Poesia trovadoresca pelo 10.º 2.ª
Seguem-se trabalhos em torno de cantigas. As
instruções para esta tarefa ficaram aqui. Ao longo das férias, irei escrevendo os comentários.
João S.
«Amad'e meu amigo» (D.
Dinis) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=594&pv=sim
| João S. (17) Boa
leitura em voz alta (clara, embora um pouco rígida). Texto muito bem escrito. Deveria
dizer-se «apesar de que» (o que se ouve é «*apesar que»). Em «faz uma grande
alusão», «grande» não fica bem. Em «com pouca intervenção humana e sem ruído
humano» era fácil ter-se evitado a repetição. Talvez referisse mais
explicitamente que o comentário à cantiga se fundara no site Cantigas Medievais Galego-Portuguesas, embora,
para nós, isso estivesse já bastante esclarecido (esta observação era aliás
útil à maioria dos trabalhos — por isso, doravante não a repetirei). Imagem
muito adequada.
João Pedro
«Direi-vos agor', amigo,
camanho temp'há passado» (Fernão Rodrigues de Calheiros) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=650&tr=4&pv=sim
| João Pedro (14,5-15) Leitura
em voz alta poderia ser mais rápida (geralmente, até dou o conselho contrário,
mas, neste caso, ritmo terá sido demasiado lento — há demasiada «pontuação»).
Texto faz abordagem com graça, com humor. Imagem foi bem construída, denotando
gosto e cuidado, tal como é interessante, a certa altura, o facto de se jogar
com fundo sonoro para dar o contexto da época.
Marta
«Ir-vos queredes, amigo»
(João Airas de Santiago) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1068&pv=sim
| Marta (19,5) Este
trabalho tem o grande mérito de a autora não se ter contentado com a solução
mais simples e ter aproveitado mesmo as potencialidades de um filme. Com
efeito, exercitou, com criatividade e competência técnica, as várias «artes» dessa
arte compósita que é o cinema (imagens, som-música, texto). A própria montagem
(que ora pode melhorar ora pode estragar aquelas instâncias) revela inteligência
e cuidadosa planificação — esta é um importante requisito de um filme. Também
não notei falhas no texto (em «aumenta a probabilidade de alguns factos poderem
ou não serem apenas fruto da [...]» o «ou não» é escusado; no texto final, em
vez de «dir-lhe-emos», «dir-lhes-emos») nem na leitura em voz alta (só uma
hesitação, no início, em «característico»).
Afonso
«Ai ondas que eu vim
veer» (Martim Codax) | http://www.cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1314&pv=sim
| Afonso (17) Texto
bem escrito, escrito com bom gosto (com o cuidado de aproveitar as pequenas
curiosidades, com a densidade que a escrita permita — não é uma redação que se
limite a transpor a conversa oral). Leitura em voz alta correta, ainda que sem
risco (percebe-se que a aposta — que, aliás, me parece a adequada — foi não
cometer erros, pelo que o ritmo, a expressividade, estão sempre controlados,
até um pouco constrangidos). Imagens bem escolhidas, com o valor acrescido de
serem pessoais; e resulta bem a variação entre elas e a sua justaposição (não
perde relativamente a um filme propriamente dito). «Codax» será «Coda[∫]» (este
símbolo fonético corresponde ao som do «ch» em português) e não «Coda[ks]»).
Henrique
«O anel do meu amigo»
(Pero Gonçalves de Portocarreiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=927&tr=4&pv=sim
| Henrique (15,5-16) Há
criatividade na relação entre o texto próprio e o da cantiga (e o texto está
bem construído — não diria «a senhor» para referir o «eu» de uma cantiga de
amigo, mais identificável com uma moça, uma rapariga, do que com um dama da
nobreza). Também a imagem foi bem escolhida. Leitura em voz alta é que me parece
muito rápida (o que leva — questão de fôlego — a que a entoação ideal se vá
perdendo, à medida que a gestão da respiração se torna mais difícil e surjam pequenas
hesitações). Ainda que por cinco segundos, não se chegou a atingir o tempo
mínimo (o que, se eu cumprisse as regras que fixo, significaria que o trabalho
não era aceitável).
Pedro P.
