Índice
NonossextíadaS
ou estâncias à maneira de Os Lusíadas, com o esquema
rimático A-B-A-B-A-B-C-C, sobre o 9.º 6.ª, feitas
pelos alunos da turma, em alguns tepecês de
Português, no ano lectivo 2006-2007,
na Escola Secundária José
Gomes Ferreira, em
Benfica, Lisboa
Junho de
2007
ou estâncias à maneira de Os Lusíadas, com o esquema
rimático A-B-A-B-A-B-C-C, sobre o 9.º 6.ª, feitas
pelos alunos da turma, em alguns tepecês de
Português, no ano lectivo 2006-2007,
na Escola Secundária José
Gomes Ferreira, em
Benfica, Lisboa
Junho de
2007
{a indicação das páginas só interessava para a edição impressa}
[Nota prévia] (p. 1)
[Proposição] (p. 2)
[Invocação] (p. 3)
[Dedicatórias] (p. 7)
Afonso (p. 7); Ana M. (7); Ana S. (8); Ana G. (9); António (9); Carolina (10); Cátia (10); Enoque (11); Francisco (12); Guilherme (12); Joana L. I (13); Joana A. (14); Joana L. II (14); João Af. D. (15); João B. (16); João M. (17); João Miguel (17); João Paulo B. (17); João Tomás (18); Luís (18); Mário (18); Micaela (19); Paulo (20); Pedro G. (20); Pedro M. (21); Sara (21); Tiago (22).
[Narração] (p. 23)
Dona Emília (p. 23); Professora Cristina Moura (23); Batendo no chão da sala (24); Vidro partido (24); Participação (24); As provas intermédias (25); O misterioso apagador da aula de Inglês (25); Cão & Joanas (26); Ida à Luz, para assistir a Auto da Barca (26); Lutando contra urinóis ao ar livre (27); Mário a sonhar (27); Aulas de substituição (27); Sermão em Formação Cívica (28); A chave desaparecida (28); Discussão com o guarda (29); Confusão no CRE (29); No cinema (29); A saída adiantada do 7.º 6.ª (30); Sr. Brás (31); Sr. Horácio (31); Amigas e obras (31); Abelha ataca Joana (32); Bolas saltitonas no Anfiteatro (32); A Dona Emília corre atrás de nós (32); Gafanhotos em Físico-Químicas (33); Móbis para Educação Visual (33).
Não se reproduzem todas as estrofes que foram entregues. Ficam de fora as que tinham falhas no esquema rimático pedido (rima cruzada nos seis primeiros versos, emparelhada no dístico final); ou as que, embora bem escritas, eram demasiado sérias para uma epopeia deste género. Aceitaram-se algumas rimas apenas toantes, mas serão raras. Também é verdade que, quanto a sílabas métricas, os versos não seguem o exacto modelo dos Lusíadas (não há estrofes rigorosamente decassilábicas).
Há alunos que têm mais do que uma oitava que os tome por assunto e outros sobre que há apenas uma. A culpa foi de quem falhou os tepecês que correspondiam a essas estâncias — ou, mais ainda, de quem não soube planear tudo devidamente, evitando injustiças destas. Dito isto, fica claro que o número de oitavas não se relaciona com a popularidade que cada aluno possa ter, apenas com a preguiça ocasional do colega que se lhe seguia, ou o precedia, na pauta.
As primeiras páginas equivalem à Proposição (anunciam-se os feitos do 9.º 6.ª) e, por vezes, à Invocação (pede-se inspiração); segue-se uma homenagem a cada um dos alunos, uma Dedicatória; a Narração reúne as oitavas em que se contam episódios que a turma quis relatar.
A autoria das estrofes está no final de cada uma, entre parênteses curvos. Os assuntos ficam no cimo da estância, entre parênteses rectos.
Estava a aula a acabar,
Começou o professor por dizer,
Para tudo bem explicar,
O que os alunos deviam escrever:
Um livro para o pessoal se lembrar
Da turma que nunca iam esquecer.
E os alunos tiveram de dar no duro
Para assim escrever para o futuro.
(Francisco)
Cantarei os meus colegas
Pela sua personalidade.
Estou farta das suas bodegas,
Que até têm criatividade;
Gostam de saltar nos escorregas,
Só por curiosidade.
Passámos bons momentos,
São muitos os sentimentos.
(Cátia)
Cantarei os coitados professores,
Por tudo o que aturaram:
Aturaram alunos encantadores
Que só reclamaram e berraram.
Afinal parecem uns amores,
Que talentos mostraram!
Os alunos vou defender,
Para nenhum professor aborrecer.
