Sunday, August 27, 2017

Aulas (2.º período, 1.ª parte: 53-76)



Aula 53-54 (3 [9.ª], 4 [5.ª, 4.ª], 8/jan [2.ª, 3.ª]) O que se segue é uma adaptação do texto de Fernão Lopes nas pp. 90-92 do manual (parte do cap. 148 da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes). Simplifiquei a grafia/fonologia, nem tanto sintaxe e léxico (dei alguns significados entre parênteses retos).
            À esquerda de alguns dos páragrafos estão chavetas, dentro das quais colocarás a resposta ao exercício 1.1 da p. 92 (por vezes, dentro da chaveta ficarão duas ou três letras). Ao mesmo tempo, identificarás uma palavra intrusa em cada um dos treze parágrafos (risca-a e põe a que deveria estar em seu lugar — confere pelo texto no manual).
Das tribulações [atribulações] que Lisboa padecia [sofria] por míngua [falta] de mantimentos
{___}    Estando a cidade assim cercada, na maneira que já ouvistes, gastavam-se os mantimentos cada vez mais, por as muitas gentes que nela havia, assim dos que se colheram dentro, do termo [área do concelho], de homens aldeãos com mulheres e filhos, como dos que vieram na frota do Porto. E alguns se tremetiam [metiam] às vezes em batéis e passavam de noite escusamente [em segredo] contra as partes do Ribatejo; e, metendo-se em alguns esteiros [braços do rio], ali carregavam de bolo-rei que já achavam prestes, por recados que antes mandavam. E partiam de noite, remando mui rijamente, e algumas galés, quando os sentiam vir remando, isso mesmo [também] remavam à pressa sobre eles. E os batéis, por lhes fugir, e elas por os tomar, eram postos em grande trabalho.
{__}        Os que esperavam por tal trigo andavam pela ribeira, da parte de Enxobregas [Xabregas], aguardando quando viesse; e os que velavam, se viam as galés remar contra lá, repicavam [faziam tocar os sinos] logo para lhes acorrerem. Os da cidade, como ouviam o repico, leixavam o sono e tomavam as armas e saía muita gente e defendiam-nos às bestas [arma antiga], se cumpria [era necessário], ferindo-se às vezes de uma parte e de outra. Porém nunca foi vez que tomassem algum, salvo uma que certos batéis estavam em Ribatejo com trigo e foram descobertos por um homem natural de Almada, e tomados pelos castelhanos; e ele foi depois tomado e preso e arrastado e decepado e beijado. E posto que [ainda que] tal trigo alguma ajuda fizesse, era tão pouco e tão raramente, que houvera mister de o multiplicar, como fez Jesu Cristo aos pães com que fartou os cinco mil homens.
{__}      Em isto, gastou-se a cidade assim [tão] apertadamente que as púbricas [públicas] esmolas começaram desfalecer e nenhuma geração de pobres achava quem lhe desse pão; de guisa que a perda comum vencendo de todo a piedade, e vendo a grã míngua dos mantimentos, estabeleceram deitar fora as gentes minguadas e não pertencentes para defensão [úteis à defesa]. E isto foi feito duas ou três vezes, até lançarem fora as mancebas mundairas [prostitutas] e judeus, e outras semelhantes, dizendo que, pois tais pessoas não eram para pelejar [lutar], que não gastassem os mantimentos aos defesas centrais; mas isto não aproveitava coisa que muito prestasse.
{___}    Os castelhanos, à primeira, prazia-lhes com eles e davam-lhes de comer e acolhimento; depois, vendo que isto era com fome, por gastar mais a cidade, fez el-rei tal ordenança que nenhum de dentro fosse recebido em seu arraial [acampamento], mas que todos fossem lançados fora; e os que se ir não quisessem, que os açoitassem e fizessem tornar pera a cidade. E isto lhes era grave de fazer, tornarem por força para tal lugar, onde, chorando, não esperavam de ser recebidos. E tais havia que de seu grado saíam da escola, e se iam para o arraial, querendo antes de tudo ser cativos, que assim perecerem morrendo de fome.
{__}      Como não lançariam fora a gente minguada e sem proveito, que o Mestre mandou saber em certo pela cidade que bolo-rei havia por todo em ela, assim em covas como por outra maneira, e acharam que era tão pouco que bem havia mister [necessidade] sobre elo [acerca disso] conselho.
{__}      Na cidade não havia trigo para vender e, se o havia, era mui pouco e tão caro que as pobres gentes não podiam chegar a ele [...]. E começaram de comer pão de bagaço de azeitona, e dos queijos das malvas e das raízes de ervas e de outras desacostumadas coisas, pouco amigas da natureza; e tais havia que se mantinham em alféloa [melaço]. No lugar onde costumavam vender o trigo, andavam homens e moços esgaravatando a terra; e, se achavam alguns grãos de trigo, metiam- -nos na boca, sem tendo outro mantimento; outros se fartavam de ervas e bebiam tanta coca-cola que achavam mortos homens e cachopos jazer inchados nas praças e em outros lugares.
{__}      Andavam os moços de três e oitenta anos pedindo pão pela cidade, por amor de Deus, como lhes ensinavam suas madres [mães]; e muitos não tinham outra coisa que lhes dar senão lágrimas que com eles choravam, que era triste coisa de ver; e, se lhes davam tamanho pão como uma noz, haviam-no por grande bem. Desfalecia o leite àquelas que tinham crianças a seus peitos, por míngua de mantimentos; e, vendo lazerar [sofrer] seus filhos, a que acorrer não podiam, choravam amiúde [frequentemente] sobre eles a morte, antes que os a morte privasse da vida [...].
                Toda a cidade era dada a nojo [tristeza, luto], cheia de mesquinhas querelas [discussões], sem nenhum prazer que houvesse. Uns, com grã míngua do que padeciam; outros havendo dó dos atribulados. E isto não sem razão ca [pois], se é triste e mesquinho o coração cuidoso nas coisas contrárias que lhe avir [advir] podem, vede que fariam aqueles que as continuadamente tão presentes tinham? Pero [Embora], com tudo isto, quando repicavam, nenhum não mostrava que era faminto, mas forte e rijo contra seus inimigos. Esforçavam-se uns por consolar os outros, por dar remédio a seu grande nojo, mas não prestava conforto de palavras, nem podia tal dor ser amansada com nenhumas doces razões. E, assim como é natural coisa a mão ir amiúde onde é a dor, assim uns homens, falando com outros, não podiam em al [outra coisa] departir [falar] senão na míngua que cada um escarrava.
                Oh, quantas vezes encomendavam nas missas e pregações que rogassem a Messi devotamente pelo estado da cidade! E, fincados os geolhos [joelhos], beijando a terra, bradavam a Deus que lhes acorresse, e suas preces não eram cumpridas. Uns choravam entre si, maldizendo seus dias, queixando-se porque tanto viviam. [...] Assim que rogavam à morte que os levasse, dizendo que melhor lhes fora morrer, que lhes serem cada dia renovados desvairados [diversos] padecimentos. [...]
                Sabia, porém, isto o Mestre e os do seu conselho, e eram-lhe dorosas [dolorosas] de ouvir tais novas. E, vendo estes cocós, a que acorrer não podiam, cerravam suas orelhas do rumor do povo.
                Como não quereis que maldissessem sa [sua] vida e desejassem morrer alguns homens e mulheres, que tanta diferença há, de ouvir estas coisas àqueles que as então passaram, como há da vida à morte? Os padres [pais] e madres [mães] viam estalar de fome os filhos que muito amavam, rompiam as faces e umbigos sobre eles, não tendo com que lhes acorrer senão pranto e espargimento de lágrimas; e, sobre tudo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-rei de Castela deles havia de tomar. Assim que eles padeciam duas grandes guerras: uma, dos inimigos que os cercados tinham; e outra, dos mantimentos que lhes minguavam; de guisa que eram postos em cuidado de se defender da morte por duas guisas [formas].
{__}        Para que é dizer mais de tais falecimentos [provações]? Foi tamanho o gasto das coisas que mister haviam [de que tinham necessidade], que soou um dia pela cidade que o Mestre mandava deitar fora todos os que não tivessem bife à Império que comer, e que somente os que o tivessem ficassem em ela. Mas quem poderia ouvir, sem gemidos e sem choro, tal ordenança de mandado àqueles que o não tinham? Porém, sabendo que não era assim, foi-lhes já quanto de [bastante] conforto. Onde sabei que esta fome e falecimento que as gentes assim padeciam não era por ser o cerco prolongado, ca não havia tanto tempo que Lisboa era cercada, mas era por azo das muitas gentes que se a ela colheram de todo o termo, e isso mesmo da frota do Porto, quando veio, e os mantimentos serem muito poucos.
{E}         Ora esguardai [olhai], como se fôsseis presente, uma tal cidade assim desconfortada e sem nenhuma certa fiúza [confiança] de seu livramento [libertação], como viveriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de tais aflições! Ó geração que depois veio, povo bem-aventurado, que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro [participante] de tais hérnias umbilicais! Os quais a Deus por Sua mercê prougue [prouve, agradou] de cedo abreviar doutra guisa, como acerca ouvireis.

Em O amor acontece há um passo que me lembra o episódio da Crónica de D. João I que estudámos em primeiro lugar, «Do alvoroço que na cidade cuidando que matavom o Meestre, e como aló foi Alvoro Paaez e muitas gentes com ele» (pp. 83-85), com o povo de Lisboa a ser conduzido aos paços da rainha (restaurante), por ação de um pajem (Sofia) estimulado por Álvaro Pais (Barros), para defender o Mestre (Aurélia), que, alegadamente, o Conde Andeiro (Jamie) queria matar (comprar), acabando afinal por se festejar o triunfo do Mestre (Aurélia), que, afinal, matara o Andeiro (casa com Jamie) e sai até junto das massas (clientes do restaurante, portugueses), que aplaudem deliciadas.
Nesse trecho do filme, as personagens secundárias (ou mesmo figurantes) portuguesas — não incluo, portanto, Aurélia — são uma espécie de personagem coletiva, plana, ingenuamente caricaturada, talvez um estereótipo do português aos olhos dos estrangeiros. A caracterização desta «personagem» é, como é costume em cinema, indireta, já que decorre sobretudo das suas atitudes, da sua linguagem.
Inscreve no quadro os adjetivos qualificativos correspondentes à característica psicológica que os comportamentos à direita sugerem.

portugueses são...
comportamentos no trecho de O amor acontece
interesseiros, oportunistas, materialistas
Veem o casamento da filha, ou irmã, como possibilidade de melhoria das condições materiais.

