Sunday, September 16, 2007

Aulas (2.º período)

Aula 51-52 (3 ou 4/Jan) Explicações a propósito do trabalho de gramática entregue na aula anterior. (ver aqui os slides usados na correcção).
A partir de sketch de «Diz que é uma espécie de magazine», caracterização de caso de infracção à máxima de modo.




O tipo de discurso que no sketch é designado como «manuelmachadês» resulta, na prática, numa série de infracções à máxima conversacional de _______, já que é sobretudo a clareza da mensagem que sai prejudicada.
Porém, não podemos dizer que o princípio de ________ seja verdadeiramente posto em causa, porque a linguagem de Manuel Machado será compreensível para as pessoas do meio futebolístico, a quem se dirige. É certo que há um exagero de sinónimos mais «aperaltados» (usuais na gíria do futebol), mas percebemos que esse esforço de enfeitar o que podia dizer-se de forma simples até obedece à vontade de cumprir bem o papel de entrevistado. (Ou seja: é o princípio de _________ que leva o treinador a ser tão complicativo. Se ele respondesse liminarmente, o jornalista não teria grande entrevista e considerá-lo-ia convencido e descortês.)
Quais são os recursos estilísticos (as _______ de estilo) usados por Manuel Machado para conseguir a tal complexificação? Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases (circunlóquios; isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito em poucas). Vendo mais de perto, essas perífrases resultam de:
(1) troca de palavras/expressões por outras suas sinónimas mas de registo mais cuidado (nestes casos, pode surgir uma ou outra expressão com origem em metafóra).
(2) troca de palavras/expressões por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas, por eufemismo (evitando ‘ferir susceptibilidades’).

sentido denotativo / manuelmachadês / recurso {1 ou 2}
como ganhámos, fizemos bem em jogar assim / a pontuação obtida, de alguma maneira, ratifica as opções tomadas / __
corrigiu os erros / rectificou alguns procedimentos que tinha denunciado como deficitários / __
uma estratégia atacante / uma estratégia que não pressupunha uma metodologia muito defensiva / __
fim do jogo / parte terminal do encontro / __
últimos lugares do campeonato / lugares da parte terminal da tabela / __
o árbitro decidiu mal / o critério disciplinar foi extremamente agudo / __
não digo que o árbitro seja desonesto / nada do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus direitos, tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo
tentar não perder o jogo / obstar a que o Porto leve os pontos em disputa / __
Na última fala — «este tipo que andou no meio do terreno não presta» —, o inesperado é Machado não ter recorrido a um ______ que adocicasse a crítica ao árbitro.

Vai até à p. 236 e lê a crítica relativa ao filme Cartas de Iwo Jima. Cartas de Iwo Jima e As Bandeiras dos Nossos Pais são dois filmes paralelos. Versam o mesmo assunto, mudando apenas a focalização, o ponto de vista (o dos japoneses, o dos americanos; o dos vencidos, o dos vencedores).
Para já, veremos, primeiro, o trailer de Cartas de Iwo Jima e, depois, o início de As Bandeiras dos Nossos Pais.










TPC — O texto que vais receber, «A casa dos animais», é o início de um conto de Lídia Jorge (cujo final, creio, nem será conhecido — julgo que a escritora o cedeu assim mesmo). O texto destina-se ao Concurso Internacional de Literatura «Terminemos este conto». Para já, o que vale a pena citar do regulamento desse concurso é isto [podes ver aqui o regulamento completo]:
«Os alunos deverão escrever a conclusão do conto. [...] O texto deverá ser redigido em 2 a 3 folhas de formato A4, apenas na parte da frente da folha, em espaço duplo, letra Times New Roman, tamanho 12.»
«O júri deverá considerar, entre outros, os seguintes parâmetros na análise dos textos: coerência do final do conto com a parte inicial do mesmo; originalidade; nível da linguagem utilizada; qualidade literária».
Todos devem entregar-me o texto — nos formatos pedidos; e com nome — na próxima aula. Devolverei o tepecê na aula seguinte e logo se verá como se fará o envio (dos melhores textos, pelo menos).

Aula 53-54 (7 ou 8/Jan) Vai até às pp. 58-59. É uma página de diário de viagem, por Luísa Dacosta.
Lê o primeiro parágrafo (ll. 1-14).
O sujeito de «encosta-se» (l. 1) é ____________. O sujeito de «mira-se» (l. 3) é ___________.
Em «suas casas avarandadas, solarengas» (l. 13), o determinante possessivo reporta-se a que possuidor? A ____________. «Solarengas» significa {escolhe} ‘com sol’ / ‘com aspecto de solar’ / ‘tipo lengalenga’.
Na l. 3, falta uma vírgula a seguir a «___________».

Lê o segundo parágrafo (ll. 15-24).
Os vários advérbios «ali» (ll. 16, 17, 18, 19) correspondem a uma expressão, que estão a substituir: ___________. Assim sendo, {escolhe} têm / não têm função deíctica.

Lê o terceiro parágrafo (ll. 25-26).
O sujeito de «laiva-se» (l. 25) é ___________.

Lê o quarto parágrafo (ll. 27-32).
Há aqui um grande número de figuras de estilo. Tradu-las:

frase figurada // proposta o mais denotativa possível
Um rebanho de nuvens sobe as encostas / _____
revoadas de asas desfolham-se por quintais / _____
os cisnes passajam a branco as sombras do lago / _____

Vê agora o resto do texto (ll. 33-62).
Esta parte mostra-nos a cidade no momento em que ___________. Na descrição dá-se particular importância ao modo como esse momento determina {escolhe} os cheiros / as cores / os sons.
O sujeito de «serve» (l. 41) é __________.
«Antero» (l. 58) é {escolhe} ‘Antero de Quental, escritor’ / ‘Antero do Quintal, amigo de José’ / ‘José Antero, pintor popular’.

Vocabulário [não dou, porém, significados de flora (flores e árvores), em que o texto é aliás rico]: coalho = ‘coágulo; porção de um líquido coalhado’; embrumescer = ‘começar a cobrir-se de bruma’; maneirinho = ‘cómodo, pequeno’; crivo = ‘peneira’; rescender = ‘exalar cheiro agradável’; beirada = ‘beiral’; laivar = ‘besuntar’; revoada = ‘bando a voar; grande quantidade de’; capelo = ‘capuz de frades’; mastreação = ‘conjunto de mastros de embarcações’; exacerbar = ‘agravar, acentuar’; plaga = ‘praia, país, região’; enlivide(s)cer = ‘ficar lívido, empalidecer’.
O texto da p. 60 é do mesmo diário, de Luísa Dacosta, de que há pouco leste uma descrição de Ponta Delgada. Esta nova página narra-nos uma viagem de eléctrico.
Depois de leres o texto — e seguindo o mesmo estilo (uso do presente; situação do narrador dentro de um meio de transporte; descrição da paisagem vista em andamento; dentro e fora do transporte, algum recheio humano) —, escreve um trecho de «diário de viagem» que aproveite o percurso de determinado transporte público — autocarro, eléctrico, camioneta, metro, comboio, avião, barco, táxi, elevador.
...
TPC — Não há tepecê para a próxima aula. Mas aproveito para lembrar que...
(i) devem ir terminando as leituras que combinámos (no caso de ainda estarem hesitantes, vejam, por exemplo, a lista de livros que há na biblioteca na escola e que correspondem aos perfis que defini; pu-los no final de ‘Leitura’);
(ii) se não o fizeram no 1.º período, devem tratar dos microfilmes (isto reporta-se aos casos pendentes, em que o microfilme está feito mas ainda não me foi dado por algum problema técnico; aos casos em seja preciso fazer tudo desde o começo).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-53-54-presentation/
Soluções
Lê o primeiro parágrafo (ll. 1-14).
O sujeito de «encosta-se» (l. 1) é «Ponta Delgada» (subentendido). O sujeito de «mira-se» (l. 3) é «Ponta Delgada» (subentendido).
Em «suas casas avarandadas, solarengas» (13) o determinante possessivo reporta-se a que possuidor? «Ponta Delgada». «Solarengas» significa {escolhe} ‘com aspecto de solar’.
Na l. 3, falta uma vírgula a seguir a «negra».
Lê o segundo parágrafo (ll. 15-24).
Os vários advérbios «ali» (ll. 16, 17, 18, 19) correspondem a uma expressão que estão a substituir: «no Largo da Matriz e no de Gonçalo Velho, onde a cidade abre as suas formosas portas». Assim sendo, {escolhe} não têm função deíctica.
Lê o terceiro parágrafo (ll 25-26).
O sujeito de «laiva-se» (l. 25) é «o guache da baía».
Lê o quarto parágrafo (ll. 27-32).
Há aqui um grande número de figuras de estilo. Tradu-las:
frase figurada / proposta o mais denotiva possível
Um rebanho de nuvens sobe as encostas / Várias nuvens estão sobre as encostas
revoadas de asas desfolham-se por quintais / muitas aves voam sobre os quintais
os cisnes passajam a branco as sombras do lago / o branco dos cisnes atenua o escuro do lago

Vê agora o resto do texto (ll. 33-62).
Esta parte mostra-nos a cidade no momento em que a noite vai chegando. Na descrição dá-se particular importância ao modo como esse momento determina {escolhe} as cores.
O sujeito de «serve» (l. 41) é «Ele» (= o José).
«Antero» (l. 58) é {escolhe} ‘Antero de Quental, escritor’.

Aspectos de escrita explicados em projecção:
Maiúscula nos nome próprios
cidades (Lisboa), países (França), nomes de pessoas (Luisão)
gentílicos (franceses, moldavos, trasmontanos), línguas (inglês, vasconço, suaíli), profissões (psicólogo, barbeiro, carcereiro, carrasco), nomes abstractos (natureza, morte) não são nomes próprios

parecido com / semelhante a

ter de / ter que

mostra / demonstra

enveredar / envergar
Na juventude enveredei por maus caminhos
Telmo enveredou pela carreira de bailarino
Mantorras enverga a camisola n.º 9.

esvair / esvaziar
Harlon esvaía-se em sangue.
Esvaziei a bola.

solarengo / soalheiro
o dia estava soalheiro
manhã de nevoeiro, tarde de soalheiro
comprei uma casa solarenga

Registo demasiado familiar para ser aceitável (na maioria das redacções)
dá para ver que (pode notar-se que / observa-se que)
era um género de ... /era tipo.... (era como se fosse um / assemelhava-se a ...)
incrível / extraordinário, excepcional,
super
montes de...

*E antes que me esqueça, quero dizer que
E, antes que me esqueça, quero dizer que

*Adriano recebe a bola no meio campo, finta três jogadores, e à saída do guarda-redes, pica a bola por cima do mesmo.
Adriano recebe a bola no meio campo, finta três jogadores e, à saída do guarda-redes, pica a bola por cima do mesmo.

*na pequena cidade onde tenho lá a minha família
na pequena cidade onde tenho a minha família

Luisão agrediu um companheiro, companheiro esse que tinha feito um mau passe.
Luisão agrediu um companheiro. Esse companheiro tinha feito um mau passe.
Luisão agrediu um companheiro que tinha feito um mau passe.

Residi em Campo de Ourique até aos seis anos. Antes vivi em Belém. Depois vim para Benfica.
Residi em Campo de Ourique até aos seis anos. Antes vivera em Belém. Depois vim para Benfica.

com certeza

por isso

pormenores

Querer / Pôr
quis
pus
quiseste
pusemos

excluído
excluindo
saído
saindo

*está na hora da aula começar
está na hora de a aula começar

Aula 55-56 (10 ou 11/Jan) Na p. 86, lê os parágrafos de «A carta», para completares as evoluções (dos étimos gregos aos resultados em português, passando pelo latim).

gr. έπιστολή [epistolé] (‘ordem ou notícia __________’) > lat. __________ (com reforço __________) > pg. ______ (‘carta; missiva; cada uma das cartas dos apóstolos’).

gr. χάρτης [chártēs] (‘___________’ e, por extensão, ‘o que se escreve ___________’) > lat. _______ > pg. ________ (‘escrito fechado que se dirige a alguém; epístola; missiva; mapa; diploma de um curso; documento oficial que contém despacho’).

Se já completaste estes dois parágrafos, dá um relance ao que, na p. 87, se diz sobre «Leitura de uma carta».

Vai até à p. 80. Depois de ouvirmos «Postal dos correios» (Rio Grande), completa as linhas a seguir com a transcrição da letra da cantiga em formato de carta.
Tirando a data e a assinatura, que criarás tu, todos os elementos estão na própria letra da canção. Pô-los-ás em prosa e acrescentarás apenas a pontuação (que terá de ser gramatical). (Antes de começares, consulta a lista de verificação que está em 2.2, para advertires possíveis falhas.)

[Data]

[Saudação inicial (vocativo)]

[Introdução]

[Desenvolvimento (notícias sobre a vida familiar; informação a acusar recepção de encomenda)]

[Conclusão (desejo de notícias da família e da terra)]

[Despedida]

[Assinatura]

[PS]

Agora, inventa o endereço de remetente e de destinatário (como figurariam num envelope ou no invólucro de postal):

Na p. 81, faz o ponto 4, que respeita a um tipo de carta mais formal:

a) = __; b) = __; c) = __; d) = __; e) = __; f) = __; g) = __; h) = __; i) = __

Em folha solta, escreve a carta seguida, criando o que falta aos pontos b, c, i.

TPC — Lança as emendas que fiz à tua conclusão do conto de Lídia Jorge e imprime, pelo menos, um exemplar já limpo. Agrafa esse exemplar à versão que tem as minhas emendas à mão. É isso que, obrigatoriamente, todos me trarão.
Sugiro ainda — sobretudo àqueles a quem dei boa nota na redacção — que me tragam o necessário para eu enviar os vossos textos para o Concurso:

Três exemplares da conclusão do conto, assinados à mão (no final de cada um dos três exemplares; nome completo e legível), em folhas A4 (impressas só numa face). Cada um dos três exemplares estará agrafado.

A folha que te dei (ficha de inscrição e declarações), preenchida, e a ela agrafadas as fotocópias do teu BI e do BI do teu encarregado de educação.

Estes conjuntos (folha com inscrição e declaração + fotocópias de BI; três exemplares do texto) ficarão dentro de uma mica.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-55-56-presentation/
Soluções
gr. έπιστολή [epistolé] (‘ordem ou notícia transmitidas sob a forma de uma mensagem verbal ou escrita’) > lat. epistola (com reforço da conotação jurídica) > pg. epístola (‘carta; missiva; cada uma das cartas dos apóstolos’).

gr. χάρτης [chártēs] (‘rolo de papiro’ e, por extensão, ‘o que se escreve num rolo de papiro’) > lat. charta > pg. carta (‘escrito fechado que se dirige a alguém; epístola; missiva; mapa; diploma de um curso; documento oficial que contém despacho’).

Almada, 30 de Fevereiro de 2000

Querida mãe, querido pai:

Então, que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer: entre os dias que passam menos mal, lá vem um que nos dá mais que fazer.
Mas falemos de coisas bem melhores: a Laurinda faz vestidos por medida; o rapaz estuda nos computadores (dizem que é emprego com saída). Cá chegou, direitinha, a encomenda, pelo «expresso» que parou na Piedade — pão de trigo e linguiça, para merenda, sempre dá para enganar a saudade.
Espero que não demorem a mandar novidades na volta do correio. A ribeira corre bem ou vai secar? Como estão as oliveiras de «candeio»?
Já não tenho mais assunto para escrever. Cumprimentos ao nosso pessoal. Um abraço deste que tanto vos quer.
Arnaldo
PS — Sou capaz de ir aí pelo Natal.

Arnaldo Saramago
Rua da Linguiça, 1, 765º Esq
9876-543 Almada

Exmo. Senhor
Manuel Saramago
Rua Pedro Mantorras, Vivenda Sorte
3456-789 Nenhures

Na p. 81, faz o ponto 4, que respeita a um tipo de carta mais formal:
a) = 7; b) = 1; c) = 2; d) = 8; e) = 4; f) = 9; g) = 5; h) = 6 i) = 3

Aula 57-58 (14 ou 15/Jan) Abre o livro na p. 67, que trata de requerimentos. Como se diz aí, os destinatários dos requerimentos são câmaras municipais, juntas de freguesia, escolas, repartições de finanças, tribunais, etc. Em geral, os serviços a que se apresentam requerimentos têm minutas, que os requerentes se limitam a transcrever, acrescentando-‑lhes os dados pessoais e poucas outras explicitações. Portanto, a redacção deste tipo de textos acaba por exigir pouca proficiência.
O texto que pus a seguir, que deverás completar, é uma tentativa minha de imitar um pedido de autorização de obras. Decerto, a minuta que haja nas câmaras para pedidos do género será muito diferente. (Aliás, talvez nem aconselhasse ninguém que queira fazer obras em casa a para isso pedir uma autorização à Câmara Municipal.)
Completa o requerimento, criando o requerente e o resto.

Exm.º Senhor
Presidente da Câmara Municipal de __________

_______________, nascido em _______________, na freguesia de _________________, concelho de _____________, filho de _______________ e de ________________, portador do BI n.º _____________, passado pelo Arquivo de identificação de _____________, em ______________,{solteiro / casado / viúvo / divorciado}, ___________________ {profissão}, residente na ______________, vem requerer a V. Ex.ª _________________ {autorização / que autorize} ________________ {explicitar uma obra a efectuar na residência}. A referida obra, cujo projecto se anexa, destina-se a _________________ {explicar pertinência da obra}.

