Canções do 10.º 7.ª
Paulo
“Quem de nós dois” (Ana
Carolina), Paulo Gonzo (e Ana Carolina), Duetos,
2013
Esta canção suscita um sentimento de um amor
complicado, algo extremamente presente nos dias de hoje, seja em filmes,
séries, novelas ou nos média. Porém falarei de outra memória.
Recorda-me as aulas de história, as conversas
sobre o Brasil e os descobrimentos, Portugal é conhecido mundialmente por esses
feitos e pode-se dizer que também temos uma excelente herança nas sete artes,
algo que ensinámos às nossas colónias no passado, sendo uma delas a brasileira
(eles que apreciam muito a nossa música e, em particular, o fado). Não seria de
esperar que eles próprios progredissem na sua arte, nas novelas, cinema e
também na música, tudo isto para explicar que esta canção é um misto: duas
nacionalidades diferentes juntas, cada uma a mostrar a sua arte mas no fundo,
com o mesmo objetivo, e, se não fosse o “toque” brasileiro, esta canção poderia
não ser tão apreciada, podia ser talvez mais monótona e adormecida.
No início da canção, o intérprete começa com um
“Eu e você”, em vez de um “Eu e tu”, mostrando que o lado brasileiro da canção
também se mostra na própria letra e dando mais suavidade (havendo ainda mais
casos desta utilização, como no refrão “E cada vez que eu fujo, eu me aproximo
mais / e te perder de vista assim é ruim demais” no caso de “me aproximo” e “ruim
demais”). Quanto ao que a canção pretende transmitir já é algo menos explícito
mas parece-me ser a história de dois amantes que estão talvez cansados de
esconder esse segredo. Isso começa a mostrar-se em “Quem de nós dois / vai
dizer que é impossível / o amor acontecer” (ainda pouco explícito) mas, mais
tarde, em “Entre nós dois, não cabe mais nenhum segredo, além do que já
combinamos”, diminuem-se as dúvidas e, por fim, em “Não cabe mais sermos
somente amigos”, fico mais convicto da minha ideia, pelo facto de falarem de
amor mas serem apenas “amigos” (e coloco-o entre aspas para mostrar melhor a
minha ideia). Esta canção serve de exemplo para muitas pessoas, o que me dá
outra ideia (chegarei lá mais tarde na minha explicação). A canção diz-nos,
indiretamente, que devemos lutar pelo que queremos (neste caso, amor) e, por
mais que pareça impossível, se essa pessoa é constantemente atraída por nós ou
nós por ela, devemos lutar porque nada é impossível e devemos ultrapassar todos
os obstáculos, sejam outras pessoas que interferem nesse amor, extrato social
ou distância devido à nacionalidade ou vida (e, no caso da nacionalidade, temos
outra explicação para surgirem dois cantores de nacionalidades diferentes, o
que ajuda a passar a mensagem da canção).
Anastasiia
«Não
canto porque sonho» (Eugénio de Andrade / Fausto, A.P. Braga), Noiserv, 2014 [original:
Fausto e Zeca Afonso, Atrás dos tempos vêm tempos, 1996]
Já não me lembro da primeira vez que ouvi esta
obra, mas tenho certeza de que foi uma amiga minha que me mostrou o vídeo. Para
mim, com oito anos de idade, a canção não tinha nada de interessante e falava
de coisas que não me importavam naquela altura. Agora, quando atingi um certo
ponto da maturidade e consigo apreciar tudo de forma mais profunda, percebo a
beleza e o carinho dos versos.
A voz e a entoação do cantor, em conjunto com o
ritmo da música, criam um clima tão delicado que parece um afago. A poesia das
letras da canção transmite realmente a adoração do poeta; o amor que inspira,
que é o tesouro maior na vida de quem canta ("Não canto porque sonho. / Canto porque és real."). O
que gostei mais nesta canção foi a ternura da linguagem ("Canto o teu olhar maduro, / teu
sorriso puro, / a tua graça animal. / Canto porque sou homem."). A
força das palavras, que até parecem ser uma confissão, acerta no cerne dos
sentimentos.
A memória à qual me leva esta canção é o dia da
Páscoa, que passámos com a família da minha amiga a viajar de carro. Não é a
ideia da canção que me faz recordar este dia, mas a canção em si, que estivemos
a ouvir em pano de fundo durante a viagem toda. Até tenho uma fotografia que
tirámos na praia cheia de espuma marinha, com o mar da mesma cor que o céu —
turquesa. Almoçámos numa varanda de um restaurante pequeno e, a seguir,
continuámos a viagem. Fomos a uma "feira da ladra", onde os pais da
minha amiga lhe compraram um canário. No caminho para casa, passámos por um
castelo num bosque, com a sua fachada e muralhas cobertas em trepadeira...