Barros vem abrir a porta em camisola interior; não hesita em confiar em desconhecido; chama a filha de imediato.

Barros diz a Sofia que até pagava para se desenvencilhar dela.

Sofia trata o pai por «estúpido».

Pai e filha tentam resolver o pedido do estrangeiro.

Pai e filha vão pelas ruas a contar a todos o que se está passar.

«O meu pai vai vender a Aurélia como escrava!».

«É a minha melhor empregada. Não se pode casar!».

Assistem, sem desviar olhar, à declaração de amor; [na rua, não se coibiram de engrossar o pelotão em demanda de Aurélia.]

Diz Sofia: «casa-te mas é com o príncipe William».

Não percebem as mais elementares palavras inglesas (por isso ficam calados durante o assentimento de Aurélia).

Barros e Sofia beijam genro e cunhado.

Todo o restaurante fica eufórico com o sucesso da declaração de amor.
Também em Fernão Lopes a caracterização da personagem coletiva ‘povo (de Lisboa)’ é sobretudo indireta. Em vez de adjetivos, tenta nome (ou grupo nominal) que corresponda à característica de comportamento subjacente. Pus alguns, mas acrescenta.
...
povo mostra...
passos em «Do alvoroço [...]», Crónica de D. João I
subordinação a desígnios de outrem; cumprimento submisso de ordens mesmo que irrazoáveis; sociabilidade;
...
O Page do Meestre, [...] como lhe disserom que fosse pela vila segundo já era percebido [combinado], começou d’ir rijamente a galope [...] braadando pela rua: // — Matom o Meestre! [...] // As gentes que esto ouviam, saíam aa rua veer que cousa era; e, começando de falar uns com os outros, alvoroçavom-se nas voontades, e começavom de tomar armas cada um como melhor e mais asinha podia.
disponibilidade para adotar pontos vista que se presumem maioritários; ...
[...] e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo de marido, se moverom todos com mão armada, correndo a pressa pera u deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar morte.
obstinação; ...
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos desejando cada um de seer o primeiro;
leviandade; ...
e preguntando uns aos outros quen matava o Meestre, nom minguava quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha.
índole vingativa; ...
E per voontade de Deos todos feitos dum coraçom com talente de o vingar, como forom aas portas do Paaço que eram já çarradas, ante que chegassem, [...] com espantosas palavras começarom de dizer: // — U matom o Meestre? que é do Meestre? Quem çarrou estas portas?
individualismo; indecisão; ...

Ali eram ouvidos brados de desvairadas maneiras. Taes i havia que certeficavom que o Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas, dizendo que as britassem para entrar dentro, e veeriam que era do Meestre, ou que cousa era aquela. // Deles braadavom por lenha, e que veesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e queimar o treedor e a aleivosa. Outros se aficavom pedindo escaadas pera sobir acima, pera veerem que era do Meestre; e em todo isto era o arroido atam grande que se nom entendiam uns com os outros, nem determinavom nenhuma cousa.
cobardia; ...
[...] dizendo muitos doestos contra a Rainha.
materialismo; ...
De cima nom minguava quem braadar que o Meestre era vivo, e o Conde Fernandez morto; mas isto nom queria nenhum creer, dizendo: // — Pois se vivo é, mostrae-no-lo e vee-lo-emos. [...]
ceticismo; ...
[O mestre mostra-se] // E tanta era a torvaçam deles, e assi tiinham já em creença que o Meestre eram que taes havia i que aperfiavom que nom era aquele; porem conhecendo-o todos claramente, houverom gram prazer quando o virom, e deziam uüs contra os outros: //— Ó que mal fez! pois que matou o treedor do Conde, que nom matou logo a aleivosa com ele! Creedes em Deos, ainda lhe há de viinr algum mal per ela. [...] O aleivosa! já nos matou um senhor, e agora nos queria matar outro; leixae-a, ca ainda há mal d'acabar por estas cousas que faz!
lhaneza; ...
— O, senhor! como vos quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que vos guardou desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo esses Paaços, nom sejaes lá mais. // E em dizendo esto, muitos choravom com prazer de o veer vivo.
subserviência; candura; ...
[Então o Mestre] cavalgou com os seus acompanhado de todolos outros que era maravilha de veer. Os quaes mui ledos arredor dele, braadavam dizendo: // — Que nos mandaes fazer, Senhor? que querees que façamos? // E el lhe respondia, aadur podendo seer ouvido, que lho gradecia muito, mas que por estonce nom havia deles mais mester.
Escreve exposição sobre «Os portugueses» (120-150 palavras). Incluirás uma alusão a portugueses em  Fernão Lopes e uma alusão a O amor acontece.
TPC — Em Gaveta de Nuvens vê o que escrevi em «Para escolher livros a ler»; vê comentários a tarefas. Quem não fez tarefa de gravação do 1.º período deve fazê-la quanto antes (enviar-me ainda durante a próxima semana).


Aula 55-56 (4 [9.ª], 8 [5.ª], 9/jan [4.ª, 2.ª, 3.ª]) Resposta/correção da ficha com nomes caracterizadores de ‘povo de Lisboa’ (em «Do alvoroço [...]».

A pouco e pouco, temos revisto as classes de palavras (adjetivo, nome, verbo, preposição, pelo menos). Calha agora a do pronome. Vamos olhar sobretudo os Pronomes pessoais (situa-te, por favor, na p. 322).
Como nos pronomes pessoais ainda sobrevivem os «casos» latinos (vão apresentando formas diferentes conforme o papel sintático que desempenhem), também nos interessa lembrar os critérios para distinguir funções sintáticas (o nosso manual, pp. 324-235, é bastante incompleto quanto a isto; ao contrário o manual de muitos o ano passado, P9, tem boas páginas sobre o assunto — pp. 280-282).

Alguns critérios para distinguir funções sintáticas
— só das funções que podem interessar agora —
o sujeito concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira. Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: *Caiu-a.)
O complemento direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei um doce ao orangotango. = Dei-o ao orangotango.
O complemento indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Dei um doce ao orangotango. = Dei-lhe um doce.
O complemento oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu ao Sporting-Braga. *Assistiu-lhe.
Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:
A Florinda estudou gramática na segunda-feira.
Que fez a Florinda na segunda-feira? Estudou gramática.
Ao contrário, se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado é agramatical:
O Acácio foi à Cova da Moura.
* Que fez o Acácio à Cova da Moura? Foi.
Reconhece-se o complemento agente da passiva com facilidade. Começa com a preposição «por» e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A passagem de ano foi prejudicada pelo fogo. O fogo prejudicou a passagem de ano.
O predicativo do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em casa.

            Encosta-te a mim

1              Encosta-te a mim,
2              Nós já vivemos cem mil anos
                Encosta-te a mim,
4              Talvez eu esteja a exagerar
                Encosta-te a mim,
                Dá cabo dos teus desenganos
7              Não queiras ver quem eu não sou,
8             Deixa-me chegar.
                Chegado da guerra,
                Fiz tudo p'ra sobreviver em nome da terra,
11            No fundo p'ra te merecer
12            Recebe-me bem,
                Não desencantes os meus passos
14            Faz de mim o teu herói,
                Não quero adormecer.

16            Tudo o que eu vi,
17            Estou a partilhar contigo
                O que não vivi hei de inventar contigo
                Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
20           Mas quero-te bem, encosta-te a mim.

                Encosta-te a mim,
                Desatinamos tantas vezes
23            Vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
                Recebe esta pomba que não está armadilhada
                Foi comprada, foi roubada, seja como for.
26            Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
                Em nome da estrada, onde só quero ser feliz
                Enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
                Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

                Tudo o que eu vi,
                Estou a partilhar contigo o que não vivi,
                Um dia hei de inventar contigo
                Sei que não sei às vezes entender o teu olhar
                Mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Jorge Palma, Voo Noturno

Na tabela estão pronomes pessoais encontráveis em «Encosta-te a mim». Tendo o cuidado de ir verificar o contexto em que aparecem os pronomes na letra da canção, escreve a função sintática de cada um. (Não te limites a procurar no quadro no manual; tenta mesmo compreender a função do pronome nas frases em causa.)

verso
pronome
função sintática
comentário que pode ajudar na decisão quanto à função desempenhada
1
te

Na 3.ª pessoa seria «ele encosta-se».
1
mim

Era possível trocar por «encosta-te-me».
2
Nós


4
eu


7
eu


8
me

O pronome da 3.ª pessoa não seria «*deixa-lhe» mas «deixa-o».
11
te

Na 3.ª pessoa seria «para o merecer».
12
me

Na 3.ª pessoa não seria «*recebe-lhe».
14
mim


16
eu


17
contigo


20
te

Há duas interpretações possíveis: 'quero a ti bem' (= 'desejo a ti o melhor') e 'quero-te muito' (= 'desejo-te muito').
23
mim


26
Eu
sujeito


Ouvida a segunda metade do episódio da série ‘Grandes livros’ acerca das obras de Fernão Lopes, à esquerda destes períodos escreve V(erdadeiro) ou F(also).
Cerco de Lisboa foi levantado assim que chegou ajuda vinda do Porto.
Segundo Teresa Amado, foi o povo de Lisboa que fez regente do reino D. João, Mestre de Avis.
As Crónicas de Fernão Lopes são sobretudo textos de história, mais do que textos literários.
Segundo Borges Coelho, apesar de ainda em português medieval, a prosa de Fernão Lopes é moderna porque é próxima da fala, do diálogo.
Para Teresa Amado, a história de Fernão Lopes é também uma história de pessoas (não é uma história exterior, apenas de factos).
Para Alice Vieira, a história como escrita por Fernão Lopes é como um relato de aventuras, de bons e maus, de luta pelo poder, apaixonante, uma «reportagem».
Para António Borges Coelho, Fernão Lopes tem o dom da síntese — numa frase, num grito popular consegue juntar uma multidão em movimento.
Em 1385, as cortes reúnem em Coimbra com vista a dar um novo rei a Portugal.
João das Regras defendeu que a escolha do rei devia resultar de um referendo, semelhante ao que não se haveria de fazer na Catalunha uns séculos mais tarde.
Segundo Borges Coelho, a Crónica de D. João I é a história da refundição do estado português.
A desproporção entre o número de castelhanos e portugueses em Aljubarrota foi ainda inflacionada por Fernão Lopes.
O herói que emerge na batalha de Aljubarrota é D. João I.
A estratégia usada para derrotar os castelhanos em Aljubarrota incluiu a disposição das tropas em quadrado, um terreno em declive, fossas cheias de cocós de cão mas disfarçadas com folhagem.
Segundo Jaime Nogueira Pinto, não haveria Portugal hoje se não tivessem existido D. João e D. Nuno Álvares Pereira — teríamos sido absorvidos pela Espanha em formação.
As Crónicas foram encomendadas a Fernão Lopes por D. Duarte, filho de D. João I, também com o fito de legitimar a segunda dinastia.
A convicção de Teresa Amado é que D. Duarte seria suficientemente inteligente e culto para ter dado liberdade a Fernão Lopes, sem o condicionar.
Segundo Borges Coelho, investigação recente tem mostrado como era parcial a perspetiva de Fernão Lopes.
Segundo Nogueira Pinto, Fernão Lopes gosta dos portugueses, chegando mesmo a assediá-los.
Borges Coelho lembra que Fernão Lopes, por hábito de tabelião, procurava documentação («ia às fontes») e lera os autores que tinham já tratado aqueles episódios.
Para Alice Vieira, dada a vivacidade que imprime ao relato, parece-nos sempre que Fernão Lopes esteve no centro dos acontecimentos.