«Bem sabedes, senhor
rei» (Gil Peres Conde) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1565&pv=sim
| Pedro P. (14,5-15) Imagem
foi muito bem escolhida. Texto bem idealizado mas pouco revisto. À leitura em
voz alta parece, por vezes, faltar uma maior convicção (há momentos em que o
registo se torna hesitante, como se se estivesse ainda a reconhecer o texto, ou
a conversar de improviso — texto estava fixado no papel? foi ensaiado?). Em
«exceto», não se costuma dizer o «p» (que também já não se escreve, como
mostrei atrás). «Tinha sido apenas um mês inteiro para ganhar uma camisola»
era para ter sido «Tinha sido um mês inteiro para ganhar apenas uma
camisola»; «*a única coisa que eu conseguia pensar» devia ser «a única coisa em
que eu conseguia pensar»; «*talvez também sentia isso, porque [...]» era
«talvez também sentisse isso, porque [...]»; em «*e quão bom nós conseguíamos
ser» ficaria «e quão bons nós conseguíamos ser».
Camily
«Conhosco-me, meu amigo»
(Rui Fernandes de Santiago) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=934&tr=4&pv=sim| Camily (17-17,5) Através
da justaposição de imagens legendadas, a autora aproximou-se do tipo de
montagem de um filme (ainda que, admita eu, aproveitando fotografias talvez já reunidas
independentemente deste trabalho), o que significa sensibilidade, criatividade,
aplicadas ao resultado que era pedido. Redação do texto mostra estas mesmas
qualidades. Leitura em voz alta não perderia em ser ligeiramente mais lenta
(menos «automática», de modo a poder interpretar com expressividade mais
matizada o que se diz em cada momento). Em «*e foi lá também onde eu
conheci minha melhor amiga [...]» deveria dizer-se «e foi lá também que eu
conheci minha melhor amiga [...]».
João Cardoso
«Eu nunca dórmio nada,
cuidand'em meu amigo» (João Lopes de Ulhoa) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=720&pv=sim| João Cardoso (16) Texto, levemente
irónico, bem escrito (porém, falta a curta parte de comentário literário,
considerada obrigatória). Leitura em voz alta também boa, mas, talvez
insuficientemente repetida (como o texto era elaborado, com sintaxe complexa, convinha
ter ensaiado mais para que houvesse mais fluidez). O «achamos» em «quer que nós
achamos» devia ser substituído por um conjuntivo («achemos»); «é-nos uma dádiva
dada» parece agramatical («é uma dádiva», «é uma dádiva que nos é dada»?);
«única forma de saída» poderia dar lugar a «única saída».
Pedro
Torrado
«Fez ũa cantiga d'amor» (Juião Bolseiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1203&pv=sim
| Pedro Torrado (14,5) Texto
podia ser mais pessoal, mais inventivo — está demasiado focado apenas na cantiga;
tem, entretanto, o mérito de evidenciar que se soube lidar com a compreensão da
cantiga e do contexto (que se procurou esclarecer). Quanto à leitura em voz
alta, ganharia em ser menos rápida e, talvez, mais ensaiada (há ainda um
aspeto, que é de ordem técnica, o som, que não favorece a receção; notam-se
também os cortes — pausas — na gravação). A pronúncia de «vedes» (verbo ‘ver’)
é «v[e]des» («v[ε]des», com e aberto
seria do verbo ‘vedar’). Corrija-se também «apercebi-me que» (é «apercebi-me de
que»). Boa imagem, criada com cuidado.
Francisco
A.
«Vi eu estar noutro dia» (João Garcia de Guilhade) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1711&tr=4&pv=sim | Francisco A. (15,5-16) Texto
está bem escrito — incluindo uma primeira parte, de criação de estrofes à
maneira das da cantiga de que se trata, e uma segunda parte de comentário,
também bastante fundamentado. Leitura em voz alta muito boa — note-se, porém,
que o «x» em «dix’eu» é [∫] (e não [ks]). Imagem própria (não tenho a certeza
de ter percebido a exata associação à cantiga). «Mostra uma vista satírica» era
substituível por «mostra uma visão [perspetiva] satírica».
Francisco
B.
«Se hoj'o meu amigo» (Estevão Coelho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=741&tr=4&pv=sim | Francisco B. (15,5) Abordagem na redação
corresponde ao que se pedia e o texto está bem escrito. Há, porém, estas
incorreções: «e que retrata o seu principal aspeto» não parece coerente (o «seu»
tem que referente? a cantiga retrata o aspeto principal de quem? — «a rapariga»
ainda não tinha sido referida); «*a uma das duas panchas em que eu
estava com uma certa indecisão em escolher» («a uma das duas panchas que eu
estava indeciso a tentar escolher»);
também substituiria «sensação aquela que me torna» por um mais direto «sensação
que me torna»; quase no final, «e que me faz pensar [...]» seria «, o que me
faz pensar [...]» ou «e que a cantiga me faz pensar [...]». Leitura em voz alta
quase sempre correta, com vivacidade conseguida. Em «veio cumprimentar o meu
pai», o verbo no infinitivo soa quase como «*c[o]mprimentar». Imagem
pertinente.
