Tuesday, September 06, 2022

Aula 75-76

Aula 75-76 (14 [5.ª], 15 [4.ª], 17/fev [1.ª, 3.ª]) Correção do trabalho com sinopses de peças de Gil Vicente (cfr. Apresentação).

[Sinopses de peças de Gil Vicente cujos títulos estavam no trabalho de há duas aulas]

AUTO DAS CIGANAS. — Representado a D. João III em Évora, em 1521. Escrito em castelhano. Entram quatro ciganas—Martima, Cassandra, Lucrécia e Giralda. Falam no dialeto da sua raça. Saúdam os fidalgos, e pedem esmola: pão, camisa, saia, toucado. Vêm quatro ciganos — Liberto, Cláudio, Carmélio, Aurício. São negociantes de gado cavalar; e cada um pretende impingir o seu. Cláudio quer trocar um cavalo; Aurício, um potro; Carmélio, dois burricos. Cantam. As ciganas sabem ler a «buena-dicha», e vendem feitiços para se conquistarem todos aqueles bens que se desejam. Dirigem-se às damas aí presentes na representação do auto. Leem a sina de uma e das outras, tecendo cómicas alusões aos amores de cada qual. Cassandra lastima-se de não receber nada de tão distintas senhoras. E retiram-se.

JUIZ DA BEIRA. — Representada a D. João III em Almeirim, em 1525. Escrita em português. Pero Marques declara que é juiz em terras de Viseu. Inês Pereira, sua mulher, é quem soletra as Ordenações. Um porteiro anuncia uma arrematação. Pero Marques manda-lhe apregoar a audiência, que ele está ali para realizar. O porteiro põe um banco. Entram um ferreiro e Vasco Afonso. Conversam os dois. Ana Dias vem à audiência queixar-se que lhe violaram a filha. O juiz decreta disparates, e ordena que lhe traga sete ou oito testemunhas. Entra um sapateiro de calçado velho. É judeu cristão-novo, a queixar-se de que Ana Dias — que é alcoviteira — lhe seduziu a filha. O juiz nada resolve. Um escudeiro chega, acompanhado dum moço. Queixa-se da alcoviteira Ana Dias, que o burlou: apaixonando-se ele por uma moura, ela apanhou-lhe dois cruzados e tudo quanto tinha. O moço queixa-se do escudeiro, que não lhe paga. O juiz só profere disparates. Entram quatro irmãos: o Preguiçoso, que só dorme e ronca; o Bailador, que tem a mania da dança; o Amoroso, sempre louquinho de paixão; e o Brigoso, valentaço e cobardolas. Disputam os quatro irmãos, por causa do asno que foi do pai e que todos querem herdar. O juiz resolve citar o asno para comparecer na audiência, e então decidirá a quem pertence.

O VELHO DA HORTA. — Representada a D. Manuel em 1512. Escrita em português. Entra o Velho na horta, rezando o padre-nosso em latim e português. Vem uma rapariga comprar «cheiros para a panela». O Velho fica endoidecido de amor. A rapariga zomba da senil e grotesca paixão. Sai a rapariga. Um parvo, criado do Velho, vem chamá-lo para comer, mas ele não o atende. Irrita-se a mulher do Velho, increpando-o por outra vez perder o siso, de amores. Branca Gil, alcoviteira, oferece-se ao Velho para seduzir a rapariga. A proposta é aceite com alegria. O Velho deixa-se espoliar pela intrujona; e assim se arruína. O alcaide e quatro beleguins prendem a alcoviteira, e açoi­tam-na. Outra moça, vinda à horta comprar couves e cheiros, diz ao Velho que a rapariga por quem ele se apaixonara tinha casado pouco antes. O Velho lamuria-se por se ver na penúria.

NAU DE AMORES. — Representada em 1527 a D. João III e a D. Catarina, em Lisboa. Em português e em castelhano. Entra a cidade de Lisboa, e saúda o rei D. João III e D. Catarina. Vem um pajem do príncipe da Normandia, e diz-lhe que o amo lhe quer falar. Combinam o encontro. Chegam o príncipe e quatro fidalgos. O príncipe venera a Fama. Pede, por isso, a Lisboa que lhe empreste uma nau em que vá buscar a Ventura, que lhe dê a Fama. Lisboa responde que a nau é dos reis. O príncipe roga-lhe então que o autorize a construir na sua «ribeira» a nau desejada. Fazem uma nau, cantando. Entra um frade — que maluca de amores — a dizer sandices. Entram sucessivamente um pastor castelhano e um negro, ambos a queixarem-se dos males que o Amor lhes inflige. Também um velho, que chega, quer ir na nau. Dois fidalgos entram, lamentando-se de paixão: querem partir na nau. Um parvo sermoneia tontices com o frade louco. Finalmente, o príncipe aventureiro embarca, e o Amor manobra a nau para os mundos misteriosos da Quimera.