TPC — Completa «Definição telegráfica» de Crónica de D. João I.



Aula 57-58 (10 [9.ª], 11 [5.ª, 4.ª], 15 [3.ª], 22/jan [2.ª])

Critérios para distinguir funções sintáticas
funções ao nível da frase
O sujeito concorda com o verbo. Se experimentarmos alterar o número ou pessoa do sujeito, isso refletir-se-á no verbo que é núcleo do predicado:
Caiu a cadeira. Caíram as cadeiras (Para se confirmar que «a cadeira» não é aqui o complemento direto: *Caiu-a.)

O predicado pode ser identificado se se acrescentar «e» + grupo nominal + «também» (ou «também não») à oração:
O Egas partiu para o Dubai. O Egas partiu para o Dubai e o Sancho também (também partiu para o Dubai).

O vocativo distingue-se do sujeito porque fica isolado por vírgulas e não é com ele que o verbo concorda. Antepor-lhe um «ó» pode confirmar que se trata de vocativo.
Tu, Rosa, não percebes nada disto! Tu, ó Rosa, não percebes nada disto!

Para distinguir o modificador de frase do modificador do grupo verbal, pode ver-se que as construções que ponho à direita (a interrogar ou a negar) são possíveis com o modificador do grupo verbal mas não com o advérbio que incide sobre toda a frase.
Evidentemente, a Uber tem razão. *É evidentemente que a Uber tem razão?
Talvez Portugal ganhe. *Não talvez Portugal ganhe.
Com um modificador de grupo verbal o resultado seria gramatical:
Ele come alarvemente. É alarvemente que ele come?

funções internas ao grupo verbal
O complemento direto é substituível pelo pronome «o» («a», «os», «as»):
Dei mil doces ao diabético. Dei-os ao diabético.

O complemento indireto, introduzido pela preposição «a», é substituível por «lhe»:
Ofereci uma sopa de nabiças ao arrumador. Ofereci-lhe uma sopa de nabiças.

O complemento oblíquo, e mesmo quando usa a preposição «a» (uma das várias que o podem acompanhar), nunca é substituível por «lhe»:
Assistiu ao jogo contra as Ilhas Faroé. *Assistiu-lhe.

Para identificarmos um modificador do grupo verbal, podemos fazer a pergunta «O que fez [sujeito] + [modificador]?» e tudo soará gramatical:
Marcelo fez um discurso na segunda-feira.
Que fez Marcelo na segunda-feira? Fez um discurso.
Se se tratar de um complemento oblíquo, o resultado já será agramatical:
Dona Dolores foi à Madeira.
*Que fez Dona Dolores à Madeira? Foi.

O complemento agente da passiva começa com a preposição «por», precedida por verbo na passiva, e podemos adotá-lo como sujeito da mesma frase na voz ativa:
A casa foi comprada por Monica Bellucci. Monica Bellucci comprou a casa.
As joias de Kim foram roubadas pelos ladrões. Os ladrões roubaram as joias de Kim.

O predicativo do sujeito é uma função sintática associada a verbos copulativos (como «ser», «estar», «parecer», «ficar», «permanecer», «continuar», mas também «tornar-se», «revelar-se», «manter-se», etc.). Atribui uma qualidade ao sujeito ou localiza-o no tempo ou no espaço.
Os taxistas andam revoltados.
A Violeta está em casa.

O predicativo do complemento direto é uma função sintática associada a verbos transitivos-predicativos (como «achar», «considerar», «eleger», «nomear», «designar» e poucos mais), os que selecionam um complemento direto e, ao mesmo tempo, lhe atribuem uma qualidade/característica.
A ONU elegeu Guterres secretário-geral. (Para confirmar que «Guterres» é o complemento direto e «secretário-geral», o predicativo do complemento direto: A ONU elegeu-o secretário-geral.)
Eles deixaram a porta aberta. ( Eles deixaram-na aberta.)
Cfr., porém, «Comprei o bolo podre», que pode ter duas interpretações: uma em que todo o segmento «o bolo podre» é o complemento direto (‘Comprei-o’); e outra em que «o bolo» é o complemento direto e «podre» é o predicativo do complemento direto (‘Comprei-o podre’).

funções internas ao grupo nominal
O complemento do nome, quando tem a forma de grupo preposicional, é selecionado pelo nome (ou seja, é obrigatório, mesmo se, em alguns casos, possa ficar apenas implícito). Os nomes que selecionam complemento são muitas vezes derivados de verbos.
A absolvição do réu desagradou-me. (Seria aceitável «A absolvição desagradou-me» num contexto em que a referência ao absolvido ficasse implícita.)
A necessidade de estudar gramática é uma balela. (*A necessidade é uma balela.)
Quando tem a forma de grupo adjetival, o complemento do nome constitui uma unidade com o nome, ficando tão intimamente ligado a ele, que, na sua ausência, aquele parece ter já outro sentido. (Reconheça-se que estes casos não são fáceis de distinguir de certos modificadores restritivos do nome.)
A previsão meteorológica falhou.
Os conhecimentos informáticos são úteis.

O modificador restritivo do nome restringe a realidade que refere, mas não é selecionado pelo nome (não é «obrigatório»).
Comprei o casaco azul. | Cão que ladra não morde.

O modificador apositivo do nome, sempre isolado por vírgulas, travessões ou parênteses, não restringe a realidade a que se refere nem é selecionado pelo nome (a sua falta não prejudicaria o sentido da frase).
O filme de que te falei, Birdman, está a acabar.
O Renato Alexandre, que é amigo do seu amigo, conhece o Busto.

função interna ao grupo adjetival
O complemento do adjetivo é selecionado por um adjetivo (embora seja, frequentemente, opcional).
Ela ficou radiante com os presentes. (Ela ficou radiante.)
Isso é passível de pena máxima. (*Isso é passível.)

Nota — Na p. 325 do manual estão os verbos que costumam selecionar complemento oblíquo, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto.


            Completa com complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, complemento agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador do grupo verbal.

Moras em Cabul?

Os estores da minha casa foram estragados pela ventania.

Em Miranda do Douro come-se boa carne.

O Salvador é o último português sem telemóvel.

Comi anteontem uma costeleta de gato excelente.

O Alípio foi ali e já vem.

Iracema mentiu a Adalberto.

Na livraria vendem carapaus.

Ontem passei por ela.

Regressaste da Líbia.

O Ulisses põe o livro na estante.

Os jornalistas consideraram Messi o melhor.
predicativo do complemento direto


            Identifica as funções sintáticas (sujeito, predicado, complemento direto, etc.), na canção com que se inicia o filme O amor acontece. Interessam só as expressões sublinhadas.

Sinto-o nos meus dedos,
Sinto-o nos meus pés,
O amor anda à minha volta,
O Natal está à minha volta,
E  o sentimento   cresce,
Está escrito no vento,
Está onde quer que vá.
Por isso, se gostam do Natal,
Deixem nevar.

o = _______ (cujo referente são os versos 4-7; trata-se, portanto de uma ______ {anáfora/catáfora}).
[eu] (subentendido) = ______
à minha volta = ______
à minha volta = ______
o sentimento = ______
cresce = ______
escrito no vento = _______
Está onde quer que vá = _______
do Natal = ______
[vocês] (subentendido) = ______

Conheces as reportagens que são incluídas em telejornais ou programas de informação. A jornalista faz introdução (descreve o contexto), depois ouve uns populares ou uns especialistas, volta a sintetizar, pode até dialogar com o pivô no estúdio, etc. Escreve um desses diretos, no momento do cerco de Lisboa, baseando-te no texto de Fernão Lopes (pp. 90-92), mas criando também parte do contexto.
....
TPC — Lê as páginas sobre ‘Funções sintáticas’ que estão copiadas aqui. Talvez possas ler sobretudo as das funções sintáticas ao nível da frase (sujeito, predicado, vocativo, modificador de frase) e as internas ao grupo verbal (complementos direto, indireto, oblíquo, agente da passiva, predicativo do sujeito, modificador do verbo; há ainda o predicativo do complemento direto, que daremos brevemente).


Aula 59-60 (11 [9.ª], 15 [5.ª], 16/jan [3.ª, 4.ª, 2.ª]) Questionário de compreensão dos dois depoimentos sobre Gil Vicente (pp. 108-109):


Vai lendo o depoimento de Maria do Rosário Pedreira — «Pôr o dedo na ferida» (p. 108) — e circundando a melhor alínea de cada item.

O título «Pôr o dedo na ferida» procura fazer uma alusão
a) ao facto de Gil Vicente ter exposto os aspetos negativos da sociedade do seu tempo.
b) ao ambiente fechado, autoritário, da escola em que a cronista estudou.
c) ao facto de palavras como «caganeira» (e, decerto, «cocó») terem passado a ser ditas em aula.
d) às reações da personagem Inês na Farsa de Inês Pereira.

