Aula 31-32
Aula 31-32 (7 [1.ª, 3.ª], 14 [5.ª], 15/nov [4.ª]) Correção de
redações de textos em prosa inspirados em poema de Paterson.
Pedro Mexia, «Paterson», Expresso. Revista, coluna ‘Fraco Consolo’, [...]:
Paterson é condutor de autocarros e poeta. Vive em Paterson,
um subúrbio de New Jersey. E tem em casa livros de William Carlos Williams,
entre os quais Paterson (1946-58), um
poema épico factual demótico, que se quer ao mesmo tempo um “orgulho local;
(...) uma confissão; (...) uma réplica ao grego e ao latim sem mais nada; uma multidão;
uma comemoração”.
O último filme de Jim Jarmusch, Paterson (2016), é uma investigação sobre o equilíbrio entre a
felicidade e a banalidade. Paterson, interpretado por Adam Driver, leva uma
vida estável mas espartana. Tem uma namorada giríssima mas um pouco enfadonha,
obcecada com determinados padrões, que usa indiscriminadamente em pinturas,
vestidos e decorações de bolos. Laura (a iraniana Golshifteh Farahani) é apesar
disso a “musa” do namorado, ou não tivesse, como nos lembram escusadamente, nome
igual ao da amada de Petrarca. Paterson escreve poemas para ela, “se são para
ti, são poemas de amor”, embora admita que não é insensível às outras mulheres.
Os poemas de Paterson, que vamos vendo no ecrã, são
despretensiosos, diretos, como os mais despretensiosos e diretos versos de Williams.
Poemas minimais, discretos, timidamente inventivos, que são na verdade da autoria
de um poeta não-ficcional, amigo de Jarmusch: Ron Padgett. Esses poemas obedecem
a uma máxima de Williams, “no ideas but in things”, tese que constituía uma
reação à poesia erudita e hermética de Eliot e Pound. O doutor Williams, talvez
por ser médico, gostava de coisas concretas, de pessoas concretas, queria toda
a invenção ancorada num presente verificável e gostava de fazer coincidir, como
escreveu um seu estudioso, “os materiais que suscitam a poesia e a poesia que
esses materiais suscitam”. É por isso que no Paterson de Jarmusch as coisas mostradas ou ouvidas, e os versos que
sobre elas se escrevem, são trivialmente poéticas: caixas de fósforos, copos de
cerveja, conversas sobre pugilistas e engates. Mas quando sugerem a Paterson que
a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que não, que não são
nada poéticas.
Como em todos os Jarmusch, ou quase todos, o ambiente de Paterson é depurado e modesto, o clima
casto e cool, as pessoas macambúzias
mas boas. Mas há uma estranha sensação de que toda a gente vive numa “ilha das
almas perdidas”, parafraseando o título de um clássico dos anos 30 que Jarmusch
cita. De acordo com as nossas possibilidades, veremos nesta história o copo
meio cheio ou meio vazio. O elogio da domesticidade não se distingue das tragicomédias
amorosas das personagens secundárias. A empatia humana confunde-se com a
uniformidade, de modo que aparecem gémeos em todo o lado. Os indivíduos são em
geral decentes, mas há quem avise que é melhor “não tentar mudar as coisas,
senão ainda as tornamos piores”. Escrever poesia é fundamental para Paterson,
mas ele não faz questão de que alguém leia os seus poemas, e até assistimos a
um episódio que lembra ironicamente a desculpa do cábula: “O cão comeu-me o
trabalho de casa.”
Cada um escolherá em Paterson
os seus momentos significativos. Lembro-me de três. Um é quando o condutor de
autocarros encontra uma rapariguinha de 10 anos que escreve poemas tão bons
como os dele, o que põe em causa a noção de talento ou a excecionalidade da
poesia. O segundo é a evocação de uma das estrelas de Paterson, New Jersey, o
comediante Lou Costello, sugerindo talvez que a vida deve ser levada à conta de slapstick. O último é o verso “preferias ser um peixe?”, de uma canção
de 1944. Uma canção que nos diz que um peixe não faz coisa alguma com a sua
vida, que vai apenas nadando ribeiro abaixo até que, um dia, é pescado. “But then if that sort of
life is what you wish / You may grow up to be a fish.”
