Poesia trovadoresca pelo 10.º 4.ª
Seguem-se trabalhos em torno de cantigas. As
instruções para esta tarefa ficaram aqui. Ao longo das férias, irei escrevendo os comentários.
Rodrigo
«Porque
se foi daqui meu amigo» (Fernão Froiaz) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=808&pv=sim | Rodrigo (18,5-18) Muito bom texto, de género autobiográfico, memorialístico, ainda que, aqui
e ali, talvez demasiado burilado (se eu tiver um jardim todo cheio das flores
mais belas, nem reparo que há flores belas — alegoria para: se todos os
segmentos do texto tiverem um recurso estilístico, todas as frases um advérbio
inteligente, um adjetivo que evite a repetição do que já se usou, , não nos
aperceberemos de que esta ou aquela frase ou palavra são interessantes). A
leitura em voz alta está também muito boa, considerando a relação entre as
dificuldades postas por um texto muito complexo, extenso, a velocidade a que se
conseguiu ler. Imagens muito apropriadas. Em «eventualmente arranjei uma
nova melhor amiga», o advérbio é usado na aceção inglesa (‘finalmente,
‘consequentemente’, ‘enfim’, ‘então’); em português, por ora, «eventualmente»
significa ‘talvez’. Em «a única relação [...] reside apenas» era
desnecessária uma das palavras que sublinhei (muitos dirão que há um
pleonasmo). Certos futuros («tratá-lo-á», «nunca se voltará»), no momento em
que se está a reportar um passado, talvez devessem dar lugar a condicionais
(«tratá-lo-ia», «nunca se voltaria»).
Gonçalo
«Ai Deus, u é meu amigo»
(João Lopes de Ulhoa) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=716&pv=sim
| Gonçalo (17,5) Texto
narrativo muito bem escrito cria uma continuação ou um sucedâneo, em prosa, da
cantiga lida no início, correspondendo o narrador ao sujeito do poema de Ulhoa.
Interessante a estratégia de, para nos adiar o desfecho, intercalar a parte de
comentário literário imediatamente antes da conclusão da «história». Leitura em
voz alta bastante perfeita (com uma única hesitação [1.30]). Imagem bonita e
pertinente. Em «com uma delicadeza que só ele era capaz» creio que falta a
preposição («com uma delicadeza de que só ele era capaz»); «zumbido»
saiu demasiado «z[o]mbido».
Clara
«Foi-s' um dia meu amigo
daqui» (Martim de Caldas) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1225&pv=sim
| Clara (18-17,5) Numa
espécie de desnvolvimento em prosa da cantiga de amigo, criou-se texto de 1.ª
pessoa (correspondendo esse narrador homodiegético ao sujeito da cantiga),
transposto já para o nosso tempo, que está bem escrito. Leitura em voz alta boa
ou boazinha (sem erros, mas com duas ou três ligeiras hesitações). Parte visual
— filme — revela bom gosto e cuidado técnico: cenários do filme acompanham (ou
simbolizam) as fases do enredo da narrativa e da cantiga. Melhorável: «Sem
confessar-se a ninguém em específico» (preferível: «sem se
confessar a ninguém especificamente»; «é intitulada de» («é
intitulada» ou «intitula-se» sem preposição) — já agora, não se pode dizer que
«Foi-s' um dia meu amigo daqui» seja o título da cantiga (convenciona-se citar
os poemas que não têm título através do v. 1, o que não implica que se possa
dizer que se trata de um título).
Joana
«Esso mui pouco que
hoj´eu falei» (João Garcia de Guilhade) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=406&pv=sim
| Joana (17-16,5) O texto
criado é uma narrativa (reconheçamos: um tanto ao estilo de telenovela ou de
teatro radiofónico) que serve para estabelecer analogias com aspetos da
cantiga. Está bem redigida e serve também para nos revelar capacidades da
autora quanto a estabelecer interpretações das linhas dos dois textos (história
e cantiga). Boa leitura em voz alta, ainda que com uma ou duas hesitações. Na
leitura da parte da cantiga, o xis de «dixe» corresponde aproximadamente ao som
[∫] (como em ch em português atual). Imagem
é apropriada (seria um dos relógios arranjados pelo bom do José do Relógio,
curiosamente ainda na caixa original). Melhorável: «*Até o carro se desaparecer
pela rua» («Até o carro desaparecer pela rua»).
