Aulas (1-20)
Aula 1-2 (14
[4.ª], 16 [3.ª, 1.ª], 19/set [5.ª]) Começamos com informações sobre aspetos com utilidade para todo o ano
(material; manual; sala; blogue; ver a Apresentação que ponho no final da aula).
Depois, preenchemos «folhas da caderneta» (com
desenho de retrato-emblema). E seguem-se já as folhas que usámos com tarefas.
Ponho a
seguir parágrafos acerca de alguns autores de que há textos, ou que são
referidos, no manual. Lê as afirmações e assinala à esquerda de cada uma se são
V(erdadeiras) ou F(alsas).
Terás de decidir por
simples conjetura, em função do que aches verosímil. Não vale a pena ires à
procura dos textos destes autores no livro. Centra-te apenas nos parágrafos que
te dou.
A ordem é a inversa da
cronologia: começa-se pelos mais recentes, até se chegar aos trovadores
medievais, de que, em geral, se desconhece até a exata data de nascimento.
16. Bruno Nogueira (nascido em 1982) «subiu
ao palco» pela primeira vez, no oitavo ano, no âmbito da disciplina de Português,
numa apresentação sobre colegas e professores. Concluído o secundário,
frequentou o Chapitô. Na última década, criou, entre outros, uma série com o
nome de epopeia célebre, Odisseia; uma paródia aos «reality shows», Último
a sair; e um programa improvisado com MEC, Fugiram de casa de seus pais.
15. Ricardo Araújo Pereira (1974) foi jornalista
no Jornal de Letras, Artes & Ideias,
é cronista no Expresso, dirige uma coleção de clássicos da literatura
universal. Integra um governo sombra e tem dado aulas sobre escrita na
Universidade Nova de Lisboa e em cursos por Zoom.
14. Gonçalo Cadilhe (1968), aos catorze anos,
trabalhou numa farmácia a fim de juntar dinheiro para comprar uma prancha de
surf; nunca mais quis saber dos estudos, mas acabou por se licenciar em Gestão.
O primeiro emprego que teve foi gerir o tempo livre. Entretanto, já escreveu cerca
de duas dezenas de livros de viagens.
13.
José Tolentino de Mendonça (1965), poeta, teólogo, cronista no Expresso, dirige
a Biblioteca do Vaticano, onde aliás se encontra um dos três cancioneiros que
são testemunhos importantes da lírica trovadoresca. Apesar de calaça, Tolentino
é cardeal e já há quem profetize que pode vir a ser o sucessor do Papa
Francisco.
12.
MEC é o
acrónimo por que é conhecido o sociólogo, cronista, diretor de jornal,
romancista, crítico musical, gastrónomo Miguel
Esteves Cardoso (1955). Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Explicações de Português, O
Amor é fodido, Com os copos, Em Portugal não se come mal, Como é linda a puta da vida.
11. Há cerca de cem anos, Fernando Pessoa (1888-1935) viveu na
Avenida Gomes Pereira, a cerca de quinhentos metros da nossa escola. Por vezes,
o poeta parava na rua e equilibrava-se numa perna com uma mão para a frente e
outra para trás, para significar o bico e a cauda de um íbis, o que surpreendia
quem passasse.
10. Não se sabe se Luís de Camões nasceu em 1524 ou em
1525; e também não é seguro se morreu em 1579 ou em 1580. É certo que perdeu o
olho direito, mas também se discutiu muito se os seus ossos eram verdadeiros.
9. Gil Vicente (1465?-1536?), dramaturgo e ator, «artista de
corte» (no fundo, uma espécie de encarregado das celebrações no paço), teria
sido também, como figura num documento, «mestre da balança», o funcionário a quem
incumbia controlar o peso do rei.
8. Em 1459, Fernão Lopes (c. 1380-c. 1460) venceu um
litígio que o opunha a um neto, a quem negava a legitimidade e o direito de
herdar os seus bens. Entretanto, não há certezas sobre se o cronista está
representado nos célebres «Painéis de São Vicente».
7. D. Dinis (1261-1325), o Rei Poeta, casado com uma santa, a
rainha D. Isabel, teve, pelo menos, sete filhos ilegítimos, todos de senhora
diferente. A rainha D. Isabel também teve os seus filhos naturais (isto é, bastardos).
6.
«Codax»,
apelido do jogral Martim Codax
(séc. XIII), também aparece escrito «Codaz», não se sabendo ainda hoje a origem
deste antropónimo (três hipóteses já defendidas quanto ao sentido de «Codax»: ‘com
grandes cotovelos’; ‘cauda’; ‘obra de’).
5. João Garcia de Guilhade (XIII), trovador, criou cantigas a
troçar do jogral Lourenço, que trabalhara antes na sua dependência e se achara
mal remunerado. Quanto a Lourenço, apontava àquele de quem se emancipara
insuficiências várias na arte poética.
4. O jogral João Zorro (XIII), de que se conhecem
onze cantigas — «En Lixboa sobre lo mar» será a mais citada —, deve o seu apelido
ao facto de costumar usar uma máscara idêntica à de Zorro, personagem criada em
1919 por Johnston McCulley.
3. Numa das suas cantigas
de escárnio e maldizer, Pero Garcia
Burgalês (XIII), dirigindo-se a Fernand’Escalho, lamentou que este
jogral, por causa da sua desenfreada atividade sexual (hetero e homo), tivesse
perdido a boa voz que chegara a ter.
2. Rui Queimado (XIII) foi ridicularizado por Pero Garcia
Burgalês porque, para poder parecer bom trovador, estava disposto a morrer de
amor nas suas cantigas (alegadamente, desde que pudesse ressuscitar pouco depois).
1. O trovador Pero da Ponte (XIII) — ou, talvez
melhor, o segrel Pedro da Ponte (porque, na verdade, as suas atividades
poéticas seriam remuneradas) — foi acusado por Afonso X de ser ladrão e assassino.
Correção comentada (cfr. Apresentação; os
parágrafos errados são os três que estão copiados nos slides e com a parte
falsa a azul) e escrutínio de quem errou menos (para efeitos de Prémio Tia
Albertina).
Cria três parágrafos como
os que fiz acerca dos escritores, mas sobre ti. Entre eles haverá pelo menos
uma afirmação verdadeira. Independentemente da veracidade de cada parágrafo, espera-se
que sejam referidos factos curiosos.
Assume que o objetivo seria dificultar
a vida a quem tentasse distinguir relatos verdadeiros e falsos. Procura incluir
pormenores, que servirão para dificultar o reconhecimento da factualidade dos
trechos. O estilo deverá ser até um pouco mais elaborado do que o meu (enfim,
menos seco do que o dos parágrafos mais curtos). Usa a 3.ª pessoa e o nome por
que serás tratado nas aulas.
Ao lado de cada uma das
três afirmações, põe V(erdadeira) ou
F(alsa). Dentro de parênteses retos
podes acrescentar algum esclarecimento que aches necessário. [Quem não esteve em aula pode, e
deve, entregar-me esta tarefa logo que possa.]
1.
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2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC —
Dá uma vista de olhos a https://gavetadenuvens.blogspot.com/, para
perceberes onde ficam sumários, tepecês, aulas (estas só as transcrevo passados
uns dias), etc. Com cores berrantes destacarei o mais urgente ou útil no
imediato.
Aula 3-4 (19 [3.ª, 1.ª], 20/set [5.ª, 4.ª]) Sobre textos devolvidos (feitos na última aula); e ainda sobre aulas (cfr. Apresentação).
Esta folha trata de aspetos
ligados às aulas de Português da tua turma ou à nossa escola em geral. Vai
lendo as frases e preenchendo as palavras cruzadas.
Como é costume em palavras cruzadas, só ponho
informação para o que ocupa pelo menos duas quadrículas. Nas linhas em que há
mais do que uma palavra, as informações aparecem separadas por barras (||).
1.
Antes de adotar o nome de um escritor nascido em 1900, e falecido às 14 horas
do dia 8 de Fevereiro de 1985, a nossa escola chamava-se Escola Secundária de
______. || Em francês, para perguntarmos a idade a alguém, dizemos: «Quel ___
as-tu?».
2.
Nos Lusíadas, o poeta _____ os feitos gloriosos dos portugueses (verbo «exaltar»,
na 3.ª pessoa do singular do Presente do Indicativo). || Abreviatura de «Senhor»
(ao contrário).
3.
Em Português não haverá aqueles testes (marcados antecipadamente, feitos numa
aula inteira, etc.) que farás na maioria ___ outras disciplinas. «Então como é
que seremos avaliados?», perguntam. Serão avaliados por tudo o que forem
fazendo. || Um século antes de Jesus nascer, as moedas não tinham gravado «Séc.
I ___».
4.
Farei que as aulas terminem sempre à hora certa; mas, se der o ____ para a
saída (que aliás não há) e estivermos ainda a falar ou a terminar algum
trabalho, peço-lhes que não arrumem logo as coisas à pressa. || Abreviatura de
«Senhor», em inglês.
5.
