Instruções para tarefa com poema de Pessoa

Tratar-se-á de vídeo — ou, em último caso, ficheiro áudio com uma imagem fixa (formato menos ambicioso que talvez devessem evitar) —, que terá de incluir a leitura de um poema de Fernando Pessoa ou de um dos seus heterónimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis). Considerado este constrangimento, o resto da estratégia fica ao vosso critério. Esta tarefa visa avaliar expressão oral (leitura em voz alta, expressiva, dramatizada), criatividade (na realização e, em geral, em todas as soluções encontradas, que supõem também compreensão dos textos, mesmo se para depois os «transformar») e redação (que não lerei em papel mas deduzirei do texto que ouça).

Que características? Mesmo no que concerne à parte textual, o trabalho deve ter mais do que a simples leitura em voz alta do poema, deve ter igualmente texto vosso. E, claro, a leitura do poema não tem de ser uma «simples leitura em voz alta». Haverá decerto muita amplitude de soluções, em função do estilo de cada um. Pode assumir-se o texto de Pessoa como foco essencial, mas também pode, ainda que inserindo o poema em algum momento, acabar por se ter um outro foco (enfim, o texto de Pessoa poderia chegar a funcionar quase como mero pretexto para uma criação, ficção, vossa). Desaconselho vivamente a interpretação literal, slide a slide, com, por exemplo, o texto a referir «nau» e a aparecer a imagem de uma nau. Também conviria não se escolher poema demasiado curto, a não ser que o resto do filme inclua suficiente exibição da vossa expressão oral. Note-se que não se pretende abordagem ensaística, académica, mas trabalho criativo (não tem de ser tarefa para se provar conhecimentos da matéria). De modo nenhum se deve aproveitar trechos da net ou de outros autores (darei nota muitíssimo negativa a qualquer trabalho em que note algum grau de plágio). Os filmes com poemas de Pessoa feitos por colegas vossos em 2013-2014 são visíveis aqui: 12.º 1.ª, 3.ª, 4.ª, 6.ª; os de 2016-2017, aqui: 12.º 1.ª, 5.ª, 7.ª, 8.ª; os de 2019-2020, aqui: 12.º 3.ª, 12.º 4.ª, 12.º 5.ª, 12.º 9.ª. Por acaso, o ideal era que não escolhessem textos então usados, mas descartaremos essa condição, já que seria muito difícil fazer um tal escrutínio.

Que poemas? Ficam proibidos os do manual, porque queria evitar textos que déssemos também em aula. Pesquise-se, portanto, através dos volumes das várias edições pessoanas (pedeefes de edições da INCM: Ortónimo: 1915-1920; 1921-1930; 1931-1933; 1934-1935; Mensagem; Dispersos publicados em vida; Heterónimos: Alberto Caeiro; Ricardo Reis). Independente ou cumulativamente com este relance a poemas em livro, podem procurar os textos através de http://arquivopessoa.net/ (para se ver os poemas, vai-se clicando nos títulos do extenso índice, que inclui Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Fernando Pessoa ortónimo, de poesia lírica e de Mensagem). Neste índice, também há zonas que não nos interessam — as dos textos de prosa; as de textos franceses ou ingleses; as de poemas dramáticos — mesmo os poemas de Mensagem não queria que os usassem, até porque vamos percorrê-los a todos em aula; tratando-se obrigatoriamente de poemas, também não devem recorrer a Bernardo Soares/Livro do Desassossego. Se se tratar de poema demasiado longo (à «Ode triunfal», por exemplo), podem adotar-se apenas alguns trechos (nesses casos, convém que o texto também me seja entregue, com a localização dos cortes ou das partes selecionadas). Excecionalmente, também pode ser usado mais do que um poema.

O formato, tempo, regras básicas, são os mesmos dos microfilmes pedidos no final do ano passado, para obra de Eça (mesmo os trabalhos só com áudio devem usar formatos de vídeo, bastando-lhes recorrer uma imagem fixa, já agora da vossa lavra); tempo será entre cerca de dois minutos e meio (o mínimo) a três minutos e tal (o tempo máximo é mais flexível), por aluno. Pode haver trabalhos em dupla, se intervierem oralmente ambos os autores (convém, porém, perguntarem-me se autorizo a parceria); nos trabalhos em dupla, deve apontar-se para, pelo menos, cinco minutos (e a extensão máxima também será proporcional); quanto a trabalhos por três alunos, queria que fossem raros (e, em matéria de duração haveria relativa proporcionalidade).

Prazo para envio: até 6 de fevereiro. Quem ache que se vai confrontar com aquelas confusões de última hora que alguns costumam alegar (incompatibilidade de programas informáticos, avaria no computador com perda de tudo o que estava feito, incêndio em casa, tsunâmi em Lisboa, destruição do universo) que vá apontando para uma semana antes.

Para identificação do trabalho, usem como nome do ficheiro que descarregarem Pessoa por Fulano, Beltrano e Sicrano do 12.º #.ª (sendo «Fulano, Beltrano e Sicrano» substituídos pelos nomes por que sejam tratados em Português e «#» substituído por 1 ou 3). Entretanto, na mensagem que, por cortesia, enviarem virá o link, ou os links, do(s) poema(s), Fernando Pessoa, ou o heterónimo em causa, e o título e primeiro verso (ou só primeiro verso se não houver título). Dou exemplo (socorro-me de um texto que não seria aceite, porque o lemos em aula): «[Datilografia] Traço sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano» (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/86.

Outras prevenções:

Para fugir a textos de Pessoa já lidos em aula, além dos do manual é preciso ter em conta os que estão em folhas dadas por mim ou até os que foram só ouvidos (lembro, por exemplo, o caso do «Poema em linha reta», de «Tabacaria», alguns outros ainda).

Se forem ver trabalhos de colegas de anos anteriores, tenham em conta que as instruções não eram exatamente as mesmas (poderiam ficar a pensar, por exemplo, que era aceitável que a parte discursiva fosse apenas a do texto de Pessoa lido). Entretanto, apesar dessas diferenças, pode até ser útil relancear alguns comentários meus em trabalhos antigos.

O trabalho deve permitir distinguir razoavelmente o que é de Pessoa e vosso, mas, se sentirem que não está suficientemente claro — e não for mesmo possível fazer essa explicitação na gravação (por exemplo, numas referências finais) — entreguem-me em papel a discriminação.

Se usarem músicas de fundo, evitem problemas de direitos de autor (que impedem trechos de composições musicais com mais de não sei quantos — vinte? — segundos).

Não usem imagens (slides ou filmes) que não sejam originais (isto é, que não sejam de vossa autoria).