Pede deferimento.
_______, ____________ {localidade, data}
______________ {assinatura}

Em folha solta, escreve um requerimento que apresentasses à ESJGF. Embora os requerimentos devam ser textos secos, tenta especificar ao máximo a sua natureza e a situação que leva o requerente a apresentá-lo. (Ou seja: sê o mais inventivo possível, sem melindrar o estilo burocrático exigido nem o tornar demasiado inverosímil ou estapafúrdio. Faz que do requerimento se possa inferir um contexto, uma peripécia.)
Vê na ficha no manual (p. 67) a Estrutura proposta:
abertura — com identificação do destinatário (vê as formas de tratamento sugeridas logo a seguir nesse mesmo quadro).
encadeamento — o requerente, desta vez, serás tu (podes seguir os passos da identificação que pus no requerimento à câmara, adaptando-os porém ao diferente contexto, que permite certa simplificação); o objectivo do requerimento escolhê-lo-ás entre os que estão em Natureza (a que se seguirá porém maior especificação) e será precedido por «solicita a V. Ex.ª»/«requere a V. Ex.ª»/«vem requerer a V. Ex.ª». Tal como fiz no requerimento à Câmara, deves pôr depois um período adicional, a mostrar a pertinência do requerimento.
fecho — semelhante ao que exemplifiquei: pedido de deferimento; data; assinatura.
Como se diz no mesmo quadro, o requerimento deve usar um registo cuidado, ser denotativo e estar na 3.ª pessoa (embora seja assinado por quem «narra»).

Vai até à p. 70 e lê a declaração no canto superior esquerdo. Tal como o requerimento, as declarações são textos estereotipados, seguem fórmulas burocráticas fixas (cujo sentido original, por vezes, já nem percebemos). A estrutura comum é esta:
Para os devidos efeitos / Para efeito de ... // se declara que / declara-se que ... identificação do declarante + facto sobre que incide a informação
E, por ser verdade e me ter sido pedido, emite-se esta declaração, que vai ...
local, data
responsável do serviço que certifica a informação

Na mesma folha em que fizeste o requerimento, escreve a declaração que é pedida no ponto 2 («a manifestar a inocência num incidente ocorrido dentro da sala de aula»).
Esta declaração pode ser menos burocrática e sintética do que a que leste. Embora vás usar a 3.ª pessoa, quem subscreve (assina) o documento será o próprio aluno envolvido no incidente (e não um serviço administrativo). Inventarás todo o contexto (nome do aluno e os seus dados essenciais, escola, turma, etc.); o incidente a que o declarante aludirá terá de ser por ti criado.
O parágrafo iniciado por «E, por ser verdade, ...» será substituído pelo esclarecimento, por parte do declarante, das circunstâncias do incidente.

TPC — Faz a leitura, para compreensão, das páginas 62-63 (diário de Saramago).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-57-58-presentation/
Soluções

Exm.º Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Sancho Dinis Pedro, nascido em 14 de Janeiro de 1960, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, filho de Martim Gomes Pedro e de Urraca Mafalda Dinis, portador do BI n.º 123456789, passado pelo Arquivo de identificação de Lisboa, em 29 de Fevereiro de 2000, casado, agricultor, residente na Avenida da Liberdade, 100, 3.º Esq.º, 3000-431 Lisboa, vem requerer a V. Ex.ª que autorize a demolição de duas paredes do apartamento supracitado, bem como a abertura de uma janela na parede de uma das casas de banho. A referida obra, cujo projecto se anexa, destina-se a melhorar a acomodação de um casal de ornitorrincos por quem o signatário sente grande afeição.

Pede deferimento.
Lisboa, 25 de Dezembro de 2007
Sancho Dinis Pedro

Aula 59-60 (17 ou 18/Jan) Relendo as páginas 62-63 do manual — as páginas de diário, de José Saramago, que pedira lesses em casa —, responde, assinalando em cada item a melhor alínea.

José Saramago lembra-se da palavra «alanzoar»,
a) porque, ao fim de muitos anos, a ouvira.
b) quando se informava acerca de outra palavra.
c) ao vê-la no dicionário, junto a outra cujo verbete consultava.
d) porque, antes disso, se recordara da mãe.

Saramago costumava ouvir a palavra «alanzoar», quando
a) reagia com desagrado a ordem ou castigo dado pela mãe.
b) contrariava uma ordem da mãe.
c) resmungava.
d) não correspondia a uma ordem da mãe.

O escritor já estranha muitas palavras portuguesas, o que admite dever-se
a) a estar desactualizado.
b) a estar longe de Portugal.
c) ao facto de haver cada vez mais neologismos.
d) a já não ter a memória que tinha.

«que eu, menino e moço, empiricamente andava praticando» (l. 11) significa que, em criança,
a) usava a palavra «alanzoar».
b) alanzoava, por vezes.
c) praticava o empirismo.
d) usava a palavra «empiricamente».

«Alanzoar» significa
a) ‘alardear’.
b) ‘rezingar’.
c) ‘dormitar’.
d) ‘raça de cães’.

Ao verificar o sentido de «alanzoar», Saramago apercebe-se de que a mãe
a) não tinha grandes conhecimentos.
b) usava bem a palavra.
c) o amava.
d) era analfabeta.

O autor começou por pôr a hipótese de que «alanzoar»
a) viesse de «alão», apesar de na aldeia não haver esse tipo de cães.
b) se relacionasse com «alão».
c) derivasse de uma má pronúncia de «alardear».
d) fosse uma má pronúncia da palavra «Azinhaga».

Consultando o Dicionário Etimológico, fica a saber que o étimo de «alanzoar» é
a) «Azinhaga».
b) «alão».
c) «alardear».
d) «alarde».

«Alarde» é um
a) arabismo.
b) galicismo.
c) anglicismo.
d) regionalismo.

A 22 de Agosto, Saramago usa recursos do computador que não costumava aproveitar, porque
a) quer encontrar no Google «alanzoar».
b) é fácil ficar prisioneiro do teclado e do que acontece no ecrã.
c) não está com inspiração para o livro em que trabalha.
d) está atraído por um ensaio.

Antes de 22 de Agosto, José Saramago já jogava solitaire
a) no computador, mas há muitos anos.
b) com cartas, há pouco tempo.
c) no computador, mas há pouco tempo.
d) com cartas, há muito tempo.

O que, ao jogar solitaire, o escritor aprecia
a) é a competição consigo mesmo.
b) são as interacções com outros concorrentes.
c) são as imagens apresentadas.
d) é vencer.

«fugazes arquitecturas» (ll. 35-36) reporta-se a
a) configuração dos cocós de cão antes de pisados.
b) efeitos visuais no computador.
c) entusiasmos passageiros do escritor.
d) casas no ambiente árido de Lanzarote.

Vai até à p. 64 e lê o texto no item 3, de Miguel Sanches Neto e escrito após uma visita a Saramago. Escolhe depois a melhor alínea.

Segundo Neto, um dos tipos de leitor de diários, o «leitor discípulo», caracteriza-se por
a) ter pouca informação sobre os seus ídolos.
b) ter pouca informação sobre o escritor de que gosta.
c) acreditar que fica a conhecer melhor do que os outros o seu escritor preferido.
d) ser o único leitor que fica a conhecer as intimidades de um escritor.

Os «leitores hipócritas» seriam os que, ao ler o diário de um escritor,
a) procuram encontrar as hipocrisias dos seus ídolos.
b) buscam desenterrar as receitas do sucesso.
c) tentam encontrar os defeitos dos autores.
d) visam confirmar as apostas que sobre um autor fizeram.

Ao ler um diário, os leitores ditos «candidatos a artistas» pretendem
a) aproveitar informações úteis para a sua carreira.
b) convencer-se da sua superioridade.
c) desenterrar o sucesso.
d) fazer apostas sobre o segredo do sucesso dos escritores.

O «leitor crítico» é o único que
a) busca uma aproximação ao homem (até aí conhecido apenas pela sua obra).
b) acredita que os factos do quotidiano ajudam a compreender a obra de um autor.
c) procura chegar à «face pedestre, de ser humano comum» de um dado escritor.
d) distingue a vida do escritor e a sua obra.

«Alanzoar», para Saramago, seria como uma palavra-fétiche, uma palavra «de estimação». O organizador de um livro recente — Jorge Reis-Sá, A minha palavra favorita, 2007 — pediu a intelectuais e figuras públicas, portuguesas e brasileiras, que indicassem a sua palavra favorita e sobre ela escrevessem um texto. Transcrevi o início de alguns dos textos. Nesses exemplos, as palavras escolhidas salientam-se {completa, escrevendo os títulos}
(1) pela sua aparência (som ou imagem originais): «______»; «______»;
(2) por, raras ou erradas, serem palavras quase privativas: «______»; «______»;
(3) por se relacionarem com um hábito do autor: «______»; «______»;
(4) por lembrarem atitudes que o autor preza: «_____»; «_____».

amanhã (João Lima Pinharanda)
A partir de finais da adolescência, ao experimentar uma caneta ou uma nova inclinação de letra (sempre fui pródigo em arriscar grafismos diversos), ou simplesmente, quando rabiscava, distraído, um papel, escrevia sempre a palavra «AMANHû.
Não me recordo de quando isso («AMANHû) começou nem se a escolha («AMANHû) foi, no seu início, consciente. Frequentemente dava por mim com a palavra já escrita («AMANHû), como se se tratasse de um tique. Tomei-a então («AMANHû) como uma espécie de talismã, uma premonição optimista. Pedem-me hoje uma palavra e volto a recordar-me dela («AMANHû), reparo na distância emocional e simbólica que dela («AMANHû) me separa. Já estarei no AMANHà de então? Terá sido por isso que deixei de o/a evocar? Talvez necessite de novo dessa palavra («AMANHû) e dessa ideia («AMANHû), de recuperar o poder que lhe atribuía repetindo-a («AMANHû) até à exaustão como mantra ou ladainha. Desdobro agora a palavra («AMANHû) em componentes que nunca tinha explorado, vejo como nela («AMANHû) se escondem significados inesperados e repito-a («AMANHû) pelo espaço que me resta. [...]

Carvalhelhos (Carlos Costa)
[...] Um inglês distinto. Sozinho numa mesa, abandonado não, mas algo só. Começava por pedir água, simplesmente água, entusiasmado com as dificuldades que aquele estranho idioma parecia levantar. Sílaba a sílaba, lá ia ele, abrindo demasiadamente o A, mas até nem estava mal para uma primeira vez, contorcendo-se para que os lábios já estivessem completamente fechados para aquele U, o U de GU, que quase parecia ser uma parede onde se dava o infernal ricochete que atirava os lábios novamente para um A, que assim se abria ainda mais do que o primeiro. A satisfação com a tarefa cumprida, com aquela á-gu-á arrancada a uma vida inteira virada para outros sons, era agora claríssima no seu rosto. Mas essa água, servida, não quero estar aqui a jurar mas quase seria capaz de o fazer, numa jarra de vidro transparente, revelava-se uma desilusão ao paladar. Eis então que de outra mesa se ouvia algum nativo indicando, com a calma que só uma longa experiência hídrica e linguística pode oferecer, indicando o que deveria ser a escolha certa: Carvalhelhos. E essa sim, essa parecia ser a solução ideal, tal era o prazer que a água mineral em causa aparentemente trazia a quem a provava. Impressionante a coragem desse homem que, sorrindo sorrindo sorrindo, se lançava para o Car, aspirando aquele R complicado só por si mas ainda mais quando posicionado na esquina do V de va; ainda assim o Carva era atingido sem praticamente pestanejar; contudo isso já não posso jurar. Mas o grande momento era sem dúvida o brutal embate com o lh, pior ainda com os dois lhs cruéis, um a seguir ao outro. A vitória daquele Car-va-lhe-lhos final era algo de desmedido, um inacreditável triunfo da vontade que acabava imerso no sabor maravilhoso da tal água cristalina. E aquele homem ficava ali, sozinho numa mesa, abandonado não e algo só agora também não. E enquanto bebia um longo copo de água aquele som parecia ressoar por todo o seu corpo. Era a força dos lhs, a força de um mundo novo, o prazer de um outro prazer, o que quer que seja, mas tudo isso ressoava naquela única e nova palavra: Carvalhelhos. [...]

encertar (Clara de Sousa)
A palavra persegue-me há 20 anos. Até à maioridade fazia parte do meu vocabulário diário devido à mestria culinária da minha mãe, cozinheira profissional, excelente doceira. Sempre que havia bolo eu pedia para o «encertar». Se possível, ainda quente.
Teria perto dos 19, 20 anos quando, confiante no meu vocabulário, decidi dizer bem alto numa festa de aniversário que iria «encertar» o bolo. Olhos arregalaram-se, conversas paralelas começaram, um estranho peso se abateu na sala, perante tamanha calinada. Estava a rapariga já na Faculdade de Letras e o Português... enfim, imperdoável. Ainda por cima queria ser professora da Língua-Mãe. Fui então alertada, à parte, para a asneira. Encetar, Clara. Diz-se encetar o bolo, porque o vais abrir, vais começar...
Encetar? Estamos a brincar! Sabia perfeitamente o que era encetar, fossem conversas ou conversações, conversinhas e conversetas... mas nunca um bolo! Minha mãe da Beira Litoral e meu pai de Trás-os-Montes, ambos diziam «encertar» e tal como eles os seus irmãos e pais, sobrinhos sobrinhas, enteados e vizinhança, todos «encertavam» um bolo! [...]
Roída pela dúvida, mal pude, abri o dicionário, no encalço da minha palavra. Como se fosse uma jóia de valor inestimável transmitida de geração em geração. Letra E, um pouco mais à frente... empapar... encarnado.... encerebrar... só mais um pouco... encer... encer... encerrar. encerro. encestar. Por momentos, o mundo desabou ali mesmo. Nada de «encertar». A minha doce palavra não constava no Dicionário de Língua Portuguesa. [...]

obsidiana (Fernando J. B. Martinho)
«Obsidiana» é uma das palavras que me perseguem e acabei por fazer minhas. Não encontro facilmente uma explicação para isso. Serão restos de uma atracção pelos raros vocábulos da poética simbolista? Glosei um dia um verso de António Patrício («Os pinhais plumulavam») num poema que começava assim: «Não há rumor que chegue/ a esta sombra fria de jade/ irisado que dizem ser a morte.» Foi isto em fins dos anos 80. Mas cerca de vinte anos antes tinha feito da obsidiana a palavra axial de um poema incluído em Resposta a Rorschach, 1970: Sagra-te em fogo na obsidiana / o afago da terra / arrefecido no espelho /e afeiçoa as imagens no / enxofre da memória / verde-escuras e cortantes / com / a espessura do caos. [...]

serendipidade (Bruna Lombardi)
(Substantivo.) A capacidade, fenómeno ou agradável surpresa de encontrar algo inesperado durante a busca de alguma outra coisa.
Etimologia — a palavra se origina do conto de fadas persa As Três Princesas de Serendip. Serendip, de origem árabe (Sarandip) dá o nome da ilha de Sri Lanka, no Ceilão e seu uso no Ocidente vem de 361 D.C. Mas o sentido que conhecemos hoje vem da palavra serendipity, inventada no século XVIII, pelo escritor inglês Horace Walpole.
Serendipidade é usada com frequência na ciência, química, medicina, quando buscando um propósito acaba-se descobrindo casualmente alguma nova cura ou invenção.
Um exemplo de serendipidade remonta à época dos descobrimentos, quando Cabral, em busca das Índias, acidentalmente descobre o Brasil.
Serendipidade é um estado na vida. Busca-se uma coisa e encontra-se outra. É a arte de estar aberto ao imprevisto, de se deixar lançar na aventura, de compreender a beleza do desconhecido.

Escolhe a tua palavra de estimação. Será o título da redacção (que farás em folha solta). Nota que se trata de aproveitar uma palavra de que gostes, o que não implica que gostes do seu referente, do objecto que ela designa.
O texto centrar-se-á nessa palavra. Podes fazê-lo de vários modos (como acontece nos trechos que leste: lembrar experiência com a palavra; explicação da sua originalidade; etc.).

TPC — Faz a leitura (de compreensão; mas também de mínima preparação para uma eventual leitura em voz alta) da crónica «Carta para Josefa, Minha Avó», de José Saramago (p. 244).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-59-60-presentation/
Soluções
(1) pela sua aparência (som ou imagem originais): «Carvalhelhos»; «Serendipidade»;
(2) por, raras ou erradas, serem palavras quase privativas: «Encertar»; «Obsidiana»;
(3) por se relacionarem com um hábito do autor: «Amanhã»; «Encertar»;
(4) por lembrarem atitudes que o autor preza: «Serendipidade»; «Amanhã».

Aula 61-62 (21 ou 22/Jan) Trataremos agora do nosso primeiro assunto gramatical neste segundo período, a variação linguística. Vai até à p. 205 e metade superior da p. 206.
Na p. 205 há decerto uma gralha. «Variação e normalização linguística» devia ser um título genérico deste capítulo, não se destinaria a encabeçar o parágrafo que se lhe segue.
Toda a matéria na folha 205-206 visa explicar que o português — como qualquer língua — está sujeito a ______. Essa variação, essa mudança, verificamo-la quer diacronicamente (ou seja, analisando diferentes momentos do português), quer sincronicamente (isto é, verificando que, mesmo num só momento histórico, o português varia em função da origem geográfica do falante, do seu perfil social — cultura, idade — e da situação de comunicação).
O terceiro parágrafo da página define as «variedades ______»; o segundo trata das «variedades ______» (ou sociolectos); o primeiro deveria ter como título «variedades ______» (ou dialectos).
Nos restantes parágrafos da p. 205, o que se apresenta são já alguns dos resultados das citadas propriedades (variação e mudança) inerentes a qualquer língua. No quarto parágrafo, mencionam-se as fases históricas do português. A partir do quinto parágrafo («Variedades do Português») mostram-se três resultados da história do português também muito relacionados com a própria geografia: as variedades (ou variantes) ______, ______ (ou sul-americana) e _____(s) do português.

