Thursday, September 08, 2022

Aulas (1-20)

Aula 1-2 (14 [4.ª], 16 [3.ª, 1.ª], 19/set [5.ª]) Começamos com informações sobre aspetos com utilidade para todo o ano (material; manual; sala; blogue; ver a Apresentação que ponho no final da aula).

Depois, preenchemos «folhas da caderneta» (com desenho de retrato-emblema). E seguem-se já as folhas que usámos com tarefas.

Ponho a seguir parágrafos acerca de alguns autores de que há textos, ou que são referidos, no manual. Lê as afirmações e assinala à esquerda de cada uma se são V(erdadeiras) ou F(alsas).

Terás de decidir por simples conjetura, em função do que aches verosímil. Não vale a pena ires à procura dos textos destes autores no livro. Centra-te apenas nos parágrafos que te dou.

A ordem é a inversa da cronologia: começa-se pelos mais recentes, até se chegar aos trovadores medievais, de que, em geral, se desconhece até a exata data de nascimento.

16. Bruno Nogueira (nascido em 1982) «subiu ao palco» pela primeira vez, no oitavo ano, no âmbito da disciplina de Português, numa apresentação sobre colegas e professores. Concluído o secundário, frequentou o Chapitô. Na última década, criou, entre outros, uma série com o nome de epopeia célebre, Odisseia; uma paródia aos «reality shows», Último a sair; e um programa improvisado com MEC, Fugiram de casa de seus pais.

15. Ricardo Araújo Pereira (1974) foi jornalista no Jornal de Letras, Artes & Ideias, é cronista no Expresso, dirige uma coleção de clássicos da literatura universal. Integra um governo sombra e tem dado aulas sobre escrita na Universidade Nova de Lisboa e em cursos por Zoom.

14. Gonçalo Cadilhe (1968), aos catorze anos, trabalhou numa farmácia a fim de juntar dinheiro para comprar uma prancha de surf; nunca mais quis saber dos estudos, mas acabou por se licenciar em Gestão. O primeiro emprego que teve foi gerir o tempo livre. Entretanto, já escreveu cerca de duas dezenas de livros de viagens.

13. José Tolentino de Mendonça (1965), poeta, teólogo, cronista no Expresso, dirige a Biblioteca do Vaticano, onde aliás se encontra um dos três cancioneiros que são testemunhos importantes da lírica trovadoresca. Apesar de calaça, Tolentino é cardeal e já há quem profetize que pode vir a ser o sucessor do Papa Francisco.

12. MEC é o acrónimo por que é conhecido o sociólogo, cronista, diretor de jornal, romancista, crítico musical, gastrónomo Miguel Esteves Cardoso (1955). Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Explicações de Português, O Amor é fodido, Com os copos, Em Portugal não se come mal, Como é linda a puta da vida.

11. Há cerca de cem anos, Fernando Pessoa (1888-1935) viveu na Avenida Gomes Pereira, a cerca de quinhentos metros da nossa escola. Por vezes, o poeta parava na rua e equilibrava-se numa perna com uma mão para a frente e outra para trás, para significar o bico e a cauda de um íbis, o que surpreendia quem passasse.

10. Não se sabe se Luís de Camões nasceu em 1524 ou em 1525; e também não é seguro se morreu em 1579 ou em 1580. É certo que perdeu o olho direito, mas também se discutiu muito se os seus ossos eram verdadeiros.

9. Gil Vicente (1465?-1536?), dramaturgo e ator, «artista de corte» (no fundo, uma espécie de encarregado das celebrações no paço), teria sido também, como figura num documento, «mestre da balança», o funcionário a quem incumbia controlar o peso do rei.

8. Em 1459, Fernão Lopes (c. 1380-c. 1460) venceu um litígio que o opunha a um neto, a quem negava a legitimidade e o direito de herdar os seus bens. Entretanto, não há certezas sobre se o cronista está representado nos célebres «Painéis de São Vicente».

7. D. Dinis (1261-1325), o Rei Poeta, casado com uma santa, a rainha D. Isabel, teve, pelo menos, sete filhos ilegítimos, todos de senhora diferente. A rainha D. Isabel também teve os seus filhos naturais (isto é, bastardos).

6. «Codax», apelido do jogral Martim Codax (séc. XIII), também aparece escrito «Codaz», não se sabendo ainda hoje a origem deste antropónimo (três hipóteses já defendidas quanto ao sentido de «Codax»: ‘com grandes cotovelos’; ‘cauda’; ‘obra de’).

5. João Garcia de Guilhade (XIII), trovador, criou cantigas a troçar do jogral Lourenço, que trabalhara antes na sua dependência e se achara mal remunerado. Quanto a Lourenço, apontava àquele de quem se emancipara insuficiências várias na arte poética.

4. O jogral João Zorro (XIII), de que se conhecem onze cantigas — «En Lixboa sobre lo mar» será a mais citada —, deve o seu apelido ao facto de costumar usar uma máscara idêntica à de Zorro, personagem criada em 1919 por Johnston McCulley.

3. Numa das suas cantigas de escárnio e maldizer, Pero Garcia Burgalês (XIII), dirigindo-se a Fernand’Escalho, lamentou que este jogral, por causa da sua desenfreada atividade sexual (hetero e homo), tivesse perdido a boa voz que chegara a ter.

2. Rui Queimado (XIII) foi ridicularizado por Pero Garcia Burgalês porque, para poder parecer bom trovador, estava disposto a morrer de amor nas suas cantigas (alegadamente, desde que pudesse ressuscitar pouco depois).

1. O trovador Pero da Ponte (XIII) — ou, talvez melhor, o segrel Pedro da Ponte (porque, na verdade, as suas atividades poéticas seriam remuneradas) — foi acusado por Afonso X de ser ladrão e assassino.

 

Correção comentada (cfr. Apresentação; os parágrafos errados são os três que estão copiados nos slides e com a parte falsa a azul) e escrutínio de quem errou menos (para efeitos de Prémio Tia Albertina).

 

 

Cria três parágrafos como os que fiz acerca dos escritores, mas sobre ti. Entre eles haverá pelo menos uma afirmação verdadeira. Independentemente da veracidade de cada parágrafo, espera-se que sejam referidos factos curiosos.

Assume que o objetivo seria dificultar a vida a quem tentasse distinguir relatos verdadeiros e falsos. Procura incluir pormenores, que servirão para dificultar o reconhecimento da factualidade dos trechos. O estilo deverá ser até um pouco mais elaborado do que o meu (enfim, menos seco do que o dos parágrafos mais curtos). Usa a 3.ª pessoa e o nome por que serás tratado nas aulas.

Ao lado de cada uma das três afirmações, põe V(erdadeira) ou F(alsa). Dentro de parênteses retos podes acrescentar algum esclarecimento que aches necessário. [Quem não esteve em aula pode, e deve, entregar-me esta tarefa logo que possa.]

1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Dá uma vista de olhos a https://gavetadenuvens.blogspot.com/, para perceberes onde ficam sumários, tepecês, aulas (estas só as transcrevo passados uns dias), etc. Com cores berrantes destacarei o mais urgente ou útil no imediato.

 

 

Aula 3-4 (19 [3.ª, 1.ª], 20/set [5.ª, 4.ª]) Sobre textos devolvidos (feitos na última aula); e ainda sobre aulas (cfr. Apresentação).

Esta folha trata de aspetos ligados às aulas de Português da tua turma ou à nossa escola em geral. Vai lendo as frases e preenchendo as palavras cruzadas.

Como é costume em palavras cruzadas, só ponho informação para o que ocupa pelo menos duas quadrículas. Nas linhas em que há mais do que uma palavra, as informações aparecem separadas por barras (||).



1. Antes de adotar o nome de um escritor nascido em 1900, e falecido às 14 horas do dia 8 de Fevereiro de 1985, a nossa escola chamava-se Escola Secundária de ______. || Em francês, para perguntarmos a idade a alguém, dizemos: «Quel ___ as-tu?».

2. Nos Lusíadas, o poeta _____ os feitos gloriosos dos portugueses (verbo «exaltar», na 3.ª pessoa do singular do Presente do Indicativo). || Abreviatura de «Senhor» (ao contrário).

3. Em Português não haverá aqueles testes (marcados antecipadamente, feitos numa aula inteira, etc.) que farás na maioria ___ outras disciplinas. «Então como é que seremos avaliados?», perguntam. Serão avaliados por tudo o que forem fazendo. || Um século antes de Jesus nascer, as moedas não tinham gravado «Séc. I ___».

4. Farei que as aulas terminem sempre à hora certa; mas, se der o ____ para a saída (que aliás não há) e estivermos ainda a falar ou a terminar algum trabalho, peço-lhes que não arrumem logo as coisas à pressa. || Abreviatura de «Senhor», em inglês.