A aula é uma ___ altura para mascar pastilha elástica. || Para Fernando Pessoa
(aliás, para o heterónimo Alberto Caeiro), «O Tejo é mais belo que o rio que
corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o ___ que corre pela
minha aldeia». || A sala da ___ (sigla) da escola fica no bloco C; no mesmo
piso, ao fundo, tens a biblioteca (também é possível levar livros para casa,
por, salvo erro, períodos de cinco dias).
6.
Aqui vai um exemplo de ____ ouvido na televisão: queixava-se Luís Filipe
Vieira, quando ainda era presidente do Benfica, de que «os super-sumos já
queriam arranjar novos jogadores» (a palavra correta é «suprassumo»). || Abreviatura
de «televisão».
7.
A ele recorremos quando ignoramos o significado de uma palavra (em casa, tenta
ter um à mão).
8.
Interjeição que exprime medo ou dor, mas não é «ai».
9.
Há palavras variáveis e palavras invariáveis: «palavras», «variáveis» e «invariáveis»
são ______ variáveis (mas, por exemplo, «e» é uma palavra invariável). || A
partir de agora, devem trazer sempre o manual Letr__ em dia (cada um o
seu, não um por carteira!); e nada de chegar à sala e dizerem que ainda têm de
o ir buscar ao cacifo.
10.
Infinitivo do verbo «Asilar». || Nas aulas vão sobretudo fazer tarefas para
treino da leitura e da escrita, já que é ___ o principal objetivo da disciplina
de Português.
A.
Antónimo de «mal». || É importante que tragam sempre algumas folhas onde
escrevam o que eu lhes peça, e que essas folhas possam ficar no dossiê ou serem-___
entregues; queria também que trouxessem sempre caneta, lápis, borracha. ||
Interjeição que significa ‘para cima’.
B.
Nuno Markl, __-aluno da ESJGF, escreveu o argumento da série 1986, que
se passa, em boa parte, aqui na escola e cujo enredo se inspira na experiência de
Markl como aluno da então Secundária de Benfica. || Provavelmente, não te
deitas a horas ____.
C.
«O Epaminondas não tem jeito nenhum para o críquete: é um _____» (vegetal). || Aqui
fica uma homenagem à falecida Isabel II: li há tempos A leitora incomum,
de Alan Bennett, que cria uma ficção engraçada que trata do gosto de ler e da
rainha, com que ___ algumas vezes. || E outra homenagem a escritor falecido a
semana passada, Javier Marías, talvez o mais importante autor espanhol da
atualidade: o seu primeiro livro que __ foi Vidas escritas, pequenas
biografias sobre escritores a partir de retratos de cada um.
D.
Na __UL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) têm surgido ideias
interessantes acerca do que deve ser a universidade. || No sul de França,
antigamente, falava-‑se a «língua d’__». || Muitas palavras que herdámos da
presença dos árabes na península começam por esta sílaba.
E.
Pronome pessoal inglês. || O tipo de aulas que faremos permite que, ao mesmo tempo
que se treina a leitura e a escrita, eu ___ verificando o vosso aproveitamento.
F.
Tudo o que fores fazendo em aula ficará guardado no teu dossiê (ou no teu ____),
que escusas de trazer sempre. || Abreviatura de estação de rádio (que até está
agora instalada relativamente perto da área da nossa escola).
G.
Episódio trágico (na sequência de naufrágio) narrado nos Lusíadas é o de
Manuel de Sousa Sepúlveda, cuja mulher, Leonor de Sá, preferiu enterrar-se no
solo a ser vista ___.
H.
A nossa _______ tem o nome de um poeta que foi também excelente prosador (as
suas crónicas, memórias, diários são bem agradáveis, embora seja mais referido
como autor das Aventuras de João Sem Medo).
|| Não faremos sumários, nem abriremos lições; porém, ___ quiseres consultar sumários,
aulas, apresentações usadas, etc., vê o blogue
Gaveta de Nuvens (o título é o de um livro de José Gomes Ferreira).
J.
Há muitas _______. Se já tens alguma em casa, aproveita-a, que virá a ser útil.
Se não tens, as sínteses no final do manual, bem como algumas reproduções de páginas
de gramática que estão em Gaveta de Nuvens, serão decerto suficientes.
L.
Quando ______ na aula de Língua Portuguesa, devo usar folhas com margens, porque
o excelso professor que as vai ler pode querer aí corrigir alguma coisa. || ___
já completaste as palavras cruzadas, repara no desenho de Bernardo Marques, em
que José Gomes Ferreira está no canto superior direito, a fumar.
Provavelmente, já conheces
a repartição dos textos literários em (A) lírico; (B) dramático; (C) narrativo.
Esta arrumação não fica muito longe da de Busto (Bruno Aleixo) — poesia; teatro; prosa —, que parece demasiado
centrada no contraste entre versos e prosa.
Em termos de Modos
literários, porém, devemos considerar: (A) lírico; (B) dramático;
(C) narrativo.
Classifica os seguintes excertos quanto ao
modo literário. (Relanceia a página em que estão, apenas para teres ideia dos
textos em que se inserem os fragmentos.) Não ligues, para já, à coluna mais à direita.
Trecho |
Autor |
Modo |
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Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E
ai Deus, se verrá cedo! [p. 28] |
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O Page do Meestre, que estava aa porta, como lhe
disserom que fosse pela vila segundo já era percebido, começou d’ir rijamente
a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo altas vozes, braadando pela
rua: / — Matom o Meestre! Matom o Meestre nos Paaços da Rainha! Acorree ao
Meestre que matam! [p. 81] |
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Mãe — Toda tu estás aquela.
/ Choram-te os filhos por pão? // Inês
— Prouvesse a Deos que já é razão / de eu não estar tão singela. [p. 123] |
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Um mover d’olhos, brando e piadoso, / sem ver de
quê; um sorriso brando e honesto, / quási forçado; um doce e humilde gesto, /
de qualquer alegria duvidoso; [p. 196] |
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O recado que trazem é de amigos, / Mas debaxo o
veneno vem coberto, / Que os pensamentos eram de inimigos, / Segundo foi o
engano descoberto. [p. 262] |
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Alugo um barco para alcançar Tidore, a ilha em
frente neste tabuleiro de xadrez recheado de peças que é o mapa das Molucas. Atravesso
um braço de mar da largura do Tejo, nada mais, e já estou do lado de lá. [p.
289] |
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Géneros
dentro de cada modo literário
[modo narrativo:]
epopeia, romance, novela,
conto, …
[modo dramático:]
tragédia, comédia, farsa,
...
[modo lírico:]
soneto, ode, canção, écloga,
…
Os três textos que criarás
podem ser fragmentos de um texto maior (como se só estivesse na página um
recorte do texto completo). O tema será o mesmo nos três fragmentos. [No
slide, explicarei o resto.]
Tema comum: _________.
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TPC — Em Gaveta de Nuvens, lê umas páginas que copiei de uma gramática sobre ‘Modos literários’ (o link ficará realçado a cor berrante). Conclui a redação que iniciaste agora e trá-la na próxima aula.
Aula 5-6 (21 [4.ª], 23 [3.ª, 1.ª], 26/set [5.ª]) Sequências do manual e calendário. Aspetos da citação na p. 18: como citaríamos os últimos quatro versos na p. 262? (cfr. Apresentação).
Tipologia textual
Cada tipo
de texto (ou protótipo textual) define-se
por um determinado grupo de características, podendo algumas destas
características ser constantes e outras variáveis. [...] A maior parte dos
textos é constituída por numerosas sequências, as quais poderão atualizar
diferentes tipos textuais. De facto, num mesmo texto costumam ocorrer sequências de diferentes tipos (por
exemplo, num texto narrativo é habitual surgirem sequências de tipo descritivo
e sequências de tipo conversacional).
Existem múltiplas formas de atualização do tipo textual narrativo: contos, fábulas,
histórias, parábolas, reportagens, notícias e relatos de experiências pessoais.
O texto narrativo centra-se na ação, no relato dos acontecimentos.
As sequências textuais que atualizam o tipo textual descritivo são construídas
em torno de um dado objeto, acerca do qual se predicam diversos atributos. Os
textos descritivos são uma exposição de diversos aspetos que configuram o
objeto sobre o qual incide a descrição. Tudo pode ser objeto de descrição, mas
as descrições mais frequentes incidem sobre pessoas e personagens (quer traços
físicos quer atributos psicológicos), espaços e situações atmosféricas.
O objetivo central dos
textos/discursos que atualizam o tipo textual
argumentativo consiste em justificar ou refutar opiniões. As sequências
textuais e os textos de tipo argumentativo são frequentes nas interações
verbais do nosso dia-a-dia: na propaganda política, nos debates televisivos
sobre questões polémicas e mesmo em situações informais de interação sobre
aspetos práticos.
