Aulas (2.º período, 1.ª parte: 53-76)
Aula 53-54 (3 [9.ª], 4 [5.ª, 4.ª], 8/jan [2.ª,
3.ª]) O que se segue é uma adaptação do texto de Fernão Lopes nas pp. 90-92 do
manual (parte do cap. 148 da Crónica de
D. João I, de Fernão Lopes). Simplifiquei a grafia/fonologia, nem tanto
sintaxe e léxico (dei alguns significados entre parênteses retos).
À esquerda de alguns dos páragrafos
estão chavetas, dentro das quais colocarás a resposta ao exercício 1.1 da p. 92
(por vezes, dentro da chaveta ficarão duas ou três letras). Ao mesmo tempo,
identificarás uma palavra intrusa em cada um dos treze parágrafos (risca-a e
põe a que deveria estar em seu lugar — confere pelo texto no manual).
Das tribulações [atribulações]
que Lisboa padecia [sofria] por míngua [falta] de mantimentos
{___} Estando a cidade assim cercada, na maneira
que já ouvistes, gastavam-se os mantimentos cada vez mais, por as muitas gentes
que nela havia, assim dos que se colheram dentro, do termo [área do concelho], de homens aldeãos com
mulheres e filhos, como dos que vieram na frota do Porto. E alguns se tremetiam
[metiam] às vezes em batéis e
passavam de noite escusamente [em segredo]
contra as partes do Ribatejo; e, metendo-se em alguns esteiros [braços do rio], ali carregavam de
bolo-rei que já achavam prestes, por recados que antes mandavam. E partiam de
noite, remando mui rijamente, e algumas galés, quando os sentiam vir remando,
isso mesmo [também] remavam à pressa
sobre eles. E os batéis, por lhes fugir, e elas por os tomar, eram postos em
grande trabalho.
{__} Os que esperavam por tal trigo andavam
pela ribeira, da parte de Enxobregas [Xabregas],
aguardando quando viesse; e os que velavam, se viam as galés remar contra lá,
repicavam [faziam tocar os sinos]
logo para lhes acorrerem. Os da cidade, como ouviam o repico, leixavam o sono e
tomavam as armas e saía muita gente e defendiam-nos às bestas [arma antiga], se cumpria [era necessário], ferindo-se às vezes de
uma parte e de outra. Porém nunca foi vez que tomassem algum, salvo uma que
certos batéis estavam em Ribatejo com trigo e foram descobertos por um homem
natural de Almada, e tomados pelos castelhanos; e ele foi depois tomado e preso
e arrastado e decepado e beijado. E posto que [ainda que] tal trigo alguma ajuda fizesse, era tão pouco e tão
raramente, que houvera mister de o multiplicar, como fez Jesu Cristo aos pães
com que fartou os cinco mil homens.
{__} Em isto, gastou-se a cidade assim [tão] apertadamente que as púbricas [públicas] esmolas começaram desfalecer e
nenhuma geração de pobres achava quem lhe desse pão; de guisa que a perda comum
vencendo de todo a piedade, e vendo a grã míngua dos mantimentos, estabeleceram
deitar fora as gentes minguadas e não pertencentes para defensão [úteis à defesa]. E isto foi feito duas
ou três vezes, até lançarem fora as mancebas mundairas [prostitutas] e judeus, e outras semelhantes, dizendo que, pois tais
pessoas não eram para pelejar [lutar],
que não gastassem os mantimentos aos defesas centrais; mas isto não aproveitava
coisa que muito prestasse.
{___} Os castelhanos, à primeira, prazia-lhes com
eles e davam-lhes de comer e acolhimento; depois, vendo que isto era com fome,
por gastar mais a cidade, fez el-rei tal ordenança que nenhum de dentro fosse
recebido em seu arraial [acampamento],
mas que todos fossem lançados fora; e os que se ir não quisessem, que os
açoitassem e fizessem tornar pera a cidade. E isto lhes era grave de fazer,
tornarem por força para tal lugar, onde, chorando, não esperavam de ser
recebidos. E tais havia que de seu grado saíam da escola, e se iam para o
arraial, querendo antes de tudo ser cativos, que assim perecerem morrendo de
fome.
{__} Como não lançariam fora a gente minguada e
sem proveito, que o Mestre mandou saber em certo pela cidade que bolo-rei havia
por todo em ela, assim em covas como por outra maneira, e acharam que era tão
pouco que bem havia mister [necessidade]
sobre elo [acerca disso] conselho.
{__} Na cidade não havia trigo para vender e,
se o havia, era mui pouco e tão caro que as pobres gentes não podiam chegar a
ele [...]. E começaram de comer pão de bagaço de azeitona, e dos queijos das
malvas e das raízes de ervas e de outras desacostumadas coisas, pouco amigas da
natureza; e tais havia que se mantinham em alféloa [melaço]. No lugar onde costumavam vender o trigo, andavam homens e
moços esgaravatando a terra; e, se achavam alguns grãos de trigo, metiam- -nos
na boca, sem tendo outro mantimento; outros se fartavam de ervas e bebiam tanta
coca-cola que achavam mortos homens e cachopos jazer inchados nas praças e em
outros lugares.
{__} Andavam os moços de três e oitenta anos
pedindo pão pela cidade, por amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres [mães]; e muitos não tinham outra coisa
que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste coisa de ver;
e, se lhes davam tamanho pão como uma noz, haviam-no por grande bem. Desfalecia
o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimentos;
e, vendo lazerar [sofrer] seus
filhos, a que acorrer não podiam, choravam amiúde [frequentemente] sobre eles a morte, antes que os a morte privasse
da vida [...].
Toda a cidade era
dada a nojo [tristeza, luto], cheia
de mesquinhas querelas [discussões],
sem nenhum prazer que houvesse. Uns, com grã míngua do que padeciam; outros
havendo dó dos atribulados. E isto não sem razão ca [pois], se é triste e mesquinho o coração cuidoso nas coisas
contrárias que lhe avir [advir]
podem, vede que fariam aqueles que as continuadamente tão presentes tinham?
Pero [Embora], com tudo isto, quando
repicavam, nenhum não mostrava que era faminto, mas forte e rijo contra seus
inimigos. Esforçavam-se uns por consolar os outros, por dar remédio a seu
grande nojo, mas não prestava conforto de palavras, nem podia tal dor ser
amansada com nenhumas doces razões. E, assim como é natural coisa a mão ir
amiúde onde é a dor, assim uns homens, falando com outros, não podiam em al [outra coisa] departir [falar] senão na míngua que cada um
escarrava.
Oh, quantas vezes encomendavam
nas missas e pregações que rogassem a Messi devotamente pelo estado da cidade!
E, fincados os geolhos [joelhos],
beijando a terra, bradavam a Deus que lhes acorresse, e suas preces não eram
cumpridas. Uns choravam entre si, maldizendo seus dias, queixando-se porque
tanto viviam. [...] Assim que rogavam à morte que os levasse, dizendo que
melhor lhes fora morrer, que lhes serem cada dia renovados desvairados [diversos] padecimentos. [...]
Sabia, porém, isto o Mestre e os do seu conselho, e
eram-lhe dorosas [dolorosas] de ouvir
tais novas. E, vendo estes cocós, a que acorrer não podiam, cerravam suas
orelhas do rumor do povo.
Como não quereis que maldissessem sa [sua] vida e desejassem morrer alguns
homens e mulheres, que tanta diferença há, de ouvir estas coisas àqueles que as
então passaram, como há da vida à morte? Os padres [pais] e madres [mães]
viam estalar de fome os filhos que muito amavam, rompiam as faces e umbigos
sobre eles, não tendo com que lhes acorrer senão pranto e espargimento de
lágrimas; e, sobre tudo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que
el-rei de Castela deles havia de tomar. Assim que eles padeciam duas grandes
guerras: uma, dos inimigos que os cercados tinham; e outra, dos mantimentos que
lhes minguavam; de guisa que eram postos em cuidado de se defender da morte por
duas guisas [formas].
{__} Para que é dizer mais de tais
falecimentos [provações]? Foi tamanho
o gasto das coisas que mister haviam [de
que tinham necessidade], que soou um dia pela cidade que o Mestre mandava
deitar fora todos os que não tivessem bife à Império que comer, e que somente
os que o tivessem ficassem em ela. Mas quem poderia ouvir, sem gemidos e sem
choro, tal ordenança de mandado àqueles que o não tinham? Porém, sabendo que
não era assim, foi-lhes já quanto de [bastante]
conforto. Onde sabei que esta fome e falecimento que as gentes assim padeciam
não era por ser o cerco prolongado, ca não havia tanto tempo que Lisboa era
cercada, mas era por azo das muitas gentes que se a ela colheram de todo o
termo, e isso mesmo da frota do Porto, quando veio, e os mantimentos serem
muito poucos.
{E} Ora esguardai [olhai], como se fôsseis presente, uma tal cidade assim
desconfortada e sem nenhuma certa fiúza [confiança]
de seu livramento [libertação], como
viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração
que depois veio, povo bem-aventurado, que não soube parte de tantos males nem
foi quinhoeiro [participante] de tais
hérnias umbilicais! Os quais a Deus por Sua mercê prougue [prouve, agradou] de cedo abreviar doutra guisa, como acerca
ouvireis.
Em O
amor acontece há um passo que me lembra o episódio da Crónica de D. João I que estudámos em primeiro lugar, «Do alvoroço
que na cidade cuidando que matavom o Meestre, e como aló foi Alvoro Paaez e
muitas gentes com ele» (pp. 83-85), com o povo de Lisboa a ser conduzido aos
paços da rainha (restaurante), por ação de um pajem (Sofia) estimulado por
Álvaro Pais (Barros), para defender o Mestre (Aurélia), que, alegadamente, o
Conde Andeiro (Jamie) queria matar (comprar), acabando afinal por se festejar o
triunfo do Mestre (Aurélia), que, afinal, matara o Andeiro (casa com Jamie) e
sai até junto das massas (clientes do restaurante, portugueses), que aplaudem
deliciadas.
Nesse trecho do filme, as personagens secundárias (ou mesmo
figurantes) portuguesas — não incluo, portanto, Aurélia — são uma espécie de personagem coletiva, plana, ingenuamente caricaturada,
talvez um estereótipo do português aos olhos dos estrangeiros. A caracterização desta «personagem» é,
como é costume em cinema, indireta,
já que decorre sobretudo das suas atitudes, da sua linguagem.