5. A aula é uma ___ altura para mascar pastilha elástica. || Para Fernando Pessoa (aliás, para o heterónimo Alberto Caeiro), «O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o ___ que corre pela minha aldeia». || A sala da ___ (sigla) da escola fica no bloco C; no mesmo piso, ao fundo, tens a biblioteca (também é possível levar livros para casa, por, salvo erro, períodos de cinco dias).

6. Aqui vai um exemplo de ____ ouvido na televisão: queixava-se Luís Filipe Vieira, quando ainda era presidente do Benfica, de que «os super-sumos já queriam arranjar novos jogadores» (a palavra correta é «suprassumo»). || Abreviatura de «televisão».

7. A ele recorremos quando ignoramos o significado de uma palavra (em casa, tenta ter um à mão).

8. Interjeição que exprime medo ou dor, mas não é «ai».

9. Há palavras variáveis e palavras invariáveis: «palavras», «variáveis» e «invariáveis» são ______ variáveis (mas, por exemplo, «e» é uma palavra invariável). || A partir de agora, devem trazer sempre o manual Letr__ em dia (cada um o seu, não um por carteira!); e nada de chegar à sala e dizerem que ainda têm de o ir buscar ao cacifo.

10. Infinitivo do verbo «Asilar». || Nas aulas vão sobretudo fazer tarefas para treino da leitura e da escrita, já que é ___ o principal objetivo da disciplina de Português.

A. Antónimo de «mal». || É importante que tragam sempre algumas folhas onde escrevam o que eu lhes peça, e que essas folhas possam ficar no dossiê ou serem-___ entregues; queria também que trouxessem sempre caneta, lápis, borracha. || Interjeição que significa ‘para cima’.

B. Nuno Markl, __-aluno da ESJGF, escreveu o argumento da série 1986, que se passa, em boa parte, aqui na escola e cujo enredo se inspira na experiência de Markl como aluno da então Secundária de Benfica. || Provavelmente, não te deitas a horas ____.

C. «O Epaminondas não tem jeito nenhum para o críquete: é um _____» (vegetal). || Aqui fica uma homenagem à falecida Isabel II: li há tempos A leitora incomum, de Alan Bennett, que cria uma ficção engraçada que trata do gosto de ler e da rainha, com que ___ algumas vezes. || E outra homenagem a escritor falecido a semana passada, Javier Marías, talvez o mais importante autor espanhol da atualidade: o seu primeiro livro que __ foi Vidas escritas, pequenas biografias sobre escritores a partir de retratos de cada um.

D. Na __UL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) têm surgido ideias interessantes acerca do que deve ser a universidade. || No sul de França, antigamente, falava-‑se a «língua d’__». || Muitas palavras que herdámos da presença dos árabes na península começam por esta sílaba.

E. Pronome pessoal inglês. || O tipo de aulas que faremos permite que, ao mesmo tempo que se treina a leitura e a escrita, eu ___ verificando o vosso aproveitamento.

F. Tudo o que fores fazendo em aula ficará guardado no teu dossiê (ou no teu ____), que escusas de trazer sempre. || Abreviatura de estação de rádio (que até está agora instalada relativamente perto da área da nossa escola).

G. Episódio trágico (na sequência de naufrágio) narrado nos Lusíadas é o de Manuel de Sousa Sepúlveda, cuja mulher, Leonor de Sá, preferiu enterrar-se no solo a ser vista ___.

H. A nossa _______ tem o nome de um poeta que foi também excelente prosador (as suas crónicas, memórias, diários são bem agradáveis, embora seja mais referido como autor das Aventuras de João Sem Medo). || Não faremos sumários, nem abriremos lições; porém, ___ quiseres consultar sumários, aulas, apresentações usadas, etc.,  vê o blogue Gaveta de Nuvens (o título é o de um livro de José Gomes Ferreira).

J. Há muitas _______. Se já tens alguma em casa, aproveita-a, que virá a ser útil. Se não tens, as sínteses no final do manual, bem como algumas reproduções de páginas de gramática que estão em Gaveta de Nuvens, serão decerto suficientes.

L. Quando ______ na aula de Língua Portuguesa, devo usar folhas com margens, porque o excelso professor que as vai ler pode querer aí corrigir alguma coisa. || ___ já completaste as palavras cruzadas, repara no desenho de Bernardo Marques, em que José Gomes Ferreira está no canto superior direito, a fumar.



Provavelmente, já conheces a repartição dos textos literários em (A) lírico; (B) dramático; (C) narrativo. Esta arrumação não fica muito longe da de Busto (Bruno Aleixo) — poesia; teatro; prosa —, que parece demasiado centrada no contraste entre versos e prosa.

Em termos de Modos literários, porém, devemos considerar: (A) lírico; (B) dramático; (C) narrativo.

Classifica os seguintes excertos quanto ao modo literário. (Relanceia a página em que estão, apenas para teres ideia dos textos em que se inserem os fragmentos.) Não ligues, para já, à coluna mais à direita.

Trecho

Autor

Modo

 

Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E ai Deus, se verrá cedo! [p. 28]

 

 

 

O Page do Meestre, que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila segundo já era percebido, começou d’ir rijamente a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo altas vozes, braadando pela rua: / — Matom o Meestre! Matom o Meestre nos Paaços da Rainha! Acorree ao Meestre que matam! [p. 81]

 

 

 

Mãe — Toda tu estás aquela. / Choram-te os filhos por pão? // Inês — Prouvesse a Deos que já é razão / de eu não estar tão singela. [p. 123]

 

 

 

Um mover d’olhos, brando e piadoso, / sem ver de quê; um sorriso brando e honesto, / quási forçado; um doce e humilde gesto, / de qualquer alegria duvidoso; [p. 196]

 

 

 

O recado que trazem é de amigos, / Mas debaxo o veneno vem coberto, / Que os pensamentos eram de inimigos, / Segundo foi o engano descoberto. [p. 262]

 

 

 

Alugo um barco para alcançar Tidore, a ilha em frente neste tabuleiro de xadrez recheado de peças que é o mapa das Molucas. Atravesso um braço de mar da largura do Tejo, nada mais, e já estou do lado de lá. [p. 289]

 

 

 

 

Géneros dentro de cada modo literário

[modo narrativo:]

epopeia, romance, novela, conto, …

[modo dramático:]

tragédia, comédia, farsa, ...

[modo lírico:]

soneto, ode, canção, écloga, …

 

Os três textos que criarás podem ser fragmentos de um texto maior (como se só estivesse na página um recorte do texto completo). O tema será o mesmo nos três fragmentos. [No slide, explicarei o resto.]

Tema comum: _________.

 

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TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê umas páginas que copiei de uma gramática sobre ‘Modos literários’ (o link ficará realçado a cor berrante). Conclui a redação que iniciaste agora e trá-la na próxima aula.

 

 

Aula 5-6 (21 [4.ª], 23 [3.ª, 1.ª], 26/set [5.ª]) Sequências do manual e calendário. Aspetos da citação na p. 18: como citaríamos os últimos quatro versos na p. 262? (cfr. Apresentação).

Tipologia textual

Cada tipo de texto (ou protótipo textual) define-se por um determinado grupo de características, podendo algumas destas características ser constantes e outras variáveis. [...] A maior parte dos textos é constituída por numerosas sequências, as quais poderão atualizar diferentes tipos textuais. De facto, num mesmo texto costumam ocorrer sequências de diferentes tipos (por exemplo, num texto narrativo é habitual surgirem sequências de tipo descritivo e sequências de tipo conversacional).

Existem múltiplas formas de atualização do tipo textual narrativo: contos, fábulas, histórias, parábolas, reportagens, notícias e relatos de experiências pessoais. O texto narrativo centra-se na ação, no relato dos acontecimentos.

As sequências textuais que atualizam o tipo textual descritivo são construídas em torno de um dado objeto, acerca do qual se predicam diversos atributos. Os textos descritivos são uma exposição de diversos aspetos que configuram o objeto sobre o qual incide a descrição. Tudo pode ser objeto de descrição, mas as descrições mais frequentes incidem sobre pessoas e personagens (quer traços físicos quer atributos psicológicos), espaços e situações atmosféricas.

O objetivo central dos textos/discursos que atualizam o tipo textual argumentativo consiste em justificar ou refutar opiniões. As sequências textuais e os textos de tipo argumentativo são frequentes nas interações verbais do nosso dia-a-dia: na propaganda política, nos debates televisivos sobre questões polémicas e mesmo em situações informais de interação sobre aspetos práticos.