Estão associados ao tipo textual expositivo (também já se
usou explicativo) os textos em que
se apresentam análises e sínteses de representações conceptuais. Podemos
encontrar este protótipo textual nos manuais das disciplinas científicas, em que
se passa constantemente da exposição — sucessão de informações com o objetivo
de dar a conhecer algo — à explicação — com o intuito de fazer compreender o
«porquê» do problema e a sua resolução. Já agora: também as presentes
definições de protótipos textuais se enquadram no protótipo expositivo.
Os
textos que atualizam
o tipo de texto instrucional (ou diretivo, ou também injuntivo)
têm subjacente o objetivo de
controlar o comportamento dos
seus destinatários. Este protótipo textual é atualizado numa grande diversidade
de textos, desde enunciados simples (como «Proibido tirar fotografias») até às
regras de utilização de um software. Todas as instruções (receitas de
culinária, instruções de montagem, etc.) se incluem neste protótipo.
O tipo de texto conversacional, também designado «dialogal», é atualizado em textos produzidos
por, pelo menos, dois interlocutores que tomam a palavra à vez. Este tipo textual
manifesta-se, por exemplo, nas interações orais quotidianas, nas conversas
telefónicas, nos debates e nas entrevistas.
O tipo textual preditivo
informa sobre o futuro. Manifesta-se em boletins meteorológicos, horóscopos,
profecias.
Dados os
seguintes fragmentos, tenta identificar de que tipo de texto se trata:
1 Naquela noite o vento uivava, vadio.
Os galhos dos castanheiros rumorejavam, nervosos, batidos pelo vendaval e pelos
cocós de cão...
O texto de que foi retirado
este trecho será do tipo ______.
2 Quando falamos de «tipos de texto», tentamos
sistematizar, arrumar, organizar nuns poucos «gavetões» semânticos produtos discursivos
que, apesar de em número infinito, apresentam características comuns que aproximam
alguns deles entre si.
O texto de que foi retirado
este trecho será do tipo ______.
3 — Como se chama este cão?
— Cocó.
— Essa é boa! A um cão não
se chama «Cocó»!
— Então?
— Um cão é «Ringo»,
«Faísca», «Rex», «Hermenegildo».
O texto de que foi retirado
este trecho será do tipo ______.
4 Crianças: devem
tomar um comprimido, três vezes ao dia, antes das principais refeições. Adultos: dois comprimidos, três vezes ao
dia, antes do principal cocó.
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
5 Se a é igual a
1 e b é igual a 1, então a é igual a ⅞ de 2 + 74 ÷ 5 × 24
cocós de cão.
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
6 A boneca tem feições de marfim; pálidas, lisas, de veludo;
e os seus cabelos são ondas de ouro, descendo, levemente, sobre os ombros...
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
7 Fará bom tempo
O texto de que foi
retirado este trecho será do tipo ______.
[exercício de: Álvaro
Gomes, Gramática pedagógica e cultural da
língua portuguesa, 2006; definições adaptadas de glossário da TLEBS; cocós,
granizo e Hermenegildos meus]
Veremos cinco sketches da série Barbosa. Poderíamos considerar que todos exemplificam
o tipo textual conversacional, já que mostram personagens em diálogo. Porém,
abstraindo-nos dessa moldura geral, é possível descobrir em cada cena o protótipo,
ou os protótipos, mais presentes.
Sketch |
Tipo textual |
|
«Matarruanos
dão indicações» |
|
|
«Sobrevivente
de desastre» |
[considerando
a situação de entrevista] |
|
[fala
do sobrevivente] |
|
|
«Funcionário
que bolsa» |
[discurso
do «chefe»] |
|
«Bom
dia, boa tarde» |
|
|
«Javard
Air» |
[observações
dos passageiros até se sentarem] |
|
[intervenções
do comandante-comissário] |
|
Esses fragmentos pertencerão a tipos textuais diferentes. Idealmente,
haveria no final sete desses recortes, mas admito que não chegues a percorrer
os sete tipos e fiquemos só com uns quatro ou cinco, dependendo do tempo que
consigamos ter.
Haverá um tema agregador, comum a todos os fragmentos: ________.
[tipo ______]
. . . . . . . . . . . . .
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[tipo ______]
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[tipo ______]
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[tipo ______]
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[tipo ______]
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TPC — Relanceia o capítulo de gramática sobre ‘Tipos textuais’
que vai ficar realçado em Gaveta de
Nuvens.
Aula 7-8 (26 [1.ª, 3.ª], 27/set [4.ª, 5.ª]) Correção de redações com os três modos literários.
Vai
lendo o texto de José Tolentino de Mendonça na p. 12 e resolvendo logo os itens
(não vale a pena leres primeiro todo o texto, demorarias demasiado).
Circunda
a melhor alínea de cada item.
Usa
lápis ou caneta (mas, se usares lápis, não é preciso passar a tinta no final).
linha 1
— O primeiro período do texto («Estamos, diz-se, a chegar ao fim da era do
livro») exprime uma ideia
a) com que o autor
concorda.
b) relativamente à qual,
percebemo-lo, o autor se distancia.
c) que o autor rejeita de
imediato.
d) indiscutível.
«era do livro» (l. 1)
quer dizer:
a) época em que o livro
é relevante.
b) hera (‘espécie de planta’)
do livro.
c) idade livre.
d) tempo de vida útil de
um livro.
linhas 1-10
— Segundo o cronista (José Tolentino de Mendonça),
a) é uma bênção que os
livros vão desaparecendo.
b) George Steiner tem
razão ainda hoje.
c) os livros deixaram de
existir de um dia para o outro.
d) é verdade que os
livros deixaram de ser a meta essencial da nossa civilização.
linhas 10-14
— Visa-se sobretudo vincar
a) que o e-book
tem vindo a destronar o livro.
b) a irrelevância da
tecnologia na comunicação humana.
c) que diversos recursos
com ecrãs formatam o nosso dia a dia.
d) que a frequência das
leituras em ecrã não é mais significativa que as de livros.
linhas 16-19
— Nestas quatro linhas diz-se que
a) os analfabetos são
biliões.
b) o texto linguístico não
esgota a comunicação em ecrã.
c) na comunicação em
ecrã são mais importantes os emoticons com cocó.
d) as mensagens que o
ecrã nos transmite são sobretudo discursivas.
linhas 20-22
— Neste período, o que se diz é que devemos falar
a) na decadência do
livro, já que é o seu suporte, e não o livro propriamente dito, que está em
mudança.
b) em mudança da maneira
de aceder ao livro mas não no seu declínio.
c) em transformação do
livro, na medida em que o ecrã passou a desempenhar as suas funções.
d) crepúsculo do livro, porque
o pôr do sol é, afinal, o melhor momento para a leitura.
linhas 22-25
— Estas linhas defendem o seguinte:
a) antes de termos
livros, havia textos gravados em tábuas de chocolate e em rótulos de garrafas
de vinho bem bom.
b) o livro, em sentido lato,
tem uma história que inclui textos gravados em pedras, em tábuas de argila, em
rótulos e, agora, em ecrãs.
c) com o ecrã vai-se
inaugurar uma nova história, terminada a fase do livro — que sucedeu às épocas
dos textos gravados em pedras, das tábuas em argila, dos rótulos.
d) a história do livro é
imparável, tal como a decadente carreira de Cristiano Ronaldo.
linhas 25-28
— Estes três períodos centram-se no reconhecimento da forma
a) das bicicletas.
b) das facas, das
colheres e das bicicletas.
c) do livro lido em
ecrã.
d) do livro em papel.
linhas 29-35
— Defende-se que há
a) condições para ler o
livro que são comuns à leitura em qualquer suporte.
b) que mudar as exigências
que se punham à leitura, uma vez que esta também mudou.
c) certas exigências da
leitura que convém preservar.
d) que guardar a memória
desta fase da humanidade, quando o livro dá lugar ao ecrã.
linhas 36-37
— O antepenúltimo período do texto («Protejamos o património cultural que os
livros representam») é um bom exemplo do tipo textual
a) narrativo.
b) preditivo.
c) conversacional.
d) instrucional.
«Eles são mapas para
decifrar de onde viemos» (ll. 36-37) significa que os livros
a) são autoestradas para
o conhecimento.
b) têm sempre marcas do
local onde foram redigidos.
c) permitem-nos ver o
caminho entre a Rua Paulo Renato e a Rua Professor Sebastião e Silva.
d) ajudam-nos a perceber
a nossa história.
«[Os livros] são mapas para
decifrar de onde viemos. Mas são também telescópios e sondas apontadas ao
futuro» (ll. 36-37). Estas identificações de livros com mapas, telescópios,
sondas constituem
a) ironias.
b) metáforas.
c) comparações.
d) hipérboles.
Referência
— Segundo o que vimos na última aula, a referência bibliográfica no final do
texto
a) deveria ter «Louvor
do livro» em itálico.
b) deveria ter «Ler»,
que é o título da revista, entre aspas e sem itálico.
c) está bem feita (mas
há vírgula a mais depois de «2020» e umas aspas a mais).
d) deveria ter «Louvor
do livro» sublinhado e sem aspas.