Emilly
«Quantas sabedes amar
amigo» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1312&pv=sim
| Emilly (16-16,5) Boa
leitura da cantiga. A restante leitura em voz alta talvez pudesse ser mais
interpretativa, parece-me demasiado igual, por vezes um pouco apressada (e há
cortes na gravação). Texto criado corresponde a um depoimento pessoal a
propósito do tópico ‘mar’ (não há incorreções de escrita, mas o estilo é
relativamente informal, de quem conversa espontaneamente, desperdiçando-se um
pouco a densidade, a complexificação, que permite a escrita). Pareceu-me
repetir-se um pouco «Esta cantiga» (o que seria um exemplo da necessidade de
demorar mais rtempo na escrita). Imagem apropriada e bem escolhida.
Eduardo
«Por mui fremosa, que
sanhuda estou» (Pero Meogo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1214&tr=4&pv=sim
| Eduardo (17-17,5) Texto
muito bom (destaco o final, com retoma da cantiga, e pequenos comentários de
auto-ironia — «quinze fotos familiares depois»). Leitura em voz alta poderia
ser menos rápida (essa velocidade acaba por fazer que algumas sílabas sejam
quase «comidas» e propicia naturais hesitações); por outro lado, tem o mérito
de ser muitas vezes expressiva, quase sempre adequadamente expressiva. Parte
visual, assente em montagem de fotografias de ilustração do percurso e decerto
do seu arquivo pessoal-familiar, mostra cuidado e apoia bem o texto. Melhorável:
«*Leva-nos [à/há?] cerca de quatro meses [atrás]» seria «Leva-nos a cerca de há
quatro meses [atrás]»; «Leonor de Castro» é lapso (Inês de Castro).
Hugo
«A
dona que eu am'e tenho por senhor» (Bernal de Bonaval) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1083&tr=4&pv=sim | Hugo (16-15,5) Texto em tom pessoal, bem escrito, com momentos de
bastante sensibilidade. Leitura em voz alta em velocidade correta (talvez
ligeirissimamente mais rápida do que poderia ser), com boas soluções de expressividade
aqui e ali, mas que talvez não perdesse em ter sido mais ensaiada. A corrigir: «*Para
mim [...] causou-me» (seria: «A mim [...] causou-me»); «*pelo que me tornei
hoje» («por aquele em que me tornei hoje»). Imagem muito adequada.
Diana
«Quand'eu fui um dia vosco falar» (João Airas de Santiago) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1044&tr=4&pv=sim| Diana (15,5) Boa
atualização do texto da cantiga; comentário literário também procurou ser
original. Texto, entre o expositivo e a reflexão pessoal, geralmente bem
escrito (ainda que este tipo de texto pudesse cair facilmente em lugares
comuns). Leitura em voz alta correta e em velocidade adequada, mas com uma ou
duas hesitações (corrigir: «*e juntas das coisas» — «e junto das coisas»). Imagem,
decerto original, é bonita (Notre-Dame, em Paris; Santiago de Compostela também
seria apropriado, porque o João Airas devia ser galego e de Santiago). Melhorável:
«*Irão haver pessoas» («Irá haver pessoas» — é que o verbo «haver» não tem
sujeito: «pessoas» é o complemento direto).
Inês O.
