Pessoa pelo 12.º 7.ª
Seguem-se trabalhos em torno de poemas de
Pessoa. As instruções para esta tarefa ficaram aqui.
Sara
«Há metafísica bastante em não pensar em nada» (Alberto
Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1482
| Sara (15,5) Foram usadas imagens próprias, em filme, adequadas ao texto (e
com som também apropriado). Leitura em voz alta bastante boa, sem erros.
Crítica que se pode fazer é não ter havido criação textuai ou de outro tipo
significativa — é trabalho quase só de leitura, ainda que bem enquadrado em
termos visuais.
Beatriz Belo
«Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/60
| Bea Belo (12,5-13) Leitura em voz alta entre boa e-boazinha (há um ou outro entaramelamento ou
ligeiras hesitações). Há, no final, um acrescento textual da lavra da autora. Ainda
assim, o trabalho é quase só de leitura em voz alta do texto de Campos. O
enquadramento visual é pobre (imagens googladas, com efeito de movimento).
Leonor F.
«A liberdade, sim, a liberdade!» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3349
|
Leonor F. (18) Num primeiro momento, temos o bom texto criado pela autora, que serve de pretexto
à incorporação do poema de Campos. Toda a situação, em termos visuais e de som,
e quanto a representação também, foi muito bem concebida e executada com
requinte estético. Na declamação do poema, pode parecer que respiração não foi gerida
— mas esse efeito, de certa sofreguidão, torna o texto até mais verosímil (note-se
ainda a dificuldade suplementar de ter de se dizer o poema enquanto se olha na
direção da câmara). Tempo mínimo não foi cumprido.
Mateus
«A vida é para os inconscientes (Ó Lydia, Celimène, Daisy)» (Álvaro
de Campos); «Gozo os campos sem reparar para eles» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3333;
http://arquivopessoa.net/textos/3223
| Mateus (15) Leituras representadas (com esboço de ilustração mímica), originais e engraçadas.
Tanto a leitura como a encenação parecem pouco ensaiadas, ficando a dúvida
sobre se se pretendia mesmo o efeito de apanhar o processo de ensaio em curso
ou se trata mesmo de conjunto de pequenos lapsos. Notam-se hesitações e houve
erros relativamente ao que está nos poemas: «*é ter» (e ter); «*nas nossas memórias
(nas nossas ideias); «*cosido da seda» (cosido a seda); «*não gozo: não vejo»
(não gozo: vejo).
«Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra» (Álvaro de Campos)
| http://arquivopessoa.net/textos/4422
| Paulo (16)
No início do filme, percebemos que se criou narrativa em que vai entrar o poema
de Campos. O diálogo, bem representado, não só é engraçado como verosímil.
Segue-se o poema, cuja leitura, que é fluente, poderia ser mais expressiva. Na
pronúncia há correções a fazer: não é «cas[ê]bre», mas «cas[ε]bre»; e, em vez
de «p[ê]co-me», será «p[ε]rco-me»; em vez «*exa[k]to», «exato». No último verso,
o que está no poema é «cada vez menos perto de mim» (não «*cada vez mais perto
de mim»).
Débora
«Amei-te e por te amar»
(Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2230
| Débora (11,5-12) Leitura em voz alta sem erros, mas pouco fluida e sem especial
expressividade (o facto de se tratar de poema de Pessoa ortónimo, rimado, não
favorecia que se brilhasse — os textos de Campos, por exemplo, acolhem mais
facilmente as leituras expressivas). Também a parte visual não foi muito
ambiciosa. Enfim, há pouca criação pessoal.
Tomás
«Se te queres matar, porque não te queres matar?» (Álvaro de
Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4360
| Tomás (14-13,5)
Faz-se uma boa (bastante boa) leitura em voz alta de longo poema de Campos.
Imagens reproduzem filme de desenhos animados, sem grande intervenção do autor
do presente trabalho (embora o filme aluda a tópicos tratados no poema). Alguns
lapsos na leitura: «escrúpulos morais, receios de inteligência» é lido
«escrúpulos morais ou receios de inteligência»; «gorduroso» é dito «doloroso»; «nocturnamente»
já não se escreveria com c e há muito
se diz sem [k]; também houve hesitação notória em «proliferação».