No primeiro sketch que vamos ver ficam salientadas as três variantes (ou variedades) do português, mas também a variação dialectal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação __________. No segundo sketch alude-se à diversidade de registos (ou níveis) e à formalidade ou informalidade do uso da língua, o que já se relaciona quer com a variação __________ quer com a variação _________.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» — série Meireles —, o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:





Pronúncia ideal para um padre
da Beira, da Guarda. / pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural: «percebeis».
Pronúncias tentadas pelo seminarista
______ / ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».
______ / alongamento das vogais finais: «padriii»; nasalizações: «v[ã]mos».
______ / supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».
______ / vogais átonas mais abertas.
______ / paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:
Pronúncia ... // Casos no sketch
de determinada variedade regional (dialecto) // beirão; _______; _______.
de variante do português (europeia, sul-americana, africana) // _______; _______.
reveladora de a língua materna do falante não ser o português // _______.

Relativamente ao sketch «Policiês/Português» — série Fonseca —, procura resumir a situação, completando o texto com os termos que ponho. Relanceia também a p. 77.




popular / familiar / corrente / cuidado / gíria / variedade regional / escrito / oral / formal / informal

Um polícia parece querer multar um automobilista. Ao descrever a manobra incorrecta efectuada e a sanção que vai aplicar, recorre a um nível de língua _____, usando linguagem mais típica do meio _____ (que, em geral, segue um registo _____) do que do meio _____ (quase sempre, mais _____). Ainda por cima, adopta termos que talvez se possam considerar de uma ______ própria, específica dos polícias. Por isso, o automobilista nada percebe.
Um indivíduo que está por ali vem então traduzir o discurso do polícia para um nível de língua _____ e, às vezes, até ______ ou mesmo ______.
Acaba por se perceber que o polícia aceita ser subornado, e fica tudo resolvido.
Diga-se ainda que, pela pronúncia de três palavras («gra[b]e», «indi[b]íduo», «de[rr]espeito»), percebemos que o polícia fala conforme uma determinada ______, provavelmente a beirã (ou, então, a transmontana).

Pedira-lhes que lessem em casa o texto da p. 244. Vamos agora ouvi-lo (dito pelo actor João Grosso).
Repara na pergunta 1 da p. 245. Pus já aqui as respostas, embora misturadas com más soluções. Dentro dos parênteses, acrescenta o número da(s) linha(s) em que se encontram as informações em causa. Quanto às más respostas, risca-as.

Aspectos que mais admira
foi a mais bela rapariga do seu tempo (ll. 1-2)
fazia um delicioso bacalhau à Brás (__)
viu nascer o sol todos os dias (__)
amassou tanto pão que daria para um banquete universal (__)
criou pessoas e gado (__)
protegeu os bácoros como se fossem filhos (__)
contou histórias (__)
foi a trave mestra da casa (__)
teve sete filhos (__)
teve quinze netos (__)
apesar da vida difícil e afastada do mundo, tem os olhos claros e é alegre (__)
é inteligente (__)
tem um fogo de adolescência nunca perdida e a tranquila serenidade dos noventa anos (__)

Aspectos que menos compreende
não sabe nada do mundo nem procurou saber (__)
usa apenas um vocabulário elementar, cons-truído em torno do pequeno mundo que a rodeia (__)
gosta de aguardente (__)
tem ódios cujo motivo já esqueceu (__)
tem um número reduzido de interesses (ll. 15-16, 22-26)
apesar de pouco ter usufruído do mundo, manifesta pesar por ter de morrer (__)

Repara na pergunta 3 do manual. Nas linhas 30-34 do texto está a resposta:
«dir-te-ia o como, o porquê e o quanto, se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. [...] Não teremos dito um ao outro o que mais importava. [...] Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido».
Sintetiza, por palavras tuas, o que o escritor sentia:
«O escritor considera que ___ ».

A pergunta 4 refere «um sopro lírico que perpassa por toda a crónica». Dou-te algumas das expressões que contribuem para esse efeito. Na coluna do meio, escreve uma sua «tradução» denotativa e, à direita, os nomes dos recursos expressivos que constituem:

«Trave da tua casa, lume da tua lareira» (ll. 7-8) / ‘__________.’ / metáfora
«O teu riso é como um foguete de cores» (ll. 19-20) / ‘________.’ / ________
«às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha» (ll. 11-13) / ‘a uma gama completa de acontecimentos (dos mais globais aos mais circunscritos ou irrelevantes)’ / _______

Tentando responder à pergunta 6, podemos dizer: «O texto tem, em parte, forma de ________, na medida em que a mensagem está dirigida a um destinatário, explicitado pela 2.ª pessoa. Porém, tal destinatário é _______ (a avó Josefa nem sabia ler; e a linguagem usada também não se adequaria a essa situação de comunicação). Na verdade, o texto pertence a um outro género, o da _______».
(No cimo da p. 269 tens cinco linhas que explicam as características deste género jornalístico. Lê-as.)
TPC — Nas pp. 334-335 também se trata das variedades do português; nas pp. 76-79, sobre adequação discursiva, os capítulos sobre meios e usos oral e escrito, registos formal e informal são também desta matéria. Vai lendo essas páginas.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-61-62-presentation/
Soluções
Na p. 205 há decerto uma gralha. «Variação e normalização linguística» devia ser um título genérico deste capítulo, não se destinaria a encabeçar o parágrafo que se lhe segue.
Toda a matéria na folha 205-206 visa explicar que o português — como qualquer língua — está sujeito a variação. Essa variação, essa mudança, verificamo-la quer diacronicamente (ou seja, analisando diferentes momentos do português), quer sincronicamente (isto é, verificando que, mesmo num só momento histórico, o português varia em função da origem geográfica do falante, do seu perfil social — cultura, idade — e da situação de comunicação).
O terceiro parágrafo da página define as «variedades situacionais»; o segundo trata das «variedades sociais» (ou sociolectos); o primeiro deveria ter como título «variedades geográficas» (ou dialectos).
Nos restantes parágrafos da p. 205, o que se apresenta são já alguns dos resultados das citadas propriedades (variação e mudança) inerentes a qualquer língua. No quarto parágrafo, mencionam-se as fases históricas do português. A partir do quinto parágrafo («Variedades do Português») mostram-se três resultados da história do português também muito relacionados com a própria geografia: as variedades (ou variantes) europeia, brasileira (ou sul-americana), africana(s) do português.
No primeiro sketch que vamos ver ficam salientadas as três variantes (ou variedades) do português, mas também a variação dialectal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação geográfica. No segundo sketch alude-se à diversidade de registos (ou níveis) e à formalidade ou informalidade do uso da língua, o que já se relaciona quer com a variação social quer com a variação situacional.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» — série Meireles —, o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:

da Beira, da Guarda. / pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural: «percebeis»
portuense (nortenho) / ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».
alentejano / alongamento das vogais finais: «padriii»; nasalizações: «v[ã]mos».
brasileiro / supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».
moçambicano / vogais átonas mais abertas.
inglês do Algarve / paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).

Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:
beirão; portuense; alentejano.
português brasileiro; português de África.
português por inglês do Algarve.

Relativamente ao sketch «Policiês/Português» — série Fonseca —, procura resumir a situação, completando o texto com os termos que ponho. Relanceia também a p. 77.
popular / familiar / corrente / cuidado / gíria / variedade regional / escrito / oral / formal / informal
Um polícia parece querer multar um automobilista. Ao descrever a manobra incorrecta efectuada e a sanção que vai aplicar, recorre a um nível de língua cuidado, usando linguagem mais típica do meio escrito (que, em geral, segue um registo formal), do que do meio oral (quase sempre, mais informal). Ainda por cima, adopta termos que talvez se possam considerar de uma gíria própria, específica dos polícias. Por isso, o automobilista nada percebe.
Um indivíduo que está por ali vem então traduzir o discurso do polícia para um nível de língua corrente e, às vezes, até familiar ou mesmo popular.
Acaba por se perceber que o polícia aceita ser subornado, e fica tudo resolvido.
Diga-se ainda que, pela pronúncia de três palavras («gra[b]e», «indi[b]íduo», «de[rr]espeito»), percebemos que o polícia fala conforme uma determinada variedade regional, provavelmente a beirã (ou, então, a transmontana).

Aspectos que mais admira
foi a mais bela rapariga do seu tempo (ll. 1-2)
fazia um delicioso bacalhau à Brás (errado)
viu nascer o sol todos os dias (l. 4)
amassou tanto pão que daria para um banquete universal (ll. 4-5)
criou pessoas e gado (l. 5)
protegeu os bácoros como se fossem filhos (ll. 5-6)
contou histórias (ll. 6-7)
foi a trave mestra da casa (l. 7)
teve sete filhos (l. 8)
teve quinze netos (errado)
apesar da vida difícil e afastada do mundo, tem os olhos claros e é alegre (ll. 18-19)
é inteligente (l. 28)
tem um fogo de adolescência nunca perdida e a tranquila serenidade dos noventa anos (ll. 38-39)

Aspectos que menos compreende
não sabe nada do mundo nem procurou saber (ll. 9-11; ll. 23-24)
usa apenas um vocabulário elementar, construído em torno do pequeno mundo que a rodeia (ll. 10-11; 24-26)
gosta de aguardente (errado)
tem ódios cujo motivo já esqueceu (ll. 13-14)
tem um número reduzido de interesses (ll. 15-16, 22-26)
apesar de pouco ter usufruído do mundo, manifesta pesar por ter de morrer (ll. 36-39)

Repara na pergunta 3 do manual. Nas linhas 30-34 do texto está a resposta a este item. [«dir-te-ia o como, o porquê e o quanto se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. [...] Não teremos dito um ao outro o que me importava. [...] Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido». Sintetiza, por palavras tuas, o que o escritor sentia: «O escritor considera que a sua comunicação com a avó se ressentiu de terem recursos (linguísticos) diferentes».

A pergunta 4 refere «um sopro lírico que perpassa por toda crónica». Dou-te algumas das expressões que contribuem para esse efeito. Escreve uma sua «tradução» mais denotativa e escreve os nomes dos recursos expressivos (figuras de estilo) que as expressões actualizam:

«Trave da tua casa, lume da tua lareira» (ll. 7-8) / ‘eras quem coordenava a vida familiar, eras em quem se centrava a família»’ / metáfora
«O teu riso é como um foguete de cores» (ll. 19-20) / ‘o teu riso é muito expressivo e notório’ / comparação
«às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha» (ll. 11-13) / ‘a uma gama completa de acontecimentos (dos mais globais aos mais circunscritos ou irrelevantes)’ / enumeração


Tentando responder à pergunta 6, podemos dizer: «O texto tem, em parte, forma de carta, na medida em que a mensagem está dirigida a um destinatário, explicitado pela 2.ª pessoa. Porém, tal destinatário é fictício (a avó nem sabia ler; e a linguagem usada também não se adequaria a essa situação de comunicação). Na verdade, o texto pertence a um outro género, o da crónica.»
(No cimo da p. 269 tens cinco linhas que explicam as características deste género jornalístico.)

Aula 63/64 (24 ou 25/Jan) Na p. 254, tens uma crónica de Clarice Lispector, escritora brasileira. Lê o texto, para responderes a estas perguntas da p. 255:
1.1 A cronista considera que __________.
1.2 A autora recorda um volume que contava as histórias «________» e «_________». Depois, relata como se entusiasmou com ________, do escritor brasileiro ________.
3.
característica da variante brasileira do português / exemplos do texto [como seria em português europeu]
anteposição do pronome / me fez (l. 8) [_____] ; _____ (l. 12) [_____]; se vingara (l. 19) [______]; ______ (l. 31) [_____];me fascinava (l. ___) [fascinava-me]
omissão do artigo antes de possessivos / de minhas vidas (l. 2) [__ minhas vidas]; de minha vida (l. 24) [__ minha vida]; ______ (l. 42) [______]
ir em (por ir a) / venha em casa (l. 21) [______]
perifrástica com gerúndio (por perifrástica com infinitivo) / fiquei lendo (l. 39) [______]
esse (por este) / ______ livro (l. 40) [______]
«forma» do léxico / ______ (l. 29) [______]; Aladim (l. 4) [_______]
ortografia (t por ct ou c por ; ^ por ´; éi por ei) / ______ (l. 11) [______]; gênio (l. 11) [_____]; _____ (l. 42) [_____]; contato (l. 35) [_____]
4.1 [No texto da p. 255 — de Umberto Eco —, coloca os conectores nos espaços adequados. Nota que «embora» não entra em nenhum dos espaços. Em compensação, a conjunção copulativa («e») será usada duas vezes e «por exemplo» surgirá três vezes.]
4.2 Associa os valores semânticos (em baixo) a cada um dos conectores. (Podes usar simples traços para unir os pares.)
por exemplo / a verdade / mas / já que / se / naturalmente / e
certeza / condição / confirmação / exemplificação / adição / causa / contraste

Ouviremos dois textos do mesmo género do de Clarice Lispector — crónica — mas feitos para transmissão radiofónica. O seu autor é Fernando Alves (da TSF).

Primeiro, a crónica cujo questionário está na p. 262 do manual. Vai até lá para escolheres as alíneas certas, logo que ouçamos a gravação.

Depois, uma crónica sobre um idoso, barbeiro, que não queria abandonar a casa onde sempre vivera. Tira algumas notas para a seguir poderes redigir a carta que esboço (a carta de um vizinho de Carlos Simões Ribeiro, a interceder a favor do barbeiro).
________
________
___-__ Ermesinde
_____, ___________

Ex.mo Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Valongo

Venho, na qualidade de munícipe, dar conhecimento _______________
Certo de que V. Ex.ª _______, apresento os meus melhores cumprimentos.

Subscreve-se respeitosamente
___________

Segundo o modelo dos dois últimos parágrafos da crónica de Clarice Lispector, escreve um texto (de extensão semelhante a um desses parágrafos) em que fales do livro que combinámos lesses durante as férias.

Em outra vida que tive, ...

Já fora do parágrafo «à Lispector», completa:

Li / Estou a ler / Na verdade, ainda não comecei a leitura, mas vou ler {riscar o que não interessa} __________ {autor, título [como não há itálico, sublinhas o título]}, que é um/uma ________ {autobiografia, livro de memórias, livro de viagens, diário, narrativa na 1.ª pessoa não integrável nos géneros anteriores; biografia; livro de crónicas, etc.}.
Um «pró» do livro lido: ________
Um «contra»: ________

TPC — Devolvi-te hoje o texto sobre «A minha palavra de estimação». Consiste o tepecê em passares o teu texto a computador já com as minhas emendas incorporadas. Sugiro-te, aliás, que o melhores mesmo para lá das minhas correcções. (Se, entretanto, «renegaste» a palavra escolhida, até podes ensaiar novo texto com outra.)
Entregar-me-ás a folha impressa, agrafando-lhe o texto manuscrito original. Não elimines o documento no computador, já que posso querer que aproveitemos o texto reformulado.
Se não tiveres estado na aula em que fizemos a redacção de que tenho estado a falar, escreve-a agora, e talvez já a computador.
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-63-64-presentation/
Soluções
1.1 A cronista considera que, em cada fase da sua vida, houve livros que a marcaram.
1.2 A autora recorda um volume que contava as histórias «O patinho feio» e «A lâmpada de Aladim». Depois, relata como se entusiasmou com Reinações de Narizinho, do escritor brasileiro Monteiro Lobato.
3.
característica da variante brasileira do português / exemplos do texto [como seria em português europeu]
anteposição do pronome / me fez (l. 8) [fez-me] ; me fazia (l. 12) [fazia-me]; se vingara (l. 19) [vingara-se]; me agradou (l. 31) [agradou-me]; me fascinava (l. 35) [fascinava-me]
omissão do artigo antes de possessivos / de minhas vidas (l. 2) [das minhas vidas]; de minha vida (l. 24) [da minha vida]; de sua época (l. 42) [da sua época]
ir em (por ir a) / vem em casa (l. 21) [venha (cá) a casa]
perifrástica com gerúndio (por perifrástica com infinitivo) / fiquei lendo (l. 39) [fiquei a ler]
esse (por este) / esse livro (l. 40) [este livro]
«forma» do léxico / aluguel (l. 29) [aluguer], Aladim (l. 4) [Aladino]
ortografia (t por ct ou c por cç; ^ por ´; éi por ei) / idéia (l. 11) [ideia]; gênio (l. 11) [génio]; anônima (l. 42) [anónima]; contato (l. 35) [contacto]

por exemplo
por exemplo
naturalmente / Se
e
e
já que
mas
Por exemplo
A verdade

por exemplo / exemplificação
a verdade / confirmação
mas / contraste
já que / causa
se / condição
naturalmente / certeza
e / adição

certeza / condição / confirmação / exemplificação / adição / causa / contraste

1.1 d) muitos anos.
1.2. c) apoia o fabrico de minas pessoais
1.3 a) mostrou o regresso de um antigo capelão dos comandos à terra queimada de Wyriamu
1.4 d) um murro no estômago
1.5 c) ler as novelas de Mia Couto
1.6 a) o pelotão da morte
1.7 b) «Já podemos chorar juntos e apertar as mãos».
1.8 b) merece a paz podre

Bento Conhé Benje
Largo da filosofia kantiana, n.º 3,1415926 frente
4321-234 Ermesinde
Ermesinde, 0 de Dezembro de 2007
Ex.mo Senhor
Presidente da Câmara Municipal de Valongo
Venho, na qualidade de munícipe, dar conhecimento das condições lastimosas em que vive o Sr. Carlos Simões Ribeiro, um valonguense distinto. Este idoso — conta agora # anos —, que ainda exerce o seu ofício de barbeiro e tem a seu cargo um filho deficiente, está em risco de ....
[tal e tal, tal e tal]
Certo de que V. Ex.ª está atento aos interesses e necessidades dos munícipes, apresnto os meus melhores cumprimentos.
Subscreve-se respeitosamente
Bento Conhé Benje

Aula 65-66 (28 ou 29/Jan) Resolve o que consigas desta prova do Campeonato da Língua Portuguesa (Expresso/SIC). Haverá mais tarde um teste específico para apuramento através das escolas, que espero também trazer-lhes.
Quanto a esta prova — a cujo teste responderão agora —, só se pode concorrer via web, individualmente, após registo em http://www.linguaportuguesa.aeiou.pt/, devendo o primeiro teste ser enviado até às 18 horas do dia 31/1/2008. (Se bem percebi o regulamento, a candidatura por esta via não contende com a posterior candidatura via escola.)
Sob alguns dos itens, pus exemplos ou indicação de página do manual que pode ajudar.

