Poesia trovadoresca pelo 10.º 9.ª
Seguem-se trabalhos em torno de cantigas. As
instruções para esta tarefa ficaram aqui. Ao longo das férias, irei escrevendo os comentários.
Francisco
«Vosso pai na rua» (João
de Gaia) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1466&pv=sim
| Francisco (14,5-15) Texto
criado, num estilo ora de depoimento pessoal e relato de peripécia passada com
o autor ora quase apelativo e panfletário, quase não tem erros embora se socorra
de não poucos lugares comuns; domina demasiado a simples coordenação: e... +
e... + e... . Leitura em voz alta segura, numa velocidade adequada (às vezes,
porém, a precisar de maior convicção). Imagem pertinente. A corrigir: «*é
provável que não nos apercebemos» («é provável que não nos apercebamos»); «*que
as pessoas não falam» («de que as pessoas não falam» ou «com que
as pessoas não falam»). «Li num site» não é modo de referir o que se está a
citar (é mais elegante e mais investigativo explicitar:«li no site Cantigas Medievais Galego-Portuguesas»).
Carolina
D.
«Meu amigo sei ca se foi daqui» (Galisteu Fernandes) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1286&pv=sim
| Carolina D. (16) Texto
agradável de ouvir, como em geral são as memórias de infância. O estilo é muito
simples (quase demasiado simples, de mera justaposição de frases — adequado a
um relato oral informal, mas, de certo modo, desaproveitador das
potencialidades da escrita).Leitura calma e clara. Imagem apropriada. A
corrigir: «*essa razão foi porque ele se tinha mudado para a Bélgica» («essa
razão foi ele ter-se mudado para a Bélgica»); «*E na cantiga [...] fala também
disso» («E na cantiga [...] fala-se também disso» ou «E na cantiga [...]
refere-se também isso»); «*por essa causa» («por essa razão» ou «por causa
disso»).
Mariana M.
«Madre, pois amor hei
migo» (Rui Fernandes de Santiago) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=938&pv=sim
| Mariana M. (16,5-17) Texto
criado tem como pretexto a alusão a mãe («madre»), acabando por constituir, por
um lado, reflexão sobre relação de pais e filhos e, por outro, um relato de
viagem a Paris. Redação não tem problemas de sintaxe, mas também não arriscou
ser complexa (a estrutura é, fundamentalmente, de justaposição). A leitura em
voz alta é boa, também não tem erros, mas não perdia em ser um pouco mais lenta
(por exemplo, cerca de 1.01, percebe-se mal, porque as sílabas se agluitinam)
e, aqui e ali, mais expressiva (há um «ah!» que bem podia ser mais
interpretado). Imagem é adequada. A corrigir: «*a pessoa que mais gosto» («a pessoa
de que mais gosto»); «*pessoas que gostamos e que nos identificamos»
(«pessoas de que gostamos e com que nos identificamos»).
Pedro
«Em este som de negrada»
(Lopo Lias) http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1373&tamanho=15
| Pedro (17-16,5) Texto
criado tem boa associação com a cantiga e, embora seja sobretudo um relato de
vivências, consegue ter a densidade, a complexidade, que um texto escrito
formal deve ter (tendo havido o trabalho suficiente de «pensar por escrito»). A
leitura em voz alta é boazinha, tem certa vivacidade e expressividade até, mas,
muito à lisboeta, tende a definir pouco as sílabas (ser mais claro, talvez mais
lento, não fosse mau), pelo que há passos que se percebem com dificuldade. Imagem
muito pertinente. A corrigir: «*pouco a haver» («pouco a ver»); «aquelas bandas
de rádio, nada de especiais» parece-me demasiado oral, informal, juvenil (mas
pouco escrito); «*da cantiga que, segundo o site CMGP, o som de negrada refere [...]» («da cantiga que, segundo o
site CMGP, refere [...]» ou «*da
cantiga, em que, segundo o site CMGP,
o som de negrada refere [...]»).