As memórias são vívidas, mas emoções que senti
são ainda mais intensas. E, por isso, canto, «canto porque o amor apetece».
Beatriz R.
«Fico assim sem você» (Cacá Moraes / Abdullah), Adriana Calcanhoto,
Partimpim, 2004
Quando
era bem mais nova, há uns atrás, estava tranquilamente sentada no sofá em casa
de uma amiga minha, a ver televisão com ela ao meu lado. De repente, a irmã
dela, mais velha uns anos, desliga a televisão, põe esta mesma música na
aparelhagem dela, e decide tocá-la mesmo à nossa frente num volume bem elevado,
de tal maneira que toda a casa foi obrigada a ouvir. O curioso é que, apesar de
furiosa — mas calada, pois estava em casa dela — dei por mim a tentar perceber
qual era o nome da música e quem é que a cantava para depois, mais tarde, a
poder ouvir. Afinal o pé batia, a canção emocionava e a televisão foi
esquecida.
Quando
cheguei a casa, pus-me a fazer pesquisas, para encontrar a música e, um mês
depois, era eu quem a cantava. Naquela altura, achei que se tratava de uma
canção de amor, mas hoje acho que é muito mais profunda do que isso. Esta
música faz-me pensar no sentimento que temos quando perdemos alguém, que nos é
próximo e com quem realmente tínhamos uma relação íntima. A música dá-nos a
perceber que, quando alguém assim tão próximo parte, ficamos sem saber como
existir num mundo onde essa pessoa não existe (“Eu não existo longe de você, / E
a solidão é o meu pior castigo, / Eu conto as horas p’ra poder te ver, / Mas o
relógio ‘tá de mal comigo”), deixando o espaço e o tempo de fazer sentido.
As
metáforas da canção — como por exemplo, “Avião sem asa,
fogueira sem brasa” ou “Carro sem estrada, Queijo sem goiaba” —, mostram-nos que é quase como se perdêssemos uma parte de nós,
como se deixássemos de ter chão e caíssemos num vazio, sendo que a lógica da
vida se perde, pensamos, para todo o sempre. Acabamos por sentir que vivemos
por viver, que o tempo passa a ser uma eternidade e nós apenas queremos que ele
passe.
A questão
que se nos põe é saber quando ou se a vida voltará a fazer sentido, voltando à
normalidade, pois ficar sem alguém pode ser devastador. A questão que se põe é
o que é, na verdade, a normalidade?
Carolina
«Para mim tanto me faz»
(D’zrt), D’zrt, D’ZRT, 2006
Esta música faz-me lembrar a minha infância. Foi
a música que mais ouvi quando era criança. Esta banda nasceu de uma série que
dava naquela altura na televisão chamada “Morangos com açúcar” e, como eu já
via essa série, vi o nascimento da banda e também o seu fim. Foi uma música de
que eu decorei a letra do início até ao fim e, passados já alguns anos, ainda
me lembro da letra. Foi a banda de música que mais me marcou. Felizmente, tive
a possibilidade de poder ir assistir a um concerto desta banda: nesse dia eu
estava mesmo muito feliz. Foi como um sonho tornado realidade naquela altura,
em que eu ainda era muito nova pois só tinha sete anos. Mesmo já tendo passado
alguns anos e a banda já não existir por um dos membros ter falecido, continuo
a considerá-la a melhor música de sempre.
Quanto à letra da canção, fala de uma relação
que acabou («acabou vê se entendes»). A letra corresponde mais às relações dos
jovens que começam e podem terminar a qualquer momento mesmo podendo ser
relações duradouras. O título da música («Para mim tanto me faz») diz-nos que,
por vezes, numa relação só uma pessoa é que investe nela e, quando acaba, para
ela tanto lhe faz o que a outra pessoa lhe diga pois já nada vai mudar. A
música em si também está mais ligada aos jovens pois os ouvintes desta banda
são geralmente eles, que conseguem interpretar melhor a letra e gostar mais
deste tipo de música do que propriamente um adulto.
Esta banda, desde o seu início até acabar, teve
muito sucesso em Portugal, conquistando muitos fãs. Eu fui uma dessas fãs e
continuarei a ser, mesmo sabendo que a banda nunca mais deverá voltar. Será
sempre uma recordação da minha infância, que ficará na minha memória.
