Saturday, August 31, 2019

Pessoa pelo 12.º 4.ª


Clara
«[Psiquetipia (ou Psicotipia)] Símbolos. Tudo símbolos…» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/67 | Clara (18) Pontos fortes Edição (destaco som). Ritmo, variedade. Texto próprio sem erros (embora sem deixar de cair em lugares comuns — «vivemos num mundo em que...»). Expressão oral sem falhas, ainda que talvez não tão expressiva quanto seria possível (no sentido de poder ser mais irónica). Aspetos melhoráveis Ecrã na vertical. A corrigir: «?*a linha da realidade é ténue» (a linha que separa a realidade da ... é ténue).

Marta
«Não sei se os astros mandam neste mundo,» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3147 | Marta (19,5) Pontos fortes Agregação de narratividade e poesia (diríamos que a abordagem é quase intersecionista — cfr. a fase pessoana que ilustrámos com «Chuva oblíqua»). Poesia também nas imagens. Edição. Expressão oral. Aspetos melhoráveis A corrigir: «*deixaria cair a beata sob a calçada» (sobre); «?* calçada previamente degradada» (calçada já degradada). Evitaria duas «infinidades» seguidas (outras palavras a descartar: «desvanecidas», «mente»).

Rodrigo
«Chove muito, chove excessivamente...» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/1028) | Rodrigo (19,5) Pontos fortes Leitura em voz alta do poema. A própria inserção dessa parte no contexto do resto do filme. Edição (saliento som). Aspetos melhoráveis Aquando do envio, título do ficheiro não seguia modelo pedido. Tenho dúvidas quanto ao uso da legenda «futuro» e do relógio/cronómetro. A corrigir: «?* recordações e nostalgias» (preferível: «nostalgia»); «quão rápido...» (é feiosa esta estrutura: prefira-se «como são...»); «os meses são gigantes» (gigantescos); logo no início não percebo bem «meticuloso e [?eterno?]».

Tomás L.
«Vai alta no céu a lua da primavera» (Alberto Caeiro); «O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia» (Alberto Caeiro); «Nocturno de dia» (Álvaro de Campos); «Amo o que vejo porque deixarei» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/1005; http://arquivopessoa.net/textos/3555; http://arquivopessoa.net/textos/1174; http://arquivopessoa.net/textos/1817 | Tomás (19) Pontos fortes Edição, capacidade técnica. Conjugação de ‘ironia/ritmo da comunicação atual’, ‘poemas de Pessoa’ e pequenas brincadeiras em torno do processo da produção (ou seja, do plano da enunciação); e de vários eixos (da narrativa) e vários géneros (estilos). Aspetos melhoráveis Evitaria a cena do soco. A corrigir: «*premiação» (prémio) — mas talvez fosse propositado, enquanto elemento de caricatura da personagem.; «?*um dos melhores poetas portuguesas» (mais importantes)»; «*naturista Alberto Caeiro» (o sentido habitual de «naturista» é ‘nudista’; Caeiro seria alguém que gostava de estar próximo da natureza).

Gonçalo
«Da mais alta janela da minha casa» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1112 | Gonçalo (17,5) Pontos fortes Leitura em voz alta muito competente, embora Caeiro pudesse ser dado num tom mais coloquial (menos escolar, mais espontâneo e admirado com tudo). Incorporação do texto próprio no poema de Caeiro (e vice versa). Aspetos melhoráveis Imagem é sobretudo ilustrativa (não funciona como mais-valia, como se desejaria num trabalho deste género).

Tomás N.
«[Insónia] Não durmo, nem espero dormir» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2358 | Tomás N. (17) Pontos fortes Leitura em voz alta do poema e dos trechos próprios integrados (certa hesitação apenas em «todos os versos são sempre escritos no dia seguinte»); no entanto, Campos pode ser ainda mais dramatizado, é mais heterogéneo (acolheria bem uma leitura com vários estilos justapostos). Engenho em criar uma situação propícia ao texto de Álvaro de Campos (embora acabasse assim por haver pouco texto original). Aspetos melhoráveis A corrigir: «*há um ano atrás» (os puristas consideram que é pleonasmo e se deve dizer apenas «há um ano»); «*exce[p]to» (mesmo que haja P no texto que se lê — antes do AO —, o [p] há muito que não é dito).