Guilherme
V.
«Grave dia naceu,
senhor» (Pero Garcia de Ambroa) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=46&pv=sim| Guilherme V. (17) Texto
está bem escrito, embora, na verdade, não seguisse a estratégia que eu
recomendava (de fazer texto criativo mais do que texto de apreciação da cantiga;
é certo que, no final, há também uma extrapolação mais pessoal). A leitura em
voz alta saiu bem, ainda que usando estilo inesperado (tom coloquial, de quem,
calmamente, nos vai explicando o texto). Imagem socorreu-se do site CMGP, não cumprindo o que se estipulava.
Enfim, no futuro valerá o autor ater-se mais às regras que fixo (já agora:
também não enviou autor nem v. 1 nem formatou título como fora pedido), ainda
que deva manter o estilo inteligente do que escreve.
João Cola
«Hom'a que Deus coita
quis dar» (Rodrigo Anes Redondo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=289&pv=sim
| João Cola (15-15,5) Texto
na 1.ª pessoa, na forma de narrativa ficcionada, é interessante. Boa imagem
também, em que fica implícita ligeira ironia. Leitura em voz alta sem erros,
mas talvez não muito ensaiada (percebe-se que não há reconhecimento fácil do
texto, uma expressividade mais fluente, digamos assim). Há uma «certidão» que
devia ser «certeza». Em «o quanto é intenso aquele que nos une», fico com a
dúvida sobre se não seria «aquilo que nos une» (ou era «aquele [amor] que nos
une»?). Foi esquecido o comentário literário acerca da cantiga.
Ângelo
«Ir-vos queredes, mia
senhor» (Nuno Fernandes Torneol) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=161&pv=sim
| Ângelo (14-14,5)
Trabalho parece-me pouco acabado, pouco revisto. Por exemplo, imagem — que até
me parece bem escolhida — desaparece a partir de certa altura, ficando o ecrã a
negro. O texto assenta sobre uma reflexão que se pode fazer com efeito
(comparação entre a relação amorosa na cantiga e as relações amorosas hoje),
mas a redação parece-me pouco elaborada. Também a leitura em voz alta não terá
sido muito ensaiada, embora não haja erros flagrantes (percebe-se o autor a
fungar — o que é natural, estaria constipado, mas aconselhava a que se repetisse
a gravação). Um esclarecimento que pode ser útil a todos: a rima nestas
cantigas medievais não deve ser aferida segundo os parâmetros habituais: a rima
não era consoante, apenas toante (o reconhecimento do som vocálico
dominante é que nos deve interessar).
Ricardo
«Tal hom'é coitado
d'amor» (Martim Soares) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=147&pv=sim
| Ricardo (14) Escrita
poderia ter sido mais elaborada (há falhas de sintaxe, porque texto terá sido
escrito quase à primeira, sem revisão). Leitura em voz alta, apesar de se
perceber que o autor não tem grandes dificuldades, também é, aqui e ali,
precipitada (notei algumas trocas indevidas no texto da cantiga, que aqui me
escuso de referir concretamente). Imagens parecem-me pouco adequadas (e terão
sido googladas). Em vez de «*irão-se» teria de ser «ir-se-ão». No final, em «sei
que ninguém o terá por mim», qual é o referente da anáfora «o»? Se é
«pena», o pronome teria de ser «a».
Diogo S.
«A Far[o] um dia irei,
madre, se vos prouguer» (João de Requeixo) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1319&tamanho=15| Diogo S. (15,5-16) Boa
ideia para associação da cantiga a experiência pessoal (via «Faro»). Texto,
porém, talvez seja demasiado simples (escrita deve procurar transmitir o máximo
que possamos, mesmo num tempo curto — e, neste caso, tudo parece muito oral). A
leitura, em geral, saiu um pouco lenta (propositadamente? ou porque não se ensaiara
e se estava ainda a reconhecer o texto?). No fundo, podia ter havido mais
risco, mais elaboração. Imagem, que suponho ser do do arquivo do autor, é
adequada. «*tenho um amigo que nos damos desde que eu nasci» seria «tenho um
amigo — e damo-nos desde que nasci» (ou «tenho um amigo com que me dou desde
que nasci»). Note-se ainda que a ermida de Santa Maria de Faro não se situava no Algarve — seria antes «um santuário galego, na serra de Faro, na província de Lugo,
entre Chantada e Rodeiro» (CMGP).
