Aulas (1.º período)
A pragmática estuda o modo como a língua é usada pelo falante para atingir os seus objectivos comunicativos. (Dentro da linguística há outras _______, aliás mais conhecidas de anos anteriores: a morfologia estuda a estrutura das palavras; a sintaxe estuda a combinação das palavras em frases; a fonologia estuda os _______ das palavras; a semântica estuda o significado das palavras. Enquanto estas áreas se ocupam mais da língua enquanto sistema, a pragmática preocupa-se com o que as pessoas pretendem fazer quando usam esse sistema.)
[O parágrafo anterior funda-se em José Pinto de Lima, Pragmática linguística, col. «O essencial sobre língua portuguesa», Lisboa, Caminho, 2006, pp. 14-15, 105-110.]
A página 259 apresenta-nos os princípios que regem a conversação:
Princípio de cooperação
Cada participante deve fazer com que a sua contribuição para a conversa seja apropriada ao propósito desta. Desdobra-se em quatro máximas conversacionais:
máxima de ____ / Tenta que a tua contribuição seja verdadeira.
máxima de ____ / Sê claro.
máxima de ____ / Dá tanta informação quanto o necessário.
máxima de ____ / Dá informação pertinente.
_____________ (ou de delicadeza)
Cada participante na conversa deve usar estratégias adequadas a preservar uma boa relação com o seu interlocutor. Por exemplo, usará formas de tratamento («tu», «você», «o senhor», «o Luís», etc.) que respeitem a distância social; ao dar ordens, evitará ser demasiado directo («podias fechar a janela?», em vez de «___________»); em certos casos, recorrerá a eufemismos («não creio que tenha sido assim», por «estás a mentir»).
No último parágrafo da página refere-se ainda que o _________ (ou conhecimento mútuo) também beneficia a comunicação. O locutor _______ com o seu interlocutor uma série de conhecimentos, _______, representações, valores, etc., o que faz que a compreensão decorra também do que não é dito mas está subjacente.
Nos sketches que vamos ver (Gato Fedorento, Série Lopes da Silva), pelo menos um dos intervenientes infringe uma das máximas conversacionais ou o princípio da cortesia. A comunicação poderia ficar em risco. (É claro que neste caso as infracções ao princípio da cooperação e à cortesia servem para criar situações cómicas.) Para completar o quadro, usarás quantidade, qualidade, relevância, modo, princípio de cortesia.
Inspector que não sabe fazer perguntas
As perguntas do inspector não têm relação com a informação anterior, não são pertinentes, não se cumprindo por isso a máxima de _______.
Falta por motivos profissionais
No início, a intervenção do funcionário preguiçoso é insuficiente em termos de informação («Passa-se isto assim, assim»), falhando a máxima de __________. Há depois expressões ambíguas («Não posso vir ao emprego por motivos profissionais»), o que corresponde a quebra da máxima de _________. No final, enquanto o patrão, ao dar os pêsames ao segundo funcionário, cumpre o _________, o funcionário preguiçoso infringe-o («Arranjam cada uma para não trabalhar!» é um comentário contra o que está convencionado numa situação daquelas).
O que eu gosto do meu Anselmo!
Quando Anselmo diz que a mulher nem gosta assim tanto dele — mentindo, para que não se conclua que... —, infringe a máxima de ________.
Bode expiatório
O empregado que arca com as culpas de todas as incompetências no escritório repete «A culpa foi minha. Não há desculpa para o que fiz. Se alguém deve ser responsabilizado, sou eu. É impressionante a minha irresponsabilidade!». Poderíamos reconhecer aqui uma infracção à máxima de ________, se considerássemos que houvera excesso de informação. No entanto, provavelmente, até foi mais a máxima de ________ que falhou, já que ser claro inclui ser breve.
Filho do homem a quem parece que aconteceu não sei quê [e genérico do episódio]
Tanto o pai como o filho, ao «pronominalizarem» muito, omitindo palavras com referentes perceptíveis, tornam a comunicação inviável, por falta de clareza (falha a máxima de __________, embora se possa pensar que o que falta é mesmo a informação). No genérico final, também falha a máxima de __________, mas por demasiadas repetições (poder-se-ia pensar que a infracção é à máxima da quantidade, por excesso de informação).
Dia em que se pode chamar nomes aos colegas
Os vocativos desagradáveis permitidos à quinta-feira e as expressões grosseiras nos minutos para assédio seriam infracções ao ________. A singularidade da situação vem de essas inconveniências serem autorizadas, e até estimuladas, pelas regras do escritório.
Chamada por engano
Na conversa entre jornalista e senhora da Venda Nova falha sobretudo a máxima de _______, na medida em que a interlocutora insiste em fazer pedidos («dispensava-me o seu bidé?») que não servem o objectivo do telefonema (falar do Iraque). No final, a mesma senhora disfarça uma infracção ao ___________ («meu cabeça de porco»).
A tua camisa é feia
Os epítetos deselegantes que cada uma das interlocutoras dirige à outra constituiriam infracções ao __________; no entanto, elas não parecem senti-los como ofensivos (só é tomada como indelicadeza a referência à camisa feia).
Conversa na esplanada
Os vários amigos não se interessam pela história do indivíduo que tem uma alface de estimação: desviam-se para outro assunto («É o Edmundo?»; «São 4h34») ou não percebem o que está a ser defendido pelo amigo («há alfaces tenrinhas»; «se fosse uma alface lisa»). Infringem a máxima de _______.
Matarruano sonhador
O filósofo matarruano desvia-se do tema da pergunta que lhe era feita: não coopera com o jornalista que o entrevista por não cumprir a máxima de ________, já que a informação a que chega invariavelmente não é pertinente para o objectivo da conversa.
Bomba a bordo
O insólito resulta de comissário e comandante agirem como se não detivessem um saber comum (‘bombas não são desejáveis’), o que viabiliza a interacção com o bombista.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-1-2-presentation/
Soluções Abre o livro na p. 259, que é toda dedicada à Interacção discursiva (no fundo, à conversação). Se deres um salto à p. 256, perceberás que o assunto é de Funcionamento da língua e se insere numa área da linguística com que este ano vais trabalhar quase pela primeira vez, a Pragmática (e linguística textual).
A pragmática estuda o modo como a língua é usada pelo falante para atingir os seus objectivos comunicativos. (Dentro da linguística há outras áreas, aliás mais conhecidas de anos anteriores: a morfologia estuda a estrutura das palavras; a sintaxe estuda a combinação das palavras em frases; a fonologia estuda os sons das palavras; a semântica estuda o significado das palavras. Enquanto estas áreas se ocupam mais da língua enquanto sistema, a pragmática preocupa-se com o que as pessoas pretendem fazer quando usam esse sistema.)
A página 259 apresenta-nos os princípios que regem a conversação:
Princípio de cooperação
Cada participante deve fazer com que a sua contribuição para a conversa seja apropriada ao propósito desta. Desdobra-se em quatro máximas conversacionais:
máxima de qualidade / Tenta que a tua contribuição seja verdadeira.
máxima de modo / Sê claro.
máxima de quantidade / Dá tanta informação quanto o necessário.
máxima de relevância (ou relação) / Dá informação pertinente.
Princípio de cortesia (ou de delicadeza)
Cada participante na conversa deve usar estratégias adequadas a preservar uma boa relação com o seu interlocutor. Por exemplo, usará formas de tratamento («tu», «você», «o senhor», «o Luís», etc.) que respeitem a distância social; ao dar ordens, evitará ser demasiado directo («podias fechar a janela?», em vez de «fecha a janela»); em certos casos, recorrerá a eufemismos («não creio que tenha sido assim», por «estás a mentir»).
No último parágrafo da página refere-se ainda que o saber partilhado (ou conhecimento mútuo) também beneficia a comunicação. O locutor partilha com o seu interlocutor uma série de conhecimentos, crenças, representações, valores, etc., o que faz que a compreensão decorra também do que não é dito mas está subjacente.
Nos sketches que vamos ver (Gato Fedorento, Série Lopes da Silva), pelo menos um dos intervenientes infringe uma das máximas conversacionais ou o princípio da cortesia. A comunicação poderia ficar em risco. (É claro que neste caso as infracções ao princípio da cooperação e à cortesia servem para criar situações cómicas.)
Para completar o quadro, usarás «quantidade», «qualidade», «relevância», «modo», «princípio de cortesia».
Inspector que não sabe fazer perguntas
As perguntas do inspector não têm relação com a informação anterior, não são pertinentes, não se cumprindo por isso a máxima de relevância.
Falta por motivos profissionais
No início, a intervenção do funcionário preguiçoso é insuficiente em termos de informação («Passa-se isto assim assim»), falhando a máxima de quantidade. Há depois expressões ambíguas («Não posso vir ao emprego por motivos profissionais»), o que corresponde a quebra da máxima de modo. No final, enquanto o patrão, ao dar os pêsames ao segundo funcionário, cumpre o princípio de cortesia, o funcionário preguiçoso infringe-o («Arranjam cada uma para não trabalhar!» é um comentário contra o que está convencionado numa situação daquelas).
O que eu gosto do meu Anselmo!
Quando Anselmo diz que a mulher nem gosta assim tanto dele — mentindo, para que não se conclua que... —, infringe a máxima de qualidade.
Bode expiatório
O empregado que arca com as culpas de todas as incompetências no escritório repete «A culpa foi minha. Não há desculpa para o que fiz. Se alguém deve ser responsabilizado, sou eu. É impressionante a minha irresponsabilidade!». Poderíamos reconhecer aqui uma infracção à máxima de quantidade, se considerássemos que houvera excesso de informação. No entanto, provavelmente foi mais a máxima de modo que falhou, já que ser claro inclui ser breve.
Filho do homem a quem parece que aconteceu não sei quê [e genérico do episódio]
Tanto o pai como o filho, ao «pronominalizarem» muito, omitindo palavras com referentes perceptíveis, tornam a comunicação inviável, por falta de clareza (falha a máxima de modo, embora se possa pensar que o que falta é mesmo a informação). No genérico final, também falha a máxima de modo, mas agora por demasiadas repetições (poder-se-ia pensar que a infracção é à máxima da quantidade, por excesso de informação, mas não creio).
Dia em que se pode chamar nomes aos colegas
Os vocativos desagradáveis permitidos à quinta-feira e as expressões grosseiras nos minutos para assédio seriam infracções ao princípio de cortesia. A singularidade da situação vem de essas inconveniências serem autorizadas, e até estimuladas, pelas regras do escritório.
Chamada por engano
Na conversa entre jornalista e senhora da Venda Nova falha sobretudo a máxima de relevância, na medida em que a interlocutora insiste em fazer relatos e pedidos («dispensava-me o seu bidé?») que não servem o objectivo do telefonema (falar da guerra do Iraque). No final, a mesma senhora disfarça uma sua infracção ao princípio de cortesia («meu cabeça de porco»).
A tua camisa é feia
Os epítetos deselegantes que cada uma das interlocutoras dirige à outra constituiriam infracções ao princípio de cortesia; no entanto, elas não parecem senti-los como ofensivos (só é tomada como indelicadeza a referência à camisa feia).
Conversa na esplanada
Os vários amigos não se interessam pela história do indivíduo que tem uma alface de estimação: ou se desviam para outro assunto («É o Edmundo?»; «São 4h34») ou não percebem o que está ser defendido pelo seu amigo («mas há alfaces tenrinhas»; «se fosse uma alface lisa»). Infringem a máxima de relevância.
Matarruano sonhador
O filósofo matarruano desvia-se do tema da pergunta que lhe era feita: não coopera com o jornalista que o entrevista por não cumprir a máxima de relevância, já que a informação a que chega invariavelmente não é pertinente para o objectivo da conversa.
Bomba a bordo
O insólito resulta de comissário e comandante agirem como se não detivessem um saber comum (‘bombas não são desejáveis’), o que acaba por viabilizar a interacção com o passageiro bombista.
1.1.1 __; 1.1.2 __; 1.1.3 __; 1.1.4 __; 1.1.5 __; 1.1.6 __; 1.1.7 __; 1.1.8 __.
Para a resposta a 1.1.8 pode ser útil saberes: «deferência» = ‘atenção respeitosa’; «despeito» = ‘ressentimento por ofensa’; «veneração» = ‘profundo respeito’.
Resolve também 1.4.1.
O conto é maior do que o excerto apresentado no manual. Das quatro continuações que te apresento a seguir, qual é a efectivamente escrita por Manuel Alegre?
Agora estamos aqui os dois, pode dar-me o nome que quiser, sou um português que não conseguia sair do Canto Primeiro, você chegou e já posso ver das naus as velas côncavas inchando, sou um homem livre, posso finalmente passar ao Canto Segundo.
Era quase noite, ele acabou a Coca-Cola, já tinha bebido outras duas [...]
Agora estamos aqui os dois, pode chamar-me Anselmo, sou um português que não conseguia sair do Canto Primeiro, você chegou e já posso ver das naus as velas côncavas inchando, sou um homem livre, posso finalmente passar ao Canto Segundo.
Era quase noite, ele acabou o copo de vinho, já tinha bebido outros dois [...]
Agora estamos aqui os dois, pode dar-me o nome que quiser, sou um português que não conseguia sair do Canto Primeiro, você chegou e já posso ver das naus as velas côncavas inchando, sou um homem livre, posso finalmente morrer.
Era quase noite, ele acabou o vinho, já tinha bebido outros dois copos [...]
Agora estamos aqui os dois, pode dar-me o nome que quiser, sou um português que não conseguia sair do Canto Primeiro, você chegou e já posso ver das naus as velas côncavas inchando, sou um homem livre, posso finalmente passar ao Canto Nono, o da Ilha dos Amores, cheio de ninfas nuas e de flora exótica.
Era quase noite, ele acabou o copo de vinho, já tinha bebido outros dois [...]
Entre as linhas 1 e 12 há alguns lapsos de redacção (ou, mais provavelmente, usos propositados para aproximar o estilo do da oralidade). Vejo:
duas situações em que era mais esperável um ponto final (ou um ponto e vírgula) do que a vírgula que está;
um caso em que se esperaria o uso de aspas;
um caso em que seria comum o uso de travessões (em vez das vírgulas);
um uso repetido de um mesmo verbo (quando seria preferível um sinónimo).
Assinala essas cinco situações.
______ (linha __); ______ (l. __); ______ (l. __); ______ (l. __); ______ (ll. ___).
Só para a conheceres, fica aqui a última (= 106.ª) estrofe do canto I:
No mar, tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno.
Vais escrever um texto que terá como começo uma reformulação do início do conto que estivemos a ler. (Usa uma folha que me possas entregar.)
Começa por trocar a maioria das palavras das duas primeiras linhas de «Canto Primeiro», mantendo porém a mesma matriz sintáctica. Deves...
b) manter ou trocar por outras da mesma classe as palavras que sejam preposições, conjunções, determinantes, pronomes;
c) manter os advérbios.
O género, o número e o grau podem mudar. Tempo, modo e pessoa devem manter-se. (No caso das contracções de preposição com determinante, a preposição pode manter-se ou não, tal como o determinante; quanto ao determinante, pode flexionar-se.)
Vê o meu exemplo.
Era um velho muito velho, sentado à porta da Torre de Arzila, as barbas todas brancas, os cabelos quase pelos ombros. Calçava umas alpercatas rotas, vestia uma estranha camisa comprida...
Parecia uma pastelaria muito asseada, plantada à beira do caminho para a praia, as montras todas reluzentes, os bolos quase do momento. Tinha umas gomas dulcíssimas, vendia uns nutritivos gelados naturais...
Depois de criares também um novo começo, prossegue o teu texto, mas agora já desligado do de Alegre. Embora as duas primeiras linhas de «Canto Primeiro» — que te servirão de matriz —, convidem a um início descritivo, a redacção deve depois evoluir para uma abordagem de relato na 1.ª pessoa (ficcional ou não).
O teu texto não tem de ter um fecho, uma conclusão. Podes assumir que é uma página solta de um livro que não nos chegou completo.
TPC «Objectos privados» é, ou era, uma página da revista Pública (magazine de domingo do Público) em que um artista, escritor, etc. se dava a conhecer, escrevendo sobre cerca de dez objectos para si importantes. Nessa secção da revista, apareciam imagens de cada um dos objectos e, ao lado, parágrafos-legendas a explicar que memórias a eles se associavam.
Gostaria que fizesses o mesmo: elegesses uns seis a dez objectos e sobre cada um deles escrevesses um parágrafo-legenda. O conjunto decerto dará um quase-retrato teu, uma espécie de breve livro de memórias.
Por vezes, nessa coluna da Pública, a escolha dos objectos pelos convidados da revista era orientada por critérios estéticos. Parece-me mais importante que escolhas os objectos em função das alusões, dos comentários, que eles te permitam fazer.
No nosso caso não será necessário reproduzir em imagens cada um dos objectos (a não ser que tenhas gosto nisso e facilidade em o fazer). Basta que ponhas como cabeça de cada legenda uma designação bastante específica do objecto. Exemplo: «[Ursinho que tenho em casa, já sem uma pata, feito em algodão azul]».
A extensão das legendas será semelhante à da reprodução que ponho. A pequena biografia na margem esquerda não a tens de fazer.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-3-4-presentation/
Soluções 1.1.1 a; 1.1.2 b; 1.1.3 a; 1.1.4 d; 1.1.5 b; 1.1.6 d; 1.1.7 c; 1.1.8 a.
1.4.1: comparação (cfr. «dir-se-ia» (= ‘como’)
Agora estamos aqui os dois, pode dar-me o nome que quiser, sou um português que não conseguia sair do Canto Primeiro, você chegou e já posso ver das naus as velas côncavas inchando, sou um homem livre, posso finalmente passar ao Canto Segundo.
Era quase noite, ele acabou a Coca-Cola, já tinha bebido outras duas, o que era [...]
Era um velho muito velho, sentado à porta da Torre de Arzila, as barbas todas brancas, os cabelos quase pelos ombros, calçava umas alpercatas rotas, vestia uma estranha camisa comprida... (linha 2)
ombros. Calçava
Tinha os olhos muito azuis, recitava uma espécie de oração, qual não foi o meu espanto quando, (ll. 5-6)
Tinha os olhos muito azuis, recitava uma espécie de oração. Qual não foi o meu espanto quando,
emparedado nas sílabas de «as armas e os barões assinalados» (linha 11)
— Boa tarde, disse-lhe, tentando meter conversa.
— Boa tarde — disse-lhe, tentando meter conversa.
Reparei que trazia atada ao pescoço (l. 4)
reparei que repetia incessantemente o primeiro verso d’Os Lusíadas (6)
Vê o diálogo da pergunta 2.3 — é um bocado artificial, não é? — e acrescenta...
a) uma fala que infrinja o princípio da cortesia:
João: ______
b) uma fala que infrinja a máxima da relevância (ou relação):
João: ______
Faz agora os pontos 1, 2, 3, 4 e 5 da p. 16.
(Se tiveste dificuldades nas perguntas 3, 4 ou 5, vale a pena veres uma revisão dos conteúdos ‘acentuação’, ‘classes de palavras’ em ‘Gramática’.)
Continuaremos a completar estas páginas do manual numa próxima aula. Por agora, preferia que fôssemos já contactando com textos de carácter autobiográfico. Começaremos por ver o auto-retrato de Florbela Espanca, na p. 22. Lê essas quatro linhas do Diário do último ano e, depois, as que eu ponho aqui (o resto do dia 20 de Abril [de 1930]).
[Viver é não saber que se vive.] Procurar o sentido da vida, sem mesmo saber se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurasténicos. Só uma visão de conjunto pode aproximar-se da verdade. Examinar em detalhe é criar novos detalhes. Por debaixo da cor está o desenho firme e só se encontra o que se não procura. Porque me não esqueço eu de viver... para viver?
[«neurastenia» = ‘estado de depressão, de tristeza’]
A partir do mesmo começo («Ponho-me, às vezes, a olhar para o espelho e a examinar-me»), escreve um «auto-retrato» teu. Deves manter a mesma índole introspectiva (reflexiva). Não deves pretender arranjar equivalentes directos do texto de Florbela Espanca, mas sugiro que adoptes o mesmo estilo suspensivo, entrecortado.
{escreve numa folha tua, que poderei levar ou não}
Veremos agora o início do filme A história da minha vida (Mensonges et trahisons), o relato autobiográfico de um autor de autobiografias. No final, completa:
Segundo Raphaël, Muriel tem uma característica muito distintiva, a de ser sempre ______. Se quisermos pensar no efeito que esta idiossincrasia pode ter nas conversas em que Muriel participa, diremos que, ao cumprir tão à letra a máxima conversacional de _____, ela acaba por infringir constantemente o princípio de _______.
«A minha adolescência foi um céu baixo e pesado no qual existiam, por vezes, pequenas abertas» contém um recurso estilístico, que é uma _______.
Droit au but (Directo ao assunto) / ____ / ____ / ____ / ____ / Personagem ____ ____ a história. / Dar-se a ____ aos ____.
Diário do último ano / Diário. / 1.ª pessoa. / Presente do Indicativo. / Coincidem. / Personagem está a viver a história. / Dialogar consigo próprio.
