Saturday, August 26, 2017

Bibliofilmes do 10.º 2.ª


Seguem-se trabalhos inspirados em livros lidos. Quando à frente da classificação figurarem asteriscos (*), significa que os bibliofilmes me chegaram já depois do prazo estipulado e que, por isso, sofrerão uma penalização (cada asterisco corresponde a um dia de atraso e, portanto, a meio valor a retirar à nota que se registará para já). Quanto a $, assinala que o título do ficheiro não seguiu o exato modelo que dera nas «Instruções» («Bibliofilme de ... do 10.º ...»); e £ quer dizer que não vinha indicada no mail a obra que serviu de ponto de partida, como também se pedia nas citadas instruções.

Marta
Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | Marta (19,5) O domínio de vários recursos fílmicos completa muito bem, no mesmo sentido (poético, conotativo), o que também se consegue ao nível discursivo, que se revela igualmente muito competente. Indicarei um aspeto que me parece prejudicial, o uso de um corte vertical do ecrã.

João Pedro
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | João Pedro (17,5) $ £ Bom ritmo, diversidade de locais e, ao mesmo tempo, agregação em torno de pretextos interessantes para analogia com livro lido; cuidado técnico. A corrigir: «*o Monsanto» (Monsanto); «*quando Robinson terá chegado» (quando Robinson chegou); «*atividade que» (atividade em que).

Miguel C.
Jonathan Swift, As viagens de Gulliver | Miguel C. (17,5 ou mesmo 17,5-18) $ £ Originalidade e domínio técnico; ironia no todo (também, por exemplo, na legenda final). Leitura lenta até pode beneficiar o ouvinte mas, por vezes, revela pouca fluência (é área muito melhorável não só em termos de microfilme); a corrigir: «*durante o livro»; «umas coisas»; um «esforçarmo-nos» cuja pronúncia não saiu clara.

G. Cabo
Ferreira de Castro, A Selva | Cabo (13) Leitura em voz alta em bom ritmo e reveladora de competência nesse domínio. Usou-se abordagem que desaconselhara (segue-se muito a própria obra; imagens de ilustração do que vai sendo relatado); a corrigir: «*toda a gente prontos» (pronta); «*haviam quinze» (havia); «*teria ido» (tinha ido); «*teria feito» (fizera; tinha feito); «*ao perto» (perto [ao pé de]); «*meteram-lhe um conjunto de [...]» (puseram-lhe).

João S.
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | João S. (17) $ Escrita sem erros, irónica, ainda que centrada na apreciação do livro; leitura em voz alta certa e clara mas ainda pouco plástica (ainda a poder evoluir na naturalidade e na adaptação à pontuação e à expressividade); asseio técnico consegue esconder que não houve grande investimento nos aspetos de realização de cinema. A corrigir: «desvanece» pareceu-me mal pronunciado.

Afonso
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Afonso (17,5) [$] £ Boas escrita e acabamento técnico; boas metáforas e ironia, em analogia com Robinson e com Odisseia (já agora: para efeitos de concurso sobre esta última obra, achei que as alusões eram demasiado leves, pretender-se-ia foco mais evidente no enredo da obra de Homero); leitura em voz alta sem incorreções mas ainda pouco fluida (ainda um tanto agarrada às linhas de texto). A corrigir: «seriam-lhes» (ser-lhes-iam).

Pedro Torrado
Jorge Amado, Capitães da areia | Pedro T. (15,5) Boa ideia, enquanto analogia muito livre com o livro lido; estilização interessante; texto bem escrito. Na leitura em voz alta, expressividade (caso a caso, até bem conseguida) sai prejudicada pela velocidade e pela justaposição (se for tudo expressivo, nada é expressivo) — terá faltado mais ensaio da leitura.

Miguel B.
Jorge Amado, Capitães da areia & Ricardo Araújo Pereira, A doença, o sofrimento e a morte entram num bar | Miguel B. (18) Bom texto «espontâneo», inteligente, provavelmente mais preparado do que nos parece; primeira parte muito cinematográfica (planificação requerida pelo cinema); representação do estilo coloquial conseguida (ou, se calhar, jeito natural para falar de improviso à frente da câmara). Legendas finais com vários erros: «*espero que [tenham] gostado»; «*ambito» (âmbito); «*inetert» (internet); «*capitãs» (capitães); falta de vírgula após «, de curta duração».

Ricardo
Jorge Amado, Capitães da areia | Ricardo (15,5) $ £ Boa realização (recolha de imagens, montagem, execução de tudo); leitura em voz alta correta. Texto está talvez demasiado simples (é, salvo erro, extraído da própria obra ou, pelo menos, uma adaptação-síntese); a corrigir: «*cons[í]gamos» como esdrúxula (é «consigamos», com acentuação como palavra grave que é).

Carolina
Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | Carolina (15) $ Texto de reflexão sobre relação com a leitura e com o desenho liga-se com a obra lida, também pela solução por que se opta (deixar a escrita para quem sabe). A leitura em voz alta poderia ser ligeiramente mais lenta, embora essa sensação resulte talvez de haver música de fundo (o que costuma fazer que percecionemos como «acelerado» o texto que está a ser lido); a corrigir «*quando se toca a livros» (quando toca a livros); «espairecer a cabeça» («espairecer», só, é preferível); melhorável ainda a pronúncia de «como se da protagonista se tratasse».

Guilherme V. & João A.
Edgar Allan Poe, Histórias Extraordinárias | João A. & Guilherme V. (17) $ Boa estilização do ambiente (música, preto e branco, a mata e o seu som concorrem para isso); história, enquanto paródia do policial, é engraçada (desaparecimentos só de pessoas com óculos; ter estado a pintar de vermelho a casa como justificação); boa realização (a implicar decerto bastante planificação). Representação oscilante (melhor a da parte de Guilherme do que a de João); texto podia estar mais fixo, mais definitivo.

