Bibliofilmes do 10.º 2.ª
Seguem-se trabalhos inspirados em livros lidos.
Quando à frente da classificação figurarem asteriscos (*), significa que os
bibliofilmes me chegaram já depois do prazo estipulado e que, por isso,
sofrerão uma penalização (cada asterisco corresponde a um dia de atraso e,
portanto, a meio valor a retirar à nota que se registará para já). Quanto a $, assinala
que o título do ficheiro não seguiu o exato modelo que dera nas «Instruções» («Bibliofilme
de ... do 10.º ...»); e £ quer dizer que não vinha indicada no mail a obra que
serviu de ponto de partida, como também se pedia nas citadas instruções.
Marta
Mathias Énard, Fala-lhes
de batalhas, de reis e de elefantes | Marta (19,5) O domínio de vários recursos fílmicos completa muito bem,
no mesmo sentido (poético, conotativo), o que também se consegue ao nível
discursivo, que se revela igualmente muito competente. Indicarei um aspeto que
me parece prejudicial, o uso de um corte vertical do ecrã.
João Pedro
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | João
Pedro (17,5) $ £ Bom ritmo, diversidade de locais e, ao mesmo tempo, agregação
em torno de pretextos interessantes para analogia com livro lido; cuidado
técnico. A corrigir: «*o Monsanto» (Monsanto); «*quando Robinson terá chegado»
(quando Robinson chegou); «*atividade que» (atividade em que).
Miguel C.
Jonathan Swift, As viagens de Gulliver | Miguel C.
(17,5 ou mesmo 17,5-18) $ £ Originalidade e domínio técnico; ironia no todo (também, por exemplo,
na legenda final). Leitura lenta até pode beneficiar o ouvinte mas, por vezes,
revela pouca fluência (é área muito melhorável não só em termos de microfilme);
a corrigir: «*durante o livro»; «umas coisas»; um «esforçarmo-nos» cuja
pronúncia não saiu clara.
G. Cabo
Ferreira de Castro, A Selva | Cabo (13)
Leitura em voz alta em bom ritmo e reveladora de competência nesse domínio. Usou-se
abordagem que desaconselhara (segue-se muito a própria obra; imagens de ilustração do que vai
sendo relatado); a corrigir: «*toda a gente
prontos» (pronta); «*haviam quinze» (havia); «*teria ido» (tinha ido); «*teria
feito» (fizera; tinha feito); «*ao perto» (perto [ao pé de]); «*meteram-lhe um
conjunto de [...]» (puseram-lhe).
João S.
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | João S.
(17) $ Escrita sem erros, irónica, ainda que centrada na apreciação do livro;
leitura em voz alta certa e clara mas ainda pouco plástica (ainda a poder
evoluir na naturalidade e na adaptação à pontuação e à expressividade); asseio
técnico consegue esconder que não houve grande investimento nos aspetos de
realização de cinema. A corrigir: «desvanece» pareceu-me mal pronunciado.
Afonso
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Afonso (17,5) [$] £ Boas escrita e acabamento técnico; boas metáforas e ironia, em
analogia com Robinson e com Odisseia
(já agora: para efeitos de concurso sobre esta última obra, achei que as
alusões eram demasiado leves, pretender-se-ia foco mais evidente no enredo da
obra de Homero); leitura em voz alta sem incorreções mas ainda pouco fluida
(ainda um tanto agarrada às linhas de texto). A corrigir: «seriam-lhes»
(ser-lhes-iam).
Pedro Torrado
Jorge Amado, Capitães da areia | Pedro T.
(15,5) Boa ideia, enquanto analogia muito livre com o livro lido; estilização
interessante; texto bem escrito. Na leitura em voz alta, expressividade (caso a
caso, até bem conseguida) sai prejudicada pela velocidade e pela justaposição
(se for tudo expressivo, nada é expressivo) — terá faltado mais ensaio da
leitura.
Miguel B.
