Sunday, August 27, 2017

Aulas (1.º período, 1.ª parte: 1-26)



Aula 1-2 (13 [9.ª], 14 [4.ª, 5.ª], 18/set [2.ª, 3.ª]) Informações sobre aspetos com utilidade para todo o ano (material; manual; sala; tipo de tarefas; blogue). (Ver Apresentação e Preceitos.)

Preenchimento de folhas da caderneta do professor (com desenho de retrato-emblema).

Ponho a seguir parágrafos acerca de alguns escritores de que há textos no manual. Lê as afirmações e assinala à esquerda de cada uma se são V(erdadeiras) ou F(alsas).
Terás de decidir por simples conjetura, em função do que aches verosímil. Consultando a p. 336 de Mensagens, o verso da contracapa e as páginas que assinalo entre parênteses retos, poderias informar-te brevemente sobre os vários autores, mas não creio que isso ajudasse. Centra-te antes nos parágrafos em si.

20. Ricardo Araújo Pereira (nasc. em 1974) [cfr. p. 35] foi jornalista no Jornal de Letras, Artes & Ideias, é cronista na Visão, dirige uma coleção de clássicos da literatura universal, integra um governo sombra e tem dado aulas na Universidade Nova de Lisboa.
19. Tiago Salazar (1972), autor de livros de viagens, é bisneto de Salazar, o celibatário professor de Finanças e, depois, chefe do governo no Estado Novo, a quem Fernando Pessoa chamou «tiraninho» («Este senhor Salazar / É feito de sal e azar. / Se um dia chove, / A água dissolve / O sal, / E sob o céu / Fica só o azar, é natural»).
18. Nuno Markl (1971) [cfr. p. 124] foi aluno da José Gomes Ferreira. Atualmente, dirige uma série de televisão que se desenrola precisamente na Secundária de Benfica e onde o nosso professor de Português talvez surja como figurante (o que pode catapultá-lo, ou não, para uma carreira em Hollywood).
17. Rui Zink (1961) foi aluno da Pedro de Santarém, é professor de Literatura, tem entrado em programas de televisão (Noite da Má Língua, o mais célebre) e escreveu uma tese sobre um autor por muitos considerado pornográfico, José Vilhena. Um dos livros de Zink intitula-se O Suplente, tendo como protagonista Adrien Silva.
16. MEC é o acrónimo por que é conhecido o sociólogo, cronista, diretor de jornal, romancista, crítico musical, gastrónomo Miguel Esteves Cardoso (1955). Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Explicações de Português, O Amor é fodido, Com os copos, Em Portugal não se come mal, Como é linda a puta da vida.
15. Vasco Graça Moura (1942-2014) distinguiu-se tanto como tradutor de grandes clássicos como como autor próprio. Escreveu uma obra cujo título é Os Lusíadas. Além disso, não apreciava nada a poesia de Fernando Pessoa.
14. Manuel Alegre (1936), ex-candidato à Presidência da República, é um benfiquista ferrenho, pelo que terá ficado agradado com o resultado do Glorioso («Glorioso» é aqui uma figura de estilo chamada ‘antonomásia’ e, quanto a mim, inadequada ao clube em causa) frente aos homens da cidade atravessada pelo rio Moscova.
13. Numa fotografia, Alexandre O'Neill (1924-1986) [cfr. p. 47] usa uma bicicleta no lugar dos óculos. Recentemente, uma sua biógrafa, Maria Antónia Oliveira, descobriu que, ao contrário do que afirmava, o poeta não concluíra o ensino secundário.
12. O advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares (1920-1993) [cfr. p. 86] foi pai de Miguel Sousa Tavares, jornalista e escritor, e marido de Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora. Tinha a alcunha de «Tareco». Empoleirava-se em guaritas e falava ao povo com um megafone.
11. Em 1919, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) — um dos grandes poetas brasileiros do século passado — foi expulso da escola em consequência de um desentendimento com o parvo professor de Português.
10. Há cerca de cem anos, Fernando Pessoa (1888-1935) [cfr. pp. 47 e 311] viveu na Avenida Gomes Pereira, a cerca de quinhentos metros da nossa escola. Por vezes, o poeta parava na rua e equilibrava-se numa perna com uma mão para a frente e outra para trás, para significar o bico e a cauda de um íbis, o que surpreendia quem passasse.
9. Não se sabe se Luís de Camões nasceu em 1524 ou em 1525; e também não é seguro se morreu em 1579 ou em 1580 (apesar do nosso livro, p. 337). É certo que perdeu o olho direito, mas também se discutiu muito se os seus ossos eram verdadeiros.
8. Gil Vicente (1465?-1536?), dramaturgo e ator, «artista de corte» (no fundo, uma espécie de encarregado das celebrações no paço), teria sido também, como figura num documento, «mestre da balança», o funcionário a quem incumbia controlar o peso do rei.
7. Em 1459, Fernão Lopes (c. 1380-c. 1460) venceu um litígio que o opunha a um neto, a quem negava a legitimidade e o direito de herdar os seus bens. Entretanto, não há certezas sobre se o cronista está representado nos célebres «Painéis de São Vicente».
6. D. Dinis (1261-1325), o Rei Poeta, casado com uma santa, a rainha D. Isabel, teve, pelo menos, sete filhos ilegítimos, todos de senhora diferente. A rainha D. Isabel também teve os seus filhos naturais (isto é, bastardos).
5. «Codax», apelido do jogral Martim Codax (séc. XIII), também aparece escrito «Codaz», não se sabendo ainda hoje a origem deste antropónimo (três hipóteses já defendidas quanto ao sentido de «Codax»: ‘com grandes cotovelos’; ‘cauda’; ‘obra de’).
4. João Garcia de Guilhade (XIII), trovador, criou cantigas a troçar do jogral Lourenço, que trabalhara antes na sua dependência e se achara mal remunerado. Quanto a Lourenço, apontava àquele de quem se emancipara insuficiências várias na arte poética.
3. Numa das suas cantigas de escárnio e maldizer, Pero Garcia Burgalês (XIII), dirigindo-se a Fernand’Escalho, lamentou que este jogral, por causa da sua desenfreada atividade sexual (hetero e homo), tivesse perdido a boa voz que chegara a ter.
2. Rui Queimado (XIII) foi ridicularizado por Pero Garcia Burgalês porque, para poder parecer bom trovador, estava disposto a morrer de amor nas suas cantigas (alegadamente, desde que pudesse ressuscitar pouco depois).
1. O trovador Pero da Ponte (XIII) — ou, talvez melhor, o segrel Pedro da Ponte (porque, na verdade, as suas atividades poéticas seriam remuneradas) — foi acusado por Afonso X de ser ladrão e assassino.


Cria três parágrafos como os que fiz acerca dos escritores, mas sobre ti. Entre eles haverá pelo menos uma afirmação verdadeira. Independentemente da veracidade de cada parágrafo, espera-se que sejam referidos factos curiosos.
Assume que o objetivo seria dificultar a vida a quem tentasse distinguir relatos verdadeiros e falsos. Procura incluir pormenores, que servirão para dificultar o reconhecimento da factualidade dos trechos. O estilo deverá ser até um pouco mais elaborado do que o meu (enfim, menos seco do que o dos parágrafos mais curtos). Usa a 3.ª pessoa e o nome por que serás tratado nas aulas.
Ao lado de cada uma das três afirmações, põe V(erdadeira) ou F(alsa). Dentro de parênteses retos podes acrescentar algum esclarecimento que aches necessário.

1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


TPC — Dá uma vista de olhos a http://gavetadenuvens.blogspot.com/, para perceberes onde ficam sumários, tepecês, aulas (estas só as transcrevo passados uns três dias), etc. Com cores berrantes destacarei o mais urgente ou útil no imediato.



Aula 3-4 (14 [9.ª], 18 [5.ª], 19/set [2.ª, 3.ª, 4.ª]) Sobre textos devolvidos (feitos na última aula).


Se quiseres, podes olhar rapidamente as páginas 314 a 318 do manual. Nelas se faz uma repartição dos textos literários em (A) poético; (B) dramático; (C) narrativo. Esta arrumação não fica muito longe da de Busto (Bruno Aleixo) — poesia; teatro; prosa —, que parece demasiado centrada no contraste entre versos e prosa.
Em termos de Modos literários, porém, devemos considerar: (A) lírico; (B) dramático; (C) narrativo.
Classifica os seguintes excertos quanto ao modo literário. (Relanceia a página em que estão, apenas para teres ideia dos textos em que se inserem os fragmentos.) Não ligues, para já, à coluna mais à direita.

Trecho (de cada uma das unidades)
Autor
Modo

Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E ai Deus, se verrá cedo! [p. 30]



O Page do Meestre, que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila segundo já era percebido, começou d’ir rijamente a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo altas vozes, braadando pela rua: / — Matom o Meestre! Matom o Meestre nos Paaços da Rainha! Acorree ao Meestre que matam! [p. 83]



Mãe — Toda tu estás aquela. / Choram-te os filhos por pão? // Inês — Prouvesse a Deos que já é rezão / de não estar tão singela. [p. 116]



Um mover d’olhos, brando e piadoso, / sem ver de quê; um sorriso brando e honesto, / quási forçado; um doce e humilde gesto, / de qualquer alegria duvidoso; [p. 178]



O recado que trazem é de amigos, / Mas debaxo o veneno vem coberto, / Que os pensamentos eram de inimigos, / Segundo foi o engano descoberto. [p. 231]



A 3 de setembro, navegando eles em demanda das ilhas, alcançou-os uma nau de corsários franceses, bem artilhada e consertada, como costumavam. [p. 290]




Tipologia textual
            Cada tipo de texto (ou protótipo textual) define-se por um determinado grupo de características, podendo algumas destas características ser constantes e outras variáveis. [...] A maior parte dos textos é constituída por numerosas sequências, as quais poderão atualizar diferentes tipos textuais. De facto, num mesmo texto costumam ocorrer sequências de diferentes tipos (por exemplo, num texto narrativo é habitual surgirem sequências de tipo descritivo e sequências de tipo conversacional).

