Wednesday, August 24, 2016

Pessoa pelo 12.º 5.ª



Seguem-se trabalhos em torno de poemas de Pessoa. As instruções para esta tarefa ficaram aqui.

Susana
«Nuvens» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2336 sem as duas últimas estrofes | Susana (18) Muito boa leitura. Imagens não são originais, mas reúne-se, com engenho, o contributo de quatro filmes; também a música foi habilmente incorporada. Legendas identificam parte de Campos; restante texto, aliás bem escrito, é da autora. Melhor pronúncia de «reflexão» seria «refle[s]ão» (creio que «refle[ks]ão» é uma hipercorreção).

Tety
«Insónia» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2358 | Tety (17-17,5) O filme é da própria autora; música também foi bem escolhida. Além do texto de Campos, há estrofe criada («Saio à rua [...]). Boa leitura (só «escritos» não saiu completamente bem). Tenho dúvidas quanto à vantagem de se fazer aparecer o texto, em legendas (distrai um pouco das imagens e da leitura em voz alta).

Manel
«Deixo ao cego e ao surdo» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2653 | Manel (16) Filme próprio, e com o autor a desenhar; boa incorporação de música. Poema, de Pessoa ortónimo, rimado e regular, não possibilita que se brilhe na leitura em voz alta, que já não suscita uma leitura com certa interpretação. Assim, a leitura é quase toda correta (exceção: «Assim [*que] eu me acomodo»), mas não chega a ser expressiva.

J. Cabo
«Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3256 | João Cabo (13,5) Leitura e toda a expressão claras. Inclui texto próprio mas de tipo ensaístico (em paráfrase do poema), ao contrário do que pedira, embora transmitindo ideias acertadas. Imagens pobres (slides referenciais — trovoada, nuvens, ...). Enfim, João Cabo seria capaz de fazer trabalho bem mais criativo.

Catarina R.

«Sonho. Não sei quem sou» (Fernando Pessoa) | Poemas 1921-1930, ed. Ivo Castro, Lisboa, INCM, 2001 | Catarina R. (18) Cria-se narrativa que gera o pretexto para a leitura do poema. Esse texto criado está bem escrito e foi muito bem lido. Imagens não são originais mas revelam cuidados de edição (não foram aliás esquecidas as referências, de vídeos e música). Haverá lapso em «inerente (seria «iminente») e na pronúncia (é mehor «m[è]tafísica», com e aberto). Na edição que prefiro está «me limitam e contêm» (sem o segundo pronome «me»).

Cláudia

«Acaso» (Álvaro de Campos); «Às vezes tenho ideias felizes» (Álvaro de Campos); «A criança que fui chora na estrada» (Fernando Pessoa); «Falhei.Os astros seguem seu caminho» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2364; http://arquivopessoa.net/textos/272; http://arquivopessoa.net/textos/2455; http://arquivopessoa.net/textos/838 | Cláudia (18+) Quase sem se escrever palavras próprias (há só um «mas» da Cláudia), «escreveu-se» um novo texto com trechos de Pessoa, dispostos com engenho e, depois, muito bem lidos. Imagens foram encenadas — com a colaboração de colega de outra escola —, recolhidas e montadas com gosto e saber (e muito trabalho). O bom acabamento inclui também a música. Na leitura só encontrei estes lapsos: uma pausa indevida entre os versos de «Quem errou / A vinda»; «outr[ó]ra» é com o aberto; «o que é já nada» (pessoano) pareceu-me ter sido dito «o que já não é nada» (menos pessoano); talvez haja ainda um «sei» quase «sem».

Leonor
«Acordo de noite subitamente» (Alberto Caeiro); «Ode triunfal» (Álvaro de Campos); «Só a Natureza é divina, e ela não é divina...» (Alberto Caeiro); «Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa» (Ricardo Reis); «O ouvido escuta o não-ouvir» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/622; http://arquivopessoa.net/textos/2459; http://arquivopessoa.net/textos/617; http://arquivopessoa.net/textos/368; http://arquivopessoa.net/textos/368 | Leonor (17,5-18) Ideia interessante e bem executada, a de contrastar estilos dos heterónimos. Leitura muito fluente (talvez mais fluente — isto é, tecnicamente muito conseguida — do que propriamente expressiva, no sentido de interpretativa de cada poeta). Imagens não originais, mas bonitas e bem escolhidas. Bom acabamento de todo o filme. Dois erros de pronúncia («febris» foi dito como se fosse palavra grave; «caisse» — «[k]aisse» — foi lidoo «[s]aisse»).