Sebastião
«A última nau» (Fernando Pessoa [Mensagem]) | http://arquivopessoa.net/textos/87
| Sebastião (18-18,5) Tanto a escrita como a leitura em voz alta, nos vários géneros que são
convocados no filme, mostram sempre proficiência. Talvez a leitura em voz alta
de «A última nau» pudesse ser mais grave (mais «estoica»), mas é difícil
adinharmos a expressividade que se adequa a estes textos entre esotéricos e
nacionalistas. Neste trabalho, a investigação, o estudo, foi preponderante. Foi
essa pesquisa — quase sempre certeira — que justificou boa parte das
intervenções no filme. O facto de se ter optado por fórmula original (narrativa
que tem subjacente dados históricos que houve que recolher) leva a que os
recursos visuais e o tipo de oralidade que surgem no filme sejam incomuns em
tarefas destas. Sobre as peripécias em causa (concurso do SPN, Ferro, Pessoa, Mensagem, Romaria, Salazar) havia muito mais a dizer, mas o que foi dito por
Sebastião está certo. Quando dermos o poema «Liberdade» (p. 57 do manual), voltarei
ao caso. Para já, direi só que Pessoa, agastado com uma lei [antimaçónica]
aprovada pouco antes, não compareceu na «gala» de distribuição dos prémios; e
que o discurso que Salazar fez nessa ocasião o irritou sobremaneira («Liberdade»
foi uma das mais imediatas respostas).
B. Bettencourt
«É noite. A noite é
muito escura. Numa casa a uma grande distância» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1011
| B. Bettencourt (17) Grande mérito na criação do fundo visual, uma animação (por
vezes, quase ingénua; outras vezes, levemente irónica — aliás, as duas
características alimentando-se reciprocamente). A leitura é boa (embora aproveitando
o facto de os textos de Caeiro requererem apenas um estilo neutro, calma, boa
definição das palavras, não pondo dificuldades em termos de sintaxe ou de
entoações modalizadas). No final do 1.º verso foi omitido um segmento: «[É
noite. A noite é muito escura.] Numa casa a uma grande distância / [Brilha a
luz duma janela]». Tempo mínimo não foi cumprido.
Ariana
«Na noite terrível,
substância natural de todas as noites» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4409
| Ariana (14-13,5) Leitura em voz alta calma, quase sempre correta, mas talvez não com
expressividade «à Campos» Imagens são bonitas mas não originais. A corrigir: «*eu
posso» (eu possa). Texto fora, em parte, dado em aula (incluído num trecho da
telenovela O Clone, cujo protagonista
gostava de citar passos de Pessoa).
Anastasiia
«Meu pensamento é um rio subterrâneo» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2928
| Anastasiia (18-18,5) Há um enquadramento inicial, ainda antes do poema, muito bem construído. Traça-se
um contexto em poucas pinceladas, como só se faz em cinema. Engenho técnico (excelente
o som) e planificação foram essenciais neste prolegómenos. Depois o poema é conformado
a diálogo intimista ainda que sem destinatário visível (a verosimilhança do resultado
— se não soubéssemos que era um poema, acaso estranharíamos o monólogo em
causa? —, que respeita praticamente o exato original, comprova que a leitura dramatizada,
a representação, foi muito boa). A ordem «um soluço pálido» (em vez de «um pálido
soluço») foi propositada? Em «ermos montes» parece mais «[ε]rmos» que «[ê]rmos»,
que é como deve ser.
Inês
«Não, não é cansaço...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/228
| Inês (17,5) Antes
da leitura em voz alta dá-se-nos o processo para se escolher o poema, assim desvendando
os bastidores do trabalho, mas esse momento é aproveitado para referir outros
textos, recordando as suas características (funciona, portanto, como
apontamento de revisão, como cábula). A redação que suporta esse monólogo,
sempre levemente irónica, é muito boa, melhor até do que a sua dramatização,
que me parece aqui e ali talvez adocicada, demasiado bem comportada. Tudo (isto
é, a demanda do poema ideal) conflui para o cansaço que é o tópico do texto
eleito. Aqui a leitura em voz alta é muito boa, apesar de a música (e até foi
bem pensado o seu surgimento no final) esconder um pouco o texto dito. A
corrigir: «*A sua objetividade visual e, de certa forma, a sua ingenuidade, são
fatores que têm em conta na recitação» (creio que será «A sua objetividade
visual e, de certa forma, a sua ingenuidade, são fatores a ter em conta na recitação»).