TPC — Ler «Trabalho (a fazer em Outubro)»
Não é obrigatório que o microfilme tenha personagens visíveis e, portanto, actores. Se tiver algum actor, pode este nem ser o autor. Mas também pode o autor ser o próprio actor do seu microfilme (é certo que assim seria mais difícil manejar a câmara, o que implicaria que fosse um outro elemento a fazer a filmagem — note-se, porém, que o que define a autoria do filme é a criação do texto que se ouvirá e as decisões sobre a filmagem).
Os filmes serão vistos em aula e, se se achar que vale a pena, colocados em alguma plataforma acessível a todos. Os filmes deverão ficar em ficheiros que possam abrir em WMP (ficheiros MPEG, por exemplo; no caso dos telemóveis, teremos de proceder a uma conversão, mas o CRE ajudar-nos-á nisso).
Como filmarão? Haverá alguns que tenham máquina fotográfica ou telemóvel que permita este tipo de trabalho. Eu tenho uma máquina, que irei emprestando. De qualquer modo, texto e idealização das sequências devem ser preparados antes da fase de execução.
Como está a decorrer um concurso de microfilmes promovido pelas Produções Fictícias, não se põe de parte que alguns trabalhos possam candidatar-se a esse prémio. Alguns pontos do regulamento do concurso (apenas as regras comuns ao nosso trabalho):
[...] d. Os microfilmes têm de ser filmados com telemóvel, câmara digital ou qualquer outra tecnologia de formato amador, não podendo ser utilizadas câmaras profissionais;
e. Os microfilmes devem ter um máximo de duração de 3 minutos não podendo exceder o limite de armazenamento de 100 MB;
f. Não serão aceites microfilmes com conteúdos não apropriados (que incluam, nomeadamente, cenas de pornografia ou violência), que sejam considerados ofensivos [...].
O regulamento completo está aqui, mas o nosso objectivo é um pouco diferente, já que, enquanto nos microfilmes em geral nem se costuma apostar muito no texto a ouvir, no presente trabalho o texto «em off» é essencial.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-5-6-presentation/
Soluções
[2.1]
Verdadeiras:
b) do talento artístico («se a tanto me ajudar o engenho e arte» [v. 16])
f) da presunção de glorificar heróis da pátria («As armas e os barões assinalados [...] / Cantando espalharei por toda a parte» [vv. 1 e 15])
c) do desejo de escrever um canto universal («Cesse tudo o que a Musa antiga canta [as proezas de Ulisses, de Eneias, etc.] / Que outro valor mais alto se alevanta» [vv. 23-24])
Falsas: a, d, e
a) uma fala que infrinja o princípio da cortesia:
João: Isso é que era bom!
b) uma fala que infrinja a máxima da relevância (ou relação):
João: Mas o Mourinho levou 25 milhões.
1.
Após a aula, a Rita Melo disse ao João Marcelo:
— O conto de Manuel Alegre é muito secante. Quando terminará?
O João Marcelo, aluno atento e curioso, sugeriu:
— Vamos à biblioteca. [?]
— Sim! — respondeu a Rita, entusiasmada. — Vamos arreliar a funcionária. [.]
2.
barão
dizer
bem / nascer ou nascido
egrégio
3.
saí — aguda
difícil — grave
porém — aguda
linguística — esdrúxula
heróico — grave
cérebro — esdrúxula
4.1 Era um velho [nome] muito velho [adjectivo]
4.2 O mais velho (de todos)
5 Água / Comum, Concreto
Homem / Comum, Concreto
Segundo Raphaël, Muriel tem uma característica muito distintiva, a de ser sempre franca. Se quisermos pensar no efeito que esta idiossincrasia pode ter nas conversas em que Muriel participa, diremos que, ao cumprir tão à letra a máxima conversacional de qualidade, ela acaba por infringir constantemente o princípio de cortesia.
«A minha adolescência foi um céu baixo e pesado no qual existiam, por vezes, pequenas abertas» contém um recurso estilístico, que é uma metáfora.
Género / Pessoa / Tempo / Narrador & Escritor / Personagem & Tempo / Função
Autobiografia / 1.ª pessoa / Perfeito / Não coincidem / Personagem já viveu a história / Dar-se a conhecer aos outros
O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e mal cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês.
(Aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
do que neste soneto sobre si mesmo disse.
sobrepujar = ‘ultrapassar’
desdém = ‘desprezo, arrogância’
visagem = ‘careta, esgar’
veleidade = ‘ambição (irrealista)’
semovente = ‘que se move por si mesmo’
O poema tem duas quadras e dois tercetos, sendo, portanto, _____ {uma sextilha / uma ode / um soneto / um golo de Pedro Mantorras}. Alexandre O’Neill inspirou-se num célebre auto-retrato de Bocage. Lê-o e adivinha as palavras em falta:
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não _____;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas _______,
Num dia em que se achou mais pachorrento.
meão = ‘mediano’
facha = ‘face’
níveo = ‘como a neve’
letal = ‘mortal’
incensador = ‘bajulador’ deidade = ‘divindade’
luzir = ‘brilhar’
Circunda as rimas dos dois poemas (em cada verso isolarás as letras que estejam à direita da primeira vogal da sílaba tónica da última palavra). Faz depois o esquema rimático:
O’Neill: A, B, __, __ __, __, __, __ D, __, ____, __, __.
Bocage: A, B, __, __ __, __, __, __ C, __, ____, C, __.
características psicológicas / justificação do auto-retrato / características físicas / características ideológicas e afectivas
Auto-retratos de... / Alexandre O’Neill / Bocage
1.ª estrofe / 2.ª estrofe / 3.ª estrofe / 4.ª estrofe
Divide em sílabas métricas os dois versos seguintes. Usa barras verticais e vai numerando as sílabas (já sabes que só se conta até à sílaba tónica inclusive da última palavra; também saberás que, por vezes, duas sílabas «escritas» fundem-se numa só emissão de voz — havendo a chamada sinalefa: «come a sopa»):
O'/Neill (Alexandre), moreno português,
1
ca/be/lo asa de corvo; da angústia da cara,
1 2
Percebemos que são versos _______ {decassílabos [dez sílabas métricas] / eneassílabos [9] / dodecassílabos [12] / octossílabos [8] / hendecassílabos [11]}.
(Nas pp. 367-368, tens estas, e outras, noções de versificação.)
Veremos agora o início de Tomai lá do O’Neill, um filme de Fernando Lopes.
Retomamos a metáfora com que o jogador de futebol de A história da minha vida queria começar a sua biografia: «A minha adolescência foi um céu baixo e pesado no qual existiam, por vezes, pequenas abertas».
Prossegue este início em mais algumas linhas (que não terão de se reportar nem à personagem em causa nem a ti; mas podem fazê-lo, se quiseres).
TPC — Escreve um soneto com o teu auto-retrato. Usa o esquema rimático A-B-A-B C-D-C-D E-F-E F-G-G. (Não te preocupes com a métrica.)
Microfilmes
Ao longo de Outubro
Esboçar primeiro texto & decidir o que filmar
(só depois executar),
o que permite que depois a máquina possa ...
texto em off é o fundamental
trabalho é para treinar expressão formal (por isso, ou texto deve ser ou lido ou de um oral preparado, ensaiado).
cada aluno deve ser autor de um texto (mas pode colaborar em quaisquer aspectos de realização, representação, etc. de outro).
para quem gosta de trabalhar em dupla a minha sugestão é que façam dois microfilmes (cada um deles com o seu autor-de-texto específico, podedendo a realização ser de uma equipa)
relato de vivências/experiências ou qualquer género centrado na 1.ª pessoa (memórias, diário, auto-retrato, autobiografia, monólogo, ....)
depois combina-se comigo como se fará a entega dos microfilmes (por pen; por mail?; ...); filmes serão vistos em aula mas eu quero vê-los primeiro (talvez se possa fazer um concurso interno)
Como filmarão? Haverá alguns que tenham máquina fotográfica ou telemóvel que permita este tipo de trabalho. Eu tenho uma máquina (ou duas), que irei emprestando.
Muito Bom + = 20
Muito Bom = 19
Muito Bom - = 18
Bom +/Muito Bom - = 17
Bom + = 16
Bom = 15
Bom - = 14
Suf+/Bom- = 13,5
Suf + = 13
Suf = 12
Suf -/Suf = 11
Suf - = 10
Insuf +/Suf- = 9,5
Insuf + = 9
Insuf = 8
Insuf – = 7
Insuficiente -- = 6
Muito Insuficiente+/Insuficiente- = 5
Muito Insuficiente + = 4
Nuno Gomes = 3
Cocó de cão = 2
Cláudio Ramos = 1
Lurdes Rodrigues = 0
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-7-8-presentation/
Mas sofre de ternura, bebe demais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse.
O poema tem duas quadras e dois tercetos, sendo, portanto, um soneto.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
português,
cara,
través
cicatrizada.
vês
iluminada)
quês.
censurada...)
O'Neill!)
fazer
mil
prazer.
ri-se
disse.
moreno,
altura,
figura,
pequeno;
terreno,
ternura;
escura,
veneno;
deidades
momento,
frades,
talento;
verdades,
pachorrento.
O’Neill: A, B, A, C / A, C, A, C / D, E, D / E, F, F.
Bocage: A, B, B, A / A, B, B, A / C, D, C/ D, C, D.
Autores / Alexandre O’Neill e Bocage
1.ª estrofe / características físicas
3.ª estrofe / características ideológicas e afectivas
4.ª estrofe / justificação do auto-retrato
O'/Neill/ (A/le/xan/dre),/ mo/re/no/ por/tu/guês,/
ca/be/lo a/sa /de /cor/vo; /da an/gús/tia /da /ca/ra,
Percebemos que são versos dodecassílabos.
Natália Correia
Entre os vv. 1-7, o poema é constituído por metáforas em que se identificam partes do corpo com elementos imaginados pela poetisa. Completa o quadro (nota que a coluna da direita não é de resposta fácil: diversas interpretações das metáforas serão possíveis).
Partes do corpo // elemento com que se identificam // significado possível da metáfora
Espáduas brancas palpitantes // ____ // espáduas, sendo a parte última do tronco, parecem talvez aspirar a libertar-se dele
Braços // _____ // _____
_____ // emigrantes [no navio da pálpebra] // ______
Pálpebra // navio encalhado em renúncia ou cobardia // ______
No v. 8, há duas novas metáforas, agora relativas à poetisa: «Por vezes fêmea. Por vezes monja». Esta dupla metáfora quererá dizer que a poetisa considerava alternar momentos de _______ com momentos de ________.
O v. 9 tem uma estrutura ______ à do anterior. Provavelmente: a «fêmea» corresponde «______»; a «monja» corresponde «______».
Nos vv. 10-15, de novo uma série de metáforas. A poetisa vê-se como ____, como ____ «embebida num filtro de magia» e como ____ presa na teia que são os seus próprios estratagemas. Entretanto, fica no chão um coração «quebrado em jogos infantis», o que deve querer significar ________.
O esquema rimático do poema é: A-B-A-________
Ana Hatherly
O poema tem várias trocas da ordem mais natural das palavras dentro dos períodos. No texto que se segue, tentei, sem alterar as palavras de Ana Hatherly, repor essa ordem mais directa (mas não tenho a certeza de ter acertado sempre com a intenção da autora). Completa a minha transcrição, usando apenas as palavras que encontres no original.
Este que vês, desprovido de _____, é o meu retrato sem primores e, já ______ dos temores _______, põe a fé _______.
Este que vês é espelho _____ do sentido dolorido oculto e o grito ______, o estrago oculto pela mão _____.
Oculto e convertido nele, escusa _____ do tempo ido, (por)que o tempo apaga o sentido _____.
Este que vês é o meu retrato do engano do mundo já despido e do meu sonho transformado em acto.
Escolhe o verso cujo número corresponda ao mês do teu aniversário e faz a sua escansão métrica. [v. _]: _________
Quanto ao número de sílabas métricas, este verso é um ______.
«primor» = ‘requinte’; «escusar» = ‘evitar, desculpar’; «trato» = ‘tratamento, convivência’
Ary dos Santos
O poema de Ary dos Santos (p. 28) quase não tem pontuação. Introdu-la tu:
Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
narciso de lombardos e repolhos.
Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da auto-importância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.
Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.
Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.
«cetineta» = ‘tecido parecido com o cetim’; «narciso» = ‘homem enamorado de si próprio, vaidoso’; «lombardo» = ‘couve’
Na p. 28, à esquerda do poema de Ary dos Santos, encontras um «Auto-retrato aos 56 anos» de Graciliano Ramos.
Para muitos dos versos do texto do escritor brasileiro é fácil encontrar uma correspondência num teu «Auto-retrato aos [idade actual] anos» (exemplo: «nasceu em...»; «altura ...»). Para outras das linhas, terás de fazer uma equivalência menos directa (por exemplo: em vez de «Não gosta de vizinhos», não escreverás «Gosta de vizinhos», mas afirmarás alguma idiossincrasia tua).
Ou seja: vai aproveitando o assunto de cada verso de Graciliano Ramos, sempre que achares que resulta bem esse modelo directo. Quando as frases parecerem desinteressantes como modelo, escreve outras frases, de raiz, que pudessem integrar o mesmo estilo de texto.
TPC — Requintar o texto feito, ou começado, em aula.
Sobre as redacções entregues agora
Objectos privados
Aspectos em que alguns falharam
Objecto devia ser sempre especificado (em vez de «telemóvel», ««telemóvel assim e assado, cozido e frito»);
Objecto não seria escolhido por ser importante (mas por permitir alusões a coisas, momentos, memórias, etc. importantes); era só o pretexto (não o centro do vosso texto);
Extensão de cada parágrafo devia ser, por vezes, maior (chegando-se, assim, às tais alusões).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-9-10-presentation/
Soluções
Quais destes poemas são sonetos? Os dos dois últimos escritores.
Espáduas brancas palpitantes
asas no exílio dum corpo
espáduas, sendo a parte última do tronco, parecem talvez aspirar a libertar-se dele
Braços
calhas cintilantes para o comboio da alma
pelos braços — activos — se vêem os estados de espírito
Olhos
emigrantes [no navio da pálpebra]
como os emigrantes — que sobrelotavam o convés dos navios — os olhos enchem a pálpebra
Pálpebra
navio encalhado em renúncia ou cobardia
pálpebra está caída ou fechada (porque triste ou envelhecida)
No v. 8, há duas novas metáforas, agora relativas à poetisa: «Por vezes fêmea. Por vezes monja». Esta dupla metáfora quererá dizer que a poetisa considerava alternar momentos de paixão com momentos de solidão.
O v. 9 tem uma estrutura paralela à do anterior. Provavelmente: a «fêmea» corresponde «noite»; a «monja» corresponde «dia».
Nos vv. 10-15, de novo uma série de metáforas. A poetisa vê-se como molusco, como esponja «embebida num filtro de magia» e como aranha presa na teia que são os seus próprios estratagemas. Entretanto, fica no chão um coração «quebrado em jogos infantis», o que deve querer significar a desilusão (talvez causada por traições).
O esquema rimático do poema é: A-B-A-C-A-D-E-F-E-F-E-G-H-I-H
Este que vês, desprovido de cores, é o meu retrato sem primores e, já despido dos temores falsos, põe a fé em sua luz oculta. Este que vês é espelho lúcido do sentido dolorido oculto e o grito reduzido do passado, o estrago oculto pela mão da fé. Oculto e convertido nele, escusa o cruel trato do tempo ido, (por)que o tempo apaga o sentido em tudo. Este que vês é o meu retrato do engano do mundo já despido e do meu sonho transformado em acto.
Es/te/ que / vês/, de/ co/res/ des/pro/vido
o/ meu/ re/tra/to/ sem/ pri/mo/res/ é
e/ dos/ fal/sos/ te/mo/res/ já/ des/pido
em/ su/a/ luz/ o/cul/ta/ põe/ a/ fé
Do/ o/cul/to/ sen/ti/do/ do/lo/rido,
es/te/ que/ vês/, lú/ci/do es/pe/lho/ é
e/ do/ pas/sa/do o/ gri/to/ re/du/zido,
o/ es/tra/go o/cul/to/ p’la/ mão/ da/ fé.
O/cul/to/ ne/le e/ ne/le/ con/ver/tido
do/ tem/po i/do/ es/cu/sa o/ cru/el/ trato,
que/ o/ tem/po em/ tu/do a/pa/ga o/ sen/tido;
E /do /meu/ so/nho/ trans/for/ma/do em/ acto,
Quanto ao número de sílabas métricas, este verso é um decassílabo.
Poeta, é certo, mas de cetineta,
fulgurante de mais para alguns olhos,
bom artesão na arte da proveta,
narciso de lombardos e repolhos.
Cozido à portuguesa, mais as carnes
suculentas da auto-importância,
com toicinho e talento, ambas partes
do meu caldo entornado na infância.
Nos olhos, uma folha de hortelã,
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.
Poeta de combate, disparate,
palavrão de machão no escaparate,
porém morrendo aos poucos de ternura.
No primeiro, «Sir Edward Ross», o tratamento escolhido não é suficientemente formal para uma entrevista na televisão: em vez de «Sir Edward», o apresentador começa por usar _____ (o que era aceitável), mas depois passa a ______ (já descabido, mas que o interlocutor ainda suporta), até chegar a ______ (que desespera o realizador. O hipocorístico (nome de carinho) é, naquele contexto, ofensivo.
No segundo sketch («Arthur ‘Two Sheds’ Jackson»), o que faz que o compositor não possa preservar a face é a menção repetida da sua ______, «Dois barracões».
Lê as frases na tabela. Na coluna A-Q, vai pondo a letra que corresponda à sintaxe das frases (vê a lista de «Formas de tratamento», na outra folha); na coluna mais à direita, escreve o número que corresponde à situação (vê a lista de «Situações»).
Frases (com exemplos de formas de tratamento) / A-Q / 1-24
1 / Levantai, hoje de novo, o esplendor de Portugal. / /
2 / Pai Nosso, que estais no céu, livrai-nos do mal. / /
3 / A Isabel podia saber em que sala está a turma 10.º 15.ª? / /
4 / Vossa Reverência não se importava de me dar mais uma hóstia? / /
5 / O D. Januário pode confessar-me agora? / /
6 / A Dona Amália tem aí o livro de ponto do 10.º 0.ª? / /
7 / Tens de trazer sempre o livro. / /
8 / Compra-me os ténis e eu prometo ter boas notas a Português. / /
9 / Compre-me os ténis e eu prometo ter boas notas a Português. / /
10 / Você é paulista ou carioca? / /
11 / Vossemecê, meu pai, permite que eu vá ouvir o MP3? / /
12 / Você tem de evitar comer tantos fritos. / /
13 / Vossa Excelência deseja o quarto com vista para o mar ou a suite com vista para as latrinas? / /
14 / O Lopes da Silva já tratou do tal assunto? / /
15 / O engenheiro pode chegar aqui? / /
16 / O senhor doutor já comeu o empadão? / /
17 / Estás bom? / /
18 / Ide lavar-vos. / /
19 / O professor já viu os testes? / /
20 / Cê viu Ronaldinho? / /
21 / O stor vai dar-me um Nuno Gomes? / /
22 / Vocês dão-me o carro hoje? / /
23 / A menina estude, que eu prometo ver isso dos ténis. / /
24 / Façam-me este exercício sobre formas de tratamento. / /
25 / Passe, por favor. / /
26 / O senhor já pediu? / /
Formas de tratamento
A — 2.ª pessoa do singular
B — 2.ª pessoa do plural
C — 3.ª pessoa do singular
D — você + 3.ª pessoa do singular
E — cê + 3.ª pessoa do singular
F — vossemecê + 3.ª pessoa do singular
G — artigo + nome + 3.ª pessoa do singular
H — O senhor + 3.ª pessoa do singular
I — O senhor + título profissional + 3.ª pessoa do singular
J — artigo + título profissional + 3.ª pessoa do singular
L — artigo + Dom/Dona + nome + 3.ª pessoa do singular
M — A menina + 3.ª pessoa do singular
N — Vossa Excelência + 3.ª pessoa do singular
O — Vossa Reverência + 3.ª pessoa do singular
P — 3.ª pessoa do plural
Q — vocês + 3.ª pessoa do plural
Situações
1 — Jogador de râguebi para os heróis portugueses (ao cantar o hino).
2 — Médico para doente.
3 — Criada para patrão.
4 — Aluno remelento da ESJGF para seu mestre.
5 — Brasileiro das classes populares para outro da mesma classe.
6 — Crente para Deus (em oração).
7 — Católico para o seu bispo ou para o seu padre.
8 — Professor para funcionária (mas que conhecera havia anos como aluna).
9 — Rapaz para mãe.
10 — Pai para filha.
11 — Professor para aluno.
12 — Alunos para professor da faculdade.
13 — Jovem para outro jovem.
14 — Professor para turma.
15 — Cliente para empregado(s) da oficina.
16 — Rosália para o seu pai, pequeno agricultor em Constantim (Trás-os-Montes).
17 — Patrão para empregado.
18 — Patrão para funcionário licenciado.
19 — Brasileiro para brasileiro (independentemente da classe social).
20 — Professor para funcionária.
21 — Empregado de hotel para cliente.
22 — Sexagenária de Vila Nova de Gaia para a canalha.
23 — Professor para encarregado de educação.
24 — Empregado de restaurante para cliente.