Carolina

«Li hoje quase duas páginas» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1188 | Carolina (18) Equilíbrio entre texto próprio — escrito sem nenhuma falha — e poema lido — e bem declamado. Imagens originais. Boa planificação — como é obrigatório em cinema —, que permitiu integrar abordagens diversas, mostrando destrezas e inventividade em que a Carolina não apostara em trabalhos anteriores equivalentes. E tudo com bom acabamento.

Patrícia
«A liberdade, sim, a liberdade» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3349 | Patrícia (17) Bom pretexto inicial. Muito boa leitura (de declamação teatral). Parcimónia em termos visuais (desenho — próprio? —, mas único). Trabalho competente mas, reconheçamos, pouco ambicioso. A palavra «[sério?]» — assim interrogada no texto usado pela Patrícia — deve querer dizer que houve neste ponto uma dúvida na decifração do manuscrito de Pessoa (em edições mais recentes assumiu-se «sério...» sem hesitar tanto [cfr., em baixo, o verso em causa]). De qualquer modo, na torrente de Campos, nem a interrogação parece incoerente.

Bea G.

«Datilografia»; «Começo a conhecer-me. Não existo» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/86; http://arquivopessoa.net/textos/2438 | Bea G (17+) Leitura fluente (e certeira também na expressividade). Imagens próprias; música bem escolhida. Estratégia simples (pode criticar-se até haver quase só leitura — há curto texto original, de ligação), mas tudo bem acabado. Emendáveis na pronúncia: «*rem[ó]to» (preferível com o fechado); «*com [os] outros».

Mónica
«Aquilo que a gente lembra» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2197 | Mónica (17,5) Criou-se narrativa bastante elaborada (em termos de enredo) e original. Todo o vídeo foi bem planificado e executado, usando-se imagens próprias. Boa leitura (ainda que não extraordinariamente expressiva — o problema é que o ortónimo não favorece tanto as leituras mais dramatizadas como, por exemplo, Campos). No texto criado, notei os seguintes lapsos: «Não *o contei nada» [Não lhe contei nada]; «tão satisfeita *do que quando estava» [tão satisfeita como quando estava]; na parte à máquina, poria vírgula entre «Adeus» e o vocativo «Fernando»; nas legendas-epílogo, «resta saber o que terá pensado Ofélia...» devia iniciar período. Pronúncia em «lhe» deve ser mais palatal ([λ]) do que o quase simples [l] que se ouve).

Bea S.
«Dizes-me: tu és mais alguma coisa» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3358 | Bea S. (16) Leitura fluente, correta, embora não especialmente expressiva (explicando-me melhor: sem exigências a ultrapassar postas pelo texto original, porque é Caeiro, com sintaxe «direta» e com poucos matizes emocionais). Imagens próprias, aparentemente quase demasiado simples mas que, dado o plano do filme, resultam muito bem (visível o sentido estético da autora também no lettering e no som).

Joana S.

«Bicarbonato de soda» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/28 | Joana S. (16-) Além do texto de Campos, entre estrofes há também texto próprio. Muito boa leitura (expressiva, interpretativa). Ao contrário, do ponto de vista visual, demasiada economia de meios (slides, googlados, salvo erro). Lapsos da própria redação: «lutar essa angústia» (lutar contra essa angústia); «que não consegues te erguer» (que não consegues erguer-te ou que não te consegues erguer). Pronúncia «est[ε]rco» é pior do que «est[ê]rco».

Pedro
«Acaso» (Álvaro de Campos); «Ah, sempre no curso leve do tempo pesado» (Fernando Pessoa» | http://arquivopessoa.net/textos/2364; http://arquivopessoa.net/textos/3848 | Pedro (16,5-17) Muito boa leitura. Boa montagem (incluindo efeitos gráficos), a partir de imagens fixas, fotografias do autor. Acaba, porém, por ser essa a parte mais criativa, já que o texto lido é apenas de Campos/Pessoa, faltando, quanto a mim, mais criação original.