            Existem múltiplas formas de atualização do tipo textual narrativo: contos, fábulas, histórias, parábolas, reportagens, notícias e relatos de experiências pessoais. O texto narrativo centra-se na ação, no relato dos acontecimentos.
            As sequências textuais que atualizam o tipo textual descritivo são construídas em torno de um dado objeto, acerca do qual se predicam diversos atributos. Os textos descritivos são uma exposição de diversos aspetos que configuram o objeto sobre o qual incide a descrição. Tudo pode ser objeto de descrição, mas as descrições mais frequentes incidem sobre pessoas e personagens (quer traços físicos quer atributos psicológicos), espaços e situações atmosféricas.
            O objetivo central dos textos/discursos que atualizam o tipo textual argumentativo consiste em justificar ou refutar opiniões. As sequências textuais e os textos de tipo argumentativo são frequentes nas interações verbais do nosso dia-a-dia: na propaganda política, nos debates televisivos sobre questões polémicas e mesmo em situações informais de interação sobre aspetos práticos.
            Estão associados ao tipo textual expositivo (também já se usou explicativo) os textos em que se apresentam análises e sínteses de representações conceptuais. Podemos encontrar este protótipo textual nos manuais das disciplinas científicas, em que se passa constantemente da exposição — sucessão de informações com o objectivo de dar a conhecer algo — à explicação — com o intuito de fazer compreender o «porquê» do problema e a sua resolução. Já agora: também as presentes definições de protótipos textuais se enquadram no protótipo expositivo.
            Os textos que actualizam o tipo de texto instrucional (ou diretivo, ou também injuntivo) têm subjacente o objetivo de controlar o comportamento dos seus destinatários. Este protótipo textual é atualizado numa grande diversidade de textos, desde enunciados simples (como «Proibido tirar fotografias») até às regras de utilização de um software. Todas as instruções (receitas de culinária, instruções de montagem, etc.) se incluem neste protótipo.
            O tipo de texto conversacional, também designado «dialogal», é atualizado em textos produzidos por, pelo menos, dois interlocutores que tomam a palavra à vez. Este tipo textual manifesta-se, por exemplo, nas interações orais quotidianas, nas conversas telefónicas, nos debates e nas entrevistas.
O tipo textual preditivo informa sobre o futuro. Manifesta-se em boletins meteorológicos, horóscopos, profecias.

            Dados os seguintes fragmentos, tenta identificar de que tipo de texto se trata:

1          Naquela noite o vento uivava, vadio. Os galhos dos castanheiros rumorejavam, nervosos, batidos pelo vendaval e pelos cocós de cão...

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo _____.

2          Quando falamos de «tipos de texto», tentamos sistematizar, arrumar, organizar nuns poucos «gavetões» semânticos produtos discursivos que, apesar de em número infinito, apresentam características comuns que aproximam alguns deles entre si.

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

3          — Como se chama este cão?
— Cocó.
— Essa é boa! A um cão não se chama «Cocó»!
— Então?
— Um cão é «Ringo», «Faísca», «Rex», «Hermenegildo».

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

4          Crianças: devem tomar um comprimido, três vezes ao dia, antes das principais refeições. Adultos: dois comprimidos, três vezes ao dia, antes do principal cocó.

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

5          Se a é igual a 1 e b é igual a 1, então a é igual a ⅞ de 2 + 74 ÷ 5 × 24 cocós de cão.

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

6          A boneca tem feições de marfim; pálidas, lisas, de veludo; e os seus cabelos são ondas de ouro, descendo, levemente, sobre os ombros...

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

7          Fará bom tempo em toda a Península. Aguaceiros, porém, na zona de Benfica; e trovoada, com queda de blocos enormes de granizo, sobre a ESJGF, mormente na sala D9.

                O texto de que foi retirado este trecho será do tipo ____.

[exercício de: Álvaro Gomes, Gramática pedagógica e cultural da língua portuguesa, 2006; definições adaptadas de glossário da TLEBS; cocós, granizo e Hermenegildos meus]

            Veremos cinco sketches da série Barbosa. Poderíamos considerar que todos exemplificam o tipo textual conversacional, já que mostram personagens em diálogo. Porém, abstraindo-nos dessa moldura geral, é possível descobrir em cada cena o protótipo, ou os protótipos, mais presentes.

Sketch
Tipo textual
«Matarruanos dão indicações»

«Sobrevivente de desastre»
[considerando a situação de entrevista]

[fala do sobrevivente]

«Funcionário que bolsa»
[discurso do «chefe»]

«Bom dia, boa tarde»

«Javard Air»
[observações dos passageiros até se sentarem]

[intervenções do comandante-comissário]



            Escreve, no máximo, sete curtos trechos que, supostamente, pertenceriam a textos maiores e são agora apresentados como se se tratasse de fragmentos de livros resgatados por sorte — pequenos pedaços de folhas encontrados no lixo.
            Esses fragmentos pertencerão a tipos textuais diferentes. Idealmente, haveria no final sete desses recortes, mas admito que não chegues a percorrer os sete tipos e fiquemos só com uns quatro ou cinco, dependendo do tempo que consigamos ter.
            Haverá um tema agregador, comum a todos os fragmentos: ________.

[tipo _______]
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[tipo _______]
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[tipo _______]
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[tipo _______]
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TPC —Relanceia o capítulo de gramática sobre ‘Tipos textuais’ que vai ficar realçado em Gaveta de Nuvens (aqui). Completa os fragmentos que não fizeste em aula (trazendo-me depois a folha).


Aula 5-6 (20 [9.ª], 21 [4.ª, 5.ª], 25/set [2.ª, 3.ª])

Recursos expressivos
            A tabela integra as figuras de estilo referidas no sketch «Jesus ensaia figuras de estilo» (série Barbosa) e em «Que figura de estilo está Manuela Ferreira Leite a usar?» (série Zé Carlos). Quase todas estão também definidas nas pp. 334-335 do nosso manual.
            Completa as definições. Deixei ficar três figuras de estilo que não surgem nos sketches. Para cada um desses casos — enumeração, antítese, apóstrofe —, tenta criar tu um exemplo, que registarás na coluna do meio (consulta as definições no manual, lê as abonações aí dadas para esses recursos expressivos, mas não te limites a copiá-las: inventa tu os exemplos — idealmente, verdadeiramente expressivos).

Figura
Exemplo (nos sketches ou a criares agora)
Definição simplificada
Figuras de sintaxe
Anáfora
«Deus é grande; Deus é pai; Deus é amor; Deus castiga; Deus abençoa; Deus é...»
Repetição de palavra ou expressão no ___ de versos ou frases.
Elipse
[Não há propriamente elipse; mas, por brincadeira, no sketch assume-se que o silêncio de Manuela Ferreira Leite é uma elipse.]
Omissão de uma palavra que se subentende facilmente.
Enumeração

Apresentação sucessiva de elementos (em princípio, da mesma classe gramatical).
Hipérbato
(cfr. Anástrofe)
«Eu a salvação trago para vós, que pecados cometeis; porém, não para os néscios que os mandamentos de Deus não respeitam. Comigo vinde.»
Alteração da ___ mais habitual das palavras.
Figuras fónicas
Aliteração
«Deus destapa o demónio e dá a doce dádiva do dom divino aos diabéticos da Dalmácia que se depilam junto ao desumidificador, enquanto se divertem com dados. E diz um Dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dai-li, dô, papagaio voa.»
____ de sons ____ semelhantes.
Onomatopeia
«Eu caminho sobre as águas — chlap-chlap-chlap — e, nisto, passa uma manada de búfalos — catapum, catapum, catapum —, os pecadores choram — chuífe, chuífe.»
Sugestão da imagem auditiva de um objeto por meio de um conjunto de ___.
(É um termo mais usado no domínio da etimologia.)
Figuras de semântica ou de pensamento
Alegoria
[Parábolas na Bíblia.]
Expressão de noções ____ através de um episódio concreto.
Antítese



Combinação de dois elementos ou ideias opostos.
Apóstrofe (ou Invocação)



Interpelação a alguém ou a alguma coisa personificada.
Eufemismo
[«Seis meses», por ‘sessenta anos’.]
Transmissão de uma ideia de forma _____ (menos desagradável).
Hipálage
«Não pode ser a comunicação social a selecionar as notícias que transmite [...]» (no sketch assume-se como hipálage o facto de a «comunicação social» não ser a verdadeira entidade responsável, o que não constituirá exatamente uma hipálage).
Transferência para um dado objeto da qualidade que se quer atribuir a outrem.
Hipérbole
«Os pecadores serão castigados e arderão em montanhas de labaredas e milhões de abutres, dos grandes, virão debicar a carne putrefacta dos pecadores, à bruta.»
Expressão ____.
Ironia
«O Diabo é muit[a] porreiro. Confiai no Diabo, confiai, que ides por bom caminho. Não rezeis que não é preciso.»
Uso de palavras com significado ____ daquele que se quer inculcar.
Metáfora
«Montanhas de labaredas.»
Designação de objeto por palavras de outra ___ lexical (permitindo uma associação por analogia).
Metonímia
«Só está a contribuir para o combate ao desemprego na Ucrânia e em Cabo Verde.»
Designação de uma realidade apenas por uma sua ____.
Perífrase (ou Circunlóquio)
[Uso de uma expressão longa que corresponderia afinal a um simples «façam o que eu digo»]
Dizer por muitas __ o que poderia ser dito em __.

Na p. 12 do manual, depois de leres o poema desatentamente, repara nas seguintes características de «Um livro», de João Pedro Mésseder, circundando o que, dentro das chavetas, corresponda à solução certa. (Pode ser útil a consulta da p. 314, sobre versificação, mas talvez nem seja necessária.)
O poema tem seis estrofes, que, porque têm cinco versos, são {monósticos, dísticos, tercetos, quadras, quintilhas, sextilhas, oitavas, décimas, milionésimas, televisores}.
Todas as estrofes têm dois versos que rimam entre si, sendo um deles sempre o {primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, trecentésimo} da sua estrofe.
No entanto, há uma estrofe em que há três versos que rimam, que é a {primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, quinquagésima, sexagésima sétima}.
Quanto a tipo de rima, temos, entre os versos 4 e 5 da primeira estrofe, rima {emparelhada, bué fofa, cruzada, interpolada}; e, entre os versos 7 e 10, 12 e 15, 21 e 25, rima {emparelhada, cruzada, interpolada, lindíssima}.
Em termos de rima, os versos 1, 3, 6, 8, 9, 11, 13, 14 são exemplos de versos {brancos, roxos, soltos, com soltura}.
O esquema rimático da primeira estrofe é {ABCBB, ESJGF, AABAA, ABBA, FECML, XYYYZ, SLB, SCP}.
Quanto a métrica, na quinta estrofe há versos {pentassilábicos, hexassilábicos, heptassilábicos, octossilábicos, eneassilábicos, decassilábicos, hendecassilábicos}.

            Resolve o item 2. da p. 13. (Atenção: as soluções do manual do professor bem como as que estejam já lançadas a lápis de anos anteriores estão erradas.)
a) = __; b) = __; c) = __; d) = __; e) = __; f) = __.

Cria os seguintes três textos (tentarás fazer 1 e 2; farás 3 apenas se fores rapidissíssimo):
1. Uma quintilha que pudesse inserir-se entre as atuais quarta e quinta estrofes do poema «Um livro» (de João Pedro Mésseder). Mantém o verso-refrão (o quinto das quatro primeiras estrofes). Tenta que os versos não andem muito longe da métrica que vimos ser a predominante. Segue o esquema rimático de alguma das estrofes (ao lado dos versos põe depois esse esquema).
2. Os três parágrafos finais de um texto de modo narrativo em prosa — portanto, o final de um conto, novela ou romance — cujo título fosse «Um livro».
3. Curto fragmento de um texto dramático (uma peça de teatro) cujo título fosse também «Um livro». Incluirás quatro falas.

