Wednesday, August 22, 2018

A Ilustre Casa de Ramires 10


Teresa & Inês (11.º 3.ª)
Inês & Teresa C. (Muito Bom (-)) Pontos fortes Todo o pastiche-paródia (a imitação é realista mas não deixa de resultar caricatural, por isso ‘pastiche e paródia’) implica noção apurada das características de uma, digamos, Eça TV (conhecimento dos tiques da informação televisiva dos nossos dias e leitura atenta das duas obras de Eça). Inteligência no modo como resolveram o problema de tratar simultaneamente Os Maias e A Ilustre Casa de Ramires. Muito trabalho e atenção, sempre criativa, aos pormenores (e, naturalmente, domínio técnico — embora eu admita que esse domínio terá advindo sobretudo da diligência de resolver os problemas que se punham, logo, do tal rigor e empenho em fazer bem). Faria só dois reparos à execução de tantas boas ideias: Inês, que representa quase sempre bem, por vezes não olha rigorosamente em frente, como fazem os locutores ao lerem o teleponto; à representação de Teresa na estrada de Ramilde falta talvez mais ensaio (ou espontaneidade e descaramento?). Aspetos melhoráveis A linguagem nem sempre se adaptou idealmente às contingências da passagem para o século XXI e aos registos de cada subgénero televisivo (exemplos: em vez de «Castro Gomes» seria talvez «um cidadão extra-comunitário, de nome Castro Gomes»; também boa parte da intervenção de Gonçalo parece mais de discurso escrito do que de depoimento oral em direto: «valentão de N.» implica assumir a distância de um narrador que não é quem depõe). A corrigir: nas legendas que transcrevem a introdução de Sofia Barros ao Telejornal, o segmento «e a história da criada que descobriu um escândalo de adultério» deveria estar a seguir a ponto e vírgula (para manter o paralelismo com o resto da enumeração — ou seja, o facto de usarmos a conjunção copulativa não nos exime de manter a pontuação que hierarquiza o resto da lista) e, já agora, Juliana não «descobriu um escândalo de adultério», descobriu um adultério escandaloso ou, até melhor, descobriu um adultério cuja divulgação resultará num escândalo; na legenda cerca de 2.53, «na qual» tem de ser antecedido de uma vírgula, já que não é restritivo; «*para confrontar Carlos» (para confrontar Carlos com...).

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