Aulas (1.º período, 1.ª parte: 1-28)
Aula 1-2
(17 [1.ª, 7.ª, 8.ª],
18/set [5.ª, 12.ª]) Informações sobre aspetos com utilidade para todo o ano
(material; manual; avaliação; programa; blogue). [Ver Apresentação]
Ponho
a seguir vários parágrafos sobre escritores de que há textos no manual do
décimo ano, Expressões. Lê essas
afirmações e assinala à esquerda de cada uma se são V(erdadeiras) ou F(alsas).
Terás
de decidir por simples conjetura, em função do que aches verosímil. Seguindo o
índice de autores na p. 7, poderias procurar o que há no manual sobre os vários
escritores, mas não creio que isso ajudasse. Centra-te nos parágrafos em si.
1. Luís de
Camões perdeu o olho direito e também se discutiu muito se os seus ossos
eram verdadeiros.
2. Bocage celebrou os seus amores
por mulheres com os nomes de Jónia, Nise, Emira, Urgelina, Anarda, Armia.
3. Mário
de Sá-Carneiro matou-se a 26 de abril de 1916, num quarto de hotel, em
Paris, ingerindo cinco frascos de arseniato de estricnina, depois de nos dias
anteriores ter escrito várias vezes a Fernando
Pessoa a anunciar o suicídio.
4. Em 1919, Carlos
Drummond de Andrade — um dos grandes poetas brasileiros do século
passado — foi expulso da escola em consequência de um desentendimento com o
professor de Português.
5. Há cerca de noventa anos Fernando Pessoa chegou a viver numa casa
algures na Avenida Gomes Pereira, a cerca de quinhentos metros da nossa escola.
No seu quarto, o poeta tinha sempre um garrafão com aguardente, embora nunca
ninguém o tivesse visto embriagado.
6. Fernando
Pessoa, por vezes, parava na rua e equilibrava-se numa perna com uma mão
para a frente e outra para trás, para significar o bico e a cauda de um íbis, e
ficava assim, o que surpreendia os transeuntes.
7. Numa noite chuvosa de Dezembro de 1934, a escritora
brasileira Cecília Meireles esteve duas horas à espera de Fernando Pessoa num café em Lisboa
(tinham combinado o encontro mas, por causa de cálculos astrológicos, Pessoa
resolveu não comparecer).
8. Ricardo Reis ,
médico, nasceu em 1887, no Porto, e, em 1919, por ser monárquico, expatriou-se
para o Brasil; foi educado no Colégio
São João de Brito.
9. Almada
Negreiros, escritor e pintor, aparece completamente nu num dos seus mais
conhecidos retratos e teve uma longa e célebre conversa com Carlos Cruz,
julgado depois no caso Casa Pia.
10. Em 1942, António
Botto foi exonerado da Função Pública por «comportamento indecoroso».
Mandou então imprimir cartões de visita em que se vangloriava de ser o primeiro
homossexual português com direito a reconhecimento oficial.
11. Quando, sozinho, partiu para o Brasil para
trabalhar, Miguel Torga tinha a
altura de 1,46 m ;
a professora Clara Rocha ,
relativamente alta, é sua filha e da também professora Andrée Crabbé, que tinha
estatura meã.
12. Vinicius de Moraes, diplomata, boémio,
poeta, decisivo no surgimento da música brasileira como a reconhecemos hoje,
casou dez {nove} vezes.
13. O filho da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen é o jornalista Miguel
de Sousa Tavares,
que aliás já foi casado com Laurinda
Alves, outra jornalista que também subscreve um texto do nosso manual.
14. Numa das suas fotografias mais conhecidas, o
poeta Alexandre O'Neill usava uma
bicicleta no lugar dos óculos.
15. O dramaturgo Luís
de Sttau Monteiro, autor do Auto
da Barca do Motor Fora da Borda, foi também piloto de Fórmula 2 e
especialista em gastronomia (escreveu as crónicas «A Melga no Prato»; criou um
pitéu — o doce do Sttau —cujo
ingrediente principal era cocó de cão).
16. Pai de Raul Hestnes Ferreira, o arquiteto da
nossa escola, avô de Pedro Hestnes, ator falecido recentemente, José Gomes Ferreira
relata numa crónica as suas experiências de nudista na Fonte da Telha.
17. António Lobo Antunes teve mais cinco irmãos,
todos rapazes, viveu em Benfica e jogou no Fó-Fó.
18. O cronista Luís
Fernando Veríssimo é filho de Érico Veríssimo, escritor brasileiro,
autor de Clarissa, por exemplo. Ambos
escreveram sempre todos os seus nomes sem acentos.
19. José
Luis Peixoto usa um piercing na sobrancelha, fez-se tatuar nos braços e concedeu
uma interessante entrevista a Bruno Aleixo e Busto.
20. O escritor Manuel
Alegre, ex-candidato à Presidência da República, é um benfiquista
ferrenho, pelo que terá ficado dececionado com o golo que Hulk marcou ontem ao
Glorioso («Glorioso» é aqui uma figura de estilo chamada ‘antonomásia’ e,
quanto a mim, inadequada ao clube em causa).
[Os trechos a negro marcam o que é falso]
Cria
três parágrafos como os que fiz acerca dos escritores, mas sobre ti. Entre eles
haverá pelo menos uma afirmação verdadeira. Independentemente da veracidade de
cada parágrafo, espera-se que sejam referidos factos curiosos.
Assume
que o objetivo seria dificultar a vida a quem tentasse distinguir relatos
verdadeiros e falsos. Procura incluir pormenores, que servirão para dificultar
o reconhecimento da factualidade dos trechos. O estilo deverá ser até um pouco
mais elaborado do que o meu (enfim, menos seco do que o dos parágrafos mais
curtos). Usa a 3.ª pessoa e o nome por que serás tratado nas aulas.
Ao
lado de cada uma das três afirmações, põe V(erdadeira)
ou F(alsa). Dentro de parênteses retos
podes acrescentar algum esclarecimento que aches necessário.
1. ...
2. ...
3. ...
TPC — Dá uma vista de olhos a http://gavetadenuvens.blogspot.com/
— que, na parte relativa ao atual décimo ano, só agora estou a organizar —,
para perceberes onde ficam sumários, tepecês, aulas (estas só as transcrevo
passados uns três dias), etc.
Aula 3-4 (18 [8.ª], 19 [5.ª, 7.ª], 22/set [1.ª, 12.ª]) Na p. 323 do manual (Expressões) trata-se dos Princípios reguladores da interação discursiva (a interação discursiva é, no fundo, a conversação). A área do funcionamento da língua a que pertence este assunto é a pragmática.
A
pragmática estuda o modo como a
língua é usada pelo falante para atingir os seus objetivos comunicativos.
(Dentro da linguística há outras ______, aliás mais conhecidas de anos
anteriores: a morfologia estuda a
estrutura das palavras; a sintaxe
estuda a combinação das palavras em frases; a fonologia estuda os _____ das palavras; a semântica estuda o significado das palavras. Enquanto estas áreas
se ocupam mais da língua enquanto sistema, a pragmática preocupa-se com o que
as pessoas pretendem fazer quando usam esse sistema.)
A
página 323 apresenta-nos os princípios
que regem a conversação:
Princípio
de cooperação
Cada participante deve fazer com que a sua
contribuição para a conversa seja apropriada ao propósito desta. Desdobra-se em
quatro máximas conversacionais:
máxima de ________ | Tenta que a tua
contribuição seja verdadeira.
máxima de ________ | Sê claro.
máxima de ________ | Dá tanta informação quanto
o necessário.
máxima de ________ | Dá informação pertinente.
Princípio
de
__________________ (ou de delicadeza)
Cada participante na conversa deve usar
estratégias adequadas a preservar uma boa relação com o seu interlocutor. Por exemplo,
usará formas de tratamento («tu», «você», «o senhor», «o Luís», etc.) que
respeitem a distância social; ao dar ordens, evitará ser demasiado direto
(«Aquele brigadeiro tem ótimo ________», em vez de «Dê-me lá o brigadeiro»); em
certos casos, recorrerá a eufemismos («não creio que tenha sido assim», por
«estás a _________»); lítotes («a minha fome não é pouca», em vez de «tenho
________ fome»), perífrases [estas três
figuras de estilo estão exemplificadas nas pp. 334-335, mas não é obrigatório
ir ler as suas definições agora].
Nos
sketches que vamos ver (Gato Fedorento, Série Lopes da Silva),
pelo menos um dos intervenientes infringe uma das máximas conversacionais ou o princípio
da cortesia. A comunicação poderia ficar em risco. (É claro que, neste caso,
as infrações ao princípio da cooperação e à cortesia servem para criar
situações cómicas.) Para completar o quadro, usarás quantidade, qualidade, relação, modo, princípio de cortesia.
Inspetor que não sabe fazer perguntas
As perguntas do inspetor não têm relação com a
informação anterior, não são pertinentes, não se cumprindo por isso a máxima de
_______________.
Falta
por motivos profissionais
No início, a intervenção do funcionário
preguiçoso é insuficiente em termos de informação («Passa-se isto assim,
assim»), falhando a máxima de _______. Há depois expressões ambíguas («Não
posso vir ao emprego por motivos profissionais»), o que corresponde a quebra da
máxima de ________. No final, enquanto o patrão, ao dar os pêsames ao segundo
funcionário, cumpre o _______, o funcionário preguiçoso infringe-o («Arranjam
cada uma para não trabalhar!» é um comentário contra o que está convencionado
numa situação daquelas).
O
que eu gosto do meu Anselmo!
Quando Anselmo diz que a mulher nem gosta assim
tanto dele — mentindo, para que não se conclua que... —, infringe a máxima de
________.
Bode
expiatório
O empregado que arca com as culpas de todas as
incompetências no escritório repete «A culpa foi minha. Não há desculpa para o
que fiz. Se alguém deve ser responsabilizado, sou eu. É impressionante a minha
irresponsabilidade!». Poderíamos reconhecer aqui uma infração à máxima de
_________, se considerássemos que houvera excesso de informação. No entanto,
provavelmente, até foi mais a máxima de ______ que falhou, já que ser claro
inclui ser breve.
Filho
do homem a quem parece que aconteceu não sei quê [e genérico do episódio]
Tanto o pai como o filho, ao «pronominalizarem»
muito, omitindo palavras com referentes percetíveis, tornam a comunicação
inviável, por falta de clareza (falha a máxima de _______, embora se possa
pensar que o que falta é mesmo a informação). No genérico final, também falha a
máxima de ________, mas por demasiadas repetições (poder-se-ia pensar que a
infração é à máxima da quantidade, por excesso de informação).
Dia
em que se pode chamar nomes aos colegas
Os vocativos desagradáveis permitidos à
quinta-feira e as expressões grosseiras nos minutos para assédio seriam
infrações ao _________. A singularidade da situação vem de essas
inconveniências serem autorizadas, e até estimuladas, pelas regras do
escritório.
