Thursday, September 11, 2014

Canções do 10.º 7.ª



Paulo
“Quem de nós dois” (Ana Carolina), Paulo Gonzo (e Ana Carolina), Duetos, 2013
Esta canção suscita um sentimento de um amor complicado, algo extremamente presente nos dias de hoje, seja em filmes, séries, novelas ou nos média. Porém falarei de outra memória.
Recorda-me as aulas de história, as conversas sobre o Brasil e os descobrimentos, Portugal é conhecido mundialmente por esses feitos e pode-se dizer que também temos uma excelente herança nas sete artes, algo que ensinámos às nossas colónias no passado, sendo uma delas a brasileira (eles que apreciam muito a nossa música e, em particular, o fado). Não seria de esperar que eles próprios progredissem na sua arte, nas novelas, cinema e também na música, tudo isto para explicar que esta canção é um misto: duas nacionalidades diferentes juntas, cada uma a mostrar a sua arte mas no fundo, com o mesmo objetivo, e, se não fosse o “toque” brasileiro, esta canção poderia não ser tão apreciada, podia ser talvez mais monótona e adormecida.
No início da canção, o intérprete começa com um “Eu e você”, em vez de um “Eu e tu”, mostrando que o lado brasileiro da canção também se mostra na própria letra e dando mais suavidade (havendo ainda mais casos desta utilização, como no refrão “E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais / e te perder de vista assim é ruim demais” no caso de “me aproximo” e “ruim demais”). Quanto ao que a canção pretende transmitir já é algo menos explícito mas parece-me ser a história de dois amantes que estão talvez cansados de esconder esse segredo. Isso começa a mostrar-se em “Quem de nós dois / vai dizer que é impossível / o amor acontecer” (ainda pouco explícito) mas, mais tarde, em “Entre nós dois, não cabe mais nenhum segredo, além do que já combinamos”, diminuem-se as dúvidas e, por fim, em “Não cabe mais sermos somente amigos”, fico mais convicto da minha ideia, pelo facto de falarem de amor mas serem apenas “amigos” (e coloco-o entre aspas para mostrar melhor a minha ideia). Esta canção serve de exemplo para muitas pessoas, o que me dá outra ideia (chegarei lá mais tarde na minha explicação). A canção diz-nos, indiretamente, que devemos lutar pelo que queremos (neste caso, amor) e, por mais que pareça impossível, se essa pessoa é constantemente atraída por nós ou nós por ela, devemos lutar porque nada é impossível e devemos ultrapassar todos os obstáculos, sejam outras pessoas que interferem nesse amor, extrato social ou distância devido à nacionalidade ou vida (e, no caso da nacionalidade, temos outra explicação para surgirem dois cantores de nacionalidades diferentes, o que ajuda a passar a mensagem da canção).

Anastasiia
«Não canto porque sonho» (Eugénio de Andrade / Fausto, A.P. Braga), Noiserv, 2014 [original: Fausto e Zeca Afonso, Atrás dos tempos vêm tempos, 1996]
Já não me lembro da primeira vez que ouvi esta obra, mas tenho certeza de que foi uma amiga minha que me mostrou o vídeo. Para mim, com oito anos de idade, a canção não tinha nada de interessante e falava de coisas que não me importavam naquela altura. Agora, quando atingi um certo ponto da maturidade e consigo apreciar tudo de forma mais profunda, percebo a beleza e o carinho dos versos.
A voz e a entoação do cantor, em conjunto com o ritmo da música, criam um clima tão delicado que parece um afago. A poesia das letras da canção transmite realmente a adoração do poeta; o amor que inspira, que é o tesouro maior na vida de quem canta ("Não canto porque sonho. / Canto porque és real."). O que gostei mais nesta canção foi a ternura da linguagem ("Canto o teu olhar maduro, / teu sorriso puro, / a tua graça animal. / Canto porque sou homem."). A força das palavras, que até parecem ser uma confissão, acerta no cerne dos sentimentos.
A memória à qual me leva esta canção é o dia da Páscoa, que passámos com a família da minha amiga a viajar de carro. Não é a ideia da canção que me faz recordar este dia, mas a canção em si, que estivemos a ouvir em pano de fundo durante a viagem toda. Até tenho uma fotografia que tirámos na praia cheia de espuma marinha, com o mar da mesma cor que o céu — turquesa. Almoçámos numa varanda de um restaurante pequeno e, a seguir, continuámos a viagem. Fomos a uma "feira da ladra", onde os pais da minha amiga lhe compraram um canário. No caminho para casa, passámos por um castelo num bosque, com a sua fachada e muralhas cobertas em trepadeira...
As memórias são vívidas, mas emoções que senti são ainda mais intensas. E, por isso, canto, «canto porque o amor apetece».