«era muito diferente da de hoje» (ll. 2-3) é
a) predicativo do sujeito.
b) predicado.
c) frase.
d) período.

O facto a que se reporta «o que, aliás, aconteceu muito mais depressa do que supúnhamos» (ll. 10-11) foi
a) uma lufada de ar fresco.
b) o castelhano ter surgido misturado com a língua arcaica.
c) a compreensão fácil do português de Gil Vicente.
d) rir à gargalhada.

«Gil Vicente foi mesmo um desbocado» (l. 23) significa que Gil Vicente
a) era desdentado.
b) não tinha boca.
c) falava muito.
d) criticava muito.

«atual» (l. 33) é
a) predicativo do sujeito.
b) complemento oblíquo.
c) complemento indireto.
d) complemento direto.

O que torna «este texto grande literatura» (ll. 42-43) é
a) a mudança surpreendente da linha de ação e certos aspetos formais.
b) Gil Vicente transformar a vítima em carrasco.
c) Gil Vicente permitir a Inês emendar o pé, além das palavras ricas e belíssimas.
d) a forma com que se apresenta o conteúdo (versos, palavras ricas, rima).

Passa agora ao depoimento de Fernando Alvim — «Se não estou em erro» (p. 109) — e vai também circundando a melhor alínea de cada item.

«a vossa idade» (l. 3) indica que o narrador — no fundo, identificável com Fernando Alvim — toma como narratário (como seu destinatário)
a) os ouvintes do seu programa de rádio.
b) os espetadores do seu programa de televisão.
c) quem o leia.
d) estudantes do 10.º ano.

Em «e, talvez, um sentido estético bem mais sofrível que os anos 80 não pouparam a ninguém» (ll. 3-5), o narrador
a) brinca com o gosto dos adolescentes atuais.
b) brinca com o gosto dos anos oitenta.
c) considera que, antigamente, havia modas melhores.
d) assume que os anos oitenta foram uma época de gastos.

Pelas linhas 5-9 percebemos que Alvim estudou
a) a Farsa de Inês Pereira pouco antes de ter lido o Auto da Barca do Inferno.
b) a Farsa de Inês Pereira bastante antes de ter lido o Auto da Barca de Inferno.
c) o Auto da Barca do Inferno antes de ter lido a Farsa de Inês Pereira.
d) as obras de Gil Vicente pouco depois do exame de condução.

«daquelas que vocês tanto gostam» (l. 13)
a) está mal escrito.
b) reporta-se às peças de Gil Vicente.
c) alude a peças de vestuário.
d) diz respeito a selfies (l. 16).

«moderno» (l. 20) é um
a) predicativo do sujeito relativo ao próprio narrador.
b) predicativo do sujeito relativo à peça de Gil Vicente.
c) predicativo do sujeito relativo a Gil Vicente.
d) complemento direto.

«É certinho» (l. 24) exprime
a) ironia acerca da duração da vida daqueles a quem se dirige.
b) ceticismo quanto à boa natureza dos comportamentos das pessoas.
c) a índole atitudinal de Brás da Mata.
d) confiança de que os nomes «Inês», «Pereira», «Brás» e «Mata» sejam dos mais comuns no futuro.

Nas primeiras linhas do terceiro parágrafo (l. 25-...), assume-se que a Farsa de Inês Pereira
a) critica clero e casamento.
b) luta contra a discriminação entre géneros e o casamento tradicional.
c) aborda muitos locais.
d) caricatura mais os homens do que as mulheres.

«A sério, ele não se importa» (l. 36) significa que Gil Vicente
a) merece ser lido.
b) não se importa que o digiram.
c) não se importa de levar pancada.
d) não tinha medo de ridicularizar com quem se cruzava.

Em «O meu fascínio por Gil Vicente sofreu um rombo de que julguei ser impossível recuperar» (ll. 44-45), «Gil Vicente» refere
a) uma equipa de futebol.
b) Makpoloka Mangonga.
c) o narrador.
d) o importante dramaturgo.

«Ela mesma» (l. 50) é uma
a) catáfora, tendo como referente «a Farsa de Inês Pereira».
b) anáfora, tendo como referente «a Farsa de Inês Pereira».
c) anáfora, tendo como referente «leitura para os pacientes que aguardam a sua vez».
d) catáfora, tendo como referente «leitura para os pacientes que aguardam a sua vez».

A hiperonímia é uma relação de hierarquia entre um termo subordinado (hipónimo) e um seu subordinante (hiperónimo): o hipónimo é um membro da espécie, da classe, que o hiperónimo designa.
            Por exemplo, a palavra «crocodilo» é _____ de «animal». Entretanto, «animal» é _____ de «crocodilo». O hiperónimo «animal» tem aliás muitos outros seus hipónimos: «gato», «lesma», «pulga», «caracol», ______. Estes termos subordinados a um mesmo hiperónimo são, entre si, co-hipónimos.
            Dou-te pares de co-hipónimos. Encontra o seu hiperónimo:
Os co-hipónimos «cravo» e «piano» têm como hiperónimo «_____».
Os co-hipónimos «cravo» e «rosa» têm como hiperónimo «_____».
Os co-hipónimos «Camões» e «Fernando Pessoa» têm como hiperónimo «_____»
            Nada impede que termos que são hipónimos de um outro termo mais geral que os subordina sejam, por sua vez, hiperónimos de termos mais específicos: «animal» é _____ de «mamífero»; «mamífero» é _____ de «cão»; «cão» é ______ de «cão de caça», «cão pisteiro», «rafeiro» (e estes termos são entre si _____).
            Outra relação que estrutura o léxico é a de holonímia. Um termo representa o todo; e outro, a parte: «mesa» é holónimo de «tampo»; e «tampo» é merónimo de «mesa».
            Mais exemplos: «ponteiro» é merónimo de ______; «espelho retrovisor» e «volante» são entre si co-merónimos (e sabemos que o seu holónimo é «_____»); «mão» é holónimo de «______».
            Completa com holónimo / merónimo / hiperónimo / hipónimo:
«cáfila» é _____ de «camelo».
«vaso sanguíneo» é ______ de «sistema circulatório».
«cocó» é _____ de «excremento».
«texto dramático» é ______ de «Farsa de Inês Pereira».
            Preenche:
Merónimos
Holónimos
Castelo Branco, Lisboa, Faro


casa
Morfologia, Sintaxe, Fonética


livro
            Na entrevista que vamos ver — de Bruno Aleixo a Fernando Alvim (O Programa do Aleixo, episódio 3) —, serão raras as perguntas que tivessem pertinência numa entrevista verídica. Está atento para anotares essa(s) pergunta(s), se existir(em).
...


Cidade
Hiperónimo
Hipónimo
Merónimo
Holónimo
Verbo
na 1.ª pessoa. do plural do Presente do Conjuntivo
Antónimo
Antónimo
Adjetivo qualificativo no superlativo absoluto sintético
Artista
B
Bruxelas
Bebida,
7Up
Botão, Casaco
Bebamos
Barato,
Caro
Bonitíssima
(The)Beatles

























































TPC — Estuda a ficha 24 do Caderno de atividades («Relações semânticas entre palavras»; pp. 43, 44; soluções na pp. 97-98; reproduzi-la-ei aqui). Não te esqueças, entretanto, de ir lendo/escolhendo livro da lista que já temos referido.


Aula 61-62 (17 [9.ª], 18 [5.ª, 4.ª], 22 [3.ª], 23/jan [2.ª]) Depois de veres trecho de Último a sair, completa com hiperónimo, hipónimo, holónimo, merónimo:

«museu» é _____ de «exposição»;
«quadro» é _____ de «museu»;
«artista» é ______ de «Jackson Pollock»;
«pintor» é ______ de «Pollock»;
«Louvre» é ______ de «museu»;
«Magritte» é ______ de «homem»;
«corrente artística» é _______ de «pictomaris[mo]»;
«Lourenço Marques (Maputo)» é _______ de «Moçambique»;
«Bélgica» é _______ de «país».
São co-hipónimos ________ e «Bélgica»;
São co-merónimos «quadro» e _________.

Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira até «Aqui vem Lionor Vaz» (v. 71).
            Escreve em português atual um monólogo equivalente ao de Inês nos vv. 3-38 (Farsa de Inês Pereira, p. 117 do manual). Mensagem manter-se-á, mas em registo adequado a um contexto dos tempos de hoje, com uma rapariga que também se queixasse da tarefa que estivesse a fazer. Texto será em prosa (e deixar de haver versos faz que as frases já sejam diferentes mesmo que não houvesse também a mudança, diacrónica, do português). Nota que transpor para a língua atual não é apenas trocar palavras por outras, mas encontrar as expressões que seriam verosímeis num contexto contemporâneo equivalente.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .
Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira até «concrusão» (p. 119, v. 169).
Tendo em conta as regras que usaste no monólogo de Inês, escreve agora um monólogo do padre (que teria assediado Lianor). Agora, o texto poderá ser um pouco mais livre na medida em que também muda a perspetiva (é a do padre, e não a de Lianor, embora relativa aos momentos que Lianor relata). v. 74 a cerca do v. 131 (ou até quase ao final da p. 118).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
            Em Expiação (Atonement) é tudo ao contrário da Farsa de Inês Pereira. Em Expiação temos tragédia (parece que há um destino que leva a que tudo corra mal), enquanto que, na Farsa de Inês Pereira, podemos considerar haver comédia (tudo se ajeita no final, mesmo o que parecia comprometido durante boa parte da peça). No filme — feito segundo um romance do escritor inglês contemporâneo Ian McEwan —, o essencial é a complexidade da psicologia, as personagens mostram-se difíceis de perceber, são humanas, reagem inesperadamente; ao contrário, na peça de Gil Vicente, há «tipos», as personagens são caricaturais, pretende-se passar uma moralidade.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, vv. 1-169
Joe Wright, Expiação, 0-13
representado em Tomar, 1523
realizado em França e Reino Unido, em 2007
ação: Portugal, XVI, no campo
ação: Inglaterra, 1935, numa propriedade rural
Inês está a costurar um ____.
Briony está a escrever uma ____ de teatro.
Está enfadada (cansada), farta da sua tarefa, que decide não _____.
Está empenhada na sua criação, que _____ efetiva e rapidamente.
A mãe quer que ela trabalhe e _____ que seja preguiçosa.
A mãe lê, a seu pedido, a peça e _____ o trabalho.
Inês exprime desejo de se _____, lamentando que a mãe não consinta.
É possível adivinharmos que Briony tem uma _____ infantil por Robbie.
Lianor Vaz conta um episódio em que teria sido vítima de assédio por um _____.
Briony assiste a momento em que Cee (Cecilia) parece procurar seduzir _____.
Mãe de Inês ____ dos pormenores do caso contado por Lianor Vaz (sabe que a alcoviteira não é nenhuma santa).
Briony fica _____ com o que observara na fonte (terá ficado com ciúmes da atração que Cee exerce sobre Robbie).
TPC — Vai lendo o livro escolhido. (Na próxima aula, inquirirei o que está a ser feito.)


