A Ilustre Casa de Ramires 10
Teresa
& Inês
(11.º 3.ª)
Inês & Teresa C. (Muito Bom (-)) Pontos fortes Todo o pastiche-paródia (a
imitação é realista mas não deixa de resultar caricatural, por isso ‘pastiche e
paródia’) implica noção apurada das características de uma, digamos, Eça TV
(conhecimento dos tiques da informação televisiva dos nossos dias e leitura
atenta das duas obras de Eça). Inteligência no modo como resolveram o problema
de tratar simultaneamente Os Maias e A Ilustre Casa de Ramires. Muito trabalho
e atenção, sempre criativa, aos pormenores (e, naturalmente, domínio técnico —
embora eu admita que esse domínio terá advindo sobretudo da diligência de
resolver os problemas que se punham, logo, do tal rigor e empenho em fazer
bem). Faria só dois reparos à execução de tantas boas ideias: Inês, que representa
quase sempre bem, por vezes não olha rigorosamente em frente, como fazem os
locutores ao lerem o teleponto; à representação de Teresa na estrada de Ramilde
falta talvez mais ensaio (ou espontaneidade e descaramento?). Aspetos melhoráveis A linguagem nem sempre
se adaptou idealmente às contingências da passagem para o século XXI e aos
registos de cada subgénero televisivo (exemplos: em vez de «Castro Gomes» seria
talvez «um cidadão extra-comunitário, de nome Castro Gomes»; também boa parte
da intervenção de Gonçalo parece mais de discurso escrito do que de depoimento oral
em direto: «valentão de N.» implica assumir a distância de um
narrador que não é quem depõe). A corrigir: nas legendas que transcrevem a introdução
de Sofia Barros ao Telejornal, o segmento «e a história da criada que descobriu
um escândalo de adultério» deveria estar a seguir a ponto e vírgula (para
manter o paralelismo com o resto da enumeração — ou seja, o facto de usarmos a
conjunção copulativa não nos exime de manter a pontuação que hierarquiza o
resto da lista) e, já agora, Juliana não «descobriu um escândalo de adultério»,
descobriu um adultério escandaloso ou, até melhor, descobriu um adultério cuja divulgação
resultará num escândalo; na legenda cerca de 2.53, «na qual» tem de ser
antecedido de uma vírgula, já que não é restritivo; «*para confrontar Carlos» (para
confrontar Carlos com...).
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