Estão associados ao tipo textual expositivo (também já se usou explicativo) os textos em que se apresentam análises e sínteses de representações conceptuais. Podemos encontrar este protótipo textual nos manuais das disciplinas científicas, em que se passa constantemente da exposição — sucessão de informações com o objetivo de dar a conhecer algo — à explicação — com o intuito de fazer compreender o «porquê» do problema e a sua resolução. Já agora: também as presentes definições de protótipos textuais se enquadram no protótipo expositivo.

Os textos que atualizam o tipo de texto instrucional (ou diretivo, ou também injuntivo) têm subjacente o objetivo de controlar o comportamento dos seus destinatários. Este protótipo textual é atualizado numa grande diversidade de textos, desde enunciados simples (como «Proibido tirar fotografias») até às regras de utilização de um software. Todas as instruções (receitas de culinária, instruções de montagem, etc.) se incluem neste protótipo.

O tipo de texto conversacional, também designado «dialogal», é atualizado em textos produzidos por, pelo menos, dois interlocutores que tomam a palavra à vez. Este tipo textual manifesta-se, por exemplo, nas interações orais quotidianas, nas conversas telefónicas, nos debates e nas entrevistas.

O tipo textual preditivo informa sobre o futuro. Manifesta-se em boletins meteorológicos, horóscopos, profecias.

Dados os seguintes fragmentos, tenta identificar de que tipo de texto se trata:

1             Naquela noite o vento uivava, vadio. Os galhos dos castanheiros rumorejavam, nervosos, batidos pelo vendaval e pelos cocós de cão...

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

2            Quando falamos de «tipos de texto», tentamos sistematizar, arrumar, organizar nuns poucos «gavetões» semânticos produtos discursivos que, apesar de em número infinito, apresentam características comuns que aproximam alguns deles entre si.

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

3             — Como se chama este cão?

— Cocó.

— Essa é boa! A um cão não se chama «Cocó»!

— Então?

— Um cão é «Ringo», «Faísca», «Rex», «Hermenegildo».

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

4            Crianças: devem tomar um comprimido, três vezes ao dia, antes das principais refeições. Adultos: dois comprimidos, três vezes ao dia, antes do principal cocó.

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

5             Se a é igual a 1 e b é igual a 1, então a é igual a ⅞ de 2 + 74 ÷ 5 × 24 cocós de cão.

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

6            A boneca tem feições de marfim; pálidas, lisas, de veludo; e os seus cabelos são ondas de ouro, descendo, levemente, sobre os ombros...

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

 

7             Fará bom tempo em toda a Península. Aguaceiros, porém, na zona de Benfica; e trovoada, com queda de blocos enormes de granizo, sobre a ESJGF, mormente na sala D9.

O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ______.

[exercício de: Álvaro Gomes, Gramática pedagógica e cultural da língua portuguesa, 2006; definições adaptadas de glossário da TLEBS; cocós, granizo e Hermenegildos meus]

 

Veremos cinco sketches da série Barbosa. Poderíamos considerar que todos exemplificam o tipo textual conversacional, já que mostram personagens em diálogo. Porém, abstraindo-nos dessa moldura geral, é possível descobrir em cada cena o protótipo, ou os protótipos, mais presentes.

Sketch

Tipo textual

«Matarruanos dão indicações»

 

«Sobrevivente de desastre»

[considerando a situação de entrevista]

 

[fala do sobrevivente]

 

«Funcionário que bolsa»

[discurso do «chefe»]

 

«Bom dia, boa tarde»

 

«Javard Air»

[observações dos passageiros até se sentarem]

 

[intervenções do comandante-comissário]

 

Escreve, no máximo, sete curtos trechos que, supostamente, pertenceriam a textos maiores e são agora apresentados como se se tratasse de fragmentos de livros resgatados por sorte — pequenos pedaços de folhas encontrados no lixo.

Esses fragmentos pertencerão a tipos textuais diferentes. Idealmente, haveria no final sete desses recortes, mas admito que não chegues a percorrer os sete tipos e fiquemos só com uns quatro ou cinco, dependendo do tempo que consigamos ter.

Haverá um tema agregador, comum a todos os fragmentos: ________.

[tipo ______]

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[tipo ______]

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[tipo ______]

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[tipo ______]

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TPC — Relanceia o capítulo de gramática sobre ‘Tipos textuais’ que vai ficar realçado em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 7-8 (26 [1.ª, 3.ª], 27/set [4.ª, 5.ª]) Correção de redações com os três modos literários.

Vai lendo o texto de José Tolentino de Mendonça na p. 12 e resolvendo logo os itens (não vale a pena leres primeiro todo o texto, demorarias demasiado).

Circunda a melhor alínea de cada item.

Usa lápis ou caneta (mas, se usares lápis, não é preciso passar a tinta no final).

 

linha 1 — O primeiro período do texto («Estamos, diz-se, a chegar ao fim da era do livro») exprime uma ideia

a) com que o autor concorda.

b) relativamente à qual, percebemo-lo, o autor se distancia.

c) que o autor rejeita de imediato.

d) indiscutível.

 

«era do livro» (l. 1) quer dizer:

a) época em que o livro é relevante.

b) hera (‘espécie de planta’) do livro.

c) idade livre.

d) tempo de vida útil de um livro.

 

linhas 1-10 — Segundo o cronista (José Tolentino de Mendonça),

a) é uma bênção que os livros vão desaparecendo.

b) George Steiner tem razão ainda hoje.

c) os livros deixaram de existir de um dia para o outro.

d) é verdade que os livros deixaram de ser a meta essencial da nossa civilização.

 

linhas 10-14 — Visa-se sobretudo vincar

a) que o e-book tem vindo a destronar o livro.

b) a irrelevância da tecnologia na comunicação humana.

c) que diversos recursos com ecrãs formatam o nosso dia a dia.

d) que a frequência das leituras em ecrã não é mais significativa que as de livros.

 

linhas 16-19 — Nestas quatro linhas diz-se que

a) os analfabetos são biliões.

b) o texto linguístico não esgota a comunicação em ecrã.

c) na comunicação em ecrã são mais importantes os emoticons com cocó.

d) as mensagens que o ecrã nos transmite são sobretudo discursivas.

 

linhas 20-22 — Neste período, o que se diz é que devemos falar

a) na decadência do livro, já que é o seu suporte, e não o livro propriamente dito, que está em mudança.

b) em mudança da maneira de aceder ao livro mas não no seu declínio.

c) em transformação do livro, na medida em que o ecrã passou a desempenhar as suas funções.

d) crepúsculo do livro, porque o pôr do sol é, afinal, o melhor momento para a leitura.

 

linhas 22-25 — Estas linhas defendem o seguinte:

a) antes de termos livros, havia textos gravados em tábuas de chocolate e em rótulos de garrafas de vinho bem bom.

b) o livro, em sentido lato, tem uma história que inclui textos gravados em pedras, em tábuas de argila, em rótulos e, agora, em ecrãs.

c) com o ecrã vai-se inaugurar uma nova história, terminada a fase do livro — que sucedeu às épocas dos textos gravados em pedras, das tábuas em argila, dos rótulos.

d) a história do livro é imparável, tal como a decadente carreira de Cristiano Ronaldo.

 

linhas 25-28 — Estes três períodos centram-se no reconhecimento da forma

a) das bicicletas.

b) das facas, das colheres e das bicicletas.

c) do livro lido em ecrã.

d) do livro em papel.

 

linhas 29-35 — Defende-se que há

a) condições para ler o livro que são comuns à leitura em qualquer suporte.

b) que mudar as exigências que se punham à leitura, uma vez que esta também mudou.

c) certas exigências da leitura que convém preservar.

d) que guardar a memória desta fase da humanidade, quando o livro dá lugar ao ecrã.

 

linhas 36-37 — O antepenúltimo período do texto («Protejamos o património cultural que os livros representam») é um bom exemplo do tipo textual

a) narrativo.

b) preditivo.

c) conversacional.

d) instrucional.

 

«Eles são mapas para decifrar de onde viemos» (ll. 36-37) significa que os livros

a) são autoestradas para o conhecimento.

b) têm sempre marcas do local onde foram redigidos.

c) permitem-nos ver o caminho entre a Rua Paulo Renato e a Rua Professor Sebastião e Silva.

d) ajudam-nos a perceber a nossa história.

 

«[Os livros] são mapas para decifrar de onde viemos. Mas são também telescópios e sondas apontadas ao futuro» (ll. 36-37). Estas identificações de livros com mapas, telescópios, sondas constituem

a) ironias.

b) metáforas.

c) comparações.

d) hipérboles.

 

Referência — Segundo o que vimos na última aula, a referência bibliográfica no final do texto

a) deveria ter «Louvor do livro» em itálico.

b) deveria ter «Ler», que é o título da revista, entre aspas e sem itálico.

c) está bem feita (mas há vírgula a mais depois de «2020» e umas aspas a mais).

d) deveria ter «Louvor do livro» sublinhado e sem aspas.