Jorge Amado, Capitães da areia & Ricardo Araújo
Pereira, A doença, o sofrimento e a morte
entram num bar | Miguel B.
(18) Bom texto «espontâneo», inteligente, provavelmente mais preparado do
que nos parece; primeira parte muito cinematográfica (planificação requerida
pelo cinema); representação do estilo coloquial conseguida (ou, se calhar, jeito
natural para falar de improviso à frente da câmara). Legendas finais com vários
erros: «*espero que [tenham] gostado»; «*ambito» (âmbito); «*inetert»
(internet); «*capitãs» (capitães); falta de vírgula após «, de curta duração».
Ricardo
Jorge Amado, Capitães da areia | Ricardo
(15,5) $ £ Boa realização (recolha de imagens, montagem, execução de tudo);
leitura em voz alta correta. Texto está talvez demasiado simples (é, salvo
erro, extraído da própria obra ou, pelo menos, uma adaptação-síntese); a corrigir: «*cons[í]gamos»
como esdrúxula (é «consigamos», com acentuação como palavra grave que é).
Carolina
Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de
elefantes | Carolina
(15) $ Texto de reflexão sobre relação com a leitura e com o desenho liga-se
com a obra lida, também pela solução por que se opta (deixar a escrita para quem
sabe). A leitura em voz alta poderia ser ligeiramente mais lenta, embora essa
sensação resulte talvez de haver música de fundo (o que costuma fazer que
percecionemos como «acelerado» o texto que está a ser lido); a corrigir «*quando
se toca a livros» (quando toca a livros); «espairecer a cabeça» («espairecer»,
só, é preferível); melhorável ainda a pronúncia de «como se da protagonista se
tratasse».
Guilherme V. & João A.
Edgar Allan Poe, Histórias Extraordinárias | João A.
& Guilherme V. (17) $ Boa estilização do ambiente (música, preto e branco,
a mata e o seu som concorrem para isso); história, enquanto paródia do
policial, é engraçada (desaparecimentos só de pessoas com óculos; ter estado a
pintar de vermelho a casa como justificação); boa realização (a implicar
decerto bastante planificação). Representação oscilante (melhor a da parte de
Guilherme do que a de João); texto podia estar mais fixo, mais definitivo.
João Cola
Sophia Andresen, Navegações | J. Cola
(13) £ Ideia interessante; o próprio texto tem escrita razoável. Leitura em voz
alta, demasiado rápida, devia ter sido mais ensaiada (texto parece lido à
primeira, ainda sem suficiente reconhecimento e interpretação da pontuação); a
corrigir: «*sobre investigação» (sob investigação); «ocupantes das colónias»
(naturais das zonas colonizadas).
Diogo S.
Ondjaki, Os da minha rua | Diogo S.
(13) $ £ Texto e abordagem em termos discursivos seguiram boa solução. Ao
contrário, em termos de imagens, o trabalho é pobre, enquanto a leitura em voz
alta devia ter sido mais ensaiada; a corrigir: «estas», «este» em número
exagerado; «*outra das razões foi porque» (outra das razões foi a); «metemos»
(pusemos); na legenda, «Onjaki» (Ondjaki).
Henrique
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Henrique
(17) Ponto de partida bem encontrado (selvagens, sobrevivência, portugueses); bom
sentido de cinema e montagem (incluindo som), embora tivesse preferido que não
se usassem slides (decerto googlados); leitura em voz alta segura e
razoavelmente preparada. Evitaria alguns lugares comuns («zona de conforto»,
«socializar») e o uso do inglês no final («produced by»).
Sebastião
Daniel Defoe, As aventuras de Robinson Crusoe |
Sebastião
(15,5) Boa narrativa, quase emocionante, analogia interessante com Robinson (a
aventura; a moral); oral, entre leitura em voz alta e apresntação, bastante
conseguido. Certo minimalisno no que se refere a imagens; texto talvez se possa
criticar por ser exclusivamente narrativo; melhorável: «decidiram-nos ajudar»
(decidiram ajudar-nos); antes de «atitude positiva» não percebo a palavra que é
dita.
