Sunday, August 27, 2017

Aulas (3.º período, 1.ª parte: 95-112)


Aula 95-96 (9 [2.ª, 3.ª, 5.ª], 10 [4.ª], 11/abr [9.ª]) Já demos os processos irregulares de formação de palavras. Veremos hoje os considerados «regulares», os processos morfológicos de formação de palavras.
Encontramos um quadro de classificações que já conhecerás parcialmente. Vai seguindo a p. 319. Só depois distribuirás pelas quadrículas estas dezoito palavras.
gajo (< gajão) | entristecer | alindar | saca-rolhas | pesca (< pescar) | amável | reler | socioeconómico | apicultura | omnívoro | bomba-relógio | guerrear | incompleto | inalterado | estomatologia | um porto (< Porto) | burro (< burro) | infelizmente
Na derivação afixal (ou derivação por afixação), distinguimos
prefixação

sufixação

prefixação e sufixação

parassíntese

Depois, no nosso livro, referem-se dois processos que não envolvem afixos. No entanto, note-se que a derivação não afixal (a que se costumava chamar derivação regressiva) implica ter havido a ideia — errada — de que uma dada palavra era já uma derivada por afixação, dela se podendo deduzir, por subtração dos supostos afixos, uma também suposta palavra primitiva, que é afinal a palavra derivada regressivamente. A conversão (ou derivação imprópria) é que nada tem a ver com afixos: é apenas a situação em que uma palavra passa a ser usada numa nova classe.
derivação não afixal

conversão (derivação imprópria)

Na composição, distingue-se a composição morfossintática, que implica a associação de duas palavras (ou mais); e a composição morfológica, em que se associam dois radicais ou radical e palavra.
composição morfossintática  (palavra + palavra)


composição morfológica
radical + radical

radical + palavra


Depois de vermos a conferência de Abel Xavier, completa com termos de gramática ou exemplos:
Por retórica ou por convicção, Abel Xavier assumiu que «treinador», «lutador» e «vencedor» seriam formados por __________ («treinador» = ‘treina a dor’; «lutador» = ‘luta a dor’; «vencedor» = ‘vence a dor’).
Na verdade, trata-se de palavras _________, constituídas pelas ______ «treina(r)», «luta(r)» ou «vence(r)» a que se acrescentou o _____ -dor. Este sufixo de nominalização tem o significado de ‘profissão, agente’, inscrevendo-se num grupo de sufixos que servem para formar nomes agentivos: -ário («empresário», «______»); -ino («campino», «______»); -eiro («carteiro», «_____»); -ista («pianista», «______»); -nte («estudante», «______»).
O ex-treinador do Olhanense comete ainda um lapso, ao criar a palavra «eficacidade» (em vez de «_______»). Porém, foi um erro com lógica. Entre os vários ______ de nominalização que significam ‘qualidade, estado, propriedade’ estão -idade («velocidade») e -ia («alegria»), ao lado de, por exemplo, -ice («tolice») e -ura («ternura»). Só que ao adjetivo «eficaz» cabe o sufixo nominalizador -ia (e não _____).
Nesta parte final do ano, vamos ler mais textos do modo literário narrativo do que até aqui (já passámos sobretudo pelos modos lírico e dramático). Dentro do modo narrativo, chegaremos aos géneros epopeia e ao relato de viagem. Para já, vejamos um conto.
Na parte do filme O leitor que estivemos a ver na última aula do 2.º período, a protagonista aprendia a ler precisamente com um texto que é excelente exemplo da técnica dos grandes contos, «A senhora do cãozinho», de Tchékhov (ou Chekov). No filme, a tradução do título do original, russo, surge como ‘A dama do cachorrinho’, mas a mais recente tradução portuguesa (Anton Tchékhov, Contos, II, Lisboa, Relógio d’Água, 2001), de Nina Guerra e Filipe Guerra, opta por aquela solução, que me parece preferível.
O que se segue é o início de «A senhora do cãozinho». No entanto, a alguns parágrafos foi retirado o lado direito das linhas.
Vai lendo o conto e completando o que está em falta, na medida do que possas adivinhar e em estilo próximo do do original. Não acertarás em tudo (ou mesmo em nada), mas procura que as frases fiquem com sentido e gramaticalmente correctas. Tenta também que o que fores escrevendo não tenha extensão demasiado diferente da da parte suprimida das linhas (mas, claro, a letra manuscrita ocupa sempre mais espaço que a impressa).


Tepecê de férias e tarefas para o 3.º período — Recordo que lhes pedira que vissem em Gaveta de Nuvens — a meio das férias — o tepecê, bem como o rol já das tarefas mais importantes do período. Já lá está essa lista desde domingo de Páscoa, 1 de abril. Desta vez, as datas que indico são mesmo para cumprir. A primeira tarefa estava definida para esta nossa aula ou, no máximo, para a segunda, consistindo na redação de uma frase suscetível de ser aproveitada para propaganda das vantagens de ler e dos livros.
TPC — Para estudares o ponto de gramática explicado hoje, vê a ficha 4 («Processos regulares de formação de palavras»), nas pp. 7 e 8 do Caderno de Atividades. Também convém veres as páginas sobre o assunto («Processos morfológicos deformação de palavras») tiradas de gramática e que reproduzi no blogue.


