Wednesday, August 24, 2016

Pessoa pelo 12.º 1.ª



Seguem-se trabalhos em torno de poemas de Pessoa. As instruções para esta tarefa ficaram aqui.

Francisca
«Aqui está-se sossegado» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/3619 | Francisca (17,5) Trabalho feito com criatividade e planificação cuidadosa. Adotou-se estilo de reportagem intimista (de visita de televisão). Boa representação, mostrando-se muito à-vontade. Leitura em voz alta quase toda certa, embora não expressiva (o ortónimo não é o ideal para leituras mais interpretativas). A corrigir, na legenda com o texto dos poemas, «invisíveis», a que falta acento. Na legenda e na leitura em voz alta haveria também que corrigir o v. 4 da quinta estrofe para «Que vejo azul a esverdear» (em vez de «Que veio azul a esverdear»).

Pedro
«Eu procurei primeiro o pensamento» (Fernando Pessoa [Fausto]) | http://arquivopessoa.net/textos/3379 | Pedro (17,5) Houve muita originalidade na situação criada para o filme. Resulta bem a ironia-paradoxo de o protagonista-autor vir explicitar o adiamento do trabalho — que acabámos de ouvir já feito. Leitura em voz alta não é a parte mais meritória; e o texto em causa acolhia bem uma leitura mais expressiva, até pelo que digo a seguir. Na verdade, trata-se de poema dramático (de poesia-teatro, portanto), zona de Pessoa que pedira que evitassem (embora seja muito especial, em Pessoa, o conceito de «dramático»). Quanto ao passo «Aos [...] dos outros», as reticências entre parênteses retos significam que a palavra não foi decifrada. A emendar: «Novembro» deveria ser «novembro».

Carlota
«Mestre, meu mestre querido!» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4398 | Carlota (13) Leitura em voz alta bastante correta e até com expressividade (notei apenas três ou quatro pequeníssimas trocas, ou omissão ou acrescentamento, de determinante ou preposição, o que é compreensível dado o texto ser tão longo; uma omissão mais significativa em «criança [das cidades] do vale»). Creio, no entanto, que podia haver mais do que a simples leitura. A parte visual, aliás, é relativamente pobre (com poucos slides, provavelmente googlados).

Carolina D.
«Lisboa com suas casas» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2575 | Carolina D. (16,5) Leitura em voz alta é fluente, competente, embora não especialmente expressiva. Embora haja relativa economia de meios, apercebemo-nos também de criatividade e gosto (veja-se o aproveitamento de slides próprios, como o da estátua — com que se conversa). Não defenderia o uso de um fado ou de música ligeira sobre Lisboa como fundo musical (a poesia não pode ser entendida tão referencialmente e não é boa solução encontrar ilustrações, visuais ou musicais, palavra a palavra). E tempo mínimo não foi cumprido.

Marta

«Ai, Margarida» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3537 | Marta (15) Boa ideia (transposição para contemporaneidade, intercalando-se, entre as de Pessoa, estrofes criadas pela autora), executada com inteligência. Algumas ironias efetivamente engraçadas. Boa introdução. Leitura correta mas talvez pouco aplicada (evitando o risco de ensaiar certa variedade no estilo de leitura). Economia de meios (adotam-se como fundo visual slides googlados) e de tempo (duração mínima não é cumprida, ainda que por apenas dezassete segundos). Em termos de pronúncia, saiu mal «reações e intenções dele».

Carolina S.

«Todos os dias agora acordo com alegria e pena»; «Não tenho pressa. Pressa de quê?»; «A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/636; http://arquivopessoa.net/textos/2583; http://arquivopessoa.net/textos/348 | Carolina S. (18) Todo o trabalho foi muito bem planificado e executado, criando-se situação em que os poemas se vão integrar naturalmente. Argumento, representação, filmagem, montagem — enfim, as várias artes e técnicas que são convocadas para um filme destes e que é preciso coordenar — revelam engenho, gosto e devem ter dado também não pouco trabalho. Leitura em voz alta não tem erros, é fluente e expressiva.