Em casa, lê o que no manual se diz sobre «Formas de tratamento» (pp. 77-79).
Em A história da minha vida continuam a articular-se duas autobiografias (a de Kevin, escrita afinal por Raphaël, e a que é narrada em off, que é a do próprio Raphaël). Neste passo que vamos ver, há ainda um outro contraste: entre os livros que Raphaël escreve para outros (apenas como tarefa profissional) e o livro que ele quer assinar como escritor (que pretende que tenha valor literário).
Resume a opinião que cada uma das personagens tem acerca da biografia de Kevin encomendada a Raphaël e do romance — ou romances — com que Raphaël se quer estrear como escritor «ortónimo» (ou ‘escritor com o seu exacto nome’).
Livros / Autobiografia de Kevin (Directo ao assunto) / Romance(s) de Raphaël
Opinião de...//
Kevin / O estilo está demasiado ______. Defende que não há ______ para se escrever uma autobiografia e pretende que em cada capítulo haja ______ estilo./ [Não leu]
Claire / Embora o estilo de escrita (a forma) seja um tanto _____, o que se relata é _____. / Está _______, mas ainda são apenas as cem páginas iniciais. Raphaël não terá ______ o suficiente para poder fazer um bom romance.
Muriel / [Não leu] / É um livro _______. Falta-lhe _______, há demasiada técnica. Sugere que Raphaël escreva outro.
Raphaël / O estilo de uma autobiografia (como a que escreve para Kevin) deve obedecer a certas «noções de ______»./Está _______ quanto ao seu valor como escritor «literário», mas, no fundo, tem ______ de que a avaliação seja encomiástica.
TPC — Está em preparação o próximo número do Voz Activa, o jornal da escola. Escreve um texto de teor memorialístico sobre a escola (página de diário; poema; relato de experiência passada; série de frases iniciadas por «lembro-me que...»; fragmentos de prosa poética; fragmentos de descrição soltos; objectos privados ‘especial escola’; autobiografia fictícia; texto à «notas de agenda»; carta; etc.).
Eu escolherei os que me parecerem mais susceptíveis de publicação e entregá-los-ei à redacção do jornal, que decidirá o que pode publicar.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-11-12-presentation/
Soluções
Nos dois sketches que vamos ver, mostram-se casos em que o princípio de cortesia não foi cumprido, porque as formas de tratamento escolhidas pelo locutor fazem o seu interlocutor «perder a face» — a face é a imagem pública de cada falante.
No primeiro, «Sir Edward Ross», o tratamento escolhido não é suficientemente formal para uma entrevista na televisão: em vez de «Sir Edward», o apresentador começa por usar Edward (o que era aceitável), mas depois passa a Ted (já descabido, mas que o interlocutor ainda suporta), até chegar a Eddie Baby (Querido) (que desespera o realizador. O hipocorístico (nome de carinho) é, naquele contexto, ofensivo.
No segundo sketch («Arthur ‘Two Sheds’ Jackson»), o que faz que o compositor não possa preservar a face é a menção repetida da sua alcunha, «Dois barracões».
1
Levantai, hoje de novo, o esplendor de Portugal.
B — 2.ª pessoa do plural
1 — Jogador de râguebi para os heróis portugueses (ao cantar o hino). [uso da 2.ª pessoa do plural mesmo para «interlocutores» plurais é hoje raríssimo, quase só retórico]
2
Pai Nosso, que estais no céu, livrai-nos do mal.
B — 2.ª pessoa do plural
6 — Crente para Deus (em oração). [caso único em que a 2.ª pessoa do plural se dirige uma entidade singular: nas orações, o «vós» coorespondente a Deus]
3
A Isabel podia saber em que sala está a turma 10.º 15.ª?
G — artigo + nome + 3.ª pessoa do singular
8 — Professor para funcionária (mas que conhecera como aluna havia anos). [«Dona» seria absurdo; «tu» caiu por ter havido entretanto anos de intervalo e por poder supor tratamento de superioridade.]
4
Vossa Reverência não se importava de me dar mais uma hóstia?
O — Vossa Reverência + 3.ª pessoa do singular
7 — Católico para o seu bispo ou para o seu padre. [podia ser «O senhor padre»; ver diferença entre «Dom», tratamento eclesiástico ou nobiliárquico, e «Dona», forma delicada corrente para todas as mulheres não licenciadas]
5
O D. Januário pode confessar-me agora?
L — artigo + Dom/Dona + nome + 3.ª pessoa do singular
7 — Católico para o seu bispo ou para o seu padre.
6
A Dona Amália tem aí o livro de ponto do 10.º 0.ª?
L — artigo + Dom/Dona + nome + 3.ª pessoa do singular
20 — Professor para funcionária. [Tratamento generalizado para senhoras não licenciadas, precedido ou não de «Senhora» > «Seudona»]
7
Tens de trazer sempre o livro.
A — 2.ª pessoa do singular
11 — Professor para aluno. [O tratamento de «tu» — tuteamento — serve de adultos para os mais novos, entre jovens ou entre interlocutores da mesma idade com familiaridade]
8
Compra-me os ténis e eu prometo ter boas notas a Português.
A — 2.ª pessoa do singular
9 — Rapaz para mãe. [Hoje em dia o tratamento de «tu» com pais não é muito diferente do tratamento, mais tradicional, na 3.ª pessoa; percebi nas aulas que está mais generalizado já do que o de 3.ª pessoa]
9
Compre-me os ténis e eu prometo ter boas notas a Português.
C — 3.ª pessoa do singular
9 — Rapaz para mãe. [Na minha geração, a 3.ª pessoa era o tratamento de filhos para pais mais comum]
10
Você é paulista ou carioca?
D — você + 3.ª pessoa do singular
19 — Brasileiro para brasileiro (independentemente da classe social). [«você» no Brasil não tem a conotação desrespeitosa ou de superior para subaltermo que pode ter em Portugal; é tratamento muito mais abrangente]
11
Vossemecê, meu pai, permite que eu vá ouvir o MP3?
F — vossemecê + 3.ª pessoa do singular
16 — Rosália para o seu pai, pequeno agricultor em Constantim (Trás-os-Montes). [Vossemecê (> Você); forma respeitosa em muitos ambientes rurais: vem de Vossa Mercê]
12
Você tem de evitar comer tantos fritos.
D — você + 3.ª pessoa do singular
2 — Médico para doente. [vestígio da superioridade que médicos presumem ter sobre o doente?; poderia ser também um patrão para subalterno]
13
Vossa Excelência deseja o quarto com vista para o mar ou a suite com vista para as latrinas?
N — Vossa Excelência + 3.ª pessoa do singular
21 — Empregado de hotel para cliente. [Independentemente da classe]
14
O Lopes da Silva já tratou do tal assunto?
G — artigo + nome + 3.ª pessoa do singular
17 — Patrão para empregado. [Também podia ser precedido de «O senhor.]
15
O engenheiro pode chegar aqui?
J — artigo + título profissional + 3.ª pessoa do singular
18 — Patrão para funcionário licenciado. [«O senhor engenheiro» talvez fosse demasiado]
16
O senhor doutor já comeu o empadão?
I — O senhor + título profissional + 3.ª pessoa do singular
3 — Criada para patrão. [neste caso até é irrelevante que o patrão seja mesmo licenciado]
17
Estás bom?
A — 2.ª pessoa do singular
13 — Jovem para outro jovem. [Ou entre pessoas de qualquer outra idade com bastante familiaridade]
18
Ide lavar-vos.
B — 2.ª pessoa do plural
22 — Sexagenária de Vila Nova de Gaia para a canalha. [Terá de ser do norte e já de geração não jovem; 2.ª pessoa do plural já não se usa para singular; no plural só talvez no Norte, por pessoas de certa idade]
19
O professor já viu os testes?
J — artigo + título profissional + 3.ª pessoa do singular
12 — Alunos para professor da faculdade. [Professor do 1.º ciclo também.]
20
Cê viu Ronaldinho?
E — cê + 3.ª pessoa do singular
5 — Brasileiro de classe popular para outro da mesma classe. [Você > Ocê > Cê]
21
O stor vai dar-me um Nuno Gomes?
I — O senhor + título profissional + 3.ª pessoa do singular
J — artigo + título profissional + 3.ª pessoa do singular
4 — Aluno remelento da ESJGF para seu mestre. [«Stor» não se usa no primário ou no superior; Senhor Doutor > Soutor > Stor]
22
Vocês dão-me o carro hoje?
Q — vocês + 3.ª pessoa do plural
15 — Cliente para empregado(s) da oficina. [Podem não ser vários interlocutores; se forem, tem de haver certa familiaridade]
23
A menina estude, que eu prometo ver isso dos ténis.
M — A menina + 3.ª pessoa do singular
10 — Pai para filha. [estará um tanto ultrapassado o uso da 3.ª pessoa de pais para filhos; «o menino» talvez tenha intenção irónica]
24
Façam-me este exercício sobre formas de tratamento.
P — 3.ª pessoa do plural
14 — Professor para turma. [Com «vocês» ficaria mais familiar]
25
Passe, por favor.
C — 3.ª pessoa do singular
23 — Professor para encarregado de educação. [tratamento abrangente entre adultos: 3.ª pessoa sem você]
26
O senhor já pediu?
H — O senhor + 3.ª pessoa do singular
24 — Empregado de restaurante para cliente.
Kevin
O estilo está demasiado uniforme. Defende que não há regras para se escrever uma autobiografia e pretende que em cada capítulo haja diferente estilo.
[Não leu]
Claire
Embora o estilo de escrita (a forma) seja um tanto pesado (rebuscado), o que se relata é fascinante.
Está giro, mas ainda são apenas as cem páginas iniciais. Raphaël não terá vivido o suficiente para poder fazer um bom romance.
Muriel
[Não leu]
É um livro falhado. Falta-lhe sinceridade, há demasiada técnica. Sugere que Raphaël escreva outro.
Raphaël
O estilo de uma autobiografia (como a que escreve para Kevin) deve obedecer a certas «noções de coerência».
Está inseguro quanto ao seu valor como escritor «literário», mas, no fundo, tem expectativas de que a avaliação seja encomiástica.
l. 2, tantas me vejo: vejo-me tantas vezes / vejo-me tão multiplicada / às tantas, vejo-me
7, elos: elfos / casos / laços
8, alças: presilhas / alces / rostos
8, enredos: teias / intrigas / ficções
18, precedo: compro / aceito / antecipo
23, esmoreço: desanimo / desânimo / animo
33, veio: meio / vaso sanguíneo / foi
34, isento: independente / lento / triste
35, afeito à: desfeito pela / habituado à
46, una: ligue / indivisível / múltipla
48, padeço: peno / panifico / peço
50, o meu alento: o meu ânimo / a minha lentidão / o meu cocó
55, esse apego a: essa pega a / essa dedicação a / essa irritação por
57, acerbo: amargo / servil
57: intento: desígnio / imposto
58, do seu concerto com: da sua aliança à / da sua música da
61, aceito: aceite / concordo
62, desterro: exílio / amor
Passa ao texto «Quase um auto-retrato» (pp. 32-33), de Manuel Alegre. Em cada item que se segue, escolhe a melhor das quatro alíneas.
Ao dizer que tinha «biografia a mais» (l. 4), o autor referia-se a
a) ser o relato da sua vida demasiado extenso.
b) ter passado por muitas situações e experiências de vida.
c) ter sido biografado por vários estudiosos.
d) quem não gosta de ler biografias.
A frase de Gide citada nas ll. 5-7 é recordada, porque a partir dela se pode assumir um problema dos auto-retratos:
a) as pessoas tendem a aproximar-se das características que para si mesmas idealizam.
b) as pessoas descrevem-se sempre de modo parcial, porque são «juízes em causa própria».
c) qualquer auto-retrato é incorrecto.
d) o que importa na vida é o que julgamos que somos (não o que somos mesmo).
A altivez e o narcisismo que alguns lhe atribuem
a) são efectivas.
b) são apenas aparentes (resultam da sua timidez e da reserva).
c) são, em parte, meramente aparentes (resultado de como os outros interpretam a sua timidez), mas também reais (consequência de o escritor não ser hipócrita e ter o orgulho como «património genético»).
d) são heranças familiares (com efeito, Manuel Alegre segue nesse comportamento um «tique» de família: «levantar a cabeça, olhar a direito».
O que o narrador descreve como «obsessão da morte» (l. 13) significa
a) a noção de que tudo é passageiro; que só a literatura pode representar a eternidade.
b) o medo de desaparecer; a clara noção de que nem pela literatura se continuará a viver.
c) a consciência da efemeridade de tudo; a crença de que só a poesia pode sobreviver.
d) que ele não acredita na «eternidade» (nem na vida; nem pela literatura).
Para Manuel Alegre, a poesia
a) é a vida.
b) segue a vida.
c) é independente da vida.
d) é uma especial vivência da vida.
O autor gosta de
a) música, porque esta gerou a poesia.
b) poesia, porque a música dela depende.
c) poesia, porque gosta, por exemplo, de flamenco, de Mozart, de fado.
d) poesia; ao contrário, não gosta de flamenco, de Mozart ou de fado.
O autor de Marânus é
a) Wolfgang Amadeus Mozart.
b) Teixeira de Pascoaes.
c) Federico García Lorca.
d) Francisco Canaro.
Pelo último parágrafo, percebemos a importância que têm para o autor
a) a caça, a pesca, os livros.
b) a caca, a caspa, os litros.
c) a caça, a pesca, a escrita, alguma literatura e a música.
d) a escrita e a leitura.
Entrega-me esta folha e passa a tentar resolver as perguntas 6 a 12 da p. 17.
TPC — Ir a www.esjgf.com / na zona amarela, clicar em Moodle II – Educom / em Entrar [escrever nome de utilizador e palavra chave (se for necessário, abrir conta) e entrar] / em Grupos de disciplinas, ir a 10.º ano e clicar em Português (Luís Prista), turmas 1, 2, 4, 5, 6 — para se inscreverem na disciplina ser-lhes-á pedida a chave [escrevem: Prista] / uma vez na disciplina, clicam em Testes, Ficha 1: Conjugação de verbos / e fazem o teste (no final é preciso clicar em enviar tudo).
Soluções
l. 2, tantas me vejo: vejo-me tão multiplicada
7, elos: laços
8, alças: presilhas
8, enredos: teias
18, precedo: antecipo
23, esmoreço: desanimo
33, veio: vaso sanguíneo
34, isento: independente
35, afeito à: habituado à
46, una: indivisível
48, padeço: peno
50, o meu alento: o meu ânimo
55, o meu apego a: a minha dedicação a
57, acerbo: amargo
57: intento: desígnio
58, do seu concerto com: da sua aliança à
61, aceito: aceite
62, desterro: exílio
Ao dizer que tinha «biografia a mais» (l. 4), o autor referia-se a
b) ter passado por muitas situações e experiências de vida.
A frase de Gide citada nas ll. 5-7 é recordada, porque a partir dela se pode assumir um problema dos auto-retratos:
a) as pessoas tendem a aproximar-se das características que para si mesmas idealizam.
A altivez e o narcisismo que alguns lhe atribuem
c) são, em parte, meramente aparentes (resultado de como os outros interpretam a sua timidez), mas também reais (consequência de o escritor não ser hipócrita e ter o orgulho como «património genético»).
O que o narrador descreve como «obsessão da morte» (l. 13) significa
d) que ele não acredita na «eternidade» (nem na vida; nem pela literatura).
Para Manuel Alegre, a poesia
d) é uma especial vivência da vida.
O autor gosta de
a) música, porque esta gerou a poesia.
O autor de Marânus é
b) Teixeira de Pascoaes.
Pelo último parágrafo, percebemos a importância que têm para o autor
c) a caça, a pesca, a escrita, alguma literatura e a música.
p. 17 do livro:
esperava — pretérito imperfeito do indicativo;
acontecesse — pretérito imperfeito do conjuntivo.
encadear = ‘pôr em cadeia’
encandear = ‘ofuscar pela direcção da luz, cegar’ (cfr. candeia)
Eu encadeei o meu texto e o teu (e ficámos como um belo texto Cláudio Ramos)
Eu encandeei um mamute com os faróis da bicicleta da minha avó.
Havia anos que o homem aguardava alguém que lhe dissesse a senha.
Há muito tempo que não leio Os Lusíadas.
Comenta-se que Camões teve vários amores na corte.
Os jovens lêem pouco, mas vêem vários programas televisivos.
Tu fizeste o teste sem dificuldade.
A expressão sublinhada desempenha a função sintáctica de vocativo.
«No/mar/tan/ta/tor/men/ta e/tan/to/da (no),
Tan/tas/ve/zes/a/mor/te a/per/ce/bi (da)!»
(versos decassilábicos)
«arma» é hiperónimo de «revólver», «espingarda», «espada», «coprólito»
«barco» é hipónimo de «meio de transporte».
Todos os nautas queriam conhecer a Índia, / embora (eles) não conhecessem a rota.
A viagem era tão longa / que os mantimentos não chegaram para todos os marinheiros.
quadras / primeiro verso / segundo verso / terceiro verso / quarto verso
vv. 1-4 / / / desgraça, /
5-8 / / / /
9-12 / / / /
13-16 / / / /
17-20 / / / /
21-24 / / / /
25-28 / / / /
29-32 / / / /
33-36 / / / /
37-40 / / / /
41-44 / / / /
45-48 / / / /
49-52 / / / /
53-56 / / / /
57-60 / / / /
61-64 / / / /
Quando terminares, lê o texto enquadrado em fundo cinzento (na mesma p. 171), bem como os excertos na p. 170.
Vamos ouvir canções com letras de poetas de que, recentemente, lemos auto-retratos ou auto-biografias: Manuel Alegre (1936), Natália Correia (1923-1993), Alexandre O’Neill (1924-1986), Ary dos Santos (1937-1984), Florbela Espanca (1894-1930). Depois de ouvirmos cada canção, dar-te-ei algum tempo para preencheres o que sobre elas te peço nas colunas tema e frase-síntese (mas, ao longo das audições, deves ir logo congeminando o que vais escrever). O que já está preenchido servir-te-á para perceberes o que pretendo escrevas nestas duas colunas.
Autor / Poema / Cantor / Tema / Frase-síntese (curta sinopse)
Alexandre O’Neill, «Mesa» / Sérgio Godinho / ___ / Tudo é irrelevante, nada deve ser levado muito a peito: da mesa se passa à cama, da cama ao caixão, e de novo se regressa à mesa.
Manuel Alegre, «Trova do vento que passa» / Adriano Correia de Oliveira / O país e a luta pela liberdade. / ___
Natália Correia, «Queixa das almas jovens censuradas» / José Mário Branco / ____ / ___
Ary dos Santos, «Namorados da cidade» / Paulo Flores / ____ / ___
Florbela Espanca, «Perdidamente» / Luís Represas / ____ / ___
TPC — Prepara a leitura em voz alta de «Auto-retrato com a musa» (p. 29) e «Cardoso Pires por Cardoso Pires» (30-31). (Lê os textos, verifica se percebes a sua sintaxe, vê uma ou outra palavra no dicionário, experimenta lê-los em voz alta.)
Soluções
quadras / primeiro verso / segundo verso / terceiro verso / quarto verso
vv. 1-4 / / / desgraça, /
5-8 / / / sossegam, / sonhos,
9-12 / sonhos, deixam mágoas, / país, / águas, /
13-16 / desfolhas, / / /
17-20 / / / /
21-24 / ramos, / / /
25-28 / nada, / / /
29-32 / / mar, / /
33-36 / / águas), / / folhas,
37-40 / / / /
41-44 / nada, / / /
45-48 / novo, / pedindo, [;] / povo, /
49-52 / / / /
53-56 / trevo, / liberdade, / ler, é verdade, /
57-60 / / desgraça, / /
61-64 / / servidão, / resiste, /
1-4
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça,
o vento nada me diz.
[motivo da necessidade de acrescentar pontuação: duas orações coordenadas não havendo outro tipo de conexão]
5-8
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam,
levam sonhos, deixam mágoas.
[idem]
9-12
Levam sonhos, deixam mágoas,
ai rios do meu país,
minha pátria à flor das águas,
para onde vais? Ninguém diz.
[idem; vocativo, seguido e um segundo vocativo, ou aposto do primeiro vocativo]
13-16
Se o verde trevo desfolhas,
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
[subordinada (modificador) condicional]
17-20
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.
21-24
Vi florir os verdes ramos,
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
[mais explicativo do que restritivo, por causa de «e ao céu voltados»]
25-28
E o vento não me diz nada,
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
[orações coordenadas]
29-32
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar,
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
[oração comparativa (modificador comparativo)]
33-36
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas),
vi minha pátria florir
(verdes folhas, verdes mágoas).
[orações coordenadas...; enumeração]
37-40
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
41-44
E o vento não me diz nada,
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
[orações coordenadas]
45-48
Ninguém diz nada de novo,
se notícias vou pedindo, [;]
nas mãos vazias do povo,
vi minha pátria florindo.
[modificador condicional, modificador de lugar, nova oração sem outra conexão]
49-52
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
53-56
Quatro folhas tem o trevo,
liberdade, quatro sílabas.
Não sabem ler, é verdade,
aqueles pra quem eu escrevo.