Melissa
«A música, sim a música...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/945
| Melissa (17,5) Leitura em voz alta boa (ou, mesmo, muito boa). Situação criada, em filme
próprio, protagonizado pela autora, com estilo gráfico (e musical) marcado,
atenua o facto de não haver outro tipo de criação (em termos de texto, por
exemplo). O microfilme ficou um objeto bem acabado, bem produzido. (Não defenderia
a aproximação entre texto de Campos e a música que a ilustra, mas, pensando
bem, podemos justificar a escolha como instrumento também da caricatura, da
marca ou estilo, que o filme adota.
Leonor G.
«Tabacaria» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/163
| Leonor G. (*16) (Classificação inclui já penalização por atraso.) Criou-se
reformulação do texto original. Quanto a esse texto de Leonor, há alguns
lugares comuns, frases poéticas fáceis, mas não há erros nem má sintaxe e é
interessante a articulação com o poema de Campos. Leitura em voz alta merecia
ser mais ensaiada (terá sido repetida quantas vezes? duas, uma, ou houve só uma
tentativa?). Imagem fixa simples, a assinatura da autora, mas que resulta (é pertinente
e, visualmente, forte). Também a música funciona bem. Poema está no manual,
embora não todo, e foi estudado em aula.
Miguel B.
«Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela»
(Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3248
| Miguel B. (*13) (Classificação
inclui já penalização por atraso.) Trabalho mostra eficiência técnica, boa
intuição criativa. Acompanhamento musical resulta muito bem e acaba por
comandar a própria leitura em voz alta, que parece, assim, tornar-se mais
significante (embora não implicasse, até pelo poema, grande expressividade). Em
termos fílmicos, o trabalho está demasiado económico (um slide), apesar de até adivinharmos
que essa parte poderia ser, para o Miguel, fácil de resolver. Tempo mínimo não
chega a ser cumprido.
Beatriz C.
«Ode Marítima» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/135
| Beatriz Cotrim (*9) (Classificação inclui penalização por incumprimento
do prazo.) Não me vou demorar neste comentário porque quero evitar gastar mais
tempo com ele do que a Beatriz a fazer a tarefa. Com efeito, não me parece que
tenha havido suficiente investimento. O slide é o primeiro que nos aparece se
googlarmos «Ode marítima». A leitura em voz alta também foi insuficientemente ensaiada.
Tempo mínimo não foi atingido. Sim, já gastei mais tempo.
Rebeca
«No entardecer dos dias
de Verão, às vezes» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3458
| Rebeca (14) Houve o cuidado de usar filme e não simples imagens
fixas (que não serão originais — se sim, seria boa «mais-valia» —, mas são bonitas
e pertinentes, dado o poema). Música bem escolhida. Enfim, vê-se que houve
gosto na produção deste objeto, que está, técnica e esteticamente, bem acabado.
Boa leitura em voz alta, calma (ainda que haja três cortes na recolha da
leitura — o que aliás também não estava proibido). Tempo mínimo não foi
cumprido.
Catarina
«O amor,
quando se revela» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1318
| Catarina (15) Foram criadas estrofes que se vão intercalando
entre as de Pessoa. Estão bem escritas (em termos de rima, ritmo, sentido
básico, embora, é claro, não tenham valor literário, se olhadas como textos de
lírica). Valia a pena ficar mais assumido o caráter de brincadeira, de
contraste irónico entre o registo lírico de Pessoa e a sua transposição para o contexto
atual. Ficar, portanto, mais explícito, o tom lúdico, paródico. Esse tratamento
caricatural exigiria que escrita e leitura fossem mais trabalhadas (ficarem menos
uniformes?). Leitura em voz alta sem erros, fluente, mas sem expressividade
(nem por culpa da autora, mas porque o texto escolhido não implicava exibição
de recursos: os poemas do ortónimo, com rima, fáceis, não põem desafios, acabam
por ser má escolha para quem pretenda ser expressivo). Em termos de imagem,
trabalho demasiado económico (slides googlados); melhor o som. Tempo mínimo não
foi cumprido.