Aula 63-64 (18 [9.ª], 22 [5.ª], 23 [3.ª, 4.ª], 29/jan [2.ª]) Correção do questionário de compreensão de dois depoimentos sobre Gil Vicente.

            Preencheremos as tabelas em baixo com exemplos de Programa do Aleixo, Farsa de Inês Pereira, Expiação.
            Para já, depois de leres as definições na p. 315, distribui pelas quadrículas vazias estas personagens: Buss[ç]aco, Renato, Busto, Nélson, Bruno (podem repetir-se).
Personagens (cfr. pp. 315 & 317)
Processos de caracterização
Direta
autocaracterização

heterocaracterização

Indireta


Composição
modelada ou redonda

plana

tipo


Inês
Principal defeito: ...
Principal qualidade: ...
Lema de vida: ...
Está na peça para: ...

Pero
Principal defeito: ...
Principal qualidade: ...
Lema de vida: ...
Está na peça para: ...

Lianor
Principal defeito: ...
Principal qualidade: ...
Lema de vida: ...
Está na peça para: ...

Mãe
Principal defeito: ...
Principal qualidade: ...
Lema de vida: ...
Está na peça para: ...

Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira (vv. 170-...).

Assistência a parte do vídeo com Farsa de Inês Pereira (vv. ...-390).

«Ele e ela» (Carlos Canelhas), cantado por Madalena Iglésias:
Sei quem ele é
Ele é bom rapaz
Um pouco tímido até
Vivia no sonho de encontrar o amor
Pois seu coração pedia mais,
Mais calor

Ela apareceu
E a beleza dela
Desde logo o prendeu
Gostam um do outro e agora ele diz
Que alcançou na vida o maior bem,
É feliz.

Só pensa nela
A toda a hora
Sonha com ela
P’la noite fora
Chora por ela
Se ela não vem

Só fala nela
Cada momento
Vive com ela
No pensamento
Ele sem ela
Não é ninguém

Escreve comentário comparativo entre a letra da canção «Ele e ela» e a cena da Farsa em que intervêm Inês e Pero Marques. Inclui duas citações do texto e duas citações da cantiga. Pelo menos, 150 palavras. A caneta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, vv. 170-390
Joe Wright, Expiação, 13-27
Pero, ingénua mas voluntariamente, declara-se a ___.
Robbie, inopinada mas francamente, declara-se a ___.
Carta de Pero é levada a Inês por ___.
Bilhete de Robbie é levado a Cecilia por ___.
Lianor é a casamenteira, a alcoviteira, o que implica dotes de ____ os outros.
Briony é quem intriga, quem ____ os outros a equívocos.
Ao ler a carta, Inês ____ de Pero, mas aceita recebê-lo.
Ao ler o bilhete, Cecilia (*) ...
O diálogo entre Pero Marques e Inês é previsível. Pretende-se mostrar a simplicidade, a ingenuidade, a falta de discernimento, de Pero e como Inês o perceciona como pretendente ____. Se tivermos em conta que a peça desenvolvia o mote «mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube» até conseguimos adivinhar o que ___.
O diálogo a que assistíramos entre Paul Marshall e Lola é surpreendente. A conduta do adulto, em conversa com uma adolescente, é ____. Percebemos que trechos do filme como este funcionam como indícios e devem ser recuperados mais à frente, quando se tratar de perceber o desenvolvimento da ação e interpretar o que verdadeiramente ___.

            Prevê tu a reação de Cecilia.
(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — [Repete-se:] — Vai lendo o livro escolhido. (Na próxima aula, inquirirei o que está a ser feito.) Na turma 9.ª pedi que fosse concluído o trabalho de comentário comparado iniciado em aula.


Aula 65-66 (24 [9.ª], 25 [5.ª, 4.ª], 29 [3.ª], 30/jan [2.ª]) Sobre definições telegráficas acerca de «Crónica de D. João I»Fernão Lopes.

            Na p. 125, definem-se tipos de cómico. Lê essas definições e, depois de assistires a trecho de Último a sair — «O milagre de Bruno» —, faz corresponder às descrições 1 a 7 as seguintes siglas para os três tipos de cómíco: S(ituação), C(aráter), L(inguagem).
1. Bruno Nogueira apanhado a andar com relativo à vontade quando ainda usava cadeira de rodas no dia anterior. Facto de, à pergunta sobre o que se estava a passar, responder que comia um iogurte muito bom (e fingir não ter reparado estar em pé sem auxílios).
2. Credulidade (ingénua mas também «beata») de Roberto Leal, que aceita todas as explicações de Bruno acerca do milagre, mesmo as mais ridículas.
3. Descrição pormenorizada que Bruno faz da apresentação atual de Nossa Senhora («topezinho da Bershka», «brincos da Accessorize», «mandou alinhar a direção»).
4. Descaramento de Bruno ao inventar mentiras à medida que Roberto lhe pede pormenores ou estranha a situação inicial.
5. «Aaaaaah» muitíssimo alongado de Bruno (para ganhar tempo para pensar na mentira).
6. «Ganda Bruno», «já lerparam», «estive a esgalhar mais três», «metem os outros num chinelo» no discurso de Nossa Senhora como reportado por Beuno Nogueira (e «chuta», deste para a Virgem).
7. «Posso te dar um beijo?» — pergunta Roberto Leal. «Onde? Não vale a pena» — responde Bruno.

            Em «A história de Bruno» (Último a sair), encontra aspetos de cada tipo de cómico:
De situação — Quando Bruno julgava poder mentir sem ser desmascarado (por nenhum dos presentes conhecer Angola), Luciana, que conhece Angola, pergunta-lhe ___ em que tudo se passara.
De linguagem — ___ angolano cunhado por Bruno (caricaturando certos nomes de localidades angolanas).
De caráter — ___, enquanto mitómano (mentiroso compulsivo); e todos os outros, demasiado ____, embevecidos com a história obviamente inventada.

Assistência a trecho de Farsa correspondente aos versos 390-501 (pp. 126-127).

            Vai ouvindo a canção cuja letra está, em parte, na p. 154 (e que completei atrás). Relaciona essa canção («Os maridos das outras», de Miguel Araújo) — a sua moralidade — com o tópico essencial da parte da Farsa que estivemos a ver hoje (pp. 126-127). Inclui, pelo menos, uma citação da peça.
«Os maridos das outras» (Miguel Araújo)
Toda a gente sabe que os homens são brutos
Que deixam camas por fazer
E coisas por dizer.
São muito pouco astutos, muito pouco astutos.
Toda a gente sabe que os homens são brutos.
Toda a gente sabe que os homens são feios
Deixam conversas por acabar
E roupa por apanhar.
E vêm com rodeios, vêm com rodeios.
Toda a gente sabe que os homens são feios.
Mas os maridos das outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.
Dóceis criaturas, de outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...
Os maridos das outras são
Os maridos das outras são.
Toda a gente sabe que os homens são lixo
Gostam de músicas de que ninguém gosta
Nunca deixam a mesa posta.
Abaixo de bicho, abaixo de bicho.
Toda a gente sabe que os homens são lixo.
Toda a gente sabe que os homens são animais
Que cheiram muito a vinho
E nunca sabem o caminho.
Na na na na na na, na na na na na.
Toda a gente sabe que os homens são animais.
Mas os maridos das outras não
Porque os maridos das outras são
O arquétipo da perfeição
O pináculo da criação.
Amáveis criaturas, de outra espécie qualquer
Que servem para fazer felizes as amigas da mulher.
E tudo os que os homens não...
Tudo que os homens não...
Tudo que os homens não...
Os maridos das outras são
Os maridos das outras são
Os maridos das outras são.
            Se terminares cedo, resolve o ponto 2 da p. 128: ____.
TPC — Lê, em torno da Farsa, «Caracterização das personagens» (pp. 147-151).


Aula 67-68 (25 [9.ª], 29 [5.ª], 30/jan [3.ª, 4.ª], 5/fev [2.ª]) Explicação sobre predicativo do complemento direto (apoiada na p. 88; ver Apresentação).