[duas orações ...; explicação parentética]
57-60
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça,
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
[duas orações coordenadas]
[orações coordenadas]
61-64
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão,
há sempre alguém que resiste,
há sempre alguém que diz não.
[coordenação sem outro conector]
Alexandre O’Neill, «Mesa» / Sérgio Godinho / O tempo e o humor. / Tudo é irrelevante, nada deve ser levado muito a peito: da mesa se passa à cama, da cama ao caixão — e de novo se regressa à mesa.
Manuel Alegre, «Trova do vento que passa» / Adriano Correia de Oliveira / O país e a luta pela liberdade / Apesar do silêncio, da censura, da tristeza, há quem não se resigne e esteja a lutar pela liberdade.
Natália Correia, «Queixa das almas jovens censuradas» / José Mário Branco / Juventude agrilhoada / Há uma contradição entre as expectativas e ânsias dos jovens e o modo como os outros as conformam.
Ary dos Santos, «Namorados da cidade» / Paulo Flores / A cidade / Pela cidade, gente «anónima» — com vidas insignificantes — vai namorando.
Florbela Espanca, «Perdidamente» / Trovante / Poesia e amor / O poeta é aquele que ama, sem constrangimentos, indiferente às convenções.
Aula 17-18 (15, 18 ou 19/Out) Este primeiro campeonato de leitura em voz alta destina-se sobretudo a apurar os concorrentes individuais que, em futuras competições, ficarão como cabeças de série.
De qualquer modo, neste interessante concurso prévio, apurar-se-ão os melhores pares de cada fila, que — ainda hoje ou posteriormente — disputarão renhida final. O par vencedor dessa final será premiado da forma que se julgue adequada.
Fila das janelas
[Seguia-se quadro com duplas de aluno de cada carteira, suas notas, médias da dupla, classificação na fila]
Fila do computador
[Seguia-se quadro com duplas de aluno de cada carteira, suas notas, médias da dupla, classificação na fila]
Fila que não é nem das janelas, nem do computador, nem de coisa nenhuma
[Seguia-se quadro com duplas de aluno de cada carteira, suas notas, médias da dupla, classificação na fila]
Fila da parede ou do tabique
[Seguia-se quadro com duplas de aluno de cada carteira, suas notas, médias da dupla, classificação na fila]
Potes de ... / Alunos
Manchésteres e Liverpuis / ____
Portos, Celtiques e Rosemborgues / ____
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogery-chwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC / ___
Na p. 29, no poema de Vasco Graça Moura, v. 44, emenda o nome do poeta John Ashbery (é só com um erre). Nesse passo, faz-se uma alusão ao poema cujo início transcrevo a seguir e que te peço leias:
AUTO-RETRATO NUM ESPELHO CONVEXO
Tal como Parmigianino o fez, a mão direita
Maior do que a cabeça, estendida para o espectador
E desviando-se grácil, como que a proteger
O que exibe. Uns vidros com esquadria de chumbo, traves antigas,
Pele, musselina pregueada, um anel de coral corridos juntos
Num movimento apoiando a cara, que nada
Até nós e descai tal como a mão
Excepto que está em repouso. É isto o que está
Sequestrado. Vasari conta, «Francesco decidiu um dia
Fazer o seu próprio retrato, olhando-se para esse efeito
Num espelho convexo, tal como o que os barbeiros usam...
Para esse fim mandou fazer uma bola de madeira
A um torneiro e, tendo-a partido em duas e
Reduzido às dimensões do espelho, pôs-se
Com grande engenho a copiar tudo o que via no vidro»,
Especialmente a reflexão de si mesmo, de que o retrato
É uma reflexão de segundo grau.
O espelho decidiu reflectir apenas aquilo que ele viu
Que era necessário para os seus propósitos: a sua imagem
Vítrea, embalsamada, projectada a um ângulo de 180 graus.
A hora do dia ou a densidade da luz
Aderindo à cara mantém-na
Animada e intacta numa sucessiva onda
De chegada. A alma funda-se a si mesma.
Mas até onde poderá nadar passando pelos olhos
E ser depois capaz de voltar segura ao ninho? A superfície
Do espelho sendo convexa, a distância aumenta
De modo significativo; ou seja, o suficiente para mostrar
Que a alma é um prisioneiro, tratado com humanidade, mantido
Em suspenso, incapaz de avançar muito mais
Do que o teu olhar quando intercepta o quadro.
O papa Clemente e a sua corte ficaram «estupefactos»
Com este, segundo Vasari, e prometeram uma encomenda
Que nunca se materializou. [...]
John Ashbery, Auto-retrato num espelho convexo e outros poemas, tradução de António M. Feijó, p. 163
Por que motivo o Papa se terá interessado tanto pelo auto-retrato do pintor Francesco Mazzola (il Parmigianino), que reproduzia a imagem vista num espelho convexo?
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
No texto de José Cardoso Pires aproveita-se a expressão que um poema de Carlos Drummond de Andrade tornou famosa, «E agora, José?». Lê o poema de Drummond:
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Insere versos por ti criados — naturalmente, segundo o modelo dos que estejam antes —, de modo a, pelo menos, não diminuir a expressividade dessas zonas do texto.
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
_________________
_________________
e agora, José?
[...]
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
_________________
_________________
a noite esfriou,
[...]
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
__________________
__________________
seu ódio – e agora?
[...]
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
__________________
__________________
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
__________________
__________________
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
TPC — Em Sugestões, consulta uma lista de livros portugueses importantes. Nessa lista vou incluir ora comentários — meus ou de outros —, ora pequenas sinopses, ora excertos dos livros em causa (umas vezes, por links, outras, em imagens ampliadas ou, mesmo, em transcrição).
Depois, escolhe os cinco livros portugueses que recomendarias a um estrangeiro (nota que nesse quinteto podem estar obras não incluídas na minha lista). Numa segunda parte da tua folha, escreve uma pequeníssima justificação de cada escolha.
Estas sugestões de leitura destinam-se a, na comemoração do Dia das Bibliotecas — 22 de Outubro —, apurar-se quais são os livros que a escola recomenda (por sua vez, os resultados da escola contarão para um escrutínio nacional).
Na tua folha segue esta disposição:
Nome __________ Turma ____
Obras portuguesas mais recomendáveis a um estrangeiro
[autor, título da obra sublinhado (ou em itálico, se for a computador)]
1. __________________
2. __________________
3. __________________
4. __________________
5. __________________
Justificação
1. __________________
2. __________________
3. __________________
4. __________________
5. __________________
Focando-te apenas nos três primeiros períodos, transcreve as palavras que se podem considerar marcas da enunciação típica da autobiografia, a 1.ª pessoa: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Quanto aos tempos verbais, concentrando-te apenas no primeiro parágrafo, copia alguns exemplos de Presente do Indicativo (que será um presente histórico, um presente de narração): _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ; transcreve também os exemplos que haja de Pretérito Perfeito (que até deveria ser o tempo mais usado mas que o escritor pretere um tanto, dado o abuso do tal «presente histórico»): _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ .
Agora sim, vai relanceando o texto, para poderes completar o quadro:
Linhas / Localidades / Vida «profissional» (discente e docente)
1-39 / [Melo] / É aluno da instrução primária. Toda essa infância («um longo inverno») foi ________ {triste e povoada de medos / feliz e despreocupada}.
40-46 / [Fundão] / É _____. Foi um tempo ____ {difícil / agradável}.
47 / [Guarda] / É aluno do _____.
47-75 / ____ / É estudante da _______. Foram tempos ______, ______, ______.
76-84 / Faro, _____, _____ e Lisboa / ______ liceal, «por fatalidade».
84-94 / _____ / Na sua vida de professor, é a única cidade que Vergílio Ferreira ______
95-116 / _____ / Nesta cidade, o escritor «não ___, apenas está». Há neste parágrafo uma elucidação do acto de enunciação: o escritor encontra-se num _______, depois de ter sido ________.
10.º 4.ª
Final (com duplas vencedoras de cada fila)
Aluno / Nota / Aluno / Nota / Média da dupla / Classificação
Gil / / José / / /
Tiago G. / / Ana / / /
Ana / / Filipa / / /
Afonso / / Daniel / / /
Bruno / / Maria / / /
Potes de ... / Alunos
Manchésteres e Liverpuis / Ana, Ana, Daniel, Bruno
Portos, Celtiques e Rosemborgues / Tiago S., José, Tiago G., Rodrigo, Filipa, Gonçalo, Afonso, Maria, David, António, Duarte C., Guilherme
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC / [todos os restantes]
10.º 5.ª
Final (com duplas vencedoras de cada fila)
Aluno / Nota / Aluno / Nota / Média da dupla / Classificação
Joana F. / / Filipa L. / / /
Enoque / / João B. / / /
João G. / / João M. / / /
Filipa A. / / Bárbara / / /
Potes de ... / Alunos
Manchésteres e Liverpuis / Filipa A., Carolina, João B.
Portos, Celtiques e Rosemborgues / Joana F., João G., Catarina, Pedro, Patrícia, Bárbara, Dulce, Joana B., Júlia, João M.
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC / [todos os restantes]
10.º 1.ª
Final (com duplas vencedoras de cada fila)
Aluno / Nota / Aluno / Nota / Média da dupla / Classificação
Carolina / / Joana / / /
Brigitta / / Eliana / / /
João Af. / / Diogo / / /
Pedro I / / João G. / / /
Soraia / / Ana / / /
* Não se apurou a dupla vencedora
Potes de ... / Alunos
Portos, Celtiques e Rosemborgues [...-14] / Joana, Gonçalo, Raquel, João Af., Diogo, Cláudia
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC [...-13,5] / João G., Mariana, Micaela, Luís, Alexandra, Mariza
Harry Pote [13-...] / [todos os restantes]
10.º 6.ª
Final (com duplas vencedoras de cada fila)
Aluno / Nota / Aluno / Nota / Média da dupla / Classificação
Joana C. / / Inês / / /
Joana L. / / Tiago / / /
Sofia / / Sara / / /
Ana M. / / Cátia / / /
Potes de ... / Alunos
Manchésteres e Liverpuis [...-14,5] / Ana M., Joana L., Sara, Sofia, Inês, Joana O.
Portos, Celtiques e Rosemborgues [...-14] / Mónica, Joana C., João M., Bárbara, João C., Vanessa S.
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC [...-13] / Cátia, Raquel, Filipa, Ricardo, Pedro, Tiago, Vanessa C.
Harry Pote / [todos os restantes]
10.º 2.ª
Final (com duplas vencedoras de cada fila)
Aluno / Nota / Aluno / Nota / Média da dupla / Classificação
Catarina I / / Catarina II / / /
Jorge / / Pedro G. / / /
Joana I / / Inês / / /
Marta / / Carlota / / /
Potes de ... / Alunos
Manchésteres e Liverpuis [...-15] / Marta, Catarina I, Matilde, Joana I, Inês, Carlota,
Portos, Celtiques e Rosemborgues [...-14,25] / Catarina II, Sara C., Miguel I, Miguel II, Cláudia,
Spórtingues, Benficas e Llanfairpwligwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch FC [...-13,25] / Nuno, Pedro G., Rita, Mariana, Pedro I, Jorge, Sara M., Pedro S.
Harry Pote / [todos os restantes]
Na p. 236, no quarto superior direito, lê o comentário / sinopse relativo ao filme O último rei da Escócia. Cria um texto do mesmo tipo e de idêntica extensão, relativo a um filme que se inspirasse na autobiografia de Vergílio Ferreira. No fundo, o filme adaptaria ao cinema textos como o que acabaste de ler nas pp. 34-36.
O formato será também o mesmo, o que implica inventares um título (e, eventualmente, realizador e actores). Quanto aos dados factuais, convém não arriscares mais do que o que já sabes através da autobiografia que leste.
TPC — Não marcarei trabalho de casa, mas não deves esquecer tarefas em curso: experimentar moodle; ir acabando microfilme; e, se não o entregaste hoje, fazer o último tepecê.
Soluções marcas da enunciação típica da autobiografia, a 1.ª pessoa: «o meu pai», «a minha infância, «eu estou dentro do pátio», «na minha memória», «ao pé de mim», «a casa da minha avó».
exemplos de Presente do Indicativo (que será um presente histórico, um presente de narração): vejo, devo, amontoa-se, descubro, estou, há;
exemplos que haja de Pretérito Perfeito (que até deveria ser o tempo mais usado mas que o escritor pretere um tanto, dado o abuso do tal «presente histórico»): ficou, deixei, houve, recomeçou, recomeçou.
Também há imperfeito do indicativo: ia, dizia-me, contava, partiam, ficavam.
1-39 / [Melo] / É aluno da instrução primária. Toda essa infância («um longo inverno») foi triste e povoada de medos.
40-46 / [Fundão] / É seminarista. Foi um tempo difícil.
47 / [Guarda] / É aluno do liceu.
47-75 / Coimbra / É estudante da Universidade. Foram tempos sombrios, longos, penosos.
76-84 / Faro, Bragança, Évora e Lisboa / Professor liceal, «por fatalidade».
84-94 / Évora / Na sua vida de professor, é a única cidade que Vergílio Ferreira lembra com emoção.
95-116 / Lisboa / Nesta cidade, o escritor «não vive, apenas está». Há neste parágrafo uma elucidação do acto de enunciação: o escritor encontra-se num hospital, depois de ter sido atropelado.
10.5.07
Li Manhã Submersa há uns poucos anos, mas o meu Vergílio Ferreira já era (e continua a ser) outro, aquele onde aparece a magnífica Sofia. Foi portanto com uma memória difusa que entrei no Quarteto para ver a adaptação que Lauro António fez para cinema em 1980 e que se encontra em reposição.
Filmado na Serra da Estrela, Manhã Submersa segue os trilhos de António, um menino de uma família muito pobre, que é encaminhado por uma senhora devota e abastada da região para um seminário. No seminário, mostrado como um espaço de extrema disciplina e autoritarismo asfixiante, António toma consciência de si enquanto homem, constatando a evidência da sua falta de vocação e ganhando finalmente coragem para o acto brutal que o conduz à libertação.
O filme consegue captar bem o ambiente de prisão do seminário (embora nunca caia na crítica sensacionalista à Igreja), pontuando-o com visões evasivas de António, que recorda a beleza imensa das paisagens e das gentes da sua terra. E, apesar de estarmos perante um protagonista de pouca idade, nem por isso deixamos de o ver – também – como alguém que se está a tornar pleno, conhecendo, percebendo, superando-se.
Com uma banda sonora a cargo de trechos de Verdi, que confere ao filme um tom trágico, Manhã Submersa é um filme muito interessante sobre a infância, o crescimento e a forma como somos condicionados e como ousamos procurar uma forma de romper com as limitações que nos são impostas. (E foi também uma forma de recordar a Serra, na boa companhia da Rita e do Miguel.)
Este trecho é um misto de texto com carácter autobiográfico e de crítica de cinema. Pertence a ___________ {secção sobre cinema de um jornal / post de um blogue sobre cinema / página de diário de um cinéfilo / autobiografia de um interessado em literatura}. Consultando a p. 87, decide em que quadrícula da coluna dos géneros incluirias o texto: «incluí-lo-ia ____________ {em Memórias / em Autobiografia / em Diário / em Ficção autobiográfica / em Carta / sob Diário, numa quadrícula para um novo género}».
Quanto ao texto de Vergílio Ferreira que lemos na última aula (pp. 34-36), devemos colocá-lo em __________ {Memórias / Autobiografia / Diário / Ficção autobiográfica / Carta}. Já Manhã Submersa, livro de Vergílio Ferreira inspirado nas suas vivências no seminário mas que tem como herói António Lopes e conta com algumas peripécias fictícias, considerá-lo-emos ____________ {diarístico / ficção autobiográfica /livro de memórias / blogue / autobiografia / biografia / autobiografia romanceada / biografia romanceada / autobiografia por «escritor-escravo» (tipo Raphaël)}.
Na p. 236, relê a notícia sobre O último rei da Escócia. É um texto de ____________ {crítica de cinema / verso de capa de um DVD / blogue sobre cinema / contracapa de livro}.
O texto sobre Manhã Submersa poderia ser considerado do mesmo género que esta notícia, se lhe retirássemos _____________ {os dois períodos iniciais / o período final / os dois parágrafos iniciais / o parágrafo inicial e o período final}. Nessas partes que teríamos de omitir há várias marcas da enunciação (palavras cujos referentes só podem ser compreendidos pelo contexto): «li», «há uns poucos anos», «o meu [Vergílio Ferreira]», «entrei», «encontra [em reposição]», «continua a ser». Assim, a flexão na 1.ª pessoa em «li» e em «_______» tem função deíctica pessoal; também o determinante possessivo «______» é um deíctico pessoal; a expressão «________» e o uso do Presente em «_______» e na expressão perifrástica «________ a ser» são deícticos temporais. (Na p. 45, há um quadro sobre deixis, onde se exemplificam ainda os deícticos espaciais: «este», «aí», etc.)
Assistiremos ao início de O último rei da Escócia. Depois, pedir-te-ei que escrevas uns quantos parágrafos autobiográficos — à maneira do texto «A infância feliz é um mito», de Isabel Allende (p. 38), mas relativos ao médico protagonista do filme que vais ver.
Como o filme não nos elucida acerca de muitos dados do passado de Nicholas Garrigan e só acompanharemos a sua história até pouco depois da chegada ao Uganda, terás de aludir a situações por ti inventadas. Em todo o caso, o que acrescentes não deve subverter os traços gerais da biografia que o filme e a notícia lida permitem subentender.
Tal como acontece no texto de Isabel Allende, o narrador — Nicholas Garrigan — encontrar-se-á num momento já avançado da vida, que, retrospectivamente, evocará. Começará por dar conta do momento da enunciação, como sucede no texto de Allende: «Escrevo estas páginas [em/no/num/...]» (l. 1). De seguida, dará conta da infância e da adolescência — como faz Isabel Allende (l. 20), terás de incluir a frase «A infância feliz é um mito». O texto continuará com o início da carreira médica do narrador, no Uganda — por favor, inclui a frase «Pela primeira vez fiz parte de uma comunidade» (l. 40).
Alguns nomes que surgem no filme (o que não significa que os tenhas de citar): [antropónimos:] Dr. Garrigan (pai), Sarah Merrit, David Merrit, Idi Amin (presidente do Uganda), Obote (presidente anterior); [topónimos:] Escócia, Uganda, Mogambo (aldeia), Kampala (capital).
TPC — Escreve um conto com que possas concorrer ao Prémio Literário Juvenil Correntes d’escritas. O texto — em prosa — terá de ser escrito em computador. Não há tema definido. Também a extensão não está determinada (mas parece-me que um texto demasiado pequeno não terá hipóteses de alcançar o prémio, uns simpáticos 750€). Por favor, não «picar» coisas na net. Regulamento completo aqui.
Soluções
post de um blogue sobre cinema.
sob Diário, numa quadrícula para um novo género.
Autobiografia.
autobiografia romanceada.
crítica de cinema.
o parágrafo inicial e o período final.
entrei
o meu
há uns poucos anos
encontra
continua
momento / marcas / situação / acto / enunciado / pronomes / verbos / enunciação / deíctica / determinantes/ espaço / referentes / produto / advérbios
Nas duas últimas aulas, fui distinguindo enunciação e enunciado. Enunciado é o ______ de uma enunciação; a enunciação é o ______ de produção desse enunciado (ou seja, desse texto).
Vimos que deícticos são _______ do processo de enunciação, porque remetem para a situação em que o ______ é produzido. São palavras que só podem ser compreendidas em função do contexto da _______.
Exemplos que dei foram os de «esta», «aquele» ou «ali», cujos referentes se reportam ao _______ em que o enunciado estiver a ser produzido. Também os pronomes pessoais e possessivos podem ter função ______, porque os seus exactos _______ dependem do «eu» e do «tu» que intervenham na ______ de enunciação. Palavras como «agora», «amanhã», para serem «percebidas», precisam de ser relacionadas com o ______ da enunciação.
Os deícticos podem ser arrumados em pessoais, espaciais e temporais, e são os instrumentos da referência deíctica ou deixis. (Revê o quadro da p. 45.) Entre as classes de palavras que mais concorrem para a referência deíctica encontramos a dos _____, a dos _______, a dos _______. Os _______ e a sua flexão também podem funcionar como deícticos.
Nas frases que te vou dar, os elementos a negro nem sempre têm valor deíctico. Verifica quais das palavras a negro remetem efectivamente para a enunciação, sendo portanto verdadeiros deícticos (D). À esquerda das frases em que haja deícticos escreve D (as outras — em que as palavras a negro remetem para referentes na própria frase, independentes da enunciação — ficarão sem marca nenhuma).
Encontrei ali um ornitorrinco meu amigo.
O campo estava minado, mas foi aí que o patrão quis fazer o piquenique.
Esses livros costumavam estar naquela banheira, aí ao lado. Ontem, porém, não os vi.
Na semana passada, falei com uma grafonola voadora.
Neste momento, já não acredito em milagres.
Um dia antes, a Ermelinda já se tinha aperaltado para o baile da José Gomes Ferreira.
Vocês fazem tudo o que lhes apetece e eu, estúpido, nem protesto!
Antes, era capaz de até nem se importar, mas agora D. Afonso Henriques não iria deixar passar aqueles disparates: estava decidido a enfrentar tudo e todos.
