Thursday, September 08, 2022

Aulas (61-80)

Aula 61-62 (16/jan [5.ª]; nas turmas mais atrasadas, esta aula será diluída em outras) Sobre gravações (cfr. Apresentação).

A pouco e pouco temos revisto as classes de palavras (adjetivo, verbo, preposição, pelo menos). Calha agora a do pronome. Vamos olhar sobretudo os Pronomes pessoais (situa-te, por favor, nas pp. 309-310).

Como nos pronomes pessoais ainda sobrevivem os «casos» latinos (vão apresentando formas diferentes conforme o papel sintático que desempenhem), também nos interessa lembrar os critérios para distinguir funções sintáticas (o nosso manual, pp. 321-325, é um pouco incompleto quanto a isto; ao contrário, o manual de muitos o ano passado, P9, tem boas páginas sobre o assunto — pp. 280-282).

Alguns critérios para distinguir funções sintáticas

— só das funções que podem interessar agora —

o sujeito concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:

Caiu a cadeira. Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: *Caiu-a.)

O complemento direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):

Dei um doce ao orangotango. = Dei-o ao orangotango.

O complemento indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:

Dei um doce ao orangotango. = Dei-lhe um doce.

O complemento oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:

Assistiu ao Sporting-Braga. *Assistiu-lhe.

Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:

A Florinda estudou gramática na segunda-feira.

Que fez a Florinda na segunda-feira? Estudou gramática.

Ao contrário, se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado é agramatical:

O Acácio foi à Cova da Moura.

* Que fez o Acácio à Cova da Moura? Foi.

Reconhece-se o complemento agente da passiva com facilidade. Começa com a preposição «por» e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:

A passagem de ano foi prejudicada pelo fogo. O fogo prejudicou a passagem de ano.

O predicativo do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.

Os taxistas andam revoltados.

A Violeta está em casa.

Encosta-te a mim

1             Encosta-te a mim,

2             Nós já vivemos cem mil anos

               Encosta-te a mim,

4             Talvez eu esteja a exagerar

               Encosta-te a mim,

               Dá cabo dos teus desenganos

7             Não queiras ver quem eu não sou,

8             Deixa-me chegar.

               Chegado da guerra,

               Fiz tudo p'ra sobreviver em nome da terra,

11            No fundo p'ra te merecer

12           Recebe-me bem,

               Não desencantes os meus passos

14           Faz de mim o teu herói,

               Não quero adormecer.

 

16           Tudo o que eu vi,

17            Estou a partilhar contigo

               O que não vivi hei de inventar contigo

               Sei que não sei às vezes entender o teu olhar

20           Mas quero-te bem, encosta-te a mim.

 

               Encosta-te a mim,

               Desatinamos tantas vezes

23           Vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal

               Recebe esta pomba que não está armadilhada

               Foi comprada, foi roubada, seja como for.

26           Eu venho do nada porque arrasei o que não quis

               Em nome da estrada, onde só quero ser feliz

               Enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada

               Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

 

               Tudo o que eu vi,

               Estou a partilhar contigo o que não vivi,

               Um dia hei de inventar contigo

               Sei que não sei às vezes entender o teu olhar

               Mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Jorge Palma, Voo Noturno

Na tabela estão pronomes pessoais encontráveis em «Encosta-te a mim». Tendo o cuidado de ir verificar o contexto em que aparecem os pronomes na letra da canção, escreve a função sintática de cada um. (Não te limites a procurar no quadro no manual; tenta mesmo compreender a função do pronome nas frases em causa.)

verso

pronome

função sintática

comentário que pode ajudar na decisão quanto à função desempenhada

1

te

 

Na 3.ª pessoa seria «ele encosta-se».

1

mim

 

Era possível trocar por «encosta-te-me».

2

Nós

 

 

4

eu

 

 

7

eu

 

 

8

me

 

O pronome da 3.ª pessoa não seria «*deixa-lhe» mas «deixa-o».

11

te

 

Na 3.ª pessoa seria «para o merecer».

12

me

 

Na 3.ª pessoa não seria «*recebe-lhe».

14

mim

 

 

16

eu

 

 

17

contigo

 

 

20

te

 

Há duas interpretações possíveis: ‘quero a ti bem’ (= ‘desejo a ti o melhor’) e ‘quero-te muito’ (= ‘desejo-te muito’).

23

mim

 

 

26

Eu

sujeito

 

Ouvida a segunda metade do episódio da série ‘Grandes livros’ acerca das obras de Fernão Lopes, à esquerda destes períodos escreve V(erdadeiro) ou F(also).

Cerco de Lisboa foi levantado assim que chegou ajuda vinda do Porto.

Segundo Teresa Amado, foi o povo de Lisboa que fez regente do reino D. João, Mestre de Avis.

As Crónicas de Fernão Lopes são sobretudo textos de história, mais do que textos literários.

Segundo Borges Coelho, apesar de ainda em português medieval, a prosa de Fernão Lopes é moderna porque é próxima da fala, do diálogo.

Para Teresa Amado, a história de Fernão Lopes é também uma história de pessoas (não é uma história exterior, apenas de factos).

Para Alice Vieira, a história como escrita por Fernão Lopes é como um relato de aventuras, de bons e maus, de luta pelo poder, apaixonante, uma «reportagem».

Para António Borges Coelho, Fernão Lopes tem o dom da síntese — numa frase, num grito popular consegue juntar uma multidão em movimento.

Em 1385, as cortes reúnem em Coimbra com vista a dar um novo rei a Portugal.

João das Regras defendeu que a escolha do rei devia resultar de um referendo, semelhante ao que não se haveria de fazer na Catalunha uns séculos mais tarde.

Segundo Borges Coelho, a Crónica de D. João I é a história da refundição do estado português.

A desproporção entre o número de castelhanos e portugueses em Aljubarrota foi ainda inflacionada por Fernão Lopes.

O herói que emerge na batalha de Aljubarrota é D. João I.

A estratégia usada para derrotar os castelhanos em Aljubarrota incluiu a disposição das tropas em quadrado, um terreno em declive, fossas cheias de cocós de cão mas disfarçadas com folhagem.

Segundo Jaime Nogueira Pinto, não haveria Portugal hoje se não tivessem existido D. João e D. Nuno Álvares Pereira — teríamos sido absorvidos pela Espanha em formação.

As Crónicas foram encomendadas a Fernão Lopes por D. Duarte, filho de D. João I, também com o fito de legitimar a segunda dinastia.

A convicção de Teresa Amado é que D. Duarte seria suficientemente inteligente e culto para ter dado liberdade a Fernão Lopes, sem o condicionar.

Segundo Borges Coelho, investigação recente tem mostrado como era parcial a perspetiva de Fernão Lopes.

Segundo Nogueira Pinto, Fernão Lopes gosta dos portugueses, chegando mesmo a assediá-los.

Borges Coelho lembra que Fernão Lopes, por hábito de tabelião, procurava documentação («ia às fontes») e lera os autores que tinham já tratado aqueles episódios.

Para Alice Vieira, dada a vivacidade que imprime ao relato, parece-nos sempre que Fernão Lopes esteve no centro dos acontecimentos.

Conheces as reportagens que são incluídas em telejornais ou programas de informação. A jornalista faz introdução (descreve o contexto), depois ouve uns populares ou uns especialistas, volta a sintetizar, pode até dialogar com o pivô no estúdio, etc. Escreve um desses diretos, no momento do cerco de Lisboa, baseando-te no texto de Fernão Lopes (pp. 99-102), mas criando também parte do contexto.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

 

Aula 63-64 (17 [5.ª]; 18 [4.ª], 20/jan [1.ª, 3.ª]) Correção de questionário de compreensão sobre textos nas pp. 105-106 (cfr. Apresentaçã0).

Escreve as formas verbais com o pronome correspondente ao complemento que sublinhei e com a colocação correta (próclise, mesóclise, ênclise, consoante a situação).

Devoraremos três javalis

 

Copiarias o teste de Matemática

 

Plagiavas a investigação de Inglês

 

Esquartejaste os répteis

 

Papas a papinha, bebé bué fofo

 

As bossas tinham vinho a rodos

 

Os realizadores pediram os retratos nus

 

Tinhas escondido as cábulas de Filosofia

 

— Viram-me em Riade? — perguntou Martínez

Martínez perguntou se

Esbofeteai-o

Não

Comiam as tripas quando chovia

Quando chovia,

Destruirão o armamento de Tancos

 

Bebam essa zurrapa

Peço-lhes que

O tema «Carta», do grupo Toranja, está incluído no primeiro álbum da banda, Esquissos, de 2003. Escuta o texto e, logo à primeira audição, tenta completar os espaços em branco com as palavras em falta.

Não falei contigo

com medo que os ________ (1)

e vales que me achas

________ (2) a teus pés...

Acredito e entendo

que a ________________ (3) lógica

de quem não quer explodir

faça bem ao _________ (4) que és...

 

Saudade é o ______ (5)

que vou sugando e aceitando

como ________ (6) de verão

nos ________ (7) do teu beijo...

Mas sinto que sabes

que sentes também

que num dia maior

serás __________ (8) sem rede

a pairar sobre o ________ (9)

e tudo o que vejo...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

que sou _________ (10) feiticeiro

Que a minha bola de ________ (11)

é ________ (12) de papel

Nela te pinto nua

numa __________ (13) minha e tua.

 

Desconfio que ainda não reparaste

que o teu _________ (14) foi inventado

por _______________ (15) estragados

aos quais te vais moldando...

E todo o teu _____________ (16) estratégico

de _________________ (17) do coração

são ______ (18) como paredes e tetos

cujos _______ (19) vais pisando...

 

Anseio o dia em que acordares

por cima de todos os teus __________ (20)

raízes ______________ (21) de somas ____________ (22)

sempre com a mesma solução...