(Carolina)
Peço inspiração às aulas esquecidas,
Aos espíritos que por lá passaram,
Às boas notas merecidas,
Aos professores que nos auxiliaram,
Às aulas de substituição sofridas,
Que tanto nos apoiaram.
Isto que nos ajude eternamente,
Para termos boas notas e seguirmos em frente.
(Guilherme)
É uma turma muito unida,
Com quem se acaba por reclamar,
Mas que tem a matéria bem sabida
E que com boas notas vai terminar.
Na escola a turma sabe ser divertida,
Mas também quando deve parar.
Mesmo que nem sempre seja verdade,
Tem um grande sentido de unidade.
(Francisco)
É tudo boa rapaziada,
Nada lhes falta.
É uma turma engraçada,
Junta-te à malta.
Turma muito falada,
Só faltas na pauta.
Se nos conhecer bem,
Dar-nos-á um cem.
(Guilherme)
O 9.º 6.ª da Secundária de Benfica
É uma turma diferente do habitual:
Por um lado, os professores critica,
E quase os manda para o hospital.
Sim, porque aturar tanta genica,
Põe qualquer um em estado anormal,
Que é difícil controlar e abafar
Tanta malta «nice» e superstar.
(Paulo)
Esse nono sexta barulhento
Será lembrado pelos professores;
As perguntinhas sem cabimento,
As afirmações dos boicotadores,
Que não param, nas aulas, um momento;
As pobres auxiliares a sofrerem horrores
E sem saberem mais o que fazer
Nem como tanta energia deter.
(Joana L. II)
Naquela sala de aula trabalham,
Irrequietos e até um pouco desastrados.
Para os testes tudo decoram,
Mas, por vezes, ficam bloqueados.
Nela reina a confusão,
Mas, depois, permanecem parados.
Unidos são, com certeza,
Até para agir com malvadeza.
(Cátia)
A melhor turma fomos
À disciplina de Francês.
Os melhores alunos somos,
Não temos menos de três.
Uns aos outros nos ajudamos,
E, no fim do ano, talvez
Sejamos os melhores do nosso ano
Pois foi esse o nosso plano.
(João Af. D.)
Aulas sem parar de rir,
Gargalhadas a continuar,
Que é saudável, temos de admitir,
Mas sem exagerar,
Uns estão atentos, outros a sorrir:
«O que faria eu se não tivesse de cá estar?».
Todos têm o seu tempo de antena,
Demonstrando o seu esquema.
(Micaela)
É uma turma banal,
Que muita gente desconhece;
No entanto, é bestial
E quem a vê nunca se esquece.
Em tudo ela é normal,
E só é o que parece:
Uma turma bem porreira,
Da José Gomes Ferreira.
(Mário)
As faltas disciplinares marcadas,
As cadeiras quase partidas,
As horas nas salas passadas,
As nossas aulinhas «curtidas»
As mesas das salas riscadas,
As canetas já roídas,
São momentos por nós lembrados
De anos que vão ficar marcados.
(Ana S.)
No ano passado ninguém chumbou:
Todos passaram,
Ninguém ficou.
Contentes ficaram,
Porque toda a turma passou;
Amigos continuaram.
Agora, que é quase o fim, será
Que o feito se repetirá? Só tempo o dirá.
(Pedro G.)
Eram conhecidos como selvagens,
A sua fama era de «tramados»,
Contudo, não passavam de personagens
Sarcásticos e despreocupados.
Para eles não havia paragens,
Tudo servia para planos amalucados,
Mas de uma coisa eles não prescindiam:
Da união que orgulhosamente defendiam.
(Tiago)
[Afonso]
Está sempre disposto a «chatear»,
Mas é sem malícia que o faz.
As minhas bochechas gosta de puxar,
O que, às vezes, me faz esquecer o que é a paz.
Os seus abraços deixam as pessoas sem ar
E de muito mais ele é capaz;
Um bom rapaz é, com certeza,
Mas, por vezes, aborrece-me... com franqueza.
(Ana M.)
[Afonso]
Sempre disposto a ajudar,
Sempre lá quando se precisa,
Sempre a pedir para o acompanhar
A casa, onde se improvisa,
Para podermos almoçar,
Uma bela de uma pizza.
É uma amizade que não espero perder
E que o tempo não fará morrer.
(Tiago)
[Ana M.]
Bochecha (que bonita!),
Uma gravidade adquirida,
Numa colega pequenita
E muito querida;
Sempre afável e erudita,
Bastante extrovertida,
Enfim, é a Ana Morais,
Calma e sábia como ninguém mais.
(Afonso)
[Ana M.]