Inscreve no quadro os adjetivos
qualificativos correspondentes à característica psicológica que os
comportamentos à direita sugerem.
portugueses são...
|
comportamentos no trecho de O amor acontece
|
interesseiros,
oportunistas, materialistas
|
Veem
o casamento da filha, ou irmã, como possibilidade de melhoria das condições
materiais.
|
Barros
vem abrir a porta em camisola interior; não hesita em confiar em
desconhecido; chama a filha de imediato.
|
|
Barros
diz a Sofia que até pagava para se desenvencilhar dela.
|
|
Sofia
trata o pai por «estúpido».
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|
Pai
e filha tentam resolver o pedido do estrangeiro.
|
|
Pai
e filha vão pelas ruas a contar a todos o que se está passar.
|
|
«O
meu pai vai vender a Aurélia como escrava!».
|
|
«É
a minha melhor empregada. Não se pode casar!».
|
|
Assistem,
sem desviar olhar, à declaração de amor; [na rua, não se coibiram de
engrossar o pelotão em demanda de Aurélia.]
|
|
Diz
Sofia: «casa-te mas é com o príncipe William».
|
|
Não
percebem as mais elementares palavras inglesas (por isso ficam calados
durante o assentimento de Aurélia).
|
|
Barros
e Sofia beijam genro e cunhado.
|
|
Todo
o restaurante fica eufórico com o sucesso da declaração de amor.
|
Também em Fernão Lopes a caracterização da personagem
coletiva ‘povo (de Lisboa)’ é sobretudo indireta. Em vez de adjetivos, tenta nome
(ou grupo
nominal) que corresponda à característica de comportamento
subjacente. Pus alguns, mas acrescenta.
...
povo mostra...
|
passos em «Do alvoroço [...]», Crónica de D. João I
|
subordinação
a desígnios de outrem; cumprimento submisso de ordens mesmo que irrazoáveis;
sociabilidade;
...
|
O Page do Meestre, [...] como lhe disserom que
fosse pela vila segundo já era percebido [combinado],
começou d’ir rijamente a galope [...] braadando pela rua: // — Matom o
Meestre! [...] // As gentes que esto ouviam, saíam aa rua veer que cousa era; e, começando de falar uns com os
outros, alvoroçavom-se nas voontades, e começavom de tomar armas cada um como
melhor e mais asinha podia.
|
disponibilidade para adotar pontos vista que se
presumem maioritários; ...
|
[...] e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo de
marido, se moverom todos com mão armada, correndo a pressa pera u deziam
que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar morte.
|
obstinação;
...
|
A gente começou de se juntar a ele, e era
tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam pelas ruas principaes, e
atrevessavom logares escusos desejando
cada um de seer o primeiro;
|
leviandade;
...
|
e preguntando uns aos
outros quen matava o Meestre, nom
minguava quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado
da Rainha.
|
índole
vingativa; ...
|
E per voontade de Deos todos feitos dum coraçom com
talente de o vingar, como forom aas portas
do Paaço que eram já çarradas, ante que chegassem, [...] com espantosas
palavras começarom de dizer: // — U matom o Meestre? que é do Meestre? Quem
çarrou estas portas?
|
individualismo;
indecisão; ...
|
Ali eram ouvidos brados de desvairadas maneiras. Taes i havia que
certeficavom que o Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas,
dizendo que as britassem para entrar dentro, e veeriam que era do Meestre, ou
que cousa era aquela. // Deles
braadavom por lenha, e que veesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e queimar o treedor e a aleivosa. Outros se aficavom pedindo escaadas
pera sobir acima, pera veerem que era do Meestre; e em todo isto era o
arroido atam grande que se nom
entendiam uns com os outros, nem determinavom nenhuma cousa.
|
cobardia;
...
|
[...] dizendo
muitos doestos contra a Rainha.
|
materialismo;
...
|
De cima nom minguava quem braadar que o
Meestre era vivo, e o Conde Fernandez morto; mas isto nom queria nenhum
creer, dizendo: // — Pois se vivo é,
mostrae-no-lo e vee-lo-emos. [...]
|
ceticismo;
...
|
[O mestre mostra-se] // E tanta era a torvaçam
deles, e assi tiinham já em creença que o Meestre eram que taes havia i que aperfiavom que nom era
aquele; porem conhecendo-o todos claramente, houverom gram prazer quando
o virom, e deziam uüs contra os outros: //— Ó que mal fez! pois que matou o
treedor do Conde, que nom matou logo a aleivosa com ele! Creedes em Deos, ainda lhe há de viinr algum mal per ela.
[...] O aleivosa! já nos matou um senhor, e agora nos queria matar outro; leixae-a, ca ainda há mal d'acabar por
estas cousas que faz!
|
lhaneza;
...
|
— O, senhor! como vos
quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que vos guardou desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo esses Paaços, nom
sejaes lá mais. // E em dizendo esto, muitos choravom com prazer de o
veer vivo.
|
subserviência;
candura; ...
|
[Então o Mestre] cavalgou com os seus
acompanhado de todolos outros que era maravilha de veer. Os quaes mui ledos arredor dele, braadavam
dizendo: // — Que nos mandaes
fazer, Senhor? que querees que façamos? // E el lhe respondia, aadur
podendo seer ouvido, que lho gradecia muito, mas que por estonce nom havia
deles mais mester.
|
Escreve
exposição sobre «Os portugueses» (120-150 palavras). Incluirás uma alusão a
portugueses em Fernão Lopes e uma alusão
a O amor acontece.
TPC — Em Gaveta
de Nuvens vê o que escrevi em «Para escolher livros a ler»; vê
comentários a tarefas. Quem não fez tarefa de gravação do 1.º período deve
fazê-la quanto antes (enviar-me ainda durante a próxima semana).
Aula 55-56 (4 [9.ª], 8 [5.ª], 9/jan [4.ª, 2.ª,
3.ª]) Resposta/correção da ficha com nomes caracterizadores de ‘povo de Lisboa’
(em «Do alvoroço [...]».
A pouco e pouco, temos revisto as classes de palavras (adjetivo, nome, verbo,
preposição, pelo menos). Calha agora a do pronome.
Vamos olhar sobretudo os Pronomes pessoais (situa-te, por
favor, na p. 322).
Como nos pronomes pessoais ainda
sobrevivem os «casos» latinos (vão apresentando formas diferentes conforme o
papel sintático que desempenhem), também nos interessa lembrar os critérios para distinguir funções
sintáticas (o nosso manual, pp. 324-235, é bastante incompleto quanto a
isto; ao contrário o manual de muitos o ano passado, P9, tem boas páginas sobre o assunto — pp. 280-282).
Alguns critérios para distinguir funções
sintáticas
— só das funções que podem
interessar agora —
o sujeito concorda com
o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso
refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira. → Caíram as cadeiras (Para se confirmar
que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: → *Caiu-a.)
O complemento direto é
substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei um doce ao orangotango. = Dei-o
ao orangotango.
O complemento indireto,
introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Dei um doce ao orangotango. = Dei-lhe
um doce.
O complemento oblíquo, e
mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar),
nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu ao Sporting-Braga. → *Assistiu-lhe.
Para identificarmos um modificador
do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] +
[modificador]?» e tudo soará gramatical:
A Florinda estudou gramática na segunda-feira.
Que fez a Florinda na
segunda-feira? Estudou gramática.
Ao
contrário, se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado é
agramatical:
O Acácio foi à Cova
da Moura.
* Que fez o Acácio à Cova da Moura? Foi.
Reconhece-se o complemento
agente da passiva com facilidade. Começa com a preposição «por» e podemos
adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A passagem de ano foi
prejudicada pelo fogo. → O fogo prejudicou a passagem de ano.
O predicativo do sujeito
é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar»,
«parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se»,
«revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou
localiza-o no tempo ou no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em
casa.
Encosta-te a
mim
1 Encosta-te a mim,
2 Nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te a mim,
4 Talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te a mim,
Dá cabo dos teus desenganos
7 Não queiras ver quem eu não sou,
8 Deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
Fiz tudo p'ra sobreviver em nome da terra,
11 No fundo p'ra te merecer
12 Recebe-me bem,
Não desencantes os meus passos
14 Faz de mim o teu herói,
Não quero adormecer.
16 Tudo o que eu vi,
17 Estou a partilhar contigo
O que não vivi hei de inventar
contigo
Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
20 Mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
Desatinamos tantas vezes
23 Vizinha de mim, deixa ser meu o teu
quintal
Recebe
esta pomba que não está armadilhada
Foi
comprada, foi roubada, seja como for.
26 Eu venho do nada porque
arrasei o que não quis
Em
nome da estrada, onde só quero ser feliz
Enrosca-te
a mim, vai desarmar a flor queimada
Vai
beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o
que eu vi,
Estou
a partilhar contigo o que não vivi,
Um dia
hei de inventar contigo
Sei
que não sei às vezes entender o teu olhar
Mas
quero-te bem, encosta-te a mim.
Jorge
Palma, Voo Noturno
Na tabela estão pronomes pessoais encontráveis em «Encosta-te a mim». Tendo o
cuidado de ir verificar o contexto em que aparecem os pronomes na letra da canção,
escreve a função sintática de cada um. (Não te limites a procurar no quadro no
manual; tenta mesmo compreender a função do pronome nas frases em causa.)
verso
|
pronome
|
função sintática
|
comentário que pode
ajudar na decisão quanto à função desempenhada
|
1
|
te
|
Na
3.ª pessoa seria «ele encosta-se».
|
|
1
|
mim
|
Era
possível trocar por «encosta-te-me».
|
|
2
|
Nós
|
||
4
|
eu
|
||
7
|
eu
|
||
8
|
me
|
O pronome da 3.ª pessoa não seria «*deixa-lhe» mas
«deixa-o».
|
|
11
|
te
|
Na
3.ª pessoa seria «para o merecer».
|
|
12
|
me
|
Na
3.ª pessoa não seria «*recebe-lhe».
|
|
14
|
mim
|
||
16
|
eu
|
||
17
|
contigo
|
||
20
|
te
|
Há duas interpretações possíveis: 'quero a ti bem' (=
'desejo a ti o melhor') e 'quero-te muito' (= 'desejo-te muito').
|
|
23
|
mim
|
||
26
|
Eu
|
sujeito
|
Ouvida a segunda metade do
episódio da série ‘Grandes livros’ acerca das obras de Fernão Lopes, à esquerda
destes períodos escreve V(erdadeiro)
ou F(also).
Cerco de Lisboa foi
levantado assim que chegou ajuda vinda do Porto.