Autor
— Na primeira aula de português deste 10.º ano disse-lhes que José Tolentino de
Mendonça
a) era, na verdade, um calaça,
isto é, um preguiçoso.
b) era Calaça, de nome.
c) tinha por nome familiar
«Tolentas».
d) fora padre na Igreja
de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica.
Na primeira aula de
português disse-lhes que José Tolentino de Mendonça era
a) bispo de um jogo de
xadrez.
b) papa.
c) cardeal.
d) bispo.
Texto em
geral — Neste discurso de José Tolentino de Mendonça predominam
os tipos
a) narrativo e
descritivo.
b) preditivo e conversacional.
c) instrucional e narrativo.
d) expositivo e
argumentativo.
Recursos expressivos
A tabela integra as figuras
de estilo referidas no sketch
«Jesus ensaia figuras de estilo» (série Barbosa) e em «Que figura de estilo
está Manuela Ferreira Leite a usar?» (série
Completa as definições. Deixei ficar três figuras de estilo que não surgem nos sketches. Para cada um desses casos — enumeração,
antítese, apóstrofe —, tenta criar tu um exemplo, que registarás na coluna do
meio (consulta as definições no manual, lê as abonações aí dadas para esses recursos
expressivos, mas não te limites a copiá-las: inventa tu os exemplos —
idealmente, verdadeiramente expressivos).
Figura |
Exemplo (nos sketches ou a criares agora) |
Definição simplificada |
Figuras
de sintaxe |
||
Anáfora |
«Deus é grande; Deus é pai; Deus é amor; Deus
castiga; Deus abençoa; Deus é...» |
Repetição
de palavra ou expressão no ______ de versos ou frases. |
Elipse |
[Não há propriamente elipse; mas, por
brincadeira, no sketch assume-se que
o silêncio de Manuela Ferreira Leite é uma elipse.] |
Omissão
de uma palavra que se subentende facilmente. |
Enumeração |
|
Apresentação
sucessiva de elementos (em princípio, da mesma classe gramatical). |
Hipérbato (cfr.
Anástrofe) |
«Eu a salvação trago para vós, que pecados
cometeis; porém, não para os néscios que os mandamentos de Deus não
respeitam. Comigo vinde.» |
Alteração
da ______ mais habitual das palavras. |
Figuras
fónicas |
||
Aliteração |
«Deus destapa o demónio e dá a doce dádiva do
dom divino aos diabéticos da Dalmácia que se depilam junto ao
desumidificador, enquanto se divertem com dados. E diz um Dai-li, dai-li,
dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dô, papagaio voa.» |
________
de sons ___________ semelhantes. |
Onomatopeia |
«Eu caminho sobre as águas — chlap-chlap-chlap —
e, nisto, passa uma manada de búfalos — catapum, catapum, catapum —, os
pecadores choram — chuífe, chuífe.» |
Sugestão da imagem auditiva de um objeto por
meio de um conjunto de _____. (É
um termo mais usado no domínio da etimologia.) |
Figuras
de semântica ou de pensamento |
||
Alegoria |
[Parábolas na Bíblia.] |
Expressão
de noções ______ através de um episódio concreto. |
Antítese |
|
Combinação
de dois elementos ou ideias opostos. |
Apóstrofe |
|
Interpelação
a alguém ou a alguma coisa. |
Eufemismo |
[«Seis meses», por ‘sessenta anos’.] |
Transmissão
de uma ideia de forma _______ (menos desagradável). |
Hipálage |
«Não pode ser a comunicação social a selecionar
as notícias que transmite [...]» (no sketch
assume-se como hipálage o facto de a «comunicação social» não ser a verdadeira
entidade responsável, o que não constituirá exatamente uma hipálage). |
Transferência
para um dado objeto da qualidade que se quer atribuir a outrem. |
Hipérbole |
«Os pecadores serão castigados e arderão em
montanhas de labaredas e milhões de abutres, dos grandes, virão debicar a
carne putrefacta dos pecadores, à bruta.» |
Expressão ______. |
Ironia |
«O Diabo é muit[a] porreiro. Confiai no Diabo,
confiai, que ides por bom caminho. Não rezeis que não é preciso.» |
Uso
de palavras com significado ______ daquele que se quer inculcar. |
Metáfora |
«Montanhas de labaredas.» |
Designação
de objeto por palavras de outra _____ lexical (permitindo associação por
analogia). |
Metonímia |
«Só está a contribuir para o combate ao
desemprego na Ucrânia e em Cabo Verde.» |
Designação
de uma realidade apenas por uma sua ____. |
Perífrase |
[Uso de uma expressão longa que corresponderia
afinal a um simples «façam o que eu digo»] |
Dizer
por muitas _____ o que poderia ser dito em ____. |
Completa este acróstico
para livro (vê como já fiz para a
terceira linha):
L — . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . .
I — . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . .
V — Viagem. Ao ler, conhecemos
outros tempos, outros espaços, outras maneiras de pensar.
R — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .
O — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. .
TPC — Lê, em Gaveta de Nuvens, o que já fui
escrevendo sobre ‘Leitura de livros (aka Projeto de leitura)’.
Aula 9-10 (28 [4.ª], 30/set [3.ª, 1.ª], 3/out [5.ª]) Correção do questionário sobre «Louvor do livro» (ver Apresentação).
Começa por ler o texto A
da p. 22 do manual e resolver o ponto 1. Depois, passa ao texto aqui em baixo,
do músico Kalaf Epalanga:
Novos
trovadores
Sou da poesia declamada em
voz alta. Tinha quinze anos quando me iniciei na arte de escrever versos,
aprendiz de poeta, nos corredores da escola, com outros cúmplices interessados
no jogo de fazer rimar todas as palavras do dicionário e que, mais tarde,
dediquei em forma de coro à menina que, no fim das aulas, me dava a alegria de
a acompanhar até ao portão de casa. Num esforço para não se rir da minha figura,
ouvia com aparente entusiasmo os poemas que eu lhe segredava num só fôlego, com
a voz trémula, com o receio de que se aborrecesse e, no meio da estrofe,
desaparecesse, fugindo para dentro de casa, levando na canção verde o meu
coração aos pulos.
Aquelas tardes de poesia junto
ao portão arrastaram-se por longos e penosos meses, numa paixão não correspondida
que expurgou de mim os mais sentidos versos de súplica e de devoção que, até
então, nunca julgara ser capaz de escrever. E, quando me vi sem argumentos, fui
beber inspiração nos poetas de outras épocas. E tal como os jograis ou segréis
do século XII, cantei poesias alheias. Só me faltava mesmo um grupo de
soldadeiras para me acompanharem com suas danças e cantares que animaram tantos
serões nas cortes portuguesas do antigamente.
Entre os meus cúmplices,
daqueles que se dedicavam aos jogos de rimas nos corredores, havia quem, ao contrário
de mim, preferisse partilhar com o grupo as suas experiências com as raparigas
do liceu, dando voz aos sentimentos de paixão e dor que julgavam que estas
sentiam em relação a eles. Mas, dependendo do talento ou capacidade de exagero
do trovador de serviço, não precisei de muito para me convencer de que aquela
era a mais romântica das gerações que passaram pelo liceu, de tão belos e
diversos que eram os versos que partilhávamos uns com os outros. Alguns troncos
de árvore ainda guardam vestígios daqueles anos de descoberta abençoados pela
espontaneidade e simplicidade que nos dias de hoje vemos refletidas nas canções
pop da rádio.
Todos gostamos de ouvir
uma história bem contada, e a poesia sempre foi tida como o veículo mais
imediato para partilhar sentimentos, sejam nossos ou daqueles que estão à nossa
volta. E nos dias de hoje, a par do lirismo representado pelas cantigas de
amigo e de amor refletidas na canção popular, não podemos deixar de assinalar
que o herdeiro direto das cantigas de escárnio e maldizer é «provavelmente» o rap,
que, lado a lado com a vertente de crítica social, transporta a mesma perversidade
das cantigas de maldizer. O deboche e a troça da pessoa ou ações de determinado
indivíduo são características comuns, tal como a ironia e o duplo sentido das
palavras usadas para satirizar o objeto-alvo.
Depois
de teres lido «Novos trovadores» (que retirei de: Célia Cameira, Fernanda Palma
& Rui Palma, Mensagens, Português, 10.º ano, Lisboa, Texto, 2015, p.
23), de Kalaf Epalanga
— do antigo grupo Buraka Som Sistema —, completa este texto-síntese:
Nos
três primeiros parágrafos, o narrador usa um estilo autobiográfico, recordando os tempos em que procurava usar a poesia
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
(o que lhe sugere uma analogia com os trovadores e jograis medievais). No
último parágrafo é menos memorialístico, estabelecendo agora comparações entre
a música atual e as cantigas trovadorescas: o lirismo das cantigas de amigo e de amor encontrar-se-ia também nas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
contemporâneas; a crítica social e a sátira típicas das cantigas de escárnio e maldizer teriam paralelo no . . . . . . . . .