Amanhã, vou comer as saborosas framboesas ugandesas.
Vou já entregar esta folha.
[Esta segunda parte do exercício, ainda que com as frases alteradas, foi retirada de: M. Olga Azevedo, M. Isabel Pinto, M. Carmo Lopes, Da comunicação à expressão. Exercícios.]
Na p. 68 tens uma carta que Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu a Jorge de Sena. Lê esse texto (e as explicações que o rodeiam na mesma página).
Depois resolve os seguintes pontos da ficha que está ao lado (p. 69):
1. [duas expressões que ilustrem o clima político:]
(i) __________;
(ii) __________.
3. [figura de estilo presente na fórmula de despedida:] {escolhe entre: metáfora / comparação / pleonasmo / hipérbole} __________.
4.2. Deícticos pessoais
Pronomes pessoais (1.ª e 2.ª pessoas [aliás 3.ª, por haver tratamento de você]): _____; _____; _____; _____.
Determinantes possessivos (1.ª e 2.ª p. [aliás 3.ª]): _____; _____; _____.
Flexão verbal na 1.ª ou 2.ª pessoa [aliás 3.ª]: {pôr só alguns exemplos da dúzia de casos} _______; ______; _______; _______; _______; ______; ______; ______; ______; ________.
Deícticos espaciais
Advérbios de lugar: ______; _____.
Preposições (de espaço): «levou _____»; «mandado _____»; «entrei _____».
Deícticos temporais
Advérbios de tempo: ______; ______; ______.
Verbos cuja flexão indique tempo: «recebeu»; _______; «entrei».
6. a) ______ / ______.
b) ______; ______ / _______; ______.
7. a) _________; b) __________: c) _________.
Vai agora até à p. 83 (vamos ouvir um texto e preencher esse questionário).
TPC — Em baixo, repito o trabalho de casa que pus na aula anterior (e que já estava pensado sobretudo para o fim de semana). Este tepecê — no caso de quererem fazer um texto um pouco maior e precisarem de tempo — posso recebê-lo mais tarde.
Entretanto, não esqueçam também o microfilme. Queria começar a recolhê-los ao longo da próxima semana. (Se houver dúvidas, clicar em «Microfilmes».)
Escreve um conto com que possas concorrer ao Prémio Literário Juvenil Correntes d’escritas. O texto — em prosa — terá de ser escrito em computador. Não há tema definido. Também a extensão não está determinada (mas parece-me que um texto demasiado pequeno não terá hipóteses de alcançar o prémio, uns simpáticos 750€). Por favor, não «picar» coisas na net. Porei regulamento completo aqui.
Soluções Nas duas últimas aulas, fui distinguindo enunciação e enunciado. Enunciado é o produto de uma enunciação; a enunciação é o acto de produção desse enunciado (desse texto).
Vimos que deícticos são marcas do processo de enunciação, porque remetem para a situação em que o enunciado é produzido. São palavras que só podem ser compreendidas em função do contexto da enunciação.
Exemplos que dei foram os de «esta», «aquele» ou «ali», cujos referentes se reportam ao espaço em que o enunciado estiver a ser produzido. Também os pronomes pessoais e possessivos podem ter função deíctica, porque os seus exactos referentes dependem do «eu» e do «tu» que intervenham na situação de enunciação. Palavras como «agora», «amanhã», para serem «percebidas», precisam de ser relacionadas com o momento da enunciação.
Os deícticos podem ser arrumados em pessoais, espaciais e temporais, e são os instrumentos da referência deíctica ou deixis. (Revê o quadro da p. 45.) Entre as classes de palavras que mais concorrem para a referência deíctica encontramos a dos pronomes, a dos determinantes, a dos advérbios. Os verbos e a sua flexão também podem funcionar como deícticos.
D - Encontrei ali um ornitorrinco meu amigo.
N - O campo estava minado, mas foi aí que o patrão quis fazer o piquenique.
D - Esses livros costumavam estar naquela banheira, aí ao lado. Ontem, porém, não os vi.
D - Na semana passada, falei com uma grafonola voadora.
D - Neste momento, já não acredito em milagres.
N - Um dia antes, a Ermelinda já se tinha aperaltado para o baile da José Gomes Ferreira.
D - Vocês fazem tudo o que lhes apetece e eu, estúpido, nem protesto!
N - Antes, era capaz de até nem se importar, mas, agora, D. Afonso Henriques não iria deixar passar aqueles disparates: estava decidido a enfrentar tudo e todos.
D – Amanhã, vou comer as saborosas framboesas ugandesas.
D - Vou já entregar esta folha.
1. [duas expressões que ilustrem o clima político:]
(i) «Como a Pide levou de minha casa todas as suas cartas tenho medo que o correio esteja muito vigiado agora»;
(ii) «O poema seu que cá tenho (mandado por si para a minha revista, que, por falta de autorização da Censura não se fez) ainda está inédito?»
3. [figura de estilo presente na fórmula de despedida:] {escolhe entre: metáfora / comparação / pleonasmo / hipérbole} «Mil saudades da muito amiga» é uma hipérbole (que traduz a profunda relação de afectividade entre o locutor e o interlocutor).
4.2.
Deícticos pessoais
Pronomes pessoais (1.ª e 2.ª pessoas [aliás 3.ª, por haver tratamento de você]): eu; lhe; me; nós.
Determinantes possessivos (1.ª e 2.ª p. [aliás 3.ª]): minha; suas; seu.
Flexão verbal na 1.ª ou 2.ª pessoa [aliás 3.ª]: {pôr só alguns exemplos da dúzia de casos} mando; tenho; somos; (você) pode; mande (você); (você) tiver; posso; escrevo; diga; (você) recebeu; escreverei; entrei.
Deícticos espaciais
Advérbios de lugar: cá; aqui.
Preposições (de espaço): «levou de»; «mandado para»; «entrei para».
Deícticos temporais
Advérbios de tempo: (só) agora; agora; desde já.
Verbos cuja flexão indique tempo: «recebeu»; «escreverei»; «entrei».
6. a) mandarei / mandar-lha-ei.
b) mandaria ; tivesse / mandar-lha-ia; tivesse.
7. a) contestávamos; b) liderava: c) era.
1. c) ... muito amigos;
2. a) ... recorre a uma forma de tratamento familiar;
3. b) ... nas residências de ambos;
4. c) ... ao tratamento por «tu» após vinte anos de amizade;
5. d) ... Jorge de Sena partiu para o exílio pelo facto de se opor ao Estado Novo;
6. c) ... constitui uma homenagem a Sena, após a sua morte;
7. d) ... Sophia ficou extremamente abalada aquando da morte de Jorge de Sena.
8. b) ... sentiam necessidade do diálogo entre ambos.
Poeta e título do poema / Cantor / Tema / «Sinopse»
Alexandre O’Neill, «Mesa» / Sérgio Godinho / O tempo e o humor. / Tudo é irrelevante, nada deve ser levado muito a peito: da mesa se passa à cama, da cama ao caixão — e de novo se regressa à mesa.
Manuel Alegre, «Trova do vento que passa» / Adriano Correia de Oliveira / O país e a luta pela liberdade / Apesar do silêncio, da censura, da tristeza, há quem não se resigne e esteja a lutar pela liberdade.
Natália Correia, «Queixa das almas jovens censuradas» / José Mário Branco / Juventude agrilhoada / Há uma contradição entre as expectativas e ânsias dos jovens e o modo como os outros as conformam.
Ary dos Santos, «Namorados da cidade» / Paulo Flores / A cidade / Pela cidade, gente «anónima» — com vidas insignificantes — vai namorando.
Florbela Espanca, «Ser poeta» / Luís Represas / Poesia e amor / O poeta é aquele que ama, sem constrangimentos, indiferente às convenções.
Transcrição das canções (a de Alegre, p. 171; a de Ary dos Santos, não a ponho):
MESA
põe a mesa
come à mesa
levanta a mesa
trabalha à mesa
desmanivela-a / desce / é cama
faz a cama
abre a cama
brinca na cama
dorme na cama
desmanivela-a / desce mais / é caixão
entaipa o caixão
forra o caixão
entra no caixão
fecha o caixão
era a brincar
manivela-o / sobe / é cama
manivela-a / sobe mais / é mesa
põe os cotovelos na mesa
SER POETA
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
QUEIXA DAS ALMAS JOVENS CENSURADAS
Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência
Dão-nos o prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras dos avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
da nossa história sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra para o medo
Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
sonos vazios despovoados
de personagens do assombro
Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
Dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte.
O narrador era
a) estudante da escola técnica, situação de que se orgulhava.
b) estudante da escola técnica, situação de que não se orgulhava.
c) estudante liceal, e costumava misturar-se com os colegas da escola técnica.
d) estudante liceal, mas não costumava misturar-se com os alunos da escola técnica.
A expressão «cortejo de caçadores em busca de troféus, quase sempre inventados» (ll. 19-20) caracteriza os que
a) caçavam muito mas disso não se vangloriavam.
b) se gabavam de proezas amorosas fictícias.
c) se gabavam de actos passionais por si realizados.
d) caçavam muito e disso se gabavam.
«Contentávamo-nos em assomar às janelas, espreitando, como no cinema, a alegria dos outros» (ll. 26-28) significa que, no cinema,
a) cada um olhava para os seus vizinhos.
b) os espectadores seguem as aventuras de personagens fictícias.
c) cada um espia as alegrias dos outros assistentes.
d) os espectadores assomam às janelas.
O trecho «havia mesmo hierarquia no acesso à vitrina. Eu sabia o meu lugar, que era a ausência de lugar» (ll. 31-32) significa que
a) o narrador, no seu grupo, não era muito valorizado.
b) o narrador não pôde assistir ao filme.
c) o narrador não se pôde sentar.
d) o narrador, no seu grupo, era importante.
Ao afastar-se da «montra luminosa» (l. 33), o narrador ficou a
a) pensar em si, contente com a sua personalidade.
b) imaginar situações em que desempenhasse papéis de rapaz diferente do que era.
c) pensar no que poderia fazer com a sua verdadeira personalidade.
d) pensar como era bom ser aceite no seu grupo de amigos.
Depois de escutar um ruído de alguma coisa a cair na água (ll. 38-39), viu
a) que um cão se debatia para se salvar no lago.
b) que um cão se debatia para se salvar na sarjeta.
c) que alguém caíra na sarjeta.
d) que alguém estava no lago.
A rapariga, quando o narrador a salvou, estava
a) com um vestido branco, umas fitas de cetim (rosa), um chapelinho (da mesma cor)
b) nua.
c) com um vestido branco e umas fitas de cetim (de cor rosa).
d) com um vestido branco, umas fitas de cetim (rosa), um chapelinho branco.
Ao verem-na, os pais
a) choraram de alegria.
b) irritaram-se por ela não ter aparecido à hora marcada.
c) irritaram-se por a verem tão suja (decerto não percebendo o que lhe acontecera).
d) ficaram contentes, mas depois irritaram-se (por ela estar tão desarranjada).
Após a reacção dos pais, o narrador
a) interveio em favor da rapariga.
b) salvou-a pela segunda vez.
c) não interveio, por timidez.
d) interveio, mas desastradamente.
A partir de aí, o narrador
a) namorou a rapariga, que lhe disse: «Esperava por ti».
b) esqueceu a rapariga.
c) nunca mais se encontrou com a rapariga, mas não a esqueceu.
d) namorou a rapariga, mas depois deixou de a ver, nunca mais a esqucendo.
O episódio infuenciou a sua carreira de escritor, na medida em que
a) o incentivou a sonhar.
b) o entristeceu.
c) lhe mostrou que não tinha futuro como galã.
d) lhe mostrou que não vale a pena ficar longe dos outros.
Este texto é
a) diarístico.
b) de memórias de infância (verídicas ou fictícias).
c) uma carta.
d) uma autobiografia verídica.
Vamos ver excertos de Bean, um autêntico desastre. [Aqui: (i) Bean estraga o quadro de Whistler; (ii) o discurso sobre o quadro] Interessa-nos sobretudo o discurso de Bean acerca do quadro conhecido como «A mãe de Whistler», de James Whistler. É uma parte que nem é propriamente cómica. Na verdade, o comentário de Bean é pertinente (ainda que não seja como o que faria um verdadeiro especialista em pintura).
A seguir, entre várias reproduções de pinturas, terás de escolher uma, que analisarás depois. Tal como o de Bean, o teu comentário escrito deve descrever sumariamente a pintura e, ao mesmo tempo, dar conta do processo que levou ao resultado que descreves.
Assim, terás de imaginar o «acto de enunciação» (e seu reflexo no «enunciado»): o contexto em que o pintor escolheu o assunto da pintura, como decorreu o momento da elaboração, a relação que houvesse com o objecto retratado, etc.
Começa por assinalar na tua folha o nome do pintor que tenha calhado. Escreverás também o título do quadro (vê-o na página que precede as pranchas, o «índice das ilustrações»).
Na pp. 25-26-27 do manual há umas tabelas sobre análise de imagens. Não creio que as devas ler agora, mas podem dar-te vocabulário útil ao texto que vais fazer.
TPC — No moodle II estarão em breve mais dois testes de treino — sobre «Príncipios reguladores da interacção discursiva (e formas de tratamento)» e sobre «Deícticos» — que devem fazer. Pedia-lhes ainda que fossem (re)lendo as fichas — do livro ou minhas — que correspondam às matérias que temos abordado.
Ainda hoje ou na próxima aula, queria recolher os microfilmes.
Em 1888, Van Gogh (1853-1890) viveu em Arles, no sul de França, com outro pintor, Paul Gauguin (1848-1903). Habitaram a «Casa Amarela». Além de uma famosa pintura sobre o quarto em que vivia, são da mesma fase um quadro que mostra a sua cadeira vazia e um outro sobre a cadeira de Gauguin.
Foi durante a estada em Arles que, numa das suas crises, Van Gogh amputou a orelha esquerda (ou só a parte inferior?), que enviaria a uma amiga. Acabaria por ser internado, em Saint-Rémy. Posteriores tentativas de recuperação envolveram o Dr. Gachet, o médico e amador de arte retratado no teu manual.
Acerca do primeiro dos quadros de Van Gogh com cadeiras, Jorge de Sena (1919-1978) — o poeta a quem escrevia Sophia Andresen numa carta que lemos há duas aulas — fez um poema, «‘A cadeira amarela’ de Van Gogh» (Poesia-II, Lisboa, Moraes, 1978). Lê-o (à esquerda) e completa o que escrevi (à direita, em letra arial).
Deve haver uma dezena de deícticos (pelo menos), que sublinharás. Já depois de revista e melhorada a redacção — e é bom que o monólogo/reflexão não fique artificial —, escreve junto de cada deíctico E, T ou P (respectivamente: espacial, temporal, pessoal).
TPC — Não há. Por isso, aproveitar para pôr em dia as tarefas recentes porventura em atraso (texto em prosa para concurso; testes do moodle; microfilmes); ir sempre consultando Gaveta de Nuvens, onde estão links relativos a temas abordados em aula.
Soluções
Podemos aqui distinguir palavras de dois campos lexicais (pelo menos). Há termos integráveis no campo lexical do ‘mobiliário’ (ou da ‘decoração de interiores’): «chão»; «tijoleira»; «cadeira rústica»; «empalhada»; «caixote»; «porta»; «travessas»; «argilas»; «porta».
Também há termos do campo lexical de ‘pintura’: «assinatura»; «pincéis»; «azulada»; «desbotada»; «matéria espessa»; «empastelaram»; «suaves»; «amarela».
«Vincent» era o primeiro nome de Van Gogh.
Nos primeiros versos desta estrofe, comparam-se os temas da pintura anterior a Van Gogh (dos renascentistas até Vermeer), com os assuntos do nosso pintor.
Segundo Sena, os temas de Van Gogh faziam falta (talvez por corresponderem à simplicidade/verdade da vida quotidiana/comum).
Os «humanos que lá fora passam» não estão interessados em lóbulos cortados (isto é, em Van Gogh), apenas se riem das orelhas que ouçam (isto é, das pessoas comuns/normais).
A expressão latina «quantum satis» significa ‘dose suficiente’.
Os nomes abstractos nestes versos são características aplicadas a Van Gogh.
Nesta estrofe, valoriza-se o acto de enunciação (a pintura da cadeira) relativamente ao simples referente, a própria cadeira (está só interessa por ter sido pintada por Van Gogh).
Em «uma fechada porta» a posição do adjectivo não é a mais natural, o que é propositado (valoriza-se uma interpretação mais sentimental de «fechada»).
A cadeira e todo o espaço são caracterizados como humildes e rústicos/singelos.
O narrador era // d) estudante liceal, mas não costumava misturar-se com os alunos da escola técnica.
A expressão «cortejo de caçadores em busca de troféus, quase sempre inventados» (ll. 19-20) caracteriza os que // b) se gabavam de proezas amorosas fictícias.
«Contentávamo-nos em assomar às janelas, espreitando, como no cinema, a alegria dos outros» (ll. 26-28) significa que, no cinema, // b) os espectadores seguem as aventuras de personagens fictícias.
O trecho «havia mesmo hierarquia no acesso à vitrina. Eu sabia o meu lugar, que era a ausência de lugar» (ll. 31-32) significa que // a) o narrador, no seu grupo, não era muito valorizado.
Ao afastar-se da «montra luminosa» (l. 33), o narrador ficou a // b) imaginar situações em que desempenhasse papéis de rapaz diferente do que era.
Depois de escutar um ruído de alguma coisa a cair na água (ll. 38-39), viu // c) que alguém caíra na sarjeta.
A rapariga, quando o narrador a salvou, estava // c) com um vestido branco e umas fitas de cetim (de cor rosa).
Ao verem-na, os pais // *c) irritaram-se por a verem tão suja (decerto não percebendo o que lhe acontecera). / d) ficaram contentes, mas depois irritaram-se (por ela estar tão desarranjada).
Após a reacção dos pais, o narrador // c) não interveio, por timidez.
A partir de aí, o narrador // c) nunca mais se encontrou com a rapariga, mas não a esqueceu.O episódio infuenciou a sua carreira de escritor, na medida em que // a) o incentivou a sonhar.
Este texto é // b) de memórias de infância (verídicas ou fictícias).
Hipótese de solução para texto com deícticos (sendo o narrador o Dr. Gachet)
Venho do atelier do Senhor Vincent. Vê só o que me ofereceu. É incrível, não achas? E ainda te queixas do retrato que ele te fez! Nota esta mistura de cores... Olha para estes traços definidos de forma extravagante. Não lhe escapam pormenores: aqui o bigode; ali os olhos; acolá a aba do chapéu. Bem, aquelas flores agora até já murcharam.
Mia Couto, autor do texto que lemos há duas aulas — «Uma menina de tranças» (pp. 40-41) —, é sempre referido como criador de neologismos. (No final da p. 41, item 5.1, transcrevem-se duas dessas palavras inventadas pelo escritor moçambicano.)
Num glossário de neologismos de Mia Couto (F. Cavacas, Brincriação Vocabular, 1999) há mais exemplos. Os verbetes desse dicionário miacoutiano têm este formato:
palavra, abreviatura da classificação gramatical // «abonação dessa palavra em frase de Mia Couto (sigla da obra e página)» // ‘significado’ (etimologia).
