Saturday, August 31, 2019

Pessoa pelo 12.º 5.ª


G. Sereno
«Eu, eu mesmo..» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2478 | Guilherme Sereno (19) Pontos fortes Conseguida expressividade da leitura em voz alta (sem erros, quer no texto de Campos quer na parte de texto do autor). Adequação dos efeitos de edição a que se recorreu, apropriados a Álvaro de Campos. Aspetos melhoráveis Texto criado para Campos talvez esteja mais enfático, mais «poético», do que seria a linguagem deste heterónimo (no fundo, costuma ser quase prosa, a euforia, a «poesia», é, em parte, deduzida). Ilustração de porto seguro com imagens de água.

Sara
«Se te queres matar, porque não te queres matar?» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4360 | Sara (17-17,5) Pontos fortes Aproveitamento do texto de Campos para cruzamento com narrativa de depressão (embora, quanto a mim, a depressão pudesse ser trabalhada mais literariamente — imagens estão bem, mas texto parece-me muito descritivo (seria melhor deixar inferir, através de texto mais subtil, do que usar tradução direta em palavras correntes). Encenação; toda a planificação e produção do filme. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta (Campos exige mais expressividade; e houve algumas pequenas hesitações — por exemplo, em «pouco te chorarão»). A corrigir: em termos de pronúncia: «pen[z]amentos» (pen[s]amentos); em termos de redação: «*se houveram» (houve); «*se para aquelas pessoas» (àquelas); «*e apenas separou-me mais dos amigos» (me separou).

Mafalda & Natacha
«Começa, no ar da antemanhã» (Fernando Pessoa); «O que há em mim é sobretudo cansaço» (Álvaro de Campos); «Náusea. Vontade de nada.» (Fernando Pessoa); «Sim, sei em» (Ricardo Reis); «Bem sei que estou endoidecendo» (Fernando Pessoa); «Se penso mais que um momento» (Fernando Pessoa); «Para ser grande, sê inteiro: nada» (Ricardo Reis); «Pela rua já serena» (Ortónimo); «Não digas nada!» (Ortónimo) | http://arquivopessoa.net/textos/466; http://arquivopessoa.net/textos/269; http://arquivopessoa.net/textos/3038; http://arquivopessoa.net/textos/2635; http://arquivopessoa.net/textos/2385; http://arquivopessoa.net/textos/2502; http://arquivopessoa.net/textos/503;http://arquivopessoa.net/textos/1238; http://arquivopessoa.net/textos/460 | Natacha & Mafalda (18,5-19) Pontos fortes Alternância narrativa (entre Pessoas e vidas das autoras; e entre as duas autoras) leva a bom ritmo. Capacidade de contar uma história (em cinema), com planificação de tudo, por um lado, e cuidado técnico, por outro. Expressão oral na parte autobiográfica (coloquialidade e, ao mesmo tempo, clareza e correção). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta dos poemas (é verdade que quase sem erros, mas não tão expressiva e adequada a cada poema quanto seria possível). O poema «O que há em mim é sobretudo cansaço» fora dado em aula (e «Para ser grande sê inteiro» está no manual», na p. 72). A corrigir: «*exce[pt]uando» (exce[t]uando); «*Nem sei se é penar isto que tenho» (Nem se é); «*o dia aca[ba] a horas diferentes» (Mafalda tende a «comer» sílabas); «?* Bem se[im] que falha em mim» (Bem sei).

B. Entrezede
«[Liberdade] Ai que prazer» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/4307 | Entrezede (18) Pontos fortes Ritmo típico do cinema. Ideia de diluir o poema em momentos de fala da ficção criada (por várias personagens). Boas representação, e encenação, desses momentos. Embora indiretamente, acerta-se no sentido — que é irónico — do texto. Aspetos melhoráveis Percebe-se que não há conhecimento do contexto em que surgiu este poema, que, no entanto, até terá sido explicado em aula (em tempos sugeri que lessem este artigo, que mostra como o texto tem sido mal interpretado e editado). A corrigir: «conquanto que este direito não vai de acordo com o que outr[é]m» (não vá contra ao de outr[e]m»).

Elisa & Rita
«Se eu morrer novo» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/986 | Rita & Elisa (15-15,5) Pontos fortes Leitura em voz alta quase sem erros, ainda que talvez se possa criticar a exagerada uniformidade, o mesmo ritmo sempre (é verdade que Caeiro talvez seja um pouco assim). Texto construído fundamentado nas características de Caeiro (que, no entanto, foram transpostas sem grande mediação das autoras, assemelhando-se demasiado às definições usuais). Aspetos melhoráveis Relativamente pouco tempo (considerando que é trabalho de dupla e que há vários momentos sem texto). Pormenor: uso de slide com a cara de Pessoa quebra o estilo do resto do filme (é boa estratégia manter coerência «gráfica»). A corrigir: «*e[n]fémero»; «mesmo que os versos» (no original está «mesmo que os meus versos».

