Aula 33-34
Aula 33-34 (11 [1.ª, 3.ª], 15 [5.ª], 22/nov [4.ª]) Correção de comentário
feito na última aula (ver Apresentação).
[Exemplo de comentário
possível:]
Se quiséssemos associar o cartoon
de David Vela Cervera a um dos géneros trovadorescos, ocorrer-nos-iam de
imediato as cantigas de escárnio e maldizer, uma vez que, tal como sucede
tantas vezes nesse tipo de composições medievais, também O primeiro beijo
pretende criticar um costume do seu tempo — a preferência pelos meios
tecnológicos na relação com os outros em detrimento do contacto direto (este comportamento
é caricaturado, exagerado: um casal de apaixonados, de mãos dadas mas de costas
voltadas, troca o primeiro beijo via telemóvel).
Ponho uma adaptação dessa cantiga, tendo procedido às
seguintes alterações:
tirei o -d- das formas verbais de 2.ª pessoa do plural,
antecipando, portanto, a síncope da consoante, que, nestes casos, se deu
cerca de um século depois; e também, através de sinérese (a-e
> ai), resolvi já o hiato que teria ficado ainda durante uns
tempos; reverti a prótese em mostrar > amostrar;
quando havia pronomes em ênclise, deixei espaço para escreverem
vocês o pronome que usaríamos hoje, em português europeu;
omiti o pronome com funções de sujeito sempre que, em
português atual, ficava melhor estar o sujeito subentendido;
traduzi o «senhor», o «en», o «ca», o «u» medievais; adaptei
alguns tempos; corrigi grafias; prescindi de apóstrofo (’); e adotei a
ordem das palavras mais comum.
A dona que amo e tenho por senhora
mostrai-___, Deus, se isso
vos prouver [(‘agradar’)]
senão, dai-___ a morte.
A que tenho por lume
destes meus olhos
e por que [pela qual]
choram sempre, mostrai-___, Deus.
senão, dai-___ a morte.
Essa que fizestes parecer
melhor
de quantas sei, ai, Deus,
fazei-___ vê-___ [*fazei-ma ver]
senão, dai-___ a morte.
Ai, Deus, que me fizestes amá-___
mais do que a mim,
mostrai-me onde possa
falar com ela.
senão, dai-___ a morte.
Dá um relance à tira de banda desenhada no ponto 1 da mesma p.
44. Completa (com o cuidado de que tudo fique irrepreensível também em termos
de sintaxe):
Os autores do manual ter-se-ão lembrado de reproduzir aqui
esta banda desenhada, porque a historieta aí desenvolvida pode relacionar-se
com certas características das cantigas de amor, uma vez que . . . . . . . . .
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Resolve o item 4 de «Educação literária», p. 45:
Nesta cantiga, para salientar a beleza e a singularidade da
mulher amada, são utilizados diferentes recursos expressivos: no verso «A que
tenh’eu por lume destes olhos meus» (v. 4) está presente uma ______; a
hipérbole ocorre, por exemplo, em _________.
Já agora, se te despachares, atenta nos itens 1, 2,
3 de «Gramática»:
1 1 = ___; 2 = ___; 3 = ___
2 [na verdade, é uma
oração subordinada adjetiva relativa que está coordenada logo com outra oração]
«que eu amo / e tenho por senhor»
3 [exemplos de
conjunções (ou locuções) subordinativas concessivas: «embora», «apesar de
que», «ainda que», «mesmo que», «se bem que», ...]
Na p. 59 temos uma cantiga de escárnio e maldizer de Pero Garcia Burgalês que satiriza, ridiculariza,
o tópico que a cantiga de amor que vimos evidenciava — o facto de os trovadores
dizerem preferir a morte se não fossem correspondidos pela dama a quem se dirigiam.
Reproduzo a versão, modernizada, de Natália Correia (dessa cantiga de escárnio cujo
verso inicial original é «Roy Queimado morreu com amor»):
Foi Rui Queimado morrer de
amor
em seus cantares, ao que
dizia,
por uma dama e porque
queria
mostrar engenho de
trovador.
Como ela lhe não quis
valer,
fez-se ele em seus
cantares morrer,
mas ressurgiu ao terceiro
dia.
Demonstrar quis o seu
fervor
por uma dama, mas eu
diria:
preocupado com a mestria
dos seus cantares, tem o
pendor
de, embora morto, lograr
viver.
Isto só ele pode fazer
porque outro homem não o
faria.
E já da morte não tem
pavor,
se não mil vezes a temeria.
Próprio é da sua sabedoria
viver enquanto morto for.
Em seus cantares pode
morrer
estando vivo. Maior poder
obter de Deus não poderia.