Nos verbetes seguintes, inseri espaço para redigires outra abonação da mesma palavra (criando um outro contexto, fictício, que possa ilustrar o significado da palavra). Por vezes, deixei espaço na etimologia (cabendo-te então deduzires como Mia Couto formou a palavra), no significado (dedu-lo também) ou na classe gramatical (escreve-a).
agradádiva, s. f. // «Uma esposa assim belíssima e devotada a Deus era uma agradádiva» (M 65); «___________» // ‘doce dádiva’ (de agradável + dádiva).
aguamente, adv. // «Por ali só o vento passeava, aguamente» (CH 129); «___________» // ‘acompanhado de chuva’ (de água, s. f.).
aís, ___ // «E me dá um medo de me sozinhar por esses aís» (CNT 157); «E lhe perguntou: já ele olhara quanta árvore, quanta extensão pelos aís foras?» (CNT 224) // ‘mundo além; terras desconhecidas’ (de aí, adv.).
alpinistar, v. intr. // «Começou a construção de uma escada. [...] E sempre [...] escada acima, alpinistando» (C 34) // ‘________’ (de alpinista).
aranhiçar, s. m. // «Verónica estava sentada na varanda quando sentiu o aranhiçar da insónia em seu peito» (EA 21); «______» // ‘chegada ao de leve; passos muito vagarosos’ (de aranhiço).
argumentira, s. f. // «O Juvenal, sogro em véspera de tomada de posse, não aceitava argumentiras» (CH 107) // ‘argumento falso; justificação mentirosa’ (de ____ + mentira).
avalanchar-se, v. refl. // «Num instante, as memórias se avalancham» (VF 138); «_________» // ‘suceder-se repentinamente’ (de avalancha).
barafrustrar, v. intr. // «— São horas, Horácio. Agora passa a buscar a Marta. Ele ainda ensaiou barafrustrar. Quem sabe se...» (C 90) // ‘barafustar em vão’ (de barafustar +______).
beira-mágoa, s. f. // «À beira-mágoa, a suspeita tomava a medida do facto» (EA 106), «_______» // ‘perspectiva de desgosto; choque de uma grande dor’ (de beira da mágoa).
boquifechado, ___ // «O sacerdote permanecia boquifechado...» (CNT 202) // ‘de boca fechada; calado’ (de boquiaberto + fechado).
cadaqualmente, ___ // «[...] pediam. Cada qual, conforme. Cadaqualmente» (VA 110) // ‘ao modo de cada um’ (de cada qual, pron.).
catastrágico, adj. // «uma das damas trouxe a catastrágica novidade. O governador-geral contraíra grave e irremediável viuvez» (CNT 101) // ‘funesto; lamentoso; considerado uma tragédia’ (de ______ + trágico).
chilreino, s. m. // «Acordou num chilreino. Os pássaros!» (CH 67) // ‘______________’ (de chilreio + reino).
circunsperto, adj. // «Rungo Alberto, porventuroso e circunsperto, me afrontava» (CNT 168); «____________» // ‘atento ao que passa à roda’ (de circum + esperto [segundo o modelo de circunspecto]).
deliurrar, v. intr. // «À volta, o público deliurrava, aplaudindo os congénitos ornamentos das candidatas» (C 119) // ‘delirar gritando; bramir arrebatadamente’ (de delirar +_____).
marizonte, s. m. // «passou a sua velha mão sobre o leme e espreitou o marizonte» (C 121) // ‘_______’ (de mar + horizonte).
ondapé, ___ // «O mar ali dava ondapés, raivecido» (C 117) // ‘pancada forte’ (de onda + pontapé).
penultimato, _____ // «No final das campanhas, lhe dei um penultimato...» (EA 124) // ‘quase ultimato; ultimato com alternativa’ (de penúltimo + ultimato).
péssimo-olhado, s. m. // «Diamantinho soprou raivas, invocando feitiços e péssimos-olhados contra...» (EA 40) // ‘__________’ (segundo o modelo de mau-olhado).
sobrancelhar-se, v. refl. // «Riu-se, espalhafarto. [...] Mas depois sobrancelhou-se, preocupado» (TS 131); «_________» // ‘franzir as sobrancelhas’ (de sobrancelha).
trigodes, s. m. // «Os bigodes, amplos, mais merecendo o nome de trigodes» (C 77) // ‘________’ (de tri + bigodes).
Cria um verbete ao estilo dos que vimos em cima, mas com um neologismo teu.
No dia 20 de Novembro, dia da escola, inaugura-se uma exposição sobre Miguel Torga, cujo centenário tem sido comemorado em 2007. O nosso contributo para essa exposição pode ser o seguinte.
Em poemas de Torga, acrescentar-se-á uma estrofe da vossa lavra. Fá-lo-ão no exacto estilo do poema, de tal modo que não seja depois possível distinguir as estrofes de Torga e a vossa. No que se venha a expor, nada identificará a estrofe «falsa» e o poema ficará assinado segundo a fórmula Patrícia Miguel Cardoso Torga.
Escreverás a estrofe — cuja situação relativamente às de Torga te cabe decidir — quer para um dos poemas nas pp. 137-139, quer para o poema que eu te venha a dar. (Mas começa pelo poema que te der.) Vê se há esquema rimático a cumprir; tem em conta o registo de todo o poema; etc.
Poema que entreguei ____________
Estrofe por ti criada (que entrará como {escolhe} primeira estrofe / segunda estrofe / terceira estrofe / quarta estrofe / quinta estrofe):
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Poema no manual (título): _____________
Estrofe por ti criada (que entrará como {escolhe} primeira estrofe / segunda estrofe / terceira estrofe / quarta estrofe / quinta estrofe):
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TPC — Completar (e melhorar) as estrofes começadas em aula. (Trazer essa folha, que levarei na próxima aula).
Soluções
aís, s. m. // «E me dá um medo de me sozinhar por esses aís» (CNT 157); «E lhe perguntou: já ele olhara quanta árvore, quanta extensão pelos aís foras?» (CNT 224) // ‘mundo além; terras desconhecidas’ (de aí, adv.).
alpinistar, v. intr. // «Começou a construção de uma escada. [...] E sempre [...] escada acima, alpinistando» (C 34) // ‘subir às alturas; ir a caminho das montanhas’ (de alpinista).
argumentira, s. f. // «O Juvenal, sogro em véspera de tomada de posse, não aceitava argumentiras» (CH 107) // ‘argumento falso; justificação mentirosa’ (de argumento + mentira).
barafrustrar, v. intr. // «— São horas, Horácio. Agora passa a buscar a Marta. Ele ainda ensaiou barafrustrar. Quem sabe se...» (C 90) // ‘barafustar em vão’ (de barafustar + frustrar).
boquifechado, adj. // «O sacerdote permanecia boquifechado...» (CNT 202) // ‘de boca fechada; calado’ (de boquiaberto + fechado).
cadaqualmente, adv. // «[...] pediam. Cada qual, conforme. Cadaqualmente» (VA 110) // ‘ao modo de cada um’ (de cada qual, pron.).
catastrágico, adj. // «uma das damas trouxe a catastrágica novidade. O governador-geral contraíra grave e irremediável viuvez» (CNT 101) // ‘funesto; lamentoso; considerado uma tragédia’ (de catástrofe + trágico).
chilreino, s. m. // «Acordou num chilreino. Os pássaros!» (CH 67) // ‘conjunto continuado de chilreios’ (de chilreio + reino).
circunsperto, adj. // «Rungo Alberto, porventuroso e circunsperto, me afrontava» (CNT 168); «__________________________» // ‘atento ao que passa à roda’ (de circum + esperto [segundo o modelo de circunspecto]).
deliurrar, v. intr. // «À volta, o público deliurrava, apludindo os congénitos ornamentos das candidatas» (C, 119) // ‘delirar gritando; bramir arrebatadamente’ (de delirar + urrar).
marizonte, s. m. // «passou a sua velha mão sobre o leme e espreitou o marizonte» (C 121) // ‘horizonte marítimo’ (de mar + horizonte).
ondapé, s. m. // «O mar ali dava ondapés, raivecido» (C 117) // ‘pancada forte’ (de onda + pontapé).
penultimato, s. m. // «No final das campanhas, lhe dei um penultimato...» (EA 124) // ‘quase ultimato; ultimato com alternativa’ (de penúltimo + ultimato).
péssimo-olhado, s. m. // «Diamantinho soprou raivas, invocando feitiços e péssimos-olhados contra...» (EA 40) // ‘ameaça de desgraças’ (segundo o modelo de mau-olhado).
sobrancelhar-se, v. refl. // «Riu-se, espalhafarto. [...] Mas depois sobrancelhou-se, preocupado» (TS 131); «________» // ‘franzir as sobrancelhas’ (de sobrancelha).
trigodes, s. m. // «Os bigodes, amplos, mais merecendo o nome de trigodes» (C 77) // ‘bigode farfalhudo’ (de tri + bigodes).
[As características de uma autobiografia]
Numa autobiografia há {escolhe uma das alternativas e risca as três restantes} conflitos /papel / identidade / sexo entre narrador e __________.
A narrativa autobiográfica é ___________ («retro» = ‘para trás’), porque o narrador-autor se situa num dado momento (o do acto de __________), que é presente, e o seu relato vai recuar até à __________, provavelmente.
[O pacto autobiográfico]
Resumindo o que se diz no parágrafo: numa autobiografia, parte-se do princípio de que {escreve o essencial mas não uses mais do que dez palavras} ________________.
[A autobiografia e os outros géneros biográficos]
{Completa com «Sim» ou «Não»}
narrador = autor / assunto é a vida individual / há continuidade
autobiografia
memórias
diário
[Autobiografia e ficção]
{Põe um xis nas quadrículas em que haja correspondência entre colunas e filas}
1.ª pessoa / 1.ª ou 3.ª pessoa / narrador = autor / narrador ≠ autor
romance autobiográfico
autobiografia fictícia
autobiografia verídica
diário fictício
diário verídico
memórias fictícias
memórias verídicas
Primeiro, veremos uma série de trailers de filmes (Mountain Patrol; The Da Vinci Code; Freedomland) para nos apercebermos das características desse género de «texto». Veremos também um sketch («E tudo o convento levou») que usa o mesmo formato — que aí surge, portanto, ainda mais estilizado.
Agora, lê «Balanço à vida» (p. 49), um trecho das Memórias de Raul Brandão, e:
(i) escreve o trailer para um filme sobre o que este trecho nos relata — as imagens seriam também importantes mas vamos delas prescindir. Cria também o título desse filme.
(ii) responde às seguintes perguntas da p. 49:
2.1 [vê o primeiro parágrafo] _____________
2.2 [vê o segundo parágrafo] _____________
3.1 [vê o quarto parágrafo] ______________
4.1 [vê o quinto parágrafo] ______________
5 ___________________
6.1 _________________
7 __________________
TPC — Nos textos que hoje devolvi (os do concurso), lançar as emendas que fiz. Sobretudo se o texto estiver bom, pensar enviá-lo (antes de 30 de Novembro).
Soluções
[As características de uma autobiografia]
Numa autobiografia há identidade entre narrador e autor.
A narrativa autobiográfica é retrospectiva («retro» = ‘para trás’), porque o narrador-autor se situa num dado momento (o do acto de enunciação), que é presente, e o seu relato vai recuar até à infância, provavelmente.
[O pacto autobiográfico]
Resumindo o que se diz no parágrafo: numa autobiografia, parte-se do princípio de que {escreve o essencial mas não uses mais do que dez palavras} o narrador fala de si próprio e com verdade.
[A autobiografia e os outros géneros biográficos]
{Completa com «Sim» ou «Não»}
narrador = autor / assunto é a vida individual / há continuidade
autobiografia / Sim / Sim / Sim
memórias / Sim / Não / Sim (+/-)
diário / Sim / Sim / Não
[Autobiografia e ficção]
{Põe X nas quadrículas em que haja correspondência entre colunas e filas}
1.ª pessoa / 1.ª ou 3.ª pessoa / narrador = autor / narrador ≠ autor
romance autobiográfico / / X / / X
autobiografia fictícia / X / / / X
autobiografia verídica / X / / X /
diário fictício / X / / / X
diário verídico / X / / X /
memórias fictícias / X / / / X
memórias verídicas / X / / X /
2.1. «A solidão perfumada dos montes»; «o silêncio doirado das estrelas».
2.2. A natureza salvou-o não uma, mas três vezes.
3.1. Foram os pobres, essa gente ignorada, que fizeram pensar o autor.
4.1. O Senhor José tem oitenta anos, calmo, com o cabelo branco, vestido pobremente, calçando socos.
5. Sim: «Tudo desliza sobre ele como uma trave. Sabe lavrar, cavar, podar.»
6.1. As pessoas que trabalham a terra levam horas a comer porque sabem o que custa produzir o pão que comem, entendendo esse acto como um ritual religioso, numa atitude de respeito e veneração.
7. Agricultura.
Aula 33-34 (15, 16 ou 20/Nov) Sugestão para trailer em torno de um filme baseado no texto «Balanço à vida» (início é sobretudo de Bruno [10.º 4.ª]; final reescrevi-o um tanto):
Mudou para uma aldeia remota // A história de um escritor, da sua família e do regresso ao campo // «Foram os meses mais felizes da minha vida» // O papel e a caneta substituídos pelo machado e pelo arado // As festas da sociedade trocadas pelo convívio com a rude gente da serra // A simplicidade de Rosa e José em vez das peripécias políticas // «Porque não sulfatou as vides que se estragam?» // Memórias de uma vida perfeita // «É uma mulher que não sai detrás das panelas» // Fulano no papel do aldeão José // Beltrana como Maria Angelina // Sicrano é um inesquecível Raul Brandão // Participação especial de Nuno Gomes (como Sra. Rosa) // Uma Nova Vida // em breve
[Nos exercícios que se seguem aproveitei (ou adaptei) frases tiradas de: Ana Cristina Macário Lopes & Graça Rio-Torto, Semântica; Olívia Figueiredo & Eunice Figueiredo, Dicionário Prático para o Estudo do Português; Olga Azeredo, Isabel Freitas Pinto, Carmo Lopes, Da Comunicação à Expressão]
A hiperonímia é uma relação de hierarquia entre um termo subordinado (hipónimo) e um seu subordinante (hiperónimo): o hipónimo é um membro da espécie, da classe, que o hiperónimo designa.
Por exemplo, a palavra «crocodilo» é _________ de «animal». Entretanto, «animal» é ________ de «crocodilo». O hiperónimo «animal» tem aliás muitos outros seus hipónimos: «gato», «lesma», «Nuno Gomes», «caracol», _______. Estes termos subordinados a um mesmo hiperónimo são, entre si, co-hipónimos.
Dou-te pares de co-hipónimos. Encontra o seu hiperónimo:
Os co-hipónimos «cravo» e «piano» têm como hiperónimo «_______».
Os co-hipónimos «cravo» e «rosa» têm como hiperónimo «_______».
Os co-hipónimos «Camões» e «Raul Brandão» têm como hiperónimo «______».
Nada impede que termos que são hipónimos de um outro termo mais geral que os subordina sejam, por sua vez, hiperónimos de termos mais específicos: «animal» é ______ de «mamífero»; «mamífero» é _______ de «cão»; «cão» é _________ de «cão de caça», «cão pisteiro», «rafeiro» (e estes termos são entre si _________).
Outra relação que estrutura o léxico é a de holonímia. Um termo representa o todo; e outro, a parte: «mesa» é holónimo de «tampo»; e «tampo» é merónimo de «mesa».
Mais exemplos: «ponteiro» é merónimo de ________; «espelho retrovisor» e «volante» são entre si co-merónimos (e sabemos que o seu holónimo é «________»); «mão» é holónimo de «________».
Completa com holónimo / merónimo / hiperónimo / hipónimo:
«cáfila» é ________ de «camelo».
«vaso sanguíneo» é ________ de «sistema circulatório».
«cocó» é _________ de «excremento».
«texto de carácter autobiográfico» é _______ de «memórias».
Preenche:
Merónimos / Holónimos
Castelo Branco, Lisboa, Faro / _______
_________ / casa
Morfologia, Sintaxe, Fonética / ______
_____ / livro
Campo lexical é o conjunto de palavras ou expressões que abrangem um determinado campo conceptual. Já víramos que o campo lexical da cor inclui «amarelo», «verde», «verde-benetton», «rosa-choque», etc.; que o campo lexical da «__________» inclui «rir», «contente», «alegria», «bom humor».
Campo semântico é o conjunto dos diferentes sentidos que toma uma palavra. A palavra «braços» aparece a seguir com diferentes acepções: «fulano está a braços com vários problemas»; «o rio desagua em vários ________»; «os braços da cadeira estão carcomidos»; «tens os _______ arranhados». Estes significados — dependentes do contexto em que ocorre a palavra — integram o campo semântico de «_______».
Quanto a família de palavras (ou palavras cognatas), é um termo que reúne as palavras que têm o mesmo étimo (tendo dele derivado por diversos processos de formação): «água-pé», «desaguar», «aguardente», «aguadilha» são da família de «_______».
Para já, veremos parte de um documentário sobre Miguel Torga.
Depois, lê «São Leonardo de Galafura» (p. 138) e responde às seguintes perguntas:
1.1. ____________
1.2. ____________
5. ________ / ________ / ________ / ________ / ________
6. _______.
7. ___________
Segundo o modelo das entradas de dicionário que pus ao lado, redige um verbete para «geófago», o neologismo que ouvimos no documentário sobre Torga.
TPC — Lê o texto «O que é que eu queria ser na vida?» (pp. 50-52). Tenta conseguir uma compreensão geral do texto; ensaia também uma leitura em voz alta.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-33-34-presentation/
Soluções
A hiperonímia é uma relação de hierarquia entre um termo subordinado (hipónimo) e um seu subordinante (hiperónimo): o hipónimo é um membro da espécie, da classe, que o hiperónimo designa.
Por exemplo, a palavra «crocodilo» é hipónimo de «animal». Entretanto, «animal» é hiperónimo de «crocodilo». O hiperónimo «animal» tem aliás muitos outros seus hipónimos: «gato», «lesma», «Nuno Gomes», «caracol», «pato». Estes termos subordinados a um mesmo hiperónimo são, entre si, co-hipónimos.
Dou-te pares de co-hipónimos. Encontra o seu hiperónimo:
Os co-hipónimos «cravo» e «piano» têm como hiperónimo «instrumento musical».
Os co-hipónimos «cravo» e «rosa» têm como hiperónimo «flor».
Os co-hipónimos «Camões» e «Raul Brandão» têm como hiperónimo «escritor»
Nada impede que termos que são hipónimos de um outro termo mais geral que os subordina sejam, por sua vez, hiperónimos de termos mais específicos: «animal» é hiperónimo de «mamífero»; «mamífero» é hiperónimo de «cão»; «cão» é hiperónimo de «cão de caça», «cão pisteiro», «rafeiro» (e estes termos são entre si co-hipónimos).
Outra relação que estrutura o léxico é a de holonímia. Um termo representa o todo; e outro, a parte: «mesa» é holónimo de «tampo»; e «tampo» é merónimo de «mesa».
Mais exemplos: «ponteiro» é merónimo de «relógio»; «espelho retrovisor» e «volante» são entre si co-merónimos (e sabemos que o seu holónimo é «carro»); «mão» é holónimo de «dedo».
Completa com holónimo / merónimo / hiperónimo / hipónimo:
«cáfila» é holónimo de «camelo».
«vaso sanguíneo» é merónimo de «sistema circulatório».
«cocó» é hipónimo de «excremento».
«texto de carácter autobiográfico» é hiperónimo de «memórias».
Preenche:
Merónimos / Holónimos
Castelo Branco, Lisboa, Faro / Portugal
cozinha, casa de banho, corredor / casa
Morfologia, Sintaxe, Fonética / Gramática
folhas, lombada, capa / livro
Campo lexical é o conjunto de palavras ou expressões que abrangem um determinado campo conceptual. Já víramos que o campo lexical da cor inclui «amarelo», «verde», «verde-benetton», «rosa-choque», etc.; que o campo lexical da «boa disposição» inclui «rir», «contente», «alegria», «bom humor».
Campo semântico é o conjunto dos diferentes sentidos que toma uma palavra. A palavra «braços» aparece a seguir com diferentes acepções: «fulano está a braços com vários problemas»; «o rio desagua em vários braços»; «os braços da cadeira estão carcomidos»; «tens os braços arranhados». Estes significados — dependentes do contexto em que ocorre a palavra — integram o campo semântico de «braço».
Quanto a família de palavras (ou palavras cognatas), é um termo que reúne as palavras que têm o mesmo étimo (tendo dele derivado por diversos processos de formação): «água-pé», «desaguar», «aguardente», «aguadilha» são da família de «água».
Para já, veremos parte de um documentário sobre Miguel Torga.
Depois, lê «São Leonardo de Galafura» (p. 138) e responde às seguintes perguntas:
1.1. Os versos transcritos indicam que S. Leonardo caminha em direcção à eternidade.
1.2. A viagem simboliza a (é metáfora da) morte.
5. navio / proa / navegar / capitão / cais
6. proa.
7. O pseudónimo «Torga» reflecte a importância que o poeta dá à terra (como arbusto que se dá bem em terrenos agrestes).
Aula 35-36 (19, 20 ou 29/Nov) Leitura de poemas de Miguel Torga com estrofes acrescentadas por cada aluno, para tentar adivinhar estrofe apócrifa (e classificar leitura em voz alta).
[Clicar para ver as tabelas usadas.]
Vê as profissões referidas no ponto 3 da p. 53 e também as do ponto 1.2: barbeiro; canalizador; produtor de cinema; treinador de futebol; piloto; investigador policial; bombeiro profissional; guarda-florestal; vendedor; cozinheiro; paramédico; técnico de saúde; psicólogo; segurança; geólogo; funcionário de escritório/banco; alfaiate; padre; palhaço/actor.
Escolhe cinco dessas profissões e escreve um trecho de cada um dos seguintes géneros. (Os cinco trechos devem ser escritos como se se tratasse de fragmentos de um texto maior de que só nos tivesse chegado um recorte. Podes, portanto, começar como se houvesse texto para trás e, até, fechar o texto abruptamente.) Tem em conta as regras dos géneros em causa e procura adaptar-te aos narradores que tenhas elegido.
Autobiografia de um ______
Diário de um _____
Carta de um ____
Auto-retrato — ao espelho e com alguns deícticos — de um ______
Memórias de um ______
TPC — Visita a exposição sobre Miguel Torga (no CRE, a partir de 20 de Novembro). (Se ainda não o fizeste, lê o texto «O que é que eu queria ser na vida?», pp. 50-52.)
Aula 37-38 (22 ou 23/Nov) Vai percorrendo o texto «O que é que eu queria ser na vida» (pp. 50-52) — que já te pedira lesses em casa — e, em cada item, circunda a alínea mais correcta.
As primeiras quatro linhas do texto servem para nos dizer que o autor
a) era amanuense, espantalho, pião de nicas.
b) não tinha ideias claras quanto ao seu futuro.
c) tinha várias hipóteses de carreira, mas estava hesitante entre elas.
d) se via como um apara-lápis.
