Thursday, September 08, 2022

Aula 37-38

Aula 37-38 (22 [5.ª], 26 [1.ª, 3.ª], 29/nov [4.ª]) Devolução de poemas com incorporação de versos de canções.

«Meu amor de longe»

(comp.: Jorge Cruz; interpret.: Raquel Tavares)

 

No Largo da Graça já nasceu o dia
Ouço um passarinho, vou roubar-lhe a melodia
Meu amor de longe ligou
Abençoada alegria

 

Junto ao miradouro, pombos e estrangeiros
Vão a cirandar como fazem o dia inteiro
Meu amor de longe já vem
Pôs carta no correio

 

Barcos e gaivotas do Tejo
Vejam o que eu vejo, é o sol que vai brilhar
Meu amor de longe está
Prestes a chegar

 

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

 

Fiz um rol de planos para recebê-lo
Fui pintar as unhas, pôr tranças no cabelo
Meu amor de longe há-de vir
Beijar-me no castelo

 

Eu a procurá-lo, ele a vir afoito
Carro dos Prazeres, número 28
Meu amor de longe saltou
Iluminou a noite

 

Vamos celebrar ao Bairro Alto
Madrugada, baile no Cais do Sodré
Meu amor de longe sabe bem
Como é que é

 

Talhado para mim
Mal o conheci, eu achei-o desse modo
Logo pude perceber o fado que ia ter
Por ver nele o fado todo

Chega de tragédias e desgraças
Tudo a tempo passa, não há nada a perder
Meu amor de longe voltou
Só para me ver

 

Depois de leres a cantiga de amigo de Bernal de Bonaval «Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo» (p. 42) e de vermos clip da canção referida na p. 43 (cantada por Raquel Tavares), resolve o item 1 de Educação literária (p. 42) e a tabela a seguir (correspondente à que está na p. 43):

1 (p. 42) [Circunda as palavras a negro adequadas:]

Nesta cantiga, a donzela, dirigindo-se às amigas/à natureza, alegra-se/entristece-se com a notícia da partida/chegada iminente do seu amigo.

1.1 (p. 43):

 

«Meu amor de longe»

«Fremosas, a Deus grado, tam bom dia comigo»

Entidade que se expressa

mulher (amalucada a andar pelo bairro)

__________

Interlocutor/confidente

___________

amigas («fremosas»)

Estado de espírito do sujeito (e causas)

Toda contente (namorado vai chegar)

__________

Fases de aproximação «eu»/amado

___________

Recebeu só as novas do regresso do amigo

Já agora, resolvamos o ponto 1 de Gramática (na p. 42). É útil lembrares subclasses da classe ‘verbo’ (cfr. p. 42) e leres o que ponho dentro de parênteses retos:

a. [disseram-me que o meu amigo vem aí. || para determinares a subclasse do verbo, tem em conta que os segmentos sublinhados desempenham as funções sintáticas de _______ e de ______] «disserom» (v. 2) é um verbo ________.

b. [eu ando muito alegre || tem em conta que «muito alegre» desempenha a função sintática de _______] «ando» (v. 10) é um verbo ________.

Ainda sobre Anáfora (cfr. p. 338)

Completa com termo antecedente, termo anafórico, cadeia anafórica:

Meu amor de longe está prestes a chegar, talhado para mim. Mal o conheci, eu achei-o desse modo

«Meu amor de longe» = ____________

«o» = __________

«o» = __________

«Meu amor de longe», «o», «o» = ____________

Barcos e gaivotas do Tejo, vejam o que eu vejo: é o sol que vai brilhar.

«o [que]» = _____________________________________

«o sol que vai brilhar» =____________________________

«o [que]», «o sol que vai brilhar» = cadeia anafórica.

Resolve 1.1 e 1.2 da p. 338 (e lê o item que já resolvi, 1.3):

1.1 = ________________

1.2 = ________________

1.3 = O recurso à anáfora evita a repetição de expressões, o que torna este texto expositivo mais elegante (e até mais claro).

Inventa referências bibliográficas de:

(i) poema num livro de poesia de autor português saído numa editora algarvia;

(ii) crónica incluída num livro que recolhia melhores textos de um dado autor e publicado em Lisboa há dez anos;

(iii) romance de escritora brasileira publicado há pouco em Campinas;

(iv) livro de memórias de alguém com passado desportivo, saído no Funchal, em 2025.

(i) Eleutério Viegas, «Como são bons estes figos!», Um estômago à beira-mar, Portimão, Editorial Percurso, 2015.

(ii) _________

(iii) _________

(iv) _________

TPC — Serás chamado à Classroom para escreveres aí, a computador, poema suscetível de ser apresentado no Concurso Correntes d’escritas. Imprimirei a primeira versão do teu texto, corrigi-la-ei, a caneta. Depois, em novo tepecê, reformularás o teu poema em função do que tenha eu marcado (e nessa altura o descarregarás em outra tarefa). Depois se verá se vale a pena enviarmos o texto ao concurso. A seguir ficam dois poemas (ou um poema e um excerto) que venceram edições anteriores.

Não é fácil ter ideia do estilo de poesia que pode vencer um concurso destes, talvez, para jovens até os dezoito, o mais importante em Portugal (e premiado com mil euros). Aqui transcrevo o poema vencedor da edição de 2009 e os primeiros versos do poema vencedor de 2013. Como se vê, não são poemas rimados. Parecem seguir uma regra importante da boa escrita: «escrever é cortar palavras». O poema que se transcreve na íntegra não é muito grande, mas não recomendarei textos demasiado curtos.

Edição 2009 — “Geometria das sombras”, de Tatiana Vanessa Fernandes Bessa (que concorreu com o pseudónimo Ophelia Nery):

               geometria das sombras

largava os dias

lacrava-os
com lamparinas de sonhos
e largava-os

não via além
das tempestades
com que inundava
as estradas

cravava nas valetas
o cheiro
das estórias
com que embalava
o tic-tac
dos meus passos

largava os dias

mas na geometria das sombras
desenhaste-me um verso

e não mais larguei os dias

Ophelia Nery (= Tatiana Bessa)

Edição 2013 — “Inexistência Mental”, de Ana Matilde da Silva Gomes (que concorreu com o pseudónimo Victória Montenegro) [só os primeiros versos, e não sei se estou a transcrever bem a mudança de linha]:

 

Hoje os meus dentes querem estar à mostra,

Misturar-se com o branco alheio.

Passamos tanto tempo a entrelaçar linhas

E a procurar sentidos atrás da bruma,

Que ver para lá do emaranhado sabe a café (com espuma)...

[...]

 

 

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