Aula 97-98 (10 [2.ª], 12 [5.ª, 9.ª, 4.ª], 16/abr [3.ª]) Correção da tarefa sobre «A senhora do cãozinho».

Retomando os Processos regulares (ou morfológicos) de formação de palavras, que estudámos a aula passada, distribui pelos quadros estas palavras do sketch «Possuído por vozes da rádio» (série Lopes da Silva). Nem todas quadrículas serão preenchidas e haverá outras com mais do que uma palavra.
[o seu melhor] acordar | é desagradável | chinfrineira |os Já Fumega | passatempo | desprevenido | um transtorno (< transtornar) | telenovela | sintonizar | troca (< trocar) | transbordar
derivação com adição de constituintes morfológicos
prefixação

sufixação

prefixação e sufixação

parassíntese


derivação sem adição de constituintes morfológicos
derivação não afixal

conversão (derivação imprópria)


composição
composição morfossintática

composição morfológica

No sketch cujos protagonistas são o talhante Lopes da Silva e a freguesa Dona Raquel (série Lopes da Silva), a característica mais saliente é o uso de diminutivos. Em geral, são nomes que aparecem assim graduados, mas há palavras de outras classes:

Palavra derivada (com sufixo diminutivo)
Palavra sem o diminutivo
Classe
[Está] boazinha?
boa

[umas] espetadinhas


franguinho

nomes (N)
lombinhos


campinho


guisadinhas

adjetivos (Adj)
linguinha


coelhinho


saborzinho


[tão] gostosinho


molhozinho


porquinho


[papilas] gustativinhas


peruzinho


suculentozinho


peixinho


talhinho


poucochinho


tempinho


parvalhãozinho


cretinazinha


talhantezinho


[sua] pegazinha
pega

ruinha!


Os diminutivos conferem valores variados (pequenez, estima, desprezo, etc.). Neste caso, a maioria dos diminutivos visava dar mostras de ______, sendo porém os últimos, depois de se perceber que a cliente não ia comprar carne, de ______.
Nota que a junção do sufixo inho pode fazer-se à forma de base ou à palavra inteira, requerendo por vezes uma ligação suplementar (com -z- ou com outra consoante) —_____, _____, ______ {retira da tabela exemplos com consoante anteposta a -inho} — ou não — _____ {só um exemplo}.
Em «Um quilinho de kunami» (série Meireles) há bastantes adjetivos (uns graduados em comparativo, superlativo, etc.; outros graduados através de diminutivos). Surgem ainda nomes que, pelo seu significado, pela entoação ou pelo diminutivo, também exprimem uma valorização. Marca os [A]djetivos e os [N]omes. Circunda os sufixos diminutivos.
Um quilinho de kunami.
É kunami do bom.
É fruta tropical raríssima.
Paizinho!
Isto é bom, muito raro.
Por isso o preço é upa-upa, puxadote.
Olh'ò kunami fresquinho!
Isto é só fruta podre.
É preciso ter um gosto sofisticado.
Docinho... Maravilha!
Isto faz um suminho...
Alface velha, ameixas podres, ...
Com todo o respeito, a sua mulher é uma pega.
É um bocadinho, é.
Ainda há gente simpática...

Na p. 179, lê o texto «A história de um amor impossível», que é uma sinopse do romance A musa de Camões, de Maria Helena Ventura. Escreve um comentário acerca do modo como a figura de Camões é idealizada neste romance. Inclui uma citação ou duas.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


Aula 99-100 (16 [2.ª, 5.ª], 17 [3.ª, 4.ª], 11/abr [9.ª]) Vai lendo os textos nas pp. 214 e 215, já relativos à unidade em torno de Os Lusíadas, e, em cada item, circunda a alínea melhor.

Gonçalo M. Tavares, «Som, língua e aventuras humanas» (p. 214)
O segmento «ou me fizeram ler» (l. 1) deixa implícita
a) circunstância de ter sido obrigado a ler Os Lusíadas.
b) hesitação devida a esquecimento motivado pela passagem do tempo.
c) alternativa entre duas ações que visa mostra a indiferença do narrador perante a solução.
d) verdadeira dúvida sobre o que aconteceu.

«Não coloquei o livro na orelha como se fosse um auricular» (l. 9) pretende
a) sublinhar que se trata de obra para ser lida  e não ouvida.
b) opor o gosto da música ao desprazer que suscitaram os Lusíadas.
c) relacionar dois gostos do cronista, música e Os Lusíadas.
d) realçar o desagrado inicial causado por Lusíadas.

O segundo parágrafo do depoimento de Gonçalo M. Tavares procura
a) anunciar a próxima fase das Liga dos Campeões e a Liga Europa sob a égide da UELVA.
b) mostrar que, mais do que a aparência superficial, nos Lusíadas interessa o sentido.
c) sublinhar a profundidade do poema épico escrito por Luís de Camões.
d) vincar a importância da leitura em voz alta de Os Lusíadas.