Beatriz R.
«Fico assim sem você» (Cacá Moraes / Abdullah), Adriana Calcanhoto, Partimpim, 2004
Quando era bem mais nova, há uns atrás, estava tranquilamente sentada no sofá em casa de uma amiga minha, a ver televisão com ela ao meu lado. De repente, a irmã dela, mais velha uns anos, desliga a televisão, põe esta mesma música na aparelhagem dela, e decide tocá-la mesmo à nossa frente num volume bem elevado, de tal maneira que toda a casa foi obrigada a ouvir. O curioso é que, apesar de furiosa — mas calada, pois estava em casa dela — dei por mim a tentar perceber qual era o nome da música e quem é que a cantava para depois, mais tarde, a poder ouvir. Afinal o pé batia, a canção emocionava e a televisão foi esquecida.
Quando cheguei a casa, pus-me a fazer pesquisas, para encontrar a música e, um mês depois, era eu quem a cantava. Naquela altura, achei que se tratava de uma canção de amor, mas hoje acho que é muito mais profunda do que isso. Esta música faz-me pensar no sentimento que temos quando perdemos alguém, que nos é próximo e com quem realmente tínhamos uma relação íntima. A música dá-nos a perceber que, quando alguém assim tão próximo parte, ficamos sem saber como existir num mundo onde essa pessoa não existe (“Eu não existo longe de você, / E a solidão é o meu pior castigo, / Eu conto as horas p’ra poder te ver, / Mas o relógio ‘tá de mal comigo”), deixando o espaço e o tempo de fazer sentido.
As metáforas da canção como por exemplo, “Avião sem asa, fogueira sem brasa” ou “Carro sem estrada, Queijo sem goiaba” , mostram-nos que é quase como se perdêssemos uma parte de nós, como se deixássemos de ter chão e caíssemos num vazio, sendo que a lógica da vida se perde, pensamos, para todo o sempre. Acabamos por sentir que vivemos por viver, que o tempo passa a ser uma eternidade e nós apenas queremos que ele passe.
A questão que se nos põe é saber quando ou se a vida voltará a fazer sentido, voltando à normalidade, pois ficar sem alguém pode ser devastador. A questão que se põe é o que é, na verdade, a normalidade?

Carolina
«Para mim tanto me faz» (D’zrt), D’zrt, D’ZRT, 2006
Esta música faz-me lembrar a minha infância. Foi a música que mais ouvi quando era criança. Esta banda nasceu de uma série que dava naquela altura na televisão chamada “Morangos com açúcar” e, como eu já via essa série, vi o nascimento da banda e também o seu fim. Foi uma música de que eu decorei a letra do início até ao fim e, passados já alguns anos, ainda me lembro da letra. Foi a banda de música que mais me marcou. Felizmente, tive a possibilidade de poder ir assistir a um concerto desta banda: nesse dia eu estava mesmo muito feliz. Foi como um sonho tornado realidade naquela altura, em que eu ainda era muito nova pois só tinha sete anos. Mesmo já tendo passado alguns anos e a banda já não existir por um dos membros ter falecido, continuo a considerá-la a melhor música de sempre.
Quanto à letra da canção, fala de uma relação que acabou («acabou vê se entendes»). A letra corresponde mais às relações dos jovens que começam e podem terminar a qualquer momento mesmo podendo ser relações duradouras. O título da música («Para mim tanto me faz») diz-nos que, por vezes, numa relação só uma pessoa é que investe nela e, quando acaba, para ela tanto lhe faz o que a outra pessoa lhe diga pois já nada vai mudar. A música em si também está mais ligada aos jovens pois os ouvintes desta banda são geralmente eles, que conseguem interpretar melhor a letra e gostar mais deste tipo de música do que propriamente um adulto.
Esta banda, desde o seu início até acabar, teve muito sucesso em Portugal, conquistando muitos fãs. Eu fui uma dessas fãs e continuarei a ser, mesmo sabendo que a banda nunca mais deverá voltar. Será sempre uma recordação da minha infância, que ficará na minha memória.