Vai lendo o texto, de Pedro
Mexia, na folha já distribuída. Circunda a melhor alínea de cada
item. (Não consultes colegas, nem o manual nem outros papéis nossos.)
No primeiro parágrafo, chama-se a atenção
para coincidências que envolvem «Paterson»:
a) nome de cidade, nome de
poeta-motorista, título do filme, nome de outro poeta.
b) nome da cidade, título
do filme, nome de personagem, título de livro.
c) nome do realizador, título
do filme, nome do protagonista, nome da cidade.
d) nome da cidade, nome do
motorista, título do filme, nome de outro realizador.
William Carlos Williams é
a) o nome do motorista-poeta
protagonista de Paterson.
b) um molengão do Bétis
que, infelizmente, vai jogar por Portugal no Qatar (e, pior, com o «Cris»).
c) um poeta criado pelo
realizador de Paterson.
d) um escritor que viveu
em Paterson efetivamente.
Quando, no início do segundo parágrafo, se diz que o filme é
uma «investigação sobre o equilíbrio entre a felicidade e a banalidade», isso significa
que
a) é policial, investigando
o que passa entre as personagens.
b) é investigativo e banal.
c) se centra em personagens
com vidas simples e sem grandes angústias.
d) procura provar como
vivem as pessoas felizes.
«leva uma vida estável mas
espartana» deve querer dizer que Paterson
a) tem saúde controlada e
disciplinada.
b) vai, com estabilidade,
para o raio que o parta.
c) tem um dia a dia
repetitivo mas ambicioso.
d) vive sem grandes luxos.
Laura é
a) a «musa» de Paterson,
embora não tenha esse nome (que é, na verdade, o da musa de Petrarca).
b) a namorada e «musa» de Paterson
(por coincidência, com o mesmo nome da musa de Petrarca).
c) iraniana e «musa» de
Paterson.
d) a musa e namorada de
Adam Driver.
No terceiro parágrafo é esclarecida a
autoria dos poemas que vimos no filme. São de
a) Jim Jarmusch.
b) William Carlos
Williams.
c) Ron Padgett.
d) Eliot e Pound.
Diz-se depois que os
poemas do filme
a) prosificam assuntos
poéticos.
b) são eruditos e herméticos.
c) fazem coincidir poesia
e o que é concreto.
d) partem de temas abstratos.
No último período do
terceiro parágrafo («Mas quando sugerem a
Paterson que a sua cidade é poética, que a sua vida é poética, ele acha que
não, que não são nada poéticas»),
a) há
uma vírgula a mais depois de «não».
b) falta
vírgula após «Mas».
c)
falta vírgula após «Paterson».
d) não
há erros de pontuação.
No quarto parágrafo, logo na sua primeira
linha, em «em todos os Jarmusch», temos uma
a) perífrase.
b) metáfora.
c) metonímia.
d) ironia.
Neste quarto parágrafo, a
maioria das linhas destaca características típicas das obras do cineasta:
a) a preferência por
personagens marginais; a visão do amor enquanto tragicomédia.
b) o recurso a tipos
sociais diversificados, ora com bom ou mau feitio; o clima casto e cool.
c) a uniformidade; a
empatia humana; o facto de aparecerem gémeos em todo o lado.
d) o conformismo que as
personagens revelam; o não serem más pessoas.
Para Pedro Mexia, segundo
o que se depreende do último período do quarto parágrafo, o que Marvin fez ao
caderno de poemas
a) não iria, no fundo, contra
o que Paterson talvez desejasse intimamente.
b) estragou o trabalho de
casa de Paterson.
c) aborreceu Paterson,
como o perder de repente um trabalho feito irrita qualquer cábula.
d) mostra como a poesia é
fundamental.