Chamada
por engano
Na conversa entre jornalista e senhora da Venda
Nova falha sobretudo a máxima de ________, na medida em que a interlocutora
insiste em fazer pedidos («dispensava-me o seu bidé?») que não servem o
objetivo do telefonema (falar do Iraque). No final, a mesma senhora disfarça
uma infração ao ___________ («meu cabeça de porco»).
A
tua camisa é feia
Os epítetos deselegantes que cada uma das
interlocutoras dirige à outra constituiriam infrações ao ________; no entanto,
elas não parecem senti-los como ofensivos (só é tomada como indelicadeza a
referência à camisa feia).
Conversa
na esplanada
Os vários amigos não se interessam pela história
do indivíduo que tem uma alface de estimação: desviam-se para outro assunto («É
o Edmundo?»; «São 4h34») ou não percebem o que está a ser defendido pelo amigo
(«há alfaces tenrinhas»; «se fosse uma alface lisa»). Infringem a máxima de
______.
Matarruano
sonhador
O filósofo matarruano desvia-se do tema da
pergunta que lhe era feita: não coopera com o jornalista que o entrevista por
não cumprir a máxima de __________, já que a informação a que chega
invariavelmente não é pertinente para o objetivo da conversa.
Bomba
a bordo
O insólito resulta de comissário e comandante
agirem como se não detivessem um saber comum (‘bombas não são desejáveis’), o
que viabiliza a interação com o bombista.
Vamos
situar-nos na p. 109 do manual, a segunda da secção «Espelhos do eu», dedicada
aos textos de carácter autobiográfico. Está aí uma crónica de Miguel Sousa Tavares, uma
das que foram coligidas no livro ____________. Diga-se que a referência do
texto não ficou perfeita, já que falta o nome da crónica. Devia estar assim:
Tavares, Miguel Sousa (2001), «______________»,
Não te deixarei morrer, David Crockett, 8.ª ed., Lisboa, Oficina do
Livro.
Vai lendo a crónica e, à medida que surgirem os parágrafos,
escreve o que for pedindo.
«Ao longo do caminho»
Cria
outro título para a crónica: _____________
1.º parágrafo
Faz
um texto teu, a partir da mesma frase das duas linhas iniciais (e em estilo
semelhante). Haverá um relato desse momento mais distante de que te lembres,
acompanhado da descrição de elementos fixados para sempre.
É a primeira imagem da minha
existência, a coisa mais antiga de que me lembro. ...
2.º parágrafo
Lê
os dois períodos que começam por «Lembra-se». Faz também frases introduzidas
por «Lembro-me que», que reportem um episódio, um simples incidente, bom ou
mau, possivelmente insignificante, mas que ficou registado para sempre na tua
memória. (No verso, copiei frases de Luís Maio — de crónica na Fugas —, no estilo que pretendo.)
Lembro-me que ...
Lembro-me que ...
Lembro-me que ...
Lê
agora os parágrafos da coluna direita
do texto de Miguel Sousa
Tavares.
Vejamos a explicação para o título do livro, que reproduzo do prefácio-dedicatória (pp. 12-13):
Quando era pequeno — muito
pequeno, talvez oito ou nove anos — lembro-me de estar deitado na banheira, em
casa dos meus pais, a ler um livro de quadradinhos. [...] Nessa história, o David Crockett era emboscado por um grupo de índios,
levava com um machado na cabeça, ficava insconsciente e era levado prisioneiro
para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, havia uma índia muito bonita
[...] que cuidava dele, dia e noite, molhando-lhe a testa com água, tratando
das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa altura, ela murmurava para o
seu prostrado e inconsciente guerreiro: «não te deixarei morrer, David Crockett!».
No
mesmo estilo, pensa num título para um teu livro de memórias: ...
TPC — Escreve um «Alfabeto pessoal». (Repara no exemplo
que pus a seguir — só reproduzo aqui as primeiras letras, mas em Alfabeto Pessoal pus mais algumas —, que
fiz há bastantes anos, reformulando agora pouca coisa. Também podes ver um
alfabeto por colegas de 2011.) Evita que as frases sirvam apenas para declarar
aquilo de que gostas ou de que não gostas. Boa solução é não te limitares a
qualificar o que escolhes («é bom», «mau», «gosto de», etc.) e usares antes uma
redação «de comentário» aos temas que destaques. Repara também que a palavra
que é escolhida pode nem ser o exato assunto, servindo afinal como pretexto
para se aludir ao tema que importa mesmo. Podes ir alternando letras tratadas
em algumas linhas (três ou quatro) com outras que desenvolvas apenas numa
frase. E faz o alfabeto completo (fica ao teu critério incluir ou não o k, w,
y).
A, de Automóvel. Irrita-me a
importância que em Portugal se dá aos automóveis, sempre prejudicando quem usa
os transportes públicos (e os passeios, paisagens, etc.). Admiro o trabalho da
ACA-M (Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados), um dos raros exemplos de
intervenção da «sociedade civil».
B, de Benfica. Foi em 1983 a primeira vez que dei
aulas na Secundária de Benfica. Antes de a escola ser construída havia aqui uma
quinta e a casa dos meus pais era do outro lado do muro.
C, de Capitu. Capitu é o
hipocorístico de Capitolina, personagem de Dom
Casmurro, de Machado de Assis, um dos meus livros preferidos.
D, de Dona Leonor. O liceu onde
andei a partir do 5.º ano (o atual nono). Foi em 1974-75, o que explica que
nada tivesse sido convencional (aliás, salvo erro, no ano anterior o liceu
ainda era exclusivamente feminino). Recordo um dos hábitos de então: saindo das
aulas, à tarde e no inverno, o grupo dos que moravam em Benfica ia apanhar o
autocarro a Entrecampos, compartilhando as castanhas assadas compradas no
caminho.
[continua aqui.]
Aula 5-6 (24 [1.ª, 7.ª, 8.ª], 25/set [5.ª, 12.ª]) Lê o texto «A memória» (pp. 120-121). Nos itens que se seguem, circunda a letra que introduz a melhor alínea.
«AJ» e «EP» (linhas 1-8) correspondem a
a) iniciais dos nomes de uma auxiliar
administrativa e de um técnico de laboratório aposentado.
b) códigos atribuídos para efeitos de um
trabalho científico.
c) siglas de Audrey Jackson e de Edward Palin.
d) hipocorísticos de Ângela e Epaminondas.
Em «Ela terá possivelmente a melhor memória do
mundo» (ll. 7-8), «melhor» equivale a ‘a mais
a) agradável’.
b) adequada’.
c) exaustiva’.
d) compensadora’.
Em «Ele, uma das piores» (8), a vírgula
a) é lapso.
b) visa tornar o texto chamativo.
c) substitui «lembra-se».
d) deve-se à ausência do verbo.
A referência ao perfeito penteado de risca ao
lado (10-11) pretende
a) indicar a originalidade de EP.
b) acentuar a pacatez, a normalidade, de EP.
c) evidenciar a falta de gosto de EP.
d) valorizar a importância de cuidados capilares
frequentes.
Em «devorando-o como se fosse uma maçã» (14), o
pronome «o» corresponde a
a) ‘o seu cérebro’.
b) ‘o vírus Herpes
simplex’.
c) ‘o avô ideal’.
d) ‘um manjar confecionado com cocó de cão’.
«O ataque desferido pelo vírus teve uma precisão
inusitada» (15-16) significa, em termos objectivos, que
a) houve um ataque desferido por um vírus.
b) se deu uma batalha como estratégia para uma
vitória na guerra em curso.
c) a doença de EP avançou com consequências
bastante concretas.
d) o vírus foi absolutamente eficaz no ataque que
engendrou.
O hipocampo (16-29)
a) não tem relevância fulcral na capacidade de
recordarmos.
b) designa um recinto com pista e bancadas,
preparado para corridas de cavalos.
c) é essencial para recordarmos.
d) é uma câmara de vídeo com a cabeça avariada.
«E os seus casos ilustram de maneira mais
eloquente do que uma TAC cerebral em que medida as nossas memórias fazem de nós
aquilo que somos» (31-34) significa que
a) os seus cérebros são mais precisos do que uma
TAC.
b) as suas patologias permitem explicar como
funciona o cérebro.
c) os seus casos sabem exprimir-se bem.
d) os seus casos são dois extremos da memória
humana.
«Este quilo e trezentos gramas de matéria
enrugada» (34-35) reporta-se
a) ao cérebro de EP.
b) ao cérebro, visando realçar o seu peso considerável.
c) ao cérebro, contrastando-se a sua aparente
insignificância e o seu poder.
d) a um estupendo cocó de cão ainda visível
perto do portão da ESJGF.
Em «Se quiser uma comparação» (50-51)
a) há decerto uma gralha.
b) o enunciador dirige-se-nos (= «se [você, o
leitor] quiser»).
c) o enunciador dirige-se a EP.
d) o enunciador dirige-se a AJ.
As memórias declarativas (62-87) serão mais
úteis nas aprendizagens de
a) Educação Física.
b) Português.
c) Desenho.
d) Biologia.
A memória implica (88-107)
a) precisão (como acontece com a fotografia,
imagens no espelho, gravações).
b) transcrição meticulosa das experiências.
c) diversidade na eficácia dos novos registos.
d) a utilidade prática do que arquivamos.
Segundo o penúltimo parágrafo do texto (88-107),
entre o que o cérebro retém e a sua importância funcional
a) haveria bastante coerência e
proporcionalidade.
b) não haveria nenhuma relação.
c) haveria até uma relação de oposição.
d) haveria uma absoluta aleatoriedade.
O último parágrafo do texto (108-123) procura
mostrar que
a) receber muita informação é contraproducente.
b) talvez agíssemos de outro modo, se pudéssemos
tudo arquivar na memória.
c) estar exposto a muita informação torna o ser
humano mais esperto.
d) a cultura submerge-nos com informação
desnecessária.
Depois
de leres o trecho de Conta-Corrente,
de Vergílio Ferreira, que está na p. 116 do manual, completa as quadrículas
vagas ou as lacunas do quadro seguinte (mas apenas as das colunas do meio, já
que a coluna da direita só a faremos mais tarde):
Texto
|
Conta-Corrente, IV
|
«Ao longo do caminho»
|
Droit au but (Direito ao assunto)
|
Autor
|
Vergílio Ferreira
|
|
|
Género
|
Diário
|
Crónica
(com elementos autobiográficos)
|
|
Pessoa
|
|
Primeira
|
|
Tempo
|
Perfeito
(1.º parágrafo, reportado a «ontem»); Presente do Indicativo (2.º parágrafo,
mais sobre ____).
|
Presente,
sobretudo (perfeito e imperfeito nas alusões ao passado).
|
|
Narrador/Escritor
|
Coincidem.
|
Coincidem,
embora o texto também se foque em outra personagem, o _____ do cronista.
|
|
Personagem/Tempo
|
Personagem está a reportar-se a um _____ recente ou a
refletir sobre o seu presente.
|
Personagem
já viveu parte do que conta, mas ainda não faz uma retrospetiva da vida.
|
Personagem
já _____ o que conta e olha-o já em síntese.
|
Discurso/Ação
|
Haverá dispersão, repetições, características de um texto
que é fragmentado pelos dias, circunstancial, virado para o que vai
acontecendo, sem o hierarquizar.
|
Os
factos narrados pretendem apoiar os argumentos que constituem o essencial da
crónica.
|
A
narrativa pretende-se estruturada, escolhendo-se apenas o que é ______ na
vida do biografado.
|
«A
minha adolescência tem sido um céu baixo e pesado, em que existem, por vezes,
pequenas abertas».
