Aula 27-28
Aula
27-28 (31/out [1.ª, 3.ª], 7 [4.ª], 8/nov [4.ª]) Depois de ouvirmos uma crónica do programa Lugares Comuns (TSF), de Mafalda Lopes
da Costa, sobre a expressão idiomática «dizer cobras e lagartos», preenche:
https://www.rtp.pt/play/p491/e147835/lugares-comuns
Expressão
(lugar comum) |
Dizer
cobras e lagartos [de alguém] |
Significado |
‘Dizer
muito mal de alguém’, ‘difamar uma pessoa’. |
Origem (etimologia) |
hipótese 1: cobra
teria o significado de «copla» e fazer escárnio de
alguém seria satirizar alguém através de _____; |
hipótese 2: de origem bíblica (Salmo 91, 13), relacionável
com dragão/basilisco que matava pelo _____; |
|
hipótese 3: ligada à crença medieval de que alguém
possuído pelo demónio e, depois, exorcizado expeliria cobras e ______. |
Repara nestes dois verbetes
do Dicionário da Língua Portuguesa («Dicionários Editora», Porto, Porto Editora, 2011,
p. 370) e completa o que escrevi em baixo:
As palavras «cobra1»
e «cobra2» têm _______ diferentes (ambos latinos, respetivamente, colubra e copula).
As duas «cobra» são
palavras _______ (e, para conhecermos novo termo, convergentes). Vêm de étimos
diferentes, mas têm forma igual (embora, é claro, não sejam uma mesma palavra).
As cinco aceções de «cobra1»
constituem o seu campo _______.
«cobra2», «rima»,
«sentimento», «estrofe» podem integrar-se no campo ______ ‘poesia’.
Lê a cantiga de escárnio e maldizer, de João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos queixar» (p. 58). Começa a ler pela seguinte
versão modernizada (Natália Correia, Cantares
dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970, p. 137):
Ai,
dona feia, foste-vos queixar
de
que vos nunca louvo em meu trovar.
Mas
umas trovas vos quero dedicar
em
que louvada de toda a maneira
sereis; tal é o meu louvar:
dona feia, velha e gaiteira.
Ai,
dona feia, se com tanto ardor
quereis
que vos louve, como trovador,
trovas
farei e de tal teor
em
que louvada de toda a maneira
sereis, tal é o meu louvor:
dona feia, velha e gaiteira.
Ai,
dona feia, nunca vos louvei
em
meu trovar eu que tanto trovei
e
eis que umas trovas vos dedicarei
em
que louvada de toda a maneira
sereis e assim vos louvarei:
dona feia, velha e gaiteira.
Na versão original da cantiga (p.
58), repara nesta forma, atualmente incorreta:
|
Como está na cantiga |
Como escreveríamos nós |
v. 17 |
direi-vos |
|
Completa (quando houver, pronominaliza os complementos):
diz-se que o julgamento
se realizará |
o julgamento realizar-se-á |
deve-se escrever |
jamais _______ |
comprarás as abelhas
|
____________ |
localizaríamos o
meliante |
____________ |
traremos o avião
|
____________ |
beijarei a sogra
|
____________ |
abriria a garrafa
|
____________ |
direi as mentiras
|
____________ |
venderão ao esquimó
o gelado |
____________ |
vou cantar as cantigas |
____________ |
comes a comida do cão |
____________ |
come a comida do gato |
____________ |
pisam os cocós de
cão escorregadios |
____________ |
Completa:
João Garcia de Guilhade, «Ai, dona fea, fostes-vos
queixar» |
|
Síntese |
Paródia ao amor cortês. O «eu» elogia a senhora, a «dona», no estilo do
que costumava ser feito nas cantigas de ____, mas, no refrão, trata-a como
«fea, velha e sandia», o que mostra que o resto da sextilha é ____. |
Adjetivos depreciativos |
fe(i)a, ____, sandia/gaiteira |
«Dia em que se pode