João Cola
Sophia Andresen, Navegações | J. Cola (13) £ Ideia interessante; o próprio texto tem escrita razoável. Leitura em voz alta, demasiado rápida, devia ter sido mais ensaiada (texto parece lido à primeira, ainda sem suficiente reconhecimento e interpretação da pontuação); a corrigir: «*sobre investigação» (sob investigação); «ocupantes das colónias» (naturais das zonas colonizadas).

Diogo S.
Ondjaki, Os da minha rua | Diogo S. (13) $ £ Texto e abordagem em termos discursivos seguiram boa solução. Ao contrário, em termos de imagens, o trabalho é pobre, enquanto a leitura em voz alta devia ter sido mais ensaiada; a corrigir: «estas», «este» em número exagerado; «*outra das razões foi porque» (outra das razões foi a); «metemos» (pusemos); na legenda, «Onjaki» (Ondjaki).

Henrique
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Henrique (17) Ponto de partida bem encontrado (selvagens, sobrevivência, portugueses); bom sentido de cinema e montagem (incluindo som), embora tivesse preferido que não se usassem slides (decerto googlados); leitura em voz alta segura e razoavelmente preparada. Evitaria alguns lugares comuns («zona de conforto», «socializar») e o uso do inglês no final («produced by»).

Sebastião
Daniel Defoe, As aventuras de Robinson Crusoe | Sebastião (15,5) Boa narrativa, quase emocionante, analogia interessante com Robinson (a aventura; a moral); oral, entre leitura em voz alta e apresntação, bastante conseguido. Certo minimalisno no que se refere a imagens; texto talvez se possa criticar por ser exclusivamente narrativo; melhorável: «decidiram-nos ajudar» (decidiram ajudar-nos); antes de «atitude positiva» não percebo a palavra que é dita.

Ivo & João F.
Manuel Rui, Quem me dera ser onda; Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | João F. & Ivo (8) $ £ Não terão lido as instruções; a própria confusão de «bibliografia» (por bibliofilme) mostra que houve pouca atenção; texto parece fundar-se em recolha de trechos da net; parte visual também muito preguiçosa; ambas as leituras pouco preparadas (mais desleixada ainda a de Ivo); a corrigir: «*séculos atrás onde».

Francisco B.
Manuel Rui, Quem me dera ser onda | Francisco B. (17) $ £ Destaco esforço de expressividade e ritmo (final, «em direto», por exemplo). Texto escrito tem algumas agramaticalidades (talvez porque a abordagem esteja entre o registo formal e o mais coloquial). A corrigir: «*retrata uma história de uma família [...] que o pai»; «ao início» (no início).

Francisco A.
Jorge Amado, Capitães da areia | Francisco A. (15,5) «General do Asfasto» quase não se vê mas é (seria) boa ideia; em geral, boa leitura em voz alta, com voz clara, embora com uma ou duas hesitações; bom gosto no estilo visual, gráfico. A corrigir: nas legendas, «*não têm» (tem); falta vírgula em «Porque, se»; «reflectiu» já não tem o «c»; «*para nós estava vedado» (a nós estava vedado); faltam vírgulas a separar orações coordenadas (após «ninguém», após «personagens»).

Pedro F.
Arturo Pérez-Reverte, A Tábua de Flandres | Pedro F.  (13* [>12,5]) $ Escrita sem erros mas pouco ambiciosa (registo corrente, quase coloquial); leitura em voz alta aceitável; interessante recuperação de frases latinas do livro (não o tenho comigo, mas será assim). Parte visual pobre. A corrigir: «coisas».

Paulo
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Paulo (9,5* [>9]) $ £ Som de fundo interessante. Trabalho não tem a duração mínima exigida; slides googlados (contra o que pedira); leitura pouco ensaiada. A corrigir: não foi em 1500 que Vasco da Gama passou o Cabo da Boa Esperança.

Pedro P.
Peter Carey, O Japão é um lugar distante | Pedro P.  (11,5*** [> 10]) $ £ Tentativa de reflexão sobre Japão aceitável. Texto pouco elaborado, de comentário (desaconselhara esse formato, pedira que fossem criativos); slides; a corrigir: «*tênhamos» (tenhamos).

Amaral

Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | Amaral (15*** [> 13,5]) £ Há sentido dramático e fílmico: conseguiu-se a criação de um clima de mistério que parece depois um pouco desaproveitado (por exemplo, poderia haver um desfecho, um esclarecimento do mistério, talvez resolvendo também a relação com o livro, que é excessivamente ténue).

João Cardoso

Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | J. Cardoso (14*** [>12,5]) $ £ Qualidade técnica, originalidade (filme dentro do filme), mas também certa preguiça (inacabamento); a escrita respaldou-se muito nas definições, mostra humor (cfr. consorte), mas foi pouco elaborada (é um conjunto de definições de dicionário). Para que o dispositivo encontrado resultasse integralmente, era preciso que se justificasse a sua singularidade (por exemplo, através de uma desconstrução no final); também não há razão para a leitura das definições não ser perfeita. A corrigir: «*chamadas de império» (chamadas império); «*cons[ô]rte» (cons[ó]rte).

Camily

Homero, Odisseia | Camily (15) Texto em poesia (pareceu-me haver rima) mas pouco denso, simples; imagens bem escolhidas (mas é solução que resulta sempre, a do arquivo familiar); leitura em voz alta sem erros, ainda que sem especial expressividade. Relação com Odisseia quase demasiado ténue.

#