Aproveita esta frase num texto diarístico. Podes
fazer os fragmentos de um, dois ou três dias. O trecho (ou cada um dos trechos)
começará pela data, como faz Vergílio Ferreira. A frase que pus em cima tem de
surgir em algum ponto do teu texto.
O narrador é de 1.ª pessoa, claro, mas isso não
te vincula obrigatoriamente ao que estejas a relatar ou a opinar: o narrador não tem de corresponder sempre
ao autor.
(Poderias relancear o que se
diz sobre o género «diário» na p. 117, ou olhar de novo a página de Vergílio
Ferreira, mas talvez seja mais prático centrares-te já no teu próprio texto.)
Vamos
ver o início do filme A história da minha
vida (Mensonges et trahisons), o
relato autobiográfico de um autor de autobiografias. Nele se articulam duas
autobiografias: a de Kevin, escrita afinal por Raphaël, e a que é narrada em
off, que é a do próprio Raphaël.
Segundo Raphaël, Muriel tem uma característica
muito distintiva, a de ser sempre _________. Se quisermos pensar no efeito que
esta idiossincrasia pode ter nas conversas em que Muriel participa, diremos
que, ao cumprir tão à letra a máxima conversacional de __________, ela acaba
por infringir constantemente o princípio de __________.
TPC — Completa, melhora, o texto diarístico começado
em aula (trazendo-me a mesma folha). Ainda aceito o «Alfabeto Pessoal»
(ver Sumários e tepecês, aula 3-4) na
próxima aula. Quando puderes, relanceia as páginas de gramática sobre
‘Princípios de cooperação e de cortesia’ que copiei em Gaveta de Nuvens.
Aula 7-8 (25 [8.ª], 26 [5.ª, 7.ª], 29/set [1.ª, 12.ª])
Nos dois sketches
(de Monty Python Flying Circus),
mostram-se casos em que o princípio de
_______ não foi cumprido, porque as formas
de tratamento escolhidas pelo locutor fazem o seu interlocutor «perder a face» — a face é a imagem pública de
cada falante.
No primeiro, «Sir Edward Ross», o tratamento
escolhido não é suficientemente formal para uma entrevista na televisão: em vez
de «Sir Edward», o apresentador começa por usar ______ (o que era aceitável),
mas depois passa a ________ (já descabido, mas que o interlocutor ainda
suporta), até chegar a ________ (que desespera o realizador. O hipocorístico (nome de carinho) é,
naquele contexto, ofensivo.
No segundo sketch («Arthur ‘Two Sheds’ Jackson»), o
que faz que o compositor não possa preservar
a face é a menção repetida da sua ________, «Dois barracões».
Entre
o final da p. 323 e o início da p. 324 há uma explicação sobre formas
de tratamento que te pedia lesses. Acrescentarei eu que: além de
familiaridade/proximidade, o critério para se adoptar determinado tratamento
inclui também a idade e o estatuto (em termos de hierarquia social e
profissional); e que a forma de tratamento não é só o pronome ou nome que
introduz o discurso, mas sobretudo a pessoa verbal que depois se usa: 2.ª
pessoa do singular («queres?»); 3.ª pessoa («[o Luís/você/o senhor/...] quer?»;
«[vocês/os senhores/...] querem?»); 2.ª pessoa do plural («[vós/Senhor/...]
quereis?»).
Lê
as frases na tabela. Na coluna A-Q, vai pondo a letra que corresponda à sintaxe
das frases (vê a lista de «Formas de tratamento», na outra folha); na coluna
mais à direita, escreve o número que corresponde à situação (vê a lista de
«Situações»).
Frases (com exemplos de formas de tratamento)
|
A-Q
|
1-24
| |
1
|
Levantai,
hoje de novo, o esplendor de Portugal.
|
|
|
2
|
Pai
Nosso, que estais no céu, livrai-nos do mal.
|
|
|
3
|
O
Luís tem gostado das turmas?
|
|
|
4
|
Vossa
Reverência não se importava de me dar mais uma hóstia?
|
|
|
5
|
O
D. Januário pode confessar-me agora?
|
|
|
6
|
A
Dona Fernanda tem aí o ofício da empresa de limpeza de cocós de cão?
|
|
|
7
|
Tens
de trazer sempre o livro.
|
|
|
8
|
Compra-me
os ténis e eu prometo ter boas notas a Português.
|
|
|
9
|
Compre-me
os ténis e eu prometo ter boas notas a Português.
|
|
|
10
|
Você
é paulista ou carioca?
|
|
|
11
|
Vossemecê,
meu pai, permite que eu vá ouvir o MP3?
|
|
|
12
|
Você
tem de evitar comer tantos fritos.
|
|
|
13
|
Vossa Excelência deseja o quarto com vista para o mar ou
a suite com vista para as latrinas?
|
|
|
14
|
O
Lopes da Silva já tratou do tal assunto?
|
|
|
15
|
O
engenheiro pode chegar aqui?
|
|
|
16
|
O
senhor doutor já comeu o empadão?
|
|
|
17
|
Estás
bom?
|
|
|
18
|
Ide
lavar-vos.
|
|
|
19
|
O
professor já viu os testes?
|
|
|
20
|
Cê
viu Ronaldinho?
|
|
|
21
|
O
stor vai dar-me positiva?
|
|
|
22
|
Vocês
dão-me o carro hoje?
|
|
|
23
|
A
menina estude, que eu prometo ver isso dos ténis.
|
|
|
24
|
Façam-me
este exercício sobre formas de tratamento.
|
|
|
25
|
Passe,
por favor.
|
|
|
26
|
O
senhor já pediu?
|
|
|
Formas de tratamento
A
— 2.ª pessoa do singular
B
— 2.ª pessoa do plural
C
— 3.ª pessoa do singular
D
— você + 3.ª pessoa do singular
E
— cê + 3.ª pessoa do singular
F
— vossemecê + 3.ª pessoa do singular
G
— artigo + nome + 3.ª pessoa do singular
H
— O senhor + 3.ª pessoa do singular
I
— O senhor + título profissional + 3.ª pessoa do singular
J
— artigo + título profissional + 3.ª pessoa do singular
L
— artigo + Dom/Dona + nome + 3.ª pessoa do singular
M
— A menina + 3.ª pessoa do singular
N
— Vossa Excelência + 3.ª pessoa do singular
O
— Vossa Reverência + 3.ª pessoa do singular
P
— 3.ª pessoa do plural
Q
— vocês + 3.ª pessoa do plural
Situações
1
— Futebolista da seleção nacional para os heróis portugueses (ao cantar o
hino).
2
— Médico para doente.
3
— Criada para patrão.
4
— Aluno remelento da ESJGF para seu mestre.
5
— Brasileiro das classes populares para outro da mesma classe.
6
— Crente católico para Deus (em oração).
7
— Católico para o seu bispo ou para o seu padre.
8
— Professora para um colega que fora em tempos seu professor.
9
— Rapaz para mãe.
10
— Pai para filha.
11
— Professor para aluno.
12
— Alunos para professor da faculdade.
13
— Jovem para outro jovem.
14
— Professor para turma.
15
— Cliente para empregado(s) da oficina.
16
— Rosália para o seu pai, pequeno agricultor em Constantim (Trás-os -Montes).
17
— Patrão para empregado.
18
— Patrão para funcionário licenciado.
19
— Brasileiro para brasileiro (independentemente da classe social).
20
— Funcionário para outra funcionária, não licenciada e mais velha.
21
— Empregado de hotel para cliente.
22
— Sexagenária de Vila Nova de Gaia para a canalha.
23
— Professor para encarregado de educação.
24
— Empregado de restaurante para cliente.
TPC — O texto reproduzido em baixo
pertence à secção «Pequenos Prazeres», uma coluna que havia no Jornal de Letras, Artes e Ideias. Nesta
secção, intelectuais ou figuras públicas eram convidados a revelar situações de
que gostavam. Repara que os parágrafos variam bastante na extensão e estilo. (O
primeiro, à esquerda, não é grande exemplo do que pretendo.) Nos segundo,
terceiro e quarto, os do meio, temos linhas quase fílmicas, que tentam agarrar,
por pinceladas, um dado ambiente de que se gosta ou uma sensação que se quer
rememorar. Os parágrafos à direita são breves, em cada um se sintetizando um
motivo de pequena felicidade (por vezes, o importante é um pormenor apenas).
Escreve tu também alguns parágrafos assim, com os teus «Pequenos Prazeres».
(Exemplo de «Pequenos Prazeres» por colegas de 2011: aqui.)
Aula 9-10 (1 [1.ª, 7.ª, 8.ª], 2/out [5.ª, 12.ª]) Correção dos questionários de compreensão do escrito feitos na aula 5-6.
Lê
o texto «Realidade duríssima» (p. 124), trecho de As Pequenas Memórias, de José Saramago. Sem me inquirires sobre o
seu significado, em cada item que se segue circunda uma das quatro palavras à
direita, a que tenha o valor mais aproximado da palavra usada no texto (que pus
a negro e à esquerda).
Nota
que fui buscar todas as quatro hipóteses a um Dicionário de Sinónimos, o que nos permite concluir que o
significado de uma palavra está longe de ser fixo e não é aferível sem que se
que tenha em conta o contexto em que surge.
duríssimas (linha 1) — barbitesas
/ firmes / obstinadas / amargas
propícios (l. 4) — prósperos /
favoráveis / bonançosos / indulgentes
causas (6) — motivos / ideais
/ sementes / acontecimentos
olvidados (7) — defuntos /
desaprendidos / omitidos / esquecidos
mesquinha (9-10) — vil /
forra-gaitas / pobre / sovina
santa (10) — santificada /
inocente / ingénua / eficaz
satisfação (13) — agrado /
desculpa / cumprimento / peracumbé
culto (14) — cultura /
religião / devoção / civilização
chamariz (15) — apito / chama /
negaça / engodo
primitivos (24) — originais /
grosseiros / toscos / antigos
safra (26) — colheita /
novidade / seara / incude
esfolar (31) — arranhar / ferir
/ despelar / explorar
arrastei (40) — demorei /
humilhei / retardei / conduzi
serventia (43) — abertura /
gato-pingado / aplicação / acesso
A
tabela seguinte compara o género ‘memórias’ com a ‘autobiografia’ e o ‘diário’.
No eixo vertical aproveitam-se as características apontadas no enquadrado na p.