Diogo
Cardita
«El-rei de Portugale»
(João Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1178&pv=sim| Diogo Cardita (14,5) Texto
tem momentos de criatividade (ao nível das ideias), mas nem sempre resolve bem
as estruturas linguísticas por que o autor se mete (há o mérito do risco, mas
falta mais revisão, mais reescrita). Leitura em voz alta mostra algumas
hesitações, o que faz admitir que não houve ensaios em número suficiente. Imagem
é pertinente (é original?). Não se fez o breve comentário literário pedido. Final
abrupto, cortando até texto. A corrigir: «*e acabavam por se abdicar da vida
familiar» («e acabavam por se abster da vida familiar«) ou «por abdicar» sem o se); «*e pelo qual não consigo tomar
controlo» («e do qual não consigo tomar controlo»); «s[u]mente» tem de ser
pronunciado «s[o]mente»; «*era alvo de figurante em textos épicos» («podia até
vir a figurar em textos épicos»; «*agora existe tecnologias» («agora existem
tecnologias» ou «agora há tecnologias»); «*e de onde advém as suas raízes» («e
de onde advêm as suas raízes»). Note-se que não podemos assumir que se tratasse
já da época das descobertas propriamente dita, embora os temas de João Zorro
remetam para a construção naval prenunciadora dessa fase.
Margarida
P.
«Irmãa, o meu amigo, que
mi quer bem de coraçom» (Vasco Gil) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=685&pv=sim
| Margarida P. (15,5) Texto
criado foca-se no que a cantiga possa ter de homenagem ao amigo, identificado
com um herói, e aproveita depois as homenagens por ocasião do dia de Portugal .
Esta associação — um pouco forçada — tem a desvantagem de fazer que o texto se
socorra demasiado de textos jornalísticos que a autora vai citando. Com isso,
perde-se a noção da originalidade do texto (que eu pretendia). Boa, ou mesmo
muito boa, leitura em voz alta. Imagens pertinentes.A corrigir: «*a moça
identifica-se como sendo o eu
poético» («a moça identifica-se com o eu poético» ou «o eu
poético indentifica-se com a moça»). E há alguns bordões, chavões, modismos
escusados: o detestável «entes queridos», o «tudo e todos», o «supostamente».
Margarida
V.
«Ai Deus, que doo que eu
de mi hei» (Pero de Ver) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1144&pv=sim| Margarida V. (16) Texto
criado, narrativo — aludindo à cantiga e jogando com vários níveis temporais — está
bem construído (não tem erros de escrita embora tenha um ou outro lugar comum).
Leitura em voz alta podia ter sido mais convicta (menos para dentro, com melhor
definição de sílabas e palavras) e também não perderia em ser menos rápida. Imagem
pertinente. A corrigir: «alistado ao exercito» (preferível: «alistado» ou
«oferecido ao exército» ou «alistado, tendo escolhido o exército»).
Adriana F.
«Ai fals'amig'e sem
lealdade» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=619&pv=sim
| Adriana F. (17-17,5) Narrativa,
que corresponde ao relato, por narrador homodiegético — uma aia —, de uma das
infidelidades de D. Dinis, liga-se bem à cantiga e está muito bem escrita (suponho
que se terá seguido alguma fonte histórica ou literária). (Já agora, o bastardo
de que se trata, Afonso Sanches, foi trovador de grande mérito.) Leitura em voz
alta segura, sem erros. Imagem bem criada também. Música valoriza trabalho, que
constitui um objeto bastante completo.
Ivânia
«A dona que eu vi por
meu» (Airas Veaz ou Fernão Gonçalves de Seabra) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=353&tr=4&pv=sim
| Ivânia (17-17,5) Texto
criado é de 2.ª pessoa, mas permite inferir um enredo de paixão; relaciona-se
bem com a cantiga e está bem escrito. Leitura em voz alta também quase perfeita
(na leitura da cantiga, porém, fez-se pausa em finais de versos cuja sintaxe
implicaria que não houvesse corte). Desenho original, mais documentado e
bonito, valoriza o trabalho. A corrigir: «*va[λ]e a pena» («vale a pena»); «*a
mim, que te quero bem e que, mesmo quando expulsas palavras da tua boca [...], eu
sou incapaz de» (o «eu» tem de ser omitido); «*de onde eu suplico para conseguir
sair» («de onde eu pretendo conseguir sair» ou «de onde — suplico-o — quero
conseguir sair»).