Podias deixar de fazer da vida

um ______ (23) vicioso

__________ (24) ao teu gesto _________ (25)

e à palma da tua mão...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

que sou ________ (26) feiticeiro

Que a minha bola de ________ (27)

é _______ (28) de papel

E nela te pinto nua

Numa _________ (29) minha e tua.

 

Desculpa se te fiz ________ (30) e noite

sem pedir ______________ (31) por escrito

ao _______________ (32) dos Deuses...

mas não fui eu que te _________ (33).

 

Desculpa se te usei

como __________ (34) dos meus sentidos

pedaço de _____________ (35) perdidos

que voltei a encontrar em ti...

 

É que hoje acordei e lembrei-me

Que sou _______ (36) feiticeiro...

... nela te pinto nua

Numa ___________ (37) minha e tua.

Ainda _________ (38) alguém

O ______ (39) passou-me ao lado

Ainda _________ (40) alguém

Se não te deste a ninguém

magoaste alguém

A mim... passou-me ao lado.

Letra e música de Tiago Bettencourt.

[Exercício tirado de Expressões, 10.º ano, 2011.]

Justifica o título «Carta».

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

 

Aula 65-66 (23/jan [5.ª, 4.ª]; nas outras duas turmas, esta aula será, a pouco e pouco, retomada aqui e ali) Correção da reportagem em direto do cerco de Lisboa (cfr. Apresentação).

Apresentam-se a seguir apenas duas das versões dos questionários de gramática (houve ainda outras versões, consoante as turmas, mas com diferenças irrelevantes).

Questionário de gramáticaVersão com Andeiro e Andeira

Circunda a letra da melhor alínea. (Não consultes nada fora desta folha.)

 

Os modos narrativo e dramático integram, respetivamente, textos

a) em prosa e trágicos.

b) com relato de ação e de teatro.

c) épicos e tristes.

d) em prosa narrativa e em prosa teatral.

 

A sequência «Deve recolher as fezes do seu cão num invólucro de plástico. Deverá segurar o papel de apoio com a mão esquerda, enquanto deposita o cocó no referido saco. Para o efeito, procederá do seguinte modo: [...]» ilustra bem o tipo textual

a) expositivo.

b) preditivo.

c) conversacional.

d) instrucional.

 

A sequência «O texto argumentativo tem como objetivo interferir ou transformar o ponto de vista do leitor relativamente ao mundo que o rodeia. Esse ponto de vista assenta num conjunto de normas ou valores» é exemplo do tipo textual

a) expositivo.

b) descritivo.

c) narrativo.

d) argumentativo.

 

Uma apóstrofe é

a) a repetição de uma palavra no início de vários versos ou frases.

b) um vocativo.

c) a repetição de uma palavra ou expressão no final de versos ou frases.

d) o sinal usado para marcar sinalefas («morr’amor!»).

 

A frase em que não há nenhuma metáfora é

a) «O blogue é uma gaveta de textos úteis».

b) «Não havia nuvens na sua alegria».

c) «A tua impertinência funciona como uma seta que me apontas».

d) «As dificuldades económicas são desafios ou espinhos ou faróis».

 

«Perífrase» é dizer

a) de modo alongado o que poderia ser dito de modo direto e breve.

b) com palavras mais doces o que, denotativamente, é cru.

c) com palavras mais cruas o que é, denotativamente, desagradável.

d) algo de modo antitético.

 

Nas cantigas de amigo e nas cantigas de amor, costuma haver, respetivamente,

a) um «eu» feminino, um destinatário próximo.

b) um confidente (muitas vezes, natureza, mãe, etc.), uma «senhor» toda masculina.

c) um rapaz ausente, uma «senhor» que impõe distância.

d) refrão, leixa-prem.

 

Todos os «a» são preposições em

a) «estou a comer a comida»; «dei a Isabel uma beijoca».

b) «dei a Isabel a um árabe»; «dei-a com todo o gosto».

c) «a Paris vai-se de comboio»; «dou negativa a todos os que considerarem esta alínea a melhor».

d) «a cavalo dado não se olha o dente»; «a mulheres não se bate nem com uma flor».

 

A frase correta é

a) Há bocado havia aqui três cocós de cão.

b) À pouco fui à casa de banho.

c) Há uma sala fechada à três anos.

d) À que tempos que não há sandes de mortadela no bar!

 

As evoluções persona > pessoa e persicu > pessicu (que veio a dar «pêssego») exemplificam uma

a) vocalização.

b) epêntese.

c) assimilação.

d) aférese.

 

O português do Brasil é

a) uma variedade socioletal do português.

b) a variante sul-americana do português.

c) um dialeto do português.

d) uma língua diferente do português europeu.

 

Galicismos são

a) empréstimos do inglês.

b) palavras portuguesas provindas do francês.

c) estrangeirismos de origem galesa.

d) palavras da família de «galo» («ovo», «Adán», «crista», etc.).

 

Em Portugal são características mais nortenhas que sulistas

a) o /ü/ (à francesa); a «troca dos bês por vês».

b) a «troca dos bês por vês»; ditongações (/uâ/ ou /uô/, por /ô/).

c) certa maneira de dizer sibilantes (s- dito quase /ch/); pronúncia como /a/ do e antes de -lh, -ch, ... («jo[a]lho», «f[a]cho»).

d) sobrevivência da 2.ª pessoa do plural; o /ü/ (à francesa).

 

A introdução de uma vogal entre grupos de consoantes pouco naturais no português, que acontece muito na variante brasileira («pineu», «corrupito»), constitui uma

a) crase.

b) epêntese.

c) paragoge.

d) prótese.

 

A relação que há entre «advérbio» e «nome» é a de

a) hiperonímia.

b) merónimo e holónimo.

c) co-hipónimos.

d) holónimo e merónimo.

 

A alínea em que não há relação de «hipónimo / hiperónimo» é

a) Fernão Lopes / português

b) Fernão Lopes / historiador

c) Fernão Lopes / escritor

d) Fernão Lopes / Portugal

 

A alínea em que há a sequência «merónimo, holónimo || hipónimo, hiperónimo» é

a) sala D9, ESJGF || ESJGF, estabelecimento de ensino

b) Madrid, Espanha || Espanha, Europa

c) estômago, corpo humano || cantor, Toni Carreira

d) cesto, apetrecho de básquete || rede, cesto

 

As palavras «chão» e «plano», que têm o mesmo étimo latino (planu-), são

a) homógrafas.

b) convergentes e homónimas.

c) divergentes.

d) homófonas.

 

As palavras «rio» («O rio Tejo desagua no Porto»; étimo: lat. rivum) e «rio» («Rio com todos os dentes, exceto com os cariados»; étimo: lat. rideo) são

a) parónimas.

b) convergentes e homónimas.

c) divergentes e homónimas.

d) divergentes.

 

São contrações de preposições com artigos todas as formas na alínea

a) ás, nas, de.

b) à, às, pelos.

c) da, a, naquela.

d) ao, as, dos.

 

Classifica quanto à função sintática, indicando, muito telegraficamente, o critério que tenhas usado. Vê o meu exemplo:

Em Riade, Georgina opta por autores árabes.

Modificador (GV)

Que faz G em Riade? Opta por autores árabes.

Chegaram as manas.

 

 

Abraça-me, mano.

 

 

O pajem disse que matavam o idiota do patrão.

 

 

Prestei ao Presidente as homenagens devidas.

 

 

No aeroporto apalparam-te?

 

 

A Argentina foi derrotada pela Arábia Saudita.

 

 

 

Escreve as formas verbais com o pronome correspondente ao complemento que sublinhei e com a colocação correta (próclise, mesóclise, ênclise, consoante a situação, em português europeu).

Comeremos três hambúrgueres.

Comê-los-emos.

Salvarias a nora de Georgina.

 

Bebam as coca-colas.

 

Assassinaste o Andeiro e a Andeira.

 

Tomai a hóstia.

Não

 

Questionário de gramáticaVersão com bife devorado por vegetariano

Circunda a letra da melhor alínea. (Não consultes nada fora desta folha.)

 

Os textos líricos caracterizam-se por serem

a) poéticos.

b) centrados na 1.ª pessoa.

c) em verso.

d) em verso rimado.

 

No trecho «Responde a esta pergunta, circundando a alínea que seja a mais a correta. Para isso, deves fazer um círculo em torno da letra respetiva, de modo claro», predomina o tipo textual

a) expositivo.

b) explicativo.

c) instrucional.

d) preditivo.

 

No trecho «As narrativas têm ação, personagens, espaço, tempo, narrador (e este pode ser, quanto à participação na ação, homodiegético — autodiegético, se for o herói — ou heterodiegético). Também há momentos descritivos», predomina o tipo textual

a) narrativo.

b) expositivo.

c) instrucional.

d) descritivo.

 

No terceto «É preciso gostar / É preciso amar / É preciso viver» há a figura de estilo que se designa

a) eufemismo.

b) metáfora.

c) anáfora.

d) oxímoro.

 

Há uma hipérbole em

a) «fumei um cigarro pensativo».

b) «em 1755 boa parte de Lisboa ficou destruída».

c) «Portugal goleou a Suíça por 6-1».

d) «este trabalho de gramática será uma derrocada».

 

Nas cantigas de amigo, o sujeito poético (o «eu») e o «tu» a quem este se dirige são, respetivamente,

a) o amigo e um confidente.

b) a amiga e o namorado.

c) a rapariga (a moça) e um confidente.

d) mulher (ou rapariga) e o namorado.

 

Nas cantigas de amor (relativamente às cantigas de amigo),

a) o vocabulário é mais díficil e a relação entre o par amoroso mais próxima.

b) o «eu» é menos espontâneo e o objeto de paixão, mais inacessível.

c) o «eu» é mais jovem e o confidente é mais velho.

d) o léxico é mais complexo, a relação amorosa mais concretizável.