COMÉDIA DO VIÚVO. — Representada ao príncipe D. João, em 1514. Escrita em castelhano. Um viúvo entra a chorar-se por lhe ter morrido a mulher. Um frade apazigua-lhe as dores apontando-lhe o infortúnio de todos os que vivem. Um compadre, pelo contrário, faz da sua esposa um retrato hediondo. As duas filhas do viúvo, Melícia e Paula, exprimem a dor de lhes ter morrido a mãe. O príncipe da Uxónia corteja as duas irmãs, filhas do viúvo. Chama-se D. Rosvel o apaixonado. Com o fim de lhes falar, o príncipe finge-se trabalhador ignorante. O viúvo contrata-lhe os serviços; e ele subordina-se a rudes trabalhos por amor delas. Por fim, descobre a sua identidade às duas donzelas, que lhe suplicam, atónitas, as abandone. Mas um irmão de D. Rosvel, o príncipe D. Gilberto, vem à sua procura. Os dois príncipes encontram-se, e D. Rosvel diz ao irmão o seu amor, acabando os dois príncipes por casar: D. Rosvel com Paula; D. Gilberto com Melícia.

FLORESTA DE ENGANOS. — Representada ao rei D. João III em Évora, no ano de 1536. É a última composição teatral de Gil Vicente. Em português e em castelhano. Um filósofo aparece com um parvo acorrentado à perna. O filósofo discursa, e o parvo repete. Mas o parvo adormece, enquanto o filósofo medita. Por fim, o filósofo anuncia a comédia e diz o argumento da Floresta de Enganos. Entra um mercador. Um escudeiro reveste-se de mulher viúva, e «engana-o»: vende-lhe umas tenças atrasadas, que não eram tenças mas burlas. Cupido está amoroso de Grata Célia; e, para lhe falar, «engana» Apolo para que este obrigue o pai da princesa, o rei Telebano, a conduzir Célia à serra Mineia e a deixá-la sozinha ali, em penitência. Uma jovem esperta «engana» também um doutor de leis, que se porta como alarve. Cupido rende homenagem à princesa Célia, que prefere os rouxinóis aos seus galanteios; e acaba por «enganar» Cupido, convencendo-o de que o ama. Chega o príncipe da Grécia com cinco duques peregrinos. Pouco depois chega a Ventura, peregrina também. A Ventura consorcia os jovens amorosos — a princesinha Grata Célia e o príncipe da Grécia. Cantos. E finda a comédia.

AUTO DA FEIRA. — Entra o deus Mercúrio, que profere dislates contra os astrólogos. Vem o Tempo, que arma tenda com várias coisas: virtudes e temores de Deus. Um Serafim chama a feirar as igrejas, os mosteiros, os sacerdotes, os papas, os príncipes, e incita-os a que lhes comprem «grande soma de temor de Deus». Um Diabo também arma tenda com «artes de enganar e coisas para esquecer o que devia lembrar», e outros malefícios. Entra Roma, que tenciona «comprar paz, verdade e fé»; o Diabo tenta-a, mas Roma recusa-se a comprar mais as «sujas mercancias» e «porquidades», que lhe comprara dantes. Roma saiu. Entram dois lavradores, que discutem os méritos e defeitos das consortes, cada um descontente com a que tem. Estas aparecem; eles ocultam-se. Também elas resmungam contra os maridos. As duas mulheres vão à Feira: oferece-lhes o Tempo consciência, mas elas preferem luxos. Chegam nove moças dos montes e três mancebas. Também elas se negam a comprar virtudes ao Serafim. Finalmente, de pé, entoam todos uma formosa cantiga em honra da Virgem. E assim finda a peça. O Auto da Feira é dos mais típicos na obra vicentina, porque ressalta nele, à luz meridiana, os intuitos erásmicos do autor. A corrupção de Roma surge ali patente. Dos autos conhecidos, nenhum excedeu as ousadias quase heterodoxas deste. Foi representado a D. João III em Lisboa, nas matinas do Natal de 1527. Escrito em português.