Este é o primeiro de três testes de qualificação do Campeonato da Língua Portuguesa. Os concorrentes com menos de 15 anos deverão responder até à pergunta n.º 6 (inclusive). Os concorrentes com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos deverão responder até à pergunta n.º 12 (inclusive). Os concorrentes com mais de 18 anos deverão responder à totalidade das perguntas.

Quantos erros encontra neste texto?

Eram oito horas quando Alexandra chegou a casa, assuando-se ruidosamente. Passara a tarde no otorrinolaringologista e estava cada vez mais engripada. Fazia tensão de consultar o correio electrónico, mas deu com o filho refastelado diante do computador:
— Diogo, sai já dai! Concerteza que ainda não fizestes os trabalhos de casa.
A mulher aproximou-se devagar e colocou-se por traz do monitor, mas o rapaz continuou o que estava afazer e esboçou um meio-sorriso irónico. Depois, pediu à mãe com um olhar suplicante:
— Deixa-me ficar mais dez minutos. Só aqui estou à meia-hora e ainda não conclui as minhas pesquisas. Além disso, tenho sede. Vai buscar-me um copo de sumo bem geladinho…
— Não sedas a esse miúdo mimado — disse o pai, que ouvira a conversa e permanecia no sofá da sala.
Mas Alexandra encolheu os ombros e lá foi, arrastando as pernas, a caminho do frigorifico…

a) 13 / b) 14 / c) 15 / d) 16

1. Indique a frase correcta:
a) Os carros vinham de cima e debaixo.
b) Os sapatos estavam de baixo da cama.
c) Deu um pontapé por debaixo da mesa.

2. O feminino de «ilhéu» é
a) Ilha / b) Ilhoa / c) Ilhé / d) Ilhota

3. Qual é o plural de «turma-piloto»?
a) turmas-piloto / b) turmas-pilotos / c) turma-pilotos

4. Qual é a forma correcta?
a) tu hades ler / b) tu hás-de ler / c) tu hás de ler
(v. p. 357 do manual)

5. Na frase «São eles os líderes do país.», como classifica quanto à função na oração, «os líderes do país»?
a) sujeito / b) complemento objecto directo / c) nome predicativo do sujeito / d) nome predicativo do complemento directo
(p. 365)

6. Designa-se por pronome enclítico aquele que está ligado ao verbo
a) no fim / b) no meio / c) no princípio
próclise: «disse que me ouve» / mesóclise: ouvir-me-ás / ênclise: ouve-me

7. A consoante J é:
a) velar / b) palatal / c) alveolar
consoantes velares: c [k], g, k, r-, -rr- / palatais: ch, j, g, x, (-s), lh, nh / alveolares: l, n, -r-

8. Qual é a frase correcta?
a) Está um dia soalheiro; portanto vou passear. / b) Hoje está a chover; por tanto levo o guarda-chuva. / c) Fiquei tisnado portanto sol que apanhei.

9. Por ter escrito dezenas de romances e novelas, Agustina Bessa-Luís é uma autora
a) prolixa / b) prolífica / c) provida / d) proléptica
prolixa = ‘expresso por muitas palavras, fastididioso, extenso’ / prolífica = ‘que produz, que gera’ / provida = ‘guarnecida’ / proléptica = ‘em que há prolepse’

10. Qual das seguintes palavras não é de origem árabe?
a) almocreve / b) ginete / c) lezíria / d) alvará / e) alvitre / f) alfinete
[talvez te lembres das áreas lexicais mais comuns dos arabismos]

11. Qual destas frases é a correcta?
a) São parentes um do outro, porque têm uma tia a fim.
b) Viajo de comboio, a fim de poupar para outros fins.
c) Vou mais cedo para casa, afim de descansar o necessário.

12. No verso «Fui cisne, e lírio, e águia, e catedral!» ocorre
a) um oxímoro / b) um pleonasmo / c) uma aliteração / d) um polissíndeto
oxímoro: «eloquente silêncio»; pleonasmo: «subir para cima»; aliteração: «um fraco rei faz fraca a forte gente»; polissíndeto: «comi melancias e maçãs e laranjas e limões».

Quantos erros existem no seguinte texto?

— Então, que tal correu a reunião? Chegas-te a encontrar-te com o arbitro?
— Telefonei-lhe ontem, mas nada feito! O homem não foi na nossa conversa. Creio que ouve um equivoco qualquer…
— Mau, mau! Ofereceste-lhe o que combinamos?
— Claro que lhe ofereci, mas ele não se deixou convencer. Até parece que vai pedir despensa dos próximos jogos.
— Mas que berbicacho! A culpa é tua, Zèquinha, por que não conseguiste convence-lo. E agora?
— Sinceramente, não sei o que te diga. A situação é critica…
— Pois é. O jogo está eminente e, se não fizer-mos nada, arriscamo-nos a que nos saia a Páscoa há sexta feira. Achas que vale a pena insistir?
— Penso que não. Ele anda com medo de ter o telefone sobre escuta e não quer comprometer-se.
— Agora que falas nisso, parece-me que estou a ouvir uns roídos estranhos…
(v. p. 356)
a) 13 / b) 14 / c) 15 / d) 16

13. Na frase «Ninguém te vai agradecer.», o pronome «te» desempenha a função sintáctica de
a) sujeito / b) complemento objecto directo / c) complemento objecto indirecto / d) adjunto adnominal / e) vocativo

14. Qual destas frases está errada?
a) Já expliquei que o que hoje requeiro é coisa simples.
b) Não é mais nem menos do que requeri no mês passado.
c) Eles pensam passarem a vida a fazer requerimentos inúteis.

15. Complete o provérbio: «Quando não chove em Fevereiro, nem bom pão nem bom…
a) ...canteiro» / b) ...fumeiro» / c) ...celeiro» / d) ...lameiro»

16. Diga qual é a forma irregular do particípio passado do verbo «afeiçoar».
a) afeiçoado / b) afecto / c) afeito
(v. p. 360)

17. Nas frases «A princesinha fiava o linho.» e «O padeiro fiava aos camponeses.», como classifica, quanto à relação do sentido e da forma, a palavra fiava»?
a) homófona / b) homógrafa / c) homónima / d) divergente

18. Na frase «Eles consideram-no inteligente.», como classifica, quanto à função na oração, a palavra «inteligente»?
a) complemento objecto directo / b) nome predicativo do sujeito / c) nome predicativo do complemento directo / d) complemento circunstancial de modo
(v. p. 366)

Ouviremos — e, quase ao mesmo tempo, lê-los-emos — poemas de Alexandre O’Neill (1924-1986) e de Luís Camões (cerca de 1531-1580).
Pretendo que, pouco depois de, musicados ou lidos, os ouvires, escrevas um curto comentário, que começará por uma das expressões no cimo de cada quadrícula (risca as que sobrem).

Alexandre O’Neill, «Portugal» (p. 157), dito no filme, de Fernando Lopes, Tomai lá do O’Neill
O poema exprime... / O poema serve a O’Neill para... / O poema mostra que...

Alexandre O’Neill, «Perfilados de medo» (p. 156), musicado por José Mário Branco
O soneto revela... / O poema é como um panfleto...

Luís de Camões, «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (p. 105), cantado por José Mário Branco
O soneto de Camões...
O refrão introduzido pela canção altera o sentido do poema: ...

Luís de Camões, «Amor é fogo que arde sem se ver» (p. 103), cantado pelos Pólo Norte
Construído com anáforas, o soneto, através dos muitos oxímoros (paradoxos), pretende acentuar...

TPC — Vai lendo os textos informativos sobre sobre «Crónica» (pp. 266-267; cimo da p. 269).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-65-66-presentation/
Soluções

Quantos erros encontra neste texto? [Ponho o texto já corrigido]

Eram oito horas quando Alexandra chegou a casa, assoando-se ruidosamente. Passara a tarde no otorrinolaringologista e estava cada vez mais engripada. Fazia tenção de consultar o correio electrónico, mas deu com o filho refestelado diante do computador:
— Diogo, sai já daí! Com certeza que ainda não fizeste os trabalhos de casa.
A mulher aproximou-se devagar e colocou-se por trás do monitor, mas o rapaz continuou o que estava a fazer e esboçou um meio-sorriso irónico. Depois, pediu à mãe com um olhar suplicante:
— Deixa-me ficar mais dez minutos. Só aqui estou há meia hora e ainda não concluí as minhas pesquisas. Além disso, tenho sede. Vai buscar-me um copo de sumo bem geladinho…
— Não cedas a esse miúdo mimado — disse o pai, que ouvira a conversa e permanecia no sofá da sala.
Mas Alexandra encolheu os ombros e lá foi, arrastando as pernas, a caminho do frigorífico…

a) 13.

1. Indique a frase correcta:
c) Deu um pontapé por debaixo da mesa.

2. O feminino de «ilhéu» é
b) Ilhoa

3. Qual é o plural de «turma-piloto»?
a) turmas-piloto

obra-prima / obras-primas
amor-perfeito / amores-perfeitos
guarda-nocturno / guardas-nocturnos

guarda-sol /guarda-sóis
vice-presidente / vice-presidentes

palavra-chave / palavras-chave
ideia-força / ideias-força

fim-de-semana / fins-de-semana
água-de-colónia / águas-de-colónia

aguardente / aguardentes
pontapé / pontapés

4. Qual é a forma correcta?
b) tu hás-de ler

5. Na frase «São eles os líderes do país.», como classifica quanto à função na oração, «os líderes do país»?
c) nome predicativo do sujeito

Predicativo do sujeito é comutável por pronome «o»:
Eles são-no.
Eles são os líderes do país.
*Os líderes do país são-no

6. Designa-se por pronome enclítico aquele que está ligado ao verbo
a) no fim

7. A consoante J é:
b) palatal

8. Qual é a frase correcta?
a) Está um dia soalheiro; portanto vou passear.

9. Por ter escrito dezenas de romances e novelas, Agustina Bessa-Luís é uma autora
b) prolífica

10. Qual das seguintes palavras não é de origem árabe?
e) alvitre
alvitre (do lat. ARBITRIU-)

11. Qual destas frases é a correcta?
b) Viajo de comboio, a fim de poupar para outros fins.
afim, adj.
a fim de que (= para que), conj. final

12. No verso «Fui cisne, e lírio, e águia, e catedral!» ocorre
d) um polissíndeto

Quantos erros existem no seguinte texto?
— Então, que tal correu a reunião? Chegaste a encontrar-te com o árbitro?
— Telefonei-lhe ontem, mas nada feito! O homem não foi na nossa conversa. Creio que houve um equívoco qualquer…
— Mau, mau! Ofereceste-lhe o que combinámos?
— Claro que lhe ofereci, mas ele não se deixou convencer. Até parece que vai pedir dispensa dos próximos jogos.
— Mas que berbicacho! A culpa é tua, Zequinha, porque não conseguiste convencê-lo.
E agora?
— Sinceramente, não sei o que te diga. A situação é crítica…
— Pois é. O jogo está iminente e, se não fizermos nada, arriscamo-nos a que nos saia a Páscoa à sexta-feira. Achas que vale a pena insistir?
— Penso que não. Ele anda com medo de ter o telefone sob escuta e não quer comprometer-se.
— Agora que falas nisso, parece-me que estou a ouvir uns ruídos estranhos…

13. Na frase «Ninguém te vai agradecer.», o pronome «te» desempenha a função sintáctica de
c) complemento objecto indirecto

14. Qual destas frases está errada?
c) Eles pensam passarem a vida a fazer requerimentos inúteis.

15. Complete o provérbio: «Quando não chove em Fevereiro, nem bom pão nem bom…
d) ...lameiro»

16. Diga qual é a forma irregular do particípio passado do verbo «afeiçoar».
b) afecto

17. Nas frases «A princesinha fiava o linho.» e «O padeiro fiava aos camponeses.», como classifica, quanto à relação do sentido e da forma, a palavra fiava»?
c) homónima

18. Na frase «Eles consideram-no inteligente.», como classifica, quanto à função na oração, a palavra «inteligente»?
c) nome predicativo do complemento directo


Alexandre O’Neill, «Portugal» (p. 157), dito no filme, de Fernando Lopes, Tomai lá do O’Neill
O poema exprime a visão — desencantada — que O’Neill tem de Portugal. O poeta é irónico, ridiculariza tipicidades portuguesas, mas, aqui e ali, talvez se mostre condescendente com os nossos defeitos.

Alexandre O’Neill, «Perfilados de medo» (p. 156), musicado por José Mário Branco
O soneto revela a oposição de O’Neill a uma forma de estar medrosa. O poema é como um panfleto contra o espírito conformado dos portugueses, que o poeta abomina.

Luís de Camões, «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (p. 105), cantado por José Mário Branco
O soneto de Camões aproveita um tema do gosto dos renascentistas, a mudança (que se revela na natureza — positivamente: a neve dá lugar ao verde —, mas também no poeta, que vai envelhecendo). O refrão introduzido pela canção altera o sentido do poema: é uma sugestão de revollução à própria regularidade de tudo (inclusive do tempo).

Luís de Camões, «Amor é fogo que arde sem se ver» (p. 103), cantado por Pólo Norte
Construído com anáforas, o soneto, através dos muitos oxímoros (paradoxos), pretende acentuar que o amor é complexo, indefinível.

Aula 67-68 (31/Jan ou 1/Fev) Vai até às pp. 334-335. Lê os três textos da p. 335, cada um a ilustrar uma das variantes do português. Completa depois a minha síntese:

O texto que é uma crónica é o de _______ {autor}, porque, entre outras características típicas do género cronístico, é um texto em que _______ {indicar aspectos do texto típicos das crónicas}.
Quanto ao texto que ilustra a variante europeia do português, não parece poder ser considerado crónica, dado que, por exemplo, ___________ {indicar aspecto(s) que mostre(m) que o texto de Jacinto Lucas Pires não será uma crónica}.
O texto de Pepetela também não se inclui no género «crónica»; antes deve ser parte de __________ {indicar género}. Nele ___________ {mostrar a índole narrativa do texto}.
Na l. 5 do texto de Jacinto Lucas Pires há um erro de pontuação: ___________ {transcreve-o, marcando o sinal de pontuação a mais ou a menos}. Trata-se de erro, porque __________ {situação que impede o uso em causa}.
Na l. 6 do texto em português do Brasil, notamos uma característica desta variante (uma das mencionadas na penúltima aula). É a omissão do ____________ antes do ___________ («____________»). No mesmo texto, notam-se termos do léxico que talvez não fossem usados em português europeu: «jogar fora» seria dito «____________»; «foguete» equivale a «___________». No último período do texto, há próclise (como é habitual na variante sul-americana do português): «______________». Só que, neste caso, em português europeu também não faríamos a ênclise (dado tratar-se do condicional) mas uma mesóclise: «_________________» {escreve a forma verbal com o pronome a meio}.
Na l. 9 do texto de Pepetela há uma sintaxe que não seria possível no português europeu (mas será corrente no português de Angola). Com efeito, a posição do pronome (em __________ {próclise / mesóclise / ênclise}) não é aceitável em português europeu, já que o verbo faz parte de uma oração _____________ {subordinada / subordinante / coordenada}, o que, em geral, nos obriga a antepor o pronome ao verbo (ou seja, a um uso proclítico).


Quando acabares, escreve o teu nome (_______), dá-me a folha e relanceia a p. 334.

Talvez possas ter agora o livro aberto na p. 206. Enquanto estiveres a ver o filme — Língua — vidas em português —, vai preenchendo os espaços que estão sublinhados:

País, Cidade
Personagem / Ocupação
Variedade geográfica, social, situacional / Características (que exemplificam algum tipo de variação)

Índia, Goa (Panjim)
Rosário / padeiro
Português ainda sobrevive, mas num contexto em que outras _______ predominam / Interferências do inglês («Eu prefer»)

Portugal, Lisboa
Belarmindo / guarda-freio
Variante __________ do português; dialecto de ______ {Lisboa / Beira / Alentejo} / «tem que» (por «tem de)

Brasil, Rio de Janeiro
Márcio / vendedor de rua
Variante _________ do português, num sociolecto ________ {popular / culto}, em contexto relativamente _______ {formal / informal}. / Sintaxe: próclise («____ chama»); «nessa manhã» (por ‘______ manhã’); Léxico: «bala» (‘guloseima’). Fonética: palatalização de t: «tris[txi]» («triste»); ditongação em «ma[i]s» («mas»). Tratamento: você + _____ pessoa.

Moçambique, Maputo
Mia [Couto] / escritor/Variante ________ {africana / europeia} do português.

Índia, Goa (Panjim)
Rosário
Rosário, além de português, fala hindi, inglês, «arabic». / Dificuldades no conjuntivo: «talvez faleceu» (‘talvez __________’)

Portugal, Lisboa
Zulmira e Paulo / reformados
Dialecto: _________; sociolecto: __________. / Ligeiras hesitações: «niveles» (‘níveis’); «li[v]erdade» (‘liberdade’).

Portugal, Lisboa, Belarmindo

Moçambique, Maputo
Izdine / radialista
Como se trata de programa de rádio, o meio ______ {oral / escrito} é um tanto falso: o discurso está preparado e o registo só aparentemente é _________ {formal / informal}. / Fonética: vocalismo menos reduzido: «Beir[á]».