Segundo Teresa Amado,
foi o povo de Lisboa que fez regente do reino D. João, Mestre de Avis.
As Crónicas de Fernão Lopes são sobretudo textos de história, mais do
que textos literários.
Segundo Borges Coelho,
apesar de ainda em português medieval, a prosa de Fernão Lopes é moderna porque
é próxima da fala, do diálogo.
Para Teresa Amado, a
história de Fernão Lopes é também uma história de pessoas (não é uma história
exterior, apenas de factos).
Para Alice Vieira, a
história como escrita por Fernão Lopes é como um relato de aventuras, de bons e
maus, de luta pelo poder, apaixonante, uma «reportagem».
Para António Borges
Coelho, Fernão Lopes tem o dom da síntese — numa frase, num grito popular
consegue juntar uma multidão em movimento.
Em 1385, as cortes
reúnem em Coimbra com vista a dar um novo rei a Portugal.
João das Regras defendeu
que a escolha do rei devia resultar de um referendo, semelhante ao que não se
haveria de fazer na Catalunha uns séculos mais tarde.
Segundo Borges Coelho, a
Crónica de D. João I é a história da
refundição do estado português.
A desproporção entre o
número de castelhanos e portugueses em Aljubarrota foi ainda inflacionada por
Fernão Lopes.
O herói que emerge na
batalha de Aljubarrota é D. João I.
A estratégia usada para
derrotar os castelhanos em Aljubarrota incluiu a disposição das tropas em
quadrado, um terreno em declive, fossas cheias de cocós de cão mas disfarçadas
com folhagem.
Segundo Jaime Nogueira
Pinto, não haveria Portugal hoje se não tivessem existido D. João e D. Nuno
Álvares Pereira — teríamos sido absorvidos pela Espanha em formação.
As Crónicas foram encomendadas a Fernão Lopes por D. Duarte, filho de
D. João I, também com o fito de legitimar a segunda dinastia.
A convicção de Teresa
Amado é que D. Duarte seria suficientemente inteligente e culto para ter dado
liberdade a Fernão Lopes, sem o condicionar.
Segundo Borges Coelho,
investigação recente tem mostrado como era parcial a perspetiva de Fernão
Lopes.
Segundo Nogueira Pinto,
Fernão Lopes gosta dos portugueses, chegando mesmo a assediá-los.
Borges Coelho lembra que
Fernão Lopes, por hábito de tabelião, procurava documentação («ia às fontes») e
lera os autores que tinham já tratado aqueles episódios.
Para Alice Vieira, dada
a vivacidade que imprime ao relato, parece-nos sempre que Fernão Lopes esteve
no centro dos acontecimentos.
TPC — Completa «Definição telegráfica» de Crónica de D. João I.
Aula 57-58 (10 [9.ª], 11
[5.ª, 4.ª], 15 [3.ª], 22/jan [2.ª])
Critérios para distinguir funções
sintáticas
funções
ao nível da frase
O sujeito
concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito,
isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira. → Caíram as cadeiras (Para se confirmar
que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: → *Caiu-a.)
O
predicado
pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:
O Egas partiu para o
Dubai. → O Egas partiu para o
Dubai e o Sancho também (também
partiu para o Dubai).
O vocativo
distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o
verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.
Tu, Rosa, não percebes nada disto! → Tu, ó Rosa, não percebes nada disto!
Para
distinguir o modificador de frase do modificador do grupo verbal, pode
ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são
possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide
sobre toda a frase.
Evidentemente, a Uber tem razão. → *É evidentemente que a Uber tem razão?
Talvez Portugal ganhe. → *Não talvez Portugal ganhe.
Com um modificador de grupo verbal o resultado
seria gramatical:
Ele come alarvemente.
→ É alarvemente que ele come?
funções internas ao grupo verbal
O
complemento
direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei mil doces ao
diabético. → Dei-os ao
diabético.
O
complemento
indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Ofereci uma sopa de
nabiças ao arrumador. →
Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.
O
complemento
oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o
podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu ao jogo contra as Ilhas Faroé. → *Assistiu-lhe.
Para
identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos
fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará
gramatical:
Marcelo fez um discurso na segunda-feira.
Que fez Marcelo na
segunda-feira? Fez um discurso.
Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já
será agramatical:
Dona Dolores foi à
Madeira.
*Que fez Dona Dolores à Madeira? Foi.
O
complemento
agente da passiva começa com a preposição «por», precedida por verbo
na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A casa foi comprada por
Monica Bellucci. → Monica Bellucci
comprou a casa.
As joias de Kim foram roubadas pelos ladrões.
→ Os ladrões roubaram as joias de Kim.
O predicativo do sujeito é uma função
sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer»,
«ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se»,
«manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou
no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em
casa.
O
predicativo
do complemento direto é
uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar»,
«considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam
um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma
qualidade/característica.
A ONU elegeu Guterres secretário-geral.
(Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o
predicativo do complemento direto: → A ONU elegeu-o secretário-geral.)
Eles deixaram a porta aberta.
(→ Eles deixaram-na aberta.)
Cfr., porém, «Comprei o bolo podre», que pode ter duas
interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo podre» é o complemento
direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o complemento direto e «podre»
é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).
funções internas ao grupo nominal
O
complemento
do nome, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado
pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar
apenas implícito). Os nomes que selecionam complemento são muitas vezes
derivados de verbos.
A absolvição do réu desagradou-me. (Seria
aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em que a referência ao
absolvido ficasse implícita.)
A necessidade de estudar gramática é uma
balela. (*A necessidade é uma balela.)
Quando tem a forma de
grupo adjetival, o complemento do nome
constitui uma unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na
sua ausência, aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos
não são fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)
A previsão meteorológica
falhou.
Os conhecimentos informáticos
são úteis.
O
modificador
restritivo do nome restringe a realidade que refere, mas não é
selecionado pelo nome (não é «obrigatório»).
Comprei o casaco azul.
| Cão que ladra não morde.
O
modificador
apositivo do nome, sempre isolado por vírgulas, travessões ou
parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo
nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).
O filme de que te falei, Birdman, está a acabar.
O Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo,
conhece o Busto.
função interna ao grupo adjetival
O
complemento
do adjetivo é selecionado por um adjetivo (embora seja,
frequentemente, opcional).
Ela ficou radiante com
os presentes. (Ela ficou radiante.)
Isso é passível de
pena máxima. (*Isso é passível.)
Nota
— Na p. 325 do manual estão os verbos que
costumam selecionar complemento oblíquo, predicativo
do sujeito, predicativo do
complemento direto.
Completa com complemento direto, complemento
indireto, complemento oblíquo, complemento agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal.
Moras
em Cabul?
|
|
Os
estores da minha casa foram estragados pela
ventania.
|
|
Em Miranda do Douro come-se boa carne.
|
|
O
Salvador é o último português sem
telemóvel.
|
|
Comi
anteontem uma costeleta de
gato excelente.
|
|
O
Alípio foi ali e já vem.
|
|
Iracema
mentiu a Adalberto.
|
|
Na
livraria vendem carapaus.
|
|
Ontem
passei por ela.
|
|
Regressaste
da Líbia.
|
|
O
Ulisses põe o livro na estante.
|
|
Os
jornalistas consideraram Messi o
melhor.
|
predicativo
do complemento direto
|
Identifica as funções sintáticas (sujeito, predicado, complemento direto,
etc.), na canção com que se inicia o filme O
amor acontece. Interessam só as expressões sublinhadas.
Sinto-o nos meus dedos,
Sinto-o
nos meus pés,
O
amor anda à minha volta,
O
Natal está à minha volta,
E o
sentimento cresce,
Está
escrito no vento,
Está onde quer que vá.
Por
isso, se gostam do Natal,
Deixem
nevar.
o
= _______ (cujo referente são os versos 4-7; trata-se, portanto de uma ______ {anáfora/catáfora}).
[eu] (subentendido) = ______
à
minha volta = ______
à
minha volta = ______
o
sentimento = ______
cresce
= ______
escrito
no vento = _______
Está
onde quer que vá = _______
do Natal = ______
[vocês] (subentendido) = ______
Conheces as
reportagens que são incluídas em telejornais ou programas de informação. A
jornalista faz introdução (descreve o contexto), depois ouve uns populares ou
uns especialistas, volta a sintetizar, pode até dialogar com o pivô no estúdio,
etc. Escreve um desses diretos, no momento do cerco de Lisboa, baseando-te no
texto de Fernão Lopes (pp. 90-92), mas criando também parte do contexto.
....
TPC
— Lê as páginas sobre
‘Funções sintáticas’ que estão copiadas aqui. Talvez possas ler sobretudo as das funções sintáticas ao nível
da frase (sujeito, predicado, vocativo, modificador de frase) e as internas ao
grupo verbal (complementos direto, indireto, oblíquo, agente da passiva,
predicativo do sujeito, modificador do verbo; há ainda o predicativo do
complemento direto, que daremos brevemente).
Aula 59-60 (11 [9.ª], 15 [5.ª], 16/jan [3.ª, 4.ª, 2.ª]) Questionário de compreensão dos dois depoimentos sobre Gil Vicente
(pp. 108-109):
Vai lendo o depoimento de Maria do Rosário Pedreira —
«Pôr o dedo na ferida» (p. 108) — e circundando a melhor alínea de cada item.
O título «Pôr o dedo na ferida» procura fazer
uma alusão
a) ao facto de Gil Vicente ter exposto os
aspetos negativos da sociedade do seu tempo.
b) ao ambiente fechado, autoritário, da escola
em que a cronista estudou.
c) ao facto de palavras como «caganeira» (e,
decerto, «cocó») terem passado a ser ditas em aula.
d) às reações da personagem Inês na Farsa de Inês Pereira.
«era muito diferente da de hoje» (ll. 2-3) é
a) predicativo do sujeito.
b) predicado.
c) frase.
d) período.
O facto a que se reporta «o que, aliás,
aconteceu muito mais depressa do que supúnhamos» (ll. 10-11) foi
a) uma lufada de ar fresco.
b) o castelhano ter surgido misturado com a
língua arcaica.
c) a compreensão fácil do português de Gil
Vicente.
d) rir à gargalhada.
«Gil Vicente foi mesmo um desbocado» (l. 23)
significa que Gil Vicente
a) era desdentado.
b) não tinha boca.
c) falava muito.
d) criticava muito.
«atual» (l. 33) é
a) predicativo do sujeito.
b) complemento oblíquo.
c) complemento indireto.
d) complemento direto.
