Pessoa pelo 12.º 3.ª
Mafalda
«Deixa
passar o vento» (Ricardo Reis); «Todos os dias agora acordo com alegria e
pena.» (Alberto Caeiro); «Verdadeiramente» (Fernando Pessoa); «Estou cansado, é
claro,» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4508; http://arquivopessoa.net/textos/636; http://arquivopessoa.net/textos/550; http://arquivopessoa.net/textos/2481 | Mafalda (19)
Pontos fortes Planificação (de modo a dar um retrato global de Pessoa). Edição e, decerto, ensaios (tudo bem construído e pensado). Efeito da música de fundo (uniformiza sem se sobrepor). Aspetos melhoráveis A leitura em voz alta está relativamente adaptada a cada heterónimo (o que é um ponto forte ainda) mas talvez Caeiro devesse ter estilo mais infantil e coloquial e Campos aparecer-nos mais eufórico. A corrigir: a ideia de que Campos seria um engenheiro muito famoso (ao contrário, tudo indica que pouco teria exercido...).
Pontos fortes Planificação (de modo a dar um retrato global de Pessoa). Edição e, decerto, ensaios (tudo bem construído e pensado). Efeito da música de fundo (uniformiza sem se sobrepor). Aspetos melhoráveis A leitura em voz alta está relativamente adaptada a cada heterónimo (o que é um ponto forte ainda) mas talvez Caeiro devesse ter estilo mais infantil e coloquial e Campos aparecer-nos mais eufórico. A corrigir: a ideia de que Campos seria um engenheiro muito famoso (ao contrário, tudo indica que pouco teria exercido...).
Inês
S.
«A
espantosa realidade das coisas» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3364 | Inês S. (18-18,5) Pontos
fortes Texto criado contrasta duas maneiras de conviver com paisagem (podemos até dizer que com a mesma natureza, já que se trata do mesmo Ribatejo que Pessoa escolheu para Caeiro): a Caeiro a natureza não causa especial emoção, é, digamos, natural, por isso basta que se veja; à autora, ao contrário, o campo suscita emoções (recordações de infância, avós), o que faz que o seu registo não possa ser o mesmo de Caeiro (não conseguiria escrever poemas mas apenas apontamentos de prosa, porque tem um passado e um futuro, ao contrário do intemporal guardador de rebanhos, que é só presente). Naturalidade da leitura em voz alta de Caeiro. Som ambiente (de
novo, natural, à Caeiro). Imagens do Ribatejo. Momento «"Ela não morde?" pergunta a estudante de Biologia». Aspetos melhoráveis Corrigir pronúncia de «e[*n]ventos»; e, nas legendas finais, tirar o acento a «Viváldi» (Vivaldi).
Bernardo
«Dá-nos a Tua paz» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/808 |
Bernardo (12) Pontos
fortes Cuidado
com imagens, preparação (escolha) do cenário, todo o lado de produção, edição.
Leitura em voz alta aceitável, revelando que houve decerto ensaio, embora não
tão expressiva quanto Campos aconselharia. Aspetos melhoráveis Não haver
texto próprio (no fundo, a falha foi não se ter lido as instruções com atenção:
falhou uma exigência crucial). A corrigir: pronúncia de «preces» (o E é aberto)
e, talvez, de «coveiro» (para mim, é «c[u]veiro»; mas admito que haja
oscilação).
Beatriz
«O amor,
quando se revela» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1318 |
Beatriz (17) Pontos fortes Pretexto para o texto (conversa sobre Salvador Sobral).
Edição, planificação, bom gosto, na produção do objeto fílmico (embora talvez
com mais demora do que o aconselhável: a síntese é uma característica do
cinema). Expressão oral (na modalidade de representação) corre bem, em geral.
Leitura em voz alta do poema boazinha. Aspetos melhoráveis A certa
altura, conversa perde naturalidade, devido a insistência, certo arrastamento,
que critiquei há pouco. A corrigir: «Se [*ele] pudesse ouvir o olhar» (no poema
não há pronome); «o amor é *o único» não me soa bem.
