Saturday, September 10, 2005

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Alguns alunos do 8.º 3.ª numa fotografia do Expresso. Vêem-se Pedro, Francisco e — parece-me — Rui, André, Miguel, depois de fazerem o seu teste de Língua Portuguesa e a pensarem já na matéria de gramática que vão estudar.
Já agora: os rankings não mostram nada que se ensine bem na ESJGF ou nas outras escolas que figuram nos primeiros lugares. Os rankings apenas reproduzem o perfil social das escolas: as escolas onde predominam alunos cujos pais são da classe média estão bem classificadas. Se os alunos da ESJGF tivessem como professores os nossos colegas de Pampilhosa da Serra, continuariam a ter as mesmas notas (e, é claro, se em Benfica ensinássemos a alunos maioritariamente de classes humildes, como são os de Pampilhosa, as médias seriam à mesma as piores do país).
Há no entanto alguma coisa que se pode retirar da análise dos rankings. A saber: que o ensino nas escolas privadas não é bom. Dado o perfil social dos alunos das escolas privadas mais conhecidas (onde há apenas classe média e alta), era de esperar que houvesse maior diferença entre os resultados dessas escolas e os de qualquer pública (porque as escolas públicas, mesmo as de bairros «ricos», recebem sempre também alunos humildes). Saliente-se a incapacidade de televisões e jornais, que procuram ver nos rankings a prova da suposta excelência do ensino privado, quando, como resumi, o que os rankings deixam entrever é o contrário.
Também os comentários da ministra, sugerindo estratégias de intervenção nas escolas mal classificadas, revelam má investigação (e surpreende que uma socióloga não tenha em conta que a variável estranha 'perfil social da escola' impede quaisquer conclusões, meliorativas ou pejorativas, acerca do ensino praticado em cada escola). Nada indica que a escola da Pampilhosa precise de melhorar as suas estratégias de ensino mais do que o Colégio Mira Rio ou que a Secundária de Benfica. A não ser que entre essas medidas se pondere a própria alteração do perfil social da escola. Com este nível de argúcia de jornais e ministra, não me admiraria que viessem a impor aos alunos da escola de Pampilhosa uma farda de saias verdes (como as que exibem as alunas do Mira Rio — a propósito, poucos se lembraram de isolar a variável estranha «só raparigas como população escolar», que é decisiva quando se trata de provas de exame tão discursivas).