«adulta» (l. 20) é
a) o complemento direto, sendo «O português enquanto língua comum, e altíssima,» o sujeito.
b) um erro (deveria ser «adulto», porque se trata do modificador restritivo de «O português [...]»).
c) complemento oblíquo.
d) um erro (deveria ser «adulto, já que se trata de predicativo que se articula com «O português [...]»).

«uma língua portuguesa pré-Lusíadas e uma língua portuguesa pós Lusíadas» (ll. 21-22) é
a) frase.
b) predicado.
c) complemento direto.
d) sujeito.

Todo o parágrafo nas ll. 26-35 assinala
a) haver aventuras e medos em Os Lusíadas.
b) haver vários planos na obra — os da viagem, da históriade Portugal, da mitologia, do poeta.
c) serem Os Lusíadas o repositório de toda a gama sentimental da época.
d) o caráter diversificado e a completude de Os Lusíadas.

«Um livro sobre as emoções que todos reconhecemos neste animal que sabe ler (o humano)» (ll. 37-39) é
a) predicado.
b) predicativo do sujeito.
c) frase.
d) sujeito.
Nicolau Santos, «Vai chatear o Camões» (p. 215)
«Desconfio» (l. 1) — que abre o depoimento de Nicolau Santos — deve ser entendido
a) em sentido denotativo.
b) como conotativo.
c) como resultado de efetiva presunção da parte do autor.
d) literalmente.

«milhares de alunos naufragaram nos escolhos gramaticais e nunca passaram além da Taprobana» (ll. 6-8) é engraçado
a) ser uma ironia.
b) ser uma hipérbole.
c) ser uma metonímia.
d) usar uma metáfora de campo lexical presente nos Lusíadas para significar as dificuldades que a obra põe.

No parágrafo que vai da l. 11 à l. 25, o retrato de Camões que nos é dado constrói a figura de um
a) apaixonado, criativo, pouco destro nas artes da guerra e pouco reconhecido em vida.
b) conflituoso, melhor na guerra e no amor do que nas relações sociais, obrigado a emigrar e, depois, abandonado.
c) vaidoso, individualista, guerreiro e volúvel nos amores, um CR7 quinhentista sem Dona Dolores nem Cristianitos.
d) aventureiro, bom guerreiro, impetuoso e com pouca sorte.

O soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» (cfr. ll. 25-35) foi
a) cantado por José Mário Branco ipsis verbis.
b) escrito por Camões, cantado por José Mário Branco, autor também do Hino de Portugal.
c) cantado por José Mário Branco, que lhe acrescentou um refrão revolucionário.
d) escrito por José Mário Branco.

«os Magriços» (l. 37) desempenha a função sintática de
a) modificador restritivo do nome.
b) modificador apositivo do nome.
c) complemento direto.
d) sujeito.

Pelas linhas 36-40 se percebe que
a) nos Lusíadas surge referência aos Magriços que representaram Portugal em Inglaterra, em 1966.
b) a alusão aos Magriços nos Lusíadas poderia ser associada, para promover a leitura da obra, ao nome da seleção de 1966.
c) o autor do depoimento gostaria que os Lusíadas tratassem também de outros assuntos, incluindo futebol.
d) «Magriços» foi o nome dado aos futebolistas selecionados em 1966 e que este nome nada tem que ver com Os Lusíadas.

Refere-se a história de Pedro e Inês (ll. 40-45)
a) como exemplo de episódio do poema com potencial para entusiasmar os que o conheçam.
b) para mostrar como um episódio de pouco interesse nos Lusíadas seria estimulante se aproveitado pelo cinema.
c) para insistir na necessidade de adaptar Os Lusíadas ao cinema.
d) por ter surgido pela primeira vez em Os Lusíadas.

Em «tornar a sua leitura um prazer e não um pesado fardo para milhares de jovens» (48-49) os elementos pontilhado e sublinhado são, respetivamente,
a) sujeito e complemento direto.
b) complemento oblíquo e predicado.
c) complemento direto e sujeito.
d) complemento direto e predicativo do complemento direto.


Ponho a seguir os começos de várias obras narrativas (clássicos universais ou da literatura portuguesa). Uso traduções, no caso das não portuguesas. Adivinha as correspondências, escrevendo à esquerda dos trechos o título da obra que iniciam.
Depois, ao mesmo estilo de cada passo, cria o par de linhas que se lhe seguiria.