Ariana
«Verdade ou consequência» (João Pequeno / Mariana Neves de Carvalho), ?
A canção que escolhi para comentar e analisar é “Verdade ou Consequência”, de João Pequeno e de Mariana Neves de Carvalho, criada para um curto filme amador de Tomás Magalhães e com a devida edição musical de Tomás Magalhães e de Thomas Zimmermann.
Esta canção transmite uma mensagem dedicada a todos os jovens, mais precisamente, a todas as adolescentes que são mães. Através da letra, conseguimos perceber o quão difícil é saber, assumir e até construir e estruturar uma vida quando se descobre que se vai ser mãe.  Até poderemos ter mil e um planos para tentar dar a volta à situação e pensar que essas coisas somente acontecem aos outros, mas não devemos seguir as atitudes das outras pessoas, devemos centramo-nos no que implica uma gravidez na adolescência e os problemas que advêm com a chegada de um novo ser humano que teremos de cuidar e a quem dar-lhe-emos amor e carinho. Porém, muitas vezes essas adolescentes não estão prontas para serem mães (“Agora és tu e ele, ele que aí vem, sabes o que é ser filha mas sabes o que é ser mãe?”).
A canção explica, também, que às vezes as companhias podem implicar nas nossas vidas e que podemos ter cinquenta amigos mas, quando precisamos realmente deles para nos apoiarem e estarem presentes na nossa vida, desses cinquenta apenas restam dois ou três. Pessoalmente, concordo com a interpretação que é feita da gravidez numa adolescência pelos autores da música pois a gravidez nesta idade “É uma ida sem volta, queres uma volta sem ida mas se deres a volta a vida a vida volta?”, porque devemos sempre olhar para o futuro e pensar bem o que queremos fazer dele.
A parte de que mais gostei da música foi possivelmente este excerto: “Pegas nas chaves e sais, que não tem nada de mais, que são saídas normais e nada vai além. / Eu sei onde é que tu vais e que eles te acham demais, pintas os olhos e sais, e queres enganar quem?           / E os teus exames finais, e tu em festivais, e a conversa dos teus pais entra-te e sai-te a cem / Miúda vê onde vais, eles são todos iguais e amanhã quando acordares já não vais ter ninguém.”
Escolhi-o, devido a retratar e representar como os jovens de hoje em dia interpretam a sua adolescência. Todos sabemos que apenas a vivemos uma vez mas devemos ser ponderados, observar os que nos rodeia e ter consciência das consequências que os nossos atos podem vir a ter.

Dani
“The secrets in silence” (Miguel Coimbra, Miguel Cristovinho, Francisco Pereira, Maria Antonia Rosa), D.A.M.A, Uma Questão de Princípio, 2014
“The secrets in silence”, ou, em português, “os segredos no silêncio”, é um título que considero bem escolhido para o tema em questão, porque faz pensar que há tantas coisas para serem ditas mas que, por alguma razão, talvez se considere proíbido ou inapropriado dizê-las. De facto, penso que seria o que qualquer um pensaria ao ler o título da canção sem a conhecer primeiro, mas, na verdade, foi escrita a pensar no amor, e é também verdade que a letra desta música fala em sentimentos fortes partilhados entre aquilo que seriam possíveis namorados, suponho eu. Mas, aparentemente, tais sentimentos não podem, ou não deviam, ser partilhados. Só que a letra diz-nos que uma das pessoas em questão age como se houvesse “segredos”, pois ela tem receio de alguma coisa.
Foi precisamente por isso que escolhi esta canção. Consigo identificar-me com a tal pessoa cheia de medos e timidez em querer felicidade junto de outra pessoa, que talvez não se ache boa o suficiente ou até demasiado problemática. A outra pessoa que lhe canta, diz-lhe para “não ter medo de o querer em segredo” e que “está pronto e consciente para enfrentar os seus traumas e abraçar as suas causas”. Creio que aqui o eu demonstra como a conhece bem e afirma que quer apoiá-la em qualquer altura, seja por que razão for. Refere que “ele quer e sente” mas “que ela não avança e acha que ele lhe mente e está com falinhas mansas”. Provavelmente, ela terá sofrido algum “desgosto amoroso” no passado e é daí que advém o seu receio, enquanto que ele apenas quer demonstrar que gosta dela, e quer arranjar maneira de o provar, (“E às tantas eu não sei o que faça/ Roubo as estrelas do céu/ E te as entrego numa taça”). Parece impossível, e é, mas é assim que ele procura mostrar-lhe que a ama e que a quer do seu lado. Acho que, por vezes, muitas pessoas se encontram em situações semelhantes, tanto do ponto de vista de quem tem receio de avançar, como do ponto de vista de quem quer mais e tenta prová-lo com tudo o que tem.