Moçambique, Beira
Dinho / estudante
Variante _______ do português, por parte de adolescente que terá outra língua materna (talvez uma língua do grupo bantu). / Sintaxe: «ele» como complemento directo: «conheço ele» (‘conheço-o’); ênclise nas subordinadas: «quando desligou-se energia». Léxico: «já» (por ‘logo’).

Brasil, Rio de Janeiro
Rejane / vendedora de imobiliário
O registo não pode ser muito _______, já que se fala com clientes. / Sintaxe: próclise: «_____ perdoe» (‘perdoe-me’).

Brasil, Rio de Janeiro
Rogério [e Márcio] / pregador
Sociolecto: português popular (com infracções várias à norma culta brasileira). / Sintaxe: marcas do plural simplificadas («essas bala»; «elas pesa»); «mim» como sujeito («para mim organizar»). Léxico: «tem» (‘há’); «açougue» (‘talho’). Fonética: epêntese («corrup[i]ta»); cr por cl («cic[r]one»); -r omitido («ri» por «_____»); vocalismo átono pouco reduzido («porqu[ê]» por «porque»).

Moçambique, Beira
Dinho [e Deolinda]
Léxico: «a caminho de mais velha»; «dar uma mão direita».

Moçambique, Inhaca
Mia Couto
Tratando-se de escritor inventivo, é difícil distinguir o que é «neologístico» e o que é devido à variante ______. / Léxico: «normar» (‘regulamentar’); «os mais velhos»; «outras» (‘diferentes’).

Brasil, Rio (Barra da Tijuca)
Rejane
Fonética: r final omitido («m[á]» por «_____»); palatalização de t e d («gen[txi]», «ver[dxi]»); ditongações («l[uis]» por «____»)

Moçambique, Beira, Dinho
Sintaxe: possessivo sem artigo («______ duas irmãs»).

Moçambique, Inhaca, Mia Couto

Portugal, Lisboa
Uliengue e Sofia / estudantes
Nascidos em Angola e Moçambique. / Fonética: vocalismo átono menos reduzido. Sintaxe: ênclise («Todos os vizinhos _______») em casos de próclise no português europeu.

Portugal, Lisboa
José Saramago / escritor
Variante _______ do português. Dialecto de _____.

Índia, Goa (Loutolim)
Mário e Emiliano / proprietários

Portugal, Lisboa
José Saramago
Registo formal, mas não demasiado «purista». / «tinha que» (por «tinha de»).


TPC — Preparar a leitura (compreensão + leve treino de leitura em voz alta) das seguintes crónicas: «Crónica para quem aprecia histórias de caçadas», de António Lobo Antunes (pp. 242-243); «O incrível futuro», de José Luís Peixoto (pp. 246-247); «O breve sempre», de Fernando Alves (pp. 248-249).


Soluções

Índia, Goa (Panjim)
Rosário / padeiro
Português ainda sobrevive, mas num contexto em que outras línguas predominam

Interferências do inglês («Eu prefer»)

Portugal, Lisboa
Belarmindo / guarda-freio
Variante europeia do português; dialecto de Lisboa
«tem que» (por «tem de)

Brasil, Rio de Janeiro
Márcio / vendedor de rua
Variante brasileira do português, num sociolecto popular, em contexto relativamente formal.

Sintaxe: próclise («me chama»); «nessa manhã» (por ‘esta manhã’); Léxico: «bala» (‘guloseima’). Fonética: palatalização de t: «tris[txi]» («triste»); ditongação em «ma[i]s» («mas»). Tratamento: você + 3.ª pessoa.

Moçambique, Maputo
Mia [Couto] / escritor
Variante europeia do português

Índia, Goa (Panjim)
Rosário
Rosário, além de português, fala hindi, inglês, «arabic».
Dificuldades no conjuntivo: «talvez faleceu» (‘talvez falecesse’)

Portugal, Lisboa
Zulmira e Paulo / reformados
Dialecto: do Norte?; sociolecto: origens populares.
Ligeiras hesitações: «niveles» (‘níveis’); «li[v]erdade» (‘liberdade’).

Moçambique, Maputo
Izdine / radialista
Como se trata de programa de rádio, o meio oral é um tanto falso: o discurso está preparado e o registo só aparentemente é informal.
Fonética: vocalismo menos reduzido: «Beir[á]».

Moçambique, Beira
Dinho / estudante
Variante africana (moçambicana) do português, por parte de adolescente que terá outra língua materna (talvez uma língua do grupo bantu).
Sintaxe: «ele» como complemento directo: «conheço ele» (‘conheço-o’); ênclise nas subordinadas: «quando desligou-se energia». Léxico: «já» (por ‘logo’).

Brasil, Rio de Janeiro
Rejane / vendedora de imobiliário
O registo não pode ser muito informal, já que se fala com clientes.
Sintaxe: próclise: «me perdoe» (‘perdoe-me’).

Brasil, Rio de Janeiro
Rogério [e Márcio] / pregador
Sociolecto: português popular (com infracções várias à norma culta brasileira).

Sintaxe: marcas do plural simplificadas («essas bala»; «elas pesa»); «mim» como sujeito («para mim organizar»). Léxico: «tem» (‘há’); «açougue» (‘talho’). Fonética: epêntese («corrup[i]ta»); cr por cl («cic[r]one»); -r omitido («ri» por «rir»); vocalismo átono pouco reduzido («porqu[ê]» por «porque»).

Moçambique, Beira
Dinho [e Deolinda]
Léxico: «a caminho de mais velha»; «dar uma mão direita».

Moçambique, Inhaca
Mia Couto
Tratando-se de escritor inventivo, é difícil distinguir o que é «neologístico» e o que é devido à variante africana.
Léxico: «normar» (‘regulamentar’); «os mais velhos»; «outras» (‘diferentes’).

Brasil, Rio (Barra da Tijuca)
Rejane
Fonética: r final omitido («m[á]» por «mar»); palatalização de t e d («gen[txi]», «ver[dxi]»); ditongações («l[uis]» por «luz»)

Moçambique, Beira
Dinho
Sintaxe: possessivo sem artigo («minhas duas irmãs»).

Portugal, Lisboa
Uliengue e Sofia / estudantes
Nascidos em Angola e Moçambique.
Fonética: vocalismo átono menos reduzido. Sintaxe: ênclise («Todos os vizinhos conhecem-se») em casos de próclise no português europeu.

Portugal, Lisboa
José Saramago / escritor
Variante europeia do português. Dialecto de Lisboa

Índia, Goa (Loutolim)
Mário e Emiliano / proprietários

Portugal, Lisboa
José Saramago
Registo formal, mas não demasiado «purista».

«tinha que» (por «tinha de»).

Aula 69-70 (7 ou 8/Fev) Depois da entrega, correcção dos trabalhos sobre ‘crónica’ e variantes do português.

O texto que é uma crónica é o de Luis Fernando Verissimo, porque, entre outras características típicas do género cronístico, é um texto em que, com humor, se aproveita um curto relato (de peripécia do quotidiano, de memória de infância, de filme visto ou de livro lido, de uma situação hipotética), para depois sugerir uma lição moral, uma opinião do escritor, que o episódio contado comprovaria.
Quanto ao texto que ilustra a variante europeia do português, não parece poder ser considerado crónica, dado que, por exemplo, o narrador coincide com o protagonista — um sub-chefe de segurança —, o que indicia que se trata antes de uma narrativa (conto, novela, romance).
O texto de Pepetela também não se inclui no género «crónica»; antes deve ser parte de um texto narrativo (conto, novela, romance). Nele temos um trecho — ora descritivo, ora de narração — que deve integrar uma acção maior (que ainda estará a ser introduzida).
Na l. 5 do texto de Jacinto Lucas Pires há um erro de pontuação: «A sua força[,] reside no facto de irem juntas». Trata-se de erro, porque a vírgula está a separar sujeito e predicado (nada havendo entre esses dois elementos que o justificasse).
Na l. 6 do texto em português do Brasil, notamos uma característica desta variante (uma das mencionadas na penúltima aula). É a omissão do artigo antes do possessivo («nosso dinheiro»). No mesmo texto, notam-se termos do léxico que talvez não fossem usados em português europeu: «jogar fora» seria dito «deitar fora»; «foguete» equivale a «foguetão». No último período do texto, há próclise (como é habitual na variante sul-americana do português): «nos conheceríamos». Só que, neste caso, em português europeu também não faríamos a ênclise (dado tratar-se do condicional) mas uma mesóclise: «conhecer-nos-íamos».
Na l. 9 do texto de Pepetela há uma sintaxe que não seria possível no português europeu (mas será corrente no português de Angola). Com efeito, a posição do pronome (em ênclise) não é aceitável em português europeu, já que o verbo faz parte de uma oração subordinada, o que, em geral, nos obriga a antepor o pronome ao verbo (ou seja, a um uso proclítico).

Crónica (características da)
feita para jornal mas não informativa (pode ser quase literária);
linguagem é coloquial;
pode usar registo confessional, diarístico;
aborda temas do quotidiano;
reflecte criticamente sobre a vida e os comportamentos;
pode contar uma história (um instantâneo da vida real, uma reminiscência da infância, uma história anedóctica, o resumo de um filme ou de um livro, um episódio histórico);
narrador pode ou não participar da história (mas esta visa sustentar a sua opinião);
extensão estandartizada (uma coluna, uma página de magazine, etc.).

Relanceando de novo as três crónicas que te pedi lesses em casa, escolhe a melhor das alíneas de cada item.

[Sobre «Crónica para quem aprecia histórias de caçadas» (António Lobo Antunes), pp. 242-243:]

O que é «como caçar pacaças na margem do rio» (l. 3)? É
a) o «ruidozito que se aproxima».
b) a chegada da primeira palavra.
c) a esferográfica.
d) a redacção de uma crónica.

Para o escritor, uma crónica deve ser
a) pouco revista, a fim de não ficar pouco natural.
b) revista com cuidado, a fim de parecer espontânea.
c) reelaborada o mais possível, a fim de ganhar sofisticação.
d) revista com cuidado, para ficar muito perfeita.

«Bem a percebo ao fundo, escondida» (l. 17). O «a» é
a) um pronome e refere-se a «a crónica».
b) um pronome e refere-se a «a revista».
c) o determinante de «percebo».
d) o determinante de «pacaça».

Esta crónica trata de
a) caçadas.
b) crónicas.
c) pacaças.
d) histórias de caçadas.

[Sobre «O incrível futuro» (José Luís Peixoto), pp. 246-247:]

«esses nomes futuros» (l. 6) são os
a) «antigos».
b) cronistas que serão então velhos.
c) leitores futuros.
d) escritores que ainda se revelarão.

«alguns desses escritores [que] estão na pré-primária» (l. 9) alude ao facto de
a) nos manuais da primária serem citados os escritores em causa.
b) as crianças atravessarem a rua, com chapéus amarelos.
c) as crianças de agora serem no futuro os colegas de José Luís Peixoto.
d) as crianças atravessarem a rua, com chapéus verdes.

No último parágrafo, o escritor
a) é irónico, mais do que sentimental.
b) apresenta situação impossível, a fim de fazer o leitor sorrir.
c) refere o futuro das crianças da sua rua.
d) antecipa a saudade que virá a ter.

[Sobre «O breve sempre» (Fernando Alves), pp. 248-249:]

O provérbio «o homem feliz não tem camisa» significa que a felicidade é mais fácil de alcançar quando
a) não somos ambiciosos.
b) somos ricos.
c) não temos frio.
d) não temos vestuário.

Segundo o narrador, Gandhi era
a) um resignado.
b) despojado mas não resignado.
c) ganancioso.
d) resignado mas não desinteressado.

Quem disse que «em certos instantes, podemos estar muito perto da felicidade, que ela se torna tangível, quimera à flor dos dedos e dos olhos» (ll. 15-17» foi
a) Octavio Paz.
b) Jorge Luís Borges.
c) Fernando Savater.
d) D. Quixote.

Com a expressão «o breve sempre que a vida nos permite» (ll. 18-19), Savater queria acentuar que esse sempre é bastante relativo, porque
a) a vida é curta.
b) somos inconstantes.
c) não há na nossa sociedade tempo suficiente para amar os outros.
d) sorrir para os outros nunca é demasiado.

O último encontro de Fernando Savater com Octavio Paz é-nos contado
a) em crónica de Fernando Alves (que o leu em crónica de Paz).
b) em crónica de Octavio Paz publicada no El Pais.
c) em crónica de Fernando Alves publicada no El Pais.
d) por Fernando Alves (que o leu em crónica de Savater).

O sorriso de Octavio Paz emocionou Savater, porque
a) ficava claro que se lembrara da camisa usada havia muitos anos.
b) ele não sorrira a ninguém assim nos últimos tempos.
c) nunca Paz lhe sorrira assim.
d) percebeu a ironia de um antigo comentário sobre a mesma camisa.

No início da sua carreira de escritor,
a) Fernando Savater incentivou Octavio Paz.
b) Octavio Paz incentivou Fernando Savater.
c) Fernando Alves incentivou Fernando Savater.
d) D. Quixote escorregou num cocó de cão.

Escreve o teu nome (________), dá-me a folha e, entre dentes, diz «despachem-se, molengões».

O próximo número do Voz Activa fechará por estes dias. Pretendo escolher alguns textos que depois enviarei à direcção da revista (que deles fará uma última escolha, se os quiser publicar).
Desta vez, gostava que contribuíssemos com curtas crónicas. Como o tema aglutinador do jornal é «Que fazer com as novas tecnologias?», queria que a vossa crónica tivesse alguma ligação com esse leitmotiv.
É claro que a ligação do texto a esse tema não tem de ser demasiado explícita. Diria até que, tratando-se de ‘crónica’, convém que o texto aluda ao assunto sem o tratar directamente. Por outro lado, a abordagem pode ser feita por contraste, por ironia, etc..
E nem interessa nada que se tome esta tarefa como uma «composição» intitulada «As novas tecnologias». Ao contrário, devem usar um estilo cronístico. Como vimos, a crónica abarca registos variados (do quase poético ao relato pessoal coloquial); muitas vezes, parte de um incidente curioso (verdadeiro ou apenas verosímil), que serve ao autor para comprovar, ou apenas insinuar, uma opinião, uma ideia. No final da crónica, resulta muitas vezes ficar espaço para o leitor fechar o que o texto apenas permite inferir.

Alternativa, apenas para quem não saiba como pegar no assunto. Segundo os dois exemplos que ponho em baixo (do magazine Pública), escreve um texto em que apresentes um objecto ultrapassado, ou em vias de ser ultrapassado, e, em contraste, o seu equivalente moderno. Ao contrário das imagens reproduzidas, cada um dos dois momentos deve ser redigido, discursivo, «cronístico» (não por itens soltos, portanto).

TPC — Ver aqui o que vier a pôr sobre bibliofilme (‘microfilme a propósito de livro, texto literário’), que será a «tarefa grande» para este segundo período.
Não posso ser agora exaustivo, mas deixo-lhes uma primeira ideia. Trata-se de fazer microfilme que terá de aludir a livro (de poesia ou de prosa). A relação entre o filme e a obra pode acontecer de muitos modos: um clip sobre o livro; um clip sobre texto do livro ou poema; uma espécie de trailer; uma dramatização de alguma parte da obra; alguma reescrita, transformação, reelaboração; um comentário sobre o livro; uma abordagem vossa em torno do mesmo tema de que o livro trata; enfim, algum tipo de criação que — mais directamente ou mais subjectivamente — se associe ao texto lido.
Como para os microfilmes feitos em Novembro-Dezembro, o que é mais importante é o próprio texto (vosso; mas que pode citar a obra literária em causa) e a maneira de o dizer (leitura, fala ou dramatização).
Entrega será ainda em Fevereiro (ou, no máximo, na primeira semana de Março — pronto, já fiz asneira). Extensão mantém-se: até três minutos; menos de 100MB. Formato: WPM. Bibliofilmes poderão concorrer a um prémio (que tem o patrocínio do Plano Tecnológico ou coisa que o valha). Haverá também uma classificação nossa (com óscares, etc.). Todos os microfilmes serão susceptíveis de apresentação pública.

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-69-70-presentation/

Soluções

[Sobre «Crónica para quem aprecia histórias de caçadas» (António Lobo Antunes), pp. 242-243:]

O que é «como caçar pacaças na margem do rio» (l. 3)? É
d) a redacção de uma crónica.

Para o escritor, uma crónica deve ser
a) pouco revista, a fim de não ficar pouco natural.

«Bem a percebo ao fundo, escondida» (l. 17). O «a» é
a) um pronome e refere-se a «a crónica».

Esta crónica trata de
b) crónicas.

[Sobre «O incrível futuro» (José Luís Peixoto), pp. 246-247:]

«esses nomes futuros» (l. 6) são os
d) escritores que ainda se revelarão.

«alguns desses escritores [que] estão na pré-primária» (l. 9) alude ao facto de
c) as crianças de agora serem no futuro os colegas de José Luís Peixoto.

No último parágrafo, o escritor
d) antecipa a saudade que virá a ter.

[Sobre «O breve sempre» (Fernando Alves), pp. 248-249:]

O provérbio «o homem feliz não tem camisa» significa que a felicidade é mais fácil de alcançar quando
a) não somos ambiciosos.

Segundo o narrador, Gandhi era
b) despojado mas não resignado.

Quem disse que «em certos instantes, podemos estar muito perto da felicidade, que ela se torna tangível, quimera à flor dos dedos e dos olhos» (ll. 15-17» foi
b) Jorge Luís Borges.

Com a expressão «o breve sempre que a vida nos permite» (ll. 18-19), Savater queria acentuar que esse sempre é bastante relativo, porque
a) a vida é curta.

O último encontro de Fernando Savater com Octavio Paz é-nos contado
d) por Fernando Alves (que o leu em crónica de Savater).