Ariana
«Verdade ou
consequência» (João Pequeno / Mariana Neves de Carvalho), ?
A canção que escolhi para comentar e analisar é “Verdade ou Consequência”, de João
Pequeno e de Mariana Neves de Carvalho, criada para um curto filme amador de
Tomás Magalhães e com a devida edição musical de Tomás Magalhães e de Thomas
Zimmermann.
Esta canção transmite uma mensagem dedicada a
todos os jovens, mais precisamente, a todas as adolescentes que são mães. Através
da letra, conseguimos perceber o quão difícil é saber, assumir e até construir
e estruturar uma vida quando se descobre que se vai ser mãe. Até poderemos ter mil e um planos para tentar
dar a volta à situação e pensar que essas coisas somente acontecem aos outros,
mas não devemos seguir as atitudes das outras pessoas, devemos centramo-nos no
que implica uma gravidez na adolescência e os problemas que advêm com a chegada
de um novo ser humano que teremos de cuidar e a quem dar-lhe-emos amor e
carinho. Porém, muitas vezes essas adolescentes não estão prontas para serem mães
(“Agora és tu e ele, ele que aí vem, sabes o que é ser filha mas sabes o que é
ser mãe?”).
A canção explica, também, que às vezes as
companhias podem implicar nas nossas vidas e que podemos ter cinquenta amigos
mas, quando precisamos realmente deles para nos apoiarem e estarem presentes na
nossa vida, desses cinquenta apenas restam dois ou três. Pessoalmente, concordo
com a interpretação que é feita da gravidez numa adolescência pelos autores da
música pois a gravidez nesta idade “É uma ida sem volta, queres uma volta sem
ida mas se deres a volta a vida a vida volta?”, porque devemos sempre olhar
para o futuro e pensar bem o que queremos fazer dele.
A parte de que mais gostei da música foi
possivelmente este excerto: “Pegas nas chaves e sais, que não tem nada de mais,
que são saídas normais e nada vai além. / Eu sei onde é que tu vais e que eles
te acham demais, pintas os olhos e sais, e queres enganar quem? / E os teus exames finais, e tu em
festivais, e a conversa dos teus pais entra-te e sai-te a cem / Miúda vê onde
vais, eles são todos iguais e amanhã quando acordares já não vais ter ninguém.”
Escolhi-o, devido a retratar e representar como
os jovens de hoje em dia interpretam a sua adolescência. Todos sabemos que
apenas a vivemos uma vez mas devemos ser ponderados, observar os que nos rodeia
e ter consciência das consequências que os nossos atos podem vir a ter.
Dani
“The secrets in silence”
(Miguel Coimbra, Miguel Cristovinho, Francisco Pereira, Maria Antonia Rosa),
D.A.M.A, Uma Questão de Princípio, 2014
“The secrets in
silence”, ou, em português, “os segredos no silêncio”, é um título que
considero bem escolhido para o tema em questão, porque faz pensar que há tantas
coisas para serem ditas mas que, por alguma razão, talvez se considere proíbido
ou inapropriado dizê-las. De facto, penso que seria o que qualquer um pensaria
ao ler o título da canção sem a conhecer primeiro, mas, na verdade, foi escrita
a pensar no amor, e é também verdade que a letra desta música fala em
sentimentos fortes partilhados entre aquilo que seriam possíveis namorados,
suponho eu. Mas, aparentemente, tais sentimentos não podem, ou não deviam, ser
partilhados. Só que a letra diz-nos que uma das pessoas em questão age como se
houvesse “segredos”, pois ela tem receio de alguma coisa.
Foi precisamente
por isso que escolhi esta canção. Consigo identificar-me com a tal pessoa cheia
de medos e timidez em querer felicidade junto de outra pessoa, que talvez não
se ache boa o suficiente ou até demasiado problemática. A outra pessoa que lhe
canta, diz-lhe para “não ter medo de o querer em segredo” e que “está pronto e
consciente para enfrentar os seus traumas e abraçar as suas causas”. Creio que
aqui o eu demonstra como a conhece bem e afirma que quer apoiá-la em qualquer
altura, seja por que razão for. Refere que “ele quer e sente” mas “que ela não
avança e acha que ele lhe mente e está com falinhas mansas”. Provavelmente, ela
terá sofrido algum “desgosto amoroso” no passado e é daí que advém o seu
receio, enquanto que ele apenas quer demonstrar que gosta dela, e quer arranjar
maneira de o provar, (“E às tantas eu não sei o que faça/ Roubo as estrelas do
céu/ E te as entrego numa taça”). Parece impossível, e é, mas é assim que ele
procura mostrar-lhe que a ama e que a quer do seu lado. Acho que, por vezes,
muitas pessoas se encontram em situações semelhantes, tanto do ponto de vista
de quem tem receio de avançar, como do ponto de vista de quem quer mais e tenta
prová-lo com tudo o que tem.