 

Autor — Na primeira aula de português deste 10.º ano disse-lhes que José Tolentino de Mendonça

a) era, na verdade, um calaça, isto é, um preguiçoso.

b) era Calaça, de nome.

c) tinha por nome familiar «Tolentas».

d) fora padre na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica.

 

Na primeira aula de português disse-lhes que José Tolentino de Mendonça era

a) bispo de um jogo de xadrez.

b) papa.

c) cardeal.

d) bispo.

 

Texto em geral — Neste discurso de José Tolentino de Mendonça predominam os tipos

a) narrativo e descritivo.

b) preditivo e conversacional.

c) instrucional e narrativo.

d) expositivo e argumentativo.

 

 

Recursos expressivos

A tabela integra as figuras de estilo referidas no sketch «Jesus ensaia figuras de estilo» (série Barbosa) e em «Que figura de estilo está Manuela Ferreira Leite a usar?» (série Carlos). Quase todas estão também definidas nas pp. 351-352 do nosso manual.

Completa as definições. Deixei ficar três figuras de estilo que não surgem nos sketches. Para cada um desses casos — enumeração, antítese, apóstrofe —, tenta criar tu um exemplo, que registarás na coluna do meio (consulta as definições no manual, lê as abonações aí dadas para esses recursos expressivos, mas não te limites a copiá-las: inventa tu os exemplos — idealmente, verdadeiramente expressivos).

Figura

Exemplo (nos sketches ou a criares agora)

Definição simplificada

Figuras de sintaxe

Anáfora

«Deus é grande; Deus é pai; Deus é amor; Deus castiga; Deus abençoa; Deus é...»

Repetição de palavra ou expressão no ______ de versos ou frases.

Elipse

[Não há propriamente elipse; mas, por brincadeira, no sketch assume-se que o silêncio de Manuela Ferreira Leite é uma elipse.]

Omissão de uma palavra que se subentende facilmente.

Enumeração

 

Apresentação sucessiva de elementos (em princípio, da mesma classe gramatical).

Hipérbato

(cfr. Anástrofe)

«Eu a salvação trago para vós, que pecados cometeis; porém, não para os néscios que os mandamentos de Deus não respeitam. Comigo vinde.»

Alteração da ______ mais habitual das palavras.

Figuras fónicas

Aliteração

«Deus destapa o demónio e dá a doce dádiva do dom divino aos diabéticos da Dalmácia que se depilam junto ao desumidificador, enquanto se divertem com dados. E diz um Dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dô, papagaio voa.»

________ de sons ___________ semelhantes.

Onomatopeia

«Eu caminho sobre as águas — chlap-chlap-chlap — e, nisto, passa uma manada de búfalos — catapum, catapum, catapum —, os pecadores choram — chuífe, chuífe.»

Sugestão da imagem auditiva de um objeto por meio de um conjunto de _____.

(É um termo mais usado no domínio da etimologia.)

Figuras de semântica ou de pensamento

Alegoria

[Parábolas na Bíblia.]

Expressão de noções ______ através de um episódio concreto.

Antítese

 

 

 

Combinação de dois elementos ou ideias opostos.

Apóstrofe

 

 

 

Interpelação a alguém ou a alguma coisa.

Eufemismo

[«Seis meses», por ‘sessenta anos’.]

Transmissão de uma ideia de forma _______ (menos desagradável).

Hipálage

«Não pode ser a comunicação social a selecionar as notícias que transmite [...]» (no sketch assume-se como hipálage o facto de a «comunicação social» não ser a verdadeira entidade responsável, o que não constituirá exatamente uma hipálage).

Transferência para um dado objeto da qualidade que se quer atribuir a outrem.

Hipérbole

«Os pecadores serão castigados e arderão em montanhas de labaredas e milhões de abutres, dos grandes, virão debicar a carne putrefacta dos pecadores, à bruta.»

Expressão ______.

Ironia

«O Diabo é muit[a] porreiro. Confiai no Diabo, confiai, que ides por bom caminho. Não rezeis que não é preciso.»

Uso de palavras com significado ______ daquele que se quer inculcar.

Metáfora

«Montanhas de labaredas.»

Designação de objeto por palavras de outra _____ lexical (permitindo associação por analogia).

Metonímia

«Só está a contribuir para o combate ao desemprego na Ucrânia e em Cabo Verde.»

Designação de uma realidade apenas por uma sua ____.

Perífrase

[Uso de uma expressão longa que corresponderia afinal a um simples «façam o que eu digo»]

Dizer por muitas _____ o que poderia ser dito em ____.

Completa este acróstico para livro (vê como já fiz para a terceira linha):

L — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

I — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

VViagem. Ao ler, conhecemos outros tempos, outros espaços, outras maneiras de pensar.

R — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Lê, em Gaveta de Nuvens, o que já fui escrevendo sobre ‘Leitura de livros (aka Projeto de leitura)’.

 

 

Aula 9-10 (28 [4.ª], 30/set [3.ª, 1.ª], 3/out [5.ª]) Correção do questionário sobre «Louvor do livro» (ver Apresentação).

Começa por ler o texto A da p. 22 do manual e resolver o ponto 1. Depois, passa ao texto aqui em baixo, do músico Kalaf Epalanga:

Novos trovadores

Sou da poesia declamada em voz alta. Tinha quinze anos quando me iniciei na arte de escrever versos, aprendiz de poeta, nos corredores da escola, com outros cúmplices interessados no jogo de fazer rimar todas as palavras do dicionário e que, mais tarde, dediquei em forma de coro à menina que, no fim das aulas, me dava a alegria de a acompanhar até ao portão de casa. Num esforço para não se rir da minha figura, ouvia com aparente entusiasmo os poemas que eu lhe segredava num só fôlego, com a voz trémula, com o receio de que se aborrecesse e, no meio da estrofe, desaparecesse, fugindo para dentro de casa, levando na canção verde o meu coração aos pulos.

Aquelas tardes de poesia junto ao portão arrastaram-se por longos e penosos meses, numa paixão não correspondida que expurgou de mim os mais sentidos versos de súplica e de devoção que, até então, nunca julgara ser capaz de escrever. E, quando me vi sem argumentos, fui beber inspiração nos poetas de outras épocas. E tal como os jograis ou segréis do século XII, cantei poesias alheias. Só me faltava mesmo um grupo de soldadeiras para me acompanharem com suas danças e cantares que animaram tantos serões nas cortes portuguesas do antigamente.

Entre os meus cúmplices, daqueles que se dedicavam aos jogos de rimas nos corredores, havia quem, ao contrário de mim, preferisse partilhar com o grupo as suas experiências com as raparigas do liceu, dando voz aos sentimentos de paixão e dor que julgavam que estas sentiam em relação a eles. Mas, dependendo do talento ou capacidade de exagero do trovador de serviço, não precisei de muito para me convencer de que aquela era a mais romântica das gerações que passaram pelo liceu, de tão belos e diversos que eram os versos que partilhávamos uns com os outros. Alguns troncos de árvore ainda guardam vestígios daqueles anos de descoberta abençoados pela espontaneidade e simplicidade que nos dias de hoje vemos refletidas nas canções pop da rádio.

Todos gostamos de ouvir uma história bem contada, e a poesia sempre foi tida como o veículo mais imediato para partilhar sentimentos, sejam nossos ou daqueles que estão à nossa volta. E nos dias de hoje, a par do lirismo representado pelas cantigas de amigo e de amor refletidas na canção popular, não podemos deixar de assinalar que o herdeiro direto das cantigas de escárnio e maldizer é «provavelmente» o rap, que, lado a lado com a vertente de crítica social, transporta a mesma perversidade das cantigas de maldizer. O deboche e a troça da pessoa ou ações de determinado indivíduo são características comuns, tal como a ironia e o duplo sentido das palavras usadas para satirizar o objeto-alvo.

Depois de teres lido «Novos trovadores» (que retirei de: Célia Cameira, Fernanda Palma & Rui Palma, Mensagens, Português, 10.º ano, Lisboa, Texto, 2015, p. 23), de Kalaf Epalanga — do antigo grupo Buraka Som Sistema —, completa este texto-síntese:

Nos três primeiros parágrafos, o narrador usa um estilo autobiográfico, recordando os tempos em que procurava usar a poesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (o que lhe sugere uma analogia com os trovadores e jograis medievais). No último parágrafo é menos memorialístico, estabelecendo agora comparações entre a música atual e as cantigas trovadorescas: o lirismo das cantigas de amigo e de amor encontrar-se-ia também nas  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . contemporâneas; a crítica social e a sátira típicas das cantigas de escárnio e maldizer teriam paralelo no  . . . . . . . . .