Já no quinto, e aliás último, parágrafo,
Mexia confessa ter fixado sobretudo três momentos: o do encontro com a miúda
que escrevia poesia;
a) a referência a Lou Costello;
uma canção de 1944.
b) a passagem sobre uma das
celebridades da cidade, Lou Costello; um dado verso de uma canção.
c) a evocação do
comediante Lou Costello; a referência a um peixe.
d) New Jersey; 1944.
O verso «preferias ser um
peixe?» serve, no fundo, para contrapor duas maneiras de encarar a vida:
a) a das douradas
grelhadas e a das águias Vitórias.
b) a dos que procuram
vencer obstáculos e a dos que se conformam.
c) a dos que preferem
nadar e a dos que têm ambições.
d) a dos peixes e a dos
cães.
Este texto de Pedro Mexia
é
a) uma crónica que faz uma
apreciação crítica.
b) uma notícia que informa
sobre um filme.
c) uma descrição de uma
obra de cinema.
d) um relato, em prosa poética,
acerca de livro.
Se escrevêssemos a caneta
ou a lápis, ficaria:
a) «Paterson», de
Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme
«Paterson».
b) Paterson, de
Pedro Mexia, foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme «Paterson».
c) «Paterson», de Pedro Mexia,
foi publicado no «Expresso. Revista» e trata do filme Paterson.
d) «Paterson», de
Pedro Mexia, foi publicado no Expresso. Revista e trata do filme Paterson.
Na primeira linha do
primeiro parágrafo há
a) uma preposição e uma
contração (de preposição e artigo).
b) uma preposição.
c) duas preposições.
d) três preposições.
Se, em português europeu,
tivéssemos de pôr «O cão comeu-me o trabalho de casa» (que tem o pronome
em ênclise) na negativa ou no futuro, teríamos, respetivamente,
a) próclise; ênclise.
b) mesóclise; próclise.
c) ênclise; próclise.
d) próclise; mesóclise.
Na p. 57, em baixo, resolve o item 2 de Praticar:
a. _______________
b. _______________
c. _______________
d. _______________
e. _______________
f. _______________
g. _______________ + _______________
h. _______________ + _______________
i. _______________
j. _______________
k. ______________
l. _______________ + ________________
Primeiro beijo
(Rui Veloso /
Carlos Tê)
Recebi o teu bilhete
Para ir ter ao jardim
A tua caixa de segredos
Queres abri-la para mim
E tu não vais fraquejar
Ninguém vai saber de nada
Juro não me vou gabar
A minha boca é sagrada
Estar mesmo atrás de ti
Ver-te da minha carteira
Sei de cor o teu cabelo
Sei o shampoo a que cheira
Já não como, já não durmo
E eu caia se te minto
Haverá gente informada
Se é amor isto que eu sinto
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa
Promete lá outro encontro
Foi tão fugaz que nem deu
Para ver como era o fogo
Que a tua boca prometeu
Pensava que a tua língua
Sabia a flor do jasmim
Sabe a chicla de mentol
E eu gosto dela assim!
Quero o meu primeiro beijo
Não quero ficar impune
E dizer-te cara a cara
Muito mais é o que nos une
Que aquilo que nos separa!
Escreve um comentário em
que relaciones o cartoon da p. 64 (O primeiro beijo) e a letra da
canção «Primeiro beijo» com os géneros trovadorescos que te pareçam pertinentes
(cantigas de escárnio, cantigas de amigo, cantigas de amor).
Sugiro que distribuas o
teu texto por dois parágrafos (um, centrado no cartoon; o outro, na
canção).
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TPC — Se ainda não o fizeste, não esqueças de (i) responder
na Classroom à pergunta sobre livros a ler; (ii) trazer o Alfabeto Pessoal.
(Vai lendo os livros já combinados. Vai sempre arrumando folhas e revendo gramática.)
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