Sunday, August 27, 2017

Preceitos



Preceitos (ou Deixando por escrito o que gostaria de evitar repetir ao longo do ano — e, nessa altura, decerto a meio de irritações que só me envergonharão).

Materiais. Usaremos o manual em todas as aulas, ora mais ora menos. Todos devem trazer sempre o seu exemplar, não quero que se leia apenas por um livro em cada mesa. Evite-se também pedir o livro a colegas de outras turmas (sobretudo àqueles que, chegando à aula seguinte, se me queixam de que não têm o livro porque o emprestaram a colega da turma anterior).
Costumo aproveitar todos os textos do manual — uns para leitura mais detida, outros relanceados apenas, outros para estudo em casa —, mas nem sempre seguirei a ordem do livro. No final, teremos decerto percorrido tudo.
Algumas vezes, as tarefas pedidas para casa implicam consulta do manual. Até por isso, não será boa solução tê-lo sempre no cacifo
Quanto ao caderno de atividades, não o percam de vista, ainda que não seja necessário trazerem-no para as aulas. Irei recomendando que façam este ou aquele exercício. Nessas alturas procurarei reproduzir no blogue as páginas do Caderno que sejam necessárias (embora escondidamente, porque as editoras melindram-se muito com este tipo de reproduções e fazem queixa — as simpáticas).
Sobre a necessidade, aliás desnecessidade, de ter uma gramática, ver aqui.
Quase sempre o trabalho em aula será dirigido por folhas que distribuo e onde estão as instruções das tarefas (e, em geral, espaço para as resolver). A pouco e pouco, ir-se-ão habituando a perceber as indicações nessas fotocópias sem me pedirem que explique, nem ao colega do lado. Pretende-se que sejam capazes de ler enunciados de tarefas, sem se habituarem à explicação oral.
Em grande parte, o vosso «caderno» serão essas folhas. Sugiro, portanto, um dossiê onde tudo se vá arquivando (desaconselho o uso de plásticos, uma vez que as folhas neles guardadas acabam por nunca mais serem consultadas). É também preciso ir arquivando nesse dossiê tudo o que for devolvendo após correção (redações, pequenas fichas, etc.). Reservo-me o direito de o pedir lá para o final do período.
Não é necessário em cada aula trazer todas as folhas já usadas. Mas pedia-lhes que trouxessem sempre as da aula anterior, porque haverá casos em que interessará retomar o que não acabámos.
Convém trazerem sempre folhas soltas, de linhas e com margens, para redações e outros pequenos trabalhos.
Não ditarei os sumários na aula. Como muitos outros elementos, os sumários ficarão em Gaveta de Nuvens, que devem consultar com alguma regularidade. Não me parece útil copiarem para o caderno os sumários (em Português, os sumários descrevem as tarefas mais do que as matérias — por isso, acabam por ser pouco relevantes para efeitos do vosso estudo).
No blogue, as tarefas pedidas para casa ficam registadas no final dos sumários. Não são propriamente tepecês, embora, por tradição, assim lhes chame. No fundo, são trabalhos individuais que levo para casa, corrijo e avalio (peço só que sejam feitos sem grandes ajudas). No início de cada aula, recolherei as tarefas que tenha pedido, mas costumo aceitá-las quando haja um atraso ligeiro.
Redações e correções. Tenho notado que os alunos tendem a não ver com cuidado o que foi emendado nas redações. Guardam rapidamente os textos, quase com medo de se confrontarem com o que corrigi (ou então sem paciência para decifrar a minha letra), quase só ligando à nota que encima o texto devolvido (costumo usar classificações qualitativas — e até, por vezes, hesitantes —, porque se trata de apreciação com alguma subjetividade; a correspondência dessa notas qualitativas a valores pode ser vista aqui).
Ora, era importante habituarem-se a verificar o que foi corrigido, evitando que os mesmos erros se vão repetindo ao longo de todo o ciclo.
Lugares na sala. Pedia-lhes que usassem a planta que tiverem convencionado com o diretor de turma (com as adaptações inerentes à nossa sala — com a ocupação da mesa em que está o computador). Mantenham, por favor, esses lugares, sem mudanças por decisão de cada um. Reservo para mim a faculdade de fazer alguma alteração que me pareça necessária.
Em aula, seja nos raros momentos em que falo para todos, seja quando estão a resolver tarefas, ou mesmo quando vemos algum filme no ecrã, seria incorreto estarem a fazer trabalhos para outras disciplinas (e até a completarem tarefas de Português que se esquecessem de resolver em casa).
Também grave é a consulta do telemóvel. Como se sabe, os telemóveis devem estar guardadíssimos nas mochilas e desligadíssimos.