João O.
«Carnaval» | http://arquivopessoa.net/textos/4427 | João O. (14-) É um trabalho sobretudo de leitura do poema (havendo, é certo, no fim, curto trecho criado, bem escrito, espécie de comentário ou estrofe-epílogo).Parte visual é pobre (imagem fixa; googlada?). Na leitura — que é boa, correta, mas não tão expressiva como um texto de Campos permitiria que fosse —, noto dois lapsos: «zulu» é deveria ser lida como aguda (foi dita como se fosse grave: «z[ú]lu»); «bocado de matéria» foi lido como «bocado da matéria».

F. Maia
«Bicarbonato de soda» (Álvaro de Campos); «A música, sim, a música» (Álvaro de Campos); «Não quero recordar nem conhecer-me» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/28; http://arquivopessoa.net/textos/945; http://arquivopessoa.net/textos/2792 | F. Maia (17,5-18) Filme próprio. Boa escolha de música. Muito boa leitura. Tudo isto reunido em composição interessante. Na leitura em voz alta há um lapso de que o autor do filme não tem culpa: «imanenre» é um erro da recolha de poemas de Pessoa usada (percebemos que é gralha, a forma correta seria «imanente»).

Carlota
«Agora que sinto amor»; «Todos dias acordo com alegria e pena»; «Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/643; http://arquivopessoa.net/textos/636; http://arquivopessoa.net/textos/3248 | Carlota (18) Usa-se filme próprio, cujas imagens, através de dispositivo relativamente simples — afixação de trechos dos poemas no próprio cenário, para que a câmara vai apontando —, conseguem parecer de imediato coerentes com o que se vai lendo (o resultado lembra certos movimentos das apresentações em Prezi [cfr. https://prezi.com/]). A leitura em voz alta dos textos é bastante boa (talvez mais competente, fluente, do que expressiva-interpretativa). Bom acabamento do microfilme, o que inclui música.

J. Tavares

«Poema linha reta» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2224 | J. Tavares (12-11,5) Leitura bastante boa. Ao contrário, parte visual foi pouco trabalhada (slides googlados). Texto em causa já fora apresentado em aula (num trecho retirado da telenovela O Clone), mas deve reconhecer-se que não figura no manual. Falha mais notória será a de que não se cumpre o tempo mínimo pedido (falta meio minuto).

Bruno
«A música, sim, a música»; «Ah! Ser indiferente!» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/945; http://arquivopessoa.net/textos/3152 | Bruno (12) Boa leitura em voz alta, conseguindo-se a expressividade adequada. Em termos visuais, ainda se recorreu apenas a imagens fixas (googladas decerto). Haverá uma ou duas pequenas trocas relativamente ao texto dos poemas, o que é compreensível; «imanente» saiu quase «iminente». Tempo mínimo aquém do que se pedira (0.55 + 0.40 = 1.35; ficou a faltar quase um minuto). De qualquer modo, parece-me uma boa primeira tarefa deste tipo.

Sam

«A espantosa realidade das coisas» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3364 | Sam (11,5) Trata-de leitura de poema, com pequenos acrescentos da lavra de Sam. Leitura em voz alta revela facilidade da autora mas não terá sido muito ensaiada. Em termos visuais, demasiada economia de meios (uma igem fixa googlada). A corrigir: «parentesco nenhum» (era: «parentesco nenhum comigo»).

Tomás

«Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4422; Tomás (17) Boa leitura em voz alta. Muito competente o trabalho de recolha das imagens e sua edição; também a música foi bem escolhida; todo o conjunto surge bem coordenado. Na leitura em voz alta, relativamente ao texto de Campos, há pequenas trocas (de determinantes ou preposições — logo no primeiro verso: «de um Chevrolet», por «do Chevrolet»).

Bea R.

«À noite»; «Durmo. Se sonho, ao despertar não sei»; «A pálida luz da manhã de Inverno» (Fernando Pessoa») | http://arquivopessoa.net/textos/256; http://arquivopessoa.net/textos/2184; http://arquivopessoa.net/textos/3602 | Bea R. (15,5) Imagens próprias e música funcionam bem. Legendas com o anúncio de cada texto conferem certa coerência interna, agregam os três poemas. Leitura em voz alta boazinha, em que notei porém estes lapsos: «o que não» (ou que não); «nem sei» (não sei); título «À noite» foi lido como se se tratasse já do primeiro verso; «vens dessedentar» não ficou claro.