Repara
nesta série de dez palavras, que criei a partir da palavra «Kalaf».
Kalaf
Buraca
David
Michelangelo
«Os Delfins»
Cascais
Marcelo
vichyssoise
termas
jatos
Kalaf lembra
Buraca (porque integrou os Buraka Som
Sistema); Buraca lembra David (por causa do conhecido restaurante
«O David da Buraca»); David lembra Michelangelo (o artista renascentista autor
da célebre escultura David); Michelangelo
lembra Os Delfins (já que o vocalista
deste grupo musical era homónimo do escultor italiano); Os Delfins sugere Cascais
(porque a mais repetida canção da banda era «A Baía de Cascais»); Cascais pode associar-se a Marcelo (porque aí vive o atual
Presidente da República); Marcelo
fez-me recordar vichyssoise (uma sopa
francesa que ficou ligada a um episódio contado acerca de Marcelo Rebelo de
Sousa e que mostraria como é inventivo); vichyssoise
levou-me até termas (porque Vichy, a
cidade francesa que entra na formação do nome da sopa, é uma estância termal);
de termas passei a jatos (por causa dos tratamentos com esguichos
de água apontados aos pacientes, que não sei se se usam ainda, mas parecem castiços
e serão, provavelmente, ineficazes).
Faz
tu uma série assim, mas a partir de «Música». Vê se há relação entre a primeira
e a segunda palavras, entre a segunda e a terceira, etc., mas, ao mesmo tempo,
tenta afastar-te cada vez mais do motivo inicial (é que não se trata de arranjar
palavras todas da mesma área lexical!). Depois escreve uma outra série — também
começada por «Música» — que venha a ter como décimo elemento a mesma palavra
que iniciou a lista.
Música
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
Música
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
Música
Acrescenta
ao texto um parágrafo que se inserisse entre o segundo (o que termina com
«antigamente.») e o atual terceiro parágrafo (o que começa com «Entre os»; e
que passaria a ser o quarto).
O
novo parágrafo deverá ter cerca de cem palavras (ou seja, tamanho aproximado do
dos outros parágrafos de «Novos trovadores»), entre as quais, obrigatoriamente,
estas [recolhidas nas séries ouvidas]: ______; ______; ______; ______;
______; ______. A ordem é irrelevante.
Deves
procurar que a crónica se mantenha verosímil e adotar registo linguístico semelhante
ao do resto do texto de Kalaf Epalanga. O ideal é que as seis palavras em causa,
que sublinharás, não sejam sentidas como estranhas. (São interditas espertices
do tipo «e fulano decidiu riscar as palavras tal, tal, tal, tal, tal e tal».)
animaram tantos serões nas cortes portuguesas do
antigamente.
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Entre os meus cúmplices,
daqueles que se dedicavam aos jogos de rimas nos corredores,
Se terminares cedo, lê os
textos B e C das pp. 22-23.
TPC
— Lê a parte de contextualização histórico-literária da poesia trovadoresca,
nas pp. 22-24/5 do manual.
Aula 11-12 (3 [1.ª, 3.ª], 4/out [4.ª, 5.ª]) Devolução e correção de fragmentos com cada tipo textual (ver Apresentação).
Repara na seguinte ligeira
atualização do português da cantiga de
amigo «Ondas do mar de Vigo» (p. 28), de Martim
Codax. Evitei trocar as palavras cujo sentido se percebe, mesmo
quando um pouco diferente do moderno.
Tendo em conta a estrutura
do poema, bastante repetitiva, conseguirás adivinhar os versos que faltam nas
estrofes 2, 3, 4. Copia-os nesse estilo adaptado ao português atual.
Ondas do mar de Vigo,
[dizei-me] se vistes o meu amigo.
E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?
Ondas do mar levado,
[dizei-me] se vistes o meu amado.
_______________________
_______________________
aquele por quem suspiro.
_______________________
_______________________
aquele por quem tenho grande cuidado.
E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?
Se já lançaste
os versos em falta, põe uma destas etiquetas à esquerda de cada um dos doze
versos da cantiga (usa só a inicial):
Apóstrofe (que identifica o
«confidente» da rapariga);
Reencontro com o namorado (impaciência
da rapariga pelo...);
Preocupação pelo namorado (rapariga
mostra...);
Saudade do namorado (rapariga
assume ter...);
Inquietação (rapariga exprime
desconhecimento do paradeiro do namorado e revela...).
Tenta
resolver os itens de gramática na p. 29 (já vão respondidos 1.1 e 3):
1.1 Na frase «A donzela
perguntou às ondas se tinham visto a sua prancha de surf», a palavra «se» é {escolhe}
A (conjunção subordinativa completiva)| B | C | D.
1.2 Em «Ondas do mar de Vigo,
vistes o meu amigo?», o sujeito é {escolhe} A | B | C | D.
2 Em «Ondas do mar levado,
/ se vistes meu amado» substitui o complemento direto por um pronome
pessoal: _________
3 a) modificador apositivo do
nome; b) modificador restritivo do nome; c) predicativo do sujeito;
d) complemento indireto; e) sujeito; f) complemento direto.
«Dicionário
Português-Manuelmachadês» (da série Diz que
é uma espécie de magazine) caricatura a linguagem de alguém do meio desportivo.
O tipo de discurso designado como «manuelmachadês» caracteriza-se pela complexificação
da sintaxe e do léxico, por pretensiosismo do enunciador. Essa exibição de linguagem
empolada acaba por prejudicar a clareza da mensagem.
Quais são os recursos expressivos (as _____ de
estilo) usados por Manuel Machado e que resultam no tal estilo complicativo?
Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases (circunlóquios;
isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito
(1) troca de palavras/expressões
por outras suas sinónimas mas de registo mais cuidado (nestes casos,
pode surgir uma ou outra expressão com origem em metáfora);
(2) troca de palavras/expressões
por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas, por eufemismo (evitando ‘ferir suscetibilidades’).
{Completa a tabela,
registando 1 ou 2 na coluna da direita.}
sentido denotativo |
manuelmachadês |
recurso |
como
ganhámos, fizemos bem em jogar assim |
a
pontuação obtida, de alguma maneira, ratifica as opções tomadas |
|
corrigiu
os erros |
retificou
alguns procedimentos que tinha denunciado como deficitários |
|
uma
estratégia atacante |
uma
estratégia que não pressupunha uma metodologia muito defensiva |
|
fim
do jogo |
parte
terminal do encontro |
|
últimos
lugares do campeonato |
lugares
da parte terminal da tabela |
|
o
árbitro decidiu mal |
o
critério disciplinar foi extremamente agudo |
|
não
digo que o árbitro seja desonesto |
nada
do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus direitos,
tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo |
|
tentar
não perder o jogo |
obstar
a que o Porto leve os pontos em disputa |
|
Na última fala — «este tipo
que andou no meio do terreno não presta» —, o inesperado é Machado não ter recorrido
a um ________ que adocicasse a crítica ao árbitro.
Compara o seguinte
poema de Adília
Lopes, poetisa nascida em 1960, com a cantiga de amigo de Martim Codax
(p. 28).
Nas ondas
do mar de Vigo
tomo banho
com o meu amigo
Vigo, 15-31 de agosto de 1993
Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª
ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 355
Não te preocupes com os aspetos
formais da cantiga e da quadra. Contrasta sobretudo circunstâncias, atitudes,
sentimentos. No teu comentário podem surgir, entre muitas outras, as seguintes
palavras:
sujeito (lírico, poético), cantiga
de amigo, quadra (ou quarteto), poema, saudade, preocupação,
angústia, concretização, namorado, confidente, mar,
ausente, presente]
. . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[Solução possível:
A atitude do sujeito no
poema de Adília Lopes é mais de realização amorosa do que de saudade, preocupação
ou angústia. Enquanto na cantiga de amigo medieval o namorado está ausente (e é
esse mesmo o verdadeiro motivo dos apelos do eu), no poema do século XX está presente
e aliás numa situação que parece ser contemporânea da enunciação. Quanto ao mar,
que é confidente («Ondas do mar de Vigo») mas também causa da ansiedade (está
subentendido que o amigo é um mareante) em Codax, na quadra da poetisa serve de
espaço do encontro dos dois amantes.]
Lê o poema «Pedro de
Santarém», também de Adília Lopes
(que foi aluna da Pedro há exatos cinquenta anos). Escreve à direita um poema
no mesmo estilo. Haverá:
Título com nome de uma
escola (que o «eu» do texto tivesse frequentado);
Apóstrofes dirigidas ao
próprio enunciador («Querida rapariga primitiva que eu sou»; «Minha querida
rapariga»);
Quase nenhuma pontuação;
Versos pequenos e sem rima.