Leonor
“O Que Ficou Por Dizer” (Yellow G), 2013
Lembro-me do momento exato em que ouvi esta música pela primeira vez. Foi em março de 2014. Lembro-me desse momento porque esta música me foi mostrada por alguém muito importante para mim nessa altura. Lembro-me das mesas redondas castanhas onde estávamos sentados, lembro-me dos headphones vermelhos que usámos para ouvir a música. Lembro-me inclusive da cor de fundo do vídeo que vimos (azul claro com letras em amarelo).
Esta música tem um significado muito especial para mim, porque foi a primeira música que eu ouvi que expunha por palavras o que era estar de coração partido – a dor, a angústia, a revolta, a saudade, a incredulidade face àquilo que a pessoa amada nos fez.
No início da letra, o autor refere a sua incredulidade perante a frieza da amada tendo em conta tudo o que ele já tinha feito por ela. “Tu sabes que lá no fundo só uma vez é que quebrei/ por ti deixei os sons, até com tropas eu falhei” são os dois primeiros versos da música. Como vemos, o cantor começa por referir que, por ela, tinha deixado a música e que a tinha sempre preferido aos amigos. Mais tarde, quando o “eu” afirma “Só mesmo a puxar por ti é que dizias que me amavas / mas ao longo deste tempo foram mais as vezes que me magoavas”, percebemos que, apesar do imenso amor que o cantor nutria pela jovem, não era correspondido de igual forma. A partir deste momento, a música torna-se uma enorme amálgama de sentimentos entre os quais se destacam a raiva (“(Lembro-me) Da primeira vez em que nós nos beijámos, e que apenas numa tarde c*agaste em tudo o que passámos ”), o amor (“Por incrível que pareça, não me sinto arrependido/ de ter-te feito rainha e de no final me teres traído”), a incredulidade face às atitudes da rapariga (“Porque nem tudo foi mau / mas eu já não volto atrás/ ainda nem percebi como é que tu foste capaz”),a raiva para consigo próprio (“E eu sei que o mal foi ter-te dado tanta importância / até vendia a minha casa só para te dar uma aliança”) e a dor que ele sente depois de a rapariga terminar a relação (“Eu preferia estar mal do que tu não estares bem / Tudo isto fez o meu coração partir-se / quando pensava que eras minha e foste capaz de partir. / Fez-me pensar no que eu te dei, e tu nunca me deste / em tudo o que eu não te fiz e que tu me fizeste.”).
Mais à frente, já quase no fim da música, o cantor fala sobre os efeitos que o coração partido teve na sua vida — a maneira como começou a tomar drogas e se envolveu com várias outras raparigas, apenas para conseguir esquecer aquela que o deixou (“Porque se eu tenho aguentado, / é graças aos meus amigos e a groupies que fazem tudo para estar comigo / que sentem saudades da voz do Yellow G / que na minha boca sentem álcool e já não o iced tea.”)
No entanto, a minha parte preferida desta música é a parte final. Na realidade, a verdadeira razão pela qual eu gosto desta música é pelos últimos seis versos (“E mesmo apesar de tudo custou-me tanto o nosso fim / Porque o que tu fizeste não foi de alguém que eu conheci / Por isso eu digo que não te conheço / E custa-me dizer-te isto assim / Porque eu amo-te, é verdade / Mas primeiro gosto de mim”). Ao longo de toda a música, o cantor fala sobre todos os sentimentos que se sentem quando se tem o coração partido e, no fim, acaba a música com aquela que é a revelação a que chegamos quando deixamos de ter o coração partido: aquela pessoa que amávamos já não existe, porque ela mudou, e nós também.