Catarina C.

«Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2252 | Catarina C. (17-(17,5)) Muito boa leitura em voz alta. Além do poema, há também texto próprio, bem escrito mas relativamente curto (e evitaria «numa tarde onde» — preferível: numa tarde em que). Todo o tratamento visual (legendas, estilo gráfico) é interessante. Ainda assim, acredito que era possível abordagem mais ambiciosa (até em termos de duração do filme).

Bea S.
«A alma humana é porca como um ânus» | http://arquivopessoa.net/textos/1032 | Bea S. (14) Muito boa leitura em voz alta. Parte visual demasiado económica (são slides googlados). Também se poderia esperar alguma criação mais pessoal; e tempo mínimo não foi atingido. Este poema, manuscrito, tem tido decifrações diferentes da parte de vários editores (por a letra estar especialmente difícil, embora se pudesse pensar que também por auto-censura ou pudor): o 1.º verso da edição mais recente, de Pizarro/Cardiello (Tinta-da-China), é «A alma humana é porca como um cu»; na edição de Berardinelli (INCM), «A alma humana é porca como um olho do cu» — na edição lida, «como um ânus»; na edição de Cleonice Berardinelli, no v. 2, vem «canalhas» (e «caralhos», em outras edições, incluindo a lida por Bea).

Joana
«A espantosa realidade das coisas» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3364 | Joana (17-17,5) Boa leitura, quase muito boa leitura, sem erros (Caeiro acaba por não suscitar tanto exercício de expressividade como, por exemplo, Campos). Mérito também na criação rigorosa de situação-cenário, que enquadrasse a audição do poema. Esse ambiente é tanto visual como musical. Realce-se ainda o cuidado de apresentar referências (texto e música).

Bruno

«Poema em linha reta» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2224 | Bruno (14) Há mérito em se ter criado filme próprio. Leitura também com valor em termos de expressividade, «nervo», ainda que com alguns lapsos: «dos fretes» (de fretes); «[e] nunca sofreu»; «confessasse» (confesse); «que é vil e ? [erróneo]». Texto escolhido fora já «dado» em aula, numa dramatização incluída na telenovela O Clone.

Joãozão
«Eu, eu mesmo...» e outros textos (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2478 e ... | Joãozão (11) Faz-se leitura em voz alta — razoável —, mas não há propriamente criação pessoal. Parte visual pobre (slides googlados). Tempo mínimo não foi atingido. Deveria ter havido mais investimento nesta tarefa.

Maria
«Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2854 | Maria (15) Leitura em voz alta fluente, revelando as capacidades da autora, e com o mérito de quase não haver falhas, apesar de o texto ser longo (só registei: «marés», por «mares»; «pretende», por «prende»). No entanto, sendo precisamente o poema tão longo, acaba por se notar certa falta de variedade no ritmo da leitura (convinha ter alternado velocidades). Parte visual económica, mas com a valia de ser original e pessoal, um desenho.

João R.
«Insónia» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2358 | João R. (13) Leitura em voz alta sem erros (exceto, precisamente, «exce[p]to», cujo «p» não se lê nem aliás já se escreve) e com certa expressividade. Em termos visuais, usam-se apenas slides (googlados; o slide inicial tem mesmo «insónia» escrito à brasileira). Enfim, direi que não há erros, mas que era possível, desejável, maior intervenção criativa.

Inês
«Quando está frio no tempo frio, para mim é como se estivesse agradável» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1041 | Inês (15) Ter-se usado imagens próprias é já um mérito desta tarefa (e, apesar de serem das mais fáceis de recolher, não deixam de ter que ver com Caeiro e os discursos — inicial e final — de Inês). Há coerência na situação criada. Interessante o contraste entre a voz do «eu» — que podia ser ainda mais de conversa informal — e depois a do poema. Leituras certas. A corrigir: «*que mais gosto» (de que mais gosto). Tempo mínimo não foi cumprido.