124 (sobre «Memorialismo»), que deves relancear. Na coluna para ‘Memórias’, escudamo-nos
sobretudo no caso do texto de Saramago que estiveste a ler. Completa:
|
Memórias
|
Autobiografia
|
Diário
|
peso
da exterioridade (ou da
interioridade)
|
centra-se
na relação com o meio e as pessoas (embora se percorra também a própria _________
do enunciador)
|
centra-se
na vida do biografado (embora enqua-drada no ________ social, histórico,
cultural envolvente)
|
regista
sobretudo a posição do ______ (relativamente ao mundo ou a si mesmo)
|
testemunho do tempo e do espaço
em que viveu
|
________
|
bastante
presente
|
supérfluo,
ocasional
|
recriação
seletiva do passado
|
guardam-se
ocorrências significativas, marcantes (talvez também em função dos ________ históricos
paralelos)
|
relato
escolhe factos relevantes (sobretudo em função da reconstrução da ___ do
biografado)
|
pode
haver, aqui e ali, recuperação de um passado, mas o essencial é o «presente»
a que se reportam as _____ que abrem cada «página do diário»
|
No
passo que vamos ver de A história da
minha vida há um contraste entre os livros que Raphaël escreve para outros
(apenas como tarefa profissional) e o livro que quer assinar como escritor (que
ele pretende tenha valor literário).
Resume
a opinião que cada uma das personagens tem acerca da biografia de Kevin
encomendada a Raphaël e do romance — ou romances — com que Raphaël se quer
estrear como escritor «ortónimo» (ou ‘escritor com o seu exacto nome’).
Livros
|
Autobiografia de Kevin
(Directo ao assunto)
|
Romance(s) de Raphaël
|
Opinião
de...
| ||
Kevin
|
O estilo está demasiado _____. Defende que não
há ______ para se escrever uma autobiografia e pretende que em cada capítulo
haja ________ estilo.
|
[Não leu]
|
Claire
|
Embora o estilo de escrita (a forma) seja um
tanto _____________, o que se relata é ___________.
|
Está _______, mas ainda são apenas as cem
páginas iniciais. Raphaël não terá ________ o suficiente para poder fazer um
bom romance.
|
Muriel
|
[Não leu]
|
É um livro _______. Falta-lhe __________, há
demasiada técnica. Sugere que Raphaël escreva outro.
|
Raphaël
|
O estilo de uma autobiografia (como a que
escreve para Kevin) deve obedecer a certas «noções de _____________».
|
Está ___ quanto ao seu valor como escritor
«literário», mas tem _______ de que a avaliação seja encomiástica.
|
TPC — Completa trabalho de ‘Definição
pessoal’ com verbos conjugados iniciado em aula.
Em
Gaveta de Nuvens está link para uma
base morfológica onde se pode consultar a flexão de qualquer verbo. Basta
escrever o nome do verbo, clicar em «pesquisa» e obtém-se a conjugação dos
tempos simples. Nesta base morfológica pode também ver-se que palavras têm
determinado prefixo ou sufixo ou que palavras incluem determinada sequência.
Aula 11-12 (2 [8.ª], 3 [5.ª, 7.ª], 6/out [1.ª, 12.ª]) Vai lendo o texto «Escrever um diário» (p. 115), trecho de um dos volumes de Cadernos de Lanzarote, o diário de Saramago. A exemplo do que fizemos na última aula, em cada linha com quatro possíveis sinónimos de palavras de Saramago, circundarás o vocábulo que, no exato contexto, é o único verdadeiro sinónimo (tanto quanto uma palavra pode ser sinónima de outra).
faltando (linha 1) — falhando / iludindo / falseando /
mentindo
maliciosa (2) — esperta / maldosa /cautelosa / astuciosa
narcisismo (2) — ambição / altivez / imodéstia / bazófia
frio (2) — cru / gelado / arrefecido / lânguido
sumário (3) — simples / índice / compendioso / sucinto
juízo (3) — aviso / apreciação / caco / toutiço
ilustres (4) — célebres / respeitáveis / altivos /
civilizados
particular (5) — privada / confidencial / peculiar / secreta
comprazimento (5) — condescendência / satisfação / agrado /
complacência
confiança (6) — má-criação / esperança / atrevimento /
segurança
adestrado (6) — ensinado / desasnado / governado / matinado
suportável (8) — fácil / compatível / sofrível / tolerável
personagem (9-10) — personalidade / figura / interlocutor /
tipo
suscitado (10) — excitado / levantado / oposto / aparecido
sinceridade (11) — ingenuidade / verdade / cordialidade /
lealdade
Os
sketches que veremos servem-nos para
tratar de questões de flexão de formas verbais (pessoa, tempo, modo). Vai completando.
Em «Instrutor que
canta o yodle» (série Meireles) predominam as frases diretivas. Surgem formas
verbais na 2.ª pessoa do singular do ______ («Entra», «Mete uma
abaixo, homem», «Faz inversão de
marcha», «Fica sabendo que em mais
de vinte anos», «Está calado, pá»),
mas também da 3.ª pessoa do singular do ____ do Conjuntivo («Fique sabendo que o yodle até ajuda»);
da ___ pessoa do ______ do Presente do Conjuntivo («vamos lá a fazer essa inversão de marcha»); e da 2.ª pessoa do
singular do _______ do Indicativo («vais
começar»; «tiras o travão de mão»).
Ou seja: são vários
os tempos que acabam por poder funcionar como Imperativo. Nas gramáticas mais
tradicionais, o Imperativo surge só
com duas pessoas (as segundas, do singular e do plural, para «tu» e «vós»).
Mas, como já quase não usamos «vós» mas antes a terceira pessoa («você»), o
imperativo acaba por se servir da 3.ª pessoa do Presente do _______, no
singular e no plural: «fique», «fiquem». Para a 1.ª pessoa do plural, serve
também o ______ do Conjuntivo: «fiquemos». Na
negativa, o Imperativo socorre-se das formas do Presente do Conjuntivo. Passa
tu para a negativa:
Entra | _____; Mete | _____; Faz | ______; Está
| ______.
Em «Apóstolo que
corrige Jesus» (série Lopes da Silva), o protagonista, Jesus, engana-se
frequentemente nas formas verbais. Completa o quadro.
Frase proferida (com erro).
|
Forma verbal corrigida
|
Tempo da forma corrigida
|
Ainda bem que chegásteis.
|
|
Perfeito do
Indicativo
|
Lembreis-vos ou não?
|
Lembrais-vos
|
|
Estades com fome?
|
|
Presente do
Indicativo
|
Se vós pudesses aguentar a larica...
|
|
Imperfeito do
Conjuntivo
|
Sedes pessoas para vir
comigo?
|
Éreis
|
|
Idem caçar.
|
|
Imperativo
|
Comai a seguir.
|
|
|
Senteis-vos bem?
|
|
|
Não me agradeceis a mim.
|
|
Imperativo
|
Sabedes onde se come por
aqui?
|
|
|
[ Incidentes/Anamneses
]
8 de Julho, sete da tarde, Escola Secundária de Benfica — Inaugura-se o planetário do 7.º 3.ª. Todos estão contentes. A entrada
na sala onde está o planetário faz-se por uma cortina preta (que me lembra a
Feira Popular há muitos anos). Lá dentro, como tudo o que em nós é branco fica
fosforescente, a sala parece povoada de esqueletos. Como todos olham em redor e
se torcem para verem as galáxias, parecemos esqueletos num aquário.
Meados de Agosto, domingo, à uma, no restaurante Colina, em Lisboa — Enquanto
como um excelente bife do lombo à Colina, ouço conversas que parecem diferentes
das habituais (mais contínuas e digressivas). Depois percebo: Lisboa está quase
deserta e no restaurante estão sobretudo velhos. Habitualmente, predominam as
famílias com as três (ou quatro) gerações a falarem, focadas num único
assunto.
15 de Setembro, seis da tarde, praia de Tróia — De repente, levanta-se a ventania costumada àquela hora. Um chapéu de
sol viaja pela praia a grande velocidade. Percebemos que pertence a um casal de
namorados, que nem se apercebeu de que o chapéu fugiu e, embatendo nas dunas,
ficou estacionado a uns cinquenta metros. Hesitamos em avisar o par
setubalense. Temos razão: largo tempo depois, levantam-se, olham em roda e
acabam por descobrir o chapéu sozinhos.
TPC — Prepara a leitura em voz alta dos
seguintes textos (no fundo, incluo o que já lemos nesta secção 3 e os textos
ensaísticos de apoio): «Espelho» (108); «Um jogo contínuo de espelhos» (108);
«Ao longo do caminho» (109); toda a p. 114; «Escrever um diário» (115); página
de diário de Vergílio Ferreira (116); «Diário» (117); «A memória» (120-121);
«Realidade duríssima» (124); «Memórias» (124).
Aula 13-14 (8 [1.ª, 7.ª, 8.ª], 9/out [5.ª, 12.ª]) Pré-eliminatória de apuramento para a Liga dos Campeões de Leitura em voz alta (1.ª parte).
Regressando à flexão verbal:
Em
«Castigadores da parvoíce» (série Meireles), uma das atitudes parvas castigadas
é a má flexão de certas formas verbais. As formas que surgem mal conjugadas são
da ____ pessoa do _________ do ____________________________ dos verbos
«chegar», «vir», «dizer», «fazer», «baldar-se». As personagens dizem, por
exemplo, «ouvistes» (em vez de «ouviste»).
As formas em -stes («ouvistes», etc.) até podem ser
corretas, se corresponderem à ___ pessoa do _______, que usaríamos se
tratássemos alguém por «vós». Flexiona:
Eu cheguei; tu ____________;
ele _________; nós _________________ [com
acento, para distinguir do Presente]; vós ___________; eles ___________.
Miguel
Esteves Cardoso — que aliás tem dois textos no nosso manual — escreve
diariamente uma mini-crónica no Público,
com o nome genérico «Ainda ontem». Esta, intitulada «O melhor dia», é a de há aproximadamente
um mês (7 de setembro de 2014).
Ainda que com menos extensão do que a crónica de
Miguel Esteves Cardoso, escreve uma nota de recordação de um dia, um momento,
bem passado. Assume que o texto seria para uma coluna
cronística «Ainda ontem» e teria o título, precisamente, de «O melhor dia».
TPC — Aproveita
para fazer alguma revisão dos assuntos de gramática que demos desde o início,
incluindo a conjugação dos verbos.
Aula 15-16 (9 [8.ª], 10 [5.ª, 7.ª], 13/out [1.ª, 12.ª]) Lê o texto «Duas ou três coisas que sei sobre mim» (p. 112). Nos itens que se seguem, circunda a letra que introduz a melhor alínea.
«Andava a Terra a correr os céus em torno do Sol à
velocidade de trinta quilómetros por segundo» (ll. 1-3) pretende
a) ironizar sobre a real importância do facto
que se refere depois.
b) mostrar que o facto que se enuncia depois
ocorreu num momento excecional.
c) esclarecer que, naquela época, a velocidade
da Terra era menor do que a de hoje.
d) situar no tempo, com precisão, o nascimento
do narrador.
«um dos mais quentes desse ano» (5-6) é uma informação
a) figurada, que não deve ser tomada à letra.
b) decerto factual, portanto denotativa.
c) justificada por o autor ser um meteorologista
famoso.
d) que não é, evidentemente, verdadeira.