Diogo
«Cheira a Lisboa» (Carlos Dias / César de Oliveira), Anita Guerreiro, Marchas, 1972
A letra desta canção fala sobre Lisboa e do que esta cidade tem de melhor. A canção refere o cheiro agradável desta cidade, dizendo até mesmo que “cheiram bem porque são de Lisboa”. Na canção, podemos ouvir falar-se de elementos característicos da capital, como os elétricos, os cafés do Rossio, ou as tascas existentes nas estreitas ruas bem características desta cidade (“nas tascas da viela mais escondida”), o fado, o vinho. A meu ver, esta canção fala também no amor que o sujeito poético tem à cidade de Lisboa.
Esta canção traz-me à memória a minha infância. Aos onze ou doze anos, eu vivia no bairro da Mouraria e, neste bairro, durante a altura dos santos populares, ouvia-se muito esta canção. Eu lembro-me de ali existirem muitas casas de fados e que, quando passava por lá, por vezes ouvia esta canção. Esta canção lembra-me de muitas coisas que aconteceram naquele bairro pois foi uma canção que eu sempre associei a minha infância na Mouraria. Também me lembro de que, durante as alturas de festa na Mouraria, esta música passava sempre através de umas colunas existentes nos postes da eletricidade. Era uma canção muito popular nos bairros lisboetas e muito cantada nas marchas de Lisboa.

Solomiya

‘’Bye, Bye (Vou-me Divertir)‘’ (?), Just Girls, Just Girls, 2011
Nem sei por onde começar, para dizer o que esta música me fez lembrar… Vou começar por explicar como a conheci. Estava eu a ver uma série de televisão na TVI, ‘’Morangos com Açúcar’’, que todos devem conhecer de certeza! Era a minha novela favorita. Então, nessa mesma novela juvenil, quatro raparigas criaram um grupo que se chamava Just Girl, que quer dizer ‘’só raparigas’’. Eram cantoras que faziam concertos e cantavam na novela. Como elas começaram a fazer sucesso, essa banda saiu para fora da novela. Sendo mais específica, também começaram a dar concertos na vida real. Como, nesse momento, tinha uns doze anos, estava maluca por essa banda. Na escola, na minha praceta, fazia brincadeiras com as minhas amigas, fingíamos que eramos elas e fazíamos concertos para os rapazes…
Esta música é a minha favorita porque nela se diz para esquecer a mágoa: temos de nos divertir, passear, conviver, ‘’curtir’’ a vida como nós (os jovens) dizemos. O refrão é a minha parte favorita porque ‘’diz adeus, vou-me divertir, não vou discutir’’, e é disso que os jovens precisam. Há muitos de nós que têm muitas mágoas, problemas e não se divertem e preocupam-se demasiado com os problemas dos adultos e isso não é muito bom pois não têm a sua juventude como a maior parte dos jovens.
Mas, com o passar dos anos, os verdadeiros fãs começaram a crescer e a deixar de ouvir estas músicas. Com pouca fama, o grupo das raparigas separou-se e não criou mais músicas com muita pena minha, mas, graças à tecnologia dos dias de hoje, consigo relembrar a minha infância com vídeos na internet.

Sara

«Tu e Eu» (Diogo Piçarra), Diogo Piçarra, Espelho, 2015
Esta música, para mim, não é apenas uma música de amor. Esta música faz-me voltar atrás no tempo, indo buscar assim várias memórias que pensava já ter esquecido. Pensava eu que essas memórias estavam já nos lugares mais esquecidos e sombrios da minha mente. Mas, obviamente, que também me faz pensar no amor, não só no amor por quem tenhamos alguma atração, mas também no amor que me foi transmitido ao longo destes anos pela minha família, amigos, etc.
Muitas pessoas, se calhar, se ouvissem esta música talvez só a fossem ver como mais uma música de amor, sobre problemas amorosos, sobre aquele amor que tivemos com alguém e que nunca mais iremos ter, mas esta música, na minha opinião é muito mais do que aparenta à primeira vista. Cada pessoa capta as músicas de maneira diferente, cada um tem uma maneira diferente de se sentir ao ouvir uma determinada música, o que, de certa forma, as torna mais especiais.
Do meu ponto de vista, o autor desta canção fala de uma amor perdido, de um amor que acabou, mas que, eventualmente, poderá voltar a acontecer. Imaginando que o indivíduo x acaba com o indivíduo y mas que o y ainda ama o x e o x ainda ama o y, mesmo tendo este(x) acabado com o y, estes poderão voltar a namorar, ou a ter uma relação amorosa (isto é que eu acho que é a história por detrás da música, do ponto de vista do autor).
Na música a minha frase/verso favorito é a seguinte: «E mostramos depois que nada se constrói sem que antes tenhas errado ao tentar». Este verso mostra-me que nunca podemos desistir dos nossos objetivos, quer seja para com outra pessoa que está connosco numa relação amorosa, quer seja para com os nossos objetivos de vida.
Termino a minha opinião dizendo que as músicas de amor são muito mais que músicas para apelar aos sentimentos superficiais dos ouvintes. A missão das músicas é tocar pessoalmente, emocionalmente, com os sentimentos de cada um de nós e é obvio que a minha opinião é diferente das outras todas que já ouviram esta música, pois esta opinião está virada para como eu vejo a música, o que esta me transmite cada vez que a oiço.