1.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

2.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TPC — Relanceia, em Gaveta de Nuvens, ‘Modos literários’ e ‘Figurasde estilo’. Estuda, ou tenta resolver (olhando também as soluções), a ficha 29 do Caderno de Atividades, sobre ‘Recursos expressivos’ (pp. 54-56; soluções na p. 99) — que também reproduzo no blogue, a partir de link no tepecê (este).


Aula 7-8 (21 [9.ª], 25 [5.ª], 26/set [2.ª, 3.ª, 4.ª]) Devolução de quintilhas (e comentário em torno de métrica, rima, etc.); informação sobre critérios de avaliação (ver Apresentação).


            Lê «A leitura no ecrã» (p. 14). Nos itens que se seguem, circunda a letra que introduz a melhor alínea.

O título «A leitura no ecrã» remete para
a) o modo como é representado o ato de ler nos ecrãs.
b) a especificidade da leitura intermediada por dispositivos digitais.
c) o processo usado na escrita para a net e em computadores.
d) o mundo digital, com os seus ecrãs e conexões em rede.

Nas ll. 1-9, defende-se que o mundo digital
a) não alterou o essencial do processo de leitura tradicional.
b) desenhou um novo panorama que trará mais vantagens do que desvantagens.
c) alterou, para melhor, o modo como lemos.
d) exige que reaprendamos a ler.

O sujeito de «criou» (l. 14) é
a) «a era da internet» (l. 10).
b) «essa realidade em mente» (ll. 11-12).
c) «ambiente» (l. 13).
d) «uma estratégia para ler» (l. 13).

A «ecranização» (ll. 21-22) é
a) o predomínio crescente de tecnologias que usam ecrãs.
b) o crescimento do número de salas de cinema disponíveis em espaços comerciais.
c) a aposta cada vez mais significativa na leitura através de ecrãs.
d) o incremento do uso de protetores solares ditos de «ecrã total».

A palavra «ambos» (l. 22) substitui (ou, dito de outro modo, tem como referente)
a) «os processos e ferramentas de mediação» e «essa “ecranização”» (ll. 20-22).
b) «Gustavo Cardoso e Tiago Lima Quintanilha» (ll. 15-16).
c) «uma aposta [até] dessa “ecranização”» (ll. 17-22).
d) «os processos e ferramentas de mediação» (ll. 20-21).

A experiência de leitura em ecrã ligado à net (ll. 24-32) é diferente da leitura tradicional por
a) o leitor também produzir e publicar conteúdos.
b) ser multimédia, interativa, hiperligada.
c) evitar que pisemos estúpidos cocós de cão.
d) poder ser interativa, poder aproveitar vários média, usar suporte «lincável».

A Web 2.0 (ll. 28-32) fez que
a) todos produzam na blogosfera.
b) todos se tornassem pequenos Saramagos ou Pessoas.
c) o leitor seja também autor.
d) os briosos fogaceiros precisem de vencer por 3-0 no jogo da Feira, diante do Web München F..

A palavra «ecossistema» (l. 33) é
a) impertinente, porque não está em causa nenhum ambiente natural que justificasse «eco».
b) justificável, por dar a ideia de que na Web 2.0 os que consomem produzem também.
c) pertinente, porque se trata de problema de ecologia e da natureza.
d) aceitável, porque aqui «eco» não é o radical grego para ‘ambiente’ mas para ‘eco’ (‘repetição’).

O exemplo nas ll. 40-44 visa mostrar que
a) a boa condução é imprescindível.
b) é importante, na estrada, saber guiar mas também analisar o contexto.
c) não basta o domínio técnico.
d) a capacidade de analisar as situações é crucial para sermos bons automobilistas.

Entre as novas competências segundo José Afonso Furtado (cfr. ll. 45-64) suscitadas pela leitura digital estariam
a) saber copiar dados para elaboração de cábulas para testes de Português.
b) saber recolher informação e arrumá-la.
c) publicar a informação que encontremos, tirar apontamentos.
d) fazer uma boa prospeção do mercado, aprender a publicar os dados que reunamos.

O pronome «elas» (l. 53) tem como referente (isto é, substitui)
a) «novas competências» (l. 52).
b) «novas competências para a apropriação do texto» (ll. 52-53).
c) «competências» (l. 52).
d) «a capacidade de navegar por entre os dados a que temos acesso» (ll. 53-54).

O pronome «eles» (l. 62) tem como referente (e, portanto, é a anáfora para)
a) «os dados que usamos» (l. 61).
b) «anotações às informações que reunimos» (ll. 59-60) e «os dados que usamos» (l. 61).
c) «anotações às informações que reunimos» (ll. 59-60).
d) «os dados» (l. 61).

Michel Foucault, quando escreveu o que é citado no último parágrafo (ll. 65-73),
a) reportava-se à leitura digital.
b) adivinhava o que sucederia com a net.
c) referia-se à interpretação intertextual que exige a leitura de livros competente.
d) pensava já nas redes sociais.


«Dicionário Português-Manuelmachadês» (da série Diz que é uma espécie de magazine) caricatura a linguagem de alguém do meio desportivo. O tipo de discurso designado como «manuelmachadês» caracteriza-se pela complexificação da sintaxe e do léxico, por pretensiosismo do enunciador. Essa exibição de linguagem empolada acaba por prejudicar a clareza da mensagem.
Quais são os recursos expressivos (as _______ de estilo) usados por Manuel Machado e que resultam no tal estilo complicativo? Não são muitos. Em geral, pode dizer-se que se socorre de perífrases (circunlóquios; isto é, diz em muitas palavras o que poderia ser dito em poucas). Vendo mais de perto, essas perífrases resultam de:
(1) troca de palavras/expressões por outras suas sinónimas mas de registo mais cuidado (nestes casos, pode surgir uma ou outra expressão com origem em metáfora);
(2) troca de palavras/expressões por outras mais abrangentes, ou mesmo inadequadas, por eufemismo (evitando ‘ferir susceptibilidades’).

{Completa a tabela, registando 1 ou 2 na coluna da direita.}

sentido denotativo
manuelmachadês
recurso
como ganhámos, fizemos bem em jogar assim
a pontuação obtida, de alguma maneira, ratifica as opções tomadas

corrigiu os erros
retificou alguns procedimentos que tinha denunciado como deficitários

uma estratégia atacante
uma estratégia que não pressupunha uma metodologia muito defensiva

fim do jogo
parte terminal do encontro

últimos lugares do campeonato
lugares da parte terminal da tabela

o árbitro decidiu mal
o critério disciplinar foi extremamente agudo

não digo que o árbitro seja desonesto
nada do que eu disse vai no sentido de melindrar essa cidadania e os seus direitos, tudo o que eu disse é contextualizado a um processo desportivo

tentar não perder o jogo
obstar a que o Porto leve os pontos em disputa


            Na última fala — «este tipo que andou no meio do terreno não presta» —, o inesperado é Machado não ter recorrido a um _______ que adocicasse a crítica ao árbitro.


            Após ouvirmos «Vayorken» (p. 17):
1 = __; 2 = __; 3 = __; 4 = __; 5 = __; 6 = __.


TPC — Escreve um «Alfabeto pessoal». (No sumário desta aula em 'Sumários e tepecês', pus o começo de um exemplo de Alfabeto meu e outro de colegas teus de há uns anos. Lê-os, bem como mais indicações sobre este trabalho.)


Aula 9-10 (27 [9.ª], 28/set [4.ª, 5.ª], 2/out [2.ª, 3.ª]) Correção do questionário sobre «A leitura no ecrã» (ver Apresentação).



Lê «Novos trovadores» (p. 23), de Kalaf Epalanga, e vai completando este meu texto. Nos três primeiros parágrafos (portanto, até à l. 38), o narrador usa um estilo autobiográfico, recordando os tempos em que procurava usar a poesia . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .  . . . . (o que lhe sugere uma analogia com os trovadores e jograis medievais). No último parágrafo (ll. 39-51), é menos memorialístico, estabelecendo agora comparações entre a música atual e as cantigas trovadorescas: o lirismo das cantigas de amigo e de amor encontrar-se-ia também nas _____ contemporâneas; a crítica social e a sátira típicas das cantigas de escárnio e maldizer teriam paralelo no ___.

Repara nesta série de dez palavras, que criei a partir da palavra «Kalaf».

Kalaf
Buraca
David
Michelangelo
«Os Delfins»
Cascais
Marcelo
vichyssoise
termas           
jatos

Kalaf lembra Buraca (porque integrou os Buraka Som Sistema); Buraca lembra David (por causa do conhecido restaurante «O David da Buraca»); David lembra Michelangelo (o artista renascentista autor da célebre escultura David); Michelangelo lembra Os Delfins (já que o vocalista deste grupo musical era homónimo do escultor italiano); Os Delfins sugere Cascais (porque a mais repetida canção da banda era «A Baía de Cascais»); Cascais pode associar-se a Marcelo (porque aí vive o atual Presidente da República); Marcelo fez-me recordar vichyssoise (uma sopa francesa que ficou ligada a um episódio contado acerca de Marcelo Rebelo de Sousa e que mostraria como é, ou era, criativo); vichyssoise levou-me até termas (porque Vichy, a cidade francesa que entra na formação do nome da sopa, é uma estância termal); de termas passei a jatos (por causa dos tratamentos com esguichos de água apontados aos pacientes, que não sei se se usam ainda, mas parecem castiços e serão, provavelmente, ineficazes).

            Faz tu uma série assim, mas a partir de «Música». Vê se há relação entre a primeira e a segunda palavras, entre a segunda e a terceira, etc., mas, ao mesmo tempo, tenta afastar-te cada vez mais do motivo inicial (é que não se trata de arranjar palavras todas da mesma área lexical!). Depois escreve uma outra série — também começada por «Música» — que venha a ter como décimo elemento a mesma palavra que iniciou a lista.

Música
___
___
___
___
___
___
___
___
___

Música
___
___
___
___
___
___
___
___
Música

Acrescenta ao texto um parágrafo que se inserisse entre o segundo (o que termina na l. 24) e o atual terceiro parágrafo (que começa na l. 25; e que passaria a ser o quarto).
O novo parágrafo deverá ter cerca de cem palavras (ou seja, tamanho aproximado do dos outros parágrafos de «Novos trovadores»), entre as quais, obrigatoriamente, estas: _______; _______; _______; ______; ______; _______. A ordem é irrelevante.
Deves procurar que a crónica se mantenha verosímil e adotar registo linguístico semelhante ao do resto do texto de Kalaf Epalanga. O ideal é que as seis palavras em causa, que sublinharás, não sejam sentidas como estranhas. (São interditas espertices do tipo «e fulano decidiu riscar as palavras tal, tal, tal, tal, tal e tal».)

animaram tantos serões nas cortes portuguesas do antigamente.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
                Entre os meus cúmplices, daqueles que se dedicavam aos jogos de rimas nos corredores [...]