«Covilheira velha, se vos fezesse» (Afonso Anes de Cotom) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1611&pv=sim | Inês O. (15) Texto
criado é interessante, autobiográfico, um relato que se segue muito bem (às
tantas, porém, ficou quase demasiado espontâneo, improvisado — um exemplo: «e
etc.»). Leitura em voz alta da cantiga podia ser mais convicta (foi uma leitura
de quem não está confiante e lê mais para si do que para os outros ouvirem); ficou
melhor a leitura da parte de texto próprio, num estilo que é quase o de quem
conversa. Imagem adequada à narrativa (se for verdadeira, melhor ainda). Há
aspetos a corrigir em termos de escrita ou de pronúncia: «*no entretanto» («no
entanto», «entretanto»); «*[in]volução» («evolução»); e, sobretudo, é preciso
cuidado com o «onde», mais do que uma vez mal usado (só um exemplo: «*esta empregada,
onde eles poderiam substituí-la» — talvez: «esta empregada, que
eles poderiam substituir»).
Madalena
«Hoje quer'eu meu amigo
veer» (João Soares Coelho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=702&pv=sim
| Madalena (17,5) Texto
criado é argumentativo, o que implica um grau de dificuldade maior, bem superado.
Não sei se os depoimentos (a imitar o género jornalístico que se costuma
designar como «vox populi» — recolha de opiniões breves ao acaso) são verdadeiros;
presumo que não, porque me parecem construídos com sub-reptícia ironia. Boa, ou
mesmo muito boa, leitura em voz alta. Imagem é uma fotografia bonita (se tirada
pela autora, melhor ainda). Melhorável: «*receio [...] em não querer que o
filho veja o amigo» (seria: «receio de que o filho veja o amigo» ou «vontade de
que o filho não veja o amigo»).
Margarida
«A meu amigo, que eu
sempr'amei» (João Garcia) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=855&pv=sim| Margarida (16-16,5) Texto
bem escrito, uma narrativa na 1.ª pessoa (que não podemos saber se é
rigorosamente autobiográfica) associável à cantiga. Boa leitura em voz alta (só
«feminismo» não saiu bem). Parte visual, que implicou reunir imagens do arquivo
pessoal (e sei que com autorização das amigas), beneficia o trabalho, porque
ilustra o relato memorialístico, trazendo-lhe vivacidade, movimento. A
corrigir: «*e que podia contar sempre» (ficaria: «e com que podia contar
sempre»); em «deveras encharcado em lágrimas» talvez prescindisse do «deveras».
Note-se que o tempo mínimo não foi cumprido (ainda que por míseros três
segundos).
Pedro
«U noutro dia seve Dom
Foam» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1572&tr=4&pv=sim
| Pedro (18) Texto
muito bem escrito, transpondo para experiência própria uma característica
caricaturada numa cantiga de escárnio e maldizer. Leitura em voz alta sem
erros, mas abusando talvez da pontuação (nem toda a pontuação gráfica tem o seu
correspondente em pausas na entoação — há sinais que são obrigatórios pelas
leis da sintaxe mas que não têm de «ser lidos»). Imagem ilustra bem a memória
que constitui o relato. Melhorável: «*A partir do momento que me foi contado
que» (seria: «A partir do momento em que me foi contado que»); talvez
também «*número de vezes que olhava» («número de vezes em que olhava»).
Inês P.
«Ai ondas que eu vim
veer» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim
| Inês P. (16-16,5) Texto
está bem escrito — com uma ou outra incorreção que assinalo a seguir. Leitura
em voz alta boa (talvez muito boa), em velocidade sempre controlada (que nos
pode parecer quase lenta mas é a ideal para ouvirmos bem). «Codax» deve ser
lido «Coda[∫]» (este símbolo fonético corresponde ao som do «ch» em português)
e não «Coda[ks]»; «veer» corresponde ao nosso «ver» (e não a «vier»). Imagens
adequadas, embora nenhuma das praias seja a deTroia ou a de Vigo (em Vigo,
aliás, é mais ria). A corrigir: «*o seu tempo livre que tinha» (seria «o seu
tempo livre» ou «o tempo livre que tinha»); «*permite com que» (é «permite
que»). Note-se que o grande terramoto de Lisboa foi em 1755 (não em 1775).