chamar nomes aos colegas» (Lopes da Silva) |
|
Síntese |
Paródia em torno da moda de estabelecer estratégias para gerar bom ambiente
de trabalho nas ____. Haveria dias e horas «temáticos», mas, neste caso, consagrados
a temas ____. |
Adjetivos depreciativos (ou nomes) |
____, pateta, idiota, palonça, imbecil, nabo, monotomate, urso, atraso
de vida, estúpido, parvo do catano, energúmeno, labrego, pacóvio, chouriço,
bardinas, songamonga, estronço, cafageste, animal, bronco, cara de cu |
«A tua camisa
é feia»
(Lopes da Silva) |
|
Síntese |
Paródia que aproveita o estereótipo de que as mulheres dariam demasiada
importância à escolha da ____. Carla não se ____ com nenhum dos defeitos que lhe
atribui a amiga, só se magoando quando esta lhe critica a blusa («não é muito
gira»). |
Adjetivos depreciativos (ou nomes) |
repugnantezinha, badalhoca, galdéria, pega, falsa, ___, besta, estúpida |
Sobre Adjetivo (cfr. p. 312, mas aí a informação é
demasiado escassa; melhor será consultar depois o que está em Gaveta de
Nuvens, em “Adjetivo”), resumamos assim:
Palavra que, tipicamente,
permite variação em género, em número e em grau. O adjetivo é o núcleo do grupo
adjetival.
Subclasses do adjetivo
Adjetivo qualificativo — Exprime qualidades, atributos do nome. Tipicamente,
a posição do adjetivo qualificativo é pós-nominal. Alguns destes adjetivos
ocorrem à direita e à esquerda do nome, correspondendo esta ordem a interpretações
diferentes.
Tens um belo chapéu. | É sem dúvida um
rapaz grande. /... um grande rapaz.
Adjetivo numeral — Expressa ordem ou sucessão numa sequência. Ocorre
geralmente em posição pré-nominal.
Este foi o meu primeiro livro de histórias. | Chegámos
rapidamente ao terceiro andar.
[ Adjetivo relacional — Deriva de um nome e revela uma relação de agente
ou posse relativamente ao nome. Ocorre em posição pós-nominal e não varia em
grau.
Foi a crítica musical que fez disparar as vendas. | Deixei o meu irmão no parque infantil. ]
Depois de ouvirmos a crónica de Bruno
Nogueira referida no cimo da p. 58 (Letras
prévias, 1), escreve um pequeno comentário que responda ao que é perguntado
em 1.1 e 1.2 (aborda os dois itens na mesma resposta; quanto às cantigas, reporta-te
apenas à que lemos hoje).
https://www.tsf.pt/programa/tubo-de-ensaio/emissao/pequenas-maravilhas-do-ser-humano-11365252.html
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Exemplo de resposta ao
comentário sobre «Pequenas maravilhas do ser humano» (Bruno
Nogueira) e cantigas de escárnio e maldizer (cfr. p. 58, Letras
prévias, 1.1 & 1.2):
No título da crónica radiofónica
da série «Tubo de ensaio» há ironia, já que percebemos que as «pequenas maravilhas
do ser humano» são afinal tiques, manias, comportamentos, que irritam o
humorista.
Do mesmo modo, nas
cantigas de escárnio e maldizer medievais, os trovadores pretendiam criticar costumes
ou atitudes particulares. Em «Ai dona fea, fostes-vos queixar», a sátira centra-se
na presunção da destinatária, uma dama que se julgava merecedora de ser
cortejada mas que, talvez por hipérbole, o sujeito poético diz ser «fea, velha
e sandia». E, numa ironia que é quase uma antítese, acrescenta que a vai
elogiar... por aqueles defeitos.
TPC — Relanceia “Adjetivos” em Gaveta de Nuvens. Lê
também a p. 311 do manual sobre pronomes junto dos verbos.
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