Inês

“Não há estrelas no céu” (Carlos Tê / Rui Veloso), Rui Veloso, Mingos e Os Samurais, 1990
Lembro-me como se fosse ontem. Tinha cerca de uns quatro anos, quando o meu pai chegou a casa com um DVD de um concerto que Rui Veloso dera e havia sido filmado. “Quem não conhece Rui Veloso não é bom português”, o meu pai era e é, definitivamente, um grande admirador do cantor e sempre fez questão de me transmitir o gosto gigante que sentia pela música do autor. Esta música foi a primeira de que decorei a letra toda. A segunda foi o “Anel de Rubi”, também de Rui Veloso. “Não há estrelas no céu” esteve sempre presente nas viagens feitas até ao Algarve e ao Alentejo e não tive quaisquer dúvidas de que seria a escolhida para eu analisar neste trabalho.
Esta música remete para a época da adolescência (“A Primavera da vida”). Encontramos no título a presença de uma metáfora, pois as estrelas no céu representam a esperança, que nesta música parece ter sido perdida para os problemas que enfrentamos na nossa adolescência (“Não vês como isto é duro, ser jovem não é um posto,ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto.”; “Tão depressa o sol brilha, como a seguir está a chover”).
Creio, no entanto, que a verdadeira mensagem desta música não se restringe aos problemas que todos sentimos enquanto adolescentes. Com efeito, penso que a música nos diz para pararmos de nos guiar pelas estrelas que têm conduzido o nosso caminho e vermos o céu como algo limpo, algo novo, ligado à nova etapa da vida, um caminho livre pronto a deixar-nos crescer enquanto seres humanos e habitantes do mundo. “Não há estrelas no céu” pode, por isso, ser também interpretado como “Não há limites no céu”.

Beatriz Cotrim

«Futuro Eu» (David Fonseca), David Fonseca, Futuro Eu, 2015
Escolhi esta música pois, para mim, o futuro é tão importante como o passado. Para podermos ter um futuro bom, não nos podemos esquecer do que fomos e somos e temos de procurar melhorar com a experiência que vamos adquirindo ao longo dos anos.
A canção imita o formato de uma carta, cujo destinatário é o «Futuro eu» («Futuro eu, / Lê esta carta que eu escrevi. / Sei que é só tinta e papel, / Mas quero o melhor para ti»). Na estrofe seguinte, uma quadra, usa-se mesmo uma fórmula típica das cartas, o vocativo inicial («Caro futuro eu»). Em aula, chegámos a ouvir uma canção com idêntico formato, cujo título era «Carta», dos Toranja (Tiago Bettencourt, aliás, é exatamente da mesma geração de David Fonseca: enquanto este integrou os Silence 4; Bettencourt fez parte dos Toranja; ambos são da zona oeste-centro — de Leiria e de Coimbra).
Um dos meus versos favoritos é “Futuro eu, sê diferente deste vulgar atual”, que deve querer significar que, se no presente não estamos a agir como deveríamos, temos de tentar mudar para melhor. Por outro lado, também dou particular importância ao verso “Faz só o que a vontade quer”, uma frase de tipo imperativo que pode ser interpretada como apelo a que ajamos de acordo com a nossa própria vontade e não em função do que julgamos sejam as expectativas dos outros, do que acreditamos possa deixar as outras pessoas satisfeitas.
A letra desta canção fala da importância do futuro e de como é essencial que nos importemos com nós próprios. Alude ainda à importância de aproveitarmos a nossa vida ao máximo e de, ao longo dela, escolhermos os caminhos certos.