Miguel Brito
«A bõa dona por que eu
trobava» (João Garcia de Guilhade) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=396&pv=sim| Miguel Brito (15-14,5) O texto
está talvez demasiado focado na análise da cantiga, apesar de se discorrer
também sobre ‘loucura’ (e esse excurso é interessante). Na leitura em voz alta
há sons da cantiga claramente mal reproduzidos (eu oferecera-me para ajudar em
caso de dúvida...); «interligam» também saiu hesitante. O uso da imagem em
causa não fica claro (mas haverá explicação), percebendo-se, no entanto, que se
trata de imagem feita pelo autor, o que é já aspeto favorável.
Carolina
Paulo
«Per ribeira do rio»
(João Zorro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1180&pv=sim
| Paulo (13,5-14)
Associação da cantiga a experiência própria foi boa ideia. A narração dessa
vivência é que me parece demasiado oral, um simples relato em que se vai
contando como se estivesse em conversa muito informal (a escrita implica mais
do que isso: é um exercício de complexificação e de síntese). Leitura em voz alta não tem
incorreções propriamente ditas, mas, por vezes, parece-nos pouco ensaiada
(recolha do som, imperfeita, também não ajuda... — e são vocês de engenharias).
Imagem, reportada ao local em causa, foi bem escolhida. No final, há um «e
entre outros» que era escusado. Tempo mínimo não foi atingido (é certo que por
quatro segundos).
Amaral
«Vedes, amigo, [o] que
hoj'oí» (Fernão Velho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=820&pv=sim| Amaral (15-15,5) Texto
associa-se bem à cantiga, é sensível, socorre-se de boas ideias, boas
analogias, embora a redação precisasse de ser mais aperfeiçoada (há argumentos
inteligentes, mas falta melhor revisão da sintaxe escrita que os deveria
transmitir). Leitura em voz alta é clara, embora, em um ou outro momento,
excessivamente lenta. «Apenas uma meras semanas» é pleonástico (bastaria ou «Umas
meras # semanas» ou «Apenas umas semanas»). Em vez de «*manteu», terá de ser
«manteve» («manter» é verbo derivado de «ter»). Em «*me apelou à» seria «me lembrou
a», «me levou à», «me sugeriu a». «Energético» seria «enérgico».
Cabo
«- Amigo, que cuidades a fazer» (Vasco Peres
Pardal) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=821&pv=sim
| Cabo (16) Abordagem
é original (houve, além disso, o cuidado de explicar a estratégia criativa
seguida). Em termos estritamente textuais, poderia ter havido mais requinte
(«Esta cantiga» repete-se tanto...; e o final parece-me ser forçado, para
«encher», para se chegar ao mínimo exigido). «três estrofes, todas com seis
versos, onde dois deles [...]» talvez devesse dar lugar a «três
estrofes, todas com seis versos, dos quais dois [...]». Vale a pena
esclarecer que, quando se diz «canção», certamente se queria significar a
‘notação musical’ que acompanhava, por vezes, a letra das cantigas.
Miguel C.
«Jograr, mal desemparado» (João Soares Coelho)
| http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1442&pv=sim
| Miguel C. (18-17,5) O trabalho
que fica em cima (tal como o que se segue — em Miguel C, outro trabalho —, que
rejeitei por tratar de texto que estudáramos em aula) tem o mérito de ter sido
criado com engenho, sem o autor se ter limitado a resolver a tarefa do modo que
lhe trouxesse menos arrelias, antes procurando abordagem original. Talvez que o
investimento em aspetos técnicos de realização tenha feito que faltasse mais revisão
em outros domínios (texto poderia estar mais trabalhado — é apenas um relato
como o que fazemos oralmente —; leitura em voz alta é prejudicada por haver
cortes na gravação e, talvez, pouco ensaio; nem tenho a certeza se os dizeres
«massa» e «arroz» não estão trocados), mas a originalidade compensa essas
imperfeições. Em vez de «apercebi-me que» seria «apercebi-me de que». «usou o
dinheiro para seu bel prazer» seria «usou o dinheiro a seu bel
prazer».