O sorriso de Octavio Paz emocionou Savater, porque
b) ele não sorrira a ninguém assim nos últimos tempos.

No início da sua carreira de escritor,
b) Octavio Paz incentivou Fernando Savater.

Aula 71-72 (11 ou 12/Fev) Concurso de leitura em voz alta (usando crónicas estudadas recentemente).

Liga dos campeões (fase de grupos)

À medida que os teus colegas forem lendo, escreve na tabela uma proposta de classificação (de 0 a 20, podendo haver meios valores).
[Não ponho aqui os quadros de avaliação da leitura em voz alta]
Responde a esta segunda prova do Campeonato da Língua Portuguesa. Quem enviou a primeira (via net) veja os resultados e envie agora esta (até 14/Fev, inclusive).

Quantos erros existem no seguinte texto?
O grupo tinha combinado dar um passeio à Serra de São Lucas, mas, quando sairão da escola, estava um nevoeiro serrado. Avançaram pé ante pé, mas ninguém via mais de um palmo diante do nariz e Miguel teve receio de prosseguir. Voltou-se para traz e ordenou aos amigos:
– Ninguém dá mais um paço! Se continuar-mos por estes serros pedregosos, tenho medo do que nos poça acontecer.
– Vocês não me digam que estão com medo! Nem parecem verdadeiros montanhistas – disse o Vasco, que era dos mais afoitos e já tinha partido a cabeça três vezes. Finalmente, falou o chefe do grupo, que se chamava Tomas:
– Podemos seguir, mas com toda a cautela. Até aqui tudo correu bem, mas se não tivéssemos unidos, poder-nos-ia ter sucedido uma desgraça…

a) 7 / b) 8 / c) 9 / d) 10 / e) 11

1. O verso de Camões «É um contentamento descontente» contém
a) um hipérbato / b) uma ironia / c) um paradoxo / d) um eufemismo

2. Qual das seguintes frases está correcta?
a) Há que ser realista. / b) Houveram foguetes e champanhe. / c) Há de fazer-se uma grande festa. / d) Haviam dezassete homens na mina. / e) À duas horas que espero por ti.

3. Qual destas afirmações é falsa?
a) As frases disjuntivas aparecem em alternativa. / b) As frases coordenadas copulativas adicionam-se uma à outra. / c) As frases conclusivas apresentam-se em alternativa. / d) As frases adversativas opõem-se uma à outra.

4. Na frase «O carro do meu pai é o mais rápido do bairro.», qual é o grau do adjectivo?
a) comparativo de superioridade / b) superlativo relativo de superioridade / c) superlativo absoluto analítico / d) superlativo absoluto sintético

5. «Cumprimento» e «comprimento» são palavras
a) homónimas / b) homófonas / c) parónimas / d) homógrafas

6. Qual dos seguintes nomes gentílicos não é o de um natural de Trás-os-Montes?
a) Transmontano / b) Trás-montano / c) Trasmontano

7. Como classifica, quanto à forma, a frase «Os calceteiros é que reparam o pavimento.»?
a) negativa / b) passiva / c) enfática

8. O que significa o adjectivo «divicioso»?
a) rico / b) vicioso / c) divisionista / d) contrário a tudo

9. Na frase «A mim, ninguém me cala.», como classifica, quanto à função sintáctica, «a mim»?
a) complemento objecto indirecto / b) complemento objecto directo pleonástico / c) sujeito

10. Que recurso estilístico se encontra na frase «Uma lágrima espreitou-me um instante os olhos, e recolheu-se depois, surpreendida.»?
a) assíndeto / b) personificação / c) alegoria / d) aliteração

11. Na frase «Pelas serras foi dado o brado de alerta aos camponeses.», classifique, quanto à função na oração, «pelas serras».
a) complemento agente da passiva / b) complemento circunstancial de lugar por onde / c) complemento objecto indirecto / d) complemento circunstancial de meio

12. Indique o sujeito da frase «Fadista era o nome do cão do velho.»
a) fadista / b) o nome do cão do velho / c) o velho / d) o cão do velho
13. Apenas um infinitivo está correctamente escrito. Qual?
a) catequisar / b) sizar / c) afreguezar / d) sintetisar / e) analisar / f) hemodializar

14. Qual é a frase correcta?
a) Não é seguro que eles viagem de comboio. / b) Os pintos nascem com uma penujem muito suave. / c) Era o pagem mais jovem da corte. / d) O carro é demasiado grande para a garagem da casa.

15. A consoante «t» considera-se
a) oclusiva surda linguodental / b) oclusiva sonora linguodental / c) fricativa lateral / d) constritiva alveolar / e) constritiva palatal

16. A «hebelogia» estuda
a) a filosofia e a religião judaicas / b) as línguas mortas / c) as úlceras / d) a adolescência / e) as aves canoras / f) as perturbações da fala

Quantos erros existem no seguinte texto?
Perante os sérios desafios que se colocam a Portugal no conserto das nações, torna-se essencial que mantenha-mos a nossa héctica democrática, respeitando o contracto que celebrámos com os eleitores. Sabemos como é difícil combater a crise que graça pelas instituições, tanto a nível domestico como na sena internacional, mas não podemos ser sépticos, caindo na descrença ou no cinismo. Por tanto, embora o futuro se apresente inserto e a Europa não vá de vento em poupa, temos de cementar os lassos com os nossos parceiros europeus, para que não hajam problemas. Assim, tudo se resolverá a contento das expirações mais profundas do povo português.
a) 12 / b) 13 / c) 14 / d) 15 / e) 16

17. Qual é o recurso estilístico presente na frase «Estala-se-me o coração de tanta guerra.»?
a) animismo / b) hipérbole / c) polissíndeto / d) personificação

18. Qual a frase correcta, segundo a norma de Portugal e não segundo alguns exemplos literários?
a) Ela foi uma das que sobressaíram no grupo de trabalho. / b) O António foi um dos que caiu no erro. / c) Não sou eu quem digo isso. / d) Somos nós que compreendem a tua posição.

19. Qual é o superlativo absoluto sintético de «sagrado»?
a) sagradíssimo / b) sacratíssimo / c) muitíssimo sagrado / d) sacrérrimo

20. Indique qual a frase correcta.
a) Ele recordou-se de que estivera naquele restaurante em Dezembro passado. / b) Ele recordava de que em Roma o trânsito era difícil. / c) Haviam muitos civis feridos naquela manhã, em Beirute. / d) As milhares de vítimas são recordadas pelas famílias todos os anos.

21. O verbo «saraivar» é
a) abundante / b) depoente / c) impessoal

22. Na frase «És um dos raros homens que têm o mundo nas mãos.», a oração «que têm o mundo nas mãos» classifica-se como
a) subordinada adversativa concessiva / b) subordinada adjectiva explicativa / c) subordinada adjectiva restritiva / d) subordinada adverbial consecutiva / e) subordinada substantiva apositiva

23. A «egofagia» designa o hábito de
a) roer as unhas / b) comer partes do próprio corpo / c) comer carne de cabra / d) comer seres humanos / e) comer ovos crus

24. A palavra «alga» é de origem
a) alemã / b) latina / c) fenícia / d) árabe

TPC — Vou já evitando passar trabalhos de casa, para que possas ir tratando do trabalho dito Bibliofilme (vê aqui indicações sobre esta tarefa).

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-71-72-presentation/

Aula 73-74 (14 ou 15/Fev) Continuação do concurso de leitura em voz alta.
[Não ponho aqui os quadros usados em aula]
Audição de «Namoro», de Viriato Cruz, para responder a questionário de compreensão oral (p. 214).
O mesmo poema, em canção de Sérgio Godinho.
Resposta à prova «Especial Escolas» do Campeonato da Língua Portuguesa (SIC/Expresso).

Vamos fazer o «Teste Especial Escolas» do Campeonato da Língua Portuguesa (SIC/Expresso). Esta prova dá acesso à final — como a do concurso geral —, mas o envio do teste é feito por correio, pelos professores.
Como esta prova «Especial Escolas» até segue bastante os programas do 3.º ciclo e do Secundário, utilizá-la-emos como mais um teste nosso.
Sugiro que preenchas o cabeçalho a tinta — preta ou azul — e respondas também a tinta, mas deixando a lápis as respostas quanto a que hesites. Nos itens de texto com erros, além de escolheres a alínea, marca os erros no próprio texto.
Em casa, contabilizarei as respostas certas e dir-lhes-ei os resultados em uma destas aulas. No caso dos melhores testes, se vir que há erros evidentes nas tais respostas a lápis, farei a passagem a tinta já com a boa solução. Enviarei para o concurso os testes todos*, até dia 21, e por isso não os poderei devolver aos seus autores.
[(*) — Excepto talvez os dos concorrentes do concurso geral, pela net, e apenas se se verificar estarem a ser bons os seus resultados nessa outra prova.]

Aqui em baixo: verbetes do Grande Dicionário Língua Portuguesa, da Porto Editora, necessários para se conseguir responder às perguntas 10, 14, 25, 28.

TPC — Continuo a não passar tepecê, para que possas ir tratando do trabalho dito Bibliofilme (vê aqui indicações sobre esta tarefa).


Aula 75-76 (18 ou 19/Fev) Durante dez minutos, silenciosamente, lê os poemas das pp. 90-95. São textos da lírica camoniana de cariz tradicional (uma esparsa, dois vilancetes, três cantigas). Mesmo sem nada pronunciares, vai preparando a leitura em voz alta que se seguirá.

O vilancete compunha-se de uma estrofe de mote (ou cabeça) — com três versos, em geral — e um número variável de estrofes de voltas (ou glosas), que desenvolviam, transformavam, a ideia contida no mote — as voltas podiam ter de cinco a oito versos, predominantemente de sete sílabas métricas (de ‘redondilha maior’, portanto).
Os versos do mote podem ser repetidos nas estrofes: um em cada estrofe; um apenas em todas as estrofes; uma variante com apenas a palavra da rima. (Regressa, num instante, às pp. 91-92, só para teres boa ideia dos limites deste tipo de composição.)

Escreve um mote (de dois ou três versos; com dois deles a rimarem; redondilhos maiores) para um vilancete, cujas voltas um teu colega fará depois.
Qual o tema? As possibilidades são muitas, mas não tens de te reportar ao século XVI nem a nenhum dos poemas que lemos. Os motes eram muitas vezes anónimos e, como se vê, frequentemente dedicados a amores ou figuras femininas. De qualquer modo, como acontece com as cantigas das pp. 93-95, o teu mote pode ser mais genérico e ocupar-se de qualquer assunto (de forma levemente brincalhona, mas elegante).
As voltas — uma ou duas — já não serão tuas. O colega que as fizer escolherá esquema rimático apropriado (ver pp. 91-92) e evitará afastar-se muito do heptassílabo.

{Mote; além de o pores a seguir, regista-o também no teu caderno}
[mote escrito por _______]
{Voltas}
[voltas escritas por ______, que, no verso desta folha, não se
esqueceu de copiar o mote que escrevera para um vilancete que algum colega estará agora a fazer]

TPC — Continuo a não passar tepecê, para que possas ir tratando do trabalho dito Bibliofilme (vê aqui indicações sobre esta tarefa).
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-75-76-presentation/
Soluções
Camões lírico (vs. épico)
Formas tradicionais (pp. 90-95)
Estilo novo (pp. 96-106)

Formas tradicionais
Esparsa (p. 90)
Vilancete (pp. 91-92)
Cantigas (pp. 93-95)

Estilo novo (pp. 96-106)
Soneto

Redondilha (= medida velha)
redondilha maior (heptassílabo)
redondilha menor (pentassílabo)

Decassílabo (= medida nova)
cfr. sonetos

Mote (Cabeça)
Glosas (ou Voltas)

Aula 77-78 (21 ou 22/Fev) Correcção da prova «Especial escolas» do Campeonato da Língua Portuguesa (SIC/Expresso), explicando aspectos mais ligados à matéria.

Leitura em voz alta (após relance em leitura silenciosa e comentário pelo professor) de sonetos de Camões (pp. 96-106).

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-77-78-presentation/

TPC — Continuo a não passar tepecê, para que possas ir tratando do trabalho dito Bibliofilme (vê aqui indicações sobre esta tarefa, que deve ser entregue nos próximos quinze dias).

Aula 79-80 (25 ou 26/Fev) Depois de leres o texto em fundo rosa, à esquerda da p. 102, completa:

Como é vista a mulher na lírica de Camões (pelo menos, nos sonetos influenciados pela poesia de Petrarca)? A mulher surge como ser ________, distante do _________, de uma _______ indescritível. Perante uma mulher que é quase ________, o poeta mostra-se _______.

O soneto que está à direita, «Eu cantarei de amor tão docemente», mostra essa mesma atitude do poeta perante a senhora. Por exemplo, no primeiro dos tercetos, declara contentar-se com _________ {usa palavras tuas} e, na última estrofe, reconhece, modestamente, que lhe _______.

Passa ao soneto «Aquela triste e leda madrugada» (p. 104). Já vimos que «ledo» significa ‘________’. Assim, «triste e leda» é uma _________. O pronome «ela» (vv. 5 e 9) corresponde a _________. A madrugada, que é alegre porque é o raiar do dia («dando ao mundo claridade»), foi também triste porque __________ {com palavras tuas, escreve o que se deduz dos vv. 7-8}. Os versos nos tercetos têm hipérboles que pretendem marcar a tristeza: as lágrimas constituíram _________; a mágoa das palavras tornou _________ e deu _______.

As três primeiras estrofes do soneto «Um mover de olhos, brando e piedoso» (p. 105) são uma _________ {metáfora / enumeração / antítese / treta}, segundo o modelo __________ {tradicional / petrarquista / contemporâneo / palerma} de mulher. Só no último terceto o poeta revela que o retrato que traçara antes é o da sua _________ {bruxa / criada / feiticeira / amada}.

Nas duas quadras de «A fermosura desta fresca serra» (p. 106), temos uma _______ {narração / descrição / diarreia / biografia} de uma __________ {paisagem / mulher / Playstation}, que é especialmente __________ {agreste / tranquila / forreta}. Nos tercetos, o poeta diz que, apesar deste cenário idílico, __________, porque __________. (Este contraste entre estado de espírito e natureza é frequente na lírica de Camões.)

No soneto logo a seguir, «Alegres campos, verdes arvoredos» (p. 106), os seis primeiros versos são o _______ {sujeito / aposto / vocativo / complemento directo / penico}. Com efeito, o poeta dirige-se à ________, que é alegre e harmoniosa, para lhe confidenciar a _________ que tem. Portanto, a natureza serve-lhe para nela _________.


10.º 5.ª
Liga dos campeões
meias-finais
A. Filipa A. (____) vs. Pedro (_____)
B. João B. / Susana (______) vs. Catarina (_____)
final
Vencedor de A (______) vs. Vencedor de B (_____)

Taça Tia Albertina
meias-finais
i. Frederico (______) vs. Beatriz (______)
ii. Diogo (______) vs. Patrícia (______)
final
Vencedor de i (______) vs. Vencedor de ii (_______)

10.º 4.ª
Liga dos campeões
meias-finais
A. Ana (________) vs. José (_________)
B. Daniel (_______) vs. Gil (________)
final
Vencedor de A (_______) vs. Vencedor de B (______)

Taça Tia Albertina
meias-finais
i. Afonso (________) vs. Tiago G. (________)
ii. Rodrigo (________) vs. Bruno (________)
final
Vencedor de i (________) vs. Vencedor de ii (_________)

10.º 2.ª
Liga dos campeões
quartos-de-final
i. Marta (_______) vs. Catarina I (___________)
ii. Matilde (_______) vs. Joana I (_________)
iii. Inês (________) vs. Jorge (_________)
iv. Sara C. (________) vs. Pedro I (_________)
meias-finais
A. Vencedor de i (_/classif.: _) vs. Vencedor de iv (__/__)
B. Vencedor de ii (___/__) vs. Vencedor de iii (__/___)
final
Vencedor de A (______) vs. Vencedor de B (_______)

Taça Tia Albertina
meias-finais
i. Francisco I (_____) vs. Catarina II (_____)
ii. Alexis (_____) vs. Cláudia (_____)
final
Vencedor de i (____) vs. Vencedor de ii (____)

10.º 1.ª
Liga dos campeões
quartos-de-final
i. Carolina (________) vs. Sílvia (________)
ii. Eliana (________) vs. Joana II (________)
iii. Pedro I (_______) vs. Luís (_________)
iv. Gonçalo (_______) vs. Mariana (________)
meias-finais
A. Vencedor de i (___/classif.: ___) vs. Vencedor de iv (___/____)
B. Vencedor de ii (___/___) vs. Vencedor de iii (___/___)
final
Vencedor de A (_____) vs. Vencedor de B (______)

Taça Tia Albertina
meias-finais
i. Alexandra (____) vs. João G. / Cláudia / António (____)
ii. Tiago P. (____) vs. Joana I (____)
final
Vencedor de i (___) vs. Vencedor de ii (___)

10.º 6.ª
Liga dos campeões
quartos-de-final
i. Ana M. (______) vs. Joana L. (_______)
ii. Sara (______) vs. Sofia (________)
iii. Inês (_______) vs. Mónica (_______)
iv. João F. (________) vs. Raquel (______)
meias-finais
A. Vencedor de i (__/classif.: __) vs. Vencedor de iv (__/__)
B. Vencedor de ii (_/_) vs. Vencedor de iii (__/__)
final
Vencedor de A (____) vs. Vencedor de B (___)

Taça Tia Albertina
meias-finais
i. Joana C. (_______) vs. André (________)
ii. Filipa (________) vs. Cátia (________)
final
Vencedor de i (_______) vs. Vencedor de ii (________)

Responde às perguntas, que constituem o terceiro teste do CLP — a parte para o escalão 15-18 anos. No final, pus verbetes para apoiar as perguntas com asterisco.