            Situa-te nas pp. 88-89, dedicadas ao Predicativo do complemento direto. A p. 88 explicá-la-ei eu. Faz depois os itens da p. 89, completando as respostas que já fui dando.
1. [Sublinha só o predicativo do complemento direto; já fui escrevendo ao lado os grupos que, em cada alínea, desempenham essa função; conselho: circunda primeiro o complemento direto]
a) Os populares aclamaram D. João I rei de Portugal. (pred. do c.d. é grupo nominal)
b) Álvaro Pais achou o esquema perfeito. (grupo adjetival)
c) As cortes têm-no como salvador da pátria. (grupo preposicional)
d) Os habitantes de Lisboa tratavam a rainha por «aleivosa». (grupo preposicional)
1.1 Copia das frases do exercício 1 os verbos que selecionam a função sintática de predicativo do complemento direto: a) aclamar; b) ___; c) ter (por); d) ____.
2. [Já pus a itálico o complemento direto; basta sublinhares o predicativo do complemento direto; já resolvi a primeira alínea]
a) Álvaro Pais designou para a missão um pajem.
b) Todos acharam o Mestre mais capaz.
c) A história julgará o Conde Andeiro como cúmplice.
d) O Mestre nomeou Álvaro Pais mentor da arruada.
3. [Já resolvi duas alíneas e, parcialmente, uma outra; faltam dois predicativos do complemento direto]
a) Os populares creem Brahimi um mágico.
b) D. João supôs a situação vantajosa.
c) Os castelhanos julgaram os portugueses ________.
d) O povo proclamou ________.
4. [A pronominalização do complemento direto não é possível na primeira alínea; tenta-a só em b)]
a) Álvaro Pais estudou o esquema perigoso. > *Álvaro Pais estudou-o perigoso.
b) Álvaro Pais achou o esquema perigoso. > Álvaro Pais ________.
5. [Já resolvi a primeira alínea e avancei um pouco na segunda]
a) O rei de Castela considerou Lisboa perdida. > O rei de Castela considerou que Lisboa estava perdida.
b) O Mestre estimava a batalha ganha no final do dia. > O Mestre estimava que ________.
c) O cronista declarou o Mestre a salvação de Portugal. > O cronista declarou ________.
6. [Era para pôr na ativa ou na passiva, consoante os casos; já resolvi as duas primeiras]
a) A História julgará o Conde Andeiro como cúmplice. > Passiva: O Conde Andeiro será julgado como cúmplice pela História.
b) O pajem foi nomeado arauto da corte por Álvaro Pais. > Ativa: Álvaro Pais nomeou o pajem arauto da corte.
c) No final do dia, o Mestre declararia Lisboa livre dos castelhanos. > Passiva: _________
d) O Mestre é julgado morto no Paço da Rainha pela população. > Ativa: ________
            Indica a função sintática das expressões sublinhadas. Como quis deixar todas as funções representadas, por vezes parecerá difícil (descartei apenas o complemento do nome e o complemento do adjetivo). Só preencherás a coluna da direita.
            Usa estes termos: sujeito, predicado, vocativo, modificador de frase, complemento direto, complemento indireto, complemento oblíquo, modificador do grupo verbal, predicativo do sujeito, predicativo do complemento direto, modificador restritivo do nome, modificador apositivo do nome. Podes abreviar.

Frase (em geral de Último a sair)
A ter em atenção
Função sintática
Ó pessoal, podem vir até aqui?


Ó pessoal, podem vir até aqui?


Antes que expluda, é melhor falarmos entre todos.

sujeito
Basicamente, é isto.
* É basicamente que é isto

Vocês acham normal terem-me nomeado?
acham normal isso

Vocês acham normal terem-me nomeado?
cfr. verbo transitivo-predicativo

terem-me nomeado
terem-na /* terem-lhe

Limpo esta merda todas as semanas.
Limpo-a

Limpo esta merda todas as semanas.
Que faço todas as semanas?

Trato das plantas.


Estou-te a perguntar se és tu que vais limpar tudo isto.
Estou-te a perguntá-lo

Vê se te acalmas.
se o acalmas / * se lhe acalmas

Deixa o Bruno em paz.


Olha a gaja que fala com as árvores.
oração adjetiva relativa restritiva

Olha a gaja que fala com as árvores.

sujeito
Ai, coitadinha, que eu sou tão especial.
cfr. verbo copulativo

Vou mostrar ao mundo a verdadeira Luciana.
Vou mostrar-lhe

Olha, filha, verdadeiro é isto.
cfr. «verdadeiras são estas»

Eu não fui assim criada.


Pensas que vens aqui falar assim para as pessoas.
= isso / substantiva completiva

Sónia, gostas de partir pratos?
* Que faz ela de partir pratos? Gosta

Débora e Luciana, que são ambas tripeiras, discutem.


Por causa da nomeação de Débora gerou-se grande discussão.


— O Roberto uniu-nos — disseram Débora e Rui.


— Os quartos e a casa foram limpos por mim — disse a sopeirinha.



O organizador de um livro publicado há uma década — Jorge Reis-Sá, A minha palavra favorita, 2007 — pediu a intelectuais e figuras públicas, portuguesas e brasileiras, que indicassem a sua palavra favorita e sobre ela escrevessem um texto. Transcrevi o início de alguns dos textos. Nesses exemplos, as palavras escolhidas salientam-se {completa, escrevendo os títulos}:
(1) pela sua aparência (som ou imagem originais): «____»; «____»;
(2) por, raras ou erradas, serem palavras quase privativas: «____»; «____»;
(3) por se relacionarem com um hábito do autor: «____»; «____»;
(4) por lembrarem atitudes que o autor preza: «____»; «____».
amanhã (João Lima Pinharanda)
A partir de finais da adolescência, ao experimentar uma caneta ou uma nova inclinação de letra (sempre fui pródigo em arriscar grafismos diversos), ou simplesmente, quando rabiscava, distraído, um papel, escrevia sempre a palavra «AMANHû.
Não me recordo de quando isso («AMANHû) começou nem se a escolha («AMANHû) foi, no seu início, consciente. Frequentemente dava por mim com a palavra escrita («AMANHû), como se se tratasse de um tique. Tomei-a então («AMANHû) como uma espécie de talismã, uma premonição otimista. Pedem-me hoje uma palavra e volto a recordar-me dela («AMANHû), reparo na distância emocional e simbólica que dela («AMANHû) me separa. Já estarei no AMANHà de então? Terá sido por isso que deixei de o/a evocar? Talvez necessite de novo dessa palavra («AMANHû) e dessa ideia («AMANHû), de recuperar o poder que lhe atribuía repetindo-a («AMANHû) até à exaustão como mantra ou ladainha. Desdobro agora a palavra («AMANHû) em componentes que nunca tinha explorado, vejo como nela («AMANHû) se escondem significados inesperados e repito-a («AMANHû) pelo espaço que me resta. [...]
Carvalhelhos (Carlos Costa)
[...] Um inglês distinto. Sozinho numa mesa, abandonado não, mas algo só. Começava por pedir água, simplesmente água, entusiasmado com as dificuldades que aquele estranho idioma parecia levantar. Sílaba a sílaba, lá ia ele, abrindo demasiadamente o A, mas até nem estava mal para uma primeira vez, contorcendo-se para que os lábios já estivessem completamente fechados para aquele U, o U de GU, que quase parecia ser uma parede onde se dava o infernal ricochete que atirava os lábios novamente para um A, que assim se abria ainda mais do que o primeiro. A satisfação com a tarefa cumprida, com aquela á-gu-á arrancada a uma vida inteira virada para outros sons, era agora claríssima no seu rosto. Mas essa água, servida, não quero estar aqui a jurar mas quase seria capaz de o fazer, numa jarra de vidro transparente, revelava-se uma desilusão ao paladar. Eis então que de outra mesa se ouvia algum nativo indicando, com a calma que só uma longa experiência hídrica e linguística pode oferecer, indicando o que deveria ser a escolha certa: Carvalhelhos. E essa sim, essa parecia ser a solução ideal, tal era o prazer que a água mineral em causa aparentemente trazia a quem a provava. Impressionante a coragem desse homem que, sorrindo sorrindo sorrindo, se lançava para o Car, aspirando aquele R complicado só por si mas ainda mais quando posicionado na esquina do V de va; ainda assim o Carva era atingido sem praticamente pestanejar; contudo isso já não posso jurar. Mas o grande momento era sem dúvida o brutal embate com o lh, pior ainda com os dois lhs cruéis, um a seguir ao outro. A vitória daquele Car-va-lhe-lhos final era algo de desmedido, um inacreditável triunfo da vontade que acabava imerso no sabor maravilhoso da tal água cristalina. E aquele homem ficava ali, sozinho numa mesa, abandonado não e algo só agora também não. E enquanto bebia um longo copo de água aquele som parecia ressoar por todo o seu corpo. Era a força dos lhs, a força de um mundo novo, o prazer de um outro prazer, o que quer que seja, mas tudo isso ressoava naquela única e nova palavra: Carvalhelhos. [...]
encertar (Clara de Sousa)
A palavra persegue-me há 20 anos. Até à maioridade fazia parte do meu vocabulário diário devido à mestria culinária da minha mãe, cozinheira profissional, excelente doceira. Sempre que havia bolo eu pedia para o «encertar». Se possível, ainda quente.
Teria perto dos 19, 20 anos quando, confiante no meu vocabulário, decidi dizer bem alto numa festa de aniversário que iria «encertar» o bolo. Olhos arregalaram-se, conversas paralelas começaram, um estranho peso se abateu na sala, perante tamanha calinada. Estava a rapariga já na Faculdade de Letras e o Português... enfim, imperdoável. Ainda por cima queria ser professora da Língua-Mãe. Fui então alertada, à parte, para a asneira. Encetar, Clara. Diz-se encetar o bolo, porque o vais abrir, vais começar...
Encetar? Estamos a brincar! Sabia perfeitamente o que era encetar, fossem conversas ou conversações, conversinhas e conversetas... mas nunca um bolo! Minha mãe da Beira Litoral e meu pai de Trás-os-Montes, ambos diziam «encertar» e tal como eles os seus irmãos e pais, sobrinhos sobrinhas, enteados e vizinhança, todos «encertavam» um bolo! [...]
Roída pela dúvida, mal pude, abri o dicionário, no encalço da minha palavra. Como se fosse uma jóia de valor inestimável transmitida de geração em geração. Letra E, um pouco mais à frente... empapar... encarnado.... encerebrar... só mais um pouco... encer... encer... encerrar. encerro. encestar. Por momentos, o mundo desabou ali mesmo. Nada de «encertar». A minha doce palavra não constava no Dicionário de Língua Portuguesa. [...]
obsidiana (Fernando J. B. Martinho)
«Obsidiana» é uma das palavras que me perseguem e acabei por fazer minhas. Não encontro facilmente uma explicação para isso. Serão restos de uma atração pelos raros vocábulos da poética simbolista? Glosei um dia um verso de António Patrício («Os pinhais plumulavam») num poema que começava assim: «Não há rumor que chegue/ a esta sombra fria de jade/ irisado que dizem ser a morte.» Foi isto em fins dos anos 80. Mas cerca de vinte anos antes tinha feito da obsidiana a palavra axial de um poema incluído em Resposta a Rorschach, 1970: Sagra-te em fogo na obsidiana / o afago da terra / arrefecido no espelho /e afeiçoa as imagens no / enxofre da memória / verde-escuras e cortantes / com / a espessura do caos. [...]
serendipidade (Bruna Lombardi)
(Substantivo.) A capacidade, fenómeno ou agradável surpresa de encontrar algo inesperado durante a busca de alguma outra coisa.
Etimologia — a palavra se origina do conto de fadas persa As Três Princesas de Serendip. Serendip, de origem árabe (Sarandip) dá o nome da ilha de Sri Lanka, no Ceilão e seu uso no Ocidente vem de 361 D.C. Mas o sentido que conhecemos hoje vem da palavra serendipity, inventada no século XVIII, pelo escritor inglês Horace Walpole.
Serendipidade é usada com frequência na ciência, química, medicina, quando buscando um propósito acaba-se descobrindo casualmente alguma nova cura ou invenção.
Um exemplo de serendipidade remonta à época dos descobrimentos, quando Cabral, em busca das Índias, acidentalmente descobre o Brasil.
Serendipidade é um estado na vida. Busca-se uma coisa e encontra-se outra. É a arte de estar aberto ao imprevisto, de se deixar lançar na aventura, de compreender a beleza do desconhecido.
            Escolhe a tua palavra de estimação. Será ela o título da redação (que farás em folha solta, a tinta). Nota que se trata de aproveitar uma palavra de que gostes, o que não implica que gostes do seu referente, do objeto que ela designa.
            O texto centrar-se-á nessa palavra. Podes fazê-lo de vários modos (como acontece nos trechos que leste: lembrar experiência com a palavra; explicação da sua originalidade; etc.).
TPC — Melhora ou cria de novo, mas passando-o a computador em qualquer dos casos, texto sobre ‘Palavra favorita’. Se não quiseres imprimir tu a folha, envia-me o trabalho.