As restantes linhas do primeiro parágrafo (ll. 5-15) servem para
a) dar um retrato do ambiente opressivo, «cinzento», em que o autor viveu.
b) criticar o resto da humanidade.
c) retratar Portugal como país fascista.
d) o autor exprimir a sua euforia por ir começar a vida profissional.
«Se me interrogasse muito, acabava no chilindró» (l. 18) dá-nos indícios de que
a) o autor facilmente ficava deprimido.
b) o autor tinha tendência a reagir com precipitação.
c) não havia liberdade em Portugal.
d) o autor não ficaria aprovado no exame.
«Às vezes, por ver tanta pesporrência a meu lado, eu também afinava o diapasão pela mesma bitola» (l. 25) significa que o narrador
a) cedia ao ambiente geral.
b) era afinador de diapasões.
c) diapasava afinações.
d) afinava os pianos segundo o que via.
«O Porto deixava-me um panorama completo da vida matrimonial, organizada, encomendada, tão chateada, enfilharada» (ll. 28-29) exprime
a) visão irónica da vida doméstica.
b) visão pessimista da situação política.
c) gosto por um certo estilo de vida.
d) inveja perante uma vivência que o autor não tivera.
«No Porto fui casado, tão real a vida se processou verdadeira para mim» (ll. 33-34) significa que o autor
a) se casara no Porto.
b) conheceu no Porto certas características da vida de casado.
c) se divorciou no Porto.
d) viveu no Porto ainda casado, embora depois se tivesse divorciado.
«No Porto ganhara o meu primeiro milho, suor do rosto vomitando francês» (l. 36) deve significar que foi no Porto que o autor
a) ganhou o seu primeiro milho.
b) teve o seu primeiro emprego, como professor de Francês.
c) vomitou pela primeira vez.
d) ganhou aversão aos franceses.
«Do Porto descobrira o Alto Minho, desvendara formas andróginas da Natureza, enfrentara uma situação para a qual tivera de improvisar uma dignidade» (ll. 37-38), conjugado com «Voltava a Lisboa com as mãos na barriga, falhara como amante e como homossexual» (ll. 22-23), deixa entrever que o autor
a) era homossexual e, no Porto, não fora correspondido por aquele por quem se apaixonara, Lord Rosy.
b) vivera, no Alto Minho, um episódio de assédio por parte de um homossexual, Lord Rosy.
c) era homossexual e, apaixonado por Lord Rosy, não fora capaz de ser seu amante.
d) se apaixonara pela senhora Rosy, de quem não chegara a ser amante, por ser homossexual.
«As outras influências foram imperiais» (l. 47) anuncia
a) as influências positivas que Ruben A. também teve.
b) as más influências sofridas por Ruben A..
c) que beber cerveja acabou por influenciar a vida de Ruben A..
d) que o encontro com Napoleão foi decisivo na vida de Ruben A.
Entre as linhas 60 e 69 ficamos a saber que o autor
a) acredita em Portugal.
b) não acredita em Portugal.
c) emigraria.
d) haveria de ir para Viena de Áustria.
O texto tem três parágrafos, traduzíveis pelos seguintes títulos:
a) «Indecisões»; «Em Lisboa»; «No Porto».
b) «Sem futuro»; «Duas vocações»; «Em Lisboa».
c) «Em Lisboa»; «Primeiras experiências ‘domésticas’ e profissionais»; «No Porto».
d) «Sem futuro»; «Peripécias num país fechado»; «A pensar na saída ».
O texto é
a) autobiográfico.
b) diarístico.
c) um auto-retrato.
d) de memórias políticas.
Resolve os seguintes pontos da p. 53:
1.2 _______
2. «jardim de cardos»: ___________
«acabava no chilindró»: _________
«emigrar a pincho, ao salto»: _________
7. _________
Vamos fazer a p. 18 do manual (modestíssima homenagem nossa ao brilhante apuramento da selecção portuguesa para o Europeu; mais tarde, no final desta aula, talvez vejamos um curto trecho de O último rei da Escócia, o que funcionará como alusão aos recentes bons resultados do Benfica contra o Celtic).
Começaremos por ouvir «A Portuguesa», o hino nacional.
[Resposta à p. 18 do manual]
Vimos alguns microfilmes feitos pelos alunos, atentando particularmente nestes aspectos:
Autor e título
Leitura, dicção
(velocidade; entoação; definição das palavras)
Texto
(ideias, sintaxe e léxico)
Construção narrativa (tipo de articulação; efeito do final; [montagem; música])
Regras foram cumpridas
(WMP?; filme ou PP?; ouve-se bem?; tempo; música sujeita a direitos?)
Género (autobiografia; autobiografia fictícia; auto-retrato; monólogo ou relato de vivência introspectivo; relato de acontecimento concreto verídico/fictício; diário verídico/fictício)
TPC [excepto para o 10.º 2.ª, que tem como tepecê a tarefa de escrita da aula anterior (no caso desta turma, o tepecê que se segue foi feito em aula)] Ruben A., o autor de O Mundo à Minha Procura, de que lemos um trecho em aula (pp. 50-52), escreveu Cores, em que cada um dos contos está subordinado a uma cor diferente. Dou-te o começo dos seis primeiros contos. Escreve uma sua continuação (com extensão semelhante à das linhas que te dou). O teu texto é apenas uma sequência (o conto pouco avançará, é claro).
Branca
D. Branca morava no Porto e sofria, por vezes, de chiliques inofensivos. Era um costume dos últimos anos que a dominava nas tardes de mau génio. Ficava então toda e toda confundida num deixar-se apoderar de outras cores. D. Branca virava-se encurvada, apoplética, sem ter mão em si barafustava até ir tudo razo. Para as criadas, nos momentos assim, a vida com D. Branca era negra.
Roxo
Tinha os olhos roxos, de vidente.
Com mesa pé-de-galo, mezinhas de cháses concomitantes para diarreia e prisão, rezas de abrenúncio atrás da porta, contando as pancadas de outro mundo batidas no soalho pela vizinha, Roxo mirava a lanterna expondo em alvo as suas ditas de provérbios, máximas, adivinhações, anedotas.
Amarelo
Findo o espectáculo, em toda a assistência se notava um contentamento pouco expressivo. Alguns, uma minoria muito débil, exteriorizavam apenas em monossílabo a sua apreciação: Sim, Bom, Assim, Assim, Talvez, Uhi! Aquilo, de facto, era para voltar. O que eles tinham dito em cena precisava de meditação. Não ficava por ali. Do outro lado, os artistas, abatidos, estafados e sem sorrisos, ingressavam no monótono dos seus camarins.
A peça deixava sempre o público em suspenso — um sorriso amarelo distinguia na pequena cidade de província, talvez Barcelos, talvez Estremoz, as pessoas que tinham visto a peça, das que ainda lá não tinham ido.
Azul
A transfusão de sangue tinha operado o seu milagre — realmente o sangue azul corria-lhe nas veias em caudal abundante, até mesmo suficiente para um bom aproveitamento sanguíneo-eléctrico.
A operação fora difícil, mas os aperfeiçoamentos científicos da medicina moderna haviam atingido em cheio o objectivo do novo Visconde.
Pardos
Os Pardos viviam fora da cidade. A família de avó, pais e dois filhos não se preocupava muito com a vida nos grandes meios — levavam-se no existir pela periferia. Várias vezes já os Pardos tinham mudado de arredores: de Algés ultrapassaram-se para Sete Rios e mais tarde para a Amadora. Formavam meio-alegres um semicírculo que ia de ponta a ponta do Tejo deixando a capital englobada pelo seu aspecto dromedário.
Vermelho
Todas as vezes que entrava numa sala onde estava gente ele fazia-se vermelho.
Era-lhe normal corar quando alguém mentia. Sentia a mentira à distância e captava-a sem mais nem menos. O sangue dava-lhe tabefes desproporcionados e quase sufocava ao ver uma senhora a dizer quantos anos tinha. A mentira fazia-o sofrer e sentia o sopapar das veias ao vestibular-se nos hotéis dos países mais conhecidos.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-37-38-presentation/
Soluções do questionário sobre o texto:
As primeiras quatro linhas do texto servem para nos dizer que o autor
b) não tinha ideias claras quanto ao seu futuro.
As restantes linhas do primeiro parágrafo (ll. 5-15) servem para
a) dar um retrato do ambiente opressivo, «cinzento», em que o autor viveu.
«Se me interrogasse muito, acabava no chilindró» (l. 18) dá-nos indícios de que
c) não havia liberdade em Portugal.
«Às vezes, por ver tanta pesporrência a meu lado, eu também afinava o diapasão pela mesma bitola» (l. 25) significa que o narrador
a) cedia ao ambiente geral.
«O Porto deixava-me um panorama completo da vida matrimonial, organizada, encomendada, tão chateada, enfilharada» (ll. 28-29) exprime
a) visão irónica da vida doméstica.
«No Porto fui casado, tão real a vida se processou verdadeira para mim» (ll. 33-34) significa que o autor
b) conheceu no Porto certas características da vida de casado.
«No Porto ganhara o meu primeiro milho, suor do rosto vomitando francês» (l. 36) deve significar que foi no Porto que o autor
b) teve o seu primeiro emprego, como professor de Francês.
«Do Porto descobrira o Alto Minho, desvendara formas andróginas da Natureza, enfrentara uma situação para a qual tivera de improvisar uma dignidade» (ll. 37-38), conjugado com «Voltava a Lisboa com as mãos na barriga, falhara como amante e como homossexual» (ll. 22-23), deixa entrever que o autor
b) vivera, no Alto Minho, um episódio de assédio por parte de um homossexual, Lord Rosy.
«As outras influências foram imperiais» (l. 47) anuncia
a) as influências positivas que Ruben A. também teve.
Entre as linhas 60 e 69 ficamos a saber que o autor
c) emigraria.
O texto tem três parágrafos, traduzíveis pelos seguintes títulos:
d) «Sem futuro»; «Peripécias num país fechado»; «A pensar na saída».
O texto é
a) autobiográfico.
das perguntas na p. 53:
1.2 a/5; b/4; c/1; d/2; e/3
2. «jardim de cardos»: local onde as dificuldades abundam.
«acabava no chilindró»: ia para a prisão
«emigrar a pincho, ao salto»: sair do país clandestinamente
7. irónico; insatisfeito; errante; indeciso
Aula 39-40 (26 ou 27/Nov) Lê a carta de António Lobo Antunes na p. 71 e responde às perguntas nessa mesma página («Leitura interactiva»; eu comecei já as respostas):
1. O autor da carta pretende __________ da sua viagem à _________. Além desta intenção comunicativa, a carta serve também para o autor _________ as suas emoções e sentimentos.
2. O autor revela já ter ______. Os seus sentimentos são de ____ e ____.
3. [Em vez de fazeres como se pede no livro, coloca à frente dos topónimos no mapa (Madeira; Luanda; Vila Luso; Vila Gago Coutinho): as datas que lhes correspondem.]
4. Põe à frente das designações das partes da carta as linhas entre que estão contidas:
Data em que foi escrita // 7-1-1971
Saudação inicial // l. ___
Parágrafo que desenvolve o sentido do texto // ll. ___
Fórmula de despedida // l. ___
Assinatura // l. ___
Post Scriptum // ll. ___
Registo de língua // informal, familiar
Lê a carta da p. 72 e escolhe as alíneas da p. 73. Depois completa o que escrevi:
1.1 ___; 1.2. ___; 1.3 ___; 1.4 ___; 1.5 ___; 1.6 ___; 1.7 ___; 1.8 ___; 1.9 ___.
«Como vês, música é coisa que não falta por estas bandas» (l. 9) tem sentido irónico porque «música» reporta-se a ___________.
«como quem faz exercícios de piano» (l. 13) procura realçar que _______________.
«mas se quiseres decepo-as» (l. 28) talvez devesse ter vírgulas. Marca-as. Essas vírgulas visaria isolar a _______.
«decepo-as» (l. 28) é também estilístico, já que o verbo «decepar» ______________.
Retira do texto algumas palavras do campo lexical da guerra: _______, _______, _______, ______, _______, _______, _______.
Há dois erros de acentuação nesta carta. As palavras mal escritas são _______ e _______.
Vamos ver uma entrevista feita a António Lobo Antunes (já deste ano, salvo erro).
Pus as primeiras perguntas (às vezes, meras pistas deixadas pela entrevistadora ao seu entrevistado). Entre as quatro hipóteses, sublinha ou circunda a que corresponde mais à resposta de Lobo Antunes. Passado esse começo da entrevista, à medida que as fores ouvindo, transcreve as melhores das outras perguntas da entrevistadora.
J[udite de] S[ousa] — A psiquiatria deu-lhe ferramentas para entender os seres humanos?
A[ntónio] L[obo] A[ntunes] — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — «Os psiquiatras são loucos tristes»...
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — Há quem diga que os portugueses vivem entre a euforia e a depressão.
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — Isso [ter educação normativa] também aconteceu consigo?
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — A figura central da sua vida foi o seu avô paterno...
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — O que é que são calorias de ternura?
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — É um homem religioso?
ALA — Sim / Não / Divaga (mas não toma posição clara) / Dá exemplos
JS — _________
JS — _________
JS — _________
JS — _________
Reportando-te ao período a que respeitam as cartas que lemos, escreve duas perguntas (ou «deixas» para o entrevistado) e, depois, cria também as respectivas respostas:
JS — _________
ALA — _________
JS — _________
______________
ALA — __________
________________
TPC — No moodle: teste 4 (sobre hiperónimos e hipónimos; holónimos, etc.).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-39-40-presentation/
Soluções 1. O autor da carta pretende dar notícias da sua viagem à mulher. Além desta intenção comunicativa, a carta serve também para o autor exprimir/exteriorizar as suas emoções e sentimentos.
2. O autor revela ter já saudades. Os seus sentimentos são de amor e nostalgia.
3. Madeira: 7/1/1971 // Luanda: 15/1/1971 // Vila Luso: 19/1/1971 // Vila Gago Coutinho: post 19/1/1971.
4. Data em que foi escrita // 7-1-1971
Saudação inicial // l. 1 (Meu amor)
Parágrafo que desenvolve o sentido do texto // ll. 2-16
Fórmula de despedida // l. 16 (Lembra-te de mim) ou mesmo 13-16 + parte do PS.
Assinatura // l. 17 (António)
Post Scriptum // ll. 18-25
Registo de língua // informal, familiar
1.1 d; 1.2. c; 1.3 c; 1.4 c; 1.5 d; 1.6 c; 1.7 d; 1.8 a; 1.9 d.
composição morfológica (= composição erudita)
psicologia
biblioteca
composição morfossintáctica (= composição)
quebra-nozes
picapau
«Como vês, música é coisa que não falta por estas bandas» (l. 9) tem sentido irónico porque «música» reporta-se a sons de armas de guerra.
«como quem faz exercícios de piano» (l. 13) procura realçar que o treino da escrita tem de ser repetitivo.
«mas, se quiseres, decepo-as» (l. 28) talvez devesse ter vírgulas. Marca-as. Essas vírgulas visariam isolar a oração subordinada condicional.
«decepo-as» (l. 28) é também estilístico, já que o verbo «decepar» não se aplica a cabelo ou pêlos mas a membros.
rebentou, fuzilaria, metralhadoras, abrigos, sentinelas, abriram fogo, fuzos, morteiros, bazucas.
Gógó (Gogó); Zézinha (Zezinha).
Aula 41-42 (29/Nov ou 4/Dez) Vai até à p. 54, onde lerás dois dias do Diário do último ano de Florbela Espanca. Vocabulário útil:
l. 4: «frívolo» = ‘fútil’;
5: «dissecação» = ‘acto de dissecar; (fig.) análise minuciosa’;
8: «intangível» = ‘que não é tangível; impalpável’;
15: «Attendre sans espérer» = ‘Esperar sem esperar (= Esperar sem ter esperança)’;
16: «divisa» = ‘frase simbólica que se toma como norma de procedimento; lema’;
25: «prestidigitador» = ‘o que faz habilidades pelo movimento rápido dos dedos’;
28: «luxúria» = ‘sensualidade, lascívia’;
28: «casto» = ‘puro, inocente’;
28: «recto» = ‘verdadeiro, justo’.
Feita a primeira leitura, escreve um parágrafo relativo ao dia 13. A extensão dessa entrada do diário será sempre menor do que a do dia 12. (E, meus caros energúmenos, não comecem já a perguntar de quantas linhas tem de ser o texto: basta saberem que a extensão terá de ser menor do que a do texto relativo ao dia anterior).
Na p. 66, lê a parte a rosa (sim, é talvez mais castanho do que rosa). É essa tarefa — relato escrito de um episódio (interessante, relevante, engraçado) da tua vida — que te peço faças agora numa folha solta. Há três indicações suplementares:
o texto é para ser lido à turma — por ti, sem improvisações;
a leitura em voz alta não deverá demorar mais de 150 segundos;
o texto será avaliado na altura da sua leitura em voz alta.
«“Attendre sans espérer” podia ser a minha divisa, a divisa do meu tédio que ainda se dá ao prazer de fazer frases» ( ll. 15-16). Cria tu uma divisa, uma frase que te possa servir de lema de vida.
TPC — Ir estudando gramática.
Aula 43-44 (3, 4 ou 11/Dez) Na p. 66 do livro, dá um relance aos aspectos que poderás ter em conta na apreciação do relato dos colegas.(Se hoje não esgotarmos as audições, tem esta folha à mão na próxima aula.)
Relato de vivência / autor // Leitura em voz alta (audível; cumpridora da sintaxe; coloquial) / Texto (bem escrito; interessante) / Diferença de notas de mestre e alunos
10.º 1.ª
Alexandra, «Uma criança na praia»
Ana, «Tardes simples, mas lindas»
Raquel, sem título
António, «Assaltante maluco»
Brigitta, «Um tiro no escuro»
Carolina, sem título
Cláudia, «Um dia apertado»
Diogo, «A queda de bicicleta»
Eliana, sem título
Gonçalo, sem título
Hugo, «Um dia desastroso»
Joana, «A fuga»
João Af., «Uma aventura em Mafra»
João A., «Uma punição que prescreveu»
João G., «Uma noite perdido»
Laura, «Um dia na Expo»
Luís, «Uma peripécia em Óbidos»
Mariana, «Um belo dia de praia»
Mariza, «Sobrevivi a 1997»
Micaela, «Incidente no infantário»
Pedro I, «Quando entrei para o infantário»
Soraia, sem título
Tiago S., «Do Básico ao Secundário»
Tiago P., «Um infortunado jogador»
Pedro A., «Momento de glória»
Ricardo, «Como ser discreto»
10.º 2.ª
Alexis, «Esconder-me»
Bernardo, «S. L. Benfica»
Carla, «Uma noite de desgraças»
Catarina T., «Concurso Nacional de cravo no Conservatório do Porto»
Catarina F., «A viagem de carro à Europa»
Cláudia, «A maratona da vida»
Carlota, «Memórias de uma russa»
Francisco F., «Perdido»
Francisco Ch., «A minha primeira ida ao Paintball»
Inês, «A festa na aldeia»
Joana R., «Uma despedida diferente»
Joana O., sem título
João Miguel, [Não entregou]
Jorge, «Um casamento molhado»
Mariana, «Sete portugueses e a Grécia»
Marta, «Jantar das encalhadas»
Matilde, sem título
Nuno, [Não entregou]
Pedro G., sem título
Pedro M., «Do quinto andar ao rés-do-chão»
Pedro S., «Etapa de skimming, Espinho 2007»
Rita, sem título
Sara M., «Pequeno jardim zoológico em casa»
Sara C., «Memórias de um dia de praia»
Tiago, sem título
Miguel, «O campeonato de futebol»
Francisco, «A minha primeira vez»
Ricardo, «Mudança de turma»
10.º 4.ª
Afonso, «O relógio amaldiçoado»
Ana C., «8.º A na Quinta da Tocha»
António, «O meu primeiro ano»
Bernardo, «A regata vitoriosa!»
Bruno, «Trauma animal»
André, sem título
Carlos, «Um dia para lembrar»
Daniel, «2004»
David, «Quem precisa do Pai Natal quando tem um pai?»
Duarte, [não esteve]
Filipa, «O piquinho do Pico»
Gil, «Viagem de finalistas»
Gonçalo, «Um dia na selva»
Guilherme, «Alvo de riso»
João Maria, «Uma chamada!»
João B., «Passagem de ano»
João C., «Um Nokia não se afoga»
José, «Uma semana de alegria»
Maria, «Uma história de noventa minutos»
Rodrigo, [não entregou]
Cosme, sem título
Tiago G., «A loucura dos nove anos»
Tiago S., «Ai... Ai... As minhas calças»
Xavier, «Dores de cabeça!»