Adriana M.
«Enas verdes ervas» (Pero
Meogo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1218&tamanho=15
| Adriana M. (17-17,5) Texto
criado, de tipo autobiográfico, articula-se bem com cantiga e está bem escrito.
Leitura em voz alta segura, na velocidade certa (embora, por pouco, quase
rápida), sem falhas (só no final há duas hesitações) e, conseguindo, alguns
momentos de expressividade. Imagem apropriada. A corrigir: «como me fiz entender»
(«como eu fiz entender»); «*piscina que, no verão, serve para a família usá-la»
(«piscina que, no verão, serve para a família a usar»).
Mariana S.
João Servando:«Triste
and'eu, velida, e bem vo-lo digo» (João Servando) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1166&pv=sim
| Mariana S. (16,5-17) Texto
criado é de ordem autobiográfica mas focado em personagem que se lembra com
saudade. Está bem escrito, com momento de leve ironia. Leitura em voz alta ganhava
em ter menos pontuação (nem toda a pontuação gráfica se tem de refletir na
entoação) e ser um pouco menos rápida. (Gravação tem cortes, o que é um
elemento facilitador que talvez se não justificasse.) Imagem muito apropriada,
naturalmente. A corrigir: «*um dos piores momentos pela qual alguma vez passei»
(«um dos piores momentos por que alguma vez passei» ou «um dos piores momentos
pelos quais alguma vez passei»); «*sendo assim adormecê-la ser a melhor opção»
(«sendo assim adormecê-la a melhor opção»); «*seremos aquele grupo que [...] vamos»
(«seremos aquele grupo que [...] vai»; «*o seu amigo, pela qual» («o seu amigo,
pelo qual»).
Leonor
«Ai ondas que eu vin
veer (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim
| Leonor (16,5-16) Texto
criado é de alusão, um pouco sintética — como a de quem relata oralmente, mas
não com a densidade típica da escrita —, ao terramoto de 1755 e a experiência
própria na praia; no final, a escrita é mais original, quando se termina com
texto em verso. Boa leitura em voz alta. Imagem apropriada. A corrigir: «*proclamar
[a cantiga]» («declamar», «perceber»); «*que, consequentemente, originou um
tsunâmi» («que originou um tsunâmi» ou «e, consequentemente, um tsunâmi»);
«adorado jogral» (não parece pertinente esta adjetivação); «relembrar» era
quase sempre «lembrar» ou «recordar».
Luísa
«A que vi ontr'as amenas»
(Pedro Anes Solaz) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=835&pv=sim
| Luísa (16,5-17) Texto
criado aproveita analogias entre conto infantil e cantiga, sendo sobretudo
narrativo (embora este tipo textual não costume pôr demasiados problemas à
redação, ainda há algumas falhas — cfr. em baixo). Leitura em voz alta bastante
boa. Imagem também adequada. A corrigir: «*infância, onde» («infância, quando»);
«*embora que a fortificação» («ainda que a fortificação»); «*embora que o
príncipe» («ainda que o príncipe»)«*o que lhe esperava» («o que a esperava»); «*tanto
na cantiga como no conto, ambas as damas» («tanto na cantiga como no conto, a
dama»).
Lúcia
«Ai madre, nunca mal
senti[u]» (Juião Bolseiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1204&pv=sim
| Lúcia (17) Texto é
interessante, aproveitando memórias da autora. Escrita não tem erros, embora o
texto também não use estrutura complexa. Leitura em voz alta clara, com certa
lentidão que acaba por beneficiar o ouvinte (embora também se deva a estratégia
de segurança da leitora — no final, uma ou duas hesitações). Imagem muito apropriada.
Miguel
«Jus'a lo mar e o rio»
(João Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1182&tr=4&pv=sim
| Miguel (12) Texto
parece demasiado improvisado, como se se recolhessem num instante as ideias que
viessem à cabeça relacionadas com mar (mas a escrita devia implicar outra
demora...). Leitura em voz alta confirma a facilidade do autor neste domínio. Tempo
mínimo não foi cumprido. Não se fez o curto comentário literário pedido. A
corrigir: há um «onde» que teria de ser «quando» («*verão, onde eu costumo»).