 

A preposição a surge, contraída ou não, em todos os três segmentos da alínea

a) «Estou a dormir»; «O nascimento e a morte são tristes»; «Vou à feira».

b) «Ao falar, perdigotava»; «Às armas, às armas!»; «Não bastavam os rebuçados a Sandra».

c) «Há três minutos que não como cherne»; «Saiu-me o ás de copas»; «Escrevam um texto sem AA».

d) «Dei a prenda ao Honório»; «Bebamos ao Osório!»; «Cada vez mais linda a Ofélia...».

 

Em «Nas redações dos decimanistas da ESJGF havia erros incríveis»

a) há um erro (em vez de «*havia erros» devia ser «haviam erros»).

b) o sujeito é «erros incríveis».

c) não há sujeito nem cocós de cão.

d) o sujeito é «Nas redações dos decimanistas da ESJGF».

 

Houve síncope seguida de crase na evolução

a) lacuna > lagona > lagoa.

b) dolor > door > dor.

c) lege > lee > lei.

d) domina > domna > dona.

 

São razões para uso do pronome antes do verbo (contrariamente ao comum, que é a ênclise)

a) tratar-se de português brasileiro; a afirmativa; um imperativo.

b) uma oração coordenada; o verbo estar no futuro ou no condicional.

c) uma oração subordinada; a negativa; a presença de certos advérbios.

d) a mesóclise; o avistamento de um cocó de cão.

 

«Empréstimo» e «estrangeirismo»

a) são sinónimos exatos.

b) supõem, respetivamente, a grafias original e a já aportuguesada.

c) correspondem a palavras entradas ainda em latim e a palavras estrangeiras em curso de acomodação.

d) podem ser palavras quase sinónimas, mas «estrangeirismo» tem conotação depreciativa.

 

A próclise (anteposição do pronome relativamente ao verbo) justifica-se por haver uma estrutura de subordinação em

a) Não o vi na escola ontem.

b) Comprei-a na feira, quando fui a Carcavelos.

c) Disse que o dava no final da aula.

d) Dar-te-ei todos os beijos que queiras.

 

São características do português do Brasil

a) perifrástica com gerúndio («está falando»); posposição de pronome a verbo.

b) omissão de –r final; abertura maior das vogais átonas.

c) palatalização de «t» e «d» antes de i; ênclise; 2.ª pessoa como forma de tratamento.

d) perifrástica com infinitivo (está a falar»); semivocalização de –l final.

 

A forma «tivestes» é

a) a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito de «Estar».

b) a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito de «Ter».

c) a 2.ª pessoa do singular do Pretérito Perfeito de «Ter».

d) agramatical (um erro, portanto).

 

A relação que há entre «gato» e «rato» é de

a) merónimo e holónimo.

b) co-hipónimos.

c) holónimo e merónimo.

d) hiperónimo e hipónimo.

 

Não há relação de «hipónimo / hiperónimo» em

a) limonada / bebida

b) Filosofia / 10.º ano

c) Expiação / filme

d) casa de banho / divisão de casa

 

Há uma sequência de «hiperónimo, hipónimo || merónimo, holónimo» em

a) piano, tecla || corda, harpa.

b) flor, rosa || bolso, casaco.

c) Lisboa, Jerónimos || braguilha, calças.

d) país, Portugal || deserto, areia.

 

As palavras «adro» e «átrio», que têm o mesmo étimo latino (atriu-), são

a) homógrafas.

b) convergentes e homónimas.

c) divergentes.

d) homófonas.

 

As palavras «chama» («Ela chama pelo gato, miando»; étimo: lat. clamat) e «chama» («A chama de Ronaldo está a apagar-se»; étimo: lat. flamma-) são

a) parónimas.

b) convergentes e homónimas.

c) divergentes e homónimas.

d) divergentes.

 

Classifica quanto à função sintática, indicando, muito telegraficamente, o critério que tenhas usado. Vê o meu exemplo:

Em Riade, Georgina opta por autores árabes.

Modificador (GV)

Que faz G em Riade? Opta por autores árabes.

O bife foi devorado pelo vegetariano.

 

 

Dá saudações minhas ao teu irmão.

 

 

Cumprimentámo-nos afetuosamente.

 

 

Fernão Lopes relata que tudo faltava.

 

 

Mãe, beija-me!

 

 

Finalmente, veio o frio.

 

 

 

Escreve as formas verbais com o pronome correspondente ao complemento que sublinhei e com a colocação correta (próclise, mesóclise, ênclise, consoante a situação, em português europeu).

Comeremos três hambúrgueres.

Comê-los-emos.

Resolvam estas difíceis questões.

 

Percebeste a conclusão do texto?

 

Deolinda, entrega esta folha.

Não

Encararias essa hipótese?

 

 

Na turma 5.ª [na turma 4.ª, fizeram-se duas tarefas da aula 61-62: questionário de compreensão sobre 2.ª parte de documentário sobre Fernão Lopes e redação de reportagem em direto do cerco de Lisboa], depois de distribuídas e lidas folhas de exemplares do suplemento do Público «Fugas», com crónicas gastronómicas («O Gato das Botas») de Miguel Esteves Cardoso:

Nas crónicas gastronómicas de Miguel Esteves Cardoso — que saem na Fugas, o suplemento do Público aos sábados —, o escritor embevece-se com, aparentemente, pouco (um pitéu, algum requinte de culinária, uns simples pratos tradicionais). Relanceia o exemplar que te tenha calhado e vê como estes textos ficam entre a apreciação crítica, o artigo de opinião, a crónica.

Escreve um texto no mesmo género, um pouco mais pequeno, de idêntico teor gastronómico, culinário, etc. (No manual a apreciação crítica está explicada na p. 340, mas não será demasiado útil ires ler agora.)

Foco principal nestes textos de MEC: um restaurante; um prato; uma refeição (mesmo sem ser em restaurante); um dado alimento; um ingrediente.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

 

Aula 67-68 (23 [1.ª, 3.ª], 24 [5.ª], 25/jan [4.ª]) Correção de questionário de gramática.

Soluções do questionário de gramáticaVersão com Andeiro e Andeira

Os modos narrativo e dramático integram, respetivamente, textos || b) com relato de ação e de teatro.

A sequência «Deve recolher as fezes do seu cão num invólucro de plástico. Deverá segurar o papel de apoio com a mão esquerda, enquanto deposita o cocó no referido saco. Para o efeito, procederá do seguinte modo: [...]» ilustra bem o tipo textual || d) instrucional.

A sequência «O texto argumentativo tem como objetivo interferir ou transformar o ponto de vista do leitor relativamente ao mundo que o rodeia. Esse ponto de vista assenta num conjunto de normas ou valores» é exemplo do tipo textual || a) expositivo.

Uma apóstrofe é || b) um vocativo.

A frase em que não há nenhuma metáfora é || c) «A tua impertinência funciona como uma seta que me apontas».

«Perífrase» é dizer || a) de modo alongado o que poderia ser dito de modo direto e breve.

Nas cantigas de amigo e nas cantigas de amor, costuma haver, respetivamente, || c) um rapaz ausente, uma «senhor» que impõe distância.

Todos os «a» são preposições em || d) «a cavalo dado não se olha o dente»; «a mulheres não se bate nem com uma flor».

A frase correta é || a) Há bocado havia aqui três cocós de cão.

As evoluções persona > pessoa e persicu > pessicu (que veio a dar «pêssego») exemplificam uma || c) assimilação.

O português do Brasil é || b) a variante sul-americana do português.

Galicismos são || b) palavras portuguesas provindas do francês.

Em Portugal são características mais nortenhas que sulistas || b) a «troca dos bês por vês»; ditongações (/uâ/ ou /uô/, por /ô/).

A introdução de uma vogal entre grupos de consoantes pouco naturais no português, que acontece muito na variante brasileira («pineu», «corrupito»), constitui uma || b) epêntese.

A relação que há entre «advérbio» e «nome» é a de || c) co-hipónimos.

A alínea em que não há relação de «hipónimo / hiperónimo» é || d) Fernão Lopes / Portugal

A alínea em que há a sequência «merónimo, holónimo || hipónimo, hiperónimo» é || a) sala D9, ESJGF || ESJGF, estabelecimento de ensino

As palavras «chão» e «plano», que têm o mesmo étimo latino (planu-), são || c) divergentes.

As palavras «rio» («O rio Tejo desagua no Porto»; étimo: lat. rivum) e «rio» («Rio com todos os dentes, exceto com os cariados»; étimo: lat. rideo) são || b) convergentes e homónimas.

São contrações de preposições com artigos todas as formas na alínea || b) à, às, pelos.

 

Chegaram as manas.

Sujeito

Chegou a mana.

Abraça-me, mano.

Compl. direto

3.ª pessoa: Abraça-o / Abraça-*lhe

O pajem disse que matavam o idiota do patrão.

Compl. direto

O pajem disse-o

Prestei ao Presidente as homenagens devidas.

Compl. indireto

Prestei-lhe

No aeroporto apalparam-te?

Compl. direto

3.ª pessoa: apalparam-no/-na

A Argentina foi derrotada pela Arábia Saudita.

Agente da passiva

ativa: A Arábia Saudita derrotou a Argentina.

 

Salvarias a nora de Georgina.

Salvá-la-ias

Bebam as coca-colas.

Bebam-nas

Assassinaste o Andeiro e a Andeira.

Assassinaste-os

Tomai a hóstia.

Não a tomeis

 

Soluções do questionário de gramáticaVersão com bife devorado por vegetariano

Os textos líricos caracterizam-se por serem || b) centrados na 1.ª pessoa.

No trecho «Responde a esta pergunta, circundando a alínea que seja a mais a correta. Para isso, deves fazer um círculo em torno da letra respetiva, de modo claro», predomina o tipo textual || c) instrucional.

No trecho «As narrativas têm ação, personagens, espaço, tempo, narrador (e este pode ser, quanto à participação na ação, homodiegético — autodiegético, se for o herói — ou heterodiegético). Também há momentos descritivos», predomina o tipo textual || b) expositivo.