«Abri os olhos para o mundo em plena hora da
sesta» (6-7) significa que
a) o narrador, quando estava a fazer a sesta,
viu o mundo.
b) o narrador viu o mundo à hora da sesta.
c) o narrador nasceu quando alguém, nas
imediações, fazia a sesta.
d) o parto acabou ao começo da tarde.
O «prémio de bebé mais bonito nascido na
maternidade naquela semana» (16-18) visa
a) indiciar que o bebé era normalíssimo.
b) indicar que o bebé era excecionalmente
bonito.
c) informar que houvera um concurso para eleger
o bebé mais bonito da semana.
d) esclarecer que a tradição dos Prémios Tia
Albertina vem de longe.
Mme Kaufmann e Bertinha (20-22) seriam
a) proprietárias de creches.
b) colega e professora, respetivamente.
c) professoras.
d) colegas de Caraça.
«tive umas primeiras letras e uns primeiros
números (bem como uns primeiros amores)» (22-24) faz referência
a) ao ensino da leitura e da escrita, da
aritmética e da educação sexual.
b) à aprendizagem de leitura, escrita e
aritmética, aludindo também aos namoricos infantis.
c) à letra da turma e ao número que tinha João
Caraça.
d) a endividamentos e investimentos feitos por
Caraça.
Nas linhas 26-28 faz-se a defesa
a) da importância da vontade de saber.
b) de que a curiosidade é uma arma perigosa.
c) de que a curiosidade é uma arma.
d) da aventura como meio para se chegar à
sabedoria.
Rómulo de Carvalho (33) foi
a) professor de Matemática e de Físico-Químicas
de Jaime Leote.
b) o poeta António Gedeão, mas não foi professor
de João Caraça.
c) professor de Físico-Químicas de Caraça e
autor do verso «à razão de trinta quilómetros por segundo».
d) professor de Matemática de João Caraça.
«entrei para o quadro da Junta de Energia
Nuclear» (41-42) significa que João Caraça
a) passou a figurar no retrato anual dos
funcionários da JEN.
b) passou a integrar a JEN.
c) foi retratado por pintor da JEN.
d) se iniciou na pintura, por essa época.
O período «O 25 de Abril apanhou-me no quartel
de Paço de Arcos» (49-51) diz-nos que Caraça
a) foi preso na ocasião da revolução.
b) assaltou o quartel de Paço de Arcos no dia 25
de abril.
c) estava a fazer a tropa à época do 25 de abril
de 74.
d) foi apanhado no quartel de Paço de Arcos por
um colega cuja alcunha era «25 de Abril».
Ter adicionado à sua «profissão de fé nas
ciências ‘duras’ o doce perfume de amante das ciências ‘moles’» (56-59) reporta que João Caraça
a) se tornou apreciador de fezes moles
(vulgarmente: ‘cocós de cão diarreicos’).
b) detestava o cheiro dos cocós de cão.
c) evoluiu da biologia para a matemática.
d) se apercebeu de que as ciências humanas
também eram gratificantes.
No último período (62-65), «em 1976» está
isolado por vírgulas
a) indevidamente.
b) por ser um modificador.
c) por ser um vocativo.
d) por aludir a data relevante.
No último período (62-65), uma vírgula separa
«Mariana» de «a minha mais perfeita e conseguida realização», porque
a) este último segmento é um modificador
apositivo (uma explicação adicional).
b) Mariana era realmente uma perfeita
realização.
c) o narrador não está convicto da
afirmação.
d) o narrador quer vincar o que está a afirmar.
Responde
aqui ao exercício 1 de «Pós-leitura», na p. 113 do manual (usa as onze palavras
que aí são indicadas):
Autobiografia
No
sentido estrito da palavra, autobiografia
será a _______ de alguém realizada pelo _______, de tal forma que o _______ e o
objeto narrado sejam _______.
Em
termos literários, a autobiografia assume algumas regras (sempre passíveis de
transgressão) que poderemos reduzir ao seguinte: o autor assume a
responsabilidade pessoal de _______ e de _______ do seu texto; o indivíduo
revelado ao longo da organização textual é ______ ao referenciado; admite-se,
portanto, a existência _______ desse indivíduo, de tal forma que essa
existência pode ser _______ publicamente; aceita-se uma espécie de ______
autobiográfico, segundo o qual os acontecimentos relatados são tidos pelo
_______ como verídicos. No romance autobiográfico, naturalmente que, em virtude
das regras da ficcionalidade, essas normas admitem um nível maior de
transgressão.
Vai
também tentando resolver a pergunta 2 de Leitura/Compreensão na mesma p. 113:
a. _______________
b.
_______________
c. _______________
E,
se houver tempo, pensa ainda na solução das perguntas 3 e 3.1:
3. _______________
3.1. ______________
O
filme cujo início vamos ver também é autobiográfico. Melhor, tem como
personagem principal alguém que vai narrando a sua vida. Em rigor, para ser uma
autobiografia mesmo, deveríamos ter como personagem e _________ uma figura
correspondente ao próprio realizador.
Num
livro, diríamos que o narrador é homodiegético (é também ________ da história
que narra) ou autodiegético (já que é até a personagem _______, o herói).
Porém, no filme, além de intervenções em off
(na 1.ª pessoa, claro), também temos partes em que não há bem narração, como é
o mais natural no cinema.
Aspecto
talvez pouco usual é que o narrador, apesar de se situar já depois de
percorrida a vida toda (a história parece ser relatada em flash back, ou seja, em ______), surge-nos com a voz da idade que
teria à data dos acontecimentos narrados (e não como alguém já velhote que os
relatasse a posteriori).
A
etiqueta mais adequada ao género deste Jeux
d’enfants [Amor ou consequência]
seria ‘memórias de uma paixão’, mais do que ‘autobiografia’, ‘memórias’ ou
‘romance autobiográfico’. Note-se ainda que há saltos (de décadas) na biografia
do casal, o que também é conveniente a filmes, já que se ultrapassa assim a
necessidade fazer envelhecer as personagens paulatinamente.
Uma
última nota: o objeto que serve de agregador das várias peripécias daria um
excelente ‘prémio Tia Albertina’.
TPC — Recorrendo, ou não, a um dicionário, encontra um
verbo interessante (pouco usual, complicado, engraçado na sua sonoridade,
extenso, etc. — enfim, um verbo que, por algum motivo, consideres simpático ou
original). Escreve toda a sua flexão, incluindo tempos simples e compostos.
Aproveita para veres bem a folha com um modelo de flexão («Fazer») dada na aula
9-10 e para te ires familiarizando com a conjugação dos verbos. Transcreve também o essencial do verbete
do dicionário relativo ao verbo escolhido. Este tepecê tem de ser escrito à
mão, em folha a entregar-me depois.
Aula 17-18 (15 [1.ª, 7.ª, 8.ª], 16/out [5.ª, 12.ª]) Correção do questionário de compreensão sobre texto autobiográfico de João Caraça. (Ver Apresentação.)
Lê
«História Incompleta» (p. 122). Vê as perguntas 3, 3.1, 3.2 do manual (p. 123).
Já respondi a 3.1 e a 3.1.1; responde tu a 3.2:
3.1
O advérbio que corresponde ao tempo da
história é «ontem» (l. 11); os advérbios que marcam o tempo da escrita são «agora» (l. 9) e «hoje» (10).
3.1.1 «Ontem» remete para um passado que, embora
distante, está vivo nas recordações da narradora e que, por isso, parece ter
acontecido no dia anterior.
3.2
___________
Resolve
agora a pergunta 5 (p. 123):
1 = __; 2 = __; 3 = __; 4 = __; 5 = __.
Passa
a responder aos itens que ponho a seguir, em que aproveito o facto de ter
comigo o texto completo desta autobiografia de Isabel Ruth, escrita para o Jornal de Letras, e te peço para
conjeturares o que estava nesse texto integral.
Na
linha 13, a
pontuação «(…)» assinala uma supressão de texto. Qual destes segmentos estará
nesse ponto do original e foi omitido no manual?
a) Regresso ao passado à velocidade de Flash
Gordon.
b) Regresso ao passado, na Figueira.
c) Regresso ao passado, com saudade.
d) Regresso ao passado, com lentidão nostálgica.
Na
l. 19, nova supressão, depois de «Buarcos.» Que estaria no texto efetivamente
escrito por Isabel Ruth?
a) Há uma Nossa Senhora no nicho, na esquina da
fachada, mesmo ao lado da janela do quarto dos meus pais. [E prossegue-se com
descrição de Buarcos.]
b) Há um cartaz de Tony Carreira, que, disso não
me esqueço, fora o meu grande ídolo de infância. [E prossegue-se com descrição
de Buarcos.]
c) Há um cartaz de Tony Carreira, que, disso não
me esqueço, fora o meu grande ídolo de infância. [E prossegue-se com o retrato
de Carreira.]
Na
autobiografia original saída no Jornal de
Letras, o texto de Isabel Ruth continuava ainda para além de «labirintos.»
(l. 28). Qual destes trechos se lhe seguia?
a) E esses labirintos são o âmago de mim, um
caminho para o auto-conhecimento, um postigo para a minha alma.
b) Tenho uma imaginação que me assusta, conheço
esse meu lado sem horizontes onde o nada é mesmo o nada e perco-me nesse
infinito que eu sou.
c) Labirintos esses que foram, para sempre, a
escuridão do meu sol, o brilho do meu negrume... Ah! Barquilhos de Buarcos que
eu já não saborearei mais!...
Qual
será o último período do original da autobiografia de Isabel Ruth tal como
publicada na íntegra no Jornal de Letras?
a) Afinal de contas foram eles que substituíram
as lojas dos trezentos, caramba!
b) E que bem que se estava na banheirinha, com
água quente e montanhas de espuma!...
c) Enojavam-me todos aqueles
labirintos de dejetos caninos, de que mal me conseguia desviar...
d) Esta é a minha história
incompleta mas o tempo escasseia. Interessará a alguém a vida dos outros?
Responde
à pergunta 4 do manual (p. 123):
___________
TPC — Em vez de tepecê,
deixo uma sugestão de participação em concurso. Está a decorrer, até 29 de outubro, um concurso promovido
pela Fundação Calouste Gulbenkian, «Dá voz à letra», para leitores em voz alta
(dos 13 aos 17 anos). Aqueles que têm já certa capacidade de leitura em voz alta
podiam muito bem concorrer (ou todos os que queiram, mesmo que não sejam ainda
grandes leitores em voz alta). Pus já links para regulamento e outras informações úteis em Gaveta de Nuvens. Implica a
leitura em voz alta — com expressividade — de um texto escolhido pelo
concorrente. Essa leitura não pode exceder os três minutos e é gravada em
vídeo. (Para se ter ideia do tempo: um texto como «História Incompleta»
corresponderá a dois minutos e tal. No fundo, perto de uma página do nosso manual
dará o tempo máximo. Se se tratar de poema, pode até ser mais do que uma
página.) O próprio texto deve ser bem escolhido, mas a vossa leitura será ainda
mais decisiva. Embora as informações fiquem respondidas pelo regulamento e pelo
site próprio que a Gulbenkian fez para o efeito, tenho todo o gosto em, se for
caso disso, ajudar no cumprimento das regras de envio e na própria correção dos
primeiros resultados (se me enviarem a gravação, eu direi se há aspetos a
melhorar).Os prémios são (1.º lugar) viagem a Londres para duas pessoas; (2.º)
iPad; (3.º) iPad. Portanto, quase tão bons como os melhores prémios Tia
Albertina.