Homero, Odisseia | Homero, Ilíada | Vergílio, Eneida | Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver | Daniel Defoe, As Aventuras de Robinson Crusoe | Júlio Verne, Vinte Mil Léguas submarinas | Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição | Eça de Queirós, A Cidade e as Serras | Eça de Queirós, Os Maias | Eça de Queirós, O Primo Basílio
Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Canto as armas e o varão que nos primórdios veio das costas de Troia para Itália [...]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, era conhecida na vizinhança da Rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela Casa do Ramalhete, ou simplesmente o Ramalhete.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nasci em 1632, na cidade de Iorque, no seio de uma boa família. Esta, porém, não era oriunda da terra, pois o meu pai era um estrangeiro de Bremen que começou por se fixar em Hull.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou, / depois que de Troia destruiu a cidadela sagrada.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, [...]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Espero que estejas preparado para admitir publicamente, sempre que fores chamado a fazê-lo, que foi por grande insistência tua que decidi autorizar a publicação de uma narrativa pouco cuidada e incorreta das minhas viagens [...]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O ano de 1866 ficou marcado por um acontecimento estranho, um fenómeno inexplicado e inexplicável, que certamente ninguém ainda esqueceu.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila Real de Trás-os-Montes, era, em 1779, juiz de fora de Cascais, e nesse mesmo ano casara com uma dama do paço, D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco [...]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


Aula 101-102 (17 [2.ª], 19 [5.ª, 9.ª, 4.ª], 23/abr [3.ª]) Lê «A epopeia: natureza da obra» (p. 217). Procura perceber noção de:Proposição’, Invocação’, ‘(Dedicatória)’, ‘Narração’.
Os livros distribuídos são todos do género épico (epopeias, poemas narrativos em verso sobre assunto merecedor de glorificação). No entanto, podemos distinguir três tipos:
(1) epopeias estrangeiras (traduzidas em português, em prosa ou em verso).
(2) epopeias portuguesas (menos célebres do que Os Lusíadas, mas, ainda assim, poemas épicos com propósitos sérios).
(3) epopeias paródicas ou poemas herói-cómicos (ainda que escritos segundo as regras da epopeia, têm objetivos satíricos; o próprio assunto pode ser ridículo).
Procurei que em cada mesa ficasse um exemplar dos tipos 1 ou 2 (epopeias a sério) e um exemplar de 3 (epopeias satíricas).
Comecem por identificar os livros que lhes tenham cabido (assinalando-os na lista):
1
Homero, Ilíada, trad. de Frederico Lourenço, 2005 [séc. VIII a.C.]
Homero, Odisseia, trad. de Frederico Lourenço, 2003 [séc. VIII a.C.]
Homero, Odisseia, trad. de Frederico Lourenço, 2018
Virgílio, Eneida, trad. de Agostinho da Silva, 1997 [séc. I a.C.]
Vergílio, Eneida, trad. de vários professores da FLUL, 2003
João Franco Barreto, Eneida Portuguesa, 1664
Coelho de Carvalho, A Eneida de Vergilio lida hoje, 1908
Ludovico Ariosto, Orlando Furioso, trad. de Margarida Periquito, 2007 [1516]
Torquato Tasso, Jerusalem Libertada, versão de José Ramos Coelho, 1905 [1581]
Kalevala. O poema épico da Finlândia, trad. de Orlando Moreira, 2007         [1849]
2
Jerónimo Corte-Real, Sucesso do segundo cerco de Diu, 1546
Vasco Mouzinho de Quevedo, Afonso Africano, 1611
Gabriel Pereira de Castro, Ulisseia ou Lisboa Edificada, 1636
José Martins Rua, Pedreida. Poema heroico da liberdade portugueza, 1843
José Agostinho de Macedo, O Oriente, 1854
José Agostinho de Macedo, Newton, 1854
José Agostinho de Macedo, A Meditação, 1854
Tomás Ribeiro, D. Jayme, 1862
José Agostinho de Macedo, A Creação, 1865
António José Viale, Bosquejo metrico da historia de Portugal, 1866
Augusto Bacelar, Migueleida. Poema em memoria do Senhor Dom Miguel de Bragança, 1867
Carlos Alberto Nunes, Os Brasileidas, 1938
3
Camões do Rossio [Caetano da Silva Souto-Maior], A Martinhada, séc. XVIII
Francisco de Paula de Figueiredo, Santarenaida, 1792
António Diniz da Cruz e Silva, O Hyssope, 1808
João Jorge de Carvalho, Gaticanea ou cruelissima guerra entre os cães e os gatos [...], 1816
[Nuno Pato Moniz], Agostinheida, 1817
J. M. P. [Camilo Aureliano Silva e Sousa], Os Ratos da Alfandega de Pantana, 1849
A Revolução, 1850
Alexandre de Almeida Garrett, As Viagens a Leixões ou a Troca das Nereidas, 1855
Francisco de Almeida, Os Lusiadas do seculo XIX, 1865
Manuel Roussado, Roberto, 1867
Quatro estudantes de Evora, Parodia ao primeiro canto dos Lusiadas de Camões, 1880
Pedro de Azevedo Tojal, Foguetario, 1904
Marco António, Republicaniadas, 1913
Um velho tripeiro, «A Carrileida». Poema épico-commercial, 1917
Octávio de Medeiros, Affonseida, 1925
Padre Ângelo do Carmo Minhava, Cabrilíada, 1947
Amândio Vilares, Portuscale, s.d.