Quando a Morais, na sala de aula agitada,
Nos deita aqueles olhares assustadores,
Toda a gente fica paralisada
E embasbacada com tais olhos encantadores.
Os palhaços deixam-na apavorada,
Mas recupera quando se fala dos seus cantores
E aquele sorriso permanente
Ilumina toda a gente.
(Cátia)
[Ana M.]
Estavas, sábia Ana, a pensar,
Vasculhando o teu pensamento,
Procurando o que te faz rir e chorar;
Encontraste nesse momento
A resposta que te faltava achar;
Levantaste-te e fiquei atento,
Ao ver-te partir,
Dei por mim a sorrir.
(João B.)
[Ana S.]
Gosta de se divertir.
E de dançar,
Está sempre a rir,
E adora cantar.
Faz os outros sorrir,
Mas não gosta de desenhar.
É uma boa amiga,
Uma terna rapariga.
(Joana A.)
[Ana S.]
Com tantas coisas que tenho a dizer
E tantas palavras que poderia palrar,
Nada me ocorre para te descrever,
Só sei que és uma rapariga espectacular.
Só mais uma coisa a dizer:
Um dia vou-te ver a acolitar
Porque não pervo a oportunidade
De te ver louvar a divindade.
(Ana G.)
[Ana G.]
Muito sorridente,
Também pequenina,
Gosta de toda a gente,
É uma punk rocker traquina;
Slash, um guitarrista potente,
E Axl Rose, de voz mais estridente que fina,
São os ídolos que está sempre a venerar:
É claro que é da Pititi que estou a falar.
(Ana S.)
[António]
Onde te vieste meter,
Ó aluno não exemplar?!
Estás aqui para a todos fazeres ver
O teu feitio espectacular.
Cabe-te apenas a ti perceber
Qual é o teu lugar,
Mas usas perfume a mais
E desodorizantes banais.
(Ana G.)
[António]
É sempre brincalhão
E gosta de faltar à escola;
Pensa que é bonitão,
Mas não tem nada na tola.
Tem um bom coração
E o seu sorriso cola,
Está sempre a brincar
E até gosta de dançar.
(Carolina)
[Carolina]
Empenhada na leitura,
Faladora e sorridente,
Alegre, mas muito segura,
Comigo sempre paciente,
Entre nós, espalha ternura,
O que me faz pô-la na frente?
É que, sempre pronta a ajudar,
Com a Carolina podemos contar.
(Cátia)
[Cátia]
É bastante teimosa
E, no entanto, sorridente;
Com ela não se goza,
Mas está sempre contente;
É um pouco vaidosa,
O que é indiferente.
Com um pouco de força a mais,
É uma colega que é demais.
(Enoque)
[Cátia]
O teu sorriso, o teu olhar,
A tua simplicidade
Sempre me fizeram pensar.
Fazes parte de mim, da felicidade
De estar contigo e de sonhar
De viver e pensar na amizade.
Passámos por tanto, sem entender;
Agora somos só amigas, até perceber.
(Carolina)
[Enoque]
Desenhar é um dos pontos fortes,
Imaginação não lhe falta;
Chega atrasado por causa do transportes
E está sempre a brincar com a malta;
Causa-nos sustos de morte,
Até mesmo quando salta;
Sorrir é o seu lema,
A Matemática é que é um problema.
(Cátia)
[Enoque]
Embora bem comportado,
Ele tem muito azar:
Ou a sorte não está do seu lado
Ou ele não a quer ajudar.
As negativas não têm faltado
E ainda não conseguiu alcançar
A positiva, o que não se compreende,
Pois nas aulas vê-se que ele aprende.
(Francisco)
[Francisco]
Rapaz de média estatura,
Enrola as palavras a falar.
Não tem muita envergadura,
Encosta-se a um canto a pensar.
Tem uma atitude madura
E não se importa de esperar.
Apesar de tudo, resiste,
Não se deixa levar por quem insiste.
(Guilherme)
[Francisco]
Crescido mas relativamente pequeno,
Bem comportado — nada de confusões! —,
Anda sempre bem sereno,
Entre amigos, sem palavrões,
Tem um ar sempre ameno
E comentários bem gozões;
Parece a tudo indiferente,
Mas é um rapaz inteligente.
(Enoque)
[Guilherme]
«Guilherme-sempre-a-desenhar»
É uma recente aquisição,
Que sabe bem pensar,
Em qualquer ocasião.
Ele consegue triunfar,
Mas também sabe o que é a diversão
(Como qualquer pessoa normal)
E nas aulas não tem igual.
(Francisco)
[Guilherme]
O Gui tem um ar matreiro
E tem jeito para desenhar.