Repara nesta série de dez palavras, que criei a partir da palavra «Kalaf».

Kalaf

Buraca

David

Michelangelo

«Os Delfins»

Cascais

Marcelo

vichyssoise

termas

jatos

Kalaf lembra Buraca (porque integrou os Buraka Som Sistema); Buraca lembra David (por causa do conhecido restaurante «O David da Buraca»); David lembra Michelangelo (o artista renascentista autor da célebre escultura David); Michelangelo lembra Os Delfins (já que o vocalista deste grupo musical era homónimo do escultor italiano); Os Delfins sugere Cascais (porque a mais repetida canção da banda era «A Baía de Cascais»); Cascais pode associar-se a Marcelo (porque aí vive o atual Presidente da República); Marcelo fez-me recordar vichyssoise (uma sopa francesa que ficou ligada a um episódio contado acerca de Marcelo Rebelo de Sousa e que mostraria como é inventivo); vichyssoise levou-me até termas (porque Vichy, a cidade francesa que entra na formação do nome da sopa, é uma estância termal); de termas passei a jatos (por causa dos tratamentos com esguichos de água apontados aos pacientes, que não sei se se usam ainda, mas parecem castiços e serão, provavelmente, ineficazes).

Faz tu uma série assim, mas a partir de «Música». Vê se há relação entre a primeira e a segunda palavras, entre a segunda e a terceira, etc., mas, ao mesmo tempo, tenta afastar-te cada vez mais do motivo inicial (é que não se trata de arranjar palavras todas da mesma área lexical!). Depois escreve uma outra série — também começada por «Música» — que venha a ter como décimo elemento a mesma palavra que iniciou a lista.

Música

_________

_________

_________

_________

_________

_________

_________

_________

_________

 

Música

_________

_________

_________

_________

_________

_________

_________

_________

Música

Acrescenta ao texto um parágrafo que se inserisse entre o segundo (o que termina com «antigamente.») e o atual terceiro parágrafo (o que começa com «Entre os»; e que passaria a ser o quarto).

O novo parágrafo deverá ter cerca de cem palavras (ou seja, tamanho aproximado do dos outros parágrafos de «Novos trovadores»), entre as quais, obrigatoriamente, estas [recolhidas nas séries ouvidas]: ______; ______; ______; ______; ______; ______. A ordem é irrelevante.

Deves procurar que a crónica se mantenha verosímil e adotar registo linguístico semelhante ao do resto do texto de Kalaf Epalanga. O ideal é que as seis palavras em causa, que sublinharás, não sejam sentidas como estranhas. (São interditas espertices do tipo «e fulano decidiu riscar as palavras tal, tal, tal, tal, tal e tal».)

 

animaram tantos serões nas cortes portuguesas do antigamente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Entre os meus cúmplices, daqueles que se dedicavam aos jogos de rimas nos corredores,

 

Se terminares cedo, lê os textos B e C das pp. 22-23.

TPC — Lê a parte de contextualização histórico-literária da poesia trovadoresca, nas pp. 22-24/5 do manual.

 

 

Aula 11-12 (3 [1.ª, 3.ª], 4/out [4.ª, 5.ª]) Devolução e correção de fragmentos com cada tipo textual (ver Apresentação).

Repara na seguinte ligeira atualização do português da cantiga de amigo «Ondas do mar de Vigo» (p. 28), de Martim Codax. Evitei trocar as palavras cujo sentido se percebe, mesmo quando um pouco diferente do moderno.

Tendo em conta a estrutura do poema, bastante repetitiva, conseguirás adivinhar os versos que faltam nas estrofes 2, 3, 4. Copia-os nesse estilo adaptado ao português atual.

Ondas do mar de Vigo,

[dizei-me] se vistes o meu amigo.

E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?

 

Ondas do mar levado,

[dizei-me] se vistes o meu amado.

_______________________

 

_______________________

aquele por quem suspiro.

_______________________

 

_______________________

aquele por quem tenho grande cuidado.

E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?

Se já lançaste os versos em falta, põe uma destas etiquetas à esquerda de cada um dos doze versos da cantiga (usa só a inicial):

Apóstrofe (que identifica o «confidente» da rapariga);

Reencontro com o namorado (impaciência da rapariga pelo...);

Preocupação pelo namorado (rapariga mostra...);

Saudade do namorado (rapariga assume ter...);

Inquietação (rapariga exprime desconhecimento do paradeiro do namorado e revela...).

Tenta resolver os itens de gramática na p. 29 (já vão respondidos 1.1 e 3):

1.1 Na frase «A donzela perguntou às ondas se tinham visto a sua prancha de surf», a palavra «se» é {escolhe} A (conjunção subordinativa completiva)| B | C | D.

1.2 Em «Ondas do mar de Vigo, vistes o meu amigo?», o sujeito é {escolhe} A | B | C | D.

2 Em «Ondas do mar levado, / se vistes meu amado» substitui o complemento direto por um pronome pessoal: _________

3 a) modificador apositivo do nome; b) modificador restritivo do nome; c) predicativo do sujeito; d) complemento indireto; e) sujeito; f) complemento direto.

«Dicionário Português-Manuelmachadês» (da série Diz que é uma espécie de magazine) caricatura a linguagem de alguém do meio desportivo. O tipo de discurso designado como «manuelmachadês» caracteriza-se pela complexificação da sintaxe e do léxico, por pretensiosismo do enunciador. Essa exibição de linguagem empolada acaba por prejudicar a clareza da mensagem.

Quais são os recursos expressivos (as _____ de estilo) usados por Manuel Machado e que resultam no tal estilo complicativo? Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases (circunlóquios; isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito em poucas). Vendo mais de perto, essas perífrases resultam de:

(1) troca de palavras/expressões por outras suas sinónimas mas de registo mais cuidado (nestes casos, pode surgir uma ou outra expressão com origem em metáfora);

(2) troca de palavras/expressões por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas, por eufemismo (evitando ‘ferir suscetibilidades’).

{Completa a tabela, registando 1 ou 2 na coluna da direita.}

 

sentido denotativo

manuelmachadês

recurso

como ganhámos, fizemos bem em jogar assim

a pontuação obtida, de alguma maneira, ratifica as opções tomadas

 

corrigiu os erros

retificou alguns procedimentos que tinha denunciado como deficitários

 

uma estratégia atacante

uma estratégia que não pressupunha uma metodologia muito defensiva

 

fim do jogo

parte terminal do encontro

 

últimos lugares do campeonato

lugares da parte terminal da tabela

 

o árbitro decidiu mal

o critério disciplinar foi extremamente agudo

 

não digo que o árbitro seja desonesto

nada do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus direitos, tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo

 

tentar não perder o jogo

obstar a que o Porto leve os pontos em disputa

 

Na última fala — «este tipo que andou no meio do terreno não presta» —, o inesperado é Machado não ter recorrido a um ________ que adocicasse a crítica ao árbitro.

Compara o seguinte poema de Adília Lopes, poetisa nascida em 1960, com a cantiga de amigo de Martim Codax (p. 28).

 

Nas ondas

do mar de Vigo

tomo banho

com o meu amigo

Vigo, 15-31 de agosto de 1993

Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 355

 

Não te preocupes com os aspetos formais da cantiga e da quadra. Contrasta sobretudo circunstâncias, atitudes, sentimentos. No teu comentário podem surgir, entre muitas outras, as seguintes palavras:

sujeito (lírico, poético), cantiga de amigo, quadra (ou quarteto), poema, saudade, preocupação, angústia, concretização, namorado, confidente, mar, ausente, presente]

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

[Solução possível:

A atitude do sujeito no poema de Adília Lopes é mais de realização amorosa do que de saudade, preocupação ou angústia. Enquanto na cantiga de amigo medieval o namorado está ausente (e é esse mesmo o verdadeiro motivo dos apelos do eu), no poema do século XX está presente e aliás numa situação que parece ser contemporânea da enunciação. Quanto ao mar, que é confidente («Ondas do mar de Vigo») mas também causa da ansiedade (está subentendido que o amigo é um mareante) em Codax, na quadra da poetisa serve de espaço do encontro dos dois amantes.]

Lê o poema «Pedro de Santarém», também de Adília Lopes (que foi aluna da Pedro há exatos cinquenta anos). Escreve à direita um poema no mesmo estilo. Haverá:

Título com nome de uma escola (que o «eu» do texto tivesse frequentado);

Apóstrofes dirigidas ao próprio enunciador («Querida rapariga primitiva que eu sou»; «Minha querida rapariga»);

Quase nenhuma pontuação;

Versos pequenos e sem rima.