            Se terminares cedo, lê o texto de Manuel Alegre (p. 22).
            Depois, veremos o início de um filme, Jeux d’enfants (Amor ou Consequência), que, tal como o depoimento de Kalaf, faz relato de memórias de infância e de namoro juvenil.
TPC — Lê a contextualização histórico-literária da poesia trovadoresca (pp. 24-29).


Aula 11-12 (28 [9.ª], 2 [5.ª], 3/out [2.ª, 3.ª, 4.ª]) Correção de fragmentos com cada tipo textual (ver Apresentação).

            Repara na seguinte ligeira atualização do português da cantiga de amigo «Ondas do mar de Vigo» (p. 30), de Martim Codax. Evitei trocar as palavras cujo sentido se percebe, mesmo quando ligeiramente diferente do moderno.
Tendo em conta a estrutura do poema, bastante repetitiva, conseguirás adivinhar os versos que faltam nas estrofes 2, 3, 4. Copia-os nesse estilo um pouco adaptado.

Ondas do mar de Vigo,
[dizei-me] se vistes o meu amigo.
E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?

Ondas do mar levado,
[dizei-me] se vistes o meu amado.
______________________

______________________
aquele por quem suspiro.
______________________

______________________
aquele por quem tenho grande cuidado.
E [sabeis], ai Deus, se virá cedo?

            Completa o esquema que está em 1., no cimo da p. 31:
a) _____; b) ___; c) ___; d) ___; e) ___.

            Compara o seguinte poema de Adília Lopes, poetisa nascida em 1960, com a cantiga de amigo de Codax (na p. 30 do manual). Não te preocupes com os aspetos formais da cantiga e da quadra. Contrasta sobretudo circunstâncias, atitudes, sentimentos.

Nas ondas
do mar de Vigo
tomo banho
com o meu amigo
Vigo, 15-31 de agosto de 1993

Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 355

            Lê o poema «Pedro de Santarém», também de Adília Lopes (que foi aluna da Pedro há mais de quarenta anos):

Pedro de Santarém

Querida
rapariga
primitiva
que eu sou
fui
e hei-de ser

Minha
querida
rapariga
para ti
os girassóis
são giros
e giram

e é o amor
que move
o Sol
que move
o girassol

E
é o girassol
que move
o Sol

Querida
rapariga
imperativa:
gira, Sol
gira, girassol

E
Deus
é
o girassol

Adília Lopes, Dobra. Poesia Reunida. 1983-2007, 2.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 511

            Escreve à direita um poema no mesmo estilo, com gosto, criatividade, cuidado ortográfico.
Título é uma escola (onde andou o «eu» do texto)
Apóstrofes dirigidas ao próprio enunciador («Querida rapariga primitiva que eu sou»; «Minha querida rapariga»)
Não há pontuação
Versos pequenos e sem rima
Repetições

TPC Em Gaveta de Nuvens lê esta entrevista com Adília Lopes, por colegas de há uma dúzia de anos. Podes também experimentar ouvir algumas versões musicais de «Ondas do mar de Vigo». E é útil ires lendo os textos expositivos no manual sobre a lírica trovadoresca.


Aula 13-14 (4 [9.ª], 9 [2.ª, 3.ª, 5.ª], 10/out [4.ª]) Explicação sobre correção de escritos que se entregavam (ver Apresentação).


            Nas pp. 32-33, sintetiza o que já vimos na última aula acerca das características formais da cantiga de amigo.
            Resolve o item 1 da p. 33:
a) __________ ;
b) __________ ;
c) __________ ;
d) __________ ;
e) __________ ;
f) __________ ;
g) __________ ;
h) __________ ;
i) ___________.
            No ponto 2. (p. 33), adivinha os versos em falta na cantiga de amigo, de Martim de Ginzo, «Como vivo coitada, madre, por meu amigo» (p. 33):
a) ____________
b) ____________
c) ____________
d) ____________
e) ____________

            A seguinte cantiga de amigo de D. Dinis foi transcrita nos cancioneiros com uma estrofe a menos (repara que só aparecem a seguir sete tercetos — ou sete dísticos e o respetivo refrão —, quando se esperaria número par de estrofes). Porém, podemos deduzir onde se situaria a estrofe em falta e reconstituí-la, graças ao paralelismo típico das cantigas.
            Tenta (i) perceber qual é o ponto em que falta uma estrofe; (ii) reconstruir essa estrofe em falta (talvez à direita da zona em que a devêssemos inserir).

Mia madre velida,
vou-m’a la bailia
            do amor.

Mia madre loada,
vou-m’a la bailada
            do amor.

Vou-m’a la bailia
que fazem em vila,
            do amor.

Que fazem em vila
do que eu bem queria
            do amor.

Que fazem em casa
do que eu muit’amava
            do amor.

Do que eu bem queria;
chamar-m’am garrida
            do amor.

Do que eu muit’amava;
chamar-m’am perjurada
            do amor.

velida = ‘bela’ || bailia = ‘baile’ || loado = ‘louvado’ || garrida = ‘alegre’ || perjurado = ‘falso’

Em «Castigadores da parvoíce» (série Meireles), uma das atitudes parvas castigadas é a má flexão de certas formas verbais. As formas que surgem mal conjugadas são da ___ pessoa do ____ do _______ dos verbos «chegar», «vir», «dizer», «fazer», «baldar-se». As personagens dizem, por exemplo, «ouvistes» (em vez de «ouviste»).
As formas em -stes («ouvistes», etc.) até podem ser corretas, se corresponderem à __ pessoa do ____, que usaríamos se tratássemos alguém por «vós». Nos textos medievais que estamos a ler, a terminação -stes corresponde, é claro, a esta segunda pessoa do plural, a forma de tratamento então usada com interlocutores plurais (e também para com um só indivíduo com estatuto especialmente elevado).
Flexiona: «Eu cheguei; tu _____; ele _____; nós _____ [com acento, para distinguir do Presente]; vós _____; eles _____.».

«Às Vezes (Escuto e Observo Erros de Português)» (D.A.M.A. / Vasco Palmeirim):

Às vezes oiço cada coisa e não fico ok
Às vezes leio em português que não está bem
Ninguém faz de propósito, eu sei
Mas acontece tantas vezes — ai Jesus, minha mãe!

Sei que às vezes eu pareço zangado
Mas isto faz-me ficar preocupado
Não quero ver a nossa língua neste estado
O português anda a ser tão maltratado
Quando há faltas para amarelo entradas de pé em riste
Gente que em vez de «estiveste» pergunta «onde é que tu estives-te?»
Às vezes é deixar o hífen bem sossegado
E não pôr a vírgula entre o sujeito e o predicado
Eu não sou perfeito, não sou uma Edite Estrela
Mas sei que não se pede uma «sande de mortandela»
Passam horas, dias, choro: fico muito triste
Quando «houveram novidades», porque isso não existe
São raros os casos de plural do verbo «haver»
E são muitos os que compram um automóvel num «stander»
E isto não são histórias tipo «era uma vez»
Isto é o que se passa com o nosso português

Refrão

Se eu tivesse poderes, homens e mulheres não diziam «quaisqueres»
Eu sei que é difícil distinguir o «à» do «há»
Para onde é o acento? Qual deles leva o «h»? Oh mãe!
E acredita rapaz — que toda a gente é capaz
De não escrever um «z» na palavra «ananás»
E era maravilha — ver «você» sem cedilha
E que ninguém dissesse «há muitos anos atrás»
Aquilo que eu quero como tu muito bem vês
Sendo bem sincero quero bom português
E tenho a certeza que toda a gente consegue
Se até JJ sabe dizer Lopetegui

Refrão

«Há-des» — isto assim não está bem
«Salchicha» — isto assim não está bem
«Devia de haver» — isto assim não está bem
E dizer «tu fizestes» também não está bem!

Refrão

            Completa:

Erro
Forma corrigida
Explicação do processo que leva ao erro. [Conselho.]
estives-te

_____
Toma-se como pronome o que é parte da forma verbal. [Saber flexão dos verbos; experimentar substituir falso pronome.]
pôr vírgula entre o sujeito e o predicado
não pôr vírgula entre o sujeito e o predicado
Na oralidade, por vezes, fazemos essa pausa. [Ter em conta que a _____ depende sobretudo da análise da sintaxe, não é mera equivalência da entoação.]
sande de mortandela
sandes (ou sanduíche)
Derivação não afixal ainda não aceite — «sande» seria um singular de «sandes» (e «sandes» já é uma acomodação popular do _____ «sanduíche»).
_____
Nasalização indevida (talvez por assimilação ao m- inicial).
houveram novidades
houve novidades
O complemento direto «novidades» é interpretado como _____. [Recordar que o verbo haver é impessoal.]
stander
_____ [no pg. do Brasil: estande]
Acomodação ao português de um empréstimo, assumindo-
-se ser o final do étimo semelhante ao de outros anglicismos.
quaisqueres
quaisquer
Fez-se plural das duas palavras-base, esquecendo-se que uma delas («quer») é uma forma ____.
á
à
Esquece-se que o acento usado na contração a + a é grave. [Recordar as poucas palavras com este acento: à, às, àquele(s), àquela(s), ____, àqueloutro(s), àqueloutra(s).]
à cinco anos
há cinco anos
Confunde-se o «há» destas expressões com a contração de _____ e determinante. [Perceber que há sentido de ‘existência’ («haver»), embora de tempo.]
ananaz
____
Faz-se erro de ortografia advertível apenas por memória.
voçê
você
Esquece-se que ci e ce nunca levam _____. [Ao contrário de -ça, -ço, -çu — que se opõem a ca, co, cuce e ci contrastam com que, qui.]
há muitos anos atrás
há muitos anos
Faz-se um pleonasmo: «atrás» repete o que já está _____ em «há».
há-des
____
Faz-se analogia com outras pessoas do verbo e dos verbos em geral (a 2.ª pessoa costuma terminar em -s). [Recordar que «de» é uma preposição.]
salchicha
salsicha
Assimila-se som da penúltima sílaba ao da última ____.
deve de haver
_____
Usa-se regência errada.
fizestes
fizeste
Faz-se analogia com o que é habitual na 2.ª pessoa dos outros tempos verbais (terminar em -s), o que é favorecido por já não se usar a 2.ª pessoa do plural (que é efetivamente em -tes). [Conhecer o pretérito _____.]

            Tendo em conta o que já sabes sobre a estrutura paralelística das cantigas de amigo — e o que indico em Alguns constrangimentos para criação de uma cantiga de amigo — cria uma cantiga de amigo contemporânea.