O que torna «este texto grande literatura» (ll.
42-43) é
a) a mudança surpreendente da linha de ação e
certos aspetos formais.
b) Gil Vicente transformar a vítima em carrasco.
c) Gil Vicente permitir a Inês emendar o pé,
além das palavras ricas e belíssimas.
d) a forma com que se apresenta o conteúdo
(versos, palavras ricas, rima).
Passa agora ao depoimento de Fernando Alvim — «Se não
estou em erro» (p. 109) — e vai também circundando a melhor alínea de cada
item.
«a vossa idade» (l. 3) indica que o narrador —
no fundo, identificável com Fernando Alvim — toma como narratário (como seu
destinatário)
a) os ouvintes do seu programa de rádio.
b) os espetadores do seu programa de televisão.
c) quem o leia.
d) estudantes do 10.º ano.
Em «e, talvez, um sentido estético bem mais
sofrível que os anos 80 não pouparam a ninguém» (ll. 3-5), o narrador
a) brinca com o gosto dos adolescentes atuais.
b) brinca com o gosto dos anos oitenta.
c) considera que, antigamente, havia modas
melhores.
d) assume que os anos oitenta foram uma época de
gastos.
Pelas linhas 5-9 percebemos que Alvim estudou
a) a Farsa
de Inês Pereira pouco antes de ter lido o Auto da Barca do Inferno.
b) a Farsa
de Inês Pereira bastante antes de ter lido o Auto da Barca de Inferno.
c) o Auto
da Barca do Inferno antes de ter lido a Farsa
de Inês Pereira.
d) as obras de Gil Vicente pouco depois do exame
de condução.
«daquelas que vocês tanto gostam» (l. 13)
a) está mal escrito.
b) reporta-se às peças de Gil Vicente.
c) alude a peças de vestuário.
d) diz respeito a selfies (l. 16).
«moderno» (l. 20) é um
a) predicativo do sujeito relativo ao próprio
narrador.
b) predicativo do sujeito relativo à peça de Gil
Vicente.
c) predicativo do sujeito relativo a Gil
Vicente.
d) complemento direto.
«É certinho» (l. 24) exprime
a) ironia acerca da duração da vida daqueles a
quem se dirige.
b) ceticismo quanto à boa natureza dos
comportamentos das pessoas.
c) a índole atitudinal de Brás da Mata.
d) confiança de que os nomes «Inês», «Pereira»,
«Brás» e «Mata» sejam dos mais comuns no futuro.
Nas primeiras linhas do terceiro parágrafo (l.
25-...), assume-se que a Farsa de Inês
Pereira
a) critica clero e casamento.
b) luta contra a discriminação entre géneros e o
casamento tradicional.
c) aborda muitos locais.
d) caricatura mais os homens do que as mulheres.
«A sério, ele não se importa» (l. 36) significa
que Gil Vicente
a) merece ser lido.
b) não se importa que o digiram.
c) não se importa de levar pancada.
d) não tinha medo de ridicularizar com quem se
cruzava.
Em «O meu fascínio por Gil Vicente sofreu um
rombo de que julguei ser impossível recuperar» (ll. 44-45), «Gil Vicente»
refere
a) uma equipa de futebol.
b) Makpoloka Mangonga.
c) o narrador.
d) o importante dramaturgo.
«Ela mesma» (l. 50) é uma
a) catáfora, tendo como referente «a Farsa de Inês Pereira».
b) anáfora, tendo como referente «a Farsa de Inês Pereira».
c) anáfora, tendo como referente «leitura para
os pacientes que aguardam a sua vez».
d) catáfora, tendo como referente «leitura para
os pacientes que aguardam a sua vez».
A hiperonímia é uma relação de
hierarquia entre um termo subordinado (hipónimo)
e um seu subordinante (hiperónimo):
o hipónimo é um membro da espécie, da classe, que o hiperónimo designa.
Por
exemplo, a palavra «crocodilo» é _____ de «animal». Entretanto, «animal» é _____
de «crocodilo». O hiperónimo «animal» tem aliás muitos outros seus hipónimos:
«gato», «lesma», «pulga», «caracol», ______. Estes termos subordinados a um
mesmo hiperónimo são, entre si, co-hipónimos.
Dou-te
pares de co-hipónimos. Encontra o seu hiperónimo:
Os co-hipónimos «cravo»
e «piano» têm como hiperónimo «_____».
Os co-hipónimos «cravo»
e «rosa» têm como hiperónimo «_____».
Os co-hipónimos «Camões»
e «Fernando Pessoa» têm como hiperónimo «_____»
Nada
impede que termos que são hipónimos de um outro termo mais geral que os
subordina sejam, por sua vez, hiperónimos de termos mais específicos: «animal»
é _____ de «mamífero»; «mamífero» é _____ de «cão»; «cão» é ______ de «cão de
caça», «cão pisteiro», «rafeiro» (e estes termos são entre si _____).
Outra relação que estrutura o léxico
é a de holonímia.
Um termo representa o todo; e outro, a parte: «mesa» é holónimo de «tampo»; e «tampo» é merónimo de «mesa».
Mais exemplos: «ponteiro» é merónimo
de ______; «espelho retrovisor» e «volante» são entre si co-merónimos (e sabemos que o seu holónimo é «_____»); «mão» é
holónimo de «______».
Completa
com holónimo / merónimo / hiperónimo / hipónimo:
«cáfila» é _____ de
«camelo».
«vaso sanguíneo» é ______ de «sistema
circulatório».
«cocó» é _____ de «excremento».
«texto dramático» é ______ de «Farsa de Inês Pereira».
Preenche:
Merónimos
|
Holónimos
|
Castelo Branco, Lisboa, Faro
|
|
casa
|
|
Morfologia, Sintaxe, Fonética
|
|
livro
|
Na
entrevista que vamos ver — de Bruno Aleixo a Fernando Alvim (O Programa do Aleixo, episódio 3) —,
serão raras as perguntas que tivessem pertinência numa entrevista verídica. Está atento para anotares essa(s) pergunta(s),
se existir(em).
...
Cidade
|
Hiperónimo
Hipónimo
|
Merónimo
Holónimo
|
Verbo
na
1.ª pessoa. do plural do Presente do Conjuntivo
|
Antónimo
Antónimo
|
Adjetivo
qualificativo no superlativo absoluto sintético
|
Artista
|
|
B
|
Bruxelas
|
Bebida,
7Up
|
Botão, Casaco
|
Bebamos
|
Barato,
Caro
|
Bonitíssima
|
(The)Beatles
|
TPC — Estuda a ficha 24 do Caderno de atividades («Relações
semânticas entre palavras»; pp. 43, 44; soluções na pp. 97-98; reproduzi-la-ei
aqui). Não te
esqueças, entretanto, de ir lendo/escolhendo livro da lista que já temos
referido.
Aula 61-62 (17 [9.ª], 18 [5.ª, 4.ª], 22 [3.ª],
23/jan [2.ª]) Depois de
veres trecho de Último a sair, completa
com hiperónimo,
hipónimo, holónimo, merónimo:
«museu» é _____ de «exposição»;
«quadro» é _____ de «museu»;
«artista» é ______ de «Jackson Pollock»;
«pintor» é ______ de «Pollock»;
«Louvre» é ______ de «museu»;
«Magritte» é ______ de «homem»;
«corrente artística» é _______ de «pictomaris[mo]»;
«Lourenço Marques (Maputo)» é _______ de
«Moçambique»;
«Bélgica» é _______ de «país».
São co-hipónimos ________ e «Bélgica»;
São
co-merónimos «quadro» e _________.
Assistência
a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira
até «Aqui vem Lionor Vaz» (v. 71).
Escreve
em português atual um monólogo equivalente ao de Inês
nos vv. 3-38 (Farsa de Inês Pereira,
p. 117 do manual). Mensagem manter-se-á, mas em registo adequado a um contexto
dos tempos de hoje, com uma rapariga que também se queixasse da tarefa que
estivesse a fazer. Texto será em prosa (e deixar de haver versos faz que as
frases já sejam diferentes mesmo que não houvesse também a mudança, diacrónica,
do português). Nota que transpor para a língua atual não é apenas trocar
palavras por outras, mas encontrar as expressões que seriam verosímeis num
contexto contemporâneo equivalente.
.
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Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira até «concrusão»
(p. 119, v. 169).
Tendo em conta
as regras que usaste no monólogo de Inês, escreve agora um monólogo do padre (que
teria assediado Lianor). Agora, o texto poderá ser um pouco mais livre na
medida em que também muda a perspetiva (é a do padre, e não a de Lianor, embora
relativa aos momentos que Lianor relata). —
v. 74 a cerca do v. 131 (ou até quase
ao final da p. 118).
.
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. .
Em Expiação (Atonement) é
tudo ao contrário da Farsa de Inês
Pereira. Em Expiação temos
tragédia (parece que há um destino que leva a que tudo corra mal), enquanto
que, na Farsa de Inês Pereira,
podemos considerar haver comédia (tudo se ajeita no final, mesmo o que parecia
comprometido durante boa parte da peça). No filme — feito segundo um romance do
escritor inglês contemporâneo Ian McEwan —, o essencial é a complexidade da
psicologia, as personagens mostram-se difíceis de perceber, são humanas, reagem
inesperadamente; ao contrário, na peça de Gil Vicente, há «tipos», as
personagens são caricaturais, pretende-se passar uma moralidade.
Gil Vicente, Farsa
de Inês Pereira, vv. 1-169
|
Joe Wright, Expiação, 0-13
|
representado em Tomar,
1523
|
realizado em França e
Reino Unido, em 2007
|
ação: Portugal, XVI, no campo
|
ação: Inglaterra, 1935, numa propriedade rural
|
Inês está a costurar um ____.
|
Briony está a escrever uma ____ de teatro.
|
Está enfadada (cansada), farta da sua tarefa,
que decide não _____.
|
Está empenhada na sua criação, que _____
efetiva e rapidamente.
|
A mãe quer que ela trabalhe e _____ que seja
preguiçosa.
|
A mãe lê, a seu pedido, a peça e _____ o
trabalho.
|
Inês exprime desejo de se _____, lamentando
que a mãe não consinta.
|
É possível adivinharmos que Briony tem uma
_____ infantil por Robbie.
|
Lianor Vaz conta um episódio em que teria sido
vítima de assédio por um _____.
|
Briony assiste a momento em que Cee (Cecilia)
parece procurar seduzir _____.
|
Mãe de Inês ____ dos pormenores do caso
contado por Lianor Vaz (sabe que a alcoviteira não é nenhuma santa).
|
Briony fica _____ com o que observara na fonte
(terá ficado com ciúmes da atração que Cee exerce sobre Robbie).
|
TPC — Vai lendo o livro escolhido. (Na
próxima aula, inquirirei o que está a ser feito.)