 

Pedro de Santarém   _______

Querida                             ________
rapariga                            ________
primitiva                           ________
que eu sou                         ________
fui                                       ________
e hei de ser                       ________

Minha                                ________
querida                              ________
rapariga                            ________
para ti                                ________
os girassóis                       ________
são giros                            ________
e giram                              ________

e é o amor                         ________
que move                           ________
o Sol                                   ________
que move                           ________
o girassol                           ________

E                                          ________
é o girassol                        ________
que move                           ________
o Sol                                   ________

Querida                             ________
rapariga                            ________
imperativa:                       ________
gira, Sol                             ________
gira, girassol                    ________

E                                          ________
Deus                                   ________
é                                          ________
o girassol                           ________

Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 511

TPC Em Gaveta de Nuvens lê entrevista com Adília Lopes, por colegas de há década e meia. Podes também experimentar ouvir algumas versões musicais de «Ondas do mar de Vigo». E é útil ires lendo os textos expositivos no manual sobre a lírica trovadoresca.

 

 

Aula 13-14 (7 [1.ª, 3.ª], 10 [5.ª], 11/out [4.ª]) Correção de tarefas que se devolviam; menção de Annie Ernaux, recém-laureada com o Nobel da Literatura.

Tendo ouvido «Pica do Sete», lê a cantiga de amigo na p. 26 e completa:

Título

___________

«Pica do Sete»

Autor

Martim de Ginzo

___________

Intérprete

___________

António Zambujo

Sujeito (eu da poesia)

rapariga

___________

Confidente

___________

[não há]

Atividade do namorado (ou putativo namorado)

___________

revisor («pica»)

Onde vai, ou costuma estar, o namorado

guerra («ferido», «fossado»)

___________

Estado de espírito do sujeito

preocupada com o namorado («coitada»)

___________ («com pica»)

Contactos do namorado com o sujeito

____________ («mandado»)

oblitera o bilhete

Pica do Sete

De manhã cedinho eu salto do ninho e vou para a paragem
De bandolete à espera do sete mas não pela viagem
Eu bem que não queria mas um certo dia vi-o passar
E o meu peito cético por um pica de elétrico voltou a sonhar
A cada repique que soa do clique daquele alicate
Num modo frenético o peito cético toca a rebate
Se o trem descarrila o povo refila e eu fico num sino
Pois um mero trajeto no meu caso concreto é já o destino
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã mais nada me dá

A pica que o pica do sete me dá
Que triste fadário e que itinerário tão infeliz
Cruzar meu horário com o de um funcionário de um trem da Carris
Se eu lhe perguntasse se tem livre passe para o peito de alguém
Vá-se lá saber talvez eu lhe oblitere o peito também
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã mais nada me dá

A pica que o pica do sete me dá
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã mais nada me dá

A pica que o pica do sete me dá
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

(letra e música de Miguel Araújo; interpretação de António Zambujo)

Copiei o verbete para «pica1» de um dicionário online. Nesse dicionário há outros verbetes também para «pica», mas que já não são a mesma palavra (havia também «pica2» = ‘pega’, do lat. pica, -ae; «pica3» = unidade de medida tipográfica, do lat. med. pica; e nem estamos a contar com formas do verbo «picar»). São palavras homónimas.

No verbete em baixo, trata-se apenas da palavra «pica1» (derivada não afixal do verbo «picar»), ainda que com doze aceções (ou seja, sentidos) diferentes. Essas doze aceções constituem o campo semântico da palavra.

Que aceções de «pica1» aproveitava a letra da canção? As dos números ___ e ___.

Em que outras aceções já tinhas usado a palavra. (Provavelmente, a número ___. Por favor, evita dizer que costumas usar a palavra nas aceções 9 e 10, porque são do calão ou remetem para um contexto pouco recomendável. Mesmo a aceção 11 não é muito elegante num registo formal.)

pica 1 (derivação regressiva de picar)

               nome feminino

1. [Antigo] Tipo de lança. = PIQUE

2. [Náutica] Cada uma das peças delgadas que entram na construção da proa e da popa.

3. [Portugal, Informal] Injeção.

4. [Portugal: Trás-os-Montes] Ato de picar ou sachar o milho.

5. [Portugal: Trás-os-Montes] Sacho que se emprega nesse serviço.

6. [Ictiologia] Designação comum a vários peixes teleósteos da família dos ciprinídeos, de água doce, muito comuns em Portugal. = ESCALHO, ESCALO, ROBALINHO

7. [Ictiologia] Peixe teleósteo (Atherina presbyter), da família dos aterinídeos, de corpo alongado e cor cinzenta, com uma banda prateada longitudinal dos lados, comum nas regiões costeiras europeias do Atlântico. = PEIXE-REI

8. [Gíria] Camisola de .

9. [Brasil, Calão] Órgão sexual masculino. = PÉNIS

10. [Portugal, Informal] Cigarro de haxixe ou marijuana. = CHARRO

11. [Portugal, Informal] Entusiasmo, vigor, vontade (ex.: assim não pica; estão cheios de pica para treinar).

               nome de dois géneros

12. [Portugal, Informal] Pessoa que verifica a validade de bilhetes em transportes coletivos (ex.: o pica pediu o bilhete). = COBRADOR, REVISOR

«pica», Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021 [consultado em 05-10-2022]

Se te despachares, completa a cantiga de amigo «Per ribeira do rio» (na p. 31), de João Zorro, tendo em conta o esquema que está na p. 30.

1             a) ___________________

b) ___________________

c) ___________________

d) ___________________

e) ___________________

f) ___________________

Continua, em prosa, os dois textos cujo início te dou, que não têm de se concluir (prefiro que a ação não evolua demasiado repentinamente). Como perceberás, um dos textos adota a perspetiva da rapariga; o outro, a do revisor. Mas não têm de aproveitar ambos o mesmo episódio. Podem ser independentes.

(Abstrai-te do clip, que já era uma recriação da canção. Considera só a letra da canção, mas sobretudo as frases dadas por que começarão os teus textos.)

Daquela vez, resolvi sair só na última paragem. Já só éramos três passageiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Mais um dia que nem sei adjetivar. Fui destacado, de novo, para a carreira 7. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Vê esta correção da ficha 1 do Caderno de Atividades (sobre uma cantiga de amigo).

 

 

Aula 15-16 (10 [1.ª, 3.ª], 11 [5.ª], 12/out [4.ª]) Correções acerca do poema ao estilo de «Pedro de Santarém» (cfr. Apresentação).

 

Reportando-te à cantiga de amigo de D. Dinis «Ai flores, ai flores do verde pino» (p. 32), escolhe a melhor alínea de cada item:

O assunto da cantiga é:

a) a donzela, ansiosa e zangada, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansiedade, e pergunta a Deus se sabe do paradeiro do amigo.

b) a donzela, ansiosa com o PSG-Benfica, dialoga com as flores do pinheiro, perguntando-lhes se sabem se o Deus Messi vai jogar.

c) a donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansiedade e perguntando-lhes se o amigo virá são e vivo.

d) a donzela dialoga com as flores do pinheiro, perguntando-lhes se têm feito os tepecês como Deus lhes recomendou tanto.

 

A cantiga é divisível em duas partes:

a) na primeira (estrofes 1-6), fala a donzela; na segunda (7-8), responde um cocó de cão.

b) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), respondem as «flores do verde pino».

c) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde Deus.

d) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde o amigo.

 

As flores do pinheiro («flores do verde pino»)

a) aludem ao problemas dos fogos que, já então, devastavam o centro do país.

b) são metáfora para cotoveladas de Coates («pino», porque alto; «verde», porque do Sporting).

c) são metonímia do amigo da rapariga (porque este construíra uma casa numa árvore).

d) funcionam como confidente da rapariga (o que implicará o recurso à personificação).

 

No contexto da cantiga, as flores

a) simbolizam o regresso da primavera (tempo do amor), que coincidirá com o do amigo.

b) representam a natureza e a defesa dos recursos naturais já perfilhada por D. Dinis, grande fã de Greta Thunberg.

c) reportam-se às rosas que D. Isabel de Aragão levava no regaço.

d) referem alergias tão comuns no início do «tempo da frol».

Relanceia de novo «Ai flores, ai flores do verde pino». Tendo em conta a estrutura paralelística das cantigas (cfr. pp. 30-31), acrescenta à composição de D. Dinis mais quatro estrofes (também se diz coblas), que seriam, portanto, as estrofes 9 a 12.

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Em «Apóstolo que corrige Jesus» (série Lopes da Silva) [vimos em aula, mas não está disponível no YouTube], o protagonista, Jesus, engana-se frequentemente nas formas verbais (algumas delas resultam de a personagem pretender usar formas que parecessem antigas).