Joana, Laura, Mafalda
«Não, não é cansaço...» (Álvaro de Campos); «[O Futuro] Sei que me espera qualquer coisa» (Álvaro de Campos); «A espantosa realidade das coisas» (Alberto Caeiro); «Às vezes, em sonho triste» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/228; http://arquivopessoa.net/textos/1250; http://arquivopessoa.net/textos/3364; http://arquivopessoa.net/textos/554 | Mafalda, Laura, Joana (19-19,5) Pontos fortes Diluição (incorporação) de textos de Pessoa em história muito bem adaptada ao cinema. Narratividade (enredo tem qualquer coisa dos filmes de Giuseppe Tornatore, o realizador de Cinema Paraíso ou Malèna) — cfr. a ação cíclica (tópico das pedras recuperado no final) e a importância das avenidas. Edição (destaco som, música). Leitura em voz alta dos textos (Laura, MB; Joana MB-/B+, Mafalda, MB). Aspetos melhoráveis Som captado das falas, por vezes, fica um pouco escondido por música ou por resto do som ambiente.

Diana
«É tão suave a fuga deste dia» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/2737 | Diana (15) Pontos fortes Incorporação dos versos de Ricardo de Reis num texto criado coerente. Leitura em voz alta do poema de Reis sem erros (mas, no final, um pouco rápida). Texto próprio sem erros, ainda que se um estilo que se possa considerar elegantíssimo. Aspetos melhoráveis Relativamente pouco investimento num trabalho que se assumia ser tarefa de fundo (por exemplo, quase desperdício da componente visual). A corrigir: «*repugnei o amor» (tive repugnância pelo amor; rejeitei o amor; repugna-me o amor —«repugnar» não é transitivo direto); «?* o porquê» (a causa, o motivo); «?* não existe qualquer prova da sua existência»; (não há); «cartas [...] cartas essas que» (não é erro, mas tenho desaconselhado esta estrutura: é preferível «cartas, que»).

Eduardo
«Fúria nas trevas o vento» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2337 | Eduardo (18,5) Pontos fortes Ironia sobre o próprio processo de construção do filme e da redação. Expressão oral moldada a cada atitudeplástica (facilidade de represntação, leitura em voz alta impecável). Representação também na vertente gestual. Edição (incluindo música). Aspetos melhoráveis Final (tecnicamente?) pareceu-me precipitado.

Laura O.
«[XLVIII] Da mais alta janela da minha casa» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/1112 | Laura O. (17) Pontos fortes Expressão oral, clara e calma, em velocidade apropriada (embora o estilo de Caeiro pudesse ser mais o de uma criança aoi mesmo tempo ingénua, entusiasmada com tudo e em paz). Edição (bom acabamento de tudo). Texto próprio acrescentado ao de Caeiro insere-se bem no deste heterónimo, ou mestre dos heterónimos e de Pessoa, e não tem erros. Aspetos melhoráveis O que observei acerca de uma leitura ideal «à Caeiro». Quanto ao texto criado, ainda que sem erros, não é tão bom quanto a autora conseguiria fazer.

Lourenço
«Insónia» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/2358 | Lourenço (14,5-15) Pontos fortes Trechos próprios acrescentados ao de Álvaro de Campos sem erros, ainda que demasiado curtos. Leitura em voz alta do poema sem falhas (ou quase sem falhas), embora me pareça que era possível ter-se sido mais expressivo (aproveitando a dramatização a que os textos de Campos convidam). Aspetos melhoráveis Certo desperdício da componente visual do trabalho. Muísica de fundo contende um tanto com o estilo de Campos. A corrigir: pronúncia de «fora deles» (não é «*f[ô]ra», mas «f[ó]ra»).