Leonor
«Todas as
cartas de amor são ridículas» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2492 | Leonor (15-15,5) Pontos
fortes Edição:
imagem, música, fotografia (enfim, toda a produção videográfica). Expressão
oral (embora os dizeres sejam bastante fragmentados, o que torna tudo mais
fácil). Aspetos melhoráveis Vários
problemas ligados à falta de leitura atenta das instruções (link enviado não era de
Arquivo Pessoa, não se indicava o heterónimo; poema fora dado em aula — cfr. as
nossas folhas). Também devia ter havido mais transformação do texto original,
mais texto da própria autora. A corrigir: talvez se devesse referir mais Álvaro
de Campos do que Fernando Pessoa.
Eduardo, Francisco, Miguel
«Não sem
lei, mas segundo leis diversas» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/46 |
Miguel, Francisco, Eduardo (17-17,5) Pontos
fortes Trabalho
de grupo, planificação, produção centrada na forma de transmitir uma narrativa
(mais tributária do teatro do que do cinema?). Melhoria da capacidade de
representação de Eduardo relativamente ao conhecíamos de vídeos anteriores. Aspetos
melhoráveis Estrutura quase de alegoria — no fundo, trata-se de uma pequena
anedota — esconde, de certa maneira, que não houve transposição da narrativa
segundo os recursos propriamente cinematográficos (é teatro filmado, digamos).
Miguel e Eduardo também deveriam ter lido algum passo do poema.
Sofia
«Passo, na noite da rua suburbana» (Álvaro de
Campos); «Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo"
(Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3461; http://arquivopessoa.net/textos/1486 | Sofia (18-17,5) Pontos fortes Bom gosto e competência na edição, na produção
enquanto objeto completo. Transposição para a cidade hodierna do contexto
«suburbano» de Campos. Leitura em voz alta sem erros e fluida, sensível às
modulações (ainda que ganhasse em ser mais diferenciadora: Campos, mais
nervoso; Caeiro, mais pachorrento e ingénuo). Aspetos melhoráveis O
poema de Alberto Caeiro foi usado em aula (é certo que num exercício rápido em
que se completavam lacunas com palavras da família de «ver»).
Inês C. & Teresa
«Não sei
se os astros mandam neste mundo,» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3147 | Teresa & Inês C. (18,5) Pontos
fortes Narratividade
bem transposta para o formato «filme» (contar uma história em cinema exige
muito trabalho, coordenação, planificação, técnica). Ritmo. Leitura em voz alta
sem erros e clara (poder-se-á dizer que um pouco uniforme, mas, dada a opção de
integrar o texto de Campos no diálogo, esse aspeto deixa de ser questionável).
História criada bem coordenada com poema (embora, para meu gosto, o assunto
seja demasiado escolar, ingénuo, tão ESJGF). Texto próprio sem erros (ainda que
com certos lugares comuns e simplificação — a tal abordagem bem comportada). Aspetos
melhoráveis Cortes no som aqui e ali demasiado visíveis (isto é, audíveis);
marca d’água. Alegoria do exame numa mesa no bloco C (mas que se inscreve bem
no lado excessivamente didático do enredo).
Inês M.
«Sábio é o que se contenta com o espetáculo do
mundo» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/743 | Inês M. (17) Pontos fortes Articulação entre texto de
Pessoa, texto próprio e filme. Competência da edição (incluindo som). Leitura
em voz alta (sem erros, calma). Aspetos melhoráveis O tempo mínimo não
foi cumprido, por dezassete segundos, embora se deva reconhecer que, como o
vídeo está muito preenchido, não será dos casos mais grevas. A corrigir:
«eventualmente» no sentido, inglês, de ‘finalmente’; «*o espetáculo que estamos
a assistir» (o espetáculo a que estamos a assistir); «mandar para o ar» é
demasiado informal; já criquei em aula estruturas do tipo «espetáculo esse»
(não bastava usar, em substituição, um «que»?).
Afonso & Bea
«Vive,
dizes, no presente» (Alberto Caeiro); «Vai pelo cais fora um bulício de chegada
próxima» (Álvaro Campos); «[Liberdade] Ai que prazer» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/3226; http://arquivopessoa.net/textos/2443; http://arquivopessoa.net/textos/4307 | Bea & Afonso (18-17,5) Pontos
fortes Ideia de
juntar as duas filosofias, a de Caeiro e a de Campos («Liberdade» seria o ponto
de confluência); toda a realização, concretização, desse plano. Acho
interessante a encenação ter decorrido num espaço que continuou em
funcionamento. Leitura em voz alta sem erros (mas talvez demasiado uniforme;
coloquialidade, estilo de conversa verdadeira, teria sido preferível?). Final,
já só com Pessoa. Aspetos melhoráveis O poema «Liberdade» foi referido
em aula (quer este ano, quer há um ou dois anos); foi-lhes recomendado então
que lessem este artigo,
onde mostro que o texto, além de mal editado, não tem o sentido que é comum
dar-se-lhe. A corrigir: «*Não são esse tipo de sensações que» (Não é [...]);
«relembre-se» (lembre-se).