Completa o quadro.

Frase proferida (com erro).

Forma verbal corrigida

Tempo da forma corrigida

Ainda bem que chegásteis.

 

Perfeito do Indicativo

Lembreis-vos ou não?

Lembrais-vos

 

Estades com fome?

 

Presente do Indicativo

Se vós pudesses aguentar a larica...

 

Imperfeito do Conjuntivo

Sedes pessoas para vir comigo?

Éreis

 

Idem caçar.

 

Imperativo

Comai a seguir.

 

 

Senteis-vos bem?

 

 

Não me agradeceis a mim.

 

Imperativo

Sabedes onde se come por aqui?

 

 

 

Chico Buarque, «Olhos nos olhos», Meus caros amigos, 1976:

Quando você me deixou, meu bem,

Me disse p’ra ser feliz e passar bem,

Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,

Mas depois, como era de costume, obedeci.

 

Quando você me quiser rever,

Já vai me encontrar refeita, pode crer;

Olhos nos olhos, quero ver o que você faz,

Ao sentir que, sem você, eu passo bem demais,

 

E que venho até remoçando,

Me pego cantando

Sem mais nem por quê;

E tantas águas rolaram

Quantos homens me amaram

Bem mais e melhor que você.

 

Quando talvez precisar de mim,

Cê sabe que a casa é sempre sua, venha, sim;

Olhos nos olhos, quero ver o que você diz,

Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Escreve comentário em torno de semelhanças e diferenças entre esta letra de Chico Buarque e o que temos vindo a ler nas cantigas de amigo estudadas. (Será ao estilo do comentário que fizemos a propósito do contraste entre «Ondas do mar de Vigo», de Codax, e «Nas ondas», de Adília Lopes.)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A propósito de ironia e antítese:

TPC — Dá um relance ao glossário com termos da lírica trovadoresca que copiei do Caderno de atividades e afixei em Gaveta de Nuvens. Aceita o convite para Classroom que deverás receber, ou ter recebido, entretanto.

 

 

Aula 17-18 (14 [1.ª, 3.ª], 17 [5.ª], 18/out [4.ª]) Explicação sobre correção de escritos que se entregavam.

Na p. 34, o texto ensaístico «A cantiga de amigo: a confidência amorosa e a relação amorosa» sintetiza o que já vimos nestas últimas aulas acerca de cantigas de amigo. Vai lendo o texto e completando as lacunas com as doze palavras que te são dadas:

a) _________________

b) _________________

c) _________________

d) _________________

e) _________________

f) _________________

g) _________________

h) _________________

i) _________________

j) _________________

k) _________________

l) _________________

A seguinte cantiga de amigo de D. Dinis foi transcrita nos cancioneiros com uma estrofe a menos (repara que só aparecem a seguir sete tercetos — ou sete dísticos e o respetivo refrão —, quando se esperaria número par de estrofes). Porém, podemos deduzir onde se situaria a estrofe em falta e reconstituí-la, graças ao paralelismo típico das cantigas.

Tenta (i) perceber qual é o ponto em que falta uma estrofe; e (ii) reconstruir essa estrofe em falta (talvez à direita da zona em que a devêssemos inserir).

Mia madre velida,

vou-m’a la bailia

               do amor.

 

Mia madre loada,

vou-m’a la bailada

               do amor.

 

Vou-m’a la bailia

que fazem em vila,

               do amor.

 

Que fazem em vila

do que eu bem queria

               do amor.

 

Que fazem em casa

do que eu muit’amava

               do amor.

 

Do que eu bem queria;

chamar-m’am garrida

               do amor.

 

Do que eu muit’amava;

chamar-m’am perjurada

               do amor.

velida = ‘bela’ || bailia = ‘baile’ || loado = ‘louvado’ || garrida = ‘alegre’ || perjurado = ‘falso’

Em «Castigadores da parvoíce» (série Meireles), uma das atitudes parvas castigadas é a má flexão de certas formas verbais. As formas que surgem mal conjugadas são da ____ pessoa do ____ do ________ dos verbos «chegar», «vir», «dizer», «fazer», «baldar-se». As personagens dizem, por exemplo, «ouvistes» (em vez de «ouviste»).

As formas em -stes («ouvistes», etc.) até podem ser corretas, se corresponderem à __ pessoa do _____, que usaríamos se tratássemos alguém por «vós». Nos textos medievais que estamos a ler, a terminação -stes corresponde, é claro, a esta segunda pessoa do plural, a forma de tratamento então usada com interlocutores plurais (e também para com um só indivíduo com estatuto especialmente elevado).

Flexiona: «Eu cheguei; tu ______; ele _____; nós _____ [com acento, para distinguir do Presente]; vós ______; eles ______.».

«Às Vezes (Escuto e Observo Erros de Português)» (D.A.M.A. / Vasco Palmeirim): 

Às vezes oiço cada coisa e não fico ok
Às vezes leio em português que não está bem
Ninguém faz de propósito, eu sei
Mas acontece tantas vezes — ai Jesus, minha mãe!

Sei que às vezes eu pareço zangado
Mas isto faz-me ficar preocupado
Não quero ver a nossa língua neste estado
O português anda a ser tão maltratado
Quando há faltas para amarelo entradas de pé em riste
Gente que em vez de «estiveste» pergunta «onde é que tu estives-te?»
Às vezes é deixar o hífen bem sossegado
E não pôr a vírgula entre o sujeito e o predicado
Eu não sou perfeito, não sou uma Edite Estrela
Mas sei que não se pede uma «sande de mortandela»
Passam horas, dias, choro: fico muito triste
Quando «houveram novidades», porque isso não existe
São raros os casos de plural do verbo «haver»
E são muitos os que compram um automóvel num «stander»
E isto não são histórias tipo «era uma vez»
Isto é o que se passa com o nosso português

Refrão

Se eu tivesse poderes, homens e mulheres não diziam «quaisqueres»

Eu sei que é difícil distinguir o «à» do «há»

Para onde é o acento? Qual deles leva o «h»? Oh mãe!
E acredita rapaz — que toda a gente é capaz
De não escrever um «z» na palavra «ananás»
E era maravilha — ver «você» sem cedilha
E que ninguém dissesse «há muitos anos atrás»
Aquilo que eu quero como tu muito bem vês
Sendo bem sincero quero bom português
E tenho a certeza que toda a gente consegue
Se até JJ sabe dizer Lopetegui

Refrão

«Há-des» — isto assim não está bem

«Salchicha» — isto assim não está bem
«Devia de haver» — isto assim não está bem
E dizer «tu fizestes» também não está bem!

Refrão

Completa:

Erro

Forma corrigida

Explicação do processo que leva ao erro. [Conselho.]

estives-te

 

______

Toma-se como pronome o que é parte da forma verbal. [Saber flexão dos verbos; experimentar substituir falso pronome.]

pôr vírgula entre o sujeito e o predicado

não pôr vírgula entre o sujeito e o predicado

Na oralidade, por vezes, fazemos essa pausa. [Ter em conta que a _______ depende sobretudo da análise da sintaxe, não é mera equivalência da entoação.]

sande de mortandela

sandes (ou sanduíche)

Derivação não afixal ainda não aceite — «sande» seria um singular de «sandes» (e «sandes» já é uma acomodação popular do ______ «sanduíche»).

_______

Nasalização indevida (talvez por assimilação ao m- inicial).

houveram novidades

houve novidades

O complemento direto «novidades» é interpretado como ______. [Recordar que o verbo haver é impessoal.]

stander

_____ [no pg. do Brasil: estande]

Acomodação ao português de um empréstimo, assumindo-
-se ser o final do étimo semelhante ao de outros anglicismos.

quaisqueres

quaisquer

Fez-se plural das duas palavras-base, esquecendo-se que uma delas («quer») é uma forma ______.

á

à

Esquece-se que o acento usado na contração a + a é grave. [Recordar as poucas palavras com este acento: à, às, àquele(s), àquela(s), ______, àqueloutro(s), àqueloutra(s).]

à cinco anos

há cinco anos

Confunde-se o «há» destas expressões com a contração de ______ e determinante. [Perceber que há sentido de ‘existência’ («haver»), embora de tempo.]

ananaz

______

Faz-se erro de ortografia advertível apenas por memória.

voçê

você

Esquece-se que ci e ce nunca levam ______. [Ao contrário de -ça, -ço, -çu — que se opõem a ca, co, cuce e ci contrastam com que, qui.]

há muitos anos atrás

há muitos anos

Faz-se um pleonasmo: «atrás» repete o que já está _______ em «há».

há-des

______

Faz-se analogia com outras pessoas do verbo e dos verbos em geral (a 2.ª pessoa costuma terminar em -s). [Recordar que «de» é uma preposição.]

salchicha

salsicha

Assimila-se som da penúltima sílaba ao da última ______.

deve de haver

______

Usa-se regência errada.

fizestes

fizeste

Faz-se analogia com o que é habitual na 2.ª pessoa dos outros tempos verbais (terminar em -s), o que é favorecido por já não se usar a 2.ª pessoa do plural (que é efetivamente em -tes). [Conhecer o pretérito ______.]