Relativamente ao livro do tipo 1 ou 2:
Assunto do poema [a própria proposição já os pode ajudar bastante nessa síntese, já que, por definição, anuncia o que o autor se propõe «cantar»]: ___.
O pedido de inspiração (a invocação) é dirigido a ____ [se preferires, podes transcrever a expressão em causa].
Nem todos os poemas terão invocação (embora seja de regra) e, ainda menos, dedicatória (inovação dos Lusíadas mas que não era habitual nas epopeias).
A narração começa, ou parece começar, na estância n.º ____.
Número de cantos (ou livros): ____.
Tipo de estrofes: {escolhe} oitavas / [outro:] ____ / indiferenciadas.
Esquema rimático: {escolhe} a-b-a-b-a-b-c-c / [outro:] ____ / não tem.
Métrica: {escolhe} decassílabos / [outra:] ____ / não há metro fixo.

Relativamente ao livro do tipo 3:
Assunto do poema [a própria proposição já os pode ajudar bastante nessa síntese, já que, por definição, anuncia o que o autor se propõe «cantar»]: ____.
O pedido de inspiração (a invocação) é dirigido a ___ [se preferires, podes transcrever mesmo a expressão em causa].
Nem todos os poemas terão invocação (embora seja de regra) e, ainda menos, dedicatória (inovação dos Lusíadas mas que não era habitual nas epopeias).
A narração começa, ou parece começar, na estância n.º ___.
Número de cantos (ou livros): ___.
Tipo de estrofes: {escolhe} oitavas / [outro:] ___ / indiferenciadas.
Esquema rimático: {escolhe} a-b-a-b-a-b-c-c / [outro:] ___ / não tem.
Métrica: {escolhe} decassílabos / [outra:] ___ / não há metro fixo.

Recorda as estâncias 1 a 3 dos Lusíadas (p. 222), que constituem a Proposição.
Pensa agora num assunto a que pudesses consagrar um poema épico (ou a paródia de um poema épico), para, de seguida, escreveres a proposição dessa epopeia.
Assumimos que as estâncias serão oitavas, como as de Os Lusíadas, e adotaremos o mesmo esquema rimático — A-B-A-B-A-B-C-C —, embora este esquema não impeça, naturalmente, que as exatas rimas sejam diferentes de estrofe para estrofe. Quanto à métrica, deves tentar que os versos sejam, aproximadamente, decassilábicos.
(Faremos uma proposição com duas estrofes apenas. Os Lusíadas têm mais uma terceira oitava em que ainda se apresenta o assunto da epopeia.)
[Assunto do poema épico, ou herói-cómico, seria: ________]
Canto I
1.
As ____ e os _____ assinalados (A)
_______________________ (B)
_______________________ (A)
_______________________ (B)
_______________________ (A)
_______________________ (B)
_______________________ (C)
_______________________ (C)

2.
_______________________ (A)
_______________________ (B)
_______________________ (A)
_______________________ (B)
_______________________ (A)
_______________________ (B)
Cantando espalharei por toda a parte, (C)
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. (C)
TPC — Não esqueças o envio de bibliofilme. Prazo fixado era dia 20, sexta. Porém, acrescentarei a este prazo todo o fim de semana. Os trabalhos que me chegarem depois de domingo irão tendo penalizações de meio valor por dia (por exemplo, um trabalho que me chegasse no feriado de 25 de abril teria menos um valor e meio). E, repetindo-me, não deixes de ler as cuidadossíssimas instruções.


Aula 103-104 (23 [2.ª, 5.ª], 24 [3.ª, 4.ª], 26/abr [9.ª]) Correção do questionário de compreensão de há duas aulas.
No cimo da p. 223, que se refere à Proposição de Os Lusíadas, vê o item 1.1 e, na tabela que reproduzo a seguir, copia os versos em falta:
Dar a conhecer a todo o universo a heroicidade do povo português: «Cantando espalharei por toda parte»
Heróis dignos de louvor
Atos heroicos realizados
Versos ilustrativos do heroísmo
Guerreiros e outros homens ilustres
• Exploraram o mundo desconhecido, enfrentando mares nunca antes navegados.
• Enfrentaram perigos e duras guerras.
• Construíram um novo império no Oriente.
a) est. 1, vv. 3-4


b) est. 1, v. __

c) est. 1, vv. ____
Reis
• Espalharam a fé católica entre os não crentes e alargaram o império português.
d) est. 2, vv. 2-__
Outros heróis do passado, presente e futuro
• Homens ilustres que se imortalizaram pelos seus feitos.
e) est. 2, vv. ____

Reportando-te à Invocação (p. 226), completa a tabela (que aproveitei de P9):
O que o poeta pede ao destinatário da sua Invocação (às Tágides)
O poeta
pede