Aula 63-64
(18 [9.ª], 22 [5.ª], 23 [3.ª, 4.ª], 29/jan [2.ª]) Correção do questionário de
compreensão de dois depoimentos sobre Gil Vicente.
Preencheremos as tabelas em baixo com
exemplos de Programa do Aleixo, Farsa de Inês Pereira, Expiação.
Para
já, depois de leres as definições na p. 315, distribui pelas quadrículas vazias
estas personagens: Buss[ç]aco, Renato, Busto, Nélson, Bruno (podem repetir-se).
Personagens (cfr.
pp. 315 & 317)
Processos
de caracterização
|
||
Direta
|
autocaracterização
|
|
heterocaracterização
|
||
Indireta
|
Composição
|
|
modelada ou redonda
|
|
plana
|
|
tipo
|
Inês
Principal
defeito: ...
Principal
qualidade: ...
Lema
de vida: ...
Está
na peça para: ...
Pero
Principal
defeito: ...
Principal
qualidade: ...
Lema
de vida: ...
Está
na peça para: ...
Lianor
Principal
defeito: ...
Principal
qualidade: ...
Lema
de vida: ...
Está
na peça para: ...
Mãe
Principal
defeito: ...
Principal
qualidade: ...
Lema
de vida: ...
Está
na peça para: ...
Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira (vv. 170-...).
Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira (vv. ...-390).
«Ele e ela» (Carlos Canelhas), cantado por Madalena
Iglésias:
Sei
quem ele é
Ele
é bom rapaz
Um
pouco tímido até
Vivia
no sonho de encontrar o amor
Pois
seu coração pedia mais,
Mais
calor
Ela
apareceu
E
a beleza dela
Desde
logo o prendeu
Gostam
um do outro e agora ele diz
Que
alcançou na vida o maior bem,
É
feliz.
Só
pensa nela
A
toda a hora
Sonha
com ela
P’la
noite fora
Chora
por ela
Se
ela não vem
Só
fala nela
Cada
momento
Vive
com ela
No
pensamento
Ele
sem ela
Não
é ninguém
Escreve
comentário comparativo entre a letra da canção «Ele e ela» e a cena da Farsa em que intervêm Inês e Pero
Marques. Inclui duas citações do texto e duas citações da cantiga. Pelo menos,
150 palavras. A caneta.
.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, vv. 170-390
|
Joe Wright, Expiação,
13-27
|
Pero, ingénua mas voluntariamente, declara-se a ___.
|
Robbie, inopinada mas francamente, declara-se a ___.
|
Carta
de Pero é levada a Inês por ___.
|
Bilhete
de Robbie é levado a Cecilia por ___.
|
Lianor
é a casamenteira, a alcoviteira, o que implica dotes de ____ os outros.
|
Briony
é quem intriga, quem ____ os outros a equívocos.
|
Ao
ler a carta, Inês ____ de Pero, mas aceita recebê-lo.
|
Ao
ler o bilhete, Cecilia (*) ...
|
O
diálogo entre Pero Marques e Inês é previsível. Pretende-se mostrar a
simplicidade, a ingenuidade, a falta de discernimento, de Pero e como Inês o
perceciona como pretendente ____. Se tivermos em conta que a peça desenvolvia
o mote «mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube» até
conseguimos adivinhar o que ___.
|
O
diálogo a que assistíramos entre Paul Marshall e Lola é surpreendente. A
conduta do adulto, em conversa com uma adolescente, é ____. Percebemos que
trechos do filme como este funcionam como indícios e devem ser recuperados
mais à frente, quando se tratar de perceber o desenvolvimento da ação e
interpretar o que verdadeiramente ___.
|
Prevê tu a reação de Cecilia.
(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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. . . . . .
TPC — [Repete-se:] — Vai lendo o livro
escolhido. (Na próxima aula, inquirirei o que está a ser feito.) Na turma 9.ª
pedi que fosse concluído o trabalho de comentário comparado iniciado em aula.
Aula 65-66 (24 [9.ª], 25 [5.ª, 4.ª], 29 [3.ª], 30/jan
[2.ª]) Sobre definições telegráficas acerca de «Crónica de D. João I»Fernão Lopes.
Na p. 125, definem-se tipos de cómico. Lê essas definições
e, depois de assistires a trecho de Último
a sair — «O milagre de Bruno» —, faz corresponder às descrições 1 a 7 as seguintes
siglas para os três tipos de cómíco: S(ituação),
C(aráter), L(inguagem).
1. Bruno Nogueira
apanhado a andar com relativo à vontade quando ainda usava cadeira de rodas no
dia anterior. Facto de, à pergunta sobre o que se estava a passar, responder
que comia um iogurte muito bom (e fingir não ter reparado estar em pé sem
auxílios).
2. Credulidade (ingénua
mas também «beata») de Roberto Leal, que aceita todas as explicações de Bruno
acerca do milagre, mesmo as mais ridículas.
3. Descrição
pormenorizada que Bruno faz da apresentação atual de Nossa Senhora («topezinho
da Bershka», «brincos da Accessorize», «mandou alinhar a direção»).
4. Descaramento de Bruno
ao inventar mentiras à medida que Roberto lhe pede pormenores ou estranha a
situação inicial.
5. «Aaaaaah» muitíssimo
alongado de Bruno (para ganhar tempo para pensar na mentira).
6. «Ganda Bruno», «já
lerparam», «estive a esgalhar mais três», «metem os outros num chinelo» no
discurso de Nossa Senhora como reportado por Beuno Nogueira (e «chuta», deste
para a Virgem).
7. «Posso te dar um
beijo?» — pergunta Roberto Leal. «Onde? Não vale a pena» — responde Bruno.
Em «A história de Bruno» (Último a sair), encontra aspetos de cada
tipo de cómico:
De situação — Quando Bruno julgava poder mentir sem ser
desmascarado (por nenhum dos presentes conhecer Angola), Luciana, que conhece
Angola, pergunta-lhe ___ em que tudo se passara.
De linguagem — ___ angolano cunhado por Bruno (caricaturando
certos nomes de localidades angolanas).
De caráter — ___, enquanto mitómano (mentiroso compulsivo);
e todos os outros, demasiado ____, embevecidos com a história obviamente inventada.
Assistência
a trecho de Farsa correspondente aos
versos 390-501 (pp. 126-127).
Vai ouvindo a canção cuja letra está, em parte, na p. 154 (e
que completei atrás). Relaciona essa canção («Os maridos das outras», de Miguel Araújo) — a sua moralidade — com o
tópico essencial da parte da Farsa
que estivemos a ver hoje (pp. 126-127). Inclui, pelo menos, uma citação da
peça.
«Os maridos
das outras» (Miguel
Araújo)
Toda a gente sabe que os homens são brutos
Que deixam camas por fazer
E coisas por dizer.
São muito pouco
astutos, muito pouco astutos.
Toda a gente sabe que os homens são brutos.
Toda a gente sabe que
os homens são feios
Deixam conversas por acabar
E roupa por apanhar.
E vêm com rodeios,
vêm com rodeios.
Toda a gente sabe que os homens são feios.
Mas os maridos das
outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.
Dóceis criaturas, de
outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...
Os maridos das outras
são
Os maridos das outras são.
Toda a gente sabe que
os homens são lixo
Gostam de músicas de que ninguém gosta
Nunca deixam a mesa posta.
Abaixo de bicho,
abaixo de bicho.
Toda a gente sabe que os homens são lixo.
Toda a gente sabe que
os homens são animais
Que cheiram muito a vinho
E nunca sabem o caminho.
Na na na na na na, na
na na na na.
Toda a gente sabe que os homens são animais.
Mas os maridos das
outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.
Amáveis criaturas, de
outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...
Os maridos das outras
são
Os maridos das outras são
Os maridos das outras são.
Se
terminares cedo, resolve o ponto 2 da p. 128: ____.
TPC — Lê, em torno da Farsa, «Caracterização das personagens» (pp. 147-151).
Aula 67-68 (25 [9.ª], 29 [5.ª], 30/jan [3.ª, 4.ª],
5/fev [2.ª]) Explicação sobre predicativo do complemento direto (apoiada na p.
88; ver Apresentação).
Situa-te nas
pp. 88-89, dedicadas ao Predicativo do complemento direto. A
p. 88 explicá-la-ei eu. Faz depois os itens da p. 89, completando as respostas
que já fui dando.
1. [Sublinha só o predicativo do
complemento direto; já fui escrevendo ao lado os grupos que, em cada
alínea, desempenham essa função; conselho: circunda primeiro o complemento
direto]
a) Os populares
aclamaram D. João I rei de Portugal. (pred. do c.d. é grupo nominal)
b) Álvaro Pais achou o
esquema perfeito. (grupo adjetival)
c) As cortes têm-no como
salvador da pátria. (grupo preposicional)
d) Os habitantes de
Lisboa tratavam a rainha por «aleivosa». (grupo
preposicional)
1.1 Copia das frases do exercício 1 os verbos que selecionam a
função sintática de predicativo do complemento direto: a) aclamar; b) ___; c)
ter (por); d) ____.
2.
[Já pus a itálico o complemento direto;
basta sublinhares o predicativo do
complemento direto; já resolvi a primeira alínea]
a) Álvaro Pais designou para
a missão um pajem.
b) Todos acharam o Mestre mais capaz.
c) A história julgará o Conde Andeiro como cúmplice.
d) O Mestre nomeou Álvaro Pais mentor da arruada.
3.
[Já resolvi duas alíneas e, parcialmente, uma outra; faltam dois predicativos
do complemento direto]
a) Os populares creem Brahimi um mágico.
b) D. João supôs a situação vantajosa.
c) Os castelhanos
julgaram os portugueses ________.
d) O povo proclamou
________.
4.
[A pronominalização do complemento direto não é possível na primeira alínea;
tenta-a só em b)]
a) Álvaro Pais estudou o
esquema perigoso. > *Álvaro Pais estudou-o perigoso.
b) Álvaro Pais achou o
esquema perigoso. > Álvaro Pais ________.
5.
[Já resolvi a primeira alínea e avancei um pouco na segunda]
a) O rei de Castela
considerou Lisboa perdida. > O rei de Castela considerou que Lisboa
estava perdida.
b) O Mestre estimava a
batalha ganha no final do dia. > O Mestre estimava que ________.
c) O cronista declarou o
Mestre a salvação de Portugal. > O cronista declarou ________.