Passa a vida a «cravar» dinheiro,
Mas não faz mal, se não abusar.
Tem cara de carpinteiro,
Mas o que faz bem é rezar:
Veio do colégio das freiras,
A quem deve ter feito perder as estribeiras.
(Joana L. II)
[Joana L. I]
Joana, uma rapariga simpática,
Sorrisos consegue proporcionar;
Extrovertida e diplomática,
Gostaria de a bela arte criar
E não estudar Matemática.
Guernica é importante lembrar,
Se a arte pretender abraçar,
Divulgar a cultura e enfeitiçar.
(Joana L. II)
[Joana L. I]
De altura média ou baixinha,
De postura engraçada
E ajeitando a sua franjinha,
Estar ao pé dela é uma palhaçada.
De voz fininha,
Sempre entusiasmada
Ela é boa rapariga,
É excelente amiga.
(Guilherme)
[Joana A.]
A Joaninha é robusta
Na sua aparência corporal;
De quando em quando, barafusta,
Mas fica feliz, a bem ou a mal.
Para ela, a Matemática custa,
E a Educação Física é brutal.
Tem um estilo engraçado
E o futuro bem traçado.
(Joana L. II)
[Joana L. II]
Do meu pensamento mais profundo
Lembrei-me de quem gostava de ler,
E nas suas mãos a sabedoria do mundo
Não se importava ela de conter.
Contudo, sabia eu de lá do fundo,
Que tudo o que ela queria saber
Era apenas o suficiente
Para dos outros ser diferente.
(João Afonso)
[Joana L. II]
Por vezes, é um pouco tímida,
Mas sempre muito risonha.
É uma rapariga querida,
E muito brincalhona.
Muitíssimo divertida,
Só às vezes é tristonha.
É uma aluna muito inteligente,
E, como amiga, é altamente.
(Joana A.)
[Joana L. II]
Estavas, Limita, com o aparelho a brilhar,
A contar as novidades,
Ou a rires-te das pernas do António a voar.
Como posso eu sonhar tais banalidades!
Grandes intervalos, passados atrás do contentor a cochichar,
Sempre a querer saber curiosidades.
E, por fim, quando o intervalo, está a desaparecer
Chega a nossa querida Cátia com um sorriso a oferecer.
(Micaela)
[João Af. D.]
O João Direita é sempre certeiro,
Sábio, consciencioso.
É um tipo porreiro,
Com solução para tudo, muito engenhoso,
Dará um grande engenheiro;
De ser seu amigo estou orgulhoso.
Direita, Direita que tira boa nota
É um tipo bem janota.
(Afonso)
[João Af. D.]
Quando na sala de aulas se senta,
O João é sempre disciplinado;
Nos testes tira acima de noventa
E mostra-se sempre preocupado;
Mas, se tem nota abaixo de setenta,
Logo fica «chateado».
É um amigo à maneira
Está sempre disposto p'rá brincadeira.
(João B.)
[João Af. D.]
A mente dele voa radiante,
Quando pensa num poderoso avião.
Atento nas aulas, confiante,
É um simpático brincalhão,
Que consegue ser rejubilante.
Falador, com o dom da comunicação.
É um amigo bem disposto
De quem francamente gosto.
(Joana L. II)
[João B.]
Porque um outro João o tepecê terá falhado,*
Sobre o Baila vou eu falar;
É tarefa que não me deixa preocupado,
Que do João só tenho boas coisas a contar;
Leal e justo é por todos considerado,
Tão inteligentes poucos consigo encontrar;
Disso mesmo é uma característica sintomática
Ser ele um grande craque a gramática.
(LP) [* afinal, havia a estrofe do João Af.(a seguir)]
[João B.]
Já tivemos desavenças
Por discussões intervaladas,
Diferentes são as nossas crenças,
Mas irão ser ultrapassadas.
«Afinal, somos amigos!», tu pensas,
«Más recordações para trás deixadas»;
E eu digo: «Sim é isso,
Não se fala mais nisso».
(João Af. D.)
[João M.]
Ali vai o João Marçal com o seu boné,
Segue, sempre alegre e sorridente,
Em direcção ao bloco E
E vai, caminhando serenamente,
Ele que rapaz personalizado é.
Esperando, pacientemente,
À entrada da escola, está a sua mãe,
Que, no fundo, já é da turma também.
(João B.)
[João Miguel]
No sétimo ano era terrível,
O que eu tardei a perceber;
No final do ano faz sempre um esforço incrível,
E lá passa, com algum saber;
Ora isto parece inadmissível,
Porque bom aluno poderia ser.