Leonor
“O Que Ficou Por Dizer”
(Yellow G), 2013
Lembro-me do momento exato em que ouvi esta
música pela primeira vez. Foi em março de 2014. Lembro-me desse momento porque
esta música me foi mostrada por alguém muito importante para mim nessa altura.
Lembro-me das mesas redondas castanhas onde estávamos sentados, lembro-me dos headphones vermelhos que usámos para
ouvir a música. Lembro-me inclusive da cor de fundo do vídeo que vimos (azul
claro com letras em amarelo).
Esta música tem um significado muito especial
para mim, porque foi a primeira música que eu ouvi que expunha por palavras o
que era estar de coração partido – a dor, a angústia, a revolta, a saudade, a
incredulidade face àquilo que a pessoa amada nos fez.
No início da letra, o autor refere a sua
incredulidade perante a frieza da amada tendo em conta tudo o que ele já tinha
feito por ela. “Tu sabes que lá no fundo só uma vez é que quebrei/ por ti
deixei os sons, até com tropas eu falhei” são os dois primeiros versos da
música. Como vemos, o cantor começa por referir que, por ela, tinha deixado a
música e que a tinha sempre preferido aos amigos. Mais tarde, quando o “eu”
afirma “Só mesmo a puxar por ti é que dizias que me amavas / mas ao longo deste
tempo foram mais as vezes que me magoavas”, percebemos que, apesar do imenso
amor que o cantor nutria pela jovem, não era correspondido de igual forma. A
partir deste momento, a música torna-se uma enorme amálgama de sentimentos entre
os quais se destacam a raiva (“(Lembro-me) Da primeira vez em que nós nos
beijámos, e que apenas numa tarde c*agaste em tudo o que passámos ”), o amor
(“Por incrível que pareça, não me sinto arrependido/ de ter-te feito rainha e
de no final me teres traído”), a incredulidade face às atitudes da rapariga
(“Porque nem tudo foi mau / mas eu já não volto atrás/ ainda nem percebi como é
que tu foste capaz”),a raiva para consigo próprio (“E eu sei que o mal foi
ter-te dado tanta importância / até vendia a minha casa só para te dar uma
aliança”) e a dor que ele sente depois de a rapariga terminar a relação (“Eu
preferia estar mal do que tu não estares bem / Tudo isto fez o meu coração
partir-se / quando pensava que eras minha e foste capaz de partir. / Fez-me
pensar no que eu te dei, e tu nunca me deste / em tudo o que eu não te fiz e
que tu me fizeste.”).
Mais à frente, já quase no fim da música, o
cantor fala sobre os efeitos que o coração partido teve na sua vida — a maneira
como começou a tomar drogas e se envolveu com várias outras raparigas, apenas para
conseguir esquecer aquela que o deixou (“Porque se eu tenho aguentado, / é graças
aos meus amigos e a groupies que
fazem tudo para estar comigo / que sentem saudades da voz do Yellow G / que na
minha boca sentem álcool e já não o iced tea.”)
No entanto, a minha parte preferida desta música
é a parte final. Na realidade, a verdadeira razão pela qual eu gosto desta
música é pelos últimos seis versos (“E mesmo apesar de tudo custou-me tanto o
nosso fim / Porque o que tu fizeste não foi de alguém que eu conheci / Por isso
eu digo que não te conheço / E custa-me dizer-te isto assim / Porque eu amo-te,
é verdade / Mas primeiro gosto de mim”). Ao longo de toda a música, o cantor
fala sobre todos os sentimentos que se sentem quando se tem o coração partido
e, no fim, acaba a música com aquela que é a revelação a que chegamos quando
deixamos de ter o coração partido: aquela pessoa que amávamos já não existe,
porque ela mudou, e nós também.
Diogo
«Cheira a Lisboa»
(Carlos Dias / César de Oliveira), Anita Guerreiro, Marchas, 1972
A letra desta canção fala sobre Lisboa e do que
esta cidade tem de melhor. A canção refere o cheiro agradável desta cidade,
dizendo até mesmo que “cheiram bem porque são de Lisboa”. Na canção, podemos
ouvir falar-se de elementos característicos da capital, como os elétricos, os
cafés do Rossio, ou as tascas existentes nas estreitas ruas bem características
desta cidade (“nas tascas da viela mais escondida”), o fado, o vinho. A meu
ver, esta canção fala também no amor que o sujeito poético tem à cidade de
Lisboa.