a) «um som _____» (est. 4, v. 5)
b) «_____» (est 4, v. 6)
c) «______» (est. 5, v. 1)
descarta
d) «______» (est. 4, v. 3)
Quanto à Dedicatória (pp. 228-229), em vez de a leres primeiro toda de seguida, procura ir lendo apenas à medida que fores respondendo ao item 2 (p. 229) e só mesmo para esse efeito (para perceber que afirmações são verdadeiras e corrigir as falsas):
a) Na Dedicatória, Camões dedica o seu poema ao rei da época, D. Sebastião.
b) Nas estâncias 6 a 8, o poeta exalta o rei.
c) Depois dos elogios, Camões pede ao rei que leia Os Lusíadas, para ver como é um excelente poeta e concluir que é melhor ser rei deste povo pequeno do que do mundo inteiro.
d) As façanhas e os heróis louvados na sua obra são verídicos e, por isso, de maior valor, ao invés dos louvados em poemas épicos anteriores, que são fictícios.
e) Nas estâncias 15 a 18, Camões elogia novamente o rei, solicitando-lhe a continua­ção das conquistas em terras de África e no mar do Oriente, prevendo grandes vitó­rias que servirão de base para uma nova epopeia.
f) No final, é pedido novamente ao rei que aceite e valorize Os Lusíadas, pois verá o heroísmo dos portugueses que servirá de impulso às suas novas conquistas.
g) Na Dedicatória, o português é elevado à condição de herói sobre-humano e mítico.
Responde ao item 1 do cimo da p. 230:
«Afonso», . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
(Para os próximos tempos — Sobre a dedicatória de Os Lusíadas pode ler-se, na p. 263, o texto expositivo «Sob o signo de Império». Tenta aliás ir lendo os vários textos ensaísticos à medida que formos dando cada grupo de estrofes. A tábua «Visão global — o conteúdo de cada canto», nas pp. 219-221, é especialmente útil.)
Naquele que terá sido o manual do 9.º ano da maioria de vocês, o P9 — que me parece um livro muito bem feito e que ainda poderias usar sobretudo nas partes de glossário de gramática ou para rever o que já deste sobre Os Lusíadas — vem este texto acerca do título do poema épico de Camões. Identifica um erro de pontuação que, por lapso, aí consta:
«A palavra “Lusíadas”, adotada por Camões no título da sua obra, é de origem latina e significa ‘descendentes de Luso’, ou ‘Lusitanos’, ou seja, portugueses. Sabe-se que foi o humanista do século XVI, André de Resende, a criar a palavra portuguesa, que seria usada posteriormente por vários poetas que, deste modo, individualizavam este povo originário da antiga Lusitânia.»
Retoma o trabalho iniciado na aula anterior — redação de Proposição (paródica, decerto) — sobre tema por ti escolhido, (i) completando os versos que faltem; (ii) melhorando o que já esteja redigido (verifica se a métrica está decassilábica; se o esquema rimático é mesmo A-B-A-B-A-B-C-C; se a pontuação está lançada — há tendência para se descurar a pontuação dos textos em verso, o que não é correto).
TPC — Prepara leitura em voz alta das estâncias 1-18 do canto I dos Lusíadas (pp. 222, 226, 228-229 do manual). Na Liga dos Campeões, os leitores dos jogos A, B, C, D preparam as estâncias 1-6; os leitores dos jogos E, F, G, H preparam as estâncias 7-12. Quanto aos leitores da Liga Europa, preparam todos as estâncias 13-18. Leitura minha (útil apenas para perceber palavras difíceis e as que podemos conformar ao português atual e talvez para atentarem na interpretação da pontuação):
Turma 2