As raparigas acham-no um bonitão;
Para os rapazes é «o Lopes»; para todos, o João.
[LP]
[João Paulo B.]
Estavas, inquieto João, sentado na cadeira,
Quando alguém te chamou.
Conseguiste inventar mais uma brincadeira,
Que a todos os colegas animou.
De escapar, sabes sempre uma maneira,
O que o professor já topou:
Vais ao bar tentar comer
Até o dinheiro aparecer.
(Carolina)
[João Tomás]
Alguém se esqueceu de um trabalho
E por isso sem boa estrofe o João aqui vem;
Vamos lá ver se nesta oitava eu não falho
Algumas das características que ele tem;
No fim de Português, põe no quadro o cabeçalho
De Francês. É bom colega também.
Calmo, sincero, afável, criativo é o Tomás,
Que redacções interessantes sempre faz.
(LP)
[Luís]
Hoje falo de um colega
De muito apreço e valor.
Nos jogos é bom estratega,
Um ás do computador,
Nunca dado à refrega
Mas nunca de bom humor.
Falo é claro, do Luís,
Que a todos torce o nariz.
(Mário)
[Mário]
É verdade que em cada dia
O Mário tem uma história para contar,
Conta-as com alegria,
De tão nojentas, até porcos pode assustar:
Desde unhas esguias
Até dedos para leiloar;
Sem medo, divulga a sua inocência,
E nós gostamos dele, é preciso é paciência!
(Micaela)
[Mário]
Estavas, engraçado Mário, a perguntar
Sobre As Crónicas de Nárnia, tua nova leitura,
Mas tendo sempre muito azar,
Pois ninguém te dirá nada sobre literatura,
Nem que comeces a implorar.
Terás de ler o livro, pois assim ninguém te atura,
E, para chegares a descobrir então o fim
Deste livro, sem fazeres tanto chinfrim.
(Francisco)
[Micaela]
Estavas, risonha Mica, a rires-te de alguma piada:
Devia ser do António, a quem achas muita graça.
E os intervalos passávamos numa frenética fiada,
Quando as aulas eram só chalaça,
Passadas em contentores e com a atenção desviada,
Em pavilhões que foram substituídos por argamassa.
Mas continuamos a ter intervalos divertidos,
Apesar de as aulas serem tempos quase perdidos.
(Joana L. II)
[Micaela]
Com o seu tom engraçado
Que a todos faz sorrir,
Fico muito bem humorado
E com vontade de aplaudir.
Tem um feitio bom e raro,
Melhor amiga está para vir,
É simplesmente a Micaela,
Não há ninguém como ela.
(Mário)
[Micaela]
Com cabelos cor de canela,
É simpática e fixe a valer:
É a grande Micaela,
Curtida e bacana a meu ver.
Não lhe chamem é Floribela
Se a não querem ver a ferver!
Apesar de não ser muito faladora,
Pode-se prever que vai ser doutora.
(Paulo)
[Paulo]
Chama-se «Paulo Ferrão»,
É grande em tamanho
E grande em coração;
Por vezes, parece estranho
E bastante rezingão:
Opina como quem espirra ranho;
Mas bastante cavalheiro costuma ser:
Se uma mala se perder, o Paulo está lá para a devolver.
(Micaela)
[Pedro G.]
Lá vem o Pedro a correr,
O Gomes a desbundar;
Quando ele chega, podem crer,
A malta não consegue mais parar
De as paredes e as cadeiras fazer sofrer
E de as contínuas massacrar;
Mas a malta gosta dele, apesar da dor,
E ele é verdadeiro, é o nosso animador.
(Paulo)
[Pedro M.]
Gosta de opinar, duvidando de teorias,
Falando claramente para a turma o entender,
Apresenta os seus trabalhos sempre com melhorias;
Tem um penteado maluco em que ninguém pode mexer;
Não pode ver a caveira do meu cinto, põe-lhe as mãos frias;
Mayo é o apelido por que o hão-de conhecer;
Mora em Benfica e tem uma gata.
Adora-a e por isso muito bem a trata.
(Sara)
[Sara]
Todos os dias lá aparece ela
Com a sua moto pujante.
Toda a gente se apercebe dela,
Quando traz o seu cinto brilhante.
Nos intervalos, o nosso cantinho, bolachas, casaco e ela
Que, acrescidos da luz matinal, ofuscante,
Nos dão aquele prazer rápido, sem demoras,
Que nos fornece energia para mais umas horas.
(Pedro M.)
[Sara]
Não há ninguém mais relevante
Do que o meu velho «Sarão»,
Nem de tal modo importante,
Para o meu coração.
Com a sua moto imponente
E de capacete na mão,
É mais uma amiga das flores
A quem devo tantos favores.