Ana
«Vivem em nós inúmeros» (Ricardo Reis); «Agora que sinto amor» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1823; http://arquivopessoa.net/textos/643 | Ana ((18-)17,5) Pontos fortes Planificação integral — coerente (embora a segunda metade do vídeo pareça mais fraca em termos de imagens). Ideia-base do argumento (crítica de Pessoa ao heterónimo). Calma e clareza da leitura em voz alta (mas talvez os poemas permitissem maior expressividade). Aspetos melhoráveis A corrigir: «entretanto, lembra-se que tem» (dado o contexto desta frase, era preciso explicitar o sujeito); pronúncia «tod[á]via» (preferível «tod[α]via»); «*mais almas do que» (no original não há «do»).

Maia
«Ao entardecer, debruçado pela janela» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1469 | Maia (17(-16,5)) Pontos fortes Criatividade do texto criado. Facilidade técnica revelada (paralelamente decerto com menos tempo concedido ao trabalho do que talvez devesse ter havido?). Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta poderia ter sido mais ensaiada (algumas entoações não saíram bem apenas porque não foram repetidas antes, pareceram quase improvisadas no momento — cfr. último verso de Caeiro). Slides ggoglados prejudicam coerência do estilo. A corrigir: «*em quem as pessoas confiem a honra» (a quem as pessoas confiem a honra); «?*o que quer que seja que elas queriam» (o que quer que fosse que elas queriam); sentido de «magnânimo» não me pareceu o correto (‘generoso’), mas não a certeza.

Rodrigo
«Não, não é cansaço...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/228 | Rodrigo (18 ou quase 18-(18,5)) Pontos fortes Produção, texto, articulação das várias técnicas que implica um filme, que mostram ter havido planificação e saber para a concretização desse plano. Sensibilidade para o cinema. Ideia de adotar o formato do programa «Alta definição» a um contexto ficcionado (que, porém, já não é inédita). Expressão oral (recitado ou lido?), sendo interessante ser represntação. Aspetos melhoráveis Várias informações da entrevista não correspondem à biografia de Pessoa (sem que pareça ser isso propositado ou útil; dá ideia de que falhou a investigação desses factos): Pessoa nasceu em Lisboa (embora tivesse ascendentes dos Açores); nunca foi a Inglaterra (esteve, isso sim, na África do Sul, território então da corona britânica); não se pode dizer que gostasse de passear (a não ser em Lisboa e, aparentemente, sobretudo para chegar aos cafés, aos escritórios, não à Cesário, por gosto da observação e da deambulação); Pessoa até foi bastante fotografado (se considerarmos a época em que viveu). A corrigir: «*onde fundei o maior fiasco da história, que a minha empresa» (onde fundei o maior fiasco da história, que foi a minha empresa); «*Rua Conceição da Glória» (Rua da Conceição à Glória».

Grego
«Uns, com os olhos postos no passado»; «Segue o teu destino» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/2695; http://arquivopessoa.net/textos/602 | Grego (15-(15,5)) Pontos fortes Imagem, que é solução expedita, até resulta, mas dentro da simplicidade adotada podia haver um elemento que se cruzasse mais com o texto (até com a menção do F.C. Porto; ou através de alusão a Pessoa em algum pormenor do passeio), para se dar a ideia de conjunto mais articulado. Leitura em voz alta sem erros «textuais (mas pouco expressiva). Aspetos melhoráveis Sensação de que tudo foi feito à primeira tentativa (ou à segunda): sentimos a capacidade, facilidade, mas também a falta de investimento em termos de tempo. A duração (tempo mínimo precisamente) confirma que se tratou de cumprir uma exigência um pouco em cima da hora. Textos, ainda que parcialmente, tinham sido usados em aula — cfr. p. 72. A corrigir: «*não mostram individualismo» (não mostram individualidade / personalidade); «mostram», aliás, saiu quase «mo[n]stram».

Alexandra
«O amor, quando se revela» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/1318 | Alexandra (15,5-16) Pontos fortes Texto próprio competente. Leitura em voz alta da parte de Pessoa sem erros (embora demasiado declamada, «altissonante»). Leitura em voz alta do texto próprio expressiva e a revelar facilidade (por vezes, porém, comedora de sons, como sucede aos lisboetas — exemplo: «superarias» percebe-se mal). Aspetos melhoráveis Embora os slides usados pertençam ao acervo da autora, deveria ter-se evitado querer fazer corresponder, o que acontece por vezes, texto e imagem (resulta mal pretender ilustrar no ecrã o referente a que se aludiu no discurso).