Aula 19-20 (16 [8.ª], 17 [5.ª], 20 [1.ª, 12.ª], 22/out [7.ª]) Resumirei aqui o que no livro, pp. 330-332, está explicado mais desenvolvidamente:
Tipologia
textual
Cada tipo
de texto (ou protótipo textual)
define-se por um determinado grupo de características, podendo algumas destas
características ser constantes e outras variáveis. [...] A maior parte dos textos
é constituída por numerosas sequências, as quais poderão atualizar diferentes
tipos textuais. De facto, num mesmo texto costumam ocorrer sequências de diferentes tipos (por exemplo, num texto narrativo é
habitual surgirem sequências de tipo descritivo e sequências de tipo
conversacional).
Existem múltiplas formas
de atualização do tipo textual narrativo:
contos, fábulas, histórias, parábolas, reportagens, notícias e relatos de
experiências pessoais. O texto narrativo centra-se na ação, no relato dos acontecimentos.
As sequências textuais
que atualizam o tipo textual descritivo
são construídas em torno de um dado objeto, acerca do qual se predicam diversos
atributos. Os textos descritivos são uma exposição de diversos aspetos que
configuram o objeto sobre o qual incide a descrição. Tudo pode ser objeto de
descrição, mas as descrições mais frequentes incidem sobre pessoas e
personagens (quer traços físicos quer atributos psicológicos), espaços e
situações atmosféricas.
O objetivo central dos textos/discursos que
atualizam o tipo textual argumentativo
consiste em justificar ou refutar opiniões. As sequências textuais e os textos
de tipo argumentativo são frequentes nas interações verbais do nosso dia-a-dia:
na propaganda política, nos debates televisivos sobre questões polémicas e
mesmo em situações informais de interação sobre aspetos práticos.
Estão associados ao tipo textual expositivo (ou explicativo) os textos em que se
apresentam análises e sínteses de representações conceptuais. Podemos encontrar
este protótipo textual nos manuais das disciplinas científicas, em que se passa
constantemente da exposição — sucessão de informações com o objectivo de dar a
conhecer algo — à explicação — com o intuito de fazer compreender o «porquê» do
problema e a sua resolução. Já agora: também as presentes definições de
protótipos textuais se enquadram no protótipo expositivo.
Os textos que actualizam o tipo de texto instrucional (ou diretivo, ou também injuntivo)
têm subjacente o objetivo de
controlar o comportamento dos
seus destinatários. Este protótipo textual é atualizado numa grande diversidade
de textos, desde enunciados simples (como «Proibido tirar fotografias») até às
regras de utilização de um software. Todas as instruções (receitas de
culinária, instruções de montagem, etc.) se incluem neste protótipo.
O tipo de
texto conversacional, também designado «dialogal», é atualizado em textos produzidos por, pelo menos, dois
interlocutores que tomam a palavra à vez. Este tipo textual manifesta-se, por
exemplo, nas interações orais quotidianas, nas conversas telefónicas, nos
debates e nas entrevistas.
O tipo
textual preditivo informa sobre
o futuro. Manifesta-se em boletins meteorológicos, horóscopos, profecias.
Dados
os seguintes fragmentos, tenta identificar de que tipo de texto se trata:
1 Naquela noite o vento uivava, vadio. Os galhos dos
castanheiros rumorejavam, nervosos, batidos pelo vendaval e pelos cocós de
cão...
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo _____.
2 Quando falamos de «tipos de texto», tentamos sistematizar,
arrumar, organizar nuns poucos «gavetões» semânticos produtos discursivos que,
apesar de em número infinito, apresentam características comuns que aproximam
alguns deles entre si.
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo _____.
3 — Como se chama este cão?
— Cocó.
— Essa é boa! A um cão
não se chama «Cocó»!
— Então?
— Um cão é «Ringo»,
«Faísca», «Rex», «Hermenegildo».
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo _____.
4 Crianças: devem
tomar um comprimido, três vezes ao dia, antes das principais refeições. Adultos: dois comprimidos, três vezes ao
dia, antes do principal cocó.
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo _____.
5 Se a é igual a 1
e b é igual a 1, então a é igual a ⅞ de 2 + 74 ÷ 5 × 24
cocós de cão.
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo ______.
6 A boneca tem feições de marfim; pálidas, lisas, de veludo;
e os seus cabelos são ondas de ouro, descendo, levemente, sobre os ombros...
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo ______.
7 Fará bom tempo em toda a Península.
Aguaceiros , porém, na zona de Benfica; e trovoada, com queda
de blocos enormes de granizo, sobre a ESJGF, mormente na sala D9.
O texto de que foi retirado este trecho será do
tipo ______.
[exercício de: Álvaro
Gomes, Gramática pedagógica e cultural da
língua portuguesa, 2006; definições adaptadas de glossário da TLEBS; cocós,
granizo e Hermenegildos meus]
Veremos cinco sketches
da série Barbosa. Poderíamos considerar que todos exemplificam o tipo textual
conversacional, já que mostram personagens em diálogo. Porém, abstraindo-nos
dessa moldura geral, é possível descobrir em cada cena o protótipo, ou os
protótipos, mais presentes.
Sketch
|
Tipo
textual
| |
«Matarruanos dão indicações»
|
| |
«Sobrevivente de desastre»
|
[considerando a situação de entrevista]
|
|
[fala do sobrevivente]
|
| |
«Funcionário que bolsa»
|
[discurso do «chefe»]
|
|
«Bom dia, boa tarde»
|
| |
«Javard Air»
|
[observações dos
passageiros até se sentarem]
|
|
[intervenções do comandante-comissário]
|
|
Escreve,
no máximo, sete curtos trechos que, supostamente, pertenceriam a textos maiores
e são agora apresentados como se se tratasse de fragmentos de livros resgatados
por sorte — pequenos pedaços de folhas encontrados no lixo.
Esses
fragmentos pertencerão a tipos textuais diferentes. Idealmente, haveria no
final sete desses recortes, mas admito que não chegues a percorrer os sete
tipos e fiquemos só com uns quatro ou cinco, dependendo do tempo que consigamos
ter.
Haverá
um tema agregador, comum a todos os fragmentos: tu mesmo/a.
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
[tipo ______________________]
______________________
TPC —
No Caderno de Atividades,
resolve/estuda a ficha sobre Pontuação (pp. 4-6; as soluções estão na p. 88).
Não é preciso trazeres-ma. (Em Gaveta de
Nuvens reproduzi estas páginas — aqui —, para o caso de haver quem não tenha o Caderno de Atividades.)
Aula 21-22 (22 [1.ª, 8.ª], 23 [5.ª, 12.ª], 24/out [7.ª]) Sem abrires o livro, completa o texto seguinte, a que retirei apenas as preposições. Depois, na tabela, põe um visto junto de cada preposição representada nesta página de diário. Finalmente, circunda no texto as contrações (preposição + determinante) que haja e copia exemplos para a tabela — uma contração por cada uma das preposições.
25 ___ Abril
FERIADO!
A setora ___ Português
mandou-nos fazer entrevistas ___ gente da nossa idade _____ o que foi o 25 ___
Abril. Instalei-me ____ a Cátia e o Miguel junto à paragem das camionetas.
Quase toda a malta jovem ia _____ a praia.
À nossa pergunta
respondiam:
— Uma coisa histórica.
— Atiraram abaixo ____ um presidente chamado
Salazar.
— Qual quê! O homem caiu ____ uma cadeira e
morreu.
— Foi uma revolução qualquer, há muito tempo,
________ eu nascer.
— É um feriado. E basta.
Todos bateram palmas.
Pois ____ minha casa
logo pela manhã a mãe espeta um cravo vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o ao
peito. E faz rodar um disco antigo do Zeca Afonso, que ___ acaso até é giro.
O meu pai levanta-se
tarde, veste-se à balda ____ o almoço ___ confraternização ___ os seus
companheiros do 25 ___ Abril. ___ uns arrancaram unhas, outro tem marcas ___
pontas ___ cigarro pelo corpo. A Maria das Dores esteve ___ fazer ___ estátua,
que não é propriamente posar ____ um escultor mas estar ___ pé dias e noites
____ uma luz virada _____ os olhos. O meu pai não sofreu nada. A prisão deve
ter sido a grande aventura da vida dele — esteve ____ assaltantes
___ quartéis, participou ___ fugas, trocava mensagens ___ pancadinhas na
parede. Foi até na prisão que se casou.
Do
seu tempo ___ revolucionário ficou esta sardinhada anual, regada ___ vinho
tinto.
Pois vivam as revoluções
que dão feriado! Infelizmente são só três: o 5 ___ Outubro, o 1.º ___ Dezembro
e o 25 ___ Abril.
Preposição
|
Contração
|
Preposição
|
Contração
|
Preposição
|
Contração
|
Preposição
|
Contração
|
Prep + Det
|
Prep + Det
|
Prep + Det
|
Prep + Det
| ||||
a
|
|
ante
|
|
após
|
|
até
|
|
com
|
|
conforme
|
|
contra
|
|
de
|
|
desde
|
|
durante
|
|
em
|
|
entre
|
|
exceto
|
|
mediante
|
|
para
|
|
perante
|
|
por
|
|
salvo
|
|
segundo
|
|
sem
|
|
sob
|
|
sobre
|
|
trás
|
|
|
|
Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da
junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de;
para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
As preposições e as locuções prepositivas
(p. 305) introduzem grupos
preposicionais (cfr. definição na
p. 306). Muitos dos grupos preposicionais correspondem a funções sintáticas
bastantes típicas: {Completa}
Frase (com grupo preposicional a negro)
|
Função sintática do GP
|
Prep
|
Berbatov marcou um golo
ao Benfica.
|
Complemento _______
|
a
|
Vi o programa do Bruno Aleixo.
|
Modificador restritivo do nome
|
___
|
Nos próximos minutos,
assistiremos a um sketch
pornográfico.
|
Modificador do grupo
verbal
|
___
|
O Busto foi desmentido pelo Bruno.
|
______________
|
___
|
No sketch
«Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série Zé
Carlos), apontam-‑se duas modas linguísticas recentes. {Completa}
A primeira consiste em
usar-se a ________, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque,
dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode
dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora
realística ora caricaturalmente, o professor ________ (nota que o nome
corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista
português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador
dizem {circunda as preposições} «Podemos
não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»;
«Esperamos estar cá para».
A segunda é começar
frases por _____, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em
primeiro lugar, dizer que [...]»;
«Antes de continuarmos, aplaudir
[...]»; «Antes de mais, registar
[...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara que as frases evidenciam
um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de
continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem
frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são
a conjunção, o próprio advérbio.)
Os
dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase
por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas
a mudanças de ordem ____ {sintática /
semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.
No tal sketch chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que,
ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes).
Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
É que, como elementos de
relação, as preposições têm o seu significado muito associado ao nome que se
lhes siga mas também dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das
preposições (e os matizes de sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem
ganhar) leva a que facilmente as troquemos. {Completa a tabela na página seguinte}
Já todos ouvimos
|
Mas o que está bem é
|
Isto parece-se a
|
Isto parece-se ____
|
Prefiro este do que aquele
|
Prefiro este ____
|
Ficou sobre a jurisdição de
|
Ficou ____ a jurisdição de
|
Tem a haver com
|
Tem ___ ver com
|
Aonde moras?
|
____ moras?
|
Dá-me de força
|
Dá-me ____ força
|
Tenho que ir
|
Tenho ____ ir
|
Compara esta folha àquela
|
Compara esta folha ____
aquela
|
O gelado que gosto mais
|
O gelado ____ que gosto
mais
|
As pessoas que falei
|
As pessoas ____ que
falei
|
Há-des / Hades cá vir
|
Hás ___ vir
|
Na última linha, o erro
não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a
forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular,
que terminam em –s, cria-se uma forma
terminada em –s, amalgamando a
preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a
terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correta «______»).
Um erro ortográfico que é feito por quase
toda a gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que
se lhes seguem quando estes começam orações infinitivas.
Nas quatro frases em baixo, escreve as
formas correctas das partes a negro, que podem ser as contraídas ou não,
dependendo de se lhes seguir a tal oração infinitiva:
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. |
____
Apesar de ela ser bonita, é muito feia. | ____
Diz a o polícia que morri. | ____
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu |
____
Simplificando o que terás treinado no tepecê que
marcara (estudo da ficha sobre pontuação no Caderno
de Atividades) — e aproveitando apenas o caso das vírgulas:
A(s) vírgula(s) pode(m) ser usada(s)
1. para assinalar a
elisão de um elemento.
2. para separar os
vocativos.
3. para separar
modificadores (no início ou no meio da frase).
4. para separar
elementos que desempenham a mesma função sintática.
5. para separar
orações coordenadas assindéticas (e até sindéticas).
6. para separar
alguns conectores.
7. para separar os
modificadores apositivos.
8. para separar uma
oração adverbial (principalmente, quando colocada antes ou no meio da subordinante).
9. para separar
orações subordinadas adjectivas relativas explicativas.
Atribui às frases uma das explicações (1-9) do uso de vírgula(s)
inventariadas em cima:
___ Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo da
Europa, jogou bem.
___ Comi uma alface, quando a conheci.
___ Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.
___ Bebi sangria, aguardente, bagaço, vinho
tinto, chá.
___ Ela tem uma das melhores memórias; ele, uma
das piores.
___ Ontem, comi uma alface de estimação.
___ Não voteis na lista Z, votai na lista de
vinhos.
___ Não creio, contudo, que sejas parvo.
___ Combinava, por vezes, uns assaltos.
___ E, se tudo correr bem, encontramo-nos em
Paris.
___ Porque estava frio, despi a camisola.
___ A iguana, que estava lindíssima, beijou o iguano.
TPC — Estuda a ‘Preposição’ (pp. 137-139)
nas folhas da Nova gramática didática de
Português (NGDP) que, em Gaveta de Nuvens, reproduzi em «Classesde Palavras». (Para quem tenha pensado concorrer, não esquecer que o concurso Dá voz à letra termina na próxima
quarta.)
Aula 23-24 (23 [8.ª], 24 [5.ª], 27 [1.ª, 12.ª],
29/out [7.ª]) Resolve o ponto 1 da p. 110 (se
preciso, na p. 316 recorda a definição de campo
lexical):
1. [palavras do campo
lexical de «biografia» que aparecem no texto:] ____________ {basta uma meia-dúzia}
Repara nesta série de dez palavras, que criei a
partir de outra palavra do título do texto — «medida».
Medida
Alfaiate
Agulha
Beatriz Costa
Franja
Franjinhas
Realejo
Sem Família
Canais
Veneza
Medida
lembra alfaiate (que as tiram); alfaiate lembra agulha (por eles usada); agulha
lembra Beatriz Costa (atriz que, no seu papel mais
conhecido, cantava um célebre «A minha agulha e o meu dedal»); Beatriz
Costa ficou para sempre identificada com a franja; que me lembra o Franjinhas, um cão de uns desenhos
animados da minha infância; nesses desenhos, surgia também um realejo; que associo ainda ao livro Sem Família, de Hector Malot (porque a trupe
de artistas de rua em que se integrava o herói tinha, se bem me lembro, um
realejo); Sem Família lembra-me os
canais franceses, em que uma parte da história decorria; e canais a todos faz pensar em Veneza.
Faz tu uma série assim, mas a partir de
«Biografia». Vê se há relação entre a primeira e a segunda palavras, entre a
segunda e a terceira, etc., mas, ao mesmo tempo, tenta afastar-te cada vez mais
do motivo inicial (é que não se trata de arranjar palavras todas da mesma área
lexical!). Depois escreve uma outra série — também começada por «biografia» —
que venha a ter como décimo elemento a mesma palavra que iniciou a lista.
Biografia
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
Biografia
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
_________
Biografia
Ao contrário dos textos que temos visto nesta
secção 3 do manual, «Biografias por medida» não é um texto de carácter __________.
Pertence aliás ao conjunto dos textos
dos media (de, afinal, já vimos
também crónicas e um artigo de divulgação científica): é uma
notícia, quase reportagem, prevalecendo nela o tipo textual ___________.
Acrescenta ao texto um último parágrafo —
posterior, portanto, a «em todo o mundo’» —, com cerca de cem palavras, entre
as quais, obrigatoriamente, estas: _______; _______; ________; _______; _______;
________. Deves procurar que a notícia-reportagem se mantenha verosímil e
adotar registo linguístico semelhante ao do resto do artigo. O ideal é que as
seis palavras em causa não sejam sentidas como estranhas. (São interditas
espertices do tipo «e fulano decidiu riscar as palavras tal, tal, tal, tal, tal
e tal».)
.........
Amor ou Consequência aproxima-se do fim. Na parte que veremos
hoje, dá-se um salto de dez anos. Traduzindo: o tempo da história não é todo percorrido no discurso (ou não é dado proporcionalmente: os dez anos que
percebemos terem decorrido na história são omitidos e resumidos pelo
narrador-personagem numa rápida série de alusões).
Também
nos livros esta falta de estrita equivalência entre tempo da história e tempo do
discurso pode acontecer. Num capítulo termina-se numa década e, no
seguinte, já se está em outra, com ou sem anúncio pelo narrador.
TPC — Em Gaveta de Nuvens , pus Instruções sobre microfilme, um trabalho um pouco maior (de gravação) que
deverão entregar dentro de umas semanas. Mais no imediato, revê assuntos gramaticais dados até agora.
Passada esta fase, porei também informação sobre como organizaremos as leituras de livros.
Aula 25-26 (29 [1.ª, 8.ª], 30 [5.ª, 12.ª], 31/out [7.ª]) A autobiografia de Isabel Ruth (p. 122), que lemos há umas aulas, e a de João Caraça (p. 112), sobre que fizemos um questionário, destinavam-se a uma secção do Jornal de Letras, Artes e Ideias, em que era pedido a um intelectual que traçasse a sua biografia, numa única página do jornal.
Distribuirei
a cada um uma dessas páginas, para que possam, após breve leitura, preencher o
quadro seguinte:
Data do exemplar do JL que me calhou
|
|
Figura autobiografada
|
|
Área em que se notabilizou
|
|
Traço relevante da personalidade
|
|
Momento da vida mais salientado
|
|
Título dado à autobiografia
|
|
Que se pretenderia destacar
através da escolha desse título?
|
|
Lê
«Na prisão escrevem-se cartas» (p. 127), para, no final, continuares o texto,
num registo semelhante. Não podes, porém, usar palavras que tenham a letra A (o
que decerto impõe que experimentes frequentemente, e escrutines, o que fores
escrevendo, em espécie de controlo contínuo do que no teu texto fique
inscrito). Neste segmento entre parênteses, eu próprio não usei nunca a letra
A.
Não
há limite de linhas, mas, é claro, não é provável que avances muito, se
estiveres mesmo a conseguir uma sintaxe gramatical (e, idealmente, quase
natural). A partir de certa altura — que assinalarás com dois fortes traços
verticais (||) —, o texto poderá
prosseguir com a letra A, mas, em compensação, sem E (é mais fácil, apesar de
tudo).
Ultimamente trabalho nos
teares, é um trabalho bonito que entretém imenso e as mãos ocupadas libertam o
espírito para a minha insistente procura de memórias e explicações que pretendo
dar a mim mesma.
...
Resolve
a pergunta 7 da p. 128: ___
Resolve
as perguntas 1 a 1.2 da p. 128:
1. ______________
1.1 _____________
1.1.1 ____________
1.2 _____________
TPC — Durante os próximos tempos, evitarei
passar tepecês. Deves aproveitar para ir tratando da «tarefa grande», de
expressão oral, um microfilme autobiográfico (é essencial ver as instruções para este trabalho). Também é útil ires revendo
gramática (lista de assuntos aqui) e verificares se não há trabalhos atrasados que pudesses ainda
entregar.
Aula 27-28 (30 [8.ª], 31/out [5.ª], 3 [1.ª, 12.ª],
5/nov [7.ª]) Ouviremos um excerto da biografia de Manoel de Oliveira (cfr. p. 111) — escrita para a página
«Autobiografia» do Jornal de Letras,
de que já lemos outros exemplos — para selecionar as opções certas:
A vocação cinematográfica do realizador foi
despertada por uma oferta dos pais/do pai: uma máquina de filmar e rolos
de filme virgem. Dedicando-se raramente
/ frequentemente à escrita, Manoel
de Oliveira destaca aspectos vivenciais que relata na primeira / terceira
pessoa verbal, pelo que é possível afirmar que se expressa, no seu texto, um
narrador heterodiegético / autodiegético. Assim sendo, e uma vez
que o autor do relato é / não é o seu narrador, estamos perante
um texto de natureza biográfica / autobiográfica.
E
regressamos ao estudo da flexão verbal. Completa:
Um verbo é ____ {regular/irregular},
quando segue o modelo da sua conjugação (a primeira, de tema em a; a segunda, em ___; a terceira, em
____). Se o verbo apresentar modificações no radical (exemplo: «ouço», apesar de «ouvir») ou na flexão das pessoas («estou» [cfr. «cantas»];
«estás» [cfr. «cantas»]), é ____.
Verbos ___ {impessoais/unipessoais/defetivos} são os que, na sua flexão, não se apresentam em algumas
pessoas ou tempos (por exemplo, os verbos «abolir» e «falir» não têm 1.ª pessoa
do singular do _____ do Indicativo).
Há também verbos _____ {impessoais/unipessoais/defetivos} — exemplo: «chover», «haver»,
«amanhecer» —, que são os que não têm _____ {sujeito/pessoa/tempos}.
Há ainda os verbos ____ {impessoais/unipessoais/defetivos}, os que, dado o seu sentido,
só se costumam usar na _____ pessoa (exemplo: «cacarejar», «grasnar»).