Pedro
de Santarém _______
Querida ________
rapariga ________
primitiva ________
que eu sou ________
fui ________
e hei de ser ________
Minha ________
querida ________
rapariga ________
para ti ________
os girassóis ________
são giros ________
e giram ________
e é o amor ________
que move ________
o Sol ________
que move ________
o girassol ________
E ________
é o girassol ________
que move ________
o Sol ________
Querida ________
rapariga ________
imperativa: ________
gira, Sol ________
gira, girassol ________
E ________
Deus ________
é ________
o girassol ________
Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª
ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 511
TPC
— Em Gaveta de Nuvens lê entrevista
com Adília Lopes, por colegas de há década e meia. Podes também experimentar
ouvir algumas versões musicais de «Ondas do mar de Vigo». E é útil ires lendo
os textos expositivos no manual sobre a lírica trovadoresca.
Aula 13-14 (7 [1.ª, 3.ª], 10 [5.ª], 11/out [4.ª]) Correção de tarefas que se devolviam; menção de Annie Ernaux, recém-laureada com o Nobel da Literatura.
Tendo ouvido «Pica do
Sete», lê a cantiga de amigo na p. 26 e completa:
Título |
___________ |
«Pica do Sete» |
Autor |
Martim de Ginzo |
___________ |
Intérprete |
___________ |
António Zambujo |
Sujeito (eu da poesia) |
rapariga |
___________ |
Confidente |
___________ |
[não há] |
Atividade do namorado (ou putativo namorado) |
___________ |
revisor («pica») |
Onde vai, ou costuma estar, o namorado |
guerra («ferido», «fossado») |
___________ |
Estado de espírito do sujeito |
preocupada com o namorado
(«coitada») |
___________ («com pica») |
Contactos do namorado com o sujeito |
____________ («mandado») |
oblitera o bilhete |
Pica do Sete
De manhã cedinho eu
salto do ninho e vou para a paragem
De bandolete
à espera do sete mas não pela viagem
Eu bem que
não queria mas um certo dia vi-o passar
E o meu
peito cético por um pica de elétrico voltou a sonhar
A cada
repique que soa do clique daquele alicate
Num modo
frenético o peito cético toca a rebate
Se o trem
descarrila o povo refila e eu fico num sino
Pois um
mero trajeto no meu caso concreto é já o destino
Ninguém
acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o
sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na
carreira desta vida vã mais nada me dá
A pica que o pica do
sete me dá
Que triste
fadário e que itinerário tão infeliz
Cruzar meu
horário com o de um funcionário de um trem da Carris
Se eu lhe
perguntasse se tem livre passe para o peito de alguém
Vá-se lá
saber talvez eu lhe oblitere o peito também
Ninguém
acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o
sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na
carreira desta vida vã mais nada me dá
A pica que o pica do
sete me dá
Ninguém
acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o
sete me apanha até acho que a senha me salta da mão
Pois na
carreira desta vida vã mais nada me dá
A pica que o pica do
sete me dá
Mais nada
me dá a pica que o pica do sete me dá
(letra
e música de Miguel Araújo;
interpretação de António Zambujo)
Copiei o verbete para «pica1» de um dicionário
online. Nesse dicionário há outros verbetes também para «pica»,
mas que já não são a mesma palavra (havia também «pica2» = ‘pega’,
do lat. pica, -ae; «pica3» = unidade de medida
tipográfica, do lat. med. pica; e
nem estamos a contar com formas do verbo «picar»). São palavras homónimas.
No verbete em baixo, trata-se apenas da palavra «pica1»
(derivada não afixal do verbo «picar»), ainda que com doze aceções (ou
seja, sentidos) diferentes. Essas doze aceções constituem o campo semântico
da palavra.
Que aceções de «pica1» aproveitava a letra da
canção? As dos números ___ e ___.
Em que outras aceções já tinhas usado a palavra. (Provavelmente,
a número ___. Por favor, evita dizer que costumas usar a palavra nas aceções 9
e 10, porque são do calão ou remetem para um contexto pouco recomendável. Mesmo
a aceção 11 não é muito elegante num registo formal.)
pica 1 (derivação regressiva de picar)
nome
feminino
1. [Antigo] Tipo de lança. = PIQUE
2. [Náutica] Cada uma das peças delgadas que entram na construção da proa e da popa.
3. [Portugal, Informal] Injeção.
4. [Portugal: Trás-os-Montes] Ato de picar ou sachar o milho.
5. [Portugal: Trás-os-Montes] Sacho que se emprega nesse serviço.
6. [Ictiologia] Designação comum a vários peixes teleósteos da família dos ciprinídeos, de água doce, muito comuns em Portugal. = ESCALHO, ESCALO, ROBALINHO
7. [Ictiologia] Peixe teleósteo (Atherina presbyter), da família dos aterinídeos, de corpo alongado e cor cinzenta, com uma banda prateada longitudinal dos lados, comum nas regiões costeiras europeias do Atlântico. = PEIXE-REI
8. [Gíria] Camisola de lã.
9. [Brasil, Calão] Órgão sexual masculino. = PÉNIS
10. [Portugal, Informal] Cigarro de haxixe ou marijuana. = CHARRO
11. [Portugal, Informal] Entusiasmo, vigor, vontade (ex.: assim não dá pica; estão cheios de pica para treinar).
nome de dois géneros
12. [Portugal, Informal] Pessoa que verifica a validade de bilhetes em transportes coletivos (ex.: o pica pediu o bilhete). = COBRADOR, REVISOR
«pica»,
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021 [consultado
em 05-10-2022]
Se te despachares, completa a cantiga de amigo
«Per ribeira do rio» (na p. 31), de João
Zorro, tendo em conta o esquema que está na p. 30.
1 a) ___________________
b) ___________________
c) ___________________
d) ___________________
e) ___________________
f) ___________________
Continua, em prosa, os dois textos cujo início te
dou, que não têm de se concluir (prefiro que a ação não evolua demasiado repentinamente).
Como perceberás, um dos textos adota a perspetiva da rapariga; o outro, a do
revisor. Mas não têm de aproveitar ambos o mesmo episódio. Podem ser
independentes.
(Abstrai-te do clip, que já era uma recriação da canção.
Considera só a letra da canção, mas sobretudo as frases dadas por que começarão
os teus textos.)
Daquela vez, resolvi sair só na última paragem. Já
só éramos três passageiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . .
Mais um dia que nem sei adjetivar. Fui destacado, de novo, para
a carreira 7. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC —
Vê esta correção da ficha 1 do Caderno de Atividades (sobre uma cantiga de
amigo).
Aula 15-16 (10 [1.ª, 3.ª], 11 [5.ª], 12/out [4.ª]) Correções acerca do poema ao estilo de «Pedro de Santarém» (cfr. Apresentação).
Reportando-te à cantiga
de amigo de D. Dinis «Ai flores, ai flores do verde pino» (p. 32),
escolhe a melhor alínea de cada item:
O assunto da cantiga é:
a) a donzela, ansiosa e zangada, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando
a sua ansiedade, e pergunta a Deus se sabe do paradeiro do amigo.
b) a donzela, ansiosa com o PSG-Benfica, dialoga
com as flores do pinheiro, perguntando-lhes se sabem se o Deus Messi vai jogar.
c) a donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro,
partilhando a sua ansiedade e perguntando-lhes se o amigo virá são e vivo.
d) a donzela dialoga com as flores do pinheiro, perguntando-lhes
se têm feito os tepecês como Deus lhes recomendou tanto.
A cantiga é divisível em duas partes:
a) na primeira (estrofes 1-6), fala a donzela; na segunda (7-8), responde
um cocó de cão.
b) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), respondem
as «flores do verde pino».
c) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde
Deus.
d) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde
o amigo.
As flores do pinheiro («flores do verde pino»)
a) aludem ao problemas dos fogos que, já então, devastavam o centro do
país.
b) são metáfora para cotoveladas de Coates («pino», porque alto; «verde»,
porque do Sporting).
c) são metonímia do amigo da rapariga (porque este construíra uma casa
numa árvore).
d) funcionam como confidente da rapariga (o que implicará o recurso à personificação).
No contexto da cantiga, as flores
a) simbolizam o regresso da primavera (tempo do amor), que coincidirá com
o do amigo.
b) representam a natureza e a defesa dos recursos naturais já perfilhada
por D. Dinis, grande fã de Greta Thunberg.
c) reportam-se às rosas que D. Isabel de Aragão levava no regaço.
d) referem alergias tão comuns no início do «tempo da frol».
Relanceia de novo «Ai flores, ai
flores do verde pino». Tendo em conta a estrutura paralelística das cantigas (cfr.
pp. 30-31), acrescenta à composição de D. Dinis mais quatro estrofes (também se
diz coblas), que seriam, portanto, as estrofes 9 a 12.
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Em «Apóstolo que corrige Jesus» (série Lopes da Silva) [vimos em
aula, mas não está disponível no YouTube], o protagonista, Jesus, engana-se
frequentemente nas formas verbais (algumas delas resultam de a personagem
pretender usar formas que parecessem antigas).
Completa o quadro.