AUTO DA ALMA. — Discorre Santo Agostinho sobre a necessidade duma estalagem para as almas repousarem: a Igreja. Entram o Anjo Custódio e a Alma. O Anjo diz à Alma líricas expansões de ternura, animando-a a abandonar vaidades e riquezas. Vem o Diabo e desenvolve os seus poderes de sedução na Alma, que mal lhe resiste: vestidos, chapins, colar de oiro, anéis, brincos, os mil faustos com que o Diabo costuma tentar os homens. O Anjo luta contra a influência maléfica do Diabo, e ampara a alma até às portas da Igreja. Ela toma um dos lugares à mesa da Igreja, ajudada pelo Anjo. Santo Agostinho, Santo Ambrósio, S. Jerónimo e S. Tomás trazem quatro bacias de cozinha, com iguarias, para salvação da Alma: os açoutes, a coroa de espinhos, os cravos — emblemas da penitência. S. Jerónimo apresenta-lhe um crucifixo; e cantam o «Te Deum laudamus» diante do altar. A inspiração e o lirismo subiram às mais lúcidas esferas no Auto da Alma, profundo na sua significação simbólica e na sua linguagem poética. Julgamo-lo um dos melhores autos de Gil Vicente — vaga prelibação do Fausto de Goethe. Representado a D. Manuel por desejo da rainha D. Leonor, em Lisboa, na Semana Santa de 1508. Escrito em português.

FARSA DOS ALMOCREVES. — Foi representada ao rei D. João III em Coimbra, em 1526. Escrita em português. O capelão roga ao fidalgo que lhe pague as soldadas em débito. O fidalgo ilude-o com balofas promessas de o empregar no paço, no serviço do rei. O pajem do fidalgo anuncia-lhe o ourives, que vem reclamar o pagamento das dívidas. O fidalgo intruja o ourives, como tinha já intrujado o capelão. Chega o almocreve, Pero Vaz, com carrego para o fidalgo. Entrega-lho, e exige a paga; mas o fidalgo desgasta-se no paleio, e não lhe paga ceitil. Chega um 2.° fidalgo, a quem o 1.º fidalgo (o caloteiro) se gaba de ter dado, pouco antes, enormes quantias ao ourives e ao almocreve... Falam de amores. O 1.º fidalgo declara que só amará mulher rica, o 2.º fidalgo repreende-o por tão vil interesseirismo. Assim termina.

Assistência a parte de vídeo com Farsa de Inês Pereira (cena de Lianor Vaz).

Resolve o ponto 1 de Gramática, no fim da p. 124:

A frase em que o pronome «que» não é complemento direto é a ______.

Resolve o ponto 5 da p. 128:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Redige começo de texto para concurso de PNED (cfr. Apresentação):

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

Garth Jennings, Cantar!

representado em ____, 1523

realizado nos EUA, em 2016

ação: Portugal, séc. XVI, no campo

ação: num país fictício, séc. XXI, numa ______

Género: aparentado com a comédia ou com a tragédia?

Na didascália inicial usa-se a classificação «_____ de folgar».

Num site de cinema encontramos a classificação «_____ musical de animação».

Podemos considerar que em ambas as obras há comédia, em sentido lato, porque tudo se ajeita no final, mesmo o que parecia comprometido durante boa parte do filme ou da peça. O percurso é o mesmo: (i) demanda de um objetivo; (ii) consecução; (iii) desastre-queda (aparência de tragédia); (iv) recuperação até ao triunfo final. (Nas tragédias, ao contrário, tudo termina ____.)

Conceção das personagens: planas ou redondas?

Muito mais _____ do que redondas. Há «tipos», as personagens são caricaturais (a rapariga casadoira, vaidosa e fútil; o escudeiro fanfarrão, egoísta e cobarde; o pacóvio honesto, ignorante mas generoso). Pretende-se passar uma lição moral («mais vale asno que me leve que cavalo que me _____»). E ficamos contentes quando percebermos que os maus não têm sorte.

Muito mais _____ do que redondas As personagens têm perfis que correspondem a estereótipos (a elefanta tímida com medo do palco; o rato chico-esperto ambicioso; a mãe porca que desiste da carreira para tratar dos seus filhos, aliás dos seus leitões). E percebemos que os bons vencerão e que os maus vão regenerar-se, e passar para o lado dos bons, ou _____.

Funcionalidade das personagens

O problema de Inês é aborrecer-se em casa. Quer ter uma vida mais _____, mas para isso tem de casar com alguém sofisticado.

Adjuvantes de Inês são a mãe e a alcoviteira Lianor Vaz. Esta vai tratar de lhe encontrar pretendentes, que se _____ perante Inês.

O problema de Moon são as _____. Quer manter o seu teatro, mas tem de conseguir um grande êxito e cria um concurso de talentos.

A adjuvante de Moon é Miss Crawley. Desastrada, faz que haja uma multidão de candidatos ao concurso, que se ______ perante o coala.

TPC — Na Classroom, em trabalho para que os chamarei, deves descarregar texto já com uma versão melhorada e completa, em Word, do artigo-exposição que hoje iniciaste. Imprimirei depois eu esse trabalho e trá-lo-ei com emendas minhas, à mão. Nessa altura, lançá-las-ás em nova versão que descarregarás na Classroom.

 

 

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