Madalena, Leal, Tiago

«A liberdade, sim, a liberdade» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3349 | Tiago, Leal, Madalena (17) Teve-se em conta que não se tratava apenas de ler um texto, mas de o aproveitar criativamente, em cinema, jogando com as várias destrezas que este implica (e coordenando-as). Essa compreensão do que estava em causa é o mérito maior. As várias leituras não têm erros (embora os discursos de Rodrigo e de Tiago, anteriores a Campos, me parecessem, aqui e ali, inseguros); mas foram melhores as leituras do poema (em crescendo, articulando-se com o som musical de fundo). Quanto a texto criado, tem de se dizer que há alguma banalidade, alguns lugares comuns, no que se diz acerca de liberdade (que aliás não será a liberdade em que pensava Campos). Bom acabamento de tudo (cfr. música, lettering). A duração prevista para um trabalho por pares (e, claro, mais ainda para um trio) não foi cumprida.

Isabela

«Quando vier a Primavera» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/991 | Isabela (*11) (Classificação incorpora penalização por incumprimento do prazo.) Leitura sem erros. Parte visual original (desenho próprio, com efeito de criação acelerada; tirava o slide com a cariactura de Pessoa). Boa escolha de música (salvo erro, a mesma usada em certos momentos de Expiação). Tempo mínimo não foi atingido.

Adiana

«Ai, Margarida» (Álvaro de Campos); «Anjos ou deuses, sempre nós tivemos» (Ricardo Reis); «Eu, eu mesmo...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3537; http://arquivopessoa.net/textos/2959; http://arquivopessoa.net/textos/2478 | Adiana (11) Trata-se ainda de uma primeira experiência neste tipo de trabalhos e sei que houve azares técnicos pelo meio. Leitura poderia ser ainda mais ensaiada, mas pareceu-me sem erros. Poderia haver talvez maior expressividade (Campos e Reis, por exemplo, implicam ritmos diferentes). Com as legendas, há que ter especial cuidado (é fácil passarem erros — vi um «Álvaro» mal acentuado), mas até me parece que não seriam necessárias. Tempo mínimo não foi atingido.

Gonçalo

«Ah, abram-me outra realidade!» (Álvaro de Campos); «Não sei quantas almas tenho» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1194; http://arquivopessoa.net/textos/277 | Gonçalo (*10,5-11) (Classificação incorpora penalização por incumprimento do prazo.) A leitura está razoável, devendo elogiar-se preocupação com expressividade, nem sempre conseguida. Notem-se, porém, os seguintes erros de pronúncia: «*mobil» (móbil); «*à esfinge» (a esfinge). Em termos visuais, há pouca criação própria, embora se perceba que, com maior investimento de tempo, o autor teria capacidades (técnicas, criativas) para construir um filme interessante. (O segundo texto, «Não sei quantas almas tenho», está no manual,  na p. 58, o que deveria ter impedido a sua escolha para este trabalho.)

Bea Sá

«Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar»; «Hora absurda» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2457; http://arquivopessoa.net/textos/829 | Bea Sá (14,5) Houve um primeiro trabalho, com tempo insuficiente — nesse primeiro filme, a leitura não tem erros; a parte visual socorre-se apenas de imagens googladas. O segundo filme apresenta leitura em voz alta bastante perfeita (talvez se pudesse ir mais em «crescendo» ou fazer ênfase aqui e ali, para evitar tom uniforme) — embora continue a tratar-se de leitura apenas, sem criação textual, desta vez as imagens já são próprias (cfr. páginas e capa do volume).

Catarina F.
«O amor, quando se revela» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1318 | Catarina F. (12) (Classificação incorpora penalização por incumprimento do prazo.) Ainda aguardo esclarecimento em torno de alguns aspetos da realização da tarefa, pelo que as considerações que se seguem são provisórias. Boa situação criada, muito boa ideia (filme é próprio?; se sim, gabo todo o acabamento, incluindo música). Leitura do poema apenas boazinha. A corrigir: «*internamente» (inteiramente).

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