Alguns constrangimentos para se criar uma cantiga de amigo

1.ª estrofe
1.º verso — Vocativo a um confidente (natureza; alguém, mas não o amado; um objeto); última palavra em I
2.º verso — A rapariga exprime um sentimento ou relata uma ação; última palavra terá rima em I
3.º verso — Refrão (ter em conta que se repetirá nas estrofes todas)

2.ª estrofe
1.º verso e 2.º verso — Muito próximos dos da 1.ª estrofe (mas com última palavra com A)
3.º verso — Refrão

3.ª estrofe
1.º verso — Igual ao segundo da 1.ª estrofe
2.º verso — Ter em conta que última palavra em I
3.º verso — Refrão

4.ª estrofe
1.º verso — Igual ao segundo da 2.ª estrofe
2.º verso — Muito próximo do da estrofe anterior (mas última palavra com tema em A)
3.º verso — Refrão

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            Na parte de Amor ou Consequência que vimos na aula anterior dera-se um salto de uns dez anos. Num momento estavam Sophie e Julien, crianças, a adormecer; logo a seguir, acordam já adolescentes. Houve um corte (uma elipse) na ação que nos é dada no filme.
            Traduzindo: o tempo da história não é todo percorrido no discurso (ou não é dado proporcionalmente: os dez anos que percebemos terem decorrido na história são omitidos). Neste caso, a elipse possibilita que haja, de repente, novos atores a representarem os papéis de Julien e Sophie sem que se tivesse de resolver a dificuldade que seria acompanhar o crescimento da personagem (entre um ator e outro).
            Também nos livros esta falta de estrita equivalência entre tempo da história e tempo do discurso pode acontecer. Num capítulo termina-se numa década e, no seguinte, já se está em outra, com ou sem anúncio pelo narrador.
TPC — Conclui (e melhora) a cantiga de amigo criada. Podes até, se quiseres, fazer ainda mais algumas estrofes (cumprindo as características formais que já conhecemos). Talvez devas usar nova folha, que me trarás.


Aula 15-16 (10 [2.ª, 3.ª], 11 [9.ª], 12/out [4.ª, 5.ª]) Recolhas e correções de trabalhos (ver Apresentação).
Audição de várias versões de «Ai flores, ai flores do verde pino», de D. Dinis:

            Reportando-te à cantiga de amigo de D. Dinis «Ai flores, ai flores do verde pino» (p. 34), escolhe a melhor alínea de cada item:

O assunto da cantiga é:
a) a donzela, ansiosa e zangada, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansiedade, e pergunta a Deus se sabe do paradeiro do amigo.
b) a donzela, ansiosa com o Portugal-Suíça, dialoga com as flores do pinheiro, perguntando-lhes se sabem se há já pagamentos ao árbitro do encontro, condição que considera imprescindível.
c) a donzela, ansiosa, dialoga com as flores do pinheiro, partilhando a sua ansiedade e perguntando-lhes se o amigo virá são e vivo.
d) a donzela dialoga com as flores do pinheiro, perguntando-lhes se já fizeram a tarefa sobre elas próprias (e, se sim, que passem ao item seguinte, sem estar a conversar para o lado, Francisco).

A cantiga é divisível em duas partes:
a) na primeira (estrofes 1-6), fala a donzela; na segunda (7-8), responde um cocó de cão.
b) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), respondem as «flores do verde pino».
c) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde Deus.
d) na primeira (estrofes 1-4), fala a donzela; na segunda (5-8), responde o amigo.

As flores do pinheiro
a) aludem ao problemas dos fogos que, já então, devastavam o centro do país.
b) são metáfora para os pés de Bas Dost («pino», porque alto; «verde», porque do Sporting).
c) são metonímia do amigo da rapariga (porque este construíra uma casa numa árvore).
d) funcionam como confidente da rapariga (o que implicará o recurso à personificação).

No contexto da cantiga, as flores
a) simbolizam o regresso da primavera (tempo do amor), que coincidirá com o do amigo.
b) representam a natureza e a defesa dos recursos naturais já perfilhada por D. Dinis.
c) reportam-se às rosas que D. Isabel de Aragão levava no regaço.
d) referem alergias tão comuns no início do «tempo da frol».

            Relanceia de novo «Ai flores, ai flores do verde pino» (p. 34). Tendo em conta as regras (de paralelística) das cantigas, acrescenta à composição de D. Dinis mais quatro coblas (estrofes), que seriam, portanto, as estrofes 9 a 12.

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Em «Apóstolo que corrige Jesus» (série Lopes da Silva), o protagonista, Jesus, engana-se frequentemente nas formas verbais (algumas delas resultam de a personagem pretender usar formas que parecessem antigas).
Completa o quadro.

Frase proferida (com erro).
Forma verbal corrigida
Tempo da forma corrigida
Ainda bem que chegásteis.

Perfeito do Indicativo
Lembreis-vos ou não?
Lembrais-vos

Estades com fome?

Presente do Indicativo
Se vós pudesses aguentar a larica...

Imperfeito do Conjuntivo
Sedes pessoas para vir comigo?
Éreis

Idem caçar.

Imperativo
Comai a seguir.


Senteis-vos bem?


Não me agradeceis a mim.

Imperativo
Sabedes onde se come por aqui?




Chico Buarque, «Olhos nos olhos» (Chico Buarque), Meus caros amigos, 1976:

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse p’ra ser feliz e passar bem,
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever,
Já vai me encontrar refeita, pode crer;
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz,
Ao sentir que, sem você, eu passo bem demais,

E que venho até remoçando,
Me pego cantando
Sem mais nem por quê;
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha, sim;
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz,
Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Escreve comentário em torno de semelhanças e diferenças entre esta letra de Chico Buarque e o que temos vindo a ler nas cantigas de amigo estudadas. (Será ao estilo do comentário que fizemos a propósito do contraste entre «Ondas do mar de Vigo», de Codax, e «Nas ondas», de Adília Lopes.)

TPC — Dá um relance ao glossário com termos da poesia trovadoresca (p. 69). Vai também revendo a matéria da ficha informativa n.º 2, nas pp. 38-39 (em aula, recordaremos depois esse assunto, os processos fonológicos, mas podes ir adiantando trabalho).


Aula 17-18 (11 [9.ª], 16 [2.ª, 3.ª, 5.ª], 17/out [4.ª]) Correção de escritos que se entregavam (parágrafos finais de um romance).

            Na p. 42, lê o texto «Piropo», excerto de uma crónica de Miguel Esteves Cardoso. Depois, procura completar a síntese que já comecei.
            (As relativas às outras abordagens acerca do piropo — «cantada», em português do Brasil, é ‘conversa sedutora visando conquistar alguém’— completá-las-emos depois de vermos os filmes em causa. E advirto já que o léxico que ouviremos é mais agreste do que gostaria que fosse. Enfim, quem estuda a linguagem deve conhecer todos os registos. Quanto a recursos expressivos, predominarão metáforas, comparações, hipérboles.)

Título
Género
Obra em que se inclui
Síntese
«Piropo»
Crónica
A Causa das Coisas
Miguel Esteves Cardoso defende que o começo de um namoro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
«Piropos Experience»
Reportagem (fictícia, paródica)
Inferno (Canal Q)
O piropo teria ____ terapêuticas, seria uma experiência relaxante, com propriedades benfazejas. De tal modo que ____ atentos já estariam a investir nesse novo nicho de mercado, facilitando o acesso ao contexto em que se ____ ou dá um piropo, e segmentando a oferta disponível, selecionável em ____.
«Cantada»
Episódio narrativo (ficcional, paródico)
Porta dos fundos
Cria-se situação que começa por ____ o que é comum na vida real — trabalhadores da construção civil, à passagem de mulheres, a dizerem piropos ordinários —, mas acaba por conduzir a um _____ insólito, desconstruindo o estereótipo. Afinal, os homens das obras procederiam assim apenas para cumprir regras _____ pelo seu trabalho; e as mulheres _____ tornam-se depois desafiadoras.
«Trolhas»
Episódio narrativo (ficcional, paródico)
Camada de Nervos (Canal Q)


O quadro seguinte resume os Processos fonológicos (também chamados, por vezes, fenómenos, ou acidentes, fonéticos). Os exemplos que pus são quer da variação geográfica e social do português, quer da diacronia (dentro do português e do latim ao português). No manual, as pp. 38-39 ocupam-se desta matéria.
Como vimos nas duas entrevistas recuperadas em «Diz que é uma espécie de magazine...», as palavras atuais também sofrem alterações fonéticas, tal como aconteceu ao longo do percurso entre latim e português do século XXI. Vai lendo e completando.




            Ouviremos quatro trechos de bandas sonoras de filmes. Depois de ouvida cada música (durante cerca de dois minutos), terás mais uns três minutos para escrever poucas frases (de prosa, de poesia ou de prosa poética) que a música te inspire.
            Não é dizer «inspira-me isto e aqueloutro», «lembra-me assim ou assado». É escrever o texto inspirado pela música. Por exemplo, a primeira música inspirou-me isto:
            Viajara ainda de noite. Atravessara o rio já raiava a manhã. Não esperou nem mais um segundo, havia que chegar rápido ao acampamento. Pararia apenas já a cem metros da tenda em que funcionava o quartel-general.
            Foi então que verificou mais uma vez se levava a carta. E se a tivesse perdido? Mas logo a sentira, aconchegada no bolso esquerdo.
            — Diga ao Marechal que cheguei.

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TPC — Revê ‘Processos fonológicos’, lendo este capítulo de gramática e fazendo ficha n.º 2 do Caderno de atividades (p. 5; soluções na p. 93 — reprodução aqui).


Aula 19-20 (17 [2.ª, 3.ª], 18 [9.ª], 19/out [4.ª, 5.ª]) Correção de escrito com uso de seis palavras num texto a inserir em crónica de Kalaf.


Vai lendo o texto das pp. 54-55 e circundando, em cada item, a alínea que julgues melhor.

[do título à l. 4]
«O rei que refundou Portugal» inclui uma metáfora que aproveita o facto de D. Dinis
a) ter reconquistado território aos mouros.
b) ser trineto de D. Afonso Henriques.
c) ter promovido o português.
d) ter sido o fundador de Portugal.

O referente da anáfora «o outro» (l. 3) é
a) «D. Afonso Henriques».
b) «D. Dinis».
c) «Pessoa».
d) «o rei fundador Afonso Henriques».

[ll. 5-10]
«O plantador de naus a haver» (ll. 5-6) é expressão
a) de Pessoa aplicada a Lord Byron.
b) de D. Dinis aplicada a outro trovador.
c) de um inspirado vate romântico, escrevendo noite fora, à luz das velas.
d) que Fernando Pessoa aplica a D. Dinis.

[ll. 10-14]
A plantação do pinhal de Leiria, para garantir que não faltaria madeira para os barcos aquando da expansão, é lembrada enquanto
a) hipótese, muitas vezes aceite, que ilustraria as faculdades visionárias de D. Dinis.
b) falsidade, que mostra a ligeireza de Pessoa ao tratar do tema.
c) sonho visionário de D. Dinis.
d) facto incontroverso, atribuído a D. Dinis.

[ll. 15-23]
O que interessava a Pessoa era
a) a fama de que se revestiu a figura de D. Dinis.
b) o efetivo papel de D. Dinis na divulgação da língua portuguesa.
c) D. Dinis como conservador do pinhal de Leiria.
d) a verdade histórica, D. Dinis como «O Lavrador» e como poeta.

O pronome (a anáfora) «Esse» (l. 18) tem como referente
a) «o mito de D. Dinis».
b) «O Lavrador».
c) «o autor de Mensagem».
d) «o D. Dinis da historiografia moderna ou dos estudos literários».