Ana S., «Memória do rosto vivo»
10.º 5.ª
Catarina, sem título
Filipa A., sem título
Beatriz, «O primeiro dia de aulas»
Carolina, «A sombra da avozinha»
Diogo, sem título
Dulce, sem título
Filipa L., [não entregou]
Lena, sem título
Ion, «O dia em que fui preso»
Joana F., [não esteve]
Joana B., «Joana, a ambiciosa»
João M., «O início das minhas férias em França»
João G., «Obstruído»
Júlia, «O meu primeiro mergulho sem bóia»
Marta F., sem título
Pedro, sem título
Tiago, «Os meus sete anos»
Patrícia, sem título
Bárbara, «Afonso, por tua causa tenho ainda mais negativas»
Ana, sem título
Marta M., sem título
João B., «Aula de Francês»
Enoque, sem título
Susana, «Um dia para esquecer»
10.º 6.ª
Alexandra, «A casa assombrada da Ericeira»
Ana R., [Não entregou]
Ana M., «O meu Alguém»
Cátia, «Quinto ano: a rebeldia»
Filipa, «No cimo da serra»
Inês, «Gota a gota se enche uma rua»
Joana L., «Fuga na casinha das bonecas»
Joana O., [Não entregou]
Joana C., «Rita»
João Carlos F., [Não entregou]
João M., «Um azar, dois azares, três...»
João C., [Não esteve]
Zé Diogo, «Viagem em Itália»
Mónica, sem título
Pedro, [Não entregou]
Raquel, «Uma tarde de doidos»
Ricardo, [Não entregou]
Sara, sem título
Sofia, «Peixes-voadores»
Tânia, «Dias fascinantes da minha vida»
Tiago, «Os malefícios de vodka com coca-cola»
Vanessa C., [Não entregou]
Vanessa S., «Aniversáro sangrento»
Vranda, «Alturas divertidas»
Mariana, «Um mergulho inesperado»
André, «Um dia e meio na Golegã»
Bárbara, sem título
Tomás, «Para rir»
«A forma poética do haiku [ou haikai] remonta ao séc. XII no Japão mas foi no séc. XVII que encontrou o seu poeta de referência, Bashô Matsuo (1644-1694). [...] Em Portugal, muitos foram os poetas que usaram esta forma, nomeadamente Venceslau de Moraes, Camilo Pessanha, Herberto Hélder, Casimiro de Brito, Albano Martins e Eugénio de Andrade [...] Talvez a grande sedução do haiku seja o seu carácter conciso. Ainda que sem uma fórmula rígida, espera-se que o haiku tenha aproximadamente cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e, de novo, cinco no terceiro [...] A temática do haiku é também específica [...]: deve relacionar-se com os elementos da Natureza, deve referir-se a um facto observável e concreto e situar-se no presente.» [da apresentação a David Rodrigues, Estações Sentidas. 111 Haiku; poemas a seguir são também deste livro]
A chuva partiu
rasto de cristais de sol
a pingar das árvores.
Fruto podre no chão
se a árvore adivinhasse
teria florido?
De novo os pinheiros
bordaram de amarelo frio
as poças de água.
Frágeis e trémulas
as flores de cerejeira tecem
rijas cerejas.
Pés nus na areia
no berço da mão um seixo
com ânsia de mar.
Passada a chuva
os coelhos saem das luras
como de uma missa.
Quando pousa ao sol
o besouro acerta sempre
na sua sombra.
Nunca chegarei
onde chega liso e lento
um voo de gaivota.
A lagartixa pára
inebriada pelo cheiro
do buxo ao sol.
Pontua cada um dos poemas.
Escreve três hai-ku. Segue as regras do género, excepto a que obriga o hai-ku a relacionar-se com a Natureza (substitui essa obrigação pela de o teu poema ter de se relacionar com o Natal). Estes textos destinam-se aliás a uma iniciativa do CRE relacionada com o Natal.
TPC — Ter caderno arrumado. Trazê-lo na próxima aula.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-43-44-presentation/
Soluções
A chuva partiu,
rasto de cristais de sol
a pingar das árvores.
Fruto podre no chão:
se a árvore adivinhasse,
teria florido?
De novo, os pinheiros
bordaram de amarelo frio
as poças de água.
Frágeis e trémulas,
as flores de cerejeira tecem
rijas cerejas.
Pés nus na areia;
no berço da mão, um seixo
com ânsia de mar.
Passada a chuva,
os coelhos saem das luras
como de uma missa.
Quando pousa ao sol,
o besouro acerta sempre
na sua sombra.
Nunca chegarei
onde chega liso e lento
um voo de gaivota.
A lagartixa pára,
inebriada pelo cheiro
do buxo ao sol.
Aula 45-46 (6 ou 7/Dez) Questionário sobre conteúdos gramaticais
Sou aluno do 10.º 6.ª, chamo-me ______ e tenho a meu lado o/a colega ______ / estou sozinho na mesa. Nas imediações estão os meus colegas _____ e _____ (atrás) e ______ e ______ (à frente). Estou ciente de que o espertalhão do professor corrigirá estes trabalhos de tal maneira, que, notando semelhanças suspeitas entre as respostas erradas de dois alunos próximos, remeterá de imediato os dados para o Centro de Investigação Probabilística (Moldávia) — com que a ESJGF tem um convénio —, que confirmará ou infirmará as referidas suspeitas. E isto é a sério.
Como sempre, só deves assinalar a melhor alínea. Se não tiveres razoável convicção, evita escolher a resposta ao calhas. Reservo-me o direito de atribuir pontuação negativa a respostas que considere estapafúrdias.
«Come Joana a sopa.» Nesta frase faltam duas vírgulas, que serviriam para isolar o
a) aposto.
b) complemento directo.
c) sujeito.
d) vocativo.
A alínea que tem a pontuação correcta é
a) E, quando os cavalos comem cenouras docinhas, a Isaura, linda papoila, adormece.
b) E quando os cavalos comem cenouras docinhas, a Isaura, linda papoila, adormece.
c) E quando os cavalos comem cenouras docinhas, a Isaura linda papoila adormece.
d) E, quando os cavalos comem cenouras docinhas a Isaura, linda papoila, adormece.
Em «Ontem, se chovesse, eu teria ido num instantinho à praia», as vírgulas visam delimitar
a) uma oração subordinada condicional.
b) um vocativo.
c) uma oração temporal.
d) um aposto.
A alínea que tem a pontuação correcta é
a) A maioria dos energúmenos que tenho como alunos vai errar esta questão.
b) A maioria dos energúmenos, que tenho como alunos, vai errar, esta questão.
c) A maioria dos energúmenos, que tenho como alunos vai errar esta questão.
d) A maioria dos energúmenos que tenho como alunos, vai errar, esta questão.
Em «O vento varre a praia a neve polvilha a serra», falta uma vírgula, que separaria
a) dois nomes.
b) aposto e vocativo.
c) duas orações.
d) verbo e complemento directo.
A alínea que apresenta apenas palavras bem grafadas é
a) fizemos, sózinho, perú.
b) pusémos, sozinho, peru.
c) fizemos, sozinho, peru.
d) pusémos, sózinho, nú.
A alínea que apresenta melhor redacção é
a) Apesar da Zulmira ser mazinha, vou amá-la.
b) Apesar de a Zulmira ser mázinha, eu vou amá-la
c) Apesar da Zulmira ser mazinha, eu vou ama-la.
d) Apesar de a Zulmira ser mazinha, vou amá-la.
A alínea que apresenta melhor redacção é
a) Os rapazes estão alegres. Eles vêem ao jogo de basquetebol.
b) Os rapazes estão alegres. Eles vêm ao jogo de basket.
c) Os rapazes estão alegres. Vêem ao jogo de básquete.
d) Os rapazes estão alegres. Vêm ao jogo de básquete.
A referência bem redigida é
a) Luís Vaz de Camões, «Os Lusíadas».
b) Luís de Camões, «Os Lusíadas».
c) Luís de Camões, zarolho estúpido, Os Lusíadas.
d) Luís de Camões, Os Lusíadas.
Não há rima entre as duas palavras em
a) árvores / cores
b) mãe / também
c) amorzinho / vinho
d) porca / Lorca
O verso que não tem dez sílabas métricas é
a) Esta pergunta é difícil, não é?
b) Estejam mais atentos doravante,
c) Meus sacaninhas tão faladores,
d) Que ficarão a saber bem a métrica.
O verso que tem obrigatoriamente cinco sílabas métricas é
a) Mas as flores encostam
b) Andámos por vales
c) Viva o Natal.
d) Pintadas de amarelo
O neologismo de Mia Couto «rondância» (rondar + vigilância) é uma palavra
a) composta.
b) entrecruzada.
c) derivada.
d) formada por derivação imprópria.
A alínea em que não há palavras que costumem ter função deíctica é
a) ali, este, amanhã.
b) vir, já, agora.
c) deíctico, Lisboa, Dezembro
d) isso, coprólito, eu.
Palavras com função deíctica encontramo-las em várias classes, mas mais frequentemente
a) nos verbos e nos nomes.
b) nos nomes.
c) em verbos e nos pronomes.
d) nos adjectivos e nos nomes.
A alínea em que o demonstrativo não tem uso deíctico é:
a) Dá-me aquela tartaruga, a da direita, a que tem um piercing.
b) Vi a Isabel. Esta não me cumprimentou, o que me desiludiu.
c) Esse tecido é muito transparente. Leve antes este.
d) Dá-me esses. Os da esquerda estão estragados.
Um deíctico é
a) uma palavra que remete para a enunciação.
b) um pronome ou um determinante.
c) um neologismo.
d) uma palavra que remete para outra já no enunciado.
Não há deícticos em
a) Ó Isaltina, não te exaltes com esta minha observação.
b) Florbela Espanca espancava as anémonas holandesas.
c) José Saramago trouxe-me a medalha.
d) Se pusesse uma pala no meu olho esquerdo, escreveria como Camões.
Um trecho com deícticos
a) apresentará pronomes e determinantes.
b) tem determinantes demonstrativos e pronomes pessoais.
c) remete para o enunciado.
d) tem marcas da enunciação.
Dos seguintes, o período em que não há deícticos espaciais é
a) A oeste da pequena cidade moldava de Zpfgrt, as flores crescem viçosíssimas e tristes.
b) Ontem, cheguei tarde.
c) Vê-me o refogado de chocolate e almôndegas que está aí à tua esquerda.
d) Aqui estou eu, ali estás tu, acolá está uma fotografia de um panda gigante.
O período em que há menos deícticos temporais é
a) Durante a Idade Média, a produção de chocolates Mars foi escassa.
b) Vou agora para a arena.
c) Daqui a pouco seguimos para a venda ambulante de gomas com sabor a peixe espada.
d) Dir-me-ás se sempre vais ler as Páginas Amarelas.
Num enunciado diarístico, o contexto de comunicação revela-se
a) pela presença de marcas de 1.ª pessoa.
b) pelo uso do presente.
c) pelo uso de preposições.
d) pelo acto de enunciação.
A alínea que não contém deícticos pessoais é
a) Orlanda estava cada vez mais inteligente. Ela até já sabia deícticos.
b) Não me digas isso, Sancho.
c) Naquele tempo, Conhé, guarda-redes da Cuf, era o meu ídolo.
d) Lembro-me que o Benje agarrava a bola só com uma mão.
Considerada a pergunta «Como está?» — entre pessoas que se tivessem cruzado apressadamente —, a resposta «Estou bem. Mas ontem estive com uma ligeira dor no fígado. E tenho-me ressentido da humidade, o que origina uma impressão desagradável nos ossos da face. Por outro lado, estou melhor das enxaquecas» infringiria
a) a máxima de qualidade.
b) o princípio de cortesia.
c) a máxima de correcção.
d) a máxima de paciência.
Se um aluno não tiver trazido livro a Português e justificar-se com «Julgava que não se usava livro nesta disciplina», estará a
a) infringir a máxima de quantidade.
b) infringir a máxima de modo.
c) infringir a máxima de qualidade.
d) infringir a máxima de relevância.
O tratamento adequado para falar com um professor de Português da ESJGF é
a) acenar-lhe com uma cenoura.
b) usar a 3.ª pessoa do singular.
c) usar a 2.ª pessoa do singular.
d) usar a 2.ª pessoa do plural.
O tratamento de 2.ª pessoa do plural dirigido a um só indivíduo
a) já se usou (e ainda aparece em peças de teatro).
b) usa-se no Brasil.
c) usa-se no Norte do país.
d) usa-se em todo o Portugal.
No Brasil, o tratamento mais generalizado é
a) você + 2.ª pessoa do singular.
b) você + 3.ª pessoa do singular.
c) tu + 3.ª pessoa do singular.
d) ocê + 2.ª pessoa do singular.
Determinante + Primeiro nome + 3.ª pessoa é o tratamento que
a) uso com os meus alunos do décimo ano.
b) usaria se tivesse alunos adultos.
c) uso com os alunos do sétimo mas não com os do décimo.
d) uso com todos os meus actuais alunos.
O tratamento que os alunos da ESJGF usam com os professores é
a) artigo + título académico + 3.ª pessoa.
b) artigo + título académico + 2.ª pessoa.
c) você + 3.ª pessoa.
d) 2.ª pessoa.
«Você» tem como étimo
a) cê.
b) ocê.
c) Vossa excelência.
d) Vossa mercê.
Em geral, um adulto usa o tratamento de 2.ª pessoa do singular, quando se dirige a
a) crianças e a adultos que tenham estatuto social inferior.
b) crianças, adultos de quem seja amigo ou com estatuto social inferior.
c) brasileiros e crianças.
d) alguns dos seus colegas.
São elementos do campo semântico de «bolas»
a) ‘que chatice!’, ‘objectos esféricos de borracha’, ‘bolos doces fritos em óleo’.
b) bolinhas, bolita, carambola, rebolar.
c) basquetebol, futebol, bolada, remate.
d) borracha, desportos, saltar, remate.
Integram o campo lexical de «deserto»
a) areia, sede, desabitado, cáfila.
b) ‘desejoso de’, ‘abandonado’, despovoado’.
c) desertar, desértico, desertor.
d) água, futebol, amor, ler.
São cognatos de «bolsa»
a) ‘subsídio’, ‘oferta de’, ‘mala de mão’.
b) bola, bomba, bolseiro, reembolso.
c) moedas, dinheiro, roubar, rico.
d) desembolsar, bolsista, bolseiro, embolso.
Há uma sequência de «hiperónimo, hipónimo; merónimo, holónimo» em
a) país, Portugal; deserto, areia.
b) piano, tecla; corda, harpa.
c) flor, rosa; bolso, casaco.
d) Lisboa, Jerónimos; braguilha, calças.
A relação que há entre «gato» e «cão» é de
a) hiperónimo e hipónimo.
b) merónimo e holónimo.
c) co-hipónimos.
d) holónimo e merónimo.
Não há relação de hipónimo / hiperónimo em
a) casa de banho / divisão de casa
b) coca-cola / bebida
c) Francês / 9.º ano
d) Os Lusíadas / epopeia
Há uma relação de holónimo / merónimo em
a) miolo / pão
b) alimento / pão
c) pão / côdea
d) pão / trigo
Há uma sequência «merónimo, holónimo; hipónimo, hiperónimo» em
a) livro, objecto cultural; torneira, lavatório.
b) chão, casa; verde, cor.
c) prédio, andar; Porto, distrito.
d) atacador, ténis; literatura, Fernando Pessoa.
Continuação da audição e avaliação dos relatos de vivências lidos (e escritos) por alunos.
TPC — Lê as pp. 56-57 do manual (o que inclui o texto de Fielding, o trecho sobre «Diário de viagem» e até um relance às perguntas).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-45-46-presentation/
Aula 47-48 (10 ou 11/Dez) Vai às pp. 56-57, para reveres o texto que te pedi fosses lendo em casa, o dia 6 de Agosto de 1754 do Diário de uma viagem a Lisboa. Esta viagem foi a última que fez o escritor inglês, Henry Fielding (1707-1754), o autor de Tom Jones, já que aqui morreria passados dois meses (as duas semanas indicadas no manual são decerto lapso).
Por escrito, em folha solta, reduz o texto ao fundamental. Procederás deste modo. Para cada um dos oito parágrafos farás um «condensado», um resumo, que não exceda as vinte palavras. Manterás a pessoa — a primeira — e o tempo verbal predominante; as tuas frases — oito períodos — têm de ser irrepreensíveis em termos de gramaticalidade e apanhar o essencial do parágrafo a que respeitam.
Parágrafos // Reduções (em não mais do que vinte palavras)
Primeiro // Estamos à entrada do Tejo, que nasce em Espanha e desagua pouco depois de Lisboa.
Segundo // ...
Terceiro // ...
Quarto // ....
Quinto // ...
Sexto // ...
Sétimo // ...
Oitavo // ...
TPC — Escolher livro a ler nas férias e trazer-me a sua indicação na próxima aula. Ver sugestões nas pp. 116 ou 268 do manual e em 'Leitura' (aqui distinguirei o que haja no CRE; aquilo que possa emprestar eu); mas também verificar o que já possas ter em casa (ou vir a comprar).
Terão de escolher um livro com um destes perfis:
(1) com carácter autobiográfico (diário, autobiografia, memórias; verdadeiros ou fictícios). Exemplos: desde os mais ligeiros — Adrian Mole ainda é aceitável —, passando pelo diário de Anne Frank ou similares, por Manhã Submersa, até aos textos mais difíceis, mais introspectivos — como os de Saramago, Vergílio Ferreira, Torga.
(2) cronístico (miscelâneas de crónicas publicadas em jornais ou não). Exemplos: as crónicas de Miguel Esteves Cardoso; as António Lobo Antunes; Cronicando de Mia Couto; os vários livros de prosa de José Gomes Ferreira (excepto Aventuras de João sem Medo).
(3) de relato de viagens. Exemplos: Sul, de Miguel Sousa Tavares; A mais alta solidão, de João Garcia; A lua pode esperar, de Gonçalo Cadilhe; os livros de Fernando Nobre; os sobre exploradores pioneiros; todos os da colecção «Aventura & Viagens» das Publicações Europa-América; os irónicos livros de viagens de Bill Bryson; algumas das adaptações de clássicos da Sá da Costa talvez possam entrar aqui também (Peregrinação, Ilíada, etc.).
(4) de narrativa, desde que na 1.ª pessoa. Exemplo: os livros de Mark Twain (Tom Sawyer; Huckleberry Finn); Eça de Queirós, A cidade e as serras; Vergílio Ferreira, Aparição.
(5) de cartas. Exemplos: as Cartas de Amor de Fernando Pessoa a Ofélia; as cartas de guerra de António Lobo Antunes (D'Este Viver Aqui Neste Papel Descripto); A Biblioteca Mágica, de Jostein Gaarder & Klaus Hagerup.
(6) de histórias de infâncias ou de família. Exemplo: os livros de Isabel Allende.
(7) biografias ou até romances históricos centrados numa personagem. Exemplo: biografias de heróis, de cientistas, de escritores, de artistas, etc. Exemplos: Fernando Namora, Deuses e demónios da medicina; Eva Curie, Madame Curie.
O livro poderá ser (1) vosso; (2) requisitado na Biblioteca; (3) emprestado por mim.
Gostaria que quem já tem alguma experiência de leituras juvenis escolhesse agora livros de «literatura» (ainda que este conceito seja bastante abrangente). Os livros que no blogue eu marcar a cor especial seriam apenas para os alunos que considerem que, por enquanto, preferem ler ainda livros juvenis ou mais acessíveis.
O livro terá de ser lido a partir de 14 de Dezembro (não valem livros já lidos antes). Só a posteriori direi a tarefa que servirá para controlar a leitura — que deve ficar feita até ao princípio do 2.º período —, mas basta que leiam o livro como se não se tratasse de tarefa escolar (não pretendo leitura para tudo fixarem, com apontamentos ou coisa que o valha).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-47-48-presentation/
Soluções
Parágrafos // Reduções (em não mais do que vinte palavras)
Primeiro // Estamos à entrada do Tejo, que nasce em Espanha e desagua pouco depois de Lisboa.
Segundo // Enquanto esperávamos pela maré cheia, notámos que a paisagem é árida, nada verde como a inglesa.
Terceiro // Veio a bordo um piloto que, contra a lei e a troco de dinheiro, levou para terra um padre português.
Quarto // Ao meio-dia, subimos o rio — em terra tudo parecia arruinado — e, em Belém, tivemos uma boa perspectiva da cidade.
Quinto // Aqui, o navio teve de parar até chegarem os oficiais da alfândega.
Sexto // Fomos visitados por um inspector sanitário, emproado, que não condescendeu em que eu não me apresentasse no convés.
Sétimo // Até à inspecção ninguém entra: assim, embora viesse de chalupa, não nos pôde contactar o pai do já referido rapaz.
Oitavo // Não sei se estes cuidados se justificam, mas parece-me que os formalismos portugueses favorecem a corrupção e a arbitrariedade.
Aula 49-50 (13 ou 14/Dez) Entrega dos trabalhos de gramática feitos em aula anterior.
Conclusão da audição dos relatos de vivências iniciada na aula anterior.
Avaliação dos microfilmes feitos pelos alunos.
Assistência ao trecho final de O amor acontece (Love Actually), a propósito da imagem que os estrangeiros têm de Portugal e dos portugueses (em confronto com o que antes se vira no texto do diário de Fielding relativo à chegada a Lisboa). Ao mesmo tempo, conversa com cada um dos alunos sobre a avaliação.
TPC — Ler o livro escolhido. Caso não te tenhas decidido ainda, escolhe obra que corresponda ao que defini. Procurarei dar mais exemplos na lista aqui. (Na primeira aula, não deixes de trazer a folha com o trabalho de gramática que entreguei hoje. Talvez faça então a sua correcção mais detalhada.)
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-49-50-presentation/
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