Laura
«Eu nunca dórmio nada,
cuidand'em meu amigo,» (João Lopes de Ulhoa) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=720&tr=4&pv=sim
| Laura (18-17,5) Texto sem
erros (não gosto particularmente de narrativas que usam a estratégia de se
descobrir no final enquanto sonho, mas esta está bem escrita). Leitura em voz
alta muito boa. Imagem também muito adequada. A corrigir: «*limitando-me apenas»
(e preferível «limitando-me», sem nada mais, para evitar o pleonasmo); «*tivera
dado» é um cruzamento de «dera» com «tinha dado», as formas, simples e composta,
do mais- -que-perfeito (só usaremos uma: ou «dera» ou «tinha dado»); «batida da
porta» não me soa bem («bater da porta»); «e que, se tal for verdade» («e diz
que, se tal for verdade,»); «corri de encontro ao meu irmão» (ou, como
talvez fosse melhor, «corri ao encontro do meu irmão» — neste caso, até
dá dos dois modos, uma vez que terá a autora chocado com o irmão quando ia ao
seu encontro).
Mafalda
«Ai ondas que eu vim
veer» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&tr=4&pv=sim
| Mafalda (18-18,5) Texto
criado, muito bem redigido, é narrativo, mas com vários momentos em que a protagonista
exprime sentimentos e, por isso, também o podemos considerar lírico-narrativo
ou épico-narrativo (para ser franco, preferia que o motivo fosse mais medieval,
ou então assumidamente contemporâneo, do que, como é o caso, da época das
descobertas — mas a escolha é legítima, é claro). Leitura em voz alta muito boa
(há só uma ligeira hesitação, logo no início, cerca de 0.10), num estilo
próximo do de uma verdadeira dramatização (sobre a pronúncia do apelido do
jogral Codax, reproduzo o que já escrevi em outros comentários: «Codax» deve ser
lido «Coda[∫]» (este símbolo fonético corresponde ao som do «ch» em português)
e não «Coda[ks]». Imagem é um desenho, pela autora. Não podemos falar em leixa-prem numa cantiga de só duas estrofes
(o leixa-prem propriamente dito é a
repetição do 2.º verso da 1.ª estrofe como v. 1 da terceira estrofe; do v. 2 da
segunda estrofe como v. 1 da quarta; etc. — no nosso manual, isto está bem
explicado na p. 32, item 2; mas mal explicado no glossário da p. 69).
Francisca
«Estes meus olhos nunca perderám» (João Garcia de Guilhade) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=404&pv=sim
| Francisca (16) Texto
criado aproveita uma ideia da cantiga de amor, desenvolvendo-a numa narrativa
de 1.ª pessoa, ficcionada, bem escrita. Leitura em voz alta da cantiga propriamente
dita está muito boa, nem tanto a do texto criado pela autora (há aí hesitações [1.21;
1.40; 2.16], que destoam do resto e, portanto, valia a pena ter repetido a
gravação). Imagem escolhida não é mera ilustração — dialoga, ironicamente, com o
texto criado e com a cantiga.
Tomás
«Praz-mi a mi, senhor,
de morrer» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=501&pv=sim
| Tomás (16) Texto
criado é de tipo expositivo-argumentativo, com o mérito de ir intercalando
entre os exemplos expressões ou frases citadas da cantiga, que assim se entretecem
com o resto da argumentação. Boa leitura em voz alta. Imagem é homenagem que responde,
de certo modo, a um dos apelos surgidos no texto. A corrigir: «*demasiada
curta» («demasiado curta»); «chatear» deve evitar-se a não ser num registo
muito informal (que, na escrita, só aconteceria em diálogos); «sem por nós ter
sido dado o devido valor» («sem por nós lhes ter sido dado o devido
valor»).Trata-se, note-se, de uma cantiga de amor (e não, como se afirma, de uma
cantiga de amigo.