Afonso
«Segue o teu destino» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/602 | Afonso Picão (18) Pontos fortes Texto criado, num género que reúne características expositivas mas também dos textos poéticos. Clareza e ritmo adequado da leitura em voz alta. Apuramento técnico da edição. Aspetos melhoráveis A corrigir: pronúncia de «fecham» (no dialeto de Lisboa será «f[α]cham», ou «f[αj]cham», mas o que ouvimos no filme é «f[ε]cham» ou «f[e]cham» , como dirão os nortenhos ou os alentejanos e algarvios).

Madalena
«Não sei. Falta-me um sentido, um tacto" (Álvaro de Campos); http://arquivopessoa.net/textos/4355 | Madalena (15) Pontos fortes Redação do texto criado. Leitura em voz alta na parte do poema (já a leitura do texto da autora está talvez demasiado rápida). Aspetos melhoráveis Não se chega ao tempo mínimo, ainda que por poucos segundos (2.23 — eu dizia «cerca de 2.30», o que pode abranger os 2.23). A corrigir: no contexto em que surge (que aqui não vou transcrever),«teria morrido» deveria ser «tinha morrido» ou «morrera»; «*entristicer» (entristecer).

Hugo & Pedro
«Ah, no terrível silêncio do quarto» (Álvaro de Campos); «É inútil prolongar a conversa de todo este silêncio.» (Álvaro de Campos); «Ah! Ser indiferente!» (Álvaro de Campos); «Sou o fantasma de um rei» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/3440; http://arquivopessoa.net/textos/995; http://arquivopessoa.net/textos/3152; http://arquivopessoa.net/textos/596 | Pedro & Hugo (18-18,5) Pontos fortes Escrita do texto. Expressão oral (sobretudo na leitura dos poemas). Narratividade (traduzir a passagem do tempo em filme não é, porém, fácil). Interessante o momento em que se aferiu que a vida é demasiado preciosa para ser desperdiçada em futilidades e, ao mesmo tempo, se «emborca» pão barrado com doce de morango, ou outro doce qualquer, e vemos Marta Themido no ecrã (muito premonitório). Aspetos melhoráveis Representação discutível (um pouco entre o estilo do Teatro Nacional D. Maria II e o de um filme português dos anos setenta), também porque os diálogos, por vezes, não ajudam («existem diversas vertentes» numa conversa de amigos parece um pouco artificial, não concordam?).

Leonor
«O luar através dos altos ramos» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3431 | Leonor (14) Pontos fortes Redação boa (entre a análise de texto e a reflexão pessoal). Clareza na leitura em voz alta. Imagens são fotografias tiradas pela autora. Aspetos melhoráveis Tempo mínimo pedido não foi atingido (2.07, apenas, contra os «cerca de 2.30» exigidos). A corrigir: «*dizem os poetas que ele» («dizem os poetas todos que ele» é o que está no poema); «?*o interpretarmos como ser apenas o mundo» (o interpretarmos como o mundo apenas).

Emilly
«Quando as crianças brincam» (Fernando Pessoa) | http://arquivopessoa.net/textos/2185 | Emilly (15,5) Pontos fortes Bom equilíbrio, boa articulação, entre imagens e texto. Texto criado bem escrito e a dar bom pretexto para o surgimento de imagens autobiográficas (que, em conjunto com as da turma, conferem ao que vai dizendo fiabilidade, chancelam-no, por assim dizer — como se estivesse ali o vero testemunho do que se defende no texto). E, no entanto, é curioso que o que dizia o eu do poema de Pessoa é o contrário do que se comprova no vídeo (o sujeito poético alegava que não tinha tido infância; a autora do texto presente mostra a importância do seu passado). Aspetos melhoráveis O poema «Quando as crianças brincam» foi dado em aula. Leitura em voz alta, por vezes, demasiado apressada. Tempo quase mínimo (2.32; como se se tivesse de acabar o trabalho logo que atingido o mínimo necessário...).