Alguns constrangimentos para se criar uma cantiga de amigo

1.ª estrofe

1.º verso — Vocativo a um confidente (natureza; alguém, mas não o amado; um objeto); última palavra em I

2.º verso — A rapariga exprime um sentimento ou relata uma ação; última palavra terá rima em I

3.º verso — Refrão (ter em conta que se repetirá nas estrofes todas)

2.ª estrofe

1.º verso e 2.º verso — Muito próximos dos da 1.ª estrofe (mas com última palavra com A)

3.º verso — Refrão

3.ª estrofe

1.º verso — Igual ao segundo da 1.ª estrofe

2.º verso — Ter em conta que última palavra rimará em I

3.º verso — Refrão

4.ª estrofe

1.º verso — Igual ao segundo da 2.ª estrofe

2.º verso — Muito próximo do da estrofe anterior (mas última palavra com tema em A)

3.º verso — Refrão

5.ª estrofe

1.º verso — Igual ao segundo da 3.ª estrofe

2.º verso — Ter em conta que última palavra rimará em I

3.º verso — Refrão

6.ª estrofe

1.º verso — Igual ao segundo da 4.ª estrofe

2.º verso — Muito próximo do da estrofe anterior (mas última palavra com tema em A)

3.º verso — Refrão

 

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Aula 19-20 (17 [1.ª, 3.ª], 18 [5.ª], 21/out [4.ª]) Correções de trabalhos entregues. Sobre critérios específicos de avaliação em Português (cfr. Apresentação).

Depois de termos visto o clip da canção «Vayorken», circunda as alíneas corretas:

1. O nome por que tratavam a futura cantora (que adotaria o nome artístico «Capicua») era

a) «Ana».

b) «Ana Isabel».

c) «Ana Só».

d) «Jane».

 

2. Quando fosse crescida, queria

a) viajar pelo mundo.

b) lecionar windsurf.

c) vestir-se de rosa e vermelho.

d) ir aVayorken.

 

3. Os dois músicos que refere são

a) Sérgio Godinho e Jorge Palma.

b) Zeca Afonso e Pedro Abrunhosa.

c) Zeca Afonso e Sérgio Godinho.

d) Jorge Palma e Pedro Abrunhosa.

 

4. Em criança, considera que tinha

a) mau feitio, todavia era bem comportada.

b) mau feitio e era mal comportada.

c) bom feitio e era bem comportada.

d) bom feitio, contudo era mal comportada.

 

5. O tema desta canção é

a) o gosto por viajar.

b) a caracterização atual da cantora.

c) o sonho de menina da artista.

d) a memória da infância.

 

6. Provavelmente, o nome «Vayorken» aparece desta forma porque

a) ainda não sabia geografia.

b) ainda não sabia pronunciar corretamente as palavras.

c) era como os seus pais diziam.

d) era como tinha ouvido dizer.

 

7. A forma «Vayorken» corresponde à cidade de

a) Newark.

b) Nova Jérsia.

c) Nova Orleães.

d) Nova Iorque.

O quadro seguinte resume os Processos fonológicos (também chamados, por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos). Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português e do latim ao português). Tem o manual aberto nas pp. 56-57, que se ocupam também desta matéria.

Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras atuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.

* = forma incorreta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. = português || ingl. = inglês || étimo latino

de

para

houve

que podemos descrever assim

pílula

*pírula

dissimilação

evita-se a semelhança que havia entre dois sons. Neste caso particular, um dos sons [l] passou a ___.

fizeram-lo (arc.)

fizeram-__

______

ao contrário do que acontece na dissimilação, na assimilação um som aproxima-se das características dum som vizinho. Por exemplo, o pronome (lo) passa a ligar-se ao verbo por uma consoante nasal (n), porque assim se assemelha ao som nasal da última sílaba do verbo.

______

*câmbria

metátese

houve a transposição do i da primeira sílaba para a segunda (há uma metátese quando um som muda o seu lugar dentro da palavra).

crudu

cruu (arc.)

______

síncope é a perda de um som a meio da palavra. Neste caso, uma consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-, desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que aliás, depois, ainda evoluiria para «cru»).

cruu (arc.)

cru

crase

a crase é a contração de vogais num único som.

a + a; a + as

à; às

______

a contração da preposição «a» com o _____ definido «a» e «as» é a crase mais frequente.

tio

*tiu

sinérese

tal como a crase, a sinérese também contrai duas ____, só que tornando as duas vogais num ditongo (neste caso: i-o > iu).

sic

si (arc.)

_______

apócope é a perda de um som ou sílaba finais. No exemplo, a palavra latina «sic» veio a dar «si» (que, depois, evoluiu para sim).

Alandroal

*Landroal

aférese

aférese é a perda dos sons do _____ de uma palavra.

você

_______

esta pronúncia pode acontecer no Brasil.

portanto

*ptanto

_______

o autarca que ouvimos não pronunciava um som a meio da palavra.

precisamente

*samente

_______

o médico que ouvimos omitia o início do advérbio.

_______

*iguinorante

epêntese

a epêntese é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste caso, a vogal inserida, i, desfez um grupo que não é natural no português, gn, criando uma sequência mais conforme ao nosso padrão (estas epênteses são comuns no Brasil).

pneu

*peneu

_______

de novo um grupo de consoantes demasiado erudito (-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal (em Portugal, produzimos um e; os brasileiros podem inserir um i [*pineu]).

_______

*céquisso (no pg. do Brasil)

epêntese

aqui o par de consoantes desfeito foi o que existia escondido na letra <x>, os sons ks.

sport (ingl.)

esporte

_______

o desenvolvimento de um som no início da palavra é uma prótese. Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos empréstimos começados por s- seguido de consoante (snob > esnobe), enquanto em Portugal é mais comum a manutenção da sequência estrangeira (snob).

mora

amora 

_______

a palavra portuguesa que descendeu da palavra latina _____ tem um som inicial que não havia no seu étimo.

alguidar

*alguidare

_______

a paragoge é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum na pronúncia alentejana.

estar

*_______

_______

a não ser em situações formais, raramente dizemos a primeira sílaba das formas do verbo «estar» (na escrita temos de ter cuidado!).

ski (ingl.)

esqui

_______

na adaptação do anglicismo ao português acrescentou-se um som no _____ da palavra.

________

*segundária

sonorização

este erro, que vejo em redações, comprova a tendência para, em certos contextos, as consoantes surdas passarem a sonoras.

Completa esta cábula do que estivemos a ver (podem ser úteis as pp. 56-57):

Processos fonológicos

inserção (acrescentamento de sons)

no princípio:      _________

no meio:             _________

no final:              _________

supressão (eliminação de sons)

no princípio:      _________

no meio:             _________

no final:              _________

alteração [e transposição] (mudança [e troca de lugar] de sons)

aproximação, em termos de semelhança, a um som vizinho: _______

diferenciação relativamente a um som vizinho: ________

contração de duas vogais numa só: _________

contração de duas vogais num ditongo: ________

passagem de uma consoante surda a sonora: ________

evolução para um som palatal: palatalização

transformação de uma consoante em vogal: vocalização

enfraquecimento de uma vogal em posição átona: redução vocálica

passagem de um som para outro ponto da palavra: _______

Ouviremos quatro trechos de bandas sonoras de filmes. Depois de ouvida cada música (durante cerca de dois minutos), terás mais uns três minutos para escrever poucas frases (em prosa — de qualquer género, incluindo prosa poética) que a música te inspire.

Não é dizer «inspira-me isto e aqueloutro», «lembra-me assim ou assado». É escrever o texto inspirado pela música. Por exemplo, a primeira música inspirou-me isto:

1

Viajara ainda de noite. Atravessara o rio já raiava a manhã. Não esperou nem mais um segundo, havia que chegar rápido ao acampamento. Pararia apenas já a cem metros da tenda em que funcionava o quartel-general.

Foi então que verificou mais uma vez se levava a carta. E se a tivesse perdido? Mas logo a sentira, aconchegada no bolso esquerdo.

— Diga ao Marechal que cheguei.

2

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3

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4

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TPC — Em Gaveta de Nuvens, vê ‘Processos fonológicos’ (com uma abordagem mais interessante do que a do manual, na p. 304, que também podes ler).

 

 

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