No terceto «É preciso gostar / É preciso amar / É preciso viver» há a figura de estilo que se designa || c) anáfora.

Há uma hipérbole em || d) «este trabalho de gramática será uma derrocada».

Nas cantigas de amigo, o sujeito poético (o «eu») e o «tu» a quem este se dirige são, respetivamente, || c) a rapariga (a moça) e um confidente.

Nas cantigas de amor (relativamente às cantigas de amigo), || b) o «eu» é menos espontâneo e o objeto de paixão, mais inacessível.

A preposição a surge, contraída ou não, em todos os três segmentos da alínea || b) «Ao falar, perdigotava»; «Às armas, às armas!»; «Não bastavam os rebuçados a Sandra».

Em «Nas redações dos decimanistas da ESJGF havia erros incríveis» || c) não há sujeito nem cocós de cão.

Houve síncope seguida de crase na evolução || b) dolor > door > dor.

São razões para uso do pronome antes do verbo (contrariamente ao comum, que é a ênclise) || c) uma oração subordinada; a negativa; a presença de certos advérbios.

«Empréstimo» e «estrangeirismo» || d) podem ser palavras quase sinónimas, mas «estrangeirismo» tem conotação depreciativa.

A próclise (anteposição do pronome relativamente ao verbo) justifica-se por haver uma estrutura de subordinação em || c) Disse que o dava no final da aula.

São características do português do Brasil || b) omissão de –r final; abertura maior das vogais átonas.

A forma «tivestes» é || b) a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito de «Ter».

A relação que há entre «gato» e «rato» é de || b) co-hipónimos.

Não há relação de «hipónimo / hiperónimo» em || b) Filosofia / 10.º ano

Há uma sequência de «hiperónimo, hipónimo || merónimo, holónimo» em || b) flor, rosa || bolso, casaco.

As palavras «adro» e «átrio», que têm o mesmo étimo latino (atriu-), são || c) divergentes.

As palavras «chama» («Ela chama pelo gato, miando»; étimo: lat. clamat) e «chama» («A chama de Ronaldo está a apagar-se»; étimo: lat. flamma-) são || b) convergentes e homónimas.

 

O bife foi devorado pelo vegetariano.

Agente da passiva

ativa: O vegetariano devorou o bife.

Dá saudações minhas ao teu irmão.

Compl. indireto

Dá-lhe saudações minhas

Cumprimentámo-nos afetuosamente.

Compl. direto

3.ª pessoa: cumprimentaram-se / *lhe

Fernão Lopes relata que tudo faltava.

Compl. direto

Fernão Lopes relata-o

Mãe, beija-me!

Compl. direto

3.ª pessoa: beija-o / *lhe

Finalmente, veio o frio.

Sujeito

Finalmente, vieram o frio e a neve.

 

Resolvam estas difíceis questões.

Resolvam-nas

Percebeste a conclusão do texto?

Percebeste-a

Deolinda, entrega esta folha.

Não a entregues, Deolinda.

Encararias essa hipótese?

Encará-la-ias?

1.º semestre — alguns focos do ensino e da avaliação (que, porém, não devem ser vistos como parcelas para se chegar a uma média)


Leitura

Aula

Questionário sobre «Louvor do livro» (aula 7-8)

 

Questionário sobre «Amor, via Twitter» (aula 25-26)

Questionário sobre «Paterson», crónica de Pedro Mexia (aula 31-32)

Questionário sobre dois depoimentos sobre Fernão Lopes (aula 45-46)

Questionário sobre textos sobre Fernão Lopes nas pp. 105-106 (aula 59-60)

Observação direta da eficiência a resolver as tarefas com textos em todas as aulas

 

Escrita

Aula

Parágrafos autobiográficos verdadeiros e falsos (aula 1-2)

 

Trechos com diferentes tipos textuais (aula 5-6)

Parágrafo inserido em texto de Kalaf com inclusão de seis palavras dadas (aula 9-10)

Poema segundo o modelo de «Pedro de Santarém», de Adília Lopes (aula 11-12)

Continuação de trechos em situação parecida com a de «Pica do sete» (aula 13-14)

Comentário comparado entre «Olhos nos olhos» e cantigas de amigo (aula 15-16)

Cantiga de amigo com contexto contemporâneo (aula 17-18)

Trechos inspirados por bandas sonoras de filmes (aula 19-20)

Texto em prosa à imagem do poema de Paterson sobre fósforos (aula 21-22)

Poema com o título «Quedas de água»  ou «Cai água» (aula 23-24)

Comentário a «Primeiro Beijo», «O Primeiro Beijo» e cantigas (aula 31-32)

Poesia a partir de quatro versos tirados de canções de 1986 (aula 33-34)

Apreciação de pintura de álbum com obras de um pintor à sorte (aula 35-36)

Lipograma, isto é, texto sem uma letra, neste caso, o A (aula 47-48)

Conto em cem palavras (aula 45-46)

Texto alfabético sobre ‘mundial’ (aula 41-42 ou 43-44)

Notícia relativa ao episódio «Do alvoroço que foi na cidade [...]» (aula 51-52)

Comentário a cartoon de Nikola Listes e trechos de Fernão Lopes (aula 55-56)

* Reportagem em direto do cerco de Lisboa (aula 61-62) [só no 10.º 5.ª]

* Resumo de parágrafos do cap. 11 da Crónica de D. João I (aula 49-50) [só no 10.º 4.ª]

Observação direta da capacidade de aproveitar as várias etapas da redação

Casa

Parágrafos, com cinco tipos textuais, sobre o próprio autor (tepecê da aula 3-4)

«Alfabeto Pessoal» (tepecê da aula 28-30)

Poema(s) para Concurso Correntes d’escritas (tepecê da aula 37-38)

Reformulação do poema para concurso (tepecê da aula 43-44)

* Acróstico sobre Crónica de D. João I (tepecê da aula 59-60) [só no 10.º 5.ª]

Compreensão do oral e Expressão oral (& Educação literária)

Aula

Observação direta da atitude de procurar ouvir os outros com atenção (sem falar para o lado)

 

Casa

Gravação, com imagem fixa, sobre leituras (tepecê da aula 55-56, mas afixado antes)

Resposta na Classroom sobre livros e leituras a fazer (anunciado na aula 7-8)

Leituras de livros feitas durante todo o semestre

Gramática

Aula

Questionário sobre alguns conteúdos mais abordados (aula 63-64 ou 65/66)

 

Observação direta da atenção nos momentos em que se trata de ouvir explicações de conteúdos

Casa

Flexão de verbos em acróstico do nome completo do autor (tepecê da aula 51-52)

Há algumas aulas, usámos um discurso de Mr. Bean sobre uma pintura. Agora, recorreremos de novo a um filme com Rowan Atkinson, Bean em férias, e a um discurso. Desta vez temos um discurso de agradecimento de prémio, proferido pela personagem Carson Clay, um egocêntrico realizador de cinema, que faz uma apreciação ao seu próprio filme, que acabava de ser ovacionado por toda a plateia do Festival de Cannes.

No texto de Clay há vírgulas desnecessárias (ou que, em alguns casos, constituem até uma incorreção). Circunda-as. Talvez possas usar um círculo tracejado para as vírgulas que são prescindíveis mas não agramaticais e um círculo cheio para as absolutamente erradas.

Algo muito estranho se passa, quando fazemos uma obra de arte. Por vezes, não nos apercebemos da junção dos elementos, e, quando todos se juntam, algo de mágico, algo orgânico, acontece, e foi isso que se passou hoje.

Todos disseram que isto não ia resultar. Disseram que era um enorme risco, mas quero continuar a fazer filmes como este. A combinação do cinema e do vídeo é algo que já foi feito, anteriormente, mas não, exatamente, desta forma.

Estou contente por a receção ter sido tão fantástica, e estou feliz por cá estar. Viva a França. Deus vos abençoe.

Todo o filme aproveita muito o ato de filmar com câmara digital. Por assim dizer, acompanhamos o processo de «enunciação» (a recolha de imagens por Bean, turista em França) sem sabermos que o enunciado que desse ato vai resultando (as imagens arquivadas na câmara) há de integrar-se num outro enunciado, o filme falhado de Clay.

Sublinha as comparações, recurso decerto destinado a ridicularizar o texto em off.

Anseio esquecer-te. Esquecer os teus beijos, como fruta macia; o teu riso irrompendo na luz do dia, como prata; o teu sorriso, como a curva do quarto crescente no céu da noite; a tua beleza luminosa, a tua bondade, a tua paciência e quanto te agarravas a cada uma das palavras por mim proferidas.

Estás agora nos braços de outro. Quem é ele? Este homem? Tem porte? Tem encanto? É um amante? Ou um lutador? Que poderes tem ele sobre ti? Dançarão os teus olhos, quais pirilampos na noite, quando ele vem ao teu encontro? Amaciar-se-á o teu corpo, enquanto os teus lábios balbuciam o nome dele?

Repara que tanto o filme produzido por Bean involuntariamente como a entrevista da Briony já idosa em Expiação funcionam como narrativas encaixadas que, perto do final, retomam a narrativa primeira, mas com um olhar agora mais verdadeiro.

Seguiu-se conversa com cada um dos alunos sobre o trabalho ao longo do período (e, ao mesmo tempo, os outros viam Bean em férias).

TPC — Completa acróstico sobre Crónica de D. João I.

 

 

Aula 69-70 (6 [1.ª, 3.ª, 5.ª], 7/fev [4.ª]) Os dois textos seguintes foram tirados de Célia Cameira, Fernanda Palma, Rui Palma, Mensagens, 10.º ano, Lisboa, Texto, 2016, pp. 108-109:




Vai lendo o depoimento de Maria do Rosário Pedreira — «Pôr o dedo na ferida» — e circundando a melhor alínea de cada item.