André
«Lisboa com suas casas» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2575 | André (*10)
(Classificação inclui penalização por atraso.) Boa ideia: à medida que se vai
lendo, ir comentando cada passo do poema, fingindo discordância-crítica, o que
serviria para realçar, pela ironia, algumas das idiossincrasias do estilo de
Campos. A execução desta ideia foi apenas iniciada, mas deveria ter sido
alargada a mais texto. De qualquer modo, esses trechos estão bem escritos e
foram bem ditos (tal como a curta introdução, em estilo informal). Em termos
visuais, não houve suficiente trabalho (um slide googlado). Não se cumpriu o
tempo mínimo.
Carolina
«Realidade»; «Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/60; http://arquivopessoa.net/textos/912| Carolina (*10) (Classificação
inclui penalização por atraso.) Foram recolhidas
imagens numa Lisboa que poderia ser a de Pessoa, sendo esse enquadramento, por slides
fixos mas próoprios, um aspeto que se deve elogiar. Leitura em voz alta bastante
aceitável, tendo havido já algum ensaio. Nesta leitura a interpretação procurou
alguma expressivadade, embora sem se ter em conta o estilo talvez mais
apropriado a Campos (mais hesitante, irrequieto, talvez). A corrigir: «*o não
saber nada» (o não se saber nada); «*pensando em ti» (penso em ti); «*está ou
quê» (está o quê); «*indêntica» (idêntica).
Margarida
«A liberdade é a possibilidade do isolamento» (Fernando Pessoa [Bernardo
Soares, Livro do Desassossego]) | http://arquivopessoa.net/textos/1522
| Margarida (13) Mostra-se boa capacidade de leitura, não havendo erros, e conseguindo-se,
além de evidente fluência, bastante expressividade (embora a alternância entre
estilo mais rápido e mais lento não seja sempre coerente). Imagem fixa que, na
versão enviada pela autora, era googlada (preferi eu trocar essa imagem por uma
do datiloscrito do texto em causa). Deve ter-se em conta que se trata de prosa
(do Livro do Desassossego), o que eu
desaconselhara. A corrigir: «*s[ê]rvo» seria «s[ε]rvo» («cervo» é que é com e fechado).
Nathalia
«O amor é uma companhia» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3236
| Nathalia (*10) (Classificação inclui penalização por atraso.) Interessante o recurso a
leitura «em direto» (enfrentando a câmara), o que constitui dificuldade
suplementar. Na leitura em voz alta noto duas omissões: «se eu [não] a vejo»;
«mas se a vejo [tremo], não sei». Também devo elogiar a inclusão da referência
do poema. Tempo mínimo fnão foi cumprido.
Miguel S.
«A música, sim a música...»; «A liberdade, sim, a liberdade!»
(Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/945;
http://arquivopessoa.net/textos/3349
| Miguel S. (*9) (Classificação inclui penalização por atraso.) Trabalho revela
pouco investimento. Não se criou texto próprio. A
leitura tem o mérito de tentar ser expressiva — embora seja discutível se se acerta
sempre no tipo de emoção que conviria representar — e é clara. Depois de
insistência minha foi possível cumprir-se o tempo mínimo pedido e acabou por se criar
um slide interessante — composto pelo autor —, que reúne os tópicos que parecem
ser tratados nos dois poemas de Campos. Na leitura em voz alta há algumas
hesitações («sem infância», antes de se emendar para «sem influência»; mais à
frente, «infância» vai sair também imperfeito; quanto a «imanenre», devia ser «imanente»,
mas não é culpa da leitura — é erro no próprio texto seguido).
Beatriz R.
«Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...» (Álvaro de
Campos); «Aqui está-se sossegado» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/60;
http://arquivopessoa.net/textos/3619
| Beatriz R. (Não darei uma classificação, já que este trabalho foi entregue já
perto do final do ano, quando Pessoa já estava bastante longe. De qualquer
modo, a tarefa ficou cumprida, o que era o mais importante. São duas boas leituras
em voz alta. Abordagens simples, mas «limpas» e bem acabadas.)
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