[ll. 24-30]
Reconhece-se que
a) a aventura dos descobrimentos começou com D. Dinis.
b) Pessoa tinha o dom da grande poesia.
c) D. Dinis tinha o dom da grande poesia.
d) Pessoa escreveu direito por linhas tortas.

[ll. 31- 50]
Vinca-se
a) o facto de as obras de D. Dinis serem dignas de um primeiro rei de dinastia (e não de um sucessor).
b) a bastardia de D. Pedro, de Barcelos.
c) a circunstância de D. Dinis ser bisneto de Afonso Henriques.
d) a aproximação, tantas vezes feita, entre Afonso Henriques e Dinis.

[ll. 51-56]
A duração do reinado de D. Dinis é referida
a) para se louvar o facto de ter aproveitado bem esse longo período.
b) para se valorizar de novo Afonso Henriques, o fundador da nacionalidade.
c) no sentido de mostrar que não foi muito menor do que a do reinado de Afonso Henriques.
d) por ser fator de identificação entre os dois reis (e pretexto ainda para elogio da ação do «Lavrador»).

[ll. 57-71]
Grande mérito de D. Dinis foi ter
a) sido em muitos domínios continuador do seu pai.
b) fundado a Universidade e obrigado a que a documentação oficial fosse escrita em português.
c) criado a Universidade, em Coimbra, que viria a permitir formar funcionários competentes e instruídos.
d) continuado a ação de Afonso Henriques, instituindo a Universidade e promulgando a adoção do português na documentação régia.

[ll. 72-84]
D. Dinis foi um trovador
a) respeitado, tendo levado para a corte a poesia galego-portuguesa, numa fase em que esta já decaía.
b) importante, na fase também mais gloriosa da lírica galego-portuguesa, que ele levou para a sua corte.
c) com capacidade poética idêntica à de cocós de cão malcheirosos e pleonásticos.
d) dos mais importantes, o que contrasta com o facto de Afonso X nunca ter dado mostras de se interessar por poesia.

ll. 84-96
Segundo estas linhas, o medievalista
a) Zé Carlos considera que a poesia de D. Dinis é sobretudo inovadora, prenhe de ruturas.
b) José Carlos Miranda retrata D. Dinis como poeta receoso de criar, preso ao passado, que sentia como ameça.
c) D. Dinis vai produzir uma poesia de contenção, que recusa quisquer ruturas com o passado.
d) José Carlos Miranda associa o caráter conservador da poesia de D. Dinis ao tipo de sociedade que o rei defendia.

[ll. 97-106]
A poesia de D. Dinis é
a) profundamente original e reveladora de talento pessoal.
b) por um lado, talentosa apesar de nem sempre original, por outro, seguidora de uma tradição.
c) pouco meritória, uma vez que os seus melhores poemas são versões de cantigas de outros autores.
d) controladora da cultura aristocrática.

[ll. 107-118]
O achado de Harvey Sharrer foi extraordinário, já que
a) tem algumas cantigas de amigo do galego Martim Codax.
b) tem sete cantigas de amigo de D. Dinis.
c) é um dos dois manuscritos conhecidos com música composta para poesia profana galego-portuguesa.
d) se trata do único manuscrito conhecido com música para poesia profana galego-portuguesa.

[ll. 1-118]
Este texto é expositivo porque
a) trata de assunto, de modo instrucional.
b) descreve o papel de D. Dinis de modo didático.
c) expõe, de modo argumentativo, um assunto.
d) expõe a narrativa da vida de D. Dinis.

            Começa por, na p. 39, tentar resolver alíneas do ponto 1:
            a) prótese de e, apócope de e | b) síncope de n, crase de ee, ____ de r | c) vocalização de g | d) sonorização de p, t, c; ____ de a | e) síncope de b, ____ de ii, prótese de a | f) ____ de d, apócope de e | g) ____ de e, palatalização de cl | h) síncope de d, ____ de ee | i) ____ de i, assimilação de m | j) síncope de l, ____ de au (> [aw]) | k) síncope de u, ____ de e, palatalização de cl | l) ____ de l, assimilação (da nasalidade no ditongo) | m) síncope de u, ____ de l e r | n) síncope de l, ___ de oe (> oi [oj]).


            Podes ter o livro aberto nas pp. 46-47. Convém até começares por ler a p. 46. Depois, completa o texto em baixo com os termos seguintes:
público-alvo / comercial / consumo / registos de língua / slogan / campanha / produto / institucional / causa / cidadania / conotações
            Os sketches que acabámos de ver («Agência publicitária de Chelas» e «Pare de estalar os dedos», ambos da série Lopes da Silva) servem para exemplificar dois tipos de publicidade: a comercial e a institucional (cfr. definições a meio da p. 46).
            «Agência publicitária de Chelas» seria um exemplo de publicidade a incitar ao _____, encomendada por empresas, destinada a vender um _____ ou marca, designável como publicidade ______. Já o conjunto «Pare de estalar os dedos» ridicularizava a publicidade ______, aquela que é da iniciativa do governo ou de associações não-lucrativas, que visa informar, despertar consciências, a adesão a uma _____, enfim, educar para a _____.
            Ao conceber a campanha para a Super Sumo, a Agência Criativa de Chelas não adaptou a sua estratégia ao verdadeiro ______ do produto em causa. Essa adaptação às pessoas suscetíveis de consumir o refrigerante determinaria que se evitassem palavras de ______ muito marcados em termos sociais ou situacionais. Quando o empresário manifesta a vontade de que houvesse outra linha diretora da ______, com mais «classe», os publicitários de Chelas limitaram-se a fazer figurar «requinte» no ______. O episódio termina com um quiproquó (um mal-entendido) motivado pelas _______ policiais da expressão «está referenciada».

            Já na p. 47, em cima, começa por se classificar elementos do texto publicitário — desdobrado em imagem, slogan, parte argumentativa —, e, em baixo («Curiosidade»), destacam-se slogans propostos por poetas que também criaram anúncios.
            Não por acaso, estes slogans têm rima (em -ar, em -___ e em -anha-se). Quanto à métrica, só há um slogan em que os dois versos não são isométricos (isto é, não têm o mesmo número de sílabas métricas). Com efeito, os versos de ___ são um tetrassílabo e um pentassílabo; nos outros dois slogans, temos dois versos ___ e dois versos tetrassilábicos.

            Procurando responder à mensagem que o empresário queria que a publicidade inculcasse — «É cool beber Super Sumo; e quem não bebe não é cool» — e mantendo um formato televisivo, cria o anúncio (enfim, melhor do que o da ACC — e sem ser a gozar).

Guião simplificado (descrição da cena no filme, incluindo o que haja de diálogos):





Slogan (frase que fecharia o anúncio, depois repescada para a campanha por cartazes):




            Se te sobrar tempo, pensa em anúncio que incluísse um dos slogans da p. 47 (o de O’Neill versava a segurança nas praias; o de Ary, uma empresa de seguros; o de Pessoa, a Coca-Cola).

Guião simplificado (descrição da cena no filme, incluindo o que haja de diálogos):





Slogan (frase que fecharia o anúncio — uma das seguintes, que circundarás):

Há mar e mar, há ir voltar. / Mais seguro, mais futuro / Primeiro, estranha-se; depois, entranha-se.

TPC — (i) Conclui redação dos guiões para publicidade. (ii) Deves aproveitar para ir revendo gramática e conteúdos literários que fomos estudando até agora.


Aula 21-22 (18 [9.ª], 23 [2.ª, 3.ª, 5.ª], 24/out [4.ª]) Correção de comentário acerca de «Olhos nos olhos», incluindo cópia da solução:

O sujeito do poema da canção de Chico Buarque é uma mulher, tal como acontece nas cantigas de amigo. É essa a semelhança mais óbvia entre o género de lírica trovadoresca que já estudámos e a letra de «Olhos nos olhos». Porém, haveria talvez que distinguir entre os dois tipos de mulher que são os eus da canção e das cantigas de amigo em geral, já que nestas o sujeito é uma rapariga, uma jovem, o que não é certo seja o caso do poema brasileiro.
Enquanto nas cantigas de amigo, o eu tem como destinatário um confidente, a quem dá conta de alguma peripécia em torno do namoro, na canção de Chico Buarque, o sujeito poético dirige-se ao homem que amou. (Neste pretérito perfeito, encontramos outra diferença: a mulher já esteve apaixonada mas, segundo diz ou se infere, deixou de estar.)
No poema de 1976, o sentimento é muito mais complexo do que o que o rodeava os namoricos das ingénuas moças medievais. Percebemos que a emoção que exprime envolve ressentimento, orgulho na própria «resiliência». E, se calhar, até o desafio de quem, afinal, talvez ainda esteja apaixonada ou, pelo menos, seja forte para olhar «olhos nos olhos» quem a deixou de amar.

            Na p. 36 está a cantiga de amigo «Levad’, amigo, que dormides as manhanas frias», do trovador Nuno Fernandez Torneol (séc. XIII; lembro que no verso da contracapa estão notícias biográficas dos autores). A seguir, pus uma versão modernizada dessa cantiga, uma adaptação de Natália Correia (Cantares dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970), que ajudará a percebermos a cantiga original:

Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias!
Todas as aves do mundo, de amor, diziam:
alegre eu ando.

Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs claras!
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam:
alegre eu ando.

Todas as aves do mundo, de amor, diziam;
do meu amor e do teu se lembrariam:
alegre eu ando.

Todas as aves do mundo, de amor, cantavam;
do meu amor e do teu se recordavam:
alegre eu ando.

Do meu amor e do teu se lembrariam;
tu lhes tolheste os ramos em que eu as via:
alegre eu ando.

Do meu amor e do teu se recordavam;
tu lhes tolheste os ramos em que pousavam:
alegre eu ando.

Tu lhes tolheste os ramos em que eu as via;
e lhes secaste as fontes em que bebiam:
alegre eu ando.

Tu lhes tolheste os ramos em que pousavam;
e lhes secaste as fontes que as refrescavam:
alegre eu ando.

            Repara no tipo de adaptações (de Torneol até à versão de Natália Correia):
No refrão, o arcaísmo «___» é substituído pelo moderno «alegre»;
A 2.ª pessoa do plural (levade, dormides), aplicada ao amigo, dá lugar à 2.ª pessoa do singular («___», «___»);
Adotam-se formas com fonética atual (___ > «manhãs»; beviam > «___»);
Há alterações mais livres (os ramos em que siiam > «______»).

            No cimo da p. 37, resolve os itens
2.1 = __. || 5. a) ____; b) ___; c) 2.º verso da 3.º e 4.ª coblas e 1.º verso das 5.ª e 6.ª coblas; d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Vamos ver os anúncios representados no início da p. 44, para registar os slogans:

Produto publicitado
Slogan
Meo Sudoeste

Optimus Alive

Vodafone Paredes de Coura


            Resolve também, na p. 45, o ponto 1:
a) «Vai ao Meo Sudoeste...»: ______.
b) «Não percas...»: ______.
c) «O habitat natural da música traz-te...»: _____.