Tomás

«Caminho a seguir» (dzrt), Dzrt, Dzrt project, 2005
Quando eu era mais novo, há cerca de 8 anos atrás, descobri uma banda chamada "dzrt", que era composta por quatro rapazes com cerca de 19 anos. Essa banda formou-se numa série televisiva bastante conhecida, "Os morangos com açúcar". Ora, eu, com 8 anos, adorava a série e adorava a banda e, então, quando acabava a escola, mal via a hora de chegar a casa para poder pôr a televisão no canal onde dava a série. A banda começou por dar concertos apenas na série, pois na vida real a banda não existia. Apenas quando se aperceberam de que as suas músicas eram um sucesso entre os espectadores da série é que decidiram formar mesmo uma banda. Nos primeiros tempos, davam alguns concertos de pequena dimensão e até fizeram uma música para ser o genérico da próxima temporada da tal série. Foi então que a banda com cada vez mais sucesso, fez vários cds que se venderam muito rapidamente e começou a dar concertos no Pavilhão Atlântico e em vários programas televisivos e festas. Entretanto, a banda teve de se separar e isso criou muita tristeza entre os fãs mas, passado cerca de dois anos ou mais, os membros da banda, mais adultos e mais experientes, anunciaram o seu regresso, o que animou bastante os fãs e a banda tornou-se um fenómeno nacional e, possivelmente, pelo menos na minha opinião, uma das melhores bandas portuguesas de sempre, tendo enchido duas vezes o Rock in Rio e o Pavilhão Atlântico.
A música fala sobre a fama e a minha interpretação foi que a música era direcionada para eles, pois em versos como "flashes, ofuscam-te as luzes, renasces, ficas iludido pela fama, ela chama, será que não te vais perder", "a imprensa alimenta-se da tua presença, sugam sem pedir licença, não faz diferença, só mais tarde irás perceber", "o sucesso a aumentar, nos olhos veem-se o brilhar, dás por ti num mundo que sonhaste conquistar". Diz-se que não se devem iludir pelo seu rápido e enorme sucesso, que não devem perder o rumo e que a imprensa pode parecer muito boa mas que mais tarde, irão perceber que afinal a imprensa não se preocupa minimamente com eles. A música também refere que se ignorarem todos os males do sucesso que irão conseguir ir para a frente e que, esse sim, é o caminho a seguir, também diz que não devem ser vedetas e que é uma vida dura que eles como artistas têm de aguentar. Concluindo: esta é uma música de que gosto muito e que faz bastante sentido. Infelizmente, a banda separou-se de vez uns anos mais tarde mas será sempre uma recordação da minha infância.

Sebastião

«Panteão» (Linda Martini/Linda Martini), Linda Martini, Turbo Lento, 2013
Que palavra tão nobre para ser dada como título a uma canção! Atualmente associado aos restos mortais de cidadãos notáveis, o termo ‘panteão’ deriva de pan (todo) e théos (deus), o que significa um conjunto de deuses. Na letra da música dos Linda Martini, aparece apenas por uma ocasião «Que se f*** o panteão», pois a perfeição não deve ser algo a procurar, devemos ser nós próprios, com os nossos erros e a nossa história. A irreverência é um marco da nossa juventude, mas chegará a altura em que esta terminará. Não toda, por certo, mas a ideia de querer mudar o mundo irá parar («Quando o motivo me encontrar / Vou pensar em assentar e fazer um enxoval / De todas as coisas sem razão / Que deixámos pelo chão / Sem saber onde arrumar»). E, sem saber onde colocar todo o inconformismo que nos é intrínseco, mas por uma qualquer razão específica, acabamos por aceitar a realidade.
Parece-me que ainda não cheguei a esta fase, dificilmente irei algum dia compreender os moldes em que está organizada a nossa sociedade. Um dia irei também eu assentar: não concordar, mas travar esta raiva interior que já me fez classificar o humano como a pior espécie animal. Resta saber porquê. Porque hei de parar? O motivo até já pode estar na minha vida, mas para quando o nosso encontro? Qual o exato momento em que o meu inconformismo terá a força necessária para me mudar? («Como um outro lado em nós / Que nos vire do avesso / Que invente um recomeço»).
Não aceito, no entanto, entrar na monotonia («Tudo apodrece se te for demais»). Esse estado em que a vida nos parece a morte e a morte nos parece a vida («Que se f*** o panteão») e toda uma vida de esforços para que nos considerem notáveis. Mais vale dar os ossos a um cão («Que me roa a salivar / Faz que apetece»), porque, no fim, acabamos juntos («Morremos iguais»).