Pedro
«Roçou-me» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/3185 | Pedro (13-12,5) Pontos
fortes Imagem é
pertinente. Há muito texto próprio (e, diga-se, muito pouco de Pessoa, o que,
por seu lado, não deixa também de ser uma desvantagem). Leitura em voz alta sem
erros e expressiva. Aspetos melhoráveis Texto criado, ainda que sem
erros, tem bastantes lugares comuns («meras respostas», «ego», «que me fiz eu a
Deus», «os nossos pontos fracos», «somos o nosso pior inimigo», «brincar com os
sentimentos dos outros») — ou seja, não estamos no domínio da linguagem
literária mas no da linguagem comum embora de pendor sentimental (esperava um
pouco mais neste tipo de trabalho). Houve apressadíssima leitura das instruções
(recordo-me que o autor não enviou título/verso; não adotou modelo de título do
ficheiro; texto está entre os textos dramáticos de Pessoa, pertence a Fausto, que é teatro, embora teatro
muito singular). Tempo quase mínimo e adoção de única imagem fixa (embora bem
escolhida) confirmam que não houve o investimento que supunha este trabalho.
Matilde
«A flor
que és, não a que dás, eu quero» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/3480 |
Matilde (15) Pontos fortes Texto criado e articulação com o texto de Ricardo
Reis. Leitura em voz alta competente (embora vacilasse no final do poema de
Reis). Aspetos melhoráveis O texto criado tem alguns lugares comuns
(«não estou buscando», «deveras», «repete infinitamente no meus pensamento»,
«invade-me o peito com angústia»). Faltam vinte segundos para se chegar ao
tempo mínimo exigido. A corrigir: «infera» é palavra grave («in[ε]fera»); ou
seja: não é «ínfera», nem lida como «infra»; «a água» saiu quase como «auga».
Margarida
«O amor,
quando se revela» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1318 | Margarida (17,5-18) Pontos fortes Estilo gráfico, com
lettering animado, entre BD, cartaz e filme com ligeiro movimento (esta escolha
original fica um pouco prejudicada pela parte final do filme, com imagens filmadas
avulsas — trechos de visitas de estudo, férias, etc. — que não seguem o mesmo
padrão gráfico: é importante manter coerência no estilo). Texto criado sem
erros (mas com os problemas dos textos sobre amor — cai-se em lugares comuns,
não é assunto em que seja fácil ser-se original, criativo). Aspetos
melhoráveis Leitura em voz alta talvez pudesse estar menos uniforme (mais ágil,
mais nervosa). A corrigir: «*[P’rá] saber que a estão a amar» ([P’ra] saber que
a estão a amar).
Tita
«Num dia
excessivamente nítido» (Alberto Caeiro)| http://arquivopessoa.net/textos/1108 | Tita
(19-19,5) Pontos fortes Criação de situação narrativa e seu desenvolvimento
segundo as técnicas do cinema (aproveitando bem os recursos que um filme
permite; planificando tendo em conta os requisitos dessa transposição). Edição
(montagem, som, imagens de mensagens, carta). Leitura em voz alta de poema e
relato oral competentes (mas v. 6 de Caeiro saiu hesitante — ou foi propositado
para imitar estilo ingénuo desse heterónimo?). Aspetos melhoráveis A
corrigir: «?*uma adiçã0» (é preferível «acrescento», «incorporação», «novo
elemento», já que «adição» passou a estar quase reservado para o sentido
‘dependência’).
Nicole
«Na ampla
sala de jantar das tias velhas» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3234 | Nicole (13,5-14) Pontos
fortes Estilo vintage
do filme; ângulos da filmagem. Texto criado interessante e sem erros, ainda que
sem evitar alguns lugares comuns. Aspetos melhoráveis Não é cumprido o
tempo mínimo (por quarenta segundos...). Na leitura em voz alta do poema, «ah!»
saiu muito artificial. A corrigir: «saudade» pareceu quase «*s[ó]dade»;
«*memória e ch[ó]ro» («memória e ch[ô]ro» — é o nome, não é ‘eu choro’); «*que
não se conheceu» (o que está no poema é «que se não conheceu»).