Raquel
«El-rei de Portugale» (João
Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1178&pv=sim
| Raquel (16-16,5) Em
geral, considero perigosa a adoção de textos expositivos e argumentativos (a
escrita do autor acaba por ficar diluída nas informações factuais, não chevando
a haver prova de um uso mais criativo da escrita). Neste caso, acho que se
conseguiu fugir bastante aos lugares comuns deste tipo de textos e se incluíram
alguns passos relativamente inventivos e originais. Leitura em voz alta segura,
sem erros. Parte visual é criativa e pertinente.
Daniela
«Bem entendi, meu amigo»
(D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=577&pv=sim
| Daniela (11,5) Texto
elaborado é sobretudo expositivo, em torno da amizade. Começa-se por, ao fechar
a leitura da cantiga, imaginar um contexto narrativo, estabelecem-se analogias
com memórias próprias, mas logo se cai num texto muito doutrinário, expositivo.
Não há erros mas teria preferido redação mais inventiva (como no início se
estava a conseguir). Leitura em voz alta sem erros também. Imagem adequada. Tempo
mínimo não foi cumprido. Também não houve a parte de comentário literário.
Marta
«Amigos, des que me parti» (Anónimo de
Santarém) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=832&pv=sim
| Marta (15,5-15) Texto
criado aproveita contexto da cantiga: é uma redação de 1.ª pessoa, bem escrita,
embora sobretudo de relato (e, por isso, sem pôr muitas dificuldades). Leitura
em voz alta pouco fluente (parece que o texto está ainda a ser reconhecido),
embora não haja erros propriamente ditos. Não se fez a parte de breve comentário
literário. Imagem será apropriada. A corrigir: «*Nesta história fala sobre um
rapaz» («Nesta história fala-se sobre um rapaz» ou «Esta história fala sobre um
rapaz»).
Carolina
C.
«Ai ondas que eu vim
veer» (Martim Codax) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim
| Carolina C. (15) Texto
bem construído, embora numa redação que não punha grandes problemas (memórias
soltas a propósito de praias); final interessante, ao recuperar-se a cantiga. Faltou
a parte de comentário literário. Leitura em voz alta boa (talvez excessivamente
lenta). Imagem é adequada.
Guilherme
«Nom chegou, madre, o
meu amigo» (D. Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=590&pv=sim | Guilherme (12) Texto
deveria ser mais de criação, de invenção. Fez-se síntese e tentiva de comentário
da cantiga, mas não fora isso que se pedira. Leitura em voz alta foi poucco
ensaiada, embora se perceba que o autor não teria dificuldades em fazer
bastante melhor. Imagem é interessante. Tempo mínimo não chegou a ser cumprido.
Margarida A.
«A Faro um dia irei, se
vos prouguer» (João de Requeixo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1319&pv=sim
| Margarida A. (14) Texto interessante, original, porque se fez comparação com Ulisses e a Odisseia (não diria que seja com a
mitologia, mas hesito — trata-se de poema épico que incorpora referências
mitológicas, mas a intriga é literária, embora passasse a integrar a mitologia
em sentido lato). Boa leitura em voz alta, quase sem hesitações, no ritmo ideal
e com clareza. Saliento a leitura da própria cantiga, que foi cuidadosa
(falhou, porém, no v. 1, «madre»). Imagem: se própria, bastante aceitável; não
é da net, pois não? A corrigir: «sem confirmação de que permanecia vivo» (talvez:
«sem confirmação de que permanecesse vivo»); «[histórias] recentes» (no
contexto em causa, pretendia-se «atuais»); «e voltaria» («e de que voltaria»).
Beatriz B.
«Marinha Crespa, sabedes
filhar» (Pero da Ponte) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1654&tr=4&pv=sim
| Beatriz B. (14,5) Texto agradável de ouvir, fundado na alusão à avó e à terra (desculpam-se
os lugares comuns: stress, etc.). Leitura em voz alta em geral certa, mais
rigorosa do que espontaneamente fluente. No entanto, na cantiga, «x’há» não
pode ser lido «xis há» (corresponde antes a «[chá]», xe + há). Imagem: bem
escolhida (será a própria aldeia em causa). A corrigir: os advérbios «especificamente»
e «nomeadamente» são ambos escusados no contexto em que foram usados.