            O sketch que veremos serve-nos para tratar de questões de flexão de formas verbais (pessoa, tempo, modo) e, sobretudo, do Imperativo:
Em «Instrutor que canta o yodle» (série Meireles) predominam as frases diretivas. Surgem formas verbais na 2.ª pessoa do singular do ____ («Entra», «Mete uma abaixo, homem», «Faz inversão de marcha», «Fica sabendo que em mais de vinte anos», «Está calado, pá»), mas também da 3.ª pessoa do singular do ____ do Conjuntivo («Fique sabendo que o yodle até ajuda»); da ___ pessoa do ____ do Presente do Conjuntivo («vamos lá a fazer essa inversão de marcha»); e da 2.ª pessoa do singular do ____ do Indicativo («vais começar»; «tiras o travão de mão»).
Ou seja: são vários os tempos que acabam por poder funcionar como Imperativo. Nas gramáticas mais tradicionais, o Imperativo surge só com duas pessoas (as segundas, do singular e do plural, para «tu» e «vós»). Mas, como já quase não usamos «vós» mas antes a terceira pessoa («você»), o imperativo acaba por se servir da 3.ª pessoa do Presente do ____, no singular e no plural: «fique», «fiquem». Para a 1.ª pessoa do plural, serve também o ____ do Conjuntivo: «fiquemos». Na negativa, o Imperativo socorre-se das formas do Presente do Conjuntivo. Passa tu para a negativa:
Entra | ____; Mete | _____; Faz | ____; Está | ____.

            Veremos ainda o anúncio publicitário «Ilha das vacas felizes».

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Escreve uma apreciação crítica do anúncio publicitário «Ilha das vacas felizes», em cerca de 120 ou 150 palavras.
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TPCDá um relance aos assuntos de gramática ou de literatura que estudámos (ou revimos) até agora: modos literários; tipos textuais; recursos estilísticos; processos fonológicos; formas estróficas, métrica, rima; características formais das cantigas de amigo; aspetos de ortografia que tivéssemos salientado (a propósito de erros comuns); imperativo; 2.ª pessoa do plural. Para recordar estes assuntos podem servir as reproduções de capítulos de gramáticas que fui recomendando (sobre modos literários, tipos de texto, figuras de estilo, processos fonológicos); algumas páginas informativas do manual (32, 33, 38, 39, 43, 69, 314, 334, 335); as nossas folhas de aula; as apresentações (seguidas, estão aqui), as fichas com soluções no Caderno de Atividades (n.º 29, recursos estilísticos; n.º 2, processos fonológicos).


Aula 23-24 (24 [2.ª, 3.ª], 25 [9.ª], 26/out [4.ª, 5.ª]) Correção do questionário de compreensão feito há duas aulas (ver Apresentação).

Circunda a letra da melhor alínea.

A sequência «Deve recolher as fezes do seu cão num invólucro de plástico. Deverá segurar o papel de apoio com a mão esquerda, enquanto deposita o cocó no referido saco. Para o efeito, procederá do seguinte modo: [...]» ilustra bem o tipo textual
a) expositivo.
b) preditivo.
c) conversacional.
d) instrucional.

A sequência «O texto argumentativo tem como objetivo interferir ou transformar o ponto de vista do leitor relativamente ao mundo que o rodeia. Esse ponto de vista assenta num conjunto de normas ou valores» é exemplo do tipo textual
a) expositivo.
b) descritivo.
c) narrativo.
d) argumentativo.

A forma «tivestes» é
a) a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito de «Estar».
b) a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito de «Ter».
c) a 2.ª pessoa do singular do Pretérito Perfeito de «Ter».
d) agramatical (um erro, portanto).

Além da tradicional 2.ª pessoa (no singular e no plural), o Imperativo socorre-se de formas do
a) Presente do Conjuntivo, para a negativa ou para a 3.ª pessoa e a 1.ª pessoa do plural.
b) Presente do Indicativo (para a negativa) e do Presente do Conjuntivo (para «você», «vocês» e «nós»).
c) Presente do Indicativo (na afirmativa, na 3.ª pessoa e na 1.ª do plural) e do Presente do Conjuntivo (na negativa).
d) Presente do Conjuntivo (1.ª pessoa do singular e do plural).

O verso que não tem dez sílabas métricas é
a) Esta pergunta é difícil, não é?
b) Estejam mais atentos doravante,
c) Meus sacaninhas tão faladores,
d) Que ficarão a saber bem a métrica.

O verso que tem obrigatoriamente cinco sílabas métricas é
a) Mas as flores encostam.
b) Andámos por vales.
c) Viva o Natal.
d) Pintadas de amarelo.

O verso que tem seis sílabas métricas é
a) Seus energúmenos...
b) Ronaldo não ganhará.
c) Evaristo, tens cá disto?
d) Golo de Portugal!

No trecho «As narrativas têm ação, personagens, espaço, tempo, narrador (e este pode ser, quanto à participação na ação, homodiegético — autodiegético, se for o herói — ou heterodiegético). Também há momentos descritivos», predomina o tipo textual
a) narrativo.
b) expositivo.
c) instrucional.
d) descritivo.

Há uma hipérbole em
a) «fumei um cigarro pensativo».
b) «em 1755 boa parte de Lisboa ficou destruída».
c) «o Porto goleou por 6-1».
d) «este trabalho de gramática será uma derrocada».

Uma apóstrofe é
a) a repetição de uma palavra no início de vários versos ou frases.
b) um vocativo.
c) a repetição de uma palavra ou expressão no final de versos ou frases.
d) o sinal usado para marcar sinalefas («morr’amor!»).

A frase em que não há nenhuma metáfora é
a) «O blogue é uma gaveta de textos úteis».
b) «Não havia nuvens na sua alegria».
c) «A tua impertinência funciona como uma seta que me apontas».
d) «As dificuldades económicas são desafios ou espinhos ou faróis».

«Perífrase» é dizer
a) de modo alongado o que poderia ser dito de modo direto e breve.
b) com palavras mais doces o que, denotativamente, é cru.
c) com palavras mais cruas o que é, denotativamente, desagradável.
d) algo de modo antitético.

No terceto «É preciso gostar / É preciso amar / É preciso viver» há a figura de estilo que se designa
a) eufemismo.
b) metáfora.
c) anáfora.
d) oxímoro.

Há rima entre
a) Sporting / ringue
b) ranho / tenho
c) estúpida / entupida
d) diligencia / agência

Há rima entre
a) credo / Pedro
b) Benfica / fábrica
c) estupor / stor
d) ambulância / melancia

Numa quintilha cujos versos terminassem com -ura | -alta | -alta | -ura | -once, haveria rima
a) interpolada, emparelhada e um verso solto.
b) cruzada, interpolada e emparelhada.
c) emparelhada, cruzada e um verso rosa.          
d) cruzada, emparelhada e um verso branco.

Nas cantigas de amigo, o sujeito poético (o «eu») e o «tu» a quem este se dirige são, respetivamente,
a) o amigo e um confidente.
b) a amiga e o namorado.
c) a rapariga (a moça) e um confidente.
d) mulher (ou rapariga) e o namorado.

Nas cantigas de amigo de paralelística perfeita, além de haver refrão,
a) o v. 1 da primeira estrofe é adotado como v. 2 da terceira estrofe, sendo a sua rima em i.
b) o v. 2 da terceira estrofe é adotado como v. 1 da quinta estrofe, sendo a sua rima em a.
c) o v. 2 da quinta estrofe é adotado como v. 1 da sétima estrofe, sendo a sua rima em i.
d) o v. 2 da primeira estrofe é adotado como v. 1 da segunda estrofe, sendo a sua rima em i.

Os modos narrativo e dramático integram, respetivamente, textos
a) em prosa e trágicos.
b) com relato de ação e de teatro.
c) épicos e tristes.
d) em prosa narrativa e em prosa teatral.

Os textos líricos caracterizam-se por serem
a) poéticos.
b) centrados na 1.ª pessoa.
c) em verso.
d) em verso rimado.

A alínea onde nem todas as formas são da 2.ª pessoa do plural é
a) ide; falai.
b) comai; amais.
c) andareis; sois.
d) bebei; bebeis.

A frase correta é
a) Há bocado havia aqui três cocós de cão.
b) À pouco fui à casa de banho.
c) Há uma sala fechada à três anos.
d) À que tempos que não há sandes de mortadela no bar!

Em «Nas redações dos decimanistas da ESJGF havia erros incríveis»
a) há um erro (em vez de «*havia erros» devia ser «haviam erros»).
b) o sujeito é «erros incríveis».
c) não há sujeito nem cocós de cão.
d) o sujeito é «Nas redações dos decimanistas da ESJGF».

Houve síncope seguida de crase na evolução
a) lacuna > lagona > lagoa.
b) dolor > door > dor.
c) lege > lee > lei.
d) domina > domna > dona.

As evoluções persona > pessoa e persicu > pessicu (que veio a dar «pêssego») exemplificam uma
a) vocalização.
b) epêntese.
c) assimilação.
d) aférese.

            Na p. 48 começa por ler o enquadrado em fundo verde, que define um género de lírica trovadoresca que ainda não conhecemos, as cantigas de amor.
            Na mesma página, o texto A é «Proençaes soem mui bem trobar», de D. Dinis (cuja poesia já conhecemos mas num outro género, a cantiga de amigo). Como já fizera para outra cantiga, copiei uma versão modernizada desta cantiga de D. Dinis, por Natália Correia (Cantares dos trovadores galego-portugueses, Lisboa, Estampa, 1970):

Os provençais que bem sabem trovar!
e dizem eles que trovam com amor,
mas os que cantam na estação da flor
e nunca antes, jamais no coração
semelhante tristeza sentirão
qual por minha senhora ando a levar.

Muito bem trovam! Que bem sabem louvar
as suas bem-amadas! Com que ardor
os provençais lhes tecem um louvor!
Mas os que trovam durante a estação
da flor e nunca antes, sei que não
conhecem dor que à minha se compare.

Os que trovam e alegres vejo estar
quando na flor está derramada a cor
e que depois quando a estação se for,
de trovar não mais se lembrarão,
esses, sei eu que nunca morrerão
da desventura que vejo a mim matar.

            Completa as colunas do meio (só depois ouviremos clip e veremos filme):


D.A.M.A.
poetas provençais
D. Dinis
Julien & Sophie
«Balada do desajeitado»
segundo D. Dinis, em «Proençaes soem mui bem trobar»
Amor ou Consequência
Jeito poético?
___ criar frases bonitas.
Têm ___.
[Será ___ do que o dos provençais.]
Recusa-se a poesia, assume-se o ___, o ___.
Amor verdadeiro?
Envergonhado, perde o à-vontade quando está junto de quem, na verdade, ___.
Só na ___ («no tempo da frol») costumam trovar, o que quer dizer que o seu amor será apenas ___.
Sincero, pode até morrer de amor: o ___ («perdiçom») que sente ___ («m’á de matar»).
Um amor «sem fim», que demora a concretizar-se mas que ___ os desafios mais estranhos.