Mário

“Luísa” (D.A.M.A), D.A.M.A, ?, 2014
Após ouvir esta canção umas quantas vezes, consigo lembrar-me com bastante precisão e rigor dos dias de semana, durante o período escolar, em que, antes de ir para a escola, o meu irmão, Fernando, um rapaz pouco terra a terra mas bastante alegre e cheio de vida, ligava o telemóvel e se punha a ouvir esta canção. Dizia ele que era uma boa maneira de começar o dia e que era uma boa fonte de inspiração para o dia que ali vinha. Segundo ele, ajudava-o concentrar-se nas coisas boas da vida, ajudava-o a entender melhor a sua namorada, e as raparigas em geral (dizia ele, cheio de convicção). Eu, porém, limitava-me a ver televisão e a tomar um bom pequeno almoço.
O meu irmão, Fernando, sempre se punha a pensar como seria se ela o trocasse por outro, se ela se sentiria melhor com outro, e, um dia, colocou-me a seguinte questão: “Achas que ela gosta muito de mim?”. Com um sorriso na cara, respondi-lhe que de certeza que sim e que, para não pensar nisso e viver o presente.
Penso que essa pergunta veio de um verso da canção, “Sei que não sou o único que te aborda”. Desde sempre que conheço o meu irmão, ele sempre teve muito jeito com as raparigas, desde a maneira de falar, às piadas e interação com elas em geral, pelo que ele se veio a aperceber com o passar do tempo e a melhorar as suas “técnicas”(“Subiste-me o ego, mas guardei segredo” — ele passava a vida a contar-me histórias sobre raparigas e de como as conheceu; “Vi-te aqui por perto e sem ser discreto perguntei-te o nome, / Sorriste, e sem hesitar pedi-te o telefone”). Ao analisar a letra da canção, vi que, realmente, era bastante inspiradora. E pus-me a pensar se por acaso ele retirava ideias e maneiras de interagir, e de intervir com raparigas da sua idade. A minha mãe sempre o referiu como “mulherengo”, dizendo-me que ele era bastante parecido com o pai.
A canção nunca me transmitiu grandes mensagens que me tocassem ou que me influenciassem. Como a maior parte das canções — portuguesas e mesmo não portuguesas — têm como tema principal o amor e os sentimentos que dele vêm, achei a canção normal e talvez um pouco vulgar pelo simples facto de ser mais uma que fala de uma rapariga, especificamente, a “Luísa”. Diz-se também que não são só as raparigas que têm dificuldades em interagir com os rapazes, e sugere-se a melhor forma de o fazer. O que importa é fazê-lo e tentar sempre ser bem sucedido com um pensamento positivo (“Desculpa o embaraço de invadir o teu espaço / Estou aqui há dois minutos e só te quero nos meus braços / Quero dizer-te mil coisas, Luísa, / Mas tu sabes que eu não tenho juízo”).

Iolanda

“Tudo o que tu perdeste” (Yellow G), Yellow G, ?, 2013
Nem sei por onde começar… Esta foi, sem dúvida nenhuma, a música que mais me marcou. Cada vez que a oiço vêm-me as lágrimas aos olhos, pois recordo-me de todos os momentos que vivi ao lado de uma das pessoas mais importantes para mim até aos dias de hoje.
Parece que cada palavra me recorda uma passagem diferente de não só maus momentos mas também de boas memórias. Faz-me acreditar que ainda há pessoas que fazem de tudo para poderem ficar juntas independentemente das dificuldades e, principalmente, do que os outros inventem para as prejudicar.
Acredito que, por vezes, os conselhos que recebemos não são dados sempre com boas intenções. O melhor para os outros pode não ser o melhor para nós. É mais fácil opinar e reflectir quando se está de fora. Como podemos ouvir, o sujeito poético refere o quanto as coisas podiam ter sido diferentes na sua relação se a sua companheira tivesse confiado nele em vez de seguir as ideias dos outros («Só vejo o meu futuro do teu lado, eles falam muito eu sei é complicado, em 10 dias contam 10 histórias»).
Esta música transmite me uma mistura de sentimentos contraditórios. Amor-Ódio / Felicidade-Tristeza e não sei explicar o porquê. As semelhanças são tantas, que eu própria não distingo o bom do mau, o positivo do negativo, porque, no amor, tudo é subjetivo. Acho que a música é a ligação entre palavras, histórias e sentimentos.

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