Esta canção traz-me à memória a minha infância.
Aos onze ou doze anos, eu vivia no bairro da Mouraria e, neste bairro, durante
a altura dos santos populares, ouvia-se muito esta canção. Eu lembro-me de ali
existirem muitas casas de fados e que, quando passava por lá, por vezes ouvia
esta canção. Esta canção lembra-me de muitas coisas que aconteceram naquele
bairro pois foi uma canção que eu sempre associei a minha infância na Mouraria.
Também me lembro de que, durante as alturas de festa na Mouraria, esta música
passava sempre através de umas colunas existentes nos postes da eletricidade.
Era uma canção muito popular nos bairros lisboetas e muito cantada nas marchas
de Lisboa.
Solomiya
‘’Bye, Bye
(Vou-me Divertir)‘’ (?), Just Girls, Just
Girls, 2011
Nem sei por onde começar, para dizer o que esta
música me fez lembrar… Vou começar por explicar como a conheci. Estava eu a ver
uma série de televisão na TVI, ‘’Morangos com Açúcar’’, que todos devem
conhecer de certeza! Era a minha novela favorita. Então, nessa mesma novela
juvenil, quatro raparigas criaram um grupo que se chamava Just Girl, que quer
dizer ‘’só raparigas’’. Eram cantoras que faziam concertos e cantavam na novela.
Como elas começaram a fazer sucesso, essa banda saiu para fora da novela. Sendo
mais específica, também começaram a dar concertos na vida real. Como, nesse
momento, tinha uns doze anos, estava maluca por essa banda. Na escola, na minha
praceta, fazia brincadeiras com as minhas amigas, fingíamos que eramos elas e
fazíamos concertos para os rapazes…
Esta música é a minha favorita porque nela se
diz para esquecer a mágoa: temos de nos divertir, passear, conviver, ‘’curtir’’
a vida como nós (os jovens) dizemos. O refrão é a minha parte favorita porque ‘’diz
adeus, vou-me divertir, não vou discutir’’, e é disso que os jovens precisam. Há
muitos de nós que têm muitas mágoas, problemas e não se divertem e preocupam-se
demasiado com os problemas dos adultos e isso não é muito bom pois não têm a
sua juventude como a maior parte dos jovens.
Mas, com o passar dos anos, os verdadeiros fãs
começaram a crescer e a deixar de ouvir estas músicas. Com pouca fama, o grupo
das raparigas separou-se e não criou mais músicas com muita pena minha, mas,
graças à tecnologia dos dias de hoje, consigo relembrar a minha infância com
vídeos na internet.
Sara
«Tu e Eu» (Diogo Piçarra), Diogo Piçarra, Espelho, 2015
Esta
música, para mim, não é apenas uma música de amor. Esta música faz-me voltar
atrás no tempo, indo buscar assim várias memórias que pensava já ter esquecido.
Pensava eu que essas memórias estavam já nos lugares mais esquecidos e sombrios
da minha mente. Mas, obviamente, que também me faz pensar no amor, não só no
amor por quem tenhamos alguma atração, mas também no amor que me foi
transmitido ao longo destes anos pela minha família, amigos, etc.
Muitas pessoas,
se calhar, se ouvissem esta música talvez só a fossem ver como mais uma música
de amor, sobre problemas amorosos, sobre aquele amor que tivemos com alguém e
que nunca mais iremos ter, mas esta música, na minha opinião é muito mais do
que aparenta à primeira vista. Cada pessoa capta as músicas de maneira
diferente, cada um tem uma maneira diferente de se sentir ao ouvir uma
determinada música, o que, de certa forma, as torna mais especiais.
Do meu
ponto de vista, o autor desta canção fala de uma amor perdido, de um amor que
acabou, mas que, eventualmente, poderá voltar a acontecer. Imaginando que o
indivíduo x acaba com o indivíduo y mas que o y ainda ama o x e o x ainda ama o
y, mesmo tendo este(x) acabado com o y, estes poderão voltar a namorar, ou a
ter uma relação amorosa (isto é que eu acho que é a história por detrás da
música, do ponto de vista do autor).