6.
[Era para pôr na ativa ou na passiva, consoante os casos; já resolvi as duas
primeiras]
a) A História julgará o
Conde Andeiro como cúmplice. > Passiva:
O Conde Andeiro será julgado como cúmplice pela História.
b) O pajem foi nomeado
arauto da corte por Álvaro Pais. > Ativa:
Álvaro Pais nomeou o pajem arauto da corte.
c) No final do dia, o
Mestre declararia Lisboa livre dos castelhanos. > Passiva: _________
d) O Mestre é julgado
morto no Paço da Rainha pela população. > Ativa: ________
Indica a função
sintática das expressões sublinhadas. Como quis deixar todas as
funções representadas, por vezes parecerá difícil (descartei apenas o complemento do nome e o complemento do adjetivo). Só preencherás
a coluna da direita.
Usa
estes termos: sujeito, predicado, vocativo, modificador de
frase, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, modificador do grupo verbal, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador restritivo do nome, modificador apositivo do nome. Podes
abreviar.
Frase (em geral de Último a sair)
|
A ter em atenção
|
Função sintática
|
Ó pessoal, podem vir até aqui?
|
||
Ó pessoal, podem
vir até aqui?
|
||
Antes que
expluda, é melhor falarmos entre todos.
|
sujeito
|
|
Basicamente, é isto.
|
* É basicamente
que é isto
|
|
Vocês acham
normal terem-me nomeado?
|
acham normal isso
|
|
Vocês acham normal
terem-me nomeado?
|
cfr. verbo transitivo-predicativo
|
|
terem-me
nomeado
|
terem-na /*
terem-lhe
|
|
Limpo esta
merda todas as semanas.
|
Limpo-a
|
|
Limpo esta merda
todas as semanas.
|
Que faço todas
as semanas?
|
|
Trato das
plantas.
|
||
Estou-te a
perguntar se és tu que vais limpar tudo isto.
|
Estou-te a perguntá-lo
|
|
Vê se te
acalmas.
|
se o acalmas / *
se lhe acalmas
|
|
Deixa o Bruno
em paz.
|
||
Olha a gaja que
fala com as árvores.
|
oração adjetiva
relativa restritiva
|
|
Olha a gaja que
fala com as árvores.
|
sujeito
|
|
Ai, coitadinha,
que eu sou tão especial.
|
cfr. verbo
copulativo
|
|
Vou mostrar ao
mundo a verdadeira Luciana.
|
Vou mostrar-lhe
|
|
Olha, filha,
verdadeiro é isto.
|
cfr. «verdadeiras
são estas»
|
|
Eu não fui assim
criada.
|
||
Pensas que
vens aqui falar assim para as pessoas.
|
= isso /
substantiva completiva
|
|
Sónia, gostas de
partir pratos?
|
* Que faz ela de
partir pratos? Gosta
|
|
Débora e
Luciana, que são ambas tripeiras, discutem.
|
||
Por causa da
nomeação de Débora gerou-se grande discussão.
|
||
— O Roberto
uniu-nos — disseram Débora e Rui.
|
||
— Os quartos e a
casa foram limpos por mim — disse a sopeirinha.
|
O organizador de um livro publicado há
uma década — Jorge Reis-Sá, A minha
palavra favorita, 2007 — pediu a intelectuais e figuras públicas,
portuguesas e brasileiras, que indicassem a sua palavra favorita e
sobre ela escrevessem um texto. Transcrevi o início de alguns dos textos.
Nesses exemplos, as palavras escolhidas salientam-se {completa, escrevendo os títulos}:
(1) pela sua aparência (som ou imagem
originais): «____»; «____»;
(2)
por, raras ou erradas, serem palavras quase privativas: «____»; «____»;
(3)
por se relacionarem com um hábito do autor: «____»; «____»;
(4)
por lembrarem atitudes que o autor preza: «____»; «____».
amanhã (João Lima Pinharanda)
A partir de finais da
adolescência, ao experimentar uma caneta ou uma nova inclinação de letra
(sempre fui pródigo em arriscar grafismos diversos), ou simplesmente, quando
rabiscava, distraído, um papel, escrevia sempre a palavra «AMANHû.
Não me
recordo de quando isso («AMANHû) começou nem se a escolha («AMANHû) foi, no
seu início, consciente. Frequentemente dava por mim com a palavra já escrita («AMANHû), como se se
tratasse de um tique. Tomei-a então («AMANHû) como uma espécie de talismã, uma
premonição otimista. Pedem-me hoje uma palavra e volto a recordar-me dela
(«AMANHû), reparo na distância emocional e simbólica que dela («AMANHû) me
separa. Já estarei no AMANHÃ de então? Terá sido por isso que deixei de o/a
evocar? Talvez necessite de novo dessa palavra («AMANHû) e dessa ideia
(«AMANHû), de recuperar o poder que lhe atribuía repetindo-a («AMANHû) até à
exaustão como mantra ou ladainha. Desdobro agora a palavra («AMANHû) em
componentes que nunca tinha explorado, vejo como nela («AMANHû) se escondem
significados inesperados e repito-a («AMANHû) pelo espaço que me resta. [...]
Carvalhelhos (Carlos Costa)
[...] Um inglês
distinto. Sozinho numa mesa, abandonado não, mas algo só. Começava por pedir
água, simplesmente água, entusiasmado com as dificuldades que aquele estranho
idioma parecia levantar. Sílaba a sílaba, lá ia ele, abrindo demasiadamente o A,
mas até nem estava mal para uma primeira vez, contorcendo-se para que os
lábios já estivessem completamente fechados para aquele U, o U de
GU, que quase parecia ser uma parede onde se dava o infernal ricochete
que atirava os lábios novamente para um A, que assim se abria ainda mais
do que o primeiro. A satisfação com a tarefa cumprida, com aquela á-gu-á arrancada
a uma vida inteira virada para outros sons, era agora claríssima no seu rosto.
Mas essa água, servida, não quero estar aqui a jurar mas quase seria capaz de o
fazer, numa jarra de vidro transparente, revelava-se uma desilusão ao paladar.
Eis então que de outra mesa se ouvia algum nativo indicando, com a calma que só
uma longa experiência hídrica e linguística pode oferecer, indicando o que
deveria ser a escolha certa: Carvalhelhos. E essa sim, essa parecia ser
a solução ideal, tal era o prazer que a água mineral em causa aparentemente
trazia a quem a provava. Impressionante a coragem desse homem que, sorrindo
sorrindo sorrindo, se lançava para o Car, aspirando aquele R complicado
só por si mas ainda mais quando posicionado na esquina do V de va; ainda assim o Carva era atingido sem
praticamente pestanejar; contudo isso já não posso jurar. Mas o grande momento
era sem dúvida o brutal embate com o lh, pior ainda com os dois lhs cruéis,
um a seguir ao outro. A vitória daquele Car-va-lhe-lhos final era algo
de desmedido, um inacreditável triunfo da vontade que acabava imerso no sabor
maravilhoso da tal água cristalina. E aquele homem ficava ali, sozinho numa
mesa, abandonado não e algo só agora também não. E enquanto bebia um longo copo
de água aquele som parecia ressoar por todo o seu corpo. Era a força dos lhs,
a força de um mundo novo, o prazer de um outro prazer, o que quer que seja,
mas tudo isso ressoava naquela única e nova palavra: Carvalhelhos. [...]
encertar (Clara de Sousa)
A palavra persegue-me há
20 anos. Até à maioridade fazia parte do meu vocabulário diário devido à
mestria culinária da minha mãe, cozinheira profissional, excelente doceira.
Sempre que havia bolo eu pedia para o «encertar». Se possível, ainda quente.
Teria perto dos 19, 20
anos quando, confiante no meu vocabulário, decidi dizer bem alto numa festa de
aniversário que iria «encertar» o bolo. Olhos arregalaram-se, conversas
paralelas começaram, um estranho peso se abateu na sala, perante tamanha
calinada. Estava a rapariga já na Faculdade de Letras e o Português... enfim,
imperdoável. Ainda por cima queria ser professora da Língua-Mãe. Fui então
alertada, à parte, para a asneira. Encetar, Clara. Diz-se encetar o bolo,
porque o vais abrir, vais começar...
Encetar? Estamos a
brincar! Sabia perfeitamente o que era encetar, fossem conversas ou
conversações, conversinhas e conversetas... mas nunca um bolo! Minha mãe da
Beira Litoral e meu pai de Trás-os-Montes, ambos diziam «encertar» e tal como
eles os seus irmãos e pais, sobrinhos sobrinhas, enteados e vizinhança, todos
«encertavam» um bolo! [...]
Roída pela dúvida, mal
pude, abri o dicionário, no encalço da minha palavra. Como se fosse uma jóia de
valor inestimável transmitida de geração em geração. Letra E,
um pouco mais à frente... empapar... encarnado.... encerebrar... só mais um
pouco... encer... encer... encerrar. encerro. encestar. Por momentos, o mundo
desabou ali mesmo. Nada de «encertar». A minha doce palavra não constava no
Dicionário de Língua Portuguesa. [...]
obsidiana (Fernando J. B. Martinho)
«Obsidiana» é uma das
palavras que me perseguem e acabei por fazer minhas. Não encontro facilmente
uma explicação para isso. Serão restos de uma atração pelos raros vocábulos da
poética simbolista? Glosei um dia um verso de António Patrício («Os pinhais
plumulavam») num poema que começava assim: «Não há rumor que chegue/ a esta
sombra fria de jade/ irisado que dizem ser a morte.» Foi isto em fins dos anos
80. Mas cerca de vinte anos antes tinha feito da obsidiana a palavra axial de
um poema incluído em
Resposta a Rorschach, 1970: Sagra-te em fogo
na obsidiana / o afago da terra / arrefecido no espelho /e afeiçoa as imagens
no / enxofre da memória / verde-escuras e cortantes / com / a espessura do
caos. [...]
serendipidade (Bruna Lombardi)
(Substantivo.) A
capacidade, fenómeno ou agradável surpresa de encontrar algo inesperado durante
a busca de alguma outra coisa.
Etimologia
— a palavra se origina do conto de fadas persa As Três Princesas de
Serendip. Serendip, de origem árabe (Sarandip) dá o nome da ilha de Sri
Lanka, no Ceilão e seu uso no Ocidente vem de 361 D.C. Mas o sentido que
conhecemos hoje vem da palavra serendipity, inventada no século XVIII,
pelo escritor inglês Horace Walpole.