(Tiago)
[Sara]
A Sarinha é a minha amiga predilecta:
Juntas vamos montar,
Juntas andamos de motocicleta,
Juntas podemos até chorar!
E, isto não é pateta,
É de quem sei mesmo gostar;
De a ter como amiga me ufano,
Apesar de lhe dever uma prenda há quase um ano.
(Joana L. I)
[Tiago]
Dizendo as suas piadas,
Tiago consegue ser um bom falador,
Sabe-as todas e gosta de mandar pedradas.
Quando for grande, será coleccionador,
É grande apreciador de partidas, sempre com risadas.
Anda de skate mas os carrinhos do Lidl são o seu amor.
Alfornelos é o seu «place» favorito,
Onde passa os seus dias de skater adicto.
(Sara)
[Tiago]
Pequeno e brincalhão,
Bom aluno, muito inteligente,
Arma-se em espertalhão,
Mas dá-se com toda a gente.
Por vezes, tem razão,
E até sabe sobre a tangente
Enfim, é o Tiago,
Que da memória não apago.
(Afonso)
[Dona Emília]
Dedico esta estrofe a uma pessoa excepcional,
À Dona Emília, que como outra não há;
Sempre nos ajudou, mais do que seria normal,
Muito nossa amiga, há muito tempo já,
Leva-nos mais a bem do que a mal,
É a funcionária que no bloco B está
E com que no coração ficaremos,
Como da família a lembraremos.
(Mário)
Desde pequenos que com ela estamos,
Sempre a receber docinhos.
É uma pessoa que apreciamos,
A auxiliar que nos dá miminhos.
Sempre nas férias nos deliciamos
Com os bem ditos docinhos,
Sempre gentil e generosa
A Dona Emília entre nós é famosa.
(Ana G.)
[Professora Cristina Moura]
É a dona das Matemáticas,
Passa os dias a rir;
Baixinha e com roupas práticas,
Chega à aula e dá-me vontade de fugir;
Mas, com as suas grandes tácticas,
Acabamos por nos deixar ir
E a matemática passa a ser um amigo
Nem que seja só comigo!
(Joana L. I)
[Batendo no chão da sala]
Se as aulas já eram uma confusão,
Quando nos deixam sozinhos, não era melhor.
Começámos a bater no chão
E o barulho era cada vez maior;
Enfim, fizemos um barulhão.
A nossa turma «é a pior»,
Mas a todos dizem isto.
É mentira, está visto.
(Guilherme)
[Vidro partido]
Não estava ninguém no ginásio
E alguém da sexta turma do nono ano
Atirou uma pedra como um balásio.
A pedra foi ter ao pé de um cano;
Depois apareceu o senhor Damásio,
Com o seu gigante pano,
A limpar os vidros da carrinha:
«Ai que vida a minha!»
(João M.)
[Participação]
Já estávamos ansiosos para sair,
Quando o relógio marcou meio-dia e meia,
A turma não aguentou e acabou por explodir.
Fizemos de tudo, é pena termos caído na teia.
Apareceu a Dona Fernanda e nem nos deixou curtir,
Entrou, falou bastante e fez «cara feia».
Pegou num papelinho e foi a correr fazer participação.
Esta é a rotina de uma turma que não tem perdão.
(Sara)
[As provas intermédias]
Quando ao topo do bloco chegaram,
Os alunos foram encontrar
A prova para que se preparavam
Até o professor os chamar.
Enquanto que nos lugares se sentavam,
Com o nervosismo a chegar,
Procuravam uma cura
Para terminar prova tão dura.
(Francisco)
[O misterioso apagador da aula de Inglês]
No intervalo entre EA e Inglês,
A turma fica numa constante agitação
E assim que sai a professora de Francês
Todos esquecem a palavra «educação».
Sem sins, nãos ou porquês,
Escondem o apagador, preparam a situação.
Mal chega a stora, vê um bilhete esclarecedor:
«O apagador está no tecto» (e este no caixote com esplendor).
(Micaela)
«O apagador está no tecto»
Leu a professora olhando;
«E é suposto eu olhar, certo?».
Enquanto os alunos iam disfarçando:
«Está perto de si, mesmo perto»,
Lá continuava ela procurando.
Encontrou-o por fim, sorrindo,
Mostrando sentido de humor, nos seduzindo.
(Tiago)
[Cão & Joanas]
Estavam as três Joanas a conversar,
Dizendo bonitas parvoeiras e rindo,
Quando aparece um ser a saltar,
Que logo Joana Lima segunda, ao ver correndo,
Percebe que era um cão, com o seu feliz ladrar;
A sua caninofobia quase a foi desta p'ra melhor levando,
Só travada por Joana Lima primeira, que afastou o animal,
Mostrando a sua coragem e bondade fenomenal.
