Tuesday, September 06, 2022

Aula 87-88

Aula 87-88 (13 [1.ª, 3.ª], 14/mar [4.ª, 5.ª]) Correção de resumo do excerto 5 feito na aula anterior e de tepecê de há duas aulas, sobre ‘Atos de fala’ (cfr. Apresentação).

Solução possível para o resumo pedido na aula passada (sobre excerto 5):

Casada, Inês, que agora se julga livre, retoma espontaneamente os bordados e o canto amoroso. Brás da Mata, porém, revela-se-lhe então na sua tirania.

Confrontada com uma autoridade que não admite réplica, Inês fica, de novo, prisioneira (proibida de sair de casa, de cantar, de ir à missa, de ver e falar com quem quer que seja, vigiada pelo criado do marido). 

Quando o marido tirano parte para África, em busca de uma nobilitação impossível, a voz de Inês volta, porém, a ouvir-se em canto e em monólogo reflexivo.

Por carta de seu irmão, vem Inês a saber da morte, nada gloriosa, do marido, às mãos de um pastor e quando fugia da batalha. Despedido o moço, Inês viúva declara querer «tomar, / pera boa vida gozar, / um muito manso marido».

Muito a propósito, logo aparece Lianor Vaz, que lhe lembra que Pero Marques «herdou / fazenda de mil cruzados».

Completa esta síntese da parte da Farsa que vimos hoje, correspondente ao último excerto da peça («Excerto 6», pp. 160-162). (O que falta são sempre transcrições do próprio texto de Gil Vicente. Procura-as no texto, não na ficha de quem esteja a teu lado.)

Inês diz a Pero que gostava de sair («Marido, e ______ eu agora / que há muito que não saí?»). Pero, ingénuo, julga que Inês quer fazer cocó, já que «sair» significaria também ‘defecar’ e dispõe-se a deixá-la sozinha («eu me sairei pera _____»). Desfeito o equívoco — no fundo, houve uma situação cómica gerada por ambiguidade da linguagem —, Inês lá explica que o que pretende é «ir ______ onde eu quiser», o que Pero autoriza sem quaisquer restrições.

Inês encontra um Ermitão que lhe revela ser um seu antigo apaixonado, desde os tempos de criança, quando ela «era ainda ______». Reconhecendo-o («sois aquele que um dia / em casa de minha tia, / me mandastes _______»), Inês compromete-se a visitá-lo na ermida. Após este primeiro encontro com o Ermitão, o marido diz-lhe para se ajeitar: «Corregei vós esses ______, / e ponde-vos em feição», o que já indicia a infidelidade de Inês.

Inês consegue que o bom — e cornudo — do Pero Marques a conduza até ao local do encontro amoroso, sob a justificação de o Ermitão ser um homem santo. Assim, o marido submisso leva-a ao encontro do amante, carregando-a às costas quando atravessam um rio. Durante a travessia, cantam uma canção carregada de ironia, na qual Inês chama o marido «______», «______» e «cuco» (metáforas com animais sobretudo portadores de belas cornaduras que significariam ‘enganado’ ou ‘atraiçoado’). Pero Marques limita-se a repetir o refrão, «Pois assim se fazem as _______». Fica realçada a infidelidade de Inês e a ingenuidade e submissão de Pero e, consequentemente, ilustra-se o provérbio que servira de mote, «mais quero ______ que me leve que cavalo que me derrube».

Atentando no seu paralelismo, estabelece a correspondência entre os vários momentos desta parte final da Farsa e os anteriores.

Parte final:

a) Inês canta com alegria o seu casamento, o qual lhe permite uma total liberdade. = ____.

b) Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de Inês, e esta aceita-o. = ____.

c) Reflexão de Inês sobre as vantagens do casamento com Pero Marques. = ____.

d) Lianor Vaz casa Pero Marques e Inês, sem cerimónia nem festa. = ____.

e) Inês vive feliz, com total liberdade, e é infiel ao seu marido. = ____.

Excertos anteriores:

1) Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de Inês e esta rejeita-o (vv. 176-257).

2) Reflexão de Inês sobre as desvantagens do casamento com o Escudeiro (vv. 834-862).

3) Inês e Brás da Mata casam-se, com cerimónia e com festa (vv. 703-752).

4) Inês vive infeliz e sem liberdade com o Escudeiro (vv. 776-825).

5) Inês canta com tristeza a sua vida de cativeiro e trabalho (vv. 1-36).

Gil Vicente pôs em cena personagens que encarnavam os elementos no ditado, ou provérbio, abaixo (que, recordemos, lhe fora dado enquanto mote sobre que deveria criar uma peça, para provar que era mesmo o autor das suas obras). Faz a correspondência com as personagens que os representam, escrevendo os seus nomes nas linhas vagas:

«Mais  quero  asno  que  me  leve  que  cavalo  que me derrube»

                      _____        ___                ________      Inês  

Sinopse da Farsa de Inês Pereira — Esta farsa visa ilustrar o ditado «Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube». Inês Pereira é muito vaidosa, e propõe-se a gozar a vida. A mãe censura-a pela sua mândria. Leonor Vaz informa que um clérigo costuma assaltá-la, para verificar se ela é fêmea ou macho. Veio para entregar uma carta de Pero Marques a Inês, que se aborrece com a leitura da insípida missiva. A alcoviteira e a mãe aconselham-na a casar com homem rico. Inês Pereira recebe a visita do pretendente. A mãe deixa-os sós; e Pero Marques sai envergonhado de estar só com ela. A mãe volta. Inês declara-lhe que não aceita aquele simplório, e só casará com quem tanja e cante. Vêm os judeus casamenteiros, que lhe arranjam marido a gosto: um escudeiro pelintra, mas cantador. Inês casa-se com ele. O escudeiro torna-se ciumento, encerra-a em casa, escraviza-a. O escudeiro morre longe, na Mourama. Inês regozija-se. Pero Marques, trazido pela alcoviteira Leonor Vaz, casa-se com ela. Um ermitão diz galanteios a Inês, que vai recrear-se com ele à ermida, levando-a o marido às cavaleiras.

Escreve a sinopse de uma peça que, como fez Vicente com «Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube», ilustrasse um provérbio, dado como mote. Escolhe esse provérbio-mote relanceando os dicionários que farei circular. O contexto da peça — de que escreverás apenas a sinopse — não tem de ser quinhentista.

Sinopse da Farsa . . . . . . . . . . . . — Esta farsa visa ilustrar o ditado «. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .». . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — No manual, dá um relance às páginas 154-155 (com um questionário resolvido). Vai também lendo na diagonal as pp. 156-159, sobre ‘Complemento do nome’ e sobre ‘Complemento do adjetivo’.

 

 

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