 

O título «Pôr o dedo na ferida» procura fazer uma alusão

a) ao facto de Gil Vicente ter exposto os aspetos negativos da sociedade do seu tempo.

b) ao ambiente fechado, autoritário, da escola em que a cronista estudou.

c) ao facto de palavras como «caganeira» (e, decerto, «cocó») terem passado a ser ditas em aula.

d) às reações da personagem Inês na Farsa de Inês Pereira.

 

«era muito diferente da de hoje» (ll. 2-3) é

a) predicativo do sujeito.

b) predicado.

c) frase.

d) período.

 

O facto a que se reporta «o que, aliás, aconteceu muito mais depressa do que supúnhamos» (ll. 10-11) foi

a) uma lufada de ar fresco.

b) o castelhano ter surgido misturado com a língua arcaica.

c) a compreensão fácil do português de Gil Vicente.

d) rir à gargalhada.

 

«Gil Vicente foi mesmo um desbocado» (l. 23) significa que Gil Vicente

a) era desdentado.

b) não tinha boca.

c) falava muito.

d) criticava muito.

 

«atual» (l. 33) é

a) predicativo do sujeito.

b) complemento oblíquo.

c) complemento indireto.

d) complemento direto.

 

O que torna «este texto grande literatura» (ll. 42-43) é

a) a mudança surpreendente da linha de ação e certos aspetos formais.

b) Gil Vicente transformar a vítima em carrasco.

c) Gil Vicente permitir a Inês emendar o pé, além das palavras ricas e belíssimas.

d) a forma com que se apresenta o conteúdo (versos, palavras ricas, rima).

 

Passa agora ao depoimento de Fernando Alvim — «Se não estou em erro» — e vai também circundando a melhor alínea de cada item.

 

«a vossa idade» (l. 3) indica que o narrador — no fundo, identificável com Fernando Alvim — toma como narratário (como seu destinatário)

a) os ouvintes do seu programa de rádio.

b) os espetadores do seu programa de televisão.

c) quem o leia.

d) estudantes do 10.º ano.

 

Em «e, talvez, um sentido estético bem mais sofrível que os anos 80 não pouparam a ninguém» (ll. 3-5), o narrador

a) brinca com o gosto dos adolescentes atuais.

b) brinca com o gosto dos anos oitenta.

c) considera que, antigamente, havia modas melhores.

d) assume que os anos oitenta foram uma época de gastos.

 

Pelas linhas 5-9 percebemos que Alvim estudou

a) a Farsa de Inês Pereira pouco antes de ter lido o Auto da Barca do Inferno.

b) a Farsa de Inês Pereira bastante antes de ter lido o Auto da Barca de Inferno.

c) o Auto da Barca do Inferno antes de ter lido a Farsa de Inês Pereira.

d) as obras de Gil Vicente pouco depois do exame de condução.

 

«daquelas que vocês tanto gostam» (l. 13)

a) está mal escrito.

b) reporta-se às peças de Gil Vicente.

c) alude a peças de vestuário.

d) diz respeito a selfies (l. 16).

 

«moderno» (l. 20) é um

a) predicativo do sujeito relativo ao próprio narrador.

b) predicativo do sujeito relativo à peça de Gil Vicente.

c) predicativo do sujeito relativo a Gil Vicente.

d) complemento direto.

 

«É certinho» (l. 24) exprime

a) ironia acerca da duração da vida daqueles a quem se dirige.

b) ceticismo quanto à boa natureza dos comportamentos das pessoas.

c) a índole atitudinal de Brás da Mata.

d) confiança de que os nomes «Inês», «Pereira», «Brás» e «Mata» sejam dos mais comuns no futuro.

 

Nas primeiras linhas do terceiro parágrafo (l. 25-...), assume-se que a Farsa de Inês Pereira

a) critica clero e casamento.

b) luta contra a discriminação entre géneros e o casamento tradicional.

c) aborda muitos locais.

d) caricatura mais os homens do que as mulheres.

 

«A sério, ele não se importa» (l. 36) significa que Gil Vicente

a) merece ser lido.

b) não se importa que o digiram.

c) não se importa de levar pancada.

d) não tinha medo de ridicularizar com quem se cruzava.

 

Em «O meu fascínio por Gil Vicente sofreu um rombo de que julguei ser impossível recuperar» (ll. 44-45), «Gil Vicente» refere

a) uma equipa de futebol.

b) Makpoloka Mangonga.

c) o narrador.

d) o importante dramaturgo.

 

«Ela mesma» (l. 50) é uma

a) catáfora, tendo como referente «a Farsa de Inês Pereira».

b) anáfora, tendo como antecedente «a sua vez».

c) anáfora, tendo como referente «leitura para os pacientes que aguardam a sua vez».

d) catáfora, tendo como referente «leitura para os pacientes que aguardam a sua vez».

 

Critérios para distinguir funções sintáticas

funções ao nível da frase

O sujeito concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:

Caiu a cadeira. Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: *Caiu-a.)

O predicado pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:

O Egas partiu para o Dubai. O Egas partiu para o Dubai e o Ivo também (também partiu para o Dubai).

O vocativo distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.

Tu, Teresa, não percebes nada disto! Tu, ó Teresa, não percebes nada disto!

Para distinguir o modificador de frase do modificador do grupo verbal, pode ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide sobre toda a frase.

Evidentemente, o povo tem razão. *É evidentemente que o povo tem razão?

Talvez Portugal ganhe. *Não talvez Portugal ganhe.

Com um modificador de grupo verbal o resultado seria gramatical:

Ele come alarvemente. É alarvemente que ele come?

 

funções internas ao grupo verbal

O complemento direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):

Dei mil doces ao diabético. Dei-os ao diabético.

O complemento indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:

Ofereci uma sopa de nabiças ao arrumador. Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.

O complemento oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:

Assistiu ao jogo contra as Ilhas Faroé. *Assistiu-lhe.

Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:

Marcelo fez um discurso na segunda-feira.

Que fez Marcelo na segunda-feira? Fez um discurso.

Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já será agramatical:

Dona Dolores foi à Madeira.

*Que fez Dona Dolores à Madeira? Foi.

O complemento agente da passiva começa com a preposição «por», precedida por verbo na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:

A casa foi comprada por Monica Bellucci. Monica Bellucci comprou a casa.

As joias de Kim foram roubadas pelos ladrões. Os ladrões roubaram as joias de Kim.

O predicativo do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.

Os taxistas andam revoltados.

A Violeta está em casa.

O predicativo do complemento direto é uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar», «considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma qualidade/característica.

A ONU elegeu Guterres secretário-geral. (Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o predicativo do complemento direto: A ONU elegeu-o secretário-geral.)

Eles deixaram a porta aberta. ( Eles deixaram-na aberta.)

Cfr., porém, «Comprei o bolo podre», que pode ter duas interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo podre» é o complemento direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o complemento direto e «podre» é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).

 

funções internas ao grupo nominal

O complemento do nome, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar apenas implícito). Os nomes que selecionam complemento são muitas vezes derivados de verbos.

A absolvição do réu desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em que a referência ao absolvido ficasse implícita.)

A necessidade de estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma balela.)

Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na sua ausência, aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos não são fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)

A previsão meteorológica falhou.

Os conhecimentos informáticos são úteis.

O modificador restritivo do nome restringe a realidade que refere, mas não é selecionado pelo nome (não é «obrigatório»).

Comprei o casaco azul.

Cão que ladra não morde.

O modificador apositivo do nome, sempre isolado por vírgulas, travessões ou parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).

O filme de que te falei, Cinema Paraíso, já foi objeto de paródias.

O Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo, conhece o Busto.

 

função interna ao grupo adjetival

O complemento do adjetivo é selecionado por um adjetivo (embora seja, frequentemente, opcional).

Ela ficou radiante com os presentes. (Ela ficou radiante.)

Isso é passível de pena máxima. (*Isso é passível.)

Os itens seguintes — sobre funções sintáticas — são retirados da Nova Gramática didática de português (Carnaxide, Santillana, 2011), com quase nenhumas adaptações:

Seleciona, em cada conjunto de frases apresentadas nas alíneas abaixo, aquela cujo constituinte destacado não desempenha a função sintática indicada.

Complemento direto

A Marlene vendeu o barco na semana passada.

Os velejadores perderam a regata.

O nadador-salvador atirou a boia ao náufrago.

As focas comem peixe.

Complemento oblíquo

Não te aconselho a fugir.

Ele bateu ao irmão.

Gosto de passear.

Duvido disso.

Complemento agente da passiva

O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral.

O Porfírio anseia pelo teu regresso.

O barco foi desviado da rota pelo vento.

Os papéis foram organizados pela secretária.

Predicativo do complemento direto

A Luana continua na mesma empresa.

Os padrinhos estimavam-no como filho.

O juiz considerou-o inocente.

Os vizinhos tinham-no por caloteiro.

Os itens seguintes — sobre funções sintáticas — retirei-os de Desafios. Português. 11.º ano. Caderno de Atividades (de Alexandre Dias Pinto, Carlota Miranda, Patrícia Nunes; Carnaxide, Santillana, 2011), alterando apenas alguns nomes próprios.

 

Identifica a função sintática desempenhada pelo constituinte destacado nas frases:

a) O Adão e a Eva chegaram agora. ____________

b) O filme era muito emocionante. ____________

c) Ofereceram-me um livro muito interessante. ___________

d) O juiz declarou-o culpado. _________

e) O texto foi entregue pela minha aluna. __________

f) A venda das camisolas foi um sucesso. __________

g) O Marciano, que é um excelente dançarino, venceu o concurso. __________

h) Prometemos que regressaríamos daí a dois anos. ___________

i) É fantástico que venhas connosco. __________

Indica a função sintática das expressões sublinhadas, em frases do episódio «Débora vs. Luciana», de Último a sair. Só tens de preencher a coluna da direita (a do meio serve apenas para lembrar elementos úteis ao teu raciocínio).