Miguel C. (outro trabalho)
«Se eu podesse desamar»
(Pero da Ponte) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=986&pv=sim
| Miguel C. ([trata-se de um primeiro trabalho, que eu pedira para ser refeito,
por usar uma cantiga de amor que déramos em aula])
«A mi dizem quantos amigos hei»
(João Fernandes de Ardeleiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1358&pv=sim
| Diogo M. (15-14,5) Texto
bonito mas pouco elaborado (pouco escrito, de certo modo — parecendo um
depoimento relativamente espontâneo, mais do que o resultado de uma redação
trabalhada); poderia haver pronominalizações, evitando-se repetições. Leitura
em voz alta tem a vantagem de ter ficado muito percetível, porque lenta e
sonora, mas parece hesitante, como se o texto estivesse a ser ainda reapreciado.
Imagem apropriada (a que vinha numa primeira versão demonstrava o pouco
investimento havido até então, certa distração com as instruções da tarefa). Em
«*não teve uma vida que lhe correu bem» era «corresse»; «nos meus momentos
piores da minha vida» talvez pudesse ficar sem o «meus».
Toni
«Por fazer romaria
pug'em meu coraçom» (Airas Carpancho) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=684&tr=4&pv=sim
| Toni (16,5-17) Boa
ideia a da associação de uma cantiga de romaria a experiências de peregrinação
contadas por conhecidos do autor. Texto bem escrito e informado, com alguns
momentos de ironia interessante (o próprio final, com a promessa de também um
dia ir «queimar candeias»; a comparação dos peregrinos antigos com que os
atuais, que se podem abastecer na Decathlon; ...). Leitura em voz alta no ritmo
ideal — isto é, muito escandida, lenta —, embora com umas três hesitações. Imagem
boa (foi tirada pelo próprio?). A corrigir: «*acerca» dever ser pronunciado
«[a]cerca»; «*muitos poucos» devia ser «muito poucos». E houve bastante demora
no envio...
Pedro Filipe
«Covilheira velha, se vos fezesse»
(Afonso Anes do Cotom) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1611&pv=sim
| Pedro Filipe (12) Trabalho não cumpre o tempo mínimo.
Falta sobretudo uma parte de texto próprio (e era fácil ter criado, por
exemplo, uma transposição para outro contexto — tínhamos era de ter cuidado com
as obscenidades). Estão bem as partes de leitura em voz alta da cantiga — bastante
expressiva até —e de comentário. A imagem não me parece muito associável à
situação de que trata a gravação.
João F.
«Rogo-te, ai
Amor, que queiras migo
morar» (Rui Martins do Casal)
| http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1188&pv=sim
| João F. (13,5) Texto aborda a guerra, e as separações a que leva, situação que
motivava o estado de espírito da donzela da cantiga de amigo (que pede ao Amor
que fique consigo, porque o namorado foi para Granada guerrear os mouros). A
leitura em voz alta segue uma velocidade ideal (é calma), não havendo erros,
embora também não se sinta haver grande fluência (podia variar mais o ritmo: um estilo para a parte de exposição; outro para a parte da leitura do poema). Imagem tirada pelo autor, bem escolhida porque o
céu, muito carregado, e o plano do horizonte, muito aberto, fazem lembrar ausência,
distância, e são por isso associáveis ao tópico da cantiga.
Sebastião
«O anel do meu amigo» (Pero
Gonçalves de Portocarreiro) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=927&tr=4&pv=sim
| Sebastião (14-13) È interessante a forma encontrada para se associar a
cantiga de amigo a uma experiência própria: o anel da cantiga é um objeto simbólico
— também a miniatura de autocarro inglês faz o autor recordar-se de viagem a Londres
cuja memória será o essencial do texto. Imagem é duplamente icónica: os
autocarros de Londres já são simbólicos; aqui temos uma representação, simbólica,
desse símbolo, que remete também para a infância. Texto está bem escrito.
Leitura em voz alta é que podia estar mais ensaiada (haveria que ler com menos
pressa). De certo modo, a minha classificação também será simbólica, uma vez
que é difícil, passado tanto tempo, seguirmos a exata bitola de quando se corrigiu
a primeira leva de trabalhos.
João A.
«Vaiamos, irmana,
vaiamos dormir» (Fernando Esquio) | http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1327&pv=sim
| João A. ([Como o trabalho se arrastou por tanto tempo, é difícil dar nota; o
que interessa é que ficou feito]) Mostra-se conhecimento da mitologia grega e a
associação conseguida com a cantiga é interessante. Imagem, sobretudo por ser
da escola, foi bem escolhida (patos e água), tendo que ver com o contexto da
cantiga de amigo. Leitura em voz alta da parte final está imperfeita, mas até
aí fora bastante correta.
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