Na
música a minha frase/verso favorito é a seguinte: «E mostramos depois que nada
se constrói sem que antes tenhas errado ao tentar». Este verso mostra-me que
nunca podemos desistir dos nossos objetivos, quer seja para com outra pessoa
que está connosco numa relação amorosa, quer seja para com os nossos objetivos
de vida.
Termino
a minha opinião dizendo que as músicas de amor são muito mais que músicas para
apelar aos sentimentos superficiais dos ouvintes. A missão das músicas é tocar
pessoalmente, emocionalmente, com os sentimentos de cada um de nós e é obvio
que a minha opinião é diferente das outras todas que já ouviram esta música,
pois esta opinião está virada para como eu vejo a música, o que esta me
transmite cada vez que a oiço.
Inês
“Não há estrelas no céu”
(Carlos Tê / Rui Veloso), Rui Veloso, Mingos
e Os Samurais, 1990
Lembro-me como se fosse ontem. Tinha cerca de
uns quatro anos, quando o meu pai chegou a casa com um DVD de um concerto que
Rui Veloso dera e havia sido filmado. “Quem não conhece Rui Veloso não é bom
português”, o meu pai era e é, definitivamente, um grande admirador do cantor e
sempre fez questão de me transmitir o gosto gigante que sentia pela música do
autor. Esta música foi a primeira de que decorei a letra toda. A segunda foi o
“Anel de Rubi”, também de Rui Veloso. “Não há estrelas no céu” esteve sempre
presente nas viagens feitas até ao Algarve e ao Alentejo e não tive quaisquer
dúvidas de que seria a escolhida para eu analisar neste trabalho.
Esta música remete para a época da adolescência (“A Primavera da vida”). Encontramos
no título a presença de uma metáfora, pois as estrelas no céu representam a
esperança, que nesta música parece ter sido perdida para os problemas que
enfrentamos na nossa adolescência (“Não vês como isto
é duro, ser jovem não é um posto,ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.”;
“Tão depressa o sol brilha, como a seguir está a chover”).
Creio,
no entanto, que a verdadeira mensagem desta música não se restringe aos
problemas que todos sentimos enquanto adolescentes. Com efeito, penso que a
música nos diz para pararmos de nos guiar pelas estrelas que têm conduzido o
nosso caminho e vermos o céu como algo limpo, algo novo, ligado à nova etapa da
vida, um caminho livre pronto a deixar-nos crescer enquanto seres humanos e
habitantes do mundo. “Não há estrelas no céu” pode, por isso, ser também
interpretado como “Não há limites no céu”.
Beatriz
Cotrim
«Futuro Eu» (David Fonseca), David Fonseca, Futuro Eu, 2015
Escolhi esta música pois, para mim, o futuro é
tão importante como o passado. Para podermos ter um futuro bom, não nos podemos
esquecer do que fomos e somos e temos de procurar melhorar com a experiência
que vamos adquirindo ao longo dos anos.
A canção imita o formato de uma carta, cujo
destinatário é o «Futuro eu» («Futuro eu, / Lê esta carta que eu escrevi. / Sei
que é só tinta e papel, / Mas quero o melhor para ti»). Na estrofe seguinte,
uma quadra, usa-se mesmo uma fórmula típica das cartas, o vocativo inicial («Caro
futuro eu»). Em aula, chegámos a ouvir uma canção com idêntico formato, cujo
título era «Carta», dos Toranja (Tiago Bettencourt, aliás, é exatamente da mesma
geração de David Fonseca: enquanto este integrou os Silence 4; Bettencourt fez
parte dos Toranja; ambos são da zona oeste-centro — de Leiria e de Coimbra).
Um dos meus versos favoritos é “Futuro eu, sê
diferente deste vulgar atual”, que deve querer significar que, se no presente
não estamos a agir como deveríamos, temos de tentar mudar para melhor. Por
outro lado, também dou particular importância ao verso “Faz só o que a vontade
quer”, uma frase de tipo imperativo que pode ser interpretada como apelo a que
ajamos de acordo com a nossa própria vontade e não em função do que julgamos
sejam as expectativas dos outros, do que acreditamos possa deixar as outras
pessoas satisfeitas.
A letra desta canção fala da importância do
futuro e de como é essencial que nos importemos com nós próprios. Alude ainda à
importância de aproveitarmos a nossa vida ao máximo e de, ao longo dela, escolhermos
os caminhos certos.
Tomás
«Caminho a seguir» (dzrt), Dzrt, Dzrt project, 2005
Quando
eu era mais novo, há cerca de 8 anos atrás, descobri uma banda chamada
"dzrt", que era composta por quatro rapazes com cerca de 19 anos.