Serendipidade é usada com frequência na ciência,
química, medicina, quando buscando um propósito acaba-se descobrindo
casualmente alguma nova cura ou invenção.
Um
exemplo de serendipidade remonta à época dos descobrimentos, quando Cabral, em
busca das Índias, acidentalmente descobre o Brasil.
Serendipidade
é um estado na vida. Busca-se uma coisa e encontra-se outra. É a arte de estar
aberto ao imprevisto, de se deixar lançar na aventura, de compreender a beleza
do desconhecido.
Escolhe
a tua palavra de estimação. Será ela
o título da redação (que farás em folha solta, a tinta). Nota que se trata de
aproveitar uma palavra de que gostes, o que não implica que gostes do seu
referente, do objeto que ela designa.
O texto centrar-se-á nessa palavra.
Podes fazê-lo de vários modos (como acontece nos trechos que leste: lembrar
experiência com a palavra; explicação da sua originalidade; etc.).
TPC — Melhora ou cria de novo, mas passando-o a computador em
qualquer dos casos, texto sobre ‘Palavra favorita’. Se não quiseres imprimir tu
a folha, envia-me o trabalho.
Aula 69-70 (31/jan [9.ª], 1 [4.ª, 5.ª], 6 [3.ª], 19/fev [2.ª (com parte do conteúdo abreviado ou adiado)]) [Depois de vermos e lermos os
vv. 502-647 da Farsa, as pp. 132-133]
Na
p. 132, repara nos vv. 502 a 529, com um monólogo do
Escudeiro. Apoiando-te também nas notas explicativas 1 a 5, na lapela do
manual, sintetiza a atitude do Escudeiro e tenta compará-la com o comportamento
de Inês antes de conhecer Pero Marques (mas já depois de ter lido a sua carta).
.
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Completa:
Nos vv. 597-600 e 606-609, o Moço não parece falar diretamente com o
Escudeiro, antes comenta (sem se dirigir à outra personagem em cena, mas,
provavelmente, quase falando para o público). Trata-se, portanto, de _____. A
função destas falas é _____ a situação do Escudeiro, louco (vv. 597-600) e, ao
contrário do que quer fazer passar, _____. De tal modo, que o moço consegue adivinhar
o que acontecerá a _____ (vv. 606-609).
[Depois de vermos e
lermos os vv. 648-777 da Farsa, as pp.
134-135]
Começa por ler o trecho enquadrado na p. 136, de Cristina
Almeida Ribeiro. Depois, completa o texto que ponho a seguir.
No passo da Farsa
de Inês Pereira que vimos hoje, o cómico de ____ resulta de as personagens
estarem _____ com o que as outras são: Brás da Mata finge ser _____ (com quem
combinara como devia proceder, bastante ao contrário do que sucedia
normalmente); Inês prepara-se para fazer o ____ de recatada e muda. Só o ____
conhece a verdade e sabe que as personagens dissimulam a sua realidade. Quando
as personagens se cruzam em ____, ignorantes do verdadeiro perfil do
interlocutor, o ____, detentor da verdade, pode rir-se.
Escreve a
apreciação crítica pedida na p. 124 (ao trecho visto, comparando também Vítor
do Penedo com Pero Marques).
. . . . . . . . .
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TPC — Estuda a ficha 15 do Caderno de atividades, sobre ‘Predicativo do complemento direto’
(pp. 29-30; aqui).
Aula 71-72 (1 [9.ª], 5 [5.ª], 6/fev [4.ª, 3.ª, 2.ª]) Trata os livros que vier a
distribuir com os cuidados que a todos os livros são devidos: sem os espalmar;
sem os usar como base do papel em que escrevamos; sem rasgar ou dobrar folhas.
Se a obra que te tiver calhado reunir
várias peças de teatro, escolhe apenas uma delas para o preenchimento da coluna
à esquerda na tabela. Tem também em conta que os livros podem ter prefácios,
introduções, etc., mas que o que nos interessa é a peça de teatro. Evita
pedir-me ajuda para reconhecer estes aspetos (o que pretendo é que te habitues
a lidar com o paratexto de um livro de teatro).
Quanto à coluna da direita, tens de
percorrer as pp. 116 e seguintes do manual. No verso da nossa folha, copiei a parte
inicial da peça mas na Copilaçam
(coligida em 1562).
Título da peça
|
|
________
|
___ Inês Pereira
|
Autor
|
|
________
|
[feito
por] ____
|
Há indicação de género (como subtítulo ou em alguma página
preambular)?
|
|
________
|
___
de folgar
|
Há indicação sobre a primeira representação (ou sobre alguma
outra)?
|
|
________
|
Representado
ao muito alto e poderoso rei dom ___ o terceiro, no seu convento de ___. Era
do Senhor de ___
|
Há lista de personagens? [Indicar as três que encabecem a
lista:]
|
|
_________
|
Inês
Pereira, sua Mãe, ______
|
Quantos atos há?
|
|
_________
|
Não estão assinalados.
Um, se quisermos.
|
Há descrição do cenário de cada ato? [Transcreve o primeiro
nome — comum ou próprio — que surja na didascália descritiva do cenário.
(Geralmente, o ato decorre num só cenário; certas peças, porém, dividem os
atos em quadros — nesse caso, liga só ao primeiro quadro de cada ato.)]
|
|
_________
|
Não há.
|
As cenas estão numeradas? [Se estiverem, indica o
número de cenas em cada ato:]
|
|
_________
|
Cenas não estão
numeradas, nem indicadas.
|
Há didascálias junto das falas das personagens (provavelmente, entre
parênteses e em itálico, a seguir ao nome que antecede a fala)? [Transcreve a primeira que
encontres:]
|
|
_________
|
«Entra logo Inês Pereira e finge que está ____
só em casa, e canta esta cantiga:»
|
Mote (= pensamento, provérbio, frase, que o autor deveria
desenvolver na sua obra): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .
Razão de ter sido dado a Gil Vicente este mote: . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . .
Ensaia
leitura em voz alta, expressiva, de uma fala — ou parte de fala — do livro que
te tenha calhado. Essa fala deve ter cerca de três a cinco linhas. (No ensaio,
procura ler em silêncio, ou quase em silêncio.)
Cria o começo
de um livro de teatro, incluindo:
Título da peça
Lista de personagens
Ato Primeiro [com didascália do cenário do:]
Duas curtas cenas do Ato I: Cena I / Cena II
Deves seguir a disposição típica dos textos teatrais (as didascálias
ficarão sublinhadas). Quanto a assunto, prefiro que o texto seja verosímil.
Como é óbvio, a
peça ficará suspensa a partir da cena II, pouco avançando em termos de ação.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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TPC — Lança as correções que fiz no texto
sobre «palavra favorita» e envia-me o ficheiro já passado a limpo.
Aula 73-74 (7 [9.ª], 8 [4.ª, 5.ª], 19/fev [3.ª, 2.ª (nesta turma, com parte do conteúdo abreviado ou adiado)]) Assistência a trechos da Farsa
(agora também em encenação para o projeto CITI), correspondentes às pp. 137-139 do manual).
Sintetiza o que se passa, em termos de
intriga, entre o casamento de Inês e Brás da Mata e o novo casamento, agora com
Pedro Marques.
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[Jogo do Stop:]
Nos sujeitos e nos complementos diretos não contam eventuais determinantes (a
letra será a do nome ou pronome); no complemento indireto, haverá sempre, é
claro, a preposição «a» (contraída ou não), mas o que conta será o resto; o
«por» não conta no caso de agentes da passiva; no caso de modificadores ou de
complementos oblíquos, se houver preposição inicial, esta não conta para
definir a letra inicial. Nos verbos das frases passivas, o auxiliar não conta
(é a inicial do particípio passado que interessará).
Letra
|
Estrutura
|
|||
I
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Modificador do grupo verbal
|
Complemento oblíquo [País]
|
A
Irene
|
irá
|
no
inverno
|
a
Inglaterra
|
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento indireto
|
Complemento
direto
|
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Predicativo do c. direto
|
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Modificador do grupo verbal [País]
|
|
Modificador do GV [Capital]
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Predicativo do sujeito
|
|
Sujeito
|
Núcleo do Predicado
|
Agente da passiva
|
Modificador do grupo verbal
|
|
Sujeito [Figura artística]
|
Modificador apositivo
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
|
Vocativo
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Complemento indireto
|
|
Sujeito [Figura pública]
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Modificador do grupo verbal
|
|
Sujeito [Desportista]
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Modificador restritivo do nome
|
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
Complemento indireto
|
Modificador do grupo verbal
|
|
Sujeito [Banda]
|
Núcleo do predicado
|
Agente da passiva
|
Modificador do grupo verbal
|
|
Modificador de frase
|
Sujeito [Escritor]
|
Núcleo do Predicado
|
Complemento direto
|
|
O primeiro a terminar a
frase corretamente ganha 3 pontos; o segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase
que se revele errada é atribuído um ponto negativo (-1 ponto).
O filme que hoje terminaremos — Expiação (Atonement)
— é baseado num romance de Ian McEwan. Neste romance há dois níveis
narrativos. Até agora só conhecemos um.
No livro, essa primeira narrativa
começa assim:
A peça — para a qual
Briony desenhara os cartazes, os programas e os bilhetes, construíra a
bilheteira com um biombo voltado de lado e debruara uma caixa com papel crepe
vermelho para recolher donativos — fora escrita por ela num assomo de
criatividade que tinha durado dois dias e a levara a perder um pequeno-almoço e
um almoço. Depois de concluídos todos os preparativos, já não tinha mais nada a
fazer a não ser rever o manuscrito e esperar pela chegada dos primos que vinham
do Norte. Só teriam tempo para um dia de ensaios antes de o seu irmão chegar.
Este nível narrativo, que
continuaremos a seguir no filme por mais uns minutos, vai concluir-se com a
personagem Briony a tentar expiar a sua culpa (‘compensar a sua culpa’,
‘penitenciar-se’). E, no livro, já fechada essa narrativa encaixada,
surge a assinatura «B[riony] T[allis]». Percebemos que toda esta primeira
história constituía um livro escrito por Briony, embora o narrador fosse
heterodiegético.
O outro nível narrativo só surge, no
volume, nas últimas vinte páginas (e, no filme, nos últimos dez minutos).