(Joana L. II)
[Ida à Luz, para assistir a Auto da Barca]
Fomos ao teatro com o stor Prista
Ver uma peça de Gil Vicente,
Em que entrava um maluco na pista,
Com ar de esgroviado mas convincente.
O personagem que deu mais na vista
E que entrou no elenco competente
Foi o de um actor que pintor também é,
Que nos deu um quadro que está agora no CRE.
(Pedro M.)
Durante o intervalo da Barca do Inferno,
Conversei sobre o que tínhamos observado,
Mostrei os meus apontamentos do caderno,
Chamaram-nos e eu fui apressado,
Voltei a entrar naquele grande teatro moderno
E consegui manter-me acordado;
Finalmente acabou,
Era hora do almoço e a fome apertou.
(António)
[Lutando contra urinóis ao ar livre]
Eu e a Limita íamos para a escola,
Depois de almoçar
Mas sem a sacola,
E foi aí que comecei a reparar
Numa situação bastante tola:
Um vagabundo numa parede a se aliviar.
Então, pela Justiça lutei e gritei:
«Saia já daí». E o homem afugentei.
(Micaela)
[Mário a sonhar]
O Mário ergueu a sua espada
Que a sua sombra protegia como uma tela;
A sua égua estava espantada,
De coragem tão grande vinda dela.
Cheios de arqueiros estava sala vidrada,
Que cavaleiro protegiam sem vela,
Avançou contra cavaleiro com golpe lendário...
Slap! Só com uma chapada acordei o Mário.
(Paulo)
[Aulas de substituição]
As aulas de substituição
São aulas onde ninguém vai.
São sempre uma atrapalhação,
Uma armadilha em que ninguém cai.
A ministra faz uma conspiração
Que os alunos não atrai,
E o mau comportamento domina
Até que o professor desatina.
(João Afonso)
[Sermão em Formação Cívica]
Isto é caso de TV:
Na semana passada,
Na aula de FC,
A turma foi devastada
Sem sabermos bem porquê.
A s'tora, «chateada»,
Ralhou-nos sem cessar,
Até a turma derrotar...
(Mário)
[A chave desaparecida]
A chave do terraço do Bloco A desapareceu.
Acusam principalmente a turma 6 do 9.º ano,
Se calhar, alguém a escondeu,
Ao lado de um cano,
E, para tapar o que sucedeu,
Provavelmente meteram um pano.
Se ninguém se acusar vai tudo de suspensão,
Mas dão uns dias para que apareça o ladrão.
(João M.)
Mal à aula de substituição chegámos,
Logo a contínua nos acusou.
Termos roubado a chave negámos,
Mas ela não acreditou.
Mais uma coisa a que não ligámos,
Mas ela não mais cessou
Até fora da escola connosco foi falar.
E ainda não parou de nos azucrinar.
(Guilherme)
[Discussão com o guarda]
Estávamos todos a comer,
Quando ouvimos o guarda gritar.
Levantámo-nos para ver
O que se estava a passar,
Veio até nós a correr,
Começando a disparatar,
Houve uma enorme discussão,
Que o fez perder a razão.
(João B.)
[Confusão no CRE]
No CRE estávamos sentados,
Com os pés em cima da mesa.
Estávamos bem cansados
E a contínua achou a sua presa.
Gritou connosco, chamou-nos «mal indisciplinados».
Nós éramos a presa, mas ela estava indefesa.
Rimos e rimos então sem parar,
E ela disse-nos que uma galheta devíamos levar.
(Guilherme)
[No cinema]
O cinema tornou-se um lugar inimaginável,
Quando lá fomos, desportivamente,
Assistir a um filme formidável,
Vendo-o atentamente.
Quando terminou, tornei-me instável
E fiquei, pensativamente,
Olhando para o chão,
Revoltado com a minha solidão.
(João Tomás)
[A saída adiantada do 7.º 6.ª]
Numa aula de Português, saímos antes da hora,
O professor disse que já estava a tocar
E a turma foi-se toda embora
Para ir comer qualquer coisa ao bar.
A Dona Emília mandou-nos lá para fora,
Para irmos apanhar um pouco de ar.
Tudo aconteceu porque alguém adiantou o relógio do stor...
Quem fez coisa tão grave, quem foi o estupor?
(João M.)
Estávamos nós no pátio a conspirar,
O que havíamos de fazer do tempo,
Das aulas de Português sem parar,
Que mais não eram do que um passatempo.