Essa banda formou-se numa série televisiva bastante conhecida, "Os
morangos com açúcar". Ora, eu, com 8 anos, adorava a série e adorava a
banda e, então, quando acabava a escola, mal via a hora de chegar a casa para
poder pôr a televisão no canal onde dava a série. A banda começou por dar
concertos apenas na série, pois na vida real a banda não existia. Apenas quando
se aperceberam de que as suas músicas eram um sucesso entre os espectadores da
série é que decidiram formar mesmo uma banda. Nos primeiros tempos, davam
alguns concertos de pequena dimensão e até fizeram uma música para ser o
genérico da próxima temporada da tal série. Foi então que a banda com cada vez
mais sucesso, fez vários cds que se venderam muito rapidamente e começou a dar
concertos no Pavilhão Atlântico e em vários programas televisivos e festas.
Entretanto, a banda teve de se separar e isso criou muita tristeza entre os fãs
mas, passado cerca de dois anos ou mais, os membros da banda, mais adultos e
mais experientes, anunciaram o seu regresso, o que animou bastante os fãs e a
banda tornou-se um fenómeno nacional e, possivelmente, pelo menos na minha
opinião, uma das melhores bandas portuguesas de sempre, tendo enchido duas
vezes o Rock in Rio e o Pavilhão Atlântico.
A
música fala sobre a fama e a minha interpretação foi que a música era
direcionada para eles, pois em versos como "flashes, ofuscam-te as luzes,
renasces, ficas iludido pela fama, ela chama, será que não te vais
perder", "a imprensa alimenta-se da tua presença, sugam sem pedir
licença, não faz diferença, só mais tarde irás perceber", "o sucesso
a aumentar, nos olhos veem-se o brilhar, dás por ti num mundo que sonhaste
conquistar". Diz-se que não se devem iludir pelo seu rápido e enorme
sucesso, que não devem perder o rumo e que a imprensa pode parecer muito boa
mas que mais tarde, irão perceber que afinal a imprensa não se preocupa
minimamente com eles. A música também refere que se ignorarem todos os males do
sucesso que irão conseguir ir para a frente e que, esse sim, é o caminho a
seguir, também diz que não devem ser vedetas e que é uma vida dura que eles
como artistas têm de aguentar. Concluindo: esta é uma música de que gosto muito
e que faz bastante sentido. Infelizmente, a banda separou-se de vez uns anos
mais tarde mas será sempre uma recordação da minha infância.
Sebastião
«Panteão» (Linda
Martini/Linda Martini), Linda Martini, Turbo
Lento, 2013
Que palavra tão nobre para ser dada como título
a uma canção! Atualmente associado aos restos mortais de cidadãos notáveis, o
termo ‘panteão’ deriva de pan (todo)
e théos (deus), o que significa um
conjunto de deuses. Na letra da música dos Linda Martini, aparece apenas por
uma ocasião «Que se f*** o panteão», pois a perfeição não deve ser algo a
procurar, devemos ser nós próprios, com os nossos erros e a nossa história. A
irreverência é um marco da nossa juventude, mas chegará a altura em que esta
terminará. Não toda, por certo, mas a ideia de querer mudar o mundo irá parar («Quando
o motivo me encontrar / Vou pensar em assentar e fazer um enxoval / De todas as
coisas sem razão / Que deixámos pelo chão / Sem saber onde arrumar»). E, sem
saber onde colocar todo o inconformismo que nos é intrínseco, mas por uma
qualquer razão específica, acabamos por aceitar a realidade.
Parece-me que ainda não cheguei a esta fase,
dificilmente irei algum dia compreender os moldes em que está organizada a
nossa sociedade. Um dia irei também eu assentar: não concordar, mas travar esta
raiva interior que já me fez classificar o humano como a pior espécie animal.
Resta saber porquê. Porque hei de parar? O motivo até já pode estar na minha
vida, mas para quando o nosso encontro? Qual o exato momento em que o meu
inconformismo terá a força necessária para me mudar? («Como um outro lado em
nós / Que nos vire do avesso / Que invente um recomeço»).
Não aceito, no entanto, entrar na monotonia («Tudo
apodrece se te for demais»). Esse estado em que a vida nos parece a morte e a
morte nos parece a vida («Que se f*** o panteão») e toda uma vida de esforços
para que nos considerem notáveis. Mais vale dar os ossos a um cão («Que me roa
a salivar / Faz que apetece»), porque, no fim, acabamos juntos («Morremos
iguais»).