Frase (em geral de Último a sair)

A ter em atenção

Função sintática

Ó pessoal, podem vir até aqui?

 

 

Ó pessoal, podem vir até aqui?

* que fazem eles até aqui?

 

Antes que expluda, é melhor falarmos entre todos.

oração adverbial temporal

 

Antes que expluda, é melhor falarmos entre todos.

 

 

Basicamente, é isto.

* É basicamente que é isto

 

Vocês acham normal terem-me nomeado?

acham normal isso

 

Vocês acham normal terem-me nomeado?

cfr. verbo transitivo-predicativo

 

terem-me nomeado

terem-na /* terem-lhe

 

Limpo esta merda todas as semanas.

Limpo-a

 

Limpo esta merda todas as semanas.

Que faço todas as semanas?

 

Limpo a merda que vocês deixam espalhada na cozinha.

«que» = ‘a merda’, ‘a qual’

 

Trato das plantas.

e a Luciana também

 

Estou-te a perguntar se és tu que vais limpar tudo isto.

 

 

Vê se te acalmas.

se o acalmas / * se lhe acalmas

 

Deixa o Bruno em paz.

 

 

Olha a gaja que fala com as árvores.

oração adjetiva relativa restritiva

 

Olha a gaja que fala com as árvores.

 

 

Ai, coitadinha, que eu sou tão especial.

cfr. verbo copulativo

 

Vou mostrar ao mundo a verdadeira Luciana.

Vou mostrar-lhe

 

Olha, filha, verdadeiro é isto.

cfr. «verdadeiras são estas»

 

Pensas que vens aqui falar assim para as pessoas.

= isso / substantiva completiva

 

Sónia, gostas de partir pratos?

* Que faz ela de partir pratos? Gosta

 

Débora e Luciana, que são ambas tripeiras, discutem.

 

 

Por causa da nomeação de Débora gerou-se grande discussão.

 

 

Por causa da nomeação de Débora gerou-se grande discussão.

 

 

— O Roberto uniu-nos — disseram Débora e Rui.

 

 

— Os quartos e a casa de banho foram limpos por mim.

 

 

A Susana também é capaz de partir de pratos.

 

 

A mãe da Luciana não a educou assim.

 

 

Débora não fez sequer uma queixa dos colegas.

 

 

TPC — Sobre funções sintáticas podes consultar em Gaveta de Nuvens ‘Funções sintáticas’. De qualquer modo, o manual trata este assunto nas pp. 321-325.

 

 

Aula 71-72 (7 [5.ª], 8 [4.ª], 10/fev [1.ª, 3.ª]) Correção do questionário de compreensão de depoimentos sobre Farsa de Inês Pereira, por Rosário Pedreira e Fernando Alvim (cfr. Apresentação).

[Jogo do Stop:] Nos sujeitos e nos complementos diretos não contam eventuais determinantes (a letra será a do nome ou pronome); no complemento indireto, haverá sempre, é claro, a preposição «a» (contraída ou não), mas o que conta será o resto; o «por» não conta no caso de agentes da passiva; no caso de modificadores ou de complementos oblíquos, se houver preposição inicial, esta não conta para definir a letra inicial. Nos verbos das frases passivas, o auxiliar não conta (é a inicial do particípio passado que interessará).

Letra

Estrutura

I

Sujeito

Núcleo do Predicado

Modificador do grupo verbal

Complemento oblíquo [País]

A Irene

i

no inverno

a Inglaterra

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento indireto

Complemento direto

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Predicativo do c. direto

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador do grupo verbal [País]

 

 

 

 

 

Modificador do GV [Capital]

Sujeito

Núcleo do Predicado

Predicativo do sujeito

 

 

 

 

 

Sujeito

Núcleo do Predicado

Agente da passiva

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Figura artística]

Modificador apositivo

Núcleo do Predicado

Complemento direto

 

 

 

 

 

Vocativo

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Complemento indireto

 

 

 

 

 

Sujeito [Figura pública]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Desportista]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Modificador restritivo do nome

 

 

 

 

 

Núcleo do Predicado

Complemento direto

Complemento indireto

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Sujeito [Banda]

Núcleo do predicado

Agente da passiva

Modificador do grupo verbal

 

 

 

 

 

Modificador de frase

Sujeito [Escritor]

Núcleo do Predicado

Complemento direto

 

 

 

 

O primeiro a terminar a frase corretamente ganha 3 pontos; o segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase que se revele errada é atribuído um ponto negativo (-1 ponto).

Depois de leres a sinopse do Auto da Índia, cria a sinopse de uma das outras peças de Gil Vicente que pus na folha.

[Sinopse de] Auto da Índia — A criada pergunta à ama se ela chora por o marido ter embarcado para a Índia. Ela responde que não: chora por lhe dizerem que ele já não parte. A criada vai saber o que há de certeza. Regressa com a notícia de que ele embarcou. A patroa alegra-se, porque irá agora gozar muito. Entra um castelhano, que se desfaz em galanteios à mulher do embarcadiço. As suas jactâncias são ridículas. A ama diz que se retire e volte à noite, batendo com pedrinhas na janela, que ela abrir-lhe-á a porta. Sai o castelhano. Entra Lemos, que soube do embarque do marido e vem fazer pândega com ela. O castelhano atira as pedrinhas combinadas à vidraça. A ama acorre e diz-lhe que se retire, pois o irmão está com ela. O castelhano barafusta, profere ameaças de fanfarrão. A criada aparece, ofegante: o marido acaba de chegar! Entra o marido: a mulher finge-se alegre, diz-lhe que sofreu muito com a ausência dele; e saem ambos de visita à nau.

Mais peças de Gil Vicente: Auto da Alma; Auto da Feira; Comédia do Viúvo; Floresta de Enganos; Nau de Amores; Triunfo do Inverno; O Velho da Horta; Auto das Ciganas; Juiz da Beira; Farsa dos Almocreves

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TPC — Lê ficha do Caderno de atividades (já corrigida) sobre ‘Funções sintáticas’ que porei em Gaveta de Nuvens.

 

 

Aula 73-74 (13 [1.ª, 3.ª, 5.ª], 14/fev [4.ª]) Na metade superior da p. 122 tens a didascália da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. À esquerda está o texto da didascália da peça como ficou na Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente (1562); à direita, a reprodução da didascália numa folha volante (1523). Copia a didascália (versão à esquerda), mas fazendo as alterações necessárias (e apenas essas) para que o texto fique em português moderno. Será mais a ordem das palavras e a sintaxe que serão reformuladas (o léxico nem tanto).

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A Farsa de Inês Pereira tem versos rimados e heptassilábicos (ou seja, com sete sílabas métricas; também se diz que estão em redondilha maior). Nas linhas a seguir faz a divisão em sílabas métricas de três versos, mostrando que se trata de heptassílabos (cfr. exemplo no ecrã). Usa o verso correspondente ao teu número na turma e ainda mais dois — se fores do n.º 1 a 10: (i) o teu número; (ii) o teu número + 10; (iii) o teu número + 20; se fores de 11 a 20: (i) o teu número; (ii) o teu número + 10; (iii) o teu número - 10; se o teu número for de 21 em diante: (i) o teu número; (ii) o teu número - 10; (iii) o teu número - 20.

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Quanto às estrofes, são nonas (nove versos); e o seu esquema rimático é

A-B-B-__-C-__-__-__-__

Escreve em português atual um monólogo equivalente ao de Inês nos vv. 1-36 (Farsa de Inês Pereira, p. 123 do manual). Mensagem manter-se-á, mas em registo adequado a um contexto dos tempos de hoje, com uma rapariga que também se queixasse da tarefa que estivesse a fazer. Texto será em prosa (e deixar de haver versos faz que as frases já sejam diferentes mesmo que não houvesse também a mudança, diacrónica, do português). Nota que transpor para a língua atual não é apenas trocar palavras por outras, mas encontrar as expressões que seriam verosímeis num contexto contemporâneo equivalente.

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Aula 75-76 (14 [5.ª], 15 [4.ª], 17/fev [1.ª, 3.ª]) Correção do trabalho com sinopses de peças de Gil Vicente (cfr. Apresentação).

[Sinopses de peças de Gil Vicente cujos títulos estavam no trabalho de há duas aulas]

AUTO DAS CIGANAS. — Representado a D. João III em Évora, em 1521. Escrito em castelhano. Entram quatro ciganas—Martima, Cassandra, Lucrécia e Giralda. Falam no dialeto da sua raça. Saúdam os fidalgos, e pedem esmola: pão, camisa, saia, toucado. Vêm quatro ciganos — Liberto, Cláudio, Carmélio, Aurício. São negociantes de gado cavalar; e cada um pretende impingir o seu. Cláudio quer trocar um cavalo; Aurício, um potro; Carmélio, dois burricos. Cantam. As ciganas sabem ler a «buena-dicha», e vendem feitiços para se conquistarem todos aqueles bens que se desejam. Dirigem-se às damas aí presentes na representação do auto. Leem a sina de uma e das outras, tecendo cómicas alusões aos amores de cada qual. Cassandra lastima-se de não receber nada de tão distintas senhoras. E retiram-se.

JUIZ DA BEIRA. — Representada a D. João III em Almeirim, em 1525. Escrita em português. Pero Marques declara que é juiz em terras de Viseu. Inês Pereira, sua mulher, é quem soletra as Ordenações. Um porteiro anuncia uma arrematação. Pero Marques manda-lhe apregoar a audiência, que ele está ali para realizar. O porteiro põe um banco. Entram um ferreiro e Vasco Afonso. Conversam os dois. Ana Dias vem à audiência queixar-se que lhe violaram a filha. O juiz decreta disparates, e ordena que lhe traga sete ou oito testemunhas. Entra um sapateiro de calçado velho. É judeu cristão-novo, a queixar-se de que Ana Dias — que é alcoviteira — lhe seduziu a filha. O juiz nada resolve. Um escudeiro chega, acompanhado dum moço. Queixa-se da alcoviteira Ana Dias, que o burlou: apaixonando-se ele por uma moura, ela apanhou-lhe dois cruzados e tudo quanto tinha. O moço queixa-se do escudeiro, que não lhe paga. O juiz só profere disparates. Entram quatro irmãos: o Preguiçoso, que só dorme e ronca; o Bailador, que tem a mania da dança; o Amoroso, sempre louquinho de paixão; e o Brigoso, valentaço e cobardolas. Disputam os quatro irmãos, por causa do asno que foi do pai e que todos querem herdar. O juiz resolve citar o asno para comparecer na audiência, e então decidirá a quem pertence.