            Na p. 49, resolve o ponto 1 de Gramática:
a) = ___ || b) = ___ || c) = ___ || d) = ___ || e) = ___ || f) = ___
            Se ainda ouvirmos a crónica de Ricardo Araújo Pereira «Níveis prejudiciais de amor» (Mixórdia de temáticas) — cfr. p. 35 —, relaciona a tese aí defendida com o(s) texto(s) que estivemos a ver.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Escreve frases introduzidas por «Lembro-me que» (ou «Lembro-me de»), que reportem um episódio, um simples incidente, bom ou mau, possivelmente insignificante, mas que ficou registado para sempre na tua memória. (Copiei parágrafos de Luís Maio — de crónica na Fugas —, no estilo que pretendo.) Não são precisas tantas.



Aula 25-26 (26 [9.ª], 30 [2.ª, 3.ª, 5.ª], 31/out [4.ª]) Correção de trabalho de criação de cantiga de amigo moderna (ver Apresentação).


Sem abrires o livro, completa o texto seguinte, a que retirei muitas das preposições. Depois, na tabela, põe um visto junto de cada preposição representada. Finalmente, circunda no texto algumas contrações (preposição + determinante) que haja e copia alguns desses exemplos de contração para a tabela.
As cantigas de amor são composições poéticas ___ que o trovador apaixonado presta vassalagem amorosa à mulher como ser superior, ___ quem chama a sua «senhor». Produto da inteligência e da imaginação, o amor é, geralmente, «fingido», o que caracteriza estas cantigas como aristocráticas, convencionais e cultas. ___ ambiente palaciano, são originárias da Provença.
O amor era concebido à maneira cavaleiresca, como um «serviço». Consistia esse serviço ___ dedicar à amada os pensamentos, os versos e os atos. O servidor está ___ com a «senhor» como o vassalo para ___ o suserano. A regra principal deste «serviço» era, além da fidelidade, o segredo. O cavaleiro devia fazer os possíveis para que ninguém sequer suspeitasse do nome da sua senhora. Mas o que é próprio das cantigas de amor e do seu modelo provençal é a distância a que o amante se coloca ___ relação à sua amada, a que chama senhor, tornando-a um objeto quase inacessível. O amor trovadoresco e cavaleiresco é, ___ ideal, secreto, clandestino e impossível.
Quanto aos temas, elaboraram os Provençais o ideal do amor cortês muito diferente do idílio rudimentar nas margens dos rios ou à beira das fontes que os cantares ___ amigo nos deixam entrever. Não se trata de uma experiência sentimental ____ dois, mas de uma aspiração, ___ correspondência, a um objeto inatingível, de um estado de tensão que, para permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão considera-se ser o ideal do verdadeiro amador e do verdadeiro poeta, como se o movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. E não só ___ esta dirigem os poetas as suas implorações, queixas ou graças, mas ao próprio Amor personificado, figura ___ retórica muito comum ___ os trovadores provençais e ___ eles transmitida aos galego-portugueses.
O trovador imaginava a dama como um suserano ___ quem «servia» numa atitude submissa de vassalo, confiando o seu destino ao «bom sen» da «senhor». Todo um código ___ obrigações preceituava o «serviço» do amador, que, ___ exemplo, devia guardar segredo ___ a identidade da dama, coibindo toda a expansão pública da paixão (o autodomínio, ou «mesura», era a sua qualidade suprema), e que não podia ausentar-se ___ sua autorização. O apaixonado devia passar provações e fases comparáveis aos ritos de iniciação nos graus da cavalaria.
___ este ideal de amor corresponde certo tipo idealizado de mulher, que atingiu mais tarde a máxima depuração na Beatriz de Dante ou na Laura ___ Petrarca: os cabelos de oiro, o sereno e luminoso olhar, a mansidão e a dignidade do gesto, o riso subtil e discreto.

Preposição
Contração
Preposição
Contração
Preposição
Contração
Preposição
Contração
Prep + Det
Prep + Det
Prep + Det
Prep + Det
a

ante

após

até

com

conforme

consoante

contra

de

desde

durante

em

entre

exceto

mediante

para

perante

por

salvo

segundo

sem

sob

sobre

trás


            Além das preposições simples, há muitas locuções prepositivas (resultantes da junção de preposições, nomes e, até, advérbios): abaixo de; acima de; ao lado de; além de; cerca de; em torno de; junto a; perto de; ao pé de; em vez de; antes de; diante de; depois de; longe de; através de; dentro de; a respeito de; para com; fora de; graças a; por causa de; em favor de; etc.
            Preposições e locuções prepositivas (p. 322) introduzem grupos preposicionais. Muitos dos grupos preposicionais correspondem a funções sintáticas bastantes típicas: {Completa}

Frase (com grupo preposicional a negro)
Função sintática do GP
Prep
O Aves marcou um golo ao Benfica.
Complemento ____
a
Vi o programa da manhã.
Modificador restritivo do nome
__
Nos próximos minutos, assistiremos a um sketch pornográfico.
Modificador do grupo verbal
__
O Busto foi desmentido pelo Bruno.
_______
__

            No sketch «Fala corretamente o português. Ouvistes?» (série Zé Carlos), apontam-se duas modas linguísticas recentes. {Completa}
A primeira consiste em usar-se a ______, omitindo o restante grupo preposicional. Talvez porque, dado o contexto, fique muito implícito o que se quer dizer, o locutor pode dar-se ao luxo de suspender a frase logo depois de pronunciar a preposição. Ora realística ora caricaturalmente, o professor ______ (nota que o nome corresponde, efetivamente, àquele que se pode considerar o primeiro linguista português — contemporâneo, por exemplo, de Eça de Queirós) ou o apresentador dizem {circunda as preposições} «Podemos não ter chegado a»; «Mas estamos a caminhar para»; «Fiz uma tentativa de»; «Esperamos estar cá para».
A segunda é começar frases por ____, quando se esperaria o uso de outro tempo, com pessoa: «Em primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes de mais, registar [...]». (Um pouco à margem deste tique linguístico, repara que as frases evidenciam um dos papéis que podem ter os grupos preposicionais, o de conectores: é o caso de «Em primeiro lugar», «Antes de continuarmos», «Antes de mais». Outras classes gramaticais que cumprem frequentemente esse papel de estabelecer relações entre segmentos textuais são a conjunção, o próprio advérbio.)
Os dois fenómenos caricaturados (suspensão da frase na preposição; começo da frase por um infinitivo) são talvez evoluções em curso na língua portuguesa, relativas a mudanças de ordem ____ {sintática / semântica / fonética / ortográfica / pragmática}.

            No tal sketch chocante da série Barbosa, reflete-se sobre um problema que, ao usarmos preposições, se nos põe muitas vezes, as exatas regências (ou regimes). Há até dicionários para prevenir estas dificuldades, os dicionários de regências.
            É que, como elementos de relação, as preposições têm o seu significado muito associado ao nome que se lhes siga mas também dependem dos verbos que as precedam. A polivalência das preposições (e os matizes de sentido que os verbos, ao selecionarem-nas, podem ganhar) leva a que facilmente as troquemos. {Completa a tabela}

Já todos ouvimos
Mas o que está bem é
Isto parece-se a
Isto parece-se __
Prefiro este do que aquele
Prefiro este __
Ficou sobre a jurisdição de
Ficou __ a jurisdição de
Tem a haver com
Tem __ ver com
Aonde moras?
__ moras?
Dá-me de força
Dá-me __ força
Tenho que ir
Tenho __ ir
Compara esta folha àquela
Compara esta folha __ aquela
O gelado que gosto mais
O gelado __ que gosto mais
As pessoas que falei
As pessoas __ que falei
Há-des / Hades cá vir
Hás __ vir

            Na última linha, o erro não resulta propriamente de má escolha da preposição, mas de se flexionar mal a forma verbal. Como se faz uma analogia com outras segundas pessoas do singular, que terminam em –s, cria-se uma forma terminada em –s, amalgamando a preposição. É o mesmo processo que leva a que, por vezes, se use, para a terceira pessoa do plural, «hadem» (em vez da forma correta «___»).

            Um erro ortográfico que é feito por quase toda a gente é a contração de preposições com os determinantes ou pronomes que se lhes seguem quando estes começam orações infinitivas.
            Nas quatro frases em baixo, escreve as formas corretas das partes a negro, que podem ser as contraídas ou não, dependendo de se lhes seguir a tal oração infinitiva:
Foi o facto de ele ter mentido que me agradou. | __
Apesar de ela ser bonita, é muito feia. | __
Diz a o polícia que morri. | __
Gostava de os avisar de que a lontra adoeceu | __

            «A minha adolescência foi [tem sido] um céu baixo e pesado, em que existem, por vezes, pequenas abertas».
            Aproveita esta frase num texto diarístico / memorialístico / introspetivo / de reflexão autobiográfica. A frase que pus em cima tem de surgir em algum ponto do teu texto. (Sublinha-a.)
            O narrador é de 1.ª pessoa, claro, mas isso não te vincula ao que estejas a relatar ou a opinar: o narrador não tem de corresponder sempre ao autor.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

            Vamos ver o início do filme A história da minha vida (Mensonges et trahisons), o relato autobiográfico de um autor de autobiografias.
            Embora se trate de uma história de amor, de tentativa de conquista, o discurso não segue os códigos da amor cortês das cantigas de amor trovadorescas. Veremos que não há contenção, autodisciplina, da parte de quem ama, como sucedia no contexto das cantigas de amor ao estilo provençal (cfr. mesura, p. 69). Temos até exemplos de certa sofreguidão em chegar à declaração do amor, sem que se procure refrear a expressão mais direta.
            O sofrimento amoroso (cfr. coita, p. 69) nem estará ausente do filme, mas apenas porque o protagonista procura namorar quem não o ama, e é desastrado. Não estamos perante uma situação convencionada, como nas cantigas de amor, em que a inacessibilidade da mulher amada (cfr. senhor, p. 69) fazia parte das regras do jogo e, portanto, conduzia a um sofrimento, de certo modo, desejado.
            E, no entanto, Raphaël tem algumas semelhanças com os trovadores e jograis medievais (cfr. p. 69). Em criança, era mais delicado, mais platónico, do que os seus colegas. E a sua profissão implica valorizar as palavras em detrimento da ação, ou da verdade — o que ocorre também nas cantigas de amor.
            Droit au but, o título do livro que vai escrever o escritor-fantasma contratado por um jogador de futebol é polissémico (é um trocadilho, no fundo). Significa ‘[ir] direito ao assunto’ e ‘[ir] direito ao golo’, porque «but» significa ‘objetivo, meta’ mas também ‘golo’.
TPC — Estuda ‘Preposição’ nas folhas da Nova gramática didática de Português que podem ser vistas em «Classes de Palavras» (aqui, pp. 137-139) ou, mais diretamente, aqui.


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