Mário
“Luísa” (D.A.M.A), D.A.M.A, ?, 2014
Após
ouvir esta canção umas quantas vezes, consigo lembrar-me com bastante precisão e
rigor dos dias de semana, durante o período escolar, em que, antes de ir para a
escola, o meu irmão, Fernando, um rapaz pouco terra a terra mas bastante alegre
e cheio de vida, ligava o telemóvel e se punha a ouvir esta canção. Dizia ele
que era uma boa maneira de começar o dia e que era uma boa fonte de inspiração
para o dia que ali vinha. Segundo ele, ajudava-o concentrar-se nas coisas boas
da vida, ajudava-o a entender melhor a sua namorada, e as raparigas em geral (dizia
ele, cheio de convicção). Eu, porém, limitava-me a ver televisão e a tomar um
bom pequeno almoço.
O meu
irmão, Fernando, sempre se punha a pensar como seria se ela o trocasse por
outro, se ela se sentiria melhor com outro, e, um dia, colocou-me a seguinte
questão: “Achas que ela gosta muito de mim?”. Com um sorriso na cara,
respondi-lhe que de certeza que sim e que, para não pensar nisso e viver o
presente.
Penso
que essa pergunta veio de um verso da canção, “Sei que não sou o único que te
aborda”. Desde sempre que conheço o meu irmão, ele sempre teve muito jeito com
as raparigas, desde a maneira de falar, às piadas e interação com elas em
geral, pelo que ele se veio a aperceber com o passar do tempo e a melhorar as
suas “técnicas”(“Subiste-me o ego, mas guardei segredo” — ele passava a vida a
contar-me histórias sobre raparigas e de como as conheceu; “Vi-te aqui por
perto e sem ser discreto perguntei-te o nome, / Sorriste, e sem hesitar pedi-te
o telefone”). Ao analisar a letra da canção, vi que, realmente, era bastante
inspiradora. E pus-me a pensar se por acaso ele retirava ideias e maneiras de
interagir, e de intervir com raparigas da sua idade. A minha mãe sempre o
referiu como “mulherengo”, dizendo-me que ele era bastante parecido com o pai.
A
canção nunca me transmitiu grandes mensagens que me tocassem ou que me
influenciassem. Como a maior parte das canções — portuguesas e mesmo não
portuguesas — têm como tema principal o amor e os sentimentos que dele vêm,
achei a canção normal e talvez um pouco vulgar pelo simples facto de ser mais
uma que fala de uma rapariga, especificamente, a “Luísa”. Diz-se também que não
são só as raparigas que têm dificuldades em interagir com os rapazes, e sugere-se
a melhor forma de o fazer. O que importa é fazê-lo e tentar sempre ser bem sucedido
com um pensamento positivo (“Desculpa o embaraço de invadir o teu espaço /
Estou aqui há dois minutos e só te quero nos meus braços / Quero dizer-te mil
coisas, Luísa, / Mas tu sabes que eu não tenho juízo”).
“Tudo o que tu perdeste”
(Yellow G), Yellow G, ?, 2013
Nem sei por onde começar… Esta foi, sem dúvida
nenhuma, a música que mais me marcou. Cada vez que a oiço vêm-me as lágrimas
aos olhos, pois recordo-me de todos os momentos que vivi ao lado de uma das
pessoas mais importantes para mim até aos dias de hoje.
Parece que cada palavra me recorda uma passagem
diferente de não só maus momentos mas também de boas memórias. Faz-me acreditar
que ainda há pessoas que fazem de tudo para poderem ficar juntas
independentemente das dificuldades e, principalmente, do que os outros inventem
para as prejudicar.
Acredito que, por vezes, os conselhos que
recebemos não são dados sempre com boas intenções. O melhor para os outros pode
não ser o melhor para nós. É mais fácil opinar e reflectir quando se está de
fora. Como podemos ouvir, o sujeito poético refere o quanto as coisas podiam
ter sido diferentes na sua relação se a sua companheira tivesse confiado nele
em vez de seguir as ideias dos outros («Só vejo o meu futuro do teu lado, eles
falam muito eu sei é complicado, em 10 dias contam 10 histórias»).
Esta música transmite me uma mistura de
sentimentos contraditórios. Amor-Ódio / Felicidade-Tristeza e não sei explicar
o porquê. As semelhanças são tantas, que eu própria não distingo o bom do mau,
o positivo do negativo, porque, no amor, tudo é subjetivo. Acho que a música é
a ligação entre palavras, histórias e sentimentos.
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