Turma 3

Turma 4

Turma 5

Turma 9



Aula 105-106 (24 [2.ª], 26 [4.ª, 5.ª], 30/abr [3.ª], 2/mai [9.ª]) Explicação para enquadramento do passo de Os Lusíadas a ler (cfr. Apresentação), seguida de cópia da resposta ao primeiro item.
Na p. 231, tens as duas últimas estrofes do canto I, as estâncias 105-106. Deixo-te as respetivas paráfrases:
[105] O recado que traziam era amistoso, mas encobria o veneno [da traição], porque as intenções eram hostis, como [se provou quando] se descobriu o ardil. Oh! Grandes e gravíssimos perigos [ameaçam os mortais!] Quão pouco seguro é o caminho da vida! [Como é possível] que a vida tenha tão pouca segurança, [mesmo] naquilo em que pomos as nossas esperanças!
[106] No mar tantas tormentas e tantos perigos, tantas vezes a morte iminente! Na terra tanta luta, tantas traições, tanta cruciante fatalidade! Onde poderá acolher-se um débil humano? Onde poderá ter segura a curta vida, sem que o tranquilo Céu se arme e se irrite contra um tão humilde verme da terra?]
Como ainda se percebe pelos primeiros versos da est. 105, em Mombaça os portugueses tinham sido alvo de uma emboscada por parte dos mouros, apesar de estes parecerem muito hospitaleiros.
1 Os acontecimentos vividos em Mombaça suscitam ao poeta algumas refexões, que ocupam as estâncias 105-106. Refere os motivos dessas considerações e os sentimentos que lhe despertam.
A propósito da emboscada preparada aos portugueses, o poeta reflete sobre _________. Tais reflexões provocam-lhe ___________.
1.1 Aponta recursos estilísticos utilizados na estância 105 para realçar as suas emoções.
A repetição anafórica de «____» (vv. 5-6) e a hipérbole utilizada nas expressões «___» (v. 5) e «_____» (v. 6) contribuem para enfatizar o desencanto do sujeito poético.
2 Transcreve a metáfora usada na estância 106 para designar o Homem.
A metáfora que designa o homem é __________.
2.1 Relaciona a metáfora com o carácter épico da obra, atendendo em particular ao valor expressivo das repetições presentes na última oitava.
Na última estância, a repetição do quantificador existencial «_____» e do advérbio relativo «_____» concorre para ampliar, em quantidade e extensão, os perigos a que está sujeito o Homem, quer no «_____» (v. 1), quer na «_____» (v. 3). Desse modo, a metáfora «________» serve, no contexto da epopeia, para realçar a desproporção existente entre os heróis e as dificuldades que terão de enfrentar para cumprir os seus objetivos. Assim, vai sendo construído o seu retrato de excecionalidade.
Na prova nacional intermédia de 2013-2014, duas perguntas aproveitavam as estâncias 105 e 106 do canto I. Reproduzo esses dois itens e as respostas sugeridas oficialmente. Porém, retirei à resposta 1 as formas verbais e, à resposta 2, as preposições e contrações (de preposição e determinante). Completa-as.
1. Relacione a interrogação final (est. 106, vv. 5-8) com as exclamações que a antecedem (est. 105, vv. 5-8, est. 106, vv. 1-4).
A interrogação presente nos quatro versos finais ____ da reflexão do poeta sobre a fragilidade da condição humana e da sua perplexidade perante a impossibilidade aparente de ____ um lugar seguro, onde o ser humano, «bicho da terra tão pequeno» (est. 106, v. 8), se ____ a salvo.
Nas exclamações dos versos 105, 5 a 106, 4, o poeta ____ os «grandes e gravíssimos perigos» (est. 105, v. 5) a que o homem ____ sujeito, tanto no mar como na terra, na permanente incerteza do futuro («Caminho da vida nunca certo», v. 6).
2. Explique de que modo a mitificação do herói em Os Lusíadas é ilustrada pelas estâncias transcritas.
A mitificação ___ herói é ilustrada ___ excerto, ___ medida ___ que é referido e valorizado o esforço que leva os portugueses não só ___ ultrapassarem os perigos graves, ___ mar e ___ terra, como também ___ assumirem a fragilidade ___ condição humana.
Consciente ___ desproporção existente ___ o «fraco humano» (est. 106, v. 5) e o «Céu sereno» (v. 7), o poeta acentua e enaltece a grandeza heroica daqueles que enfrentam forças adversas e, assim, se elevam ___ nível ___ deuses.
No sketch que vamos ver ficam salientadas as três variedades (ou variantes) do português (europeia, brasileira, africana[s]), mas também a variação dialetal dentro do território do português europeu; o assunto será, portanto, a variação geográfica. Este assunto está tratado na pp. 271-272 do manual.
Em «Padre que não sabe fazer pronúncia» (série Meireles), o protagonista é um seminarista que, segundo o padre seu orientador, não consegue ter a pronúncia devida. Deves estar atento às pronúncias que o candidato a padre vai tentando e ir completando o primeiro quadro:
Pronúncia ideal para um padre
da Beira, da Guarda.
pronúncia das sibilantes: «[ch]otaque»; 2.ª pessoa do plural: «percebeis».
Pronúncias tentadas pelo seminarista
_____
ditongações: «t[ua]dos» (todos); bê por vê: «Co[b]ilhã»; léxico: «carago».
_____
alongamento das vogais finais: «padriii»;
nasalizações: «v[ã]mos».
_____
supressão do –r final: «dançá» (dançar); vogais átonas pouco reduzidas: «chap[á]» (chapa); léxico: «meu chapa».
_____
vogais átonas mais abertas.
_____
paragoge e vogais menos reduzidas: «rêzar[e]» (rezar).
Estas pronúncias — «sotaques» — representam ora as zonas geográficas a que pertencem falantes de língua portuguesa ora, em um caso, a influência que uma diferente língua materna tem sobre a pronúncia do português. Dividamo-las em três tipos:
Pronúncia ...
Casos no sketch
de determinada variedade regional (dialeto)
beirão; _____; _____.
de variante do português (europeia, sul-americana, africana)

_____; _____.
reveladora de a língua materna do falante não ser o português

_____.
Escreve a «exposição escrita» pedida na p. 232. A tinta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
TPC — Prepara leitura em voz alta das estâncias 1-18 do canto I dos Lusíadas (pp. 222, 226, 228-229 do manual), consoante a distribuição que lhes dei na última aula. Vai tratando também do trabalho de redação de crónica de viagem (consulta as instruções).