O VELHO DA HORTA. — Representada a D. Manuel em 1512. Escrita em português. Entra o Velho na horta, rezando o padre-nosso em latim e português. Vem uma rapariga comprar «cheiros para a panela». O Velho fica endoidecido de amor. A rapariga zomba da senil e grotesca paixão. Sai a rapariga. Um parvo, criado do Velho, vem chamá-lo para comer, mas ele não o atende. Irrita-se a mulher do Velho, increpando-o por outra vez perder o siso, de amores. Branca Gil, alcoviteira, oferece-se ao Velho para seduzir a rapariga. A proposta é aceite com alegria. O Velho deixa-se espoliar pela intrujona; e assim se arruína. O alcaide e quatro beleguins prendem a alcoviteira, e açoi­tam-na. Outra moça, vinda à horta comprar couves e cheiros, diz ao Velho que a rapariga por quem ele se apaixonara tinha casado pouco antes. O Velho lamuria-se por se ver na penúria.

NAU DE AMORES. — Representada em 1527 a D. João III e a D. Catarina, em Lisboa. Em português e em castelhano. Entra a cidade de Lisboa, e saúda o rei D. João III e D. Catarina. Vem um pajem do príncipe da Normandia, e diz-lhe que o amo lhe quer falar. Combinam o encontro. Chegam o príncipe e quatro fidalgos. O príncipe venera a Fama. Pede, por isso, a Lisboa que lhe empreste uma nau em que vá buscar a Ventura, que lhe dê a Fama. Lisboa responde que a nau é dos reis. O príncipe roga-lhe então que o autorize a construir na sua «ribeira» a nau desejada. Fazem uma nau, cantando. Entra um frade — que maluca de amores — a dizer sandices. Entram sucessivamente um pastor castelhano e um negro, ambos a queixarem-se dos males que o Amor lhes inflige. Também um velho, que chega, quer ir na nau. Dois fidalgos entram, lamentando-se de paixão: querem partir na nau. Um parvo sermoneia tontices com o frade louco. Finalmente, o príncipe aventureiro embarca, e o Amor manobra a nau para os mundos misteriosos da Quimera.

COMÉDIA DO VIÚVO. — Representada ao príncipe D. João, em 1514. Escrita em castelhano. Um viúvo entra a chorar-se por lhe ter morrido a mulher. Um frade apazigua-lhe as dores apontando-lhe o infortúnio de todos os que vivem. Um compadre, pelo contrário, faz da sua esposa um retrato hediondo. As duas filhas do viúvo, Melícia e Paula, exprimem a dor de lhes ter morrido a mãe. O príncipe da Uxónia corteja as duas irmãs, filhas do viúvo. Chama-se D. Rosvel o apaixonado. Com o fim de lhes falar, o príncipe finge-se trabalhador ignorante. O viúvo contrata-lhe os serviços; e ele subordina-se a rudes trabalhos por amor delas. Por fim, descobre a sua identidade às duas donzelas, que lhe suplicam, atónitas, as abandone. Mas um irmão de D. Rosvel, o príncipe D. Gilberto, vem à sua procura. Os dois príncipes encontram-se, e D. Rosvel diz ao irmão o seu amor, acabando os dois príncipes por casar: D. Rosvel com Paula; D. Gilberto com Melícia.

FLORESTA DE ENGANOS. — Representada ao rei D. João III em Évora, no ano de 1536. É a última composição teatral de Gil Vicente. Em português e em castelhano. Um filósofo aparece com um parvo acorrentado à perna. O filósofo discursa, e o parvo repete. Mas o parvo adormece, enquanto o filósofo medita. Por fim, o filósofo anuncia a comédia e diz o argumento da Floresta de Enganos. Entra um mercador. Um escudeiro reveste-se de mulher viúva, e «engana-o»: vende-lhe umas tenças atrasadas, que não eram tenças mas burlas. Cupido está amoroso de Grata Célia; e, para lhe falar, «engana» Apolo para que este obrigue o pai da princesa, o rei Telebano, a conduzir Célia à serra Mineia e a deixá-la sozinha ali, em penitência. Uma jovem esperta «engana» também um doutor de leis, que se porta como alarve. Cupido rende homenagem à princesa Célia, que prefere os rouxinóis aos seus galanteios; e acaba por «enganar» Cupido, convencendo-o de que o ama. Chega o príncipe da Grécia com cinco duques peregrinos. Pouco depois chega a Ventura, peregrina também. A Ventura consorcia os jovens amorosos — a princesinha Grata Célia e o príncipe da Grécia. Cantos. E finda a comédia.

AUTO DA FEIRA. — Entra o deus Mercúrio, que profere dislates contra os astrólogos. Vem o Tempo, que arma tenda com várias coisas: virtudes e temores de Deus. Um Serafim chama a feirar as igrejas, os mosteiros, os sacerdotes, os papas, os príncipes, e incita-os a que lhes comprem «grande soma de temor de Deus». Um Diabo também arma tenda com «artes de enganar e coisas para esquecer o que devia lembrar», e outros malefícios. Entra Roma, que tenciona «comprar paz, verdade e fé»; o Diabo tenta-a, mas Roma recusa-se a comprar mais as «sujas mercancias» e «porquidades», que lhe comprara dantes. Roma saiu. Entram dois lavradores, que discutem os méritos e defeitos das consortes, cada um descontente com a que tem. Estas aparecem; eles ocultam-se. Também elas resmungam contra os maridos. As duas mulheres vão à Feira: oferece-lhes o Tempo consciência, mas elas preferem luxos. Chegam nove moças dos montes e três mancebas. Também elas se negam a comprar virtudes ao Serafim. Finalmente, de pé, entoam todos uma formosa cantiga em honra da Virgem. E assim finda a peça. O Auto da Feira é dos mais típicos na obra vicentina, porque ressalta nele, à luz meridiana, os intuitos erásmicos do autor. A corrupção de Roma surge ali patente. Dos autos conhecidos, nenhum excedeu as ousadias quase heterodoxas deste. Foi representado a D. João III em Lisboa, nas matinas do Natal de 1527. Escrito em português.

AUTO DA ALMA. — Discorre Santo Agostinho sobre a necessidade duma estalagem para as almas repousarem: a Igreja. Entram o Anjo Custódio e a Alma. O Anjo diz à Alma líricas expansões de ternura, animando-a a abandonar vaidades e riquezas. Vem o Diabo e desenvolve os seus poderes de sedução na Alma, que mal lhe resiste: vestidos, chapins, colar de oiro, anéis, brincos, os mil faustos com que o Diabo costuma tentar os homens. O Anjo luta contra a influência maléfica do Diabo, e ampara a alma até às portas da Igreja. Ela toma um dos lugares à mesa da Igreja, ajudada pelo Anjo. Santo Agostinho, Santo Ambrósio, S. Jerónimo e S. Tomás trazem quatro bacias de cozinha, com iguarias, para salvação da Alma: os açoutes, a coroa de espinhos, os cravos — emblemas da penitência. S. Jerónimo apresenta-lhe um crucifixo; e cantam o «Te Deum laudamus» diante do altar. A inspiração e o lirismo subiram às mais lúcidas esferas no Auto da Alma, profundo na sua significação simbólica e na sua linguagem poética. Julgamo-lo um dos melhores autos de Gil Vicente — vaga prelibação do Fausto de Goethe. Representado a D. Manuel por desejo da rainha D. Leonor, em Lisboa, na Semana Santa de 1508. Escrito em português.

FARSA DOS ALMOCREVES. — Foi representada ao rei D. João III em Coimbra, em 1526. Escrita em português. O capelão roga ao fidalgo que lhe pague as soldadas em débito. O fidalgo ilude-o com balofas promessas de o empregar no paço, no serviço do rei. O pajem do fidalgo anuncia-lhe o ourives, que vem reclamar o pagamento das dívidas. O fidalgo intruja o ourives, como tinha já intrujado o capelão. Chega o almocreve, Pero Vaz, com carrego para o fidalgo. Entrega-lho, e exige a paga; mas o fidalgo desgasta-se no paleio, e não lhe paga ceitil. Chega um 2.° fidalgo, a quem o 1.º fidalgo (o caloteiro) se gaba de ter dado, pouco antes, enormes quantias ao ourives e ao almocreve... Falam de amores. O 1.º fidalgo declara que só amará mulher rica, o 2.º fidalgo repreende-o por tão vil interesseirismo. Assim termina.

Assistência a parte de vídeo com Farsa de Inês Pereira (cena de Lianor Vaz).

Resolve o ponto 1 de Gramática, no fim da p. 124:

A frase em que o pronome «que» não é complemento direto é a ______.

Resolve o ponto 5 da p. 128:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Redige começo de texto para concurso de PNED (cfr. Apresentação):

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Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

Garth Jennings, Cantar!

representado em ____, 1523

realizado nos EUA, em 2016

ação: Portugal, séc. XVI, no campo

ação: num país fictício, séc. XXI, numa ______

Género: aparentado com a comédia ou com a tragédia?

Na didascália inicial usa-se a classificação «_____ de folgar».

Num site de cinema encontramos a classificação «_____ musical de animação».