Por fim, pode igualmente aparecer o termo «verbo
abundante», que designa os verbos que têm mais que uma forma possível (em
geral, duas formas no ____ ____ — «pago»/«pagado»; «aceite»/«aceitado» —, ou,
mais raramente, em outros tempos: «ele ____»/«ele construi»;
«comprazesse»/«comprouvesse»; «requere»/«requer»; «____»/«dize»).
Liga
dos Campeões — Sorteio
10.º 1.ª
Potes de
...
|
Alunos
|
Baiernes, Barcelonas, Reais, Benficas (!) e
Portos
[A
(17,5-14,75)]
|
Catarina C., Beatriz Sá, Maria, Sílvia
|
Zénites, Manchésteres (!), Chalques e
Borússias
[B
(13,5-12,5)]
|
Sofia, Beatriz S., Carolina D., Carlota,
Madalena A., Madalena J., Gonçalo, Daniela, Catarina F.
|
Spórtingues, Baieres e Chaquetares
[C
(12,25-11)]
|
João C., Marta, Inês, Bruno, Mariana, Miguel,
R. Leal, Tiago
|
Maribores, Bates-Borisoves e Apoéis
[D
(10,75-9)]
|
Carolina S., Rodrigo, Isabela, João S., André
|
10.º 5.ª
Potes de
...
|
Alunos
|
Baiernes, Barcelonas, Reais, Benficas (!) e
Portos
[A
(16-14,25)]
|
Joana, Capela, Patrícia, Bia G.
|
Zénites, Manchésteres (!), Chalques e
Borússias
[B
(14-13)]
|
Bia S., João, Beatriz, J. Cabo, Susana,
Carolina, Leonor, Ana, Catarina, Diana
|
Spórtingues, Baieres e Chaquetares
[C
(12,75-11,75)]
|
Cláudia, J. Tavares, Gonçalo S., Maria, Manel,
Tomás, Gonçalo P.
|
Maribores, Bates-Borisoves e Apoéis
[D
(11,5-10 e quem não chegou a ler)]
|
Pedro, Rita, Ariel, Dyôgw Chrystêllo, Sam,
Tety, Amy, Lucas
|
10.º 7.ª
Potes de
...
|
Alunos
|
Baiernes, Barcelonas, Reais, Benficas (!) e
Portos
[A
(15,5-14)]
|
Sebastião, Inês, Leonor, Jéssica
|
Zénites, Manchésteres (!), Chalques e
Borússias
[B
(13,75-12,75)]
|
Ariana, Diogo, Sara, Tomás, Beatriz R.,
Matilde, Carolina, Ana Sofia, Catarina, Madalena, Paulo, Dani
|
Spórtingues, Baieres e Chaquetares
[C
(12,5-11,5)]
|
Beatriz S., Débora, Iolanda, Maria,
Anastasiia, Carlos, Tânia
|
Maribores, Bates-Borisoves e Apoéis
[D
(11,25-10 e os que não chegaram a ler)]
|
Miguel, Mário, Beatriz Belo, Solomiya, Emanuel
|
10.º 8.ª
Potes de
...
|
Alunos
|
Baiernes, Barcelonas, Reais, Benficas (!) e
Portos
[A
(15,5-13,75)]
|
Matilde, Filipe, Madalena F., Vitória
|
Zénites, Manchésteres (!), Chalques e
Borússias
[B
(13,5-12,5)]
|
Madalena
S., Cláudia, Miguel, Sara M., Catarina P., Carolina, Catarina A., João M.,
Vasco A., Afonso Puga, Ana, Sara T., Zé
|
Spórtingues, Baieres e Chaquetares
[C
(12-11,5)]
|
Vasco G, João A., Henrique, Bárbara, Liane,
Catarina S.
|
Maribores, Bates-Borisoves e Apoéis
[D
(11-10,5 e os que não chegaram a ler)]
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Xana, Catarina F., Kristina, Marco, Filipa,
Natacha
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10.º 12.ª
Potes de
...
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Alunos
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Baiernes, Barcelonas, Reais, Benficas (!) e
Portos
[A
(14,5-14)]
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David Rua, Bia, Miguel, Luísa
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Zénites, Manchésteres (!), Chalques e
Borússias
[B
(14-13,25)]
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Laura, Elly, Henrique, Magda, Duarte Ambrósio,
Margarida, Madalena, Mariana, Bruna
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Spórtingues, Baieres e Chaquetares
[C
(13-12)]
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Ana N., André S., Patrícia, Joana San, Joana M.,
André F., Ana S., Joana G.
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Maribores, Bates-Borisoves e Apoéis
[D
(11,75-9,5)]
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Helena, Miguel D., Gonçalo, Catarina, Joana Si,
Márcia
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Nota
importante
— Alunos do mesmo país (carteira) não podem ficar no mesmo grupo.
Grupo I
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Grupo II
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Grupo III
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Grupo IV
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Apurados para os oitavos de
final (os quatros primeiros de cada grupo)
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Apurados para a Liga Europa
(quintos, sextos, sétimos, oitavos)
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Como se trata de fase em poule, a classificação de cada grupo
resultará das pontuações de vários «jogos», incluindo leitura em voz alta mais
ou menos expressiva, em geral a preparar em casa. São apurados para a fase
final da Liga dos Campeões os quatro
primeiros de cada grupo, seguindo-se eliminatórias, segundo estrutura muito
inteligente (A1 × B4; B1 × A4;
...).
Restantes clubes (isto é, alunos) ficam apurados
para a Liga Europa. Este outro
troféu será disputado logo em eliminatórias, definidas também segundo as
classificações obtidas na fase preliminar da Liga dos Campeões. Os derrotados
nos oitavos de final da Liga dos Campeões também se incorporarão numa
eliminatória posterior da Liga Europa.
Completa,
depois de veres os sketches da série
Lopes da Silva:
Em «Debate sobre malbaratar», a estranheza de
certas formas verbais não se deve apenas aos seus sons — como diz o comentador
que, a dada altura, intervém —, antes se pode atribuir ao facto de se tratar de
verbos que, na língua actual, se fossilizaram em poucas expressões ____ {idiomáticas/idiotas}, em fórmulas circunscritas a registos e contextos
específicos («alijar responsabilidades»; «colmatar falhas»; «enveredar por maus
____ ou por uma carreira»; «untar as mãos»). Acabamos por estranhar a flexão
desses verbos, sempre que surjam fora daquelas frases feitas e, ainda por cima,
em diálogo (em registo literário, seria diferente). Sem as palavras que os
costumam acompanhar, esses verbos parecem-nos quase ____ {agramaticais/corretos}.
Em «Não faleci nada», o caso é parecido. O verbo
«falecer» não é defetivo (tem as várias pessoas e tempos), mas, utilizado como
verbo intransitivo e em situação de conversa banal, a sua flexão na __ e na __
pessoas do Pretérito ____ do ____ («faleci», «faleceste») torna-se inverosímil.
Há
vantagens em conhecer os três tempos ___ {primitivos/derivados}, uma vez que estes nos
permitem chegar à flexão dos tempos ___ {primitivos/derivados}.
Nas
tabelas seguintes, preenche as quadrículas vagas.
Tempos derivados do Presente
Presente
do Conjuntivo
Verbo
|
1.ª pessoa do singular
do Presente do Indicativo
|
- Vogal final
|
+ E (1.ª conjugação) ou
+ A (2.ª e 3.ª) [= 1.ª pessoa do singular do
Presente do Conjuntivo]
|
|
Colmato
|
Colmat-
|
Colmate
|
Malbaratar
|
|
Malbarat-
|
Malbarate
|
Intuir
|
Intuo
|
|
Intua
|
Falecer
|
Faleço
|
Faleç-
|
|
Exceções: ser, dar,
estar, haver, ir, querer, saber (cujas primeiras pessoas do singular do Presente do
Conjuntivo são: «seja», « _______ »,
«esteja», «haja», «_______», «queira», «saiba»).
Imperativo
Verbo
|
2.ª pessoa do singular
do Presente do Indicativo
|
- S final [= 2.ª pessoa
do singular do Imperativo]
|
Alijar
|
Alijas
|
|
Untar
|
|
Unta
|
Verbo
|
2.ª pessoa do plural do
Presente do Indicativo
|
- S final [= 2.ª pessoa
do plural do Imperativo]
|
Enveredar
|
|
Enveredai
|
Esbanjar
|
Esbanjais
|
|
(Para imperativo
negativo ou para outras pessoas, ver Presente do Conjuntivo.)
Tempos derivados do Perfeito
Mais-que-Perfeito
Verbo
|
1.ª pessoa do plural do
Perfeito do Indicativo
|
-desinência pessoal
|
+ RA [= 1.ª pessoa do
Mais-que-Perfeito]
|
Fazer
|
Fizemos
|
Fize-
|
|
Ir
|
Fomos
|
|
Fora
|
Colmatar
|
|
Colmata-
|
Colmatara
|
Imperfeito
do Conjuntivo
Verbo
|
1.ª pessoa do plural do
Perfeito do Indicativo
|
- desinência pessoal
|
+ SSE [= 1.ª pessoa do Imperfeito do Conjuntivo]
|
Trazer
|
Trouxemos
|
Trouxe-
|
|
Vir
|
Viemos
|
|
Viesse
|
Ver
|
|
Vi-
|
Visse
|
Futuro do
Conjuntivo
Verbo
|
1.ª pessoa do plural do
Perfeito do Indicativo
|
- desinência pessoal
|
+ R [= 1.ª pessoa do
Futuro do Conjuntivo]
|
Poder
|
Pudemos
|
Pude-
|
|
|
Coubemos
|
Coube-
|
Couber
|
Vislumbrar
|
|
Vislumbra-
|
Vislumbrar
|
Tempo derivados do Infinitivo
Futuro
Verbo
|
Infinitivo
|
+ EI [= 1.ª pessoa do
Futuro]
|
Untar
|
Untar
|
|
Vislumbrar
|
|
Vislumbrarei
|
Condicional
(ou Futuro do Pretérito)
Verbo
|
Infinitivo
|
+ IA [= 1.ª
pessoa do Condicional]
|
|
Intuir
|
Intuiria
|
Almejar
|
Almejar
|
|
Imperfeito
do Indicativo
Verbo
|
Infinitivo
|
- Vogal temática e R
|
+ AVA (1.ª conj.)
+ IA (2.ª ou 3.ª)
[=
1.ª pessoa do Imperfeito]
|
Almejar
|
Almejar
|
Almej-
|
|
Falecer
|
Falecer
|
Falec-
|
|
Intuir
|
Intuir
|
Intu-
|
|
Exceções: ser, ter, vir, pôr
(cujas primeiras pessoas do Imperfeito são: «era», «_______», «vinha»,
«________»).
TPC — Vai revendo os conteúdos de gramática
que temos dado. Em breve, faremos questionário sobre tudo o que vimos até agora
(está lista dos assuntos dados e como podem ser revistos aqui). Lembro ainda de novo
que está em curso um «trabalho grande» (microfilme autobiográfico), cujas
instruções detalhadas estão aqui.
Aulas seguintes: aqui.
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