Frase
proferida (com erro). |
Forma
verbal corrigida |
Tempo
da forma corrigida |
Ainda bem que chegásteis. |
|
Perfeito do
Indicativo |
Lembreis-vos ou não? |
Lembrais-vos |
|
Estades com fome? |
|
Presente do Indicativo |
Se vós pudesses aguentar a larica... |
|
Imperfeito do Conjuntivo |
Sedes pessoas para vir comigo? |
Éreis |
|
Idem caçar. |
|
Imperativo |
Comai a seguir. |
|
|
Senteis-vos bem? |
|
|
Não me agradeceis a mim. |
|
Imperativo |
Sabedes onde se come por aqui? |
|
|
Chico Buarque, «Olhos nos olhos», Meus caros amigos, 1976:
Quando você me deixou, meu
bem,
Me disse p’ra ser feliz e passar bem,
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever,
Já vai me encontrar refeita, pode crer;
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz,
Ao sentir que, sem você, eu passo bem demais,
E que venho até remoçando,
Me pego cantando
Sem mais nem por quê;
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.
Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha, sim;
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz,
Quero ver como suporta me ver tão feliz.
Escreve comentário em torno de semelhanças e diferenças entre esta letra
de Chico Buarque e o que temos vindo a ler nas cantigas de amigo estudadas. (Será
ao estilo do comentário que fizemos a propósito do contraste entre «Ondas do
mar de Vigo», de Codax, e «Nas ondas», de Adília Lopes.)
.
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A
propósito de ironia e antítese:
TPC — Dá um relance ao glossário com termos da lírica trovadoresca
que copiei do Caderno de atividades e afixei em Gaveta de Nuvens.
Aceita o convite para Classroom que deverás receber, ou ter recebido,
entretanto.
Aula 17-18 (14 [1.ª, 3.ª], 17 [5.ª], 18/out [4.ª]) Explicação sobre correção de escritos que se entregavam.
Na p. 34, o texto
ensaístico «A cantiga de amigo: a confidência amorosa e a relação amorosa» sintetiza
o que já vimos nestas últimas aulas acerca de cantigas de amigo. Vai
lendo o texto e completando as lacunas com as doze palavras que te são dadas:
a) _________________
b) _________________
c) _________________
d) _________________
e) _________________
f) _________________
g) _________________
h) _________________
i) _________________
j) _________________
k) _________________
l) _________________
A seguinte cantiga de
amigo de D.
Dinis foi transcrita nos cancioneiros com uma estrofe a menos
(repara que só aparecem a seguir sete tercetos — ou sete dísticos e o respetivo
refrão —, quando se esperaria número par de estrofes). Porém, podemos deduzir onde
se situaria a estrofe em falta e reconstituí-la, graças ao paralelismo típico das
cantigas.
Tenta (i) perceber qual é
o ponto em que falta uma estrofe; e (ii) reconstruir essa estrofe em falta
(talvez à direita da zona em que a devêssemos inserir).
Mia madre velida,
vou-m’a la bailia
do
amor.
Mia madre loada,
vou-m’a la bailada
do
amor.
Vou-m’a la bailia
que fazem em vila,
do
amor.
Que fazem em vila
do que eu bem queria
do
amor.
Que fazem em casa
do que eu muit’amava
do
amor.
Do que eu bem queria;
chamar-m’am garrida
do
amor.
Do que eu muit’amava;
chamar-m’am perjurada
do
amor.
velida = ‘bela’ || bailia =
‘baile’ || loado = ‘louvado’ || garrida = ‘alegre’ || perjurado = ‘falso’
Em
«Castigadores da parvoíce» (série Meireles), uma das atitudes parvas castigadas
é a má flexão de certas formas verbais. As formas que surgem mal conjugadas são
da ____ pessoa do ____ do ________ dos verbos «chegar», «vir», «dizer»,
«fazer», «baldar-se». As personagens dizem, por exemplo, «ouvistes» (em vez de «ouviste»).
As
formas em -stes («ouvistes», etc.)
até podem ser corretas, se corresponderem à __ pessoa do _____, que usaríamos se
tratássemos alguém por «vós». Nos textos medievais que estamos a ler, a terminação
-stes corresponde, é claro, a esta segunda
pessoa do plural, a forma de tratamento então usada com interlocutores
plurais (e também para com um só indivíduo com estatuto especialmente elevado).
Flexiona:
«Eu cheguei; tu ______; ele _____; nós _____ [com acento, para distinguir do Presente]; vós ______; eles ______.».
«Às Vezes (Escuto e Observo Erros de Português)» (D.A.M.A. / Vasco Palmeirim):
Às
vezes oiço cada coisa e não fico ok
Às vezes leio em português que não está bem
Ninguém faz de propósito, eu sei
Mas acontece tantas vezes — ai Jesus, minha mãe!
Sei
que às vezes eu pareço zangado
Mas isto faz-me ficar preocupado
Não quero ver a nossa língua neste estado
O português anda a ser tão maltratado
Quando há faltas para amarelo entradas de pé em riste
Gente que em vez de «estiveste» pergunta «onde é que tu estives-te?»
Às vezes é deixar o hífen bem sossegado
E não pôr a vírgula entre o sujeito e o predicado
Eu não sou perfeito, não sou uma Edite Estrela
Mas sei que não se pede uma «sande de mortandela»
Passam horas, dias, choro: fico muito triste
Quando «houveram novidades», porque isso não existe
São raros os casos de plural do verbo «haver»
E são muitos os que compram um automóvel num «stander»
E isto não são histórias tipo «era uma vez»
Isto é o que se passa com o nosso português
Refrão
Se eu tivesse poderes, homens e mulheres não diziam «quaisqueres»
Eu sei que é difícil distinguir o «à» do «há»
Para onde é o acento? Qual deles leva o «h»? Oh mãe!
E acredita rapaz — que toda a gente é capaz
De não escrever um «z» na palavra «ananás»
E era maravilha — ver «você» sem cedilha
E que ninguém dissesse «há muitos anos atrás»
Aquilo que eu quero como tu muito bem vês
Sendo bem sincero quero bom português
E tenho a certeza que toda a gente consegue
Se até JJ sabe dizer Lopetegui
Refrão
«Há-des» — isto assim não está bem
«Salchicha» — isto assim não está bem
«Devia de haver» — isto assim não está bem
E dizer «tu fizestes» também não está bem!
Refrão
Completa:
Erro |
Forma corrigida |
Explicação do processo que
leva ao erro. [Conselho.] |
estives-te |
______ |
Toma-se como pronome o que é parte da forma verbal. [Saber
flexão dos verbos; experimentar substituir falso pronome.] |
pôr vírgula entre o
sujeito e o predicado |
não pôr vírgula entre o
sujeito e o predicado |
Na
oralidade, por vezes, fazemos essa pausa. [Ter em conta que a _______ depende
sobretudo da análise da sintaxe, não é mera equivalência da entoação.] |
sande
de mortandela |
sandes
(ou sanduíche) |
Derivação
não afixal ainda não aceite — «sande» seria um singular de «sandes» (e
«sandes» já é uma acomodação popular do ______ «sanduíche»). |
_______ |
Nasalização
indevida (talvez por assimilação ao m-
inicial). |
|
houveram
novidades |
houve
novidades |
O
complemento direto «novidades» é interpretado como ______. [Recordar que o verbo
haver é impessoal.] |
stander |
_____
[no pg. do Brasil: estande] |
Acomodação ao português de um empréstimo, assumindo- |
quaisqueres |
quaisquer |
Fez-se
plural das duas palavras-base, esquecendo-se que uma delas («quer») é uma forma
______. |
á |
à |
Esquece-se
que o acento usado na contração a +
a é grave. [Recordar as poucas
palavras com este acento: à, às, àquele(s), àquela(s),
______, àqueloutro(s), àqueloutra(s).] |
à
cinco anos |
há
cinco anos |
Confunde-se
o «há» destas expressões com a contração de ______ e determinante. [Perceber
que há sentido de ‘existência’ («haver»), embora de tempo.] |
ananaz |
______ |
Faz-se
erro de ortografia advertível apenas por memória. |
voçê |
você |
Esquece-se
que ci e ce nunca levam ______. [Ao
contrário de -ça, -ço, -çu — que se opõem a ca,
co, cu — ce e ci contrastam com que, qui.] |
há
muitos anos atrás |
há
muitos anos |
Faz-se
um pleonasmo: «atrás» repete o que já está _______ em «há». |
há-des |
______ |
Faz-se
analogia com outras pessoas do verbo e dos verbos em geral (a 2.ª pessoa
costuma terminar em -s). [Recordar
que «de» é uma preposição.] |
salchicha |
salsicha |
Assimila-se
som da penúltima sílaba ao da última ______. |
deve
de haver |
______ |
Usa-se
regência errada. |
fizestes |
fizeste |
Faz-se
analogia com o que é habitual na 2.ª pessoa dos outros tempos verbais (terminar
em -s), o que é favorecido por já
não se usar a 2.ª pessoa do plural (que é efetivamente em -tes). [Conhecer o pretérito ______.] |
Alguns constrangimentos para se criar uma cantiga de amigo
1.ª estrofe
1.º verso
— Vocativo a um confidente (natureza; alguém,
mas não o amado; um objeto); última palavra em I
2.º verso —
A rapariga exprime um sentimento ou relata uma ação; última palavra terá rima em
I
3.º verso —
Refrão (ter em conta que se repetirá nas estrofes todas)
2.ª estrofe
1.º verso
e 2.º verso — Muito próximos dos da 1.ª estrofe (mas com última palavra com A)
3.º verso
— Refrão
3.ª estrofe
1.º verso
— Igual ao segundo da 1.ª estrofe
2.º verso
— Ter em conta que última palavra rimará em I
3.º verso
— Refrão
4.ª estrofe
1.º verso — Igual ao segundo da 2.ª estrofe
2.º verso — Muito próximo do da estrofe anterior
(mas última palavra com tema em A)
3.º verso — Refrão
5.ª estrofe
1.º verso
— Igual ao segundo da 3.ª estrofe
2.º verso
— Ter em conta que última palavra rimará em I
3.º verso
— Refrão
6.ª estrofe
1.º verso — Igual ao segundo da 4.ª estrofe
2.º verso — Muito próximo do da estrofe anterior
(mas última palavra com tema em A)
3.º verso — Refrão
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Aula 19-20 (17 [1.ª, 3.ª], 18 [5.ª], 21/out [4.ª]) Correções de trabalhos entregues. Sobre critérios específicos de avaliação em Português (cfr. Apresentação).
