e Pound.

 

Diz-se depois que os poemas do filme

a) prosificam assuntos poéticos.

b) são eruditos e herméticos.

c) fazem coincidir poesia e o que é concreto.

d) partem de temas abstratos.

 

No último período do terceiro parágrafo («Mas quando sugerem a Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são nada poéticas»),

a) há uma vírgula a mais depois de «não».

b) falta vírgula após «Mas».

c) falta vírgula após «Paterson».

d) não há erros de pontuação.

 

No quarto parágrafo, logo na sua primeira linha, em «em todos os Jarmusch», temos uma

a) perífrase.

b) metáfora.

c) metonímia.

d) ironia.

 

Neste quarto parágrafo, a maioria das linhas destaca características típicas das obras do cineasta:

a) a preferência por personagens marginais; a visão do amor enquanto tragicomédia.

b) o recurso a tipos sociais diversificados, ora com bom ou mau feitio; o clima casto e cool.

c) a uniformidade; a empatia humana; o facto de aparecerem gémeos em todo o lado.

d) o conformismo que as personagens revelam; o não serem más pessoas.

 

Para Pedro Mexia, segundo o que se depreende do último período do quarto parágrafo, o que Marvin fez ao caderno de poemas

a) não iria, no fundo, contra o que Paterson talvez desejasse intimamente.

b) estragou o trabalho de casa de Paterson.

c) aborreceu Paterson, como o perder de repente um trabalho feito irrita qualquer cábula.

d) mostra como a poesia é fundamental.

 

Já no quinto, e aliás último, parágrafo, Mexia confessa ter fixado sobretudo três momentos: o do encontro com a miúda que escrevia poesia;

a) a referência a Lou Costello; uma canção de 1944.

b) a passagem sobre uma das celebridades da cidade, Lou Costello; um dado verso de uma canção.

c) a evocação do comediante Lou Costello; a referência a um peixe.

d) New Jersey; 1944.

 

O verso «preferias ser um peixe?» serve, no fundo, para contrapor duas maneiras de encarar a vida:

a) a das douradas grelhadas e a das águias Vitórias.

b) a dos que procuram vencer obstáculos e a dos que se conformam.

c) a dos que preferem nadar e a dos que têm ambições.

d) a dos peixes e a dos cães.

 

Este texto de Pedro Mexia é

a) uma crónica que faz uma apreciação crítica.

b) uma notícia que informa sobre um filme.

c) uma descrição de uma obra de cinema.

d) um relato, em prosa poética, acerca de livro.

 

Se escrevêssemos a caneta ou a lápis, ficaria:

a) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme «Paterson».

b) Paterson, de Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme «Paterson».

c) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme Paterson.

d) «Paterson», de Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme Paterson.

 

Na primeira linha do primeiro parágrafo há

a) uma preposição e uma contração (de preposição e artigo).

b) uma preposição.

c) duas preposições.

d) três preposições.

 

Se, em português europeu, tivéssemos de pôr «O cão comeu-me o trabalho de casa» (que tem o pronome em ênclise) na negativa ou no futuro, teríamos, respetivamente,

a) próclise; ênclise.

b) mesóclise; próclise.

c) ênclise; próclise.

d) próclise; mesóclise.

 

Na p. 57, em baixo, resolve o item 2 de Praticar:

a. _______________

b. _______________

c. _______________

d. _______________

e. _______________

f. _______________

g. _______________ + _______________

h. _______________ + _______________

i. _______________

j. _______________

k. ______________

l. _______________ + ________________

 



Primeiro beijo

(Rui Veloso / Carlos Tê)

Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada

 

Estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como, já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que eu sinto

 

Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa

 

Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua língua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chicla de mentol
E eu gosto dela assim!

 

Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa!

 

Escreve um comentário em que relaciones o cartoon da p. 64 (O primeiro beijo) e a letra da canção «Primeiro beijo» com os géneros trovadorescos que te pareçam pertinentes (cantigas de escárnio, cantigas de amigo, cantigas de amor).

Sugiro que distribuas o teu texto por dois parágrafos (um, centrado no cartoon; o outro, na canção).

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TPC — Se ainda não o fizeste, não esqueças de (i) responder na Classroom à pergunta sobre livros a ler; (ii) trazer o Alfabeto Pessoal. (Vai lendo os livros já combinados. Vai sempre arrumando folhas e revendo gramática.)

 

 

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