Ivo &
João F.
Manuel Rui, Quem me dera ser onda; Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | João F. & Ivo (8) $ £ Não terão lido as instruções; a própria confusão de «bibliografia»
(por bibliofilme) mostra que houve pouca atenção; texto parece fundar-se em recolha de trechos da net; parte visual também muito preguiçosa; ambas as leituras pouco preparadas (mais desleixada ainda a de Ivo); a
corrigir: «*séculos atrás onde».
Francisco
B.
Manuel Rui, Quem me dera ser onda | Francisco B.
(17) $ £ Destaco esforço de expressividade e ritmo (final, «em direto», por
exemplo). Texto escrito tem algumas agramaticalidades (talvez porque a
abordagem esteja entre o registo formal e o mais coloquial). A corrigir: «*retrata
uma história de uma família [...] que o pai»; «ao início» (no início).
Francisco
A.
Jorge Amado, Capitães da areia | Francisco A. (15,5) «General do Asfasto» quase não se vê mas é (seria) boa
ideia; em geral, boa leitura em voz alta, com voz clara, embora com uma ou duas
hesitações; bom gosto no estilo visual, gráfico. A corrigir: nas legendas, «*não
têm» (tem); falta vírgula em «Porque, se»; «reflectiu» já não tem o «c»; «*para
nós estava vedado» (a nós estava vedado); faltam vírgulas a separar orações
coordenadas (após «ninguém», após «personagens»).
Pedro F.
Arturo Pérez-Reverte, A Tábua de Flandres | Pedro F.
(13* [>12,5]) $ Escrita sem erros mas pouco ambiciosa (registo corrente, quase
coloquial); leitura em voz alta aceitável; interessante recuperação de frases
latinas do livro (não o tenho comigo, mas será assim). Parte visual pobre. A
corrigir: «coisas».
Paulo
Daniel Defoe, Aventuras de Robinson Crusoe | Paulo (9,5*
[>9]) $ £ Som de fundo interessante. Trabalho não tem a duração mínima exigida; slides googlados (contra o que pedira); leitura pouco ensaiada. A
corrigir: não foi em 1500 que Vasco da Gama passou o Cabo da Boa Esperança.
Pedro P.
Peter Carey, O Japão é um lugar distante | Pedro P.
(11,5*** [> 10]) $ £ Tentativa de reflexão sobre Japão aceitável. Texto
pouco elaborado, de comentário (desaconselhara esse formato, pedira que fossem criativos);
slides; a corrigir: «*tênhamos» (tenhamos).
Amaral
Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | Amaral (15*** [> 13,5]) £ Há sentido dramático e fílmico: conseguiu-se a criação de um clima de
mistério que parece depois um pouco desaproveitado (por exemplo, poderia haver
um desfecho, um esclarecimento do mistério, talvez resolvendo também a relação
com o livro, que é excessivamente ténue).
João
Cardoso
Mathias Énard, Fala-lhes de batalhas, de reis e de elefantes | J. Cardoso (14*** [>12,5]) $ £ Qualidade técnica, originalidade (filme dentro
do filme), mas também certa preguiça (inacabamento); a escrita respaldou-se
muito nas definições, mostra humor (cfr. consorte), mas foi pouco elaborada (é
um conjunto de definições de dicionário). Para que o dispositivo encontrado resultasse
integralmente, era preciso que se justificasse a sua singularidade (por
exemplo, através de uma desconstrução no final); também não há razão para a
leitura das definições não ser perfeita. A corrigir: «*chamadas de império» (chamadas
império); «*cons[ô]rte» (cons[ó]rte).
Camily
Homero, Odisseia | Camily
(15) Texto em poesia (pareceu-me haver rima) mas pouco denso, simples; imagens
bem escolhidas (mas é solução que resulta sempre, a do arquivo familiar);
leitura em voz alta sem erros, ainda que sem especial expressividade. Relação
com Odisseia quase demasiado ténue.
#
<< Home