Depois de termos visto o clip
da canção «Vayorken», circunda as alíneas corretas:
1. O nome por que tratavam a futura cantora (que adotaria
o nome artístico «Capicua») era
a)
«Ana».
b)
«Ana Isabel».
c)
«Ana Só».
d)
«Jane».
2. Quando fosse crescida,
queria
a)
viajar pelo mundo.
b) lecionar windsurf.
c)
vestir-se de rosa e vermelho.
d)
ir aVayorken.
3. Os dois músicos que refere
são
a)
Sérgio Godinho e Jorge Palma.
b)
Zeca Afonso e Pedro Abrunhosa.
c)
Zeca Afonso e Sérgio Godinho.
d)
Jorge Palma e Pedro Abrunhosa.
4. Em criança, considera
que tinha
a)
mau feitio, todavia era bem comportada.
b)
mau feitio e era mal comportada.
c)
bom feitio e era bem comportada.
d)
bom feitio, contudo era mal comportada.
5. O tema desta canção é
a)
o gosto por viajar.
b)
a caracterização atual da cantora.
c)
o sonho de menina da artista.
d)
a memória da infância.
6. Provavelmente, o nome «Vayorken»
aparece desta forma porque
a)
ainda não sabia geografia.
b)
ainda não sabia pronunciar corretamente as palavras.
c)
era como os seus pais diziam.
d)
era como tinha ouvido dizer.
7. A forma «Vayorken» corresponde
à cidade de
a)
Newark.
b)
Nova Jérsia.
c)
Nova Orleães.
d)
Nova Iorque.
O quadro seguinte resume
os Processos fonológicos (também chamados,
por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos). Os exemplos que pus são quer
da variação geográfica e social do
português, quer da diacronia (dentro
do português e do latim ao português). Tem o manual aberto nas pp. 56-57, que
se ocupam também desta matéria.
Como vimos nas duas
entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras
atuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do
percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.
* = forma incorreta || arc. = forma arcaica (antiga) || pg. = português || ingl. = inglês || étimo latino
de |
para |
houve |
que podemos
descrever assim |
pílula |
*pírula |
dissimilação |
evita-se a semelhança que havia entre dois sons.
Neste caso particular, um dos sons [l] passou a ___. |
fizeram-lo
(arc.) |
fizeram-__ |
______ |
ao contrário do que acontece na dissimilação, na
assimilação um som aproxima-se das
características dum som vizinho. Por exemplo, o pronome (lo) passa a ligar-se ao verbo por uma consoante nasal (n), porque assim se assemelha ao som
nasal da última sílaba do verbo. |
______ |
*câmbria |
metátese |
houve a transposição do i da primeira sílaba para a segunda (há uma metátese quando um som muda o seu lugar dentro da palavra). |
crudu |
cruu
(arc.) |
______ |
síncope é a perda de um som a meio
da palavra. Neste caso, uma consoante que havia na palavra latina «crudu», -d-,
desapareceu na palavra portuguesa arcaica «cruu» (que aliás, depois, ainda
evoluiria para «cru»). |
cruu (arc.) |
cru |
crase |
a crase
é a contração de vogais num único som. |
a + a; a + as |
à; às |
______ |
a contração da preposição «a» com o _____
definido «a» e «as» é a crase mais frequente. |
tio |
*tiu |
sinérese |
tal como a crase, a sinérese também contrai duas ____, só que tornando as duas vogais
num ditongo (neste caso: i-o > iu). |
sic |
si (arc.) |
_______ |
apócope é a perda de um som ou
sílaba finais. No exemplo, a palavra latina «sic» veio a dar «si» (que,
depois, evoluiu para sim). |
Alandroal |
*Landroal |
aférese |
aférese é a perda dos sons do _____ de uma palavra. |
você |
cê |
_______ |
esta pronúncia pode acontecer no Brasil. |
portanto |
*ptanto |
_______ |
o autarca que ouvimos não pronunciava um som a meio
da palavra. |
precisamente |
*samente |
_______ |
o médico que ouvimos omitia o início do
advérbio. |
_______ |
*iguinorante |
epêntese |
a epêntese
é o desenvolvimento de um som a meio da palavra. Neste caso, a vogal inserida,
i, desfez um grupo que não é
natural no português, gn, criando
uma sequência mais conforme ao nosso padrão (estas epênteses são comuns no Brasil). |
pneu |
*peneu |
_______ |
de novo um grupo de consoantes demasiado erudito
(-PN-) a ser desfeito pela inserção de uma vogal (em Portugal, produzimos um e; os brasileiros podem inserir um i [*pineu]). |
_______ |
*céquisso (no pg. do Brasil) |
epêntese |
aqui o par de consoantes desfeito foi o que
existia escondido na letra <x>, os sons ks. |
sport (ingl.) |
esporte |
_______ |
o desenvolvimento de um som
no início da palavra é uma prótese.
Os brasileiros costumam fazer esta adaptação aos empréstimos começados por s- seguido de consoante (snob > esnobe), enquanto em Portugal é mais comum a manutenção da sequência
estrangeira (snob). |
|
|
|
a palavra portuguesa que descendeu da palavra
latina _____ tem um som inicial que não havia no seu étimo. |
alguidar |
*alguidare |
_______ |
a paragoge
é o desenvolvimento de som no final da palavra. É comum na pronúncia
alentejana. |
estar |
*_______ |
_______ |
a não ser em situações formais, raramente dizemos
a primeira sílaba das formas do verbo «estar» (na escrita temos de ter
cuidado!). |
ski (ingl.) |
esqui |
_______ |
na adaptação do anglicismo ao português
acrescentou-se um som no _____ da palavra. |
________ |
*segundária |
sonorização |
este erro, que vejo em redações, comprova a
tendência para, em certos contextos, as consoantes surdas passarem a sonoras. |
Completa esta cábula do
que estivemos a ver (podem ser úteis as pp. 56-57):
Processos
fonológicos
inserção (acrescentamento de sons)
no princípio: _________
no meio: _________
no final: _________
supressão (eliminação de sons)
no princípio: _________
no meio: _________
no final: _________
alteração [e transposição] (mudança [e troca de lugar] de sons)
aproximação, em termos de semelhança, a um som
vizinho: _______
diferenciação relativamente a um som vizinho:
________
contração de duas vogais numa só: _________
contração de duas vogais num ditongo: ________
passagem de uma consoante surda a sonora: ________
evolução para um som palatal: palatalização
transformação de uma consoante em vogal: vocalização
enfraquecimento de uma vogal em posição átona: redução
vocálica
passagem de um som para outro ponto da palavra:
_______
Ouviremos quatro trechos de bandas sonoras
de filmes. Depois de ouvida cada música (durante cerca de dois minutos), terás
mais uns três minutos para escrever poucas frases (em prosa — de qualquer género,
incluindo prosa poética) que a música te inspire.
Não
é dizer «inspira-me isto e aqueloutro», «lembra-me assim ou assado». É escrever
o texto inspirado pela música. Por exemplo, a primeira
música inspirou-me isto:
1
Viajara ainda de noite.
Atravessara o rio já raiava a manhã. Não esperou nem mais um segundo, havia que
chegar rápido ao acampamento. Pararia apenas já a cem metros da tenda em que
funcionava o quartel-general.
Foi então que verificou mais
uma vez se levava a carta. E se a tivesse perdido? Mas logo a sentira, aconchegada
no bolso esquerdo.
— Diga ao Marechal que cheguei.
2
.
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3
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4
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TPC
— Em Gaveta de Nuvens, vê ‘Processos fonológicos’ (com uma abordagem
mais interessante do que a do manual, na p. 304, que também podes ler).
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