Soraia
«A guarir
nom hei per rem» (Rui Paes de Ribela) |
http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=312&pv=sim
| Soraia ([não darei nota porque o tempo mínimo não fui cumprido; mas considero
a tarefa concluída]) A leitura em voz alta foi pouco ensaiada (por exemplo, no
último verso da cantiga, o que está é «leixar-m’á» — ‘deixar-me-á’ — mas o que
foi lido foi «levar-me-á»; o mesmo com «gua[rr]ir» por «guarir»); no texto próprio,
também podia a Soraia ler com mais calma («u[ss]a-se essa palavra como se nada
se tratasse» teria de ser «usa-se essa palavra como se de nada se tratasse»; por vezes, percebemos que texto está ainda a
ser reconhecido). A ideia com que fico é que houve poucas repetições, poucos
ensaios, o que mostra a facilidade, as capacidades, o «jeito» que a autora tem,
mas também revela que é preciso mais... trabalho, sentido de sacrifício,
disciplina. A redação é inteligente, mas também pouco trabalhada (ficam aqueles
lugares comuns da linguagem oral). Imagem bem escolhida. Não se chega ao tempo mínimo
pedido (faltam vinte segundos), logo, na «vida real» (por exemplo, concursos,
exames, profissão, etc., com regulamentos a cumprir), o filme não seria aceite.
A corrigir: «ou não o ser» (em vez de «ou não sê-lo»); creio que era «é algo
que» (em vez de «e algo que»).
Beatriz M.
«Hoje quer'eu meu amigo veer» (João Soares Coelho) |
http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=702&pv=sim
| Beatriz M (14) Texto bem escrito, com boa sintaxe (embora ainda pudesse ser
burilado, revisto — por exemplo, «coisas» repete-se, quando era possível
encontrar a exata palavra para cada um dos contextos). Leitura em voz alta sem
erros e calma, embora, aqui e ali, aparentemente ainda um pouco tacteante, como
se o texto não estivesse completamente ensaiado e repetido as vezes todas que
convinha. Na parte da leitura das estrofes iniciais da cantiga, «des» é «d[ê]s»
(cfr. «desde»), mas é compreensível que a Beatriz não soubesse a pronúncia
medieval (embora eu tenha dito para me porem dúvidas). Imagem é pertinente (se
não me engano é a paisagem em frente à escola, logo reúne os dois lados da
adolescência: um mundo escolar, que se enfrenta; um mundo exterior e próprio).
Catarina
«Ai eu! e de mim que
será?» (Nuno Fernandes Torneol) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=169&pv=sim
| Catarina (13,5-14) A redação é ainda de simples passagem a escrito de um
texto essencialmente ainda oral (expressões vagas, como «coisas», «pessoas», «isto
tudo», alguns erros de sintaxe, alguns lugares comuns — «estão sempre lá para
nós» — mostram que pode melhorar-se muito a reescrita, a revisão); final bonito,
com alusão a irmã e às pessoas mais importantes. Boa leitura em voz alta (a
Catarina tem facilidade neste domínio, é fluente e leu no ritmo certo e sem
erros). Imagem, se tiver sido tirada pela autora — creio que que sim —, foi bem
escolhida.
Tiago
«Meu amigo sei ca se foi
daqui» (Galisteu Fernandes) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1286&pv=sim
| Tiago ([Não
classificarei com uma nota concreta; o que interessa agora é que o trabalho
ficou feito]) A gravação está bastante bem acabada, é um trabalho «limpo»: bem
escrito (apenas um conselho: em vez de «é nele que podemos mais confiar» podia
ficar «é nele que mais podemos confiar»), com leitura em voz alta competente e uma
imagem adequada (e que creio original). Houve, porém, aspeto que não se teve em
conta: o tempo mínimo era 2.30 (faltariam, portanto, mais doze segundos).
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