Aula 69-70 (31/jan [9.ª], 1 [4.ª, 5.ª], 6 [3.ª], 19/fev [2.ª (com parte do conteúdo abreviado ou adiado)]) [Depois de vermos e lermos os vv. 502-647 da Farsa, as pp. 132-133]

            Na p. 132, repara nos vv. 502 a 529, com um monólogo do Escudeiro. Apoiando-te também nas notas explicativas 1 a 5, na lapela do manual, sintetiza a atitude do Escudeiro e tenta compará-la com o comportamento de Inês antes de conhecer Pero Marques (mas já depois de ter lido a sua carta).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
            Completa:
            Nos vv. 597-600 e 606-609, o Moço não parece falar diretamente com o Escudeiro, antes comenta (sem se dirigir à outra personagem em cena, mas, provavelmente, quase falando para o público). Trata-se, portanto, de _____. A função destas falas é _____ a situação do Escudeiro, louco (vv. 597-600) e, ao contrário do que quer fazer passar, _____. De tal modo, que o moço consegue adivinhar o que acontecerá a _____ (vv. 606-609).

[Depois de vermos e lermos os vv. 648-777 da Farsa, as pp. 134-135]
            Começa por ler o trecho enquadrado na p. 136, de Cristina Almeida Ribeiro. Depois, completa o texto que ponho a seguir.
            No passo da Farsa de Inês Pereira que vimos hoje, o cómico de ____ resulta de as personagens estarem _____ com o que as outras são: Brás da Mata finge ser _____ (com quem combinara como devia proceder, bastante ao contrário do que sucedia normalmente); Inês prepara-se para fazer o ____ de recatada e muda. Só o ____ conhece a verdade e sabe que as personagens dissimulam a sua realidade. Quando as personagens se cruzam em ____, ignorantes do verdadeiro perfil do interlocutor, o ____, detentor da verdade, pode rir-se.

Escreve a apreciação crítica pedida na p. 124 (ao trecho visto, comparando também Vítor do Penedo com Pero Marques).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Estuda a ficha 15 do Caderno de atividades, sobre ‘Predicativo do complemento direto’ (pp. 29-30; aqui).


Aula 71-72 (1 [9.ª], 5 [5.ª], 6/fev [4.ª, 3.ª, 2.ª]) Trata os livros que vier a distribuir com os cuidados que a todos os livros são devidos: sem os espalmar; sem os usar como base do papel em que escrevamos; sem rasgar ou dobrar folhas.

Se a obra que te tiver calhado reunir várias peças de teatro, escolhe apenas uma delas para o preenchimento da coluna à esquerda na tabela. Tem também em conta que os livros podem ter prefácios, introduções, etc., mas que o que nos interessa é a peça de teatro. Evita pedir-me ajuda para reconhecer estes aspetos (o que pretendo é que te habitues a lidar com o paratexto de um livro de teatro).
Quanto à coluna da direita, tens de percorrer as pp. 116 e seguintes do manual. No verso da nossa folha, copiei a parte inicial da peça mas na Copilaçam (coligida em 1562).

Título da peça
________
___ Inês Pereira
Autor
________
[feito por] ____
Há indicação de género (como subtítulo ou em alguma página preambular)?
________
___ de folgar
Há indicação sobre a primeira representação (ou sobre alguma outra)?
________

Representado ao muito alto e poderoso rei dom ___ o terceiro, no seu convento de ___. Era do Senhor de ___
Há lista de personagens? [Indicar as três que encabecem a lista:]
_________
Inês Pereira, sua Mãe, ______
Quantos atos há?
_________
Não estão assinalados. Um, se quisermos.
Há descrição do cenário de cada ato? [Transcreve o primeiro nome — comum ou próprio — que surja na didascália descritiva do cenário. (Geralmente, o ato decorre num só cenário; certas peças, porém, dividem os atos em quadros — nesse caso, liga só ao primeiro quadro de cada ato.)]
_________
Não há.
As cenas estão numeradas? [Se estiverem, indica o número de cenas em cada ato:]
_________
Cenas não estão numeradas, nem indicadas.
Há didascálias junto das falas das personagens (provavelmente, entre parênteses e em itálico, a seguir ao nome que antecede a fala)? [Transcreve a primeira que encontres:]
_________

«Entra logo Inês Pereira e finge que está ____ só em casa, e canta esta cantiga:»

Mote (= pensamento, provérbio, frase, que o autor deveria desenvolver na sua obra): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Razão de ter sido dado a Gil Vicente este mote: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
            Ensaia leitura em voz alta, expressiva, de uma fala — ou parte de fala — do livro que te tenha calhado. Essa fala deve ter cerca de três a cinco linhas. (No ensaio, procura ler em silêncio, ou quase em silêncio.)

Cria o começo de um livro de teatro, incluindo:
Título da peça
Lista de personagens
Ato Primeiro [com didascália do cenário do:]
Duas curtas cenas do Ato I: Cena I / Cena II
Deves seguir a disposição típica dos textos teatrais (as didascálias ficarão sublinhadas). Quanto a assunto, prefiro que o texto seja verosímil.
Como é óbvio, a peça ficará suspensa a partir da cena II, pouco avançando em termos de ação.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Lança as correções que fiz no texto sobre «palavra favorita» e envia-me o ficheiro já passado a limpo.


Aula 73-74 (7 [9.ª], 8 [4.ª, 5.ª], 19/fev [3.ª, 2.ª (nesta turma, com parte do conteúdo abreviado ou adiado)]) Assistência a trechos da Farsa (agora também em encenação para o projeto CITI), correspondentes às pp. 137-139 do manual).

Sintetiza o que se passa, em termos de intriga, entre o casamento de Inês e Brás da Mata e o novo casamento, agora com Pedro Marques.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[Jogo do Stop:] Nos sujeitos e nos complementos diretos não contam eventuais determinantes (a letra será a do nome ou pronome); no complemento indireto, haverá sempre, é claro, a preposição «a» (contraída ou não), mas o que conta será o resto; o «por» não conta no caso de agentes da passiva; no caso de modificadores ou de complementos oblíquos, se houver preposição inicial, esta não conta para definir a letra inicial. Nos verbos das frases passivas, o auxiliar não conta (é a inicial do particípio passado que interessará).
Letra
Estrutura
I
Sujeito
Núcleo do Predicado
Modificador do grupo verbal
Complemento oblíquo [País]
A Irene
i
no inverno
a Inglaterra

Sujeito
Núcleo do Predicado
Complemento indireto
Complemento direto





Sujeito
Núcleo do Predicado
Complemento direto
Predicativo do c. direto





Sujeito
Núcleo do Predicado
Complemento direto
Modificador do grupo verbal [País]





Modificador do GV [Capital]
Sujeito
Núcleo do Predicado
Predicativo do sujeito





Sujeito
Núcleo do Predicado
Agente da passiva
Modificador do grupo verbal





Sujeito [Figura artística]
Modificador apositivo
Núcleo do Predicado
Complemento direto





Vocativo
Núcleo do Predicado
Complemento direto
Complemento indireto





Sujeito [Figura pública]
Núcleo do Predicado
Complemento direto
Modificador do grupo verbal





Sujeito [Desportista]
Núcleo do Predicado
Complemento direto
Modificador restritivo do nome





Núcleo do Predicado
Complemento direto
Complemento indireto
Modificador do grupo verbal





Sujeito [Banda]
Núcleo do predicado
Agente da passiva
Modificador do grupo verbal





Modificador de frase
Sujeito [Escritor]
Núcleo do Predicado
Complemento direto




O primeiro a terminar a frase corretamente ganha 3 pontos; o segundo, 2; o terceiro, 1. A cada frase que se revele errada é atribuído um ponto negativo (-1 ponto).