Francisca
«Onde é que os mortos dormem? Dorme alguém» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/3516 | Francisca (17,5) Pontos fortes Criatividade, sentido estético do trabalho, resultando num objeto bem acabado, com sensibilidade artística. Minimalismo. Leitura em voz alta (embora com pouco Pessoa, diga-se). Aspetos melhoráveis Duração é a do exato mínimo exigido (quanto a mim, os bons trabalhos devem fugir a ser tão económicos). A corrigir: «*lembrança que o tempo estava a passar» (lembrança de que o tempo estava a passar); e pareceu-me que «por isso não o posso fazer» não terá muito lógica no contexto em que está.

Botea
«Se te queres matar, porque não te queres matar?» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/4360 | Botea (17,5) Pontos fortes Plasticidade nas entoações (estilo dialogal, com vários sotaques, funciona bem, mostra facilidade na expressão oral, embora, porque implica caricatura, retire ao filme o tom poético que pudesse haver). Edição, acabamento técnico (sem grandes ambições, mas seguro no formato adotado). Aspetos melhoráveis A partir de certa altura, é notória a escassez de imagens, ainda que esse desequilíbrio se justifique por estarem feitas as apresentações das duas vozes (anjo, diabo) e ser desnecessário estar sempre a singularizá-las.

André
«Enquanto eu vir o sol luzir nas folhas» (Ricardo Reis) | http://arquivopessoa.net/textos/1980 | André (13-13,5) Pontos fortes Leitura em voz alta do poema quase sem erros (mas talvez pouco ambiciosa, sem arriscar expressividade). Texto próprio também razoavelmente escrito e dito (mas sem parecer haver grande investimento). Asseio técnico. Aspetos melhoráveis Não se atinge tempo mínimo (filme tem 2.26, mas pouco depois a partir de 1.49 deixa de haver texto). A corrigir: «natureza [as]tensa» (extensa); «a sua *calmeza e a sua transparência acalmavam-me» (evitar duas palavras da família de «calma» tão perto; «calmeza», aliás, não existe: «calma»).

Júlia

«Não venhas sentar-te à minha frente, nem a meu lado» (Fernando Pessoa) ; «[Insónia] Não durmo, nem espero dormir» (Álvaro de Campos) | http://arquivopessoa.net/textos/1448 ; http://arquivopessoa.net/textos/2358 | Júlia (18) Pontos fortes Texto criado quase não se distingue do de Campos/Pessoa, o que significa que houve boa redação. Estilização gráfica, efeitos de montagem, toda a edição. Expressividade da leitura em voz alta (aqui e ali, porém, clareza, «definição» das palavras podia ser melhor).Aspetos melhoráveis Tenho algumas dúvidas quanto às vantagens da música de fundo. A corrigir (ou antes, a ponderar): «chamo de vida» está correto na variante brasileira mas em português europeu será «chamo vida» (só refiro este caso, porque a estrutura com «de» já vem sendo adotada também pelos falantes de variante europeia).

Adolfo

«[XXXII] Ontem à tarde um homem das cidades» (Alberto Caeiro) | http://arquivopessoa.net/textos/3417 | Adolfo (14,5) Pontos fortes Interessante ter-se relacionado o poema com um facto muito atual, o cenário de uma crise (neste caso, pandémica) e como ela afeta as pessoas e a cidade. A última frase do texto criado («Haverá alguma vez mais o normal?») é um belo fecho. Competência técnica (som e filme). Leitura em vez alta quase não tem erros, apesar de se tratar de um poema ainda longo (certa lentidão e estilo de quem está a pensar desprendidamente até tem que ver com a personalidade calma de Alberto Caeiro). Aspetos melhoráveis No texto criado, a escrita devia estar mais revista (parte do texto foi quase improvisada oralmente?). A corrigir: «*perguntas que nós falámos» (perguntas que fizemos); «*comparada à dos outros» (comparada com a dos outros); no poema lido: «que eu não sou bom» («eu» não está no original); e «até às lágrimas» ficou pouco claro.

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