Que tal adiantarmos o relógio para nos pirar?
Só arranjamos disputas e contratempos;
Contudo, é nas melhores aulas que temos
Que sempre nos excedemos.
(Pedro M.)
Estavam todos com vontade
De sair mais cedo,
Mas o stor pedia trabalho em quantidade;
Lembraram-se de lhe adiantar o relógio, a medo,
E fizeram-no, embora com grande ansiedade.
Na aula seguinte, viram o caso azedo:
Levaram um fulminante sermão,
Mas, no final, houve compreensão.
(João Paulo B.)
[Sr. Brás]
Com o seu aspecto tosco,
Sempre a cambalear,
Sempre a apertar connosco
A porta da entrada a vigiar,
Nunca abandonou o seu posto,
Mas está sempre a controlar.
Gordo, baixinho, cara rosada, enfim,
É o Sr. Brás, é o nosso pinguim.
(Enoque)
[Sr. Horácio]
Cantarei e protestarei
Contra aquele contínuo apressado;
Por momentos, olharei
Aquele olho danado.
Cantarei e gritarei
Sobre aquele bigode celebrado...
Por muitas brigas discutirei,
Mas o Senhor Horácio sempre lembrarei.
(Afonso)
[Amigas e obras]
Quatro raparigas inseparáveis
E pelos obreiros assediadas,
Talvez por serem tão adoráveis
Ou, se calhar, por serem descaradas;
Por vezes, chegam a ser insuportáveis,
Pois nunca estão caladas;
Apesar de muito dar que falar,
Esta amizade nunca irá acabar.
(Cátia)
[Abelha ataca Joana]
«Ah!», disse ela.
Adivinhem só o que era?
Preta e amarela,
Uma abelha bem bera.
Se pudesse ter-se ia escondido numa ruela,
Mas à porta ficou à espera:
A Joana Lima gritou
E a Ana a abelha matou.
(Cátia)
[Bolas saltitonas no Anfiteatro]
A bola rebola, a bola salta,
No anfiteatro estão a jogar;
A eles tempo não lhes falta,
Divertem-se a ver a bola a saltar,
A ir cada vez mais «alta»,
A saltar sem parar.
Mas depois o Sr. Horácio chegou,
E a bola saltitona não mais saltou.
(Guilherme)
[A Dona Emília corre atrás de nós]
Na época dos contentores
Não havia que fazer,
Mas não morremos de amores
Do que foi acontecer.
Passámos horrores
Que não vamos esquecer;
E a Dona Emília que penaliza
Quem se pendura na baliza...
(Mário)
[Gafanhotos em Físico-Químicas]
Quando nos terrenos da escola vadiavam,
Cinco malucos do 9.º 6.ª pensaram:
«Que lindos gafanhotos se apanhavam!».
Para a aula de Físico-Químicas os levaram
E alguém pensou: porque não os soltavam?
E eis que os gafanhotos doidos avançaram
Pulando nas mesas, nas cabeças e no chão...
E, por pouco, não tiveram uma suspensão.
(Paulo)
[Móbis para Educação Visual]
Nas aulas de EV nascem ideias brilhantes
Com os móbis construídos,
Ficam no tecto cintilantes,
E nunca serão abatidos
Até são bastantes
Com bons resultados obtidos
Foi o fruto de um período
Cheio de trabalho e conteúdo.
(Ana G.)
Estava aquela turma detestável,
O nono sexta, temida a rodos,
Devido à sua rebeldia instável,
Na aula de EV, quando o que é respeitado por todos,
O Professor Esperança, por uma razão incontestável,
Chegou. E não vinha nada com maus modos!
É que a turma tinha feito móbis criativos e maravilhosos,
E, assim, podia agora felicitar aqueles alunos estrondosos.
(Joana L. II)
Foram as gargalhadas,
Foram as desilusões,
Foram as piadas,
Foram as confusões,
Foram as aldrabadas
E as participações.
Somos os melhores,
Somos os maiores.
(Carolina)
Agora que chegou o fim do ano
É que nos vamos revelar,
E com o baixar do pano
Nós vos vamos bem mostrar.
Talvez ao som de um piano
Ou com alguém a cantar,
A turma vai exibir capacidades
Que farão os stores sentir saudades.
(João Af. D)
Lutámos, criámos e inovámos,
Para, em termos de notas, a melhor ser;
Por muitos momentos passámos,
Que nem eu nem colegas vamos esquecer,
Trabalhámos e gozámos,
É isso mesmo que é viver.
Muitas amizades perdurarão:
Acreditem, meus amigos, nunca nos esquecerão.
(Afonso)
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