Pontualidade é importante. Aulas de Português começam mesmo às exatas horas apontadas no horário. Costumo estar já na sala; por isso podem ir logo entrando. Pode acontecer, é claro, chegarem, uma ou outra vez, uns minutos depois das 8.15 (10 horas ou 11.45). Não é trágico, desde que isso suceda por verdadeiro atraso inesperado e não porque resolveram partir do princípio de que é sempre consentido um atraso de cinco minutos. Se perceber que alguns alunos apontam para esses supostos cinco minutos de tolerância como o verdadeiro momento em que se devem apresentar na aula, passarei a fechar a porta logo às 8.15 (10 ou 11.45). Nesse caso, os alunos em causa apresentar-se-ão ao segundo tempo do bloco (às 9, 10.45 ou 12,30). Repito: é incivil não ser pontual. Atrasos involuntários esporádicos são compreensíveis; ao contrário, é inaceitável os alunos assumirem como normal chegar-se cinco minutos após a hora marcada. Por favor, não me venham depois com a conversa de que a tolerância de cinco minutos está estipulada não sei onde. Não está. Mesmo que estivesse, teria sempre eu todo o direito de não permitir que uns egoístas interrompessem as aulas desconsiderando os outros.
Ao mesmo tempo, seremos também muito respeitadores da hora de saída. Aulas não se devem alongar até depois da hora marcada. É justo que os alunos possam ter todo o tempo do intervalo. (Acho incorreto que os meus colegas que fazem testes prevejam mal o tempo e consintam que os alunos ocupem o intervalo a fazê-los, chegando às aulas de Português atrasados, cansados e esfomeados. Digam isto aos vossos professores de Matemática ou de História. Estou a brincar. Mas digam.)
Assiduidade. O facto de a avaliação ser rigorosamente contínua faz que, mais ainda do que em outras disciplinas, faltar-se demasiado acabe mesmo por prejudicar a avaliação. É claro que saberemos proteger os casos em que as ausências resultem de doença ou de outra situação acolhível, mas é preciso não ter ilusões de que, não estando presente, o aluno não está a aprender, não está a fazer as tarefas (e não está a fazer os nossos testes, que são todas as tarefas).
Convém não ter a ideia de que a apresentação de uma justificação de ausência é suficiente para que tudo esteja bem em termos de ensino. A justificação resolve a vertente administrativa. Porém, continua a não ter havido ensino. Repito que não estou a pensar nos casos de doença, mas naqueles — que, por vezes, vão acontecendo — em que o aluno assume que o regime do ensino secundário não seria presencial (como acontece em algumas faculdades, far-se-iam as «frequências» e, no resto, aparecer-se-ia de vez em quando).
Já agora, quando faltam, os alunos podem, e devem, fazer os tepecês das aulas a que não assistiram. Também é interessante que tentem recuperar algumas tarefas feitas em aula. Saberão os tepecês pela consulta do blogue; as tarefas da aula não as têm no imediato (tentarei afixá-las uns três dias depois da aula).
O meu endereço de e-mail está no cabeçalho de todas as folhas. Podem usá-lo para me pôr dúvidas, etc. Também vai ser usado quando se tratar de algumas tarefas mais sofisticadas que impliquem envio de ficheiros. Notem que respondo sempre que recebo algum correio (enfim, no máximo, no prazo de um dia). Portanto, se não receberem resposta minha, é que nada me chegou (ter-se-ão enganado no endereço, por exemplo). Tenho também uma morada de correio eletrónico institucional, com o sufixo da escola, mas não a uso (cuidado, portanto; a única que devem usar é luisprista@netcabo.pt).
Acerca da avaliação específica da disciplina falar-se-á a partir de 22 de setembro, já que assim ficou combinado para toda a escola. De qualquer modo, nas minhas turmas a avaliação não se distinguirá muito do próprio ensino. As tarefas que forem fazendo (em todas as aulas mas também em casa) serão, ao mesmo tempo, elementos de avaliação. Não haverá «o» teste. Estaremos sempre, de certo modo, a fazer testes.
Esta maneira de proceder justifica-se pelo objeto do ensino em Português. Nesta disciplina o foco está em processos que se treinam (escrita, leitura, compreensão do oral, expressão do oral, até a chamada «educação literária») mas que não são estudáveis (não se prepara, para um teste, a escrita ou a compreensão dos textos). Trata-se aliás de competências que não evoluem rapidamente (embora, note-se, sejam melhoráveis a médio e a longo prazo). As tarefas através de que se vai treinando a escrita, a leitura, a expressão oral e a compreensão do oral podem ir dando noção da proficiência de cada aluno (se lhes fizesse um teste marcado no dia tal, a vossa redação seria do mesmo nível daquelas que foram fazendo no dia a dia; a interpretação do texto que lhes pedisse andaria pela média dos resultados que terão nos questionários breves que formos fazendo a propósito de muitos textos).
É verdade que há uma parte do Português que implica informação estudável: é a gramática e, mas não tão evidentemente, o conhecimento geral das obras do programa e de alguma terminologia da teoria literária. E, realmente, no caso da gramática, e de alguns conteúdos de teoria da literatura, a avaliação decorrerá de uma testagem fora do momento do próprio treino. Para esse domínio teremos pequenos testes (uns dois por período talvez).
Nada disto contende com o que está nos critérios da disciplina, que indicam a ponderação a usar nos vários domínios mas não definem quantos instrumentos de testagem podem ser usados para se chegar à apreciação desse domínio. Mas disso falar-se-á a partir de 22.
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