Ana & Pardal
«Como é
por dentro outra pessoa» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2784 | Pardal & Ana (18) Pontos fortes História do filme, uma
alegoria do poema de Pessoa, da dificuldade que é perceber-se cada um a si
mesmo e percebermos os outros. Leitura em voz alta coloquial, por Beatriz, para
a parte subjetiva, monologal; mais discutível o estilo de Ana, para o texto
mais analítico (admito que até seja uma representação naturalista, verdadeira,
mas o cinema, para ser verdadeiro, recorre a um fingimento, um estilo forjado
que, neste caso, simularia, exageraria até porventura, a psicologia daquela
personagem e seria também mais lento). Aspetos melhoráveis Falta uma
última demão na montagem (há, por exemplo, momento «vazios», sem som, que um
filme mais editado deve evitar; faltou tempo ou mais domínio técnico). No texto
criado eram escusados certos lugares comuns («luz ao fundo do túnel»; «vou
vivendo um dia de cada vez»; ...). A corrigir: «outrem», no poema, está sem
acento, logo não podemos ler «outrém» (as duas formas seriam viáveis, embora se
use cada vez mais a forma grave, «outrem»); «?*arrebatamento que é acordar
todos os dias» (será mesmo «arrebatamento»?).
Carolina & Carlota
«Passagem
das horas [b]» (Álvaro de Campos); «Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do
rio» (Ricardo Reis); «Eu nunca guardei rebanhos» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/827; http://arquivopessoa.net/textos/3427; http://arquivopessoa.net/textos/1456 |
Carlota & Carolina (14) Pontos fortes Empenho que o filme revela, mostrando gosto pela
elaboração do vídeo (sobretudo nos aspetos de encenação, nos adereços, na
caracterização), e sensibilidade para a planificação de um enredo, que se
consegue concretizar em termos de cinema (embora com preocupação desnecessária
de dizer tudo — cinema é, por natureza, sintético). Ideia de abranger os três
heterónimos, fazendo uma panorâmica do «essencial» acerca de cada um (diga-se
que esta vontade de abarcar tudo e de tratar cada heterónimo com as mesmas
etapas levou a que o filme ficasse muito longo e, por isso, surgissem muitos
lapsos — se o projeto não fosse tão ambicioso, decerto teriam tido mais tempo
para rever, não arriscariam tanto). Aspetos melhoráveis As instruções da
tarefa não foram bem lidas (alguns
dos textos foram dados em aula, os de Reis e de Caeiro, estavam portanto
proibidos; desaconselhara abordagens teóricas, de «sebenta» ou manual, que,
mesmo assim, fizeram). A corrigir nos textos: «a primeira pessoa *que me
transformei» (a primeira pessoa em que me transformei); «*tivera nascido»
(tinha nascido / nascera); «*vi uns amigos onde fiquei» (cuidado com «onde»!); «a
única coisa que parecia não mudar *é este caderno» (era); «são algo que me
*fascinam» (fascina); «*chamo de diário» (chamo diário); «*sempre fui encantado
com máquinas» (as máquinas sempre me encantaram / fascinaram); «?*marca o fim
deste» (marca o seu fim); «*sobrepondo a razão sobre a emoção» (sobrepondo a
razão à emoção); «*onde mais tarde» ([aos 12.1]; não pode ser «onde»);
«*monarquista» (monárquico); «*discordar com a» (discordar da); «?*regresso
para a capital» (regresso à capital); «*a forma de como ele» (a forma como
ele); «*espontaneadade» (espontaneidade); entretanto, «o sol tornar-se-á algo
inimaginável» é muito pouco à Caeiro (a Caeiro só interessa a realidade) e não
é verdade que Ricardo Reis viva «cada instante como se fosse o último» (pelo
menos, no sentido que esta expressão vai tendo na linguagem quotidiana). A
corrigir na leitura em voz alta: em Caeiro: «como um» (com um); «na mão» (nas
mãos); «*saudo» (saúdo); «*saudo-os» (saúdo-os); em Reis: «clareza, «atingiu»e
«sobrepondo» estão pouco claros.
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