Podemos considerar que em ambas as obras há comédia, em sentido lato, porque tudo se ajeita no final, mesmo o que parecia comprometido durante boa parte do filme ou da peça. O percurso é o mesmo: (i) demanda de um objetivo; (ii) consecução; (iii) desastre-queda (aparência de tragédia); (iv) recuperação até ao triunfo final. (Nas tragédias, ao contrário, tudo termina ____.)

Conceção das personagens: planas ou redondas?

Muito mais _____ do que redondas. Há «tipos», as personagens são caricaturais (a rapariga casadoira, vaidosa e fútil; o escudeiro fanfarrão, egoísta e cobarde; o pacóvio honesto, ignorante mas generoso). Pretende-se passar uma lição moral («mais vale asno que me leve que cavalo que me _____»). E ficamos contentes quando percebermos que os maus não têm sorte.

Muito mais _____ do que redondas As personagens têm perfis que correspondem a estereótipos (a elefanta tímida com medo do palco; o rato chico-esperto ambicioso; a mãe porca que desiste da carreira para tratar dos seus filhos, aliás dos seus leitões). E percebemos que os bons vencerão e que os maus vão regenerar-se, e passar para o lado dos bons, ou _____.

Funcionalidade das personagens

O problema de Inês é aborrecer-se em casa. Quer ter uma vida mais _____, mas para isso tem de casar com alguém sofisticado.

Adjuvantes de Inês são a mãe e a alcoviteira Lianor Vaz. Esta vai tratar de lhe encontrar pretendentes, que se _____ perante Inês.

O problema de Moon são as _____. Quer manter o seu teatro, mas tem de conseguir um grande êxito e cria um concurso de talentos.

A adjuvante de Moon é Miss Crawley. Desastrada, faz que haja uma multidão de candidatos ao concurso, que se ______ perante o coala.

TPC — Na Classroom, em trabalho para que os chamarei, deves descarregar texto já com uma versão melhorada e completa, em Word, do artigo-exposição que hoje iniciaste. Imprimirei depois eu esse trabalho e trá-lo-ei com emendas minhas, à mão. Nessa altura, lançá-las-ás em nova versão que descarregarás na Classroom.

 

 

Aula 77-78 (22 [4.ª], 24 [1.ª, 3.ª], 27/fev [5.ª]) Entrega das primeiras versões dos textos para Concurso do PNED; distribuição de formulários para preparação das candidaturas.

Assistência a parte do vídeo com encenação de Farsa de Inês Pereira (vv. 258-373/405).

Preenche as tabelas com exemplos de Programa do Aleixo e Farsa de Inês Pereira.

Personagens

Processos de caracterização

Direta

autocaracterização

 

heterocaracterização

 

Indireta

 

 

Conceção

modelada ou redonda

 

plana

 

tipo

 

Inês

Principal defeito: ...

Principal qualidade: ...

Lema de vida: ...

Está na peça para: ...

Pero

Principal defeito: ...

Principal qualidade: ...

Lema de vida: ...

Está na peça para: ...

Lianor

Principal defeito: ...

Principal qualidade: ...

Lema de vida: ...

Está na peça para: ...

Mãe

Principal defeito: ...

Principal qualidade: ...

Lema de vida: ...

Está na peça para: ...

Escreve comentário comparativo entre a letra da canção «Antes de ela dizer que sim» e a cena da Farsa em que intervêm Inês e Pero Marques (vv. 258-364). Inclui duas citações do texto e duas citações da cantiga. Pelo menos, 150 palavras. A caneta.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Classifica quanto à função sintática os segmentos sublinhados:

Antes Dela [aliás, porque não pode haver contração: de ela] Dizer Que Sim (Bárbara Tinoco)

Ele não sabe o nome dela

Tem medo de perguntar

Ela é como atriz de novela   _______

Que ele gosta de ver sonhar

 

Ela não sabe o nome dele

Tem medo de perguntar

E, se as promessas coradas   _______

Foram bebida a falar,

 

E ele não contou

Mas ela não escondeu

Com quem a noite passou,   _______

Jura ela o seu Romeu

 

Ele quer mais

Ela também

Talvez por isso nesse dia

Ele foi vê-la à luz do dia   ________

 

Ele gosta das formas dela   ________

E ela diz que ele tem bom ar

O mundo finge não saber   ________

Que ele não é rapaz de fiar

 

Ela tem um novo sorriso

Mas medo de o partilhar   ________

Ele gosta mais do que é preciso

De a desafiar

 

Ele, que sabia de cor   _________

As moças mais fáceis,

Engates mais rascas;

 

Ela, que ficava em casa fechada   _________

Com medo de ser

Só mais um rabo de saias;

 

Ele agora diz que a ama,   _________

Dormem juntos só a dormir

Gosta dela de pijama

E ela de o corrigir…

Ela agora diz que o ama,

Dormem juntos só a dormir,

Gosta dele desarmado,

E ele de a ver despir.

 

E as velhinhas, na cidade,

Sussuram no meu tempo não era assim,

Oh onde já se viu dois enamorados,

Com cara de parvos,

Antes de ela dizer que sim.

 

Mas ele ainda se lembra,

De descer aquelas escadas,

Ganhar coragem, perguntar,

E como raio tu te chamas.

Ela fingiu-se de irritada,

Ofendida pela trama,   __________

Reuniu coragem para o amar,   _________

Perguntou e tu como raio te chamas.

TPC — Na secção da Classroom que abrirei só para esse efeito, descarrega uma versão já emendada do texto que te devolvi (sobre ‘Ética na vida e no Desporto’).

 

 

Aula 79-80 (27 [1.ª, 3.ª], 28/fev [5.ª, 4.ª]) Correção do comentário comparativo escrito na aula anterior.

Na p. 135, definem-se tipos de cómico. Lê essas definições e, depois de assistires a trecho de Último a sair — «O milagre de Bruno» —, faz corresponder às descrições 1 a 7 as seguintes siglas para os três tipos de cómico: S(ituação), C(aráter), L(inguagem).

1.            Bruno Nogueira apanhado a andar com relativo à vontade quando ainda usava cadeira de rodas no dia anterior. Facto de, à pergunta sobre o que se estava a passar, responder que comia um iogurte muito bom (e fingir não ter reparado estar em pé sem auxílios).

2.           Credulidade (ingénua mas também «beata») de Roberto Leal, que aceita todas as explicações de Bruno acerca do milagre, mesmo as mais ridículas.

3.           Descrição pormenorizada que Bruno faz da apresentação atual de Nossa Senhora («topezinho da Bershka», «brincos da Accessorize», «mandou alinhar a direção»).

4.           Descaramento de Bruno ao inventar mentiras à medida que Roberto lhe pede pormenores ou estranha a situação inicial.

5.           «Aaaaaah» muitíssimo alongado de Bruno (para ganhar tempo para pensar na mentira).

6.           «Ganda Bruno», «já lerparam», «estive a esgalhar mais três», «metem os outros num chinelo» no discurso de Nossa Senhora como reportado por Bruno Nogueira (e «chuta» deste para a Virgem).

7.           «Posso te dar um beijo?» — pergunta Roberto Leal. «Onde? Não vale a pena» — responde Bruno.

Em «A história de Bruno» (Último a sair), encontra aspetos de cada tipo de cómico:

De situação — Quando Bruno julgava poder mentir sem ser desmascarado (por nenhum dos presentes conhecer Angola), Luciana, que conhece Angola, pergunta-lhe _______ em que tudo se passara.

De linguagem — ________ angolano cunhado por Bruno (caricaturando certos nomes de localidades angolanas).

De caráter — ________, enquanto mitómano (mentiroso compulsivo); e todos os outros, demasiado ________, embevecidos com a história obviamente inventada.

Vai ouvindo a canção cuja letra pus atrás. Relaciona essa canção («Os maridos das outras», de Miguel Araújo) — a sua moralidade — com o tópico essencial da parte da Farsa que estivemos a ver hoje (pp. 132-133). Inclui, pelo menos, uma citação da peça.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

«Os maridos das outras» (Miguel Araújo)

Toda a gente sabe que os homens são brutos

Que deixam camas por fazer

E coisas por dizer.

 

São muito pouco astutos, muito pouco astutos.

Toda a gente sabe que os homens são brutos.

 

Toda a gente sabe que os homens são feios

Deixam conversas por acabar

E roupa por apanhar.

 

E vêm com rodeios, vêm com rodeios.

Toda a gente sabe que os homens são feios.

 

Mas os maridos das outras não

Porque os maridos das outras são

O arquétipo da perfeição

O pináculo da criação.

 

Dóceis criaturas, de outra espécie qualquer

Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.

E tudo os que os homens não...

Tudo que os homens não...

Tudo que os homens não...

 

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são.

 

Toda a gente sabe que os homens são lixo

Gostam de músicas de que ninguém gosta

Nunca deixam a mesa posta.

Abaixo de bicho, abaixo de bicho.

Toda a gente sabe que os homens são lixo.

 

Toda a gente sabe que os homens são animais

Que cheiram muito a vinho

E nunca sabem o caminho.

 

Na na na na na na, na na na na na.

Toda a gente sabe que os homens são animais.

 

Mas os maridos das outras não

Porque os maridos das outras são

O arquétipo da perfeição

O pináculo da criação.

 

Amáveis criaturas, de outra espécie qualquer

Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.

E tudo os que os homens não...

Tudo que os homens não...

Tudo que os homens não...

 

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são

Os maridos das outras são.

Se terminares cedo, resolve o ponto 2 na p. 134 (mas decidindo apenas os adjetivos aplicáveis a Pêro): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

E, em Escrita, o ponto 1.1 (da mesma p. 134):

(a) ________                            (c) _________

(b) rico, ____, conhecido        (d) eloquente, com capacidades _____, galante

Divide em sílabas métricas os vv. 365, 366, 432, 443:

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

TPC — Lê (basta ler, não é preciso responder às perguntas), em torno da Farsa, «As personagens: caracterização e relações entre elas» (pp. 164-165).

 

 

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