Botea
«Sedia-m'eu na ermida de
Sam Simion» (Mendinho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=861&pv=sim
| Botea (18) Texto
autobiográfico bem escrito, com inteligentes recuperações pontuais de citações
da cantiga. Boa leitura em voz alta, beneficiando da clareza advinda de não se
ter o vício lisboeta de comer vogais e sílabas. Em termos visuais conseguiu-se
que a informação veiculada pelo discurso oral fosse ilustrada, potenciada ou
caricaturada, pelos «cartoons» que figuram em alguns dos slides. Há dois erros
evitáveis: «*creatividade» (criatividade), «*terem havido dias» («ter havido
dias»; o verbo «haver» não sujeito — «dias» e o complemento direto).
Francisco
«Jus’a lo mar e o rio»
(João Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1182&pv=sim
| Francisco (15) Texto
está correto mas parece-me um tanto «burocrático», muito igual a outros textos
expositivos no domínio da divulgação das preocupações ecológicas (teria gostado
de abordagem mais criativa, mais pessoal, que implicasse escrita em que
encontrasse mais claramente a marca do autor — aliás, como a leitura foi muito
calma, acaba por haver pouco texto, se considerarmos que o filme demora pouco
mais do que o tempo mínimo). Leitura em voz alta parece-me demasiado lenta, mas
não há erros («preservação» é que não saiu bem»). Boa imagem. A corrigir: «*incêncio
na qual» («incêndio em que/no qual)».
João S.
«Eu, Louçana, enquant'eu
viva for» (Martim Padrozelos) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1267&pv=sim| João S. (16,5 [NB: imagem é provisória, será substituída por foto tirada pelo autor; nessa altura lançarei o meu comentário])
Lourenço
«Per ribeira do rio»
(João Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1176&pv=sim| Lourenço (15-15,5) História
criada é interessante (tem uma série de peripécias de vários níveis temporais, incluindo
a alusão ao contexto da cantiga, que mostram engenho narrativo). Leitura em voz
alta parece-me pouco preparada (às vezes, sentimos que o texto podia estar mais
reconhecido e que se lê sem ter havido um ensaio mais aourado). Boa imagem. A
corrigir: «Embora o vento cortante [...], tenho de ir buscar [...]» (teria
de haver verbo ou, em vez de «embora», usar-se «apesar de»: «Apesar do
vento cortante [...], tenho de ir buscar [...]»).
Daniel V.
«A mia senhor, que mui de coraçom» (Rui Pais de Ribela) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=310&pv=sim
| Daniel V. (14) Texto
criado é bastante inventivo e criativo, conseguindo-se boa ligação com a
cantiga (em termos de correção de escrita, ainda que houvesse que rever melhor,
aperfeiçoar a sintaxe). Leitura em voz alta é que está demasiado informal e
rápida (era preciso ter ensaiado mais, ter repetido mais). Imagem fica bem.
Leonor
«Pero da Ponte, paro-vos
sinal» (Afonso X) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=491&pv=sim
| Leonor (16-15,5) O texto
criado, uma memória de infância, está bem escrito (falta, porém, a parte de
comentário literário à cantiga). Leitura em voz alta também está bem. Imagem
foi bem escolhida. A corrigir: «energética» («enérgica» — as pessoas não são
energéticas [‘o que dá energia’] , são enérgicas [‘o que tem energia’]).
André
«Jograr, mal desemparado» (João Soares Coelho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1442&pv=sim
| André (13,5)
Trabalho não foi feito com a suficiente dedicação (dá-me ideia de que foi tudo
feito à pressa). Tempo mínimo não foi cumprido (há uma parte sem som; há uma
parte sem imagem — cada uma delas com cerca de minuto e meio, que será o tempo
atingido — provavelmente a ideia era fazê-las coincidir na montagem). Memória
relatada é interessante, articula-se com a cantiga, embora seja um relato mais
coloquial, quase espontâneo, do que de escrita trabalhada (e faltou o
comentário literário). Leitura em voz alta podia ter sido mais ensaiada. Imagens não são todas do autor (era preciso saber distingui-las para poder eu agora fazer um comentário). A
corrigir: «*Fiz um grande drama sobre um acontecimento» («Fiz um grande
drama por causa de um acontecimento»); «*damos importâncias a assuntos»
(«damos importância a assuntos»).
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