Ainda o projeto de leitura
Além dos livros que constam das listas mais institucionais, podem também considerar outras obras, descartando,
porém, livros do modo lírico e, talvez também, do modo dramático — ou seja, de
poesia e de teatro.
Sugiro, por exemplo, que escrutinem os autores que foram Prémio Nobel de
Literatura (mas talvez não José Saramago, que será lido no 12.º ano).
A lista é enorme (para citar alguns dos mais confiáveis dos laureados nestas
duas últimas décadas, segundo o critério ‘leitura interessante ainda que
implicando inteligência’ ocorrem-me Alice Munro, Patrick Modiano, Ohran Pamuk).
Quanto ao Prémio Camões
(espécie de Nobel da literatura em português) acaba por incluir os melhores
escritores recentes da literatura portuguesa, brasileira e da restante
lusofonia. Vejam a lista, em que reconhecerão autores que terão lido em
pequenos trechos nos manuais destes anos todos. Destaco, em termos de confiança
de que gostariam da sua leitura, os brasileiros Rubem Fonseca, Dalton Trevisan
— embora de temáticas duras, porventura chocantes para muitos (policial, certo
erotismo) —, João Ubaldo Ribeiro, já mais difícil, ou Jorge Amado, já menos
contemporâneo e muitas vezes demasiado extenso (tem a vantagem de estar em
muitas bibliotecas dos avós). Para citar também algum escritor português fora
das listas escolares, António Lobo Antunes, já um pouco mais difícil (implica
estar sempre a inferir, a colar os indícios que nos são dados um pouco anarquicamente).
Quanto ao Prémio Literário
José Saramago é atribuído a autores mais jovens. Quase todos,
entretanto, se afirmaram. Os premiados Afonso Reis Cabral, Bruno Vieira Amaral,
João Tordo, Ondjaki e, mas nem sempre, José Luís Peixoto, têm obras muito
capazes de propiciar leitura mobilizadora.
Também podem ponderar os autores que interessem segundo áreas
geográficas. Dou um exemplo. Grandes autores sul-americanos (e nem incluo o
Brasil): Gabriel García Márquez (Colômbia), J. L. Borges (Argentina), Julio
Cortázar (Argentina), Mario Vargas Llosa (Peru); arrisco ainda, mas confesso
que nunca os li, Juan Carlos Onetti (Uruguai), Roberto Bolaño (Chile). O mesmo ponto
de partida seria aplicável a grandes autores russos, italianos, espanhóis. Tive aluno há uns anos que se especializou em coleção de autores islandeses.
Livros de literatura relativamente recente, menos clássica
(quase comercial mas sem ser «de supermercado»), inteligente, que vi colegas da
vossa idade lerem com certo entusiasmo: As Cinzas de Angela, de Frank McCourt;
quase todos os livros de Ian McEwan; muitos dos livros de Paul Auster; alguns livros
de Julian Barnes; alguns livros de John Banville; livros de Eduardo Mendoza; Némesis,
de Philip Roth; {a continuar}.
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