            O filme que hoje terminaremos — Expiação (Atonement) — é baseado num romance de Ian McEwan. Neste romance há dois níveis narrativos. Até agora só conhecemos um.
            No livro, essa primeira narrativa começa assim:
                        A peça — para a qual Briony desenhara os cartazes, os programas e os bilhetes, construíra a bilheteira com um biombo voltado de lado e debruara uma caixa com papel crepe vermelho para recolher donativos — fora escrita por ela num assomo de criatividade que tinha durado dois dias e a levara a perder um pequeno-almoço e um almoço. Depois de concluídos todos os preparativos, já não tinha mais nada a fazer a não ser rever o manuscrito e esperar pela chegada dos primos que vinham do Norte. Só teriam tempo para um dia de ensaios antes de o seu irmão chegar.
            Este nível narrativo, que continuaremos a seguir no filme por mais uns minutos, vai concluir-se com a personagem Briony a tentar expiar a sua culpa (‘compensar a sua culpa’, ‘penitenciar-se’). E, no livro, já fechada essa narrativa encaixada, surge a assinatura «B[riony] T[allis]». Percebemos que toda esta primeira história constituía um livro escrito por Briony, embora o narrador fosse heterodiegético.
            O outro nível narrativo só surge, no volume, nas últimas vinte páginas (e, no filme, nos últimos dez minutos). Agora, o narrador é autodiegético e identifica-se com uma Briony septuagenária, já escritora consagrada. Copio só um trecho dessa parte:
            Houve um crime. Mas também houve amantes. Os amantes, e o final feliz da sua história, estiveram na minha mente toda a noite. Até partirmos ao pôr do Sol. Uma mudança infeliz. Parece-me que afinal não viajei assim tanto desde que escrevi a minha pequena peça. Ou melhor, fiz uma digressão enorme e voltei ao meu ponto de partida. Só nesta última versão é que os meus amantes têm um final feliz, parados ao lado um do outro num passeio no Sul de Londres, enquanto eu me afasto. Todas as versões anteriores eram impiedosas. Mas agora não sei de que serviria tentar, por exemplo, convencer os meus leitores, direta ou indiretamente, de que Robbie Turner morrera de septicemia em Bray Dunes a 1 de junho de 1940 ou de que Cecilia fora morta em Setembro desse mesmo ano no bombardeamento que destruiu a estação de metro de Balham. De que nunca os vi nesse ano. [...] De que as cartas que os amantes escreveram se encontram nos arquivos do War Museum. Como poderia isso ser um final? Que sentido, esperança ou satisfação poderia um leitor tirar de um relato assim? Quem estaria disposto a acreditar que nunca mais se tinham encontrado, que nunca tinham materializado o seu amor? Quem estaria disposto a acreditar nisso, a não ser por um realismo insuportável? Não podia fazer-lhes isso.
TPCLança as correções que fiz no texto da ‘palavra de estimação’ e envia-me o ficheiro já passado a limpo (darei a nota depois de ver o texto reformulado). Vai concluindo a leitura do livro que tenhas escolhido.


Aula 73A-74A (8/fev [9.ª]) Esta aula só diz respeito ao 10.º 9.ª, tendo sido aproveitada para desenvolver tarefas que tinham ficado por fazer nesta turma (redação de início de peça; jogo do stop sobre funções sintáticas) mas que, nas restantes turmas, foram realizadas nas aulas 73-74 e 71-72.


Aula 75-76 (15 [5.ª, 9.ª, 4.ª], 20/fev [2.ª, 3.ª]) Correções (e indicações).

Assistência a trecho final de Farsa (vv. 999-1144, em versão para CITI).

Completa esta síntese da parte da Farsa que vimos hoje, a que vai do v. 999 ao final da peça. (O que falta são sempre transcrições do próprio texto de Gil Vicente.)
Inês diz a Pero que gostava de sair («Marido, ____ eu agora / que há muito que não saí?»). Pero, ingénuo, julga que Inês quer fazer cocó, já que «sair» significaria também ‘evacuar’ e dispõe-se a deixá-la sozinha («eu me irei para ___»). Desfeito o equívoco — no fundo, houve uma situação cómica gerada por ambiguidade da linguagem —, Inês lá explica que o que pretende é «ir ___ onde eu quiser», o que Pero autoriza sem quaisquer restrições.
Inês encontra um Ermitão que lhe revela ser um seu antigo apaixonado, desde os tempos de criança, quando ela «era ainda _____». Reconhecendo-o («sois aquele que um dia / em casa de minha tia / me mandastes ____»), Inês compromete-se a visitá-lo na ermida. Após este primeiro encontro com o Ermitão, o marido diz-lhe para se ajeitar: «Corregê vós esses ____ / e ponde-vos em feição», o que já indicia a infidelidade de Inês.
Inês consegue que o bom — e cornudo — do Pero Marques a conduza até ao local do encontro amoroso, sob a justificação de o Ermitão ser um homem santo. Assim, o marido submisso leva-a ao encontro do amante, carregando-a às costas quando atravessam um rio. Durante a travessia, cantam uma canção carregada de ironia, na qual Inês chama o marido «_____», «____» e «cuco» (metáforas com animais sobretudo portadores de belas cornaduras que significariam ‘enganado’ ou ‘atraiçoado’). Pero Marques limita-se a repetir o refrão, «Pois assim se fazem as _____». Fica realçada a infidelidade de Inês e a ingenuidade e submissão de Pero e, consequentemente, ilustra-se o provérbio que servira de mote, «mais quero ____ que me leve que cavalo que me derrube».
            Atentando no seu paralelismo, estabelece a correspondência entre os vários momentos desta parte final da Farsa e os anteriores.
         Parte final:
a) Inês canta com alegria o seu casamento, o qual lhe permite uma total liberdade. = ____.
b) Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de Inês, e esta aceita-o. = ____.
c) Reflexão de Inês sobre as vantagens do casamento com Pero Marques. = ____.
d) Lianor Vaz casa Pero Marques e Inês, sem cerimónia nem festa. = ____.
e) Inês vive feliz, com total liberdade, e é infiel ao seu marido. = ____.
         Excertos anteriores:
1) Lianor Vaz propõe Pero Marques para marido de Inês e esta rejeita-o (vv. 179-239).
2) Reflexão de Inês sobre as desvantagens do casamento com o Escudeiro (vv. 864-881).
3) Inês e Brás da Mata casam-se, com cerimónia e com festa (vv. 701-750).
4) Inês vive infeliz e sem liberdade com o Escudeiro (vv. 781-825).
5) Inês canta com tristeza a sua vida de cativeiro e trabalho (vv. 1-38).

            Gil Vicente pôs em cena personagens que encarnavam os elementos no ditado, ou provérbio, abaixo. Faz a correspondência com as personagens que os representam (escrevendo os seus nomes nas linhas vagas):
«Mais quero asno que me leve  que cavalo que me derrube»
                    ____        ___                ______      Inês

            Sinopses da Farsa de Inês Pereira e de Juiz da Beira, a segunda com a curiosidade de ser peça em que Gil Vicente usou duas personagens que criara para a Farsa (Pero e Inês):
            Farsa de Inês Pereira — Inês Pereira é muito vaidosa, e propõe-se a gozar a vida. A mãe censura-a pela sua mândria. Leonor Vaz informa que um clérigo costuma assaltá-la, para verificar se ela é fêmea ou macho. Veio para entregar uma carta de Pero Marques a Inês, que se aborrece com a leitura da insípida missiva. A alcoviteira e a mãe aconselham-na a casar com homem rico. Inês Pereira recebe a visita do pretendente. A mãe deixa-os sós; e Pero Marques sai envergonhado de estar só com ela. A mãe volta. Inês declara-lhe que não aceita aquele pacóvio, e só casará com quem tanja e cante. Vêm os judeus casamenteiros, que lhe arranjam marido a gosto: um escudeiro pelintra, mas cantador. Inês casa-se com ele. O escudeiro torna-se ciumento, encerra-a em casa, escraviza-a. O escudeiro morre longe, na Mourama. Inês regozija-se. Pero Marques, trazido pela alcoviteira Leonor Vaz, casa-se com ela. Um ermitão diz galanteios a Inês, que vai recrear-se com ele à ermida, levando-a o marido às cavaleiras.
            Juiz da Beira — Pero Marques declara que é juiz em terras de Viseu. Inês Pereira, sua mulher, é quem soletra as Ordenações. Um porteiro anuncia uma arrematação. Pero Marques manda-lhe apregoar a audiência, que ele está ali para realizar. O porteiro põe um banco. Entram um ferreiro e Vasco Afonso. Conversam os dois. Ana Dias vem à audiência queixar-se de que lhe violaram a filha. O juiz decreta disparates e ordena que lhe traga sete ou oito testemunhas. Entra um sapateiro de calçado velho. É judeu cristão-novo, a queixar-se de que Ana Dias — que é alcoviteira — lhe seduziu a filha. O juiz nada resolve. Um escudeiro chega, acompanhado dum moço. Queixa-se da alcoviteira Ana Dias, que o burlou: apaixonando-se ele por uma moura, ela apanhou-lhe dois cruzados e tudo quanto tinha. O moço queixa-se do escudeiro, que não lhe paga. O juiz só profere disparates. Entram quatro irmãos: o Preguiçoso, que só dorme e ronca; o Bailador, que tem a mania da dança; o Amoroso, sempre louquinho de paixão; e o Brigoso, valentaço e cobardola. Disputam os quatro irmãos, por causa do asno que foi do pai e que todos querem herdar. O juiz resolve citar o asno para comparecer na audiência, e então decidirá a quem pertence.

[Procura de um provérbio em dicionários de provérbios distribuídos]

            Escreve a sinopse de uma peça que, como fez Vicente com «Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube», tivesse de desenvolver um provérbio, dado como mote. Escolhe esse provérbio-mote relanceando os dicionários que farei circular (e que tratarás com o desvelo concedido sempre aos livros que permito que manuseies).
Mote: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
[Sinopse, incluindo, a certa altura, o título, que sublinharás:]
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[Brevíssimo esclarecimento acerca da relação entre a peça assim resumida e o ditado que servia de mote:]
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            Se houver tempo, lê a ficha informativa sobre ‘Reportagem’ na p. 153.
            Nos sketches que veremos (Gato Fedorento, série Fonseca) caricaturam-se entrevistas e reportagens para televisão. Podemos ver em cada sketch um de cinco perfis de maus entrevistadores/repórteres: 
A — O que se limita a recolher depoimentos de ‘populares’, sem relevância informativa.
B — O que gosta de reportar acontecimentos curiosos, em vez de se ocupar com assuntos relevantes.
C — O que é agressivo com o entrevistado, a quem, no fundo, não quer ouvir (já se fixou o sentido da reportagem, o mais espetacular, e a entrevista serve apenas para lhe dar colorido e fingir cumprimento dum dever jornalístico).
D — O que não concede tempo suficiente às respostas do entrevistado (em geral, porque se considera que as audiências são menores quando há momentos mais discursivos).
E — O que pretende obter um «sound bite» a todo o custo e, de certo modo, não quer saber a opinião do entrevistado, mas apenas poder anunciar uma frase, ter uma «cacha».
Sketch
Perfil
«Testemunhas de acidente»

«Cão gigante»

«O que quer dizer com isso?»

«Padre Carla»

«Tempo de satélite»

«Vai candidatar-se, sotor?»

TPCNo manual, dá um relance às páginas ensaísticas sobre a Farsa de Inês Pereira que ainda não tenhamos visto (por exemplo, às pp. 110-115, 141, 155); vai revendo também as funções sintáticas que estudámos, bem como a hiperonímia e a holonímia.



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