Joana M.

«O amor é uma companhia» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3236 | Joana M. (13,5) A primeira parte segue um estilo que eu desaconselhara (faz-se introdução «teórica», tratando-se do assunto ‘criação dos heterónimos’, citando-se a carta explicativa a Adolfo Casais Monteiro). A segunda parte, que era a original — eu é que pedi mais tarde um acrescento para se chegar ao tempo mínimo —, já tem o perfil que se pretendia para um trabalho destes. Também desaconselhei nas instruções desta tarefa o uso de slides a propósito de cada assunto aflorado (exemplo: como se menciona Mário de Sá-Carneiro, surgiria fotografia de Sá-Carneiro — neste caso, o castigo foi aliás imediato, porque as imagens que aparecem são de Francisco Sá-Carneiro). A leitura em voz alta do poema mostra boas capacidades de declamação, embora talvez exageradas para o que se esperaria de um texto do pachorrento Caeiro. Na leitura da 1.ª parte, que é clara, há «pontuação» a mais (sobretudo uma pausa depois de «que» completivo); e há um «êxtase» («êxta[z]e») que saiu quase como nome de droga.

Débora

«Faróis distantes» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4367 | Débora (10) Ainda se tratou de uma primeira tentativa, e por isso falharam aspetos advertidos nas instruções da tarefa (o mais importante: duração teria de ser maior). A leitura pareceu boa, embora, porventura, quase demasiado rápida.

Maria
«Estou vazio como um poço seco»; «Estou cansado, é claro»; «Estou cheio de tédio, de nada. Em coma da cama»; «Depois de não ter dormido» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/924; http://arquivopessoa.net/textos/2481; http://arquivopessoa.net/textos/1169; http://arquivopessoa.net/textos/3124 | Maria (*14,5) (Classificação incorpora já uma penalização por incumprimento do prazo.) Fez-se uma composição coerente, a partir de textos díspares, embora não haja redação própria. Leitura em voz alta fluente, correta, ainda que talvez não «à Campos», por ficar demasiado uniforme (esperar-se-ia mais instabilidade — um tédio eufórico, se é possível). Imagens próprias, boa execução.

Afonso
«Bem sei que tudo é natural» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3453 | Afonso (*13) (Classificação incorpora já uma penalização por incumprimento do prazo.) Leitura em voz alta bastante boa. Música bem escolhida. Slide escolhido não foi (apenas) uma solução económica, já que faz alusão a vida de cantor(es) a que poderiam caber certas descrições no poema.

Catarina M.

«Ao longe, ao luar» (Fernando Pessoa); «O sono é bom pois despertamos dele» (Ricardo Reis); «Não tenho pressa. Pressa de quê?» (Alberto Caeiro); «Ah, um soneto» (Álvaro de Campos); «Chove. É dia de Natal» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2420; http://arquivopessoa.net/textos/2702; http://arquivopessoa.net/textos/2583; http://arquivopessoa.net/textos/3367; http://arquivopessoa.net/textos/142 | Catarina M. (é dificil dar uma nota, porque o trabalho foi entregue com muito atraso; de qualquer modo, a tarefa ficou feita) Não houve propriamente criação de texto, mas há vários aspetos através dos quais a autora revela criatividade e gosto. Os slides são de imagens do arquivo de Catarina (e de Tiago Neves) e foram bem montados (há ritmo, há informação — uma quase narrativa paralela). Fez-se escolha dos poemas de modo a exemplificar cada heterónimo e o ortónimo, explicitando-se essa arrumação. Também se acrescentou a música e fez-se lista de créditos, referências, agradecimentos. A leitura em voz alta é fluente mas tem umas três ou quatro trocas: no poema de Reis, «*Se não, não é sono», em vez de «Se não, e não é sono»; no poema de Caeiro, «*Só toco onde toco» («Toco só onde toco»); no poema de Campos, «*É que a» («E que a»). Há uma troca ainda no texto do ortónimo, mas que não é de culpa da autora: no texto no arquivo na net está «urna» no lugar de «uma». A corrigir nas legendas «*Fernado» (Fernando) e «*Àlvaro» (Álvaro).

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