Agora, o narrador é autodiegético e identifica-se com uma Briony
septuagenária, já escritora consagrada. Copio só um trecho dessa parte:
Houve um crime. Mas também houve amantes. Os amantes, e o
final feliz da sua história, estiveram na minha mente toda a noite. Até
partirmos ao pôr do Sol. Uma mudança infeliz. Parece-me que afinal não viajei
assim tanto desde que escrevi a minha pequena peça. Ou melhor, fiz uma
digressão enorme e voltei ao meu ponto de partida. Só nesta última versão é que
os meus amantes têm um final feliz, parados ao lado um do outro num passeio no
Sul de Londres, enquanto eu me afasto. Todas as versões anteriores eram
impiedosas. Mas agora já não sei de que serviria tentar, por
exemplo, convencer os meus leitores, direta ou indiretamente, de que Robbie
Turner morrera de septicemia em Bray Dunes a 1 de junho de 1940 ou de que
Cecilia fora morta em Setembro desse mesmo ano no bombardeamento que destruiu a
estação de metro de Balham. De que nunca os vi nesse ano. [...] De que as cartas que os
amantes escreveram se encontram nos arquivos do War Museum. Como poderia isso
ser um final? Que sentido, esperança ou satisfação poderia um leitor tirar de
um relato assim? Quem estaria disposto a acreditar que nunca mais se tinham
encontrado, que nunca tinham materializado o seu amor? Quem estaria disposto a
acreditar nisso, a não ser por um realismo insuportável? Não podia fazer-lhes isso.
TPC — Lança as correções que fiz no texto da ‘palavra de estimação’ e envia-me
o ficheiro já passado a limpo (darei a nota depois de ver o texto reformulado).
Vai concluindo a leitura do livro que tenhas escolhido.
Aula 73A-74A (8/fev [9.ª]) Esta aula só diz respeito
ao 10.º 9.ª, tendo sido aproveitada para desenvolver tarefas que tinham ficado
por fazer nesta turma (redação de início de peça; jogo do stop sobre funções
sintáticas) mas que, nas restantes turmas, foram realizadas nas aulas 73-74 e 71-72.
Aula 75-76 (15 [5.ª, 9.ª, 4.ª], 20/fev [2.ª, 3.ª]) Correções (e indicações).
Assistência
a trecho final de Farsa (vv.
999-1144, em versão para CITI).
Completa esta síntese da
parte da Farsa que vimos hoje, a que
vai do v. 999 ao final da peça. (O que falta são sempre transcrições do próprio
texto de Gil Vicente.)
Inês diz a Pero que
gostava de sair («Marido, ____ eu agora / que há muito que não saí?»). Pero,
ingénuo, julga que Inês quer fazer cocó, já que «sair» significaria também
‘evacuar’ e dispõe-se a deixá-la sozinha («eu me irei para ___»). Desfeito o equívoco
— no fundo, houve uma situação cómica gerada por ambiguidade da linguagem —,
Inês lá explica que o que pretende é «ir ___ onde eu quiser», o que Pero
autoriza sem quaisquer restrições.
Inês encontra um Ermitão
que lhe revela ser um seu antigo apaixonado, desde os tempos de criança, quando
ela «era ainda _____». Reconhecendo-o («sois aquele que um dia / em casa de
minha tia / me mandastes ____»), Inês compromete-se a visitá-lo na ermida. Após
este primeiro encontro com o Ermitão, o marido diz-lhe para se ajeitar: «Corregê vós esses ____ / e ponde-vos em
feição», o
que já indicia a infidelidade de Inês.
Inês consegue que o bom
— e cornudo — do Pero Marques a conduza até ao local do encontro amoroso, sob a
justificação de o Ermitão ser um homem santo. Assim, o marido submisso leva-a
ao encontro do amante, carregando-a às costas quando atravessam um rio. Durante
a travessia, cantam uma canção carregada de ironia, na qual Inês chama o marido
«_____», «____» e «cuco» (metáforas com animais sobretudo portadores de belas
cornaduras que significariam ‘enganado’ ou
‘atraiçoado’).
Pero Marques limita-se a repetir o
refrão, «Pois assim se fazem as _____». Fica realçada a infidelidade de Inês e a
ingenuidade e submissão de Pero e, consequentemente, ilustra-se o provérbio que
servira de mote, «mais quero ____ que me leve que cavalo que me derrube».
Atentando no seu paralelismo,
estabelece a correspondência entre os vários momentos desta parte final da Farsa e os anteriores.
Parte
final:
a)
Inês canta com alegria o seu casamento, o qual lhe permite uma total liberdade.
= ____.
b)
Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de Inês, e esta aceita-o. = ____.
c)
Reflexão de Inês sobre as vantagens do casamento com Pero Marques. = ____.
d)
Lianor Vaz casa Pero Marques e Inês, sem cerimónia nem festa. = ____.
e)
Inês vive feliz, com total liberdade, e é infiel ao seu marido. = ____.
Excertos
anteriores:
1) Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de
Inês e esta rejeita-o (vv. 179-239).
2) Reflexão de Inês sobre as desvantagens do
casamento com o Escudeiro (vv. 864-881).
3)
Inês e Brás da Mata casam-se, com cerimónia e com festa (vv. 701-750).
4)
Inês vive infeliz e sem liberdade com o Escudeiro (vv. 781-825).
5) Inês canta com tristeza a sua vida de cativeiro
e trabalho (vv. 1-38).
Gil Vicente pôs em cena personagens
que encarnavam os elementos no ditado, ou provérbio, abaixo. Faz a
correspondência com as personagens que os representam (escrevendo os seus nomes
nas linhas vagas):
«Mais quero asno
que me leve que cavalo
que me derrube»
____ ___ ______ Inês
Sinopses
da Farsa de Inês Pereira e de Juiz da Beira, a segunda com a
curiosidade de ser peça em que Gil Vicente usou duas personagens que criara
para a Farsa (Pero e Inês):
Farsa de
Inês Pereira
— Inês Pereira é muito vaidosa, e propõe-se a gozar a vida. A mãe censura-a
pela sua mândria. Leonor Vaz informa que um clérigo costuma assaltá-la, para
verificar se ela é fêmea ou macho. Veio para entregar uma carta de Pero Marques
a Inês, que se aborrece com a leitura da insípida missiva. A alcoviteira e a
mãe aconselham-na a casar com homem rico. Inês Pereira recebe a visita do
pretendente. A mãe deixa-os sós; e Pero Marques sai envergonhado de estar só
com ela. A mãe volta. Inês declara-lhe que não aceita aquele pacóvio, e só
casará com quem tanja e cante. Vêm os judeus casamenteiros, que lhe arranjam
marido a gosto: um escudeiro pelintra, mas cantador. Inês casa-se com ele. O
escudeiro torna-se ciumento, encerra-a em casa, escraviza-a. O escudeiro morre
longe, na Mourama. Inês regozija-se. Pero Marques, trazido pela alcoviteira
Leonor Vaz, casa-se com ela. Um ermitão diz galanteios a Inês, que vai
recrear-se com ele à ermida, levando-a o marido às cavaleiras.
Juiz da
Beira —
Pero Marques declara que é juiz em terras de Viseu. Inês Pereira, sua mulher, é
quem soletra as Ordenações. Um
porteiro anuncia uma arrematação. Pero Marques manda-lhe apregoar a audiência,
que ele está ali para realizar. O porteiro põe um banco. Entram um ferreiro e
Vasco Afonso. Conversam os dois. Ana Dias vem à audiência queixar-se de que lhe
violaram a filha. O juiz decreta disparates e ordena que lhe traga sete ou oito
testemunhas. Entra um sapateiro de calçado velho. É judeu cristão-novo, a queixar-se
de que Ana Dias — que é alcoviteira — lhe seduziu a filha. O juiz nada resolve.
Um escudeiro chega, acompanhado dum moço. Queixa-se da alcoviteira Ana Dias,
que o burlou: apaixonando-se ele por uma moura, ela apanhou-lhe dois cruzados e
tudo quanto tinha. O moço queixa-se do escudeiro, que não lhe paga. O juiz só
profere disparates. Entram quatro irmãos: o Preguiçoso, que só dorme e ronca; o
Bailador, que tem a mania da dança; o Amoroso, sempre louquinho de paixão; e o
Brigoso, valentaço e cobardola. Disputam os quatro irmãos, por causa do asno
que foi do pai e que todos querem herdar. O juiz resolve citar o asno para
comparecer na audiência, e então decidirá a quem pertence.
[Procura
de um provérbio em dicionários de provérbios distribuídos]
Escreve a sinopse de uma peça que, como fez Vicente com «Mais quero asno que
me leve que cavalo que me derrube», tivesse de desenvolver um provérbio, dado
como mote. Escolhe esse provérbio-mote
relanceando os dicionários que farei circular (e que tratarás com o desvelo
concedido sempre aos livros que permito que manuseies).
Mote: . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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[Sinopse, incluindo, a certa altura, o título, que sublinharás:]
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[Brevíssimo esclarecimento acerca da relação entre a peça assim resumida
e o ditado que servia de mote:]
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Se houver tempo, lê a ficha
informativa sobre ‘Reportagem’ na p. 153.
Nos sketches que veremos (Gato Fedorento, série Fonseca)
caricaturam-se entrevistas e reportagens para televisão. Podemos ver em
cada sketch um de cinco perfis de
maus entrevistadores/repórteres:
A
— O que se limita a recolher depoimentos de ‘populares’, sem relevância
informativa.
B
— O que gosta de reportar acontecimentos curiosos, em vez de se ocupar com
assuntos relevantes.
C
— O que é agressivo com o entrevistado, a quem, no fundo, não quer ouvir (já se
fixou o sentido da reportagem, o mais espetacular, e a entrevista serve apenas
para lhe dar colorido e fingir cumprimento dum dever jornalístico).
D
— O que não concede tempo suficiente às respostas do entrevistado (em geral,
porque se considera que as audiências são menores quando há momentos mais
discursivos).
E — O que pretende obter
um «sound bite» a todo o custo e, de certo modo, não quer saber a opinião do
entrevistado, mas apenas poder anunciar uma frase, ter uma «cacha».
Sketch
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Perfil
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«Testemunhas de acidente»
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«Cão gigante»
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«O que quer dizer com isso?»
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«Padre Carla»
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«Tempo de satélite»
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«Vai candidatar-se, sotor?»
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TPC — No manual, dá um relance às páginas
ensaísticas sobre a Farsa de Inês Pereira
que ainda não tenhamos visto (por exemplo, às pp. 110-115, 141, 155); vai
revendo também as funções sintáticas que estudámos, bem como a hiperonímia e a
holonímia.
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