Aula 107-108 (30/abr [2.ª, 5.ª], 3 [9.ª, 4.ª], 7/mai [3.ª]) Nas pp. 233-234, lê o final do canto V, as estâncias 92-100, já depois de o Gama terminar o seu longuíssimo discurso ao Rei de Melinde. Ao mesmo tempo, completa as paráfrases de cada estância (tirei-as da edição de Campos Monteiro). Por vezes, as palavras em falta na «tradução» são idênticas às de Camões, outras vezes correspondem a atualização do vocabulário ou descodificação de alguma figura de estilo. O itálico marca acrescentos (para melhor compreensão).
92 | Quão doce não é o louvor e a justa glória dos nossos feitos, quando os vemos ____! Todo o homem de nobre sentimentos se esforça por ____ ou igualar em fama os antepassados ilustres. As emulações produzidas pela história dos outros dão lugar, muitas vezes, a gloriosos feitos. A quem se propõe à ____ de obras valiosas, muito o incita e estimula o louvor alheio.
93 | Alexandre Magno tinha em menos apreço os feitos gloriosos de Aquiles na ______ que os maviosos versos do seu cantor. Só a estes encarecia e fazia jus. Os famosos troféus de Milcíades tiravam o sono ao _____ Temístocles, que afirmava nada lhe ser tão agradável como as vozes que _____ as suas façanhas.
94 | Vasco da Gama esforçou-se por mostrar que essas expedições navais exalçadas por todo mundo não _____ tamanha glória e fama como a sua, que assombrou o _____ e a terra. Sim, mas Octaviano Augusto, que tanto prezou e recompensou, com dádivas, mercês, favores e honrarias o poeta Vergílio, foi quem fez ecoar o nome de Eneias e alastrar a _____ de Roma.
95 | A terra portuguesa produz também Cipiões, Césares, Alexandres e _____; mas não lhes concede, a esses heróis, aqueles dotes cuja falta os torna rudes e incultos. Octaviano, entre as mais angustiosas conjunturas, compunha _____ eruditos e formosos. Fúlvia poderia confirmar este asserto, quando António a trocou por _____.
96 | Júlio César subjugou toda a Gália, e os trabalhos da guerra não o impediram de cultivar as letras; antes, sustentando numa mão a ____ e noutra a lança, conseguiu _____ a eloquência do Cícero. De Cipião Emiliano sabemos nós que tinha grande prática de literatura teatral. E Alexandre Magno lia as obras de Homero tanto a miúdo que nunca lhe saíam da _____ do leito.
97 | Enfim, não houve general romano, grego, ou mesmo bárbaro, que não fosse ao mesmo tempo ilustrado e _____; só entre os portugueses não acontece assim. Não o digo sem vergonha; porque o motivo de não serem muitos heróis portugueses cantados em ______ é não serem os versos apreciados por eles, pois que quem desconhece a arte poética não pode ______.
98 | Por isso, e não por falta de inspiração, não há também em Portugal Vergílios nem _____; nem haverá, se este costume persistir, pios Eneias ou bravos _____. E ainda o pior de tudo é que o destino fez os nossos guerreiros tão soberbos e tão bruscos, tão _____ e tão apoucados de inteligência, que pouco ou nada se importam com isso.
99 | Pode o nosso Gama _____ às Musas portuguesas o intenso amor da pátria que as levou a dar aos seus descendentes fama e nomeada, cantando os seus gloriosos e _____ trabalhos; visto que nem ele, nem quem da sua geração usa o seu nome, usufrui tanto a amizade de Calíope, ou das ninfas do Tejo, que estas se dignassem abandonar as telas de oiro para o _____.
100 | Porque o único estímulo e o único propósito das Tágides gentis são o _____ fraternal que elas dedicam aos portugueses e o desinteressado prazer de dar a todos os seus feitos militares o louvor que estes merecem. Não obstante, ninguém deixe de ter a alma sempre disposta para os _____ empreendimentos; pois que por esta, ou por qualquer outra forma, nunca _____ o seu prémio nem o seu valor.
Na última aula demos exemplo de uma das consequências da mudança linguística, a variação geográfica (nas pp. 270-272 referem-se as três variedades do português e os dialetos do português europeu). Porém, a língua também varia em função do tempo (variação histórica), dos grupos sociais a que pertencem os falantes (variação social) e até em função da situação de comunicação (variação situacional).
O sketch «Policiês/Português» (série Fonseca) pode ilustrar a variação social (um dos falantes exibe características linguísticas de um dado grupo profissional, uma gíria) e a variação situacional (a mesma personagem recorre a um português muito formal, talvez para enfatizar o momento da aplicação da sanção e o seu estatuto de autoridade). Completa {usando os termos a seguir}
popular / familiar / corrente / cuidado / gíria / variedade regional / escrito / oral / formal / informal
Um polícia parece querer multar um automobilista. Ao descrever a manobra incorreta efectuada e a sanção que vai aplicar, recorre a um nível de língua ____, usando linguagem mais típica do meio _____ (que, em geral, segue um registo ____) do que do meio ____ (quase sempre, mais ____). Ainda por cima, adota termos que talvez se possam considerar de uma ____ própria, específica dos polícias. Por isso, o automobilista nada percebe.
Um indivíduo que está por ali vem então traduzir o discurso do polícia para um nível de língua ____ e, às vezes, até ____ ou mesmo ____. Acaba por se perceber que o polícia aceita ser subornado, e fica tudo resolvido.
Diga-se ainda que, pela pronúncia de três palavras («gra[b]e», «indi[b]íduo», «de[rr]espeito»), percebemos que o polícia fala conforme uma determinada ______, provavelmente a beirã (ou, então, a transmontana).
TPC — (i) Ao longo desta semana, envia-me primeira versão de crónica de viagem (não deixes de ler os exemplos — