Aula 37-38
Aula 37-38 (22 [5.ª], 26 [1.ª, 3.ª], 29/nov [4.ª]) Devolução
de poemas com incorporação de versos de canções.
«Meu amor de longe»
(comp.: Jorge Cruz; interpret.: Raquel Tavares)
No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria
Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio
Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver
Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo
Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite
Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é
Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo
Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver
Depois de leres a cantiga de amigo de Bernal de Bonaval «Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo» (p.
42) e de vermos clip da canção referida na p. 43 (cantada por Raquel Tavares),
resolve o item 1 de Educação literária (p. 42) e a tabela a seguir (correspondente
à que está na p. 43):
1 (p. 42) [Circunda as palavras a negro adequadas:]
Nesta cantiga, a donzela, dirigindo-se às
amigas/à
natureza, alegra-se/entristece-se com a notícia da partida/chegada iminente do seu amigo.
1.1 (p. 43):
|
«Meu
amor de longe» |
«Fremosas,
a Deus grado, tam bom dia comigo» |
Entidade que se expressa |
mulher (amalucada a andar pelo bairro) |
__________ |
Interlocutor/confidente |
___________ |
amigas («fremosas») |
Estado de espírito do sujeito (e causas) |
Toda contente (namorado vai chegar) |
__________ |
Fases de aproximação «eu»/amado |
___________ |
Recebeu só as novas do regresso do amigo |
Já agora, resolvamos o ponto 1 de Gramática (na p. 42). É útil lembrares subclasses da classe ‘verbo’ (cfr. p. 42) e leres o que
ponho dentro de parênteses retos:
a. [disseram-me que
o meu amigo vem aí. || para determinares a subclasse do verbo, tem em conta que os segmentos sublinhados
desempenham as funções sintáticas de _______ e de ______] «disserom» (v. 2) é um
verbo ________.
b. [eu ando muito alegre || tem em conta que «muito
alegre» desempenha a função sintática de _______] «ando» (v. 10) é um verbo ________.
Ainda
sobre Anáfora (cfr. p. 338)
Completa com termo
antecedente, termo
anafórico, cadeia
anafórica:
Meu amor de longe está prestes a chegar, talhado para mim. Mal o conheci, eu achei-o desse modo
«Meu amor de longe» = ____________
«o» = __________
«o» = __________
«Meu amor de longe», «o», «o» = ____________
Barcos e gaivotas do Tejo, vejam o que eu vejo: é o sol que vai brilhar.
«o
[que]» = _____________________________________
«o sol que vai brilhar»
=____________________________
«o [que]», «o sol que
vai brilhar» = cadeia anafórica.
Resolve 1.1 e 1.2 da p. 338 (e lê o item que já resolvi, 1.3):
1.1 = ________________
1.2 = ________________
1.3 = O recurso à anáfora evita a repetição de expressões,
o que torna este texto expositivo mais elegante (e até mais claro).
Inventa referências bibliográficas de:
(i) poema num livro de
poesia de autor português saído numa editora algarvia;
(ii) crónica incluída num
livro que recolhia melhores textos de um dado autor e publicado em Lisboa há dez
anos;
(iii) romance de escritora
brasileira publicado há pouco em Campinas;
(iv) livro de memórias de alguém
com passado desportivo, saído no Funchal, em 2025.
(i) Eleutério Viegas, «Como são bons estes figos!», Um
estômago à beira-mar, Portimão, Editorial Percurso, 2015.
(ii)
_________
(iii) _________
(iv) _________
TPC — Serás chamado à Classroom para escreveres aí, a
computador, poema suscetível de ser apresentado no Concurso Correntes d’escritas.
Imprimirei a primeira versão do teu texto, corrigi-la-ei, a caneta. Depois, em
novo tepecê, reformularás o teu poema em função do que tenha eu marcado (e
nessa altura o descarregarás em outra tarefa). Depois se verá se vale a pena
enviarmos o texto ao concurso. A seguir ficam dois poemas (ou um poema e um
excerto) que venceram edições anteriores.
Não é fácil ter ideia do estilo de poesia que pode
vencer um concurso destes, talvez, para jovens até os dezoito, o mais
importante em Portugal (e premiado com mil euros). Aqui transcrevo o poema
vencedor da edição de 2009 e os primeiros versos do poema vencedor de 2013.
Como se vê, não são poemas rimados. Parecem seguir uma regra importante da boa
escrita: «escrever é cortar palavras». O poema que se transcreve na íntegra não
é muito grande, mas não recomendarei textos demasiado curtos.
Edição 2009 — “Geometria
das sombras”, de Tatiana Vanessa Fernandes Bessa (que concorreu com o
pseudónimo Ophelia Nery):
geometria das
sombras
largava os dias
lacrava-os
com lamparinas de sonhos
e largava-os
não via além
das tempestades
com que inundava
as estradas
cravava nas valetas
o cheiro
das estórias
com que embalava
o tic-tac
dos meus passos
largava os dias
mas na geometria das sombras
desenhaste-me um verso
e não mais larguei os dias
Ophelia Nery (= Tatiana
Bessa)
Edição 2013 —
“Inexistência Mental”, de Ana Matilde da Silva Gomes (que concorreu com o
pseudónimo Victória Montenegro) [só os primeiros versos, e não sei se estou a
transcrever bem a mudança de linha]:
Hoje
os meus dentes querem estar à mostra,
Misturar-se
com o branco alheio.
Passamos
tanto tempo a entrelaçar linhas
E a
procurar sentidos atrás da bruma,
Que
ver para lá do emaranhado sabe a café (com espuma)...
[...]
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