Desse-me Deus igual poder
de, embora morto, poder
viver,
e nunca a morte me
assustaria.
Depois de vermos o trecho
de Último a sair, em que as ações de
Bruno Nogueira ficam nos antípodas do código do amor cortês na lírica
medieval, completa a tabela com as seguintes palavras (aqui desordenadas):
ator / trovador / sussurrar
/ Bruno / desejo / religiosa / proximidade / voyeurismo / regra / elogia / assediar
/ honestidade / intervêm / intervém / nobres / inacessível
Cantigas de amor |
Último a sair, episódio Bruno-Sónia |
O sujeito poético é um trovador, que se dirige à sua
«senhor», que não _______ e é um ser sobretudo idealizado, incorpóreo. |
Bruno Nogueira é quem
inicia o diálogo, mas tanto o homem (Bruno) como a mulher (Sónia Balacó)
_______. |
Ambiente é palaciano, o «eu» (trovador) e a dama
são _____. Origem das cantigas de amor é provençal (lembre-se que a primeira
dinastia portuguesa tinha ascendentes franceses), ao contrário das cantigas
de amigo, provavelmente autóctones. |
Contexto imita o de um reality
show, supondo-se que as personagens em causa se comportam como jovens
______ e modelo-atriz. |
Amor é mais aspiração do que experiência
sentimental; tudo está sujeito a convenções; ______ respeita a senhor[a] a
quem presta vassalagem amorosa, à maneira cavaleiresca. |
______ não se coíbe de
fazer propostas bastantes explícitas, mais físicas do que espirituais, e
trata a sua colega sem qualquer reserva ou delicadeza. |
Pretende-se prolongar o estado de tensão, sem
chegar ao fim do _______. |
Bruno não resiste a
seduzir Sónia sob os lençóis, mesmo quando se supunha ficarem apenas a _______.
|
______ da senhor[a] não
poderia ser posta em causa, não havendo quaisquer alusões impróprias, sem se
sair nunca da esfera espiritual; a «mesura»
implicava que não se poderia suspeitar da identificação da amada. |
Bruno não se preocupa em preservar
a imagem de Sónia, o seu estratagema passa mesmo por aproveitar o ______ do
público, o que implicava expor ao máximo a sua relação com a amada. |
O sujeito poético, o
trovador, superlativa a senhor[a],
que elogia com devoção quase ________. |
Sem grande sentido do
charme, Bruno é várias vezes desagradável com Sónia, que deprecia mais do que
_______. |
Há distância entre trovador e a senhor[a], que lhe é ______. |
Haveria _____ máxima
entre amante e amada, se dependesse apenas de Bruno. |
Fidelidade é outra _______ imposta
ao trovador. |
Bruno, assim que Sónia se
lhe esquiva, vai _______ Luciana e Débora. |
Trechos de 1986, tirados dos episódios 1 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e334913/1986), 3 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e335569/1986), 11 (https://www.rtp.pt/play/p4460/e599403/1986)
Completa esta síntese relativa aos trechos de episódios de 1986
— série criada por Nuno Markl,
ex-aluno da Secundária de Benfica — a que acabámos de assistir:
Tiago admira Marta como um trovador vê a sua «senhor» numa
cantiga de ______.
Marta é como uma «senhor» (louvada em cantigas de _____) que decidisse
descer do seu pedestal de deusa e experimentar os namoros concretos das
raparigas que são o sujeito das cantigas de _______ (e escolhe como «amigo»,
isto é, namorado, o estroina Gonçalo).
Gonçalo socorre-se de estratégias de trovador apaixonado (tenta
cantar à sua dama; obedece, ainda que renitente, às imposições da «senhor»;
finge enquadrar-se no ambiente «palaciano»), mas, no fundo, preferia a
espontaneidade realista do contexto popular das cantigas de ________.
A avó de Marta, a gótica Patrícia — e talvez também um pouco Sérgio — exercem a crítica, a sátira, típicas das cantigas de __________.
Ao longo dos trechos de 1986 que vimos há pouco, surgiram estes versos de quatro canções diferentes (ou dos respetivos incipit ou do refrão):
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pensamos no futuro amanhã
Sempre que o amor me quiser
Estamos aqui, neste fim do mundo
Escreve um poema, não rimado, que incorpore (como versos que
ficarão em algum ponto do teu texto) cada um dos quatro versos que retirei das
canções ouvidas em 1986. Evita espaços interestróficos (ou faz quase
nenhum). Procura que o poema seja «lírico», não brincalhão.
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TPC — Experimenta resolver — ou
relanceia-a apenas — a ficha do Caderno de Atividades sobre ‘Apreciação
crítica’ (pp. 35-36), que fica, já corrigida, em Gaveta de Nuvens.
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