Quantos erros existem no seguinte texto?
Caros amigos: tendo em conta o papel do turismo na nossa economia e a estrema importancia que as novas tecnologias adquiriram no cotidiano, é com muita alegria que vos comunico uma novidade certamente revolucionaria. Trata-se de um novo tipo de restaurante – o restaurante virtual! A partir de agora, quem decidir recorrer aos nossos serviços poderá, mediante o pagamento de uma pequena tacha, fazer as suas principais refeições através da Internet, utilizando para isso um programa informático grassas ao qual os pratos chegarão directamente à pantalha de cada computador, sempre quentinhos e saborosos. Além disso, posso assegurar-vos de que todas as nossas especialidades terão zero calorias e estarão de acordo com as ultimas normas em vigor na União Europeia. Com esta iniciativa damos um paço decisivo na inovação tecnológica, aproveitando para combater simultâneamente o flagêlo da fome, que deixará de apoquentar as nossas famílias.
A. 8 / B. 9 / C. 10 / D. 11 / E. 12

*1. Qual é o feminino de «perdigão»?
A. perdigona / B. perdigã / C. perdiz / D. perdiza

2. Qual é a forma incorrecta do plural de «alazão»?
A. alazãos / B. alazões / C. alazães

3. Qual é a expressão correcta?
A. as blusas amarelas-canário / B. as camisas verdes-escuras / C. os cavalos puro-sangue / D. os vestidos rosas-claro

*4. Um «esperadouro» é:
A. um lugar onde se espera / B. um espigão usado na enxertia de certas plantas / C. um pequeno cais fluvial / D. um aparelho para espremer fruta

5. As palavras esdrúxulas ou proparoxítonas…
A. têm sempre um acento agudo ou grave na antepenúltima sílaba / B. têm sempre um acento grave ou circunflexo na antepenúltima sílaba / C. têm sempre um acento na antepenúltima sílaba / D. podem não ter acento

*6. «Fazer tábua rasa» significa:
A. Aplainar bem a tábua. / B. Pôr tábuas junto ao solo. / C. Pregar ardilosamente uma rasteira a alguém. / D. Esquecer tudo para começar de novo.

7. Qual é a classe de «quantos» na frase «Ele perguntou quantos filhos ela tinha.»?
A. advérbio de quantidade / B. determinante interrogativo / C. determinante relativo

8. Qual das consoantes seguintes é sonora?
A. F / B. T / C. V

9. Apenas uma das seguintes formas verbais está incorrectamente grafada. Qual é?
A. Eu abotoo / B. Eu autuo / C. Eu acentuo / D. Eu amaldiçouo / E. Eu insinuo / F. Eu magoo

*10. Qual é a frase correcta?
A. As paredes estão todas encaliçadas. / B. Fui no teu encalso mas não consegui apanhar-te. / C. É preciso desencachar a porta avariada. / D. Está tudo encafoado na dispensa. / E. As circunstâncias encadeam-se na perfeição.

11. Na frase «As aves fazem os ninhos sobre as árvores de grande porte.», «aves», quanto ao sentido e forma, tem a classificação de:
A. hiperónimo / B. heterónimo / C. homónimo / D. sinónimo
12. A frase «Eu tive de tomar esta atitude.» tem a seguinte tonalidade especial de categoria e de aspecto:
A. disposição ou determinação / B. necessidade ou obrigatoriedade / C. intenção / D. futuro imediato

13. Os vocábulos formados pela agregação simultânea de um prefixo e de um sufixo a determinado radical chamam-se
A. parassintácticos / B. parassintéticos / C. paratácticos / D. parassimpáticos

*14. Uma «baitaca» é
A. um instrumento musical africano / B. uma bata comprida / C. um bairro de casas de madeira / D. uma espécie de papagaio palrador

15. Qual destas frases está incorrecta?
A. Se não houvesse computadores, o mundo entraria em crise. / B. Haviam de ter visto a cara dele! / C. Para que haja bons resultados, é necessário muito trabalho. / D. Se ele não tivesse gritado, teriam havido mais feridos no acidente.

*16. Que significa «trintanário»?
A. um participante no concílio de Trento / B. aquele que exerce funções de lacaio / C. indivíduo na casa dos trinta anos

*17. «Bastida», palavra que significa trincheira ou máquina de guerra, é de origem…
A. catalã / B. latina / C. francesa / D. germânica

*18. «Catabaptista» é:
A. o que procura baptizar-se / B. o que é relativo ao catabolismo / C. o que segue a religião baptista / D. o que nega a necessidade do baptismo

19. Qual é a frase correcta?
A. Os rufiãos reuniram-se anteontem. / B. São formações geológicas datadas através de fóssis. / C. Eram simples batelzitos a flutuar no rio. / D. São aldeãs vestidas tipicamente.

*20. Neste conjunto de hipóteses, qual é o substantivo que não pertence à mesma área semântica?
A. letradura / B. letrista / C. letradice / D. letreira / E. letrear

TPC (que não tem de ser feito com urgência) — Devolvi-te hoje as reformulações dos textos sobre «A Minha Palavra Favorita». Se tiver feito correcções no texto a computador, lança-as agora no documento. Por correio electrónico (luisprista@netcabo.pt), envia-me o texto já na sua versão final. Dá ao anexo o nome «Palavra favorita de [Fulano] do 10.º #.ª».
Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-79-80-presentation/
Soluções

Ver aqui as soluções do questionário do CLP.

Como é vista a mulher na lírica de Camões (pelo menos, nos sonetos influenciados pela poesia de Petrarca)? A mulher surge como ser superior, distante do poeta, de uma beleza indescritível. Perante uma mulher que é quase divinal, o poeta mostra-se reverente.

O soneto que está à direita, «Eu cantarei de amor tão docemente» mostra essa mesma atitude do poeta perante a Senhora. Por exemplo, no primeiro dos tercetos, declara contentar-se com descrever muito superficialmente a aparência da sua retratada e, na última estrofe, reconhece, modestamente, que lhe faltam capacidades para escrever sobre ela.

Passa ao soneto «Aquela triste e leda madrugada» (p. 104). Já vimos que «ledo» significa ‘alegre’. Assim «triste e leda» é uma antítese. O pronome «ela» (vv. 5 e 9) corresponde a «aquela triste eleda madrugada». A madrugada, que é alegre porque é o raiar do dia («dando ao mundo claridade»), foi também triste porque presenciou o afastamento de dois amados. Os vv. nos tercetos têm hipérboles que pretendem marcar a tristeza: as lágrimas constituíram um largo e grande rio; a mágoa das palavras tornou frio o fogo e deu descanso às almas no inferno.

As três primeiras estrofes do soneto «Um mover de olhos, brando e piedoso» (p. 105) são uma enumeração, segundo o modelo petrarquista de mulher. Só no último terceto o poeta revela que o retrato que traçara antes é o da sua amada.

Nas duas quadras de «A fermosura desta fresca serra» (p. 106), temos uma descrição de uma paisagem, que é especialmente tranquila. Nos tercetos, o poeta diz que, apesar deste cenário idílico, não pode aproveitar o momento, porque a sua amada está ausente. (Este contraste entre estado de espírito e natureza é frequente na lírica de Camões.)

No soneto logo a seguir, «Alegres campos, verdes arvoredos» (p. 106), os seis primeiros versos são o vocativo. Com efeito, o poeta dirige-se à natureza, que é alegre e harmoniosa, para lhe confidenciar a tristeza que tem. Assim, a natureza serve-lhe para nela reflectir/assinalar a sua saudade.


Aula 81-82 (28 ou 29/Fev) Os dois sonetos que se seguem pertencem a um conjunto de quatro poemas em que Jorge de Sena usou quase só palavras inventadas (nem diria «neologismos», por serem claramente efémeras). Servir-nos-ão nas finais da importante Liga dos Campeões e da interessante Taça Albertina.
Enquanto os teus colegas se preparam, verifica se há alguma palavra que tenha um padrão ortográfico ou morfológico que consideres impossível no português europeu. Sublinha-a.
Quando os colegas estiverem a ler, vai assinalando os erros de leitura (a exacta acentuação de cada palavra, sobretudo, é natural que possa falhar aos ilustres finalistas).

URÂNIA

Purília emancivalva emergidanto,
imarculado e róseo, alviridente,
na azúrea juventil conquinomente
transcurva de aste o fido corpo tanto...

Tenras nadáguas que oculvivam quanto
palidiscuro, retradito e olente
é mínimo desfincta, repente,
rasga e sedente ao duro latipranto.

Adónica se esvolve na ambolia
de terso antena avante palpinado.
Fimbril, filível, viridorna, gia

em túlida mancia, vaivinado.
Transcorre uníflo e suspentreme o dia
noturno ao lia e luçardente ao cado.

AMÁTIA

Timbórica, morfia, ó persefessa,
meláina, andrófona, repitimbídia,
ó basilissa, ó scótia, masturlídia,
amata cíprea, calipígea, tressa

de jardinatas nigras, pasifessa,
luni-rosácea lambidando erídia,
erínea, erítia, erótia, erânia, egídia,
eurínoma, ambológera, donlessa.

Áres, Hefáistos, Adonísio, tutos
alipigmaios, atilícios, futos
da lívia damitada, organissanta,

agonimais se esgorem morituros,
necrotentavos de escancárias duros,
tantisqua abradimembra a teia canta.

Jorge de Sena, «Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena», Poesia II, 1978 [Poderá haver algum lapso nestas transcrições: para um dos poemas, usei fotocópia minha, mas antiga; para o outro, socorri-me de versão na net.]

Finais
Liga dos Campeões
Taça Tia Albertina

10.º 1.ª
Carolina / Joana II
Cláudia / Joana I

10.º 2.ª
Marta / Inês
CatarinaII / Alexis

10.º 4.ª
Ana / Daniel
Afonso / Bruno

10.º 5.ª
Filipa A. / Catarina
Beatriz / Patrícia

10.º 6.ª
Ana M. / Sara
Joana C. / Cátia

Numa folha solta, faz as seguintes redacções. (Todas elas implicam a leitura de poemas de Florbela Espanca — pp. 127-128).
1. Escreve um mote para o soneto «Mocidade» (p. 127).
O mote, como acontecia com os vilancetes que vimos, deve incluir um verso que o poeta integrará nas voltas — e que aí fica como último verso (neste caso: «É tão pequeno... e a vida, água a fugir...»).
Já sabes também que o grau de alusão que as glosas fazem ao mote é muito variado, o que te dará razoável liberdade nesta criação de mote para estímulo de glosas... que já existem. A métrica deve ser a do soneto em causa.

2. O soneto «Se tu viesses ver-me...» (p. 127) tem versos decassílabos. Torna-o mais popular, reescrevendo-o em versos de redondilha maior (heptassilábicos, portanto).
A maneira mais fácil de o conseguir é ires suprimindo palavras (ou trocando-as por outras mais pequenas — sobretudo no início dos versos, já que convém manter as palavras das rimas —, de modo a prescindir de três sílabas). É claro que tudo tem de ficar gramatical e fazer sentido.

3. Lê o soneto «Árvores do Alentejo» (p. 128). Depois, cria um soneto cujo título seja «[Substantivo] de [Topónimo (aldeia, cidade, região, país)]». O teu soneto não terá rima nem metro fixo.
Repara que no poema de Florbela Espanca há duas quadras sobre a paisagem do Alentejo (focando-se a descrição sobretudo nas árvores). A estas se dirige a poetisa, já no último terceto, mas afinal para falar de si mesma. O teu soneto deve seguir esta mesma estrutura que te resumi.

TPC — Lá para o final da próxima semana, faremos um questionário sobre gramática e outros assuntos «informativos» abordados neste período. Aconselho-lhes a arrumação e releitura das fichas feitas em aula, bem como das páginas do manual que contêm sínteses acerca desses conteúdos (variação linguística, crónica, lírica de Camões, aspectos vários de gramática aplicada à redacção). Durante o fim-de-semana, porei teste, ou testes, para treino no moodle (e também em Gaveta de Nuvens, mas aí em versão sem feed-back).
Durante a próxima semana recolherei bibliofilmes (em aula, por «pen»; ou — julgo que dará e, se der, será preferível — por mail [luisprista@netcabo.pt]). Por favor, não esquecer também «Palavra favorita» (por mail).

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-81-82-presentation/

Aula 83-84 (3 ou 4/Mar) Faz o ponto 2. da p. 122 (ou 123, consoante as edições do manual):
a) __________;
b) __________;
c) __________;
d) __________;
e) __________;
f) [a viagem] _;
g) __________;
h) __________;
i) __________;
j) [os óculos] _.

Vamos agora ouvir mais um poema de Luís de Camões («Endechas a Bárbara Escrava»), para responder ao questionário na p. 108.

Ao lado, dá um relance à p. 109, sobre paratextos. No fundo, o paratexto é o que num livro não é o texto (principal) propriamente dito. Inclui categorias que são da responsabilidade do autor (título, dedicatórias, epígrafes) e outras que são da responsabilidade do editor (capa, contracapa, orelhas da capa, sobrecapa, cintas). Há ainda prefácio ou posfácio, notas, índices, bibliografia, ilustrações, que podem ser quer da responsabilidade autoral quer da do editor.
Para darmos esta matéria, verificarás as partes do livro que te calhar, preenchendo a tabela que se segue:
Capa
A capa, além de autor, título, editora (________; _______; ________), tem mais algum dizer? {Colecção / Frase publicitária / Número da edição / _______} Que surge como ilustração da capa? ________. Quem é o autor da capa? _________ {procura na ficha, que deverá estar numa das páginas pares mas não numeradas antes do frontispício}.
A lombada tem título, autor, editora e logotipo? {circunda o que não haja}. Algum desses dizeres está abreviado (comparado com o que se encontra na capa)? ________ Há mais algum elemento? ________.
Há texto na contracapa? {Sim / Não}. Se há, a que corresponde essa parte escrita? {A uma espécie de sinopse / A uma biobibliografia do autor / A pequenas transcrições de críticas saídas nos jornais / A informações sobre a colecção / A _________}.
O livro tem badanas (orelhas)? {Sim / Não}. Há texto nas badanas? {Não / Sim, só numa delas / Sim, em ambas}. O que esteja escrito é {notícia biobibliográfica sobre o autor / elenco de outros livros da colecção / lista dos livros do mesmo autor / sinopse do livro / _________}.
Folhas
Páginas não numeradas ímpares (pp. [1], [3], [5]), de rosto, portanto
O livro tem uma guarda (folha em branco, logo a seguir à capa)? {Sim / Não}.
anterrosto (página que terá só o título, talvez até abreviado)? {Sim / Não}.
frontispício (ou página de rosto), que contém {autor / título / tradução / editora / ______}. (Nota que é por esta página que se faz a referência bibliográfica.)

Páginas não numeradas pares ([2], [4], [6]), de verso, portanto
Qual das páginas tem a ficha técnica? {O verso do anterrosto / O verso do frontispício}.
Que elementos são úteis nessa ficha? {título original / depósito legal / data da edição / tipografia / capista / revisor / paginação / ______ /_____}.

Páginas que se seguem ao frontispício (mas antes do texto propriamente dito)
Dedicatória? {Não tem / Tem, a ________}.
Epígrafe (citação, máxima)? {Não / Sim, e é uma frase do autor / é um provérbio / é uma citação de outro autor / ________}.
Sumário ou Índice? {Não / Sim}.
Prefácio {Não / Sim, por _________}.
Há alguma outra secção? {Não / Sim, ______}.

Páginas do texto principal
Há no cabeçalho algum dizer? {Não / Sim, nas páginas ímpares vem o título corrente (o título do livro, talvez abreviado) / e, nas pares, o nome do autor} / Sim, nas páginas ímpares, _______; nas pares, ____}.
notas de rodapé (pé-de-página)? {Não / Sim, do autor / tradutor / editor}.

Páginas depois do texto principal
Posfácio? {Não / Sim, pelo autor / Sim, por ______}.
Bibliografia? {Não / Sim, e reporta-se às obras ________}.
Há um índice (geral) no fim? {Sim / Não} Há também índice {toponímico (lugares) / onomástico (nomes) / remissivo (ou ideográfico) / ______}.
lista de ilustrações? {Não / Sim, na p. ___}.
Na última folha há colofão (ou colofon: «Este livro foi impresso em ...»)? {Sim / Não}.

Pensa numa obra (que inventarás). Tanto pode ser biografia ou autobiografia, como colectânea de crónicas, livro de viagens, correspondência entre dois famosos, romance, antologia de contos, ensaio, etc., mas sempre de autor por ti criado.
Desse livro inexistente escreverás o seguinte paratexto. Prefiro que seja a tinta.

Anterrosto:
Frontispício (ou página de rosto) {Separa os diversos elementos por barras}:
Dedicatória:
Texto para contracapa:
Curta biografia do autor para badanas (orelhas):
Lista de obras da mesma colecção (para orelhas ou para páginas finais):
Índice (bastarão cerca de sete entradas; dispenso a indicação das páginas):
Prefácio (título / autor do prefácio):
Primeiras linhas do prefácio:

TPC — Rever gramática (variação [teste no moodle e aqui], aspectos ligados à lírica de Camões, aos tipos de texto estudados, ao paratexto, à «gramática aplicada à escrita»); convém reler as nossas fichas deste período e as informações no manual.
Lembro as tarefas já pedidas: bibliofilme; envio da palavra favorita (luisprista@netcabo.pt).

Soluções

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-83-84/
a) Trazia-as
b) Trá-las-ei
c) Trá-las-ia
d) Trá-las
e) Fi-la
f) Fá-la-ei
g) Quero-os
h) Qui-los
i) Realizá-los-ei
j) Põe-nos

Endechas
Canção triste
Estrofes de quatro versos
Cinco ou seis sílabas
A-B-C-B
ou A-B-A-B
ou A-B-B-A

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que para meus olhos
Fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados
Mas não de matar.
Ua graça viva,
Que neles lhe mora,
Pêra ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

Pretidão de Amor
Tão doce a figura
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha
Bem parece estranha
Mas Bárbara não.

Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela enfim descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo,
E, pois nela vivo,
É força que viva.

1. F
2. F
3. V
4. F
5. V
6. F
7. V
8. V

Aula 85-86 (6 ou 7/Mar) Questionário de gramática (sobre os conteúdos dados este período).

Evitem pedir-me esclarecimentos, já que as capacidades que quero testar incluem a de descodificar o próprio enunciado. Peço-lhes também que, quando se tratar de dar por terminado o trabalho, todos pousem as suas canetas ou lápis e me entreguem as folhas sem demoras (o tempo de realização de uma tarefa é uma variável que convém não seja muito diferente de aluno para aluno).

Um dialecto é
a) uma maneira de falar menos correcta do que a norma.
b) uma língua que não tem o mesmo estatuto das línguas nacionais.
c) a língua tal como se fala num dado espaço.
d) a língua falada num local, com características que a tornam menos aceitável do que a da capital.

Um dicionário etimológico informa sobre
a) o significado das palavras.
b) a origem das palavras.
c) o significado dos nomes próprios.
d) sinónimos e antónimos.

O Dicionário cronológico do português, que apresenta as datas da primeira primeira abonação de cada palavra em português, é um recurso útil sobretudo a estudos linguísticos de ordem
a) sincrónica.
b) diatópica.
c) diacrónica.
d) sociológica.

O português do Brasil
a) é uma variedade sociolectal do português.
b) tenderá a constituir-se como língua diferente do português europeu.
c) é um dialecto do português.
d) é uma língua diferente do português europeu.

Se alguém — cultíssimo e de boas famílias — se irritar e disser palavrões, terá sucedido que
a) esse registo demasiado informal foi exemplo da variação situacional.
b) esse nível popular da linguagem adveio da variação da língua em termos sociolectais.
c) ficou ilustrada a variação resultante em função da diacronia.
d) esse calão ilustrou a variação dialectal.

Na Guiné-Bissau,
a) mais de 50% da população fala português.
b) menos de 1% da população tem o português como língua materna.
c) são três as línguas maternas faladas (manjaca, fula, balanta).
d) a língua materna mais importante é o crioulo da Guiné.

Na variante europeia do português, em contraste com o que acontece no Brasil, costuma haver
a) ênclise (ou seja, posposição do pronome) nas subordinantes.
b) ênclise nas subordinadas.
c) mesóclise nas subordinadas, desde que no futuro ou no condicional.
d) mesóclise nas subordinantes.

As vogais átonas são
a) mais abertas em português europeu do que nas outras variantes do português.
b) mais abertas em português brasileiro e na(s) variante(s) africana(s) do que em português europeu.
c) mais reduzidas em português europeu do que na variante brasileira, mas mais abertas em português europeu do que na(s) variante(s) africana(s).
d) mais abertas em português europeu do que na(s) variante(s) africana(s).

São características do português do Brasil
a) perifrástica com gerúndio; omissão de artigo antes de possessivo; anteposição do pronome ao verbo.
b) omissão de –r final; abertura maior das vogais átonas; posposição de pronome a verbo.
c) palatalização de «t» e «d» antes de i; palatalização das sibilantes em final de palavra ou de sílaba; «você» + 3.ª pessoa como forma de tratamento.
d) perifrástica com infinitivo; «você» + 3.ª pessoa como tratamento; semivocalização de –l final.

O crioulo de Cabo Verde
a) inclui-se entre as variantes africanas do português.
b) é um exemplo de variação geográfica do português.
c) é uma língua.
d) é um dialecto.

Em Cabo Verde, o português é
a) língua materna.
b) língua de alfabetização.
c) língua estrangeira aprendida nos liceus.
d) língua de vaca.

O que outros designaram «manuelmachadês» pode ser descrito como
a) sociolecto, na medida em que se trata de discurso com muito léxico da gíria de futebolistas.
b) dialecto, porque se percebe tratar-se de maneira de falar minhota.
c) exemplo da variação situacional (com o falante a conformar-se ao formalismo exigido pelo contexto).
d) relativa inadaptação ao meio oral, na medida em que se abusa de um registo muito formal (mais acolhível pelo meio escrito).

Chamamos «epêntese», por exemplo, à
a) introdução de uma vogal entre duas consoantes.
b) Tia Albertina, quando esta nos irrita.
c) palatalização de «d» ou «t» antes de «i».
d) paragoge, que ocorre sobretudo no Alentejo (e Algarve).

O quimbundo é uma das
a) nádegas do Joaquim.
b) línguas faladas em Moçambique.
c) línguas faladas em Angola.
d) línguas faladas em Cabo Verde.

Em Portugal são características mais nortenhas que sulistas
a) o /ü/ (à francesa); a «troca dos bês por vês».
b) a «troca dos bês por vês»; ditongações (/uâ/ ou /uô/, por /ô/).
c) certa maneira de dizer sibilantes (s- dito quase /ch/); pronúncia como /a/ do e antes de -lh, -ch, ... («jo[a]lho», «f[a]cho»).
d) sobrevivência da 2.ª pessoa do plural; «troca dos vês por bês»; o /ü/ (à francesa).

Estão certas as formas
a) tu viste-las; pu-las; trá-la-ás.
b) chegámos-nos; disseram-nos; come-a.
c) di-lo-ão; dei-as; fá-lo-ia.
d) dão-na; vende-la-ão; comprá-la-emos.

Em «Ele é alegre»,
a) «alegre» é o complemento directo.
b) «alegre» é o nome predicativo do sujeito.
c) «é» é o predicado.
d) «alegre» é o sujeito.

Na frase «Miríades de moscas rondavam o cocó de cão», o sujeito é
a) «moscas».
b) «miríades de moscas».
c) «miríades».
d) «cocó de cão».

Um gentílico é
a) uma expressão de cortesia.
b) uma expressão pouco cortês.
c) um nome que designa a naturalidade.
d) um nome que designa o princípio de cortesia.

Em «Nas frases passivas a função sintáctica de sujeito é desempenhada pelo complemento directo da frase activa», o agente da passiva é
a) «Nas frases passivas».
b) «pelo complemento directo da frase activa».
c) «a função sintáctica de sujeito».
d) «complemento directo».

Quanto à forma, «Aquele cão é que fez um feiíssimo cocó » é uma frase
a) afirmativa, neutra.
b) enfática, afirmativa.
c) negativa, neutra.
d) porca, estúpida.

Em «As lágrimas formavam um rio, as mães ignoravam os filhos, os cocós de cão constituíam cordilheiras inultrapassáveis», há
a) hipérbatos.
b) oxímoros.
c) paradoxos.
d) hipérboles.

A 1.ª pessoa do plural do Pretérito Imperfeito do Conjuntivo de «ficar» é
a) ficássemos.
b) ficáramos.
c) ficava-mos.
d) ficávamos.

Em «Amares-me enjoa-me», o sujeito é
a) «tu».
b) indeterminado.
c) «Amares-me».
d) «me».

«Perífrase» é dizer
a) de modo alongado o que poderia ser dito de modo directo e breve.
b) com palavras mais doces o que, denotativamente, é cru.
c) com palavras mais cruas o que é, denotativamente, desagradável.
d) algo de modo antitético.

Há rima entre
a) Sporting / ringue
b) TIC / tique
c) estúpida / entupida
d) mancia / ambulância

Na frase «Não há lodo no cais», o sujeito é
a) «lodo».
b) subentendido.
c) «cais».
d) inexistente.

Em «Estava ali um colega, Professor Esperança, a passar uma gravação e eu, por causa disso, saí da sala, fui bater-lhe à porta, estragando-lhe o questionário de compreensão oral, tudo para grande felicidade dos alunos que se supunha eu estivesse a vigiar (já que, claro, nesses minutos terão copiado não poucas perguntas do desnecessário teste intermédio de Biologia)», a função sintáctica de «Professor Esperança» é de
a) sujeito.
b) aposto.
c) vocativo.
d) complemento directo.

Na frase da questão anterior [ver em cima, por favor], «um colega» tem a função sintáctica de
a) complemento directo.
b) predicativo do sujeito.
c) sujeito.
d) complemento indirecto.

O verso que não tem sete sílabas métricas é
a) Estava o Arnaldo triste.
b) Dê-me esse lindo coprólito.
c) Ó Rosa, arredonda a saia.
d) Quem ela quer sabemos.

O verso que tem dez sílabas métricas é
a) O Benfica é melhor do que o Fofó.
b) Arnaldo era um médio da Cuf.
c) Este dinossauro fala português.
d) Aquela triste e alegre madrugada.

Segundo a ortografia portuguesa, seriam palavras possíveis
a) amaul; cainha; tuíndo.
b) fíja; tété; leúne.
c) matu; lencra; nainha.
d) deçélio; vaul; jainho.

O período com pontuação correcta é
a) E se o jogador do Porto não tivesse sido expulso, os tripeiros ganhavam o jogo.
b) Quando o árbitro, não expulsou Helton, vi logo que o Porto ia perder.
c) Mas, quando estou a escrever esta frase, ainda está 1-0.
d) Lucho o melhor portista interceptou a bola com o braço e levou amarelo.

O período que tem pontuação correcta é
a) Distraído Quaresma perdeu o golo, mas, pelo menos, tentou.
b) Nas grandes penalidades, o Shalke, venceria, porque tem um bom guarda-redes.
c) Este sábado, irei à manifestação de professores, que é muito justa.
d) Este sábado, será um belo dia de verão.

Numa carta, o remetente é
a) o carteiro.
b) quem escreveu a carta.
c) o destinatário da carta.
d) para quem a carta é remetida.

Num requerimento, usa-se a
a) 1.ª pessoa do singular.
b) 3.ª pessoa do singular.
c) 1.ª pessoa do plural.
d) 2.ª pessoa do plural.

A fórmula de fecho típica dos requerimentos é
a) «Pede deferimento. / [Data] / [Fulano]».
b) «Anexo cheque (é apenas uma atençãozinha). / [Data] / [Fulano]».
c) «Com os melhores cumprimentos. / [Data] / [Fulano]».
d) «Beijinhos. / [Data] / [Fulano]»

A lírica de Camões de cariz tradicional socorre-se de versos com
a) oito ou dez sílabas métricas.
b) dez sílabas métricas.
c) cinco ou sete sílabas métricas.
d) cinco ou seis sílabas métricas.

Uma redondilha maior
a) é a chamada «medida nova».
b) tem cinco sílabas métricas.
c) tem sete sílabas métricas.
d) tem dez sílabas métricas.

Glosas são
a) sinónimas de «mote» e servem de motivo de inspiração para o desenvolvimento de uma poesia.
b) sinónimas de «voltas» e sugerem um mote.
c) as «voltas» de um soneto (inspiradas por uma «cabeça» ou mote).
d) voltas a um mote.


Repetição das finais dos Concursos de leitura:

PANDEMOS

Dentífona apriuna a veste iguana
de que se escalca auroma e tentavela.
Como superta e buritânea amela
se palquitonará transcêndia inana!

Que vúlcios defuratos, que inumana
sussúrica donstália penicela
às trícotas relesta demiquela,
fissivirão bolíneos, ó primana!

Dentívolos palpículos, baissai!
Lingâmicos dolins, refucarai!
Por mamivornas contumai a veste!

E, quando prolifarem as sangrárias,
lambidonai tutílicos anárias,
tão placitantes como o pedipeste.


ANÓSIA

Que marinais sob tão pora luva
de esbanforida pel retinada
não dão volpúcia de imajar anteada
a que moitínea se adamenta ocuva?

Bocam dedetos calcurando a fuva
que arfala e dúpia de antegor tutada,
e que tessalta de nigrors nevada.
Vitrai, vitrai, que estamineta cuva!

Labiliperta-se infanai a esvebe,
agluta, acedirasma, sucamina,
e maniter suavira o termidodo.

Que matinais dulcífima contebe,
ejacicasto, ejacifasto, arina!...
Que marinais, tão pora luva, todo...

Jorge de Sena, «Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena», Poesia II, 1978


[Repito o que já dissera a propósito dos outros dois sonetos deste conjunto: poderá haver algum lapso na transcrição: para um dos poemas, usei fotocópia minha, mas antiga; para o outro, socorri-me de versão na net.]

Assistência a trecho de As bandeiras dos nossos pais.

TPC — Para a primeira aula da próxima semana, prepara a recitação do seguinte soneto. Calha-te o texto que tiver, dentro de parênteses rectos, o teu número:

Luís de Camões
«O dia em que nasci moura e pereça» (p. 96) [1-32];
«Erros meus, má fortuna, amor ardente» (p. 98) [2-29];
«Amor é fogo que arde sem se ver» (p. 103) [3-28];
«Aquela triste e leda madrugada» (p. 104) [4-27];
«Um mover de olhos, brando e piedoso» (p. 105) [5-26];
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (p. 105) [6-25];
«A fermosura desta fresca serra» (p. 106) [7-24];
«Alegres campos, verdes arvoredos» (p. 106) [8-23];

Florbela Espanca
«Mocidade» (p. 127) [9-22];
«Se tu viesses ver-me hoje à tardinha» (p. 127) [10-21];
«Em busca do amor» (p. 128) [11-20];
«Árvores do Alentejo» (p. 128) [12-30];
«Charneca em flor» (p. 128) [13-19];

Manuel Alegre
«As mãos» (p. 174) [14-18];

Sophia de Mello Breyner Andresen
«Porque» (p. 143) [15-17];

Alexandre O’Neill
«Perfilados de medo» (p. 156) [16-31].

«Recitar» significa dizer o poema de cor (terás, portanto, de o memorizar). De qualquer modo, procura também imprimir-lhe entoação adequada. Por vezes, nestes exercícios de recitação, desconsidera-se este outro lado da tarefa (acabando o recitador por tudo dizer à pressa, como se apenas o preocupasse não se esquecer do texto decorado).

Ainda receberei bibliofilmes até ao final do período (pelo menos, até à primeira aula da próxima semana). [Eu sei que têm muitos trabalhos, mas esta tarefa foi dada para fazer durante um mês (durante o qual não passei outros tepecês).]

Não deixar de cumprir a tarefa (complicadíssima!) de enviar [luisprista@netcabo.pt
] anexo com texto corrigido da «Palavra favorita de [Fulano] do 10.º [tal]».

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-85-86

Aula 87-88 (10 ou 11/Mar) Campeonato de recitação de poemas (sonetos e um poema com treze versos; de Camões, Florbela Espanca, Manuel Alegre, Sophia, O’Neill)
[Não se põem aqui as tabelas usadas em aula]

Poema / Recitador / nota
Luís de Camões
«O dia em que nasci moura e pereça» (p. 96)
«Erros meus, má fortuna, amor ardente» (p. 98)
«Amor é fogo que arde sem se ver» (p. 103)
«Aquela triste e leda madrugada» (p. 104)
«Um mover de olhos, brando e piedoso» (p. 105)
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (p. 105)
«A fermosura desta fresca serra» (p. 106)
«Alegres campos, verdes arvoredos» (p. 106)
Florbela Espanca
«Mocidade» (p. 127)
«Se tu viesses ver-me hoje à tardinha» (p. 127)
«Em busca do amor» (p. 128)
«Árvores do Alentejo» (p. 128)
«Charneca em flor» (p. 128)
Manuel Alegre
«As mãos» (p. 174)
Sophia de Mello Breyner Andresen
«Porque» (p. 143)
Alexandre O’Neill
«Perfilados de medo» (p. 156)

Em folha solta
Escreve um texto segundo o modelo de «As mãos» (p. 174).
Terá de ser soneto, mas não deverá ter rima e escusa também de ter métrica fixa. O título tem de ter também um sintagma nominal (artigo + nome) que corresponda a alguma parte do corpo humano, órgão, etc.
Os primeiros versos têm de ter como anáfora uma preposição (que até pode ser «com», como no texto de Alegre; mas tens mais preposições, por exemplo, na p. 364).
Não esqueças a pontuação.

Escreve um texto segundo o modelo de «Porque» (p. 143).
Terá de ter treze versos (quadra + três tercetos), mas não deverá ter rima e escusa também de ter métrica fixa. O título tem de também uma conjunção subordinativa (ou locução com o mesmo papel), a exemplo do «porque» de Sophia. (Tens mais conjunções subordinativas na p. 364.)
Naturalmente, boa parte dos versos terá de ter essa conjunção como início (anafórico, também).
Não esqueças a pontuação.

[Caso não o tenhas feito há umas aulas:] Relendo o soneto «Árvores do Alentejo» (p. 128), cria um soneto cujo título seja «[Substantivo de Topónimo (aldeia, cidade, região, país)]».
O teu soneto não terá rima nem metro fixo.
Repara que no poema de Florbela Espanca há duas quadras sobre a paisagem do Alentejo (focando-se a descrição sobretudo nas árvores). A estas se dirige a poetisa, já no último terceto, mas afinal para falar de si mesma. O teu soneto deve seguir esta mesma estrutura que te resumi.

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-87-88/

Aula 89-90 (13 ou 14/Mar) Correcção do trabalho de gramática (começo da).
[Ver apresentação usada na aula 91-92, já no 3.º período]
Assistência à última parte de As bandeiras dos nossos pais (e, ao mesmo tempo, avaliação com cada um dos alunos).
TPC — Brevemente, direi o que pretendo (se realmente quiser aconselhar algum tepecê). Para já, quem não o fez na devida altura, deve enviar palavra favorita já reformulada (luisprista@netcabo.pt). Também é boa altura para quem não o fez tratar agora do bibliofilme (ou mesmo do microfilme do 1.º período).

Apresentação usada em aula: http://www.slideshare.net/luisprista/apresentao-para-dcimo-ano-aula-89-90/