Beatriz P. & Leonor
«A rapariga inglesa, uma loura, tão jovem, tão boa» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/1128 | Leonor & Beatriz P. (18-(18,5)) Pontos fortes Edição, produção, todo o acabamento do filme, reveladores de gosto atístico e de saber técnico. Cenário, cuidados com o contexto, caracterização. Conceção da narrativa, com a criação do ponto de vista da «rapariga inglesa». Leitura em voz alta sem erros, ainda que falte a Leonor, aqui e ali, mais «nervo», algumas modulações («inquietação» saiu pouco claro a Beatriz; «me lembra ainda e é constante», pouco claro a Leonor). Aspetos melhoráveis Talvez reduzisse a extensão dos momentos com personagens a escrever. A corrigir: «*conje[k]turas» é dito, pelo menos em Lisboa, «conjeturas» (portanto, também na escrita desaparece o C). Porque é que omitiram verso(s) como «Comem marmelade ao pequeno almoço em Inglaterra...»?

João R.
«A aranha do meu destino» (Fernando Pessoa); «[Hora absurda] O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/3262; http://arquivopessoa.net/textos/829 | João R. (18-(17,5)) Pontos fortes Texto criado e sua articulação com todo o resto do filme (incluo letra de canção e música). Ritmo. Soluções «fílmicas» expeditas, embora se perceba ter havido aproveitamento de imagens já recolhidas muito antes. Aspetos melhoráveis Leitura em voz alta tende a ser ligeiramente rápida (e poderia ser mais expressiva), embora sempre sem erros. Na fase do envio, faltaram links e indicação de heterónimo ou ortónimo. A corrigir: em «que eventualmente as esqueça», «eventualmente» é usado na aceção ‘finalmente’ (é um caso de «falso amigo» inglês, já que em bom português esta palavra significa ‘talvez’).

Miguel
«Sonho sem fim nem fundo» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2750 | Miguel (15,5) Pontos fortes Sofisticação do texto criado. Parte visual, embora aparentemente simples ou mesmopobre, é pertinente e tem bom gosto, no seu minimalismo: acompanha-se a evolução da noite ao nascer do dia. Aspetos melhoráveis Trabalho tem quase o tempo mínimo (2.29) — ora, embora dentro dos limites impostos (enfim, por um segundo...), é sempre pena que se opte pela duração menor possível. Leitura em voz alta poderia ser mais lenta, menos lisboetamente«comedora» de sílabas (no caso do texto próprio) e mais expressiva (no caso do poema). A corrigir: «O túmulo *foi fechado» (no original do poema não há «foi»); «*O aberto foi fechado» (no original: «Aberto foi achado»); nas legendas: «Fernando pessoa» (Fernando Pessoa).

Arruda
«Dizes-me: tu és mais alguma coisa» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3358 | Arruda (12) Pontos fortes Parte visual do trabalho revela bom gosto, intuição estética. Também o fundo musical confirma este sensibilidade artística e a competência técnica. Leitura em voz alta, em geral, bem e expressiva aqui e ali, mas com erros (que indicarei a seguir). Aspetos melhoráveis Instruções não terão sido lidas: além de se não ter cumprido indicações no momento do envio, tempo ficou aquém do estipulado (2.08 — e com muito tempo sem texto ouvido —; o mínimo era 2.30); e, sobretudo, não se teve em conta que teria de haver texto próprio. A corrigir: «*sei que a pedra é real» (sei que a pedra é a real); «*apenas por isto» (a elas por isto).

Arthur
«Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos» (Álvaro de Campos); «Ah, no terrível silêncio do quarto» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/208; http://arquivopessoa.net/textos/3440 | Arthur (12) Pontos fortes Leitura em voz alta quase sem erros e procurando — e conseguindo quase sempre — ser expressivo. Aspetos melhoráveis No fundo, não se ter lido bem as instruções da tarefa, o que fez que: (i) falte texto próprio; (ii) duração seja de 2.01 (o mínimo era 2.30); (iii) se tenha recorrido a slides (googlados). A corrigir: «*me encontrará» (ma encontrará); «*de imaginação» (da imaginação); «*quem me dera» (quem me dará).

Guilherme A.



«É inútil prolongar a conversa de todo este silêncio» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/995 | Guilherme A. (14,5-14) Pontos fortes Leitura em voz alta com expressividade que acompanha bem o poema (não é só ênfase ou dramatismo; está pensada segundo o que o poema vai dizendo), ainda que com alguns erros localizados (ver em baixo). Texto criado entre penúltima e última estrofes sem erros e até elegante. Edição competente (música, som, imagem, letra do poema), embora se deva dizer que se trata de um filme-apresentação mais do que de um filme-filme. Aspetos melhoráveis A corrigir: no poema, não está «*e outro amigo» (mas: «outro e amigo»); e não está «*porque o vais fazer» (mas: «porque o vais dizer); no «aceso do velho» parece soar como «no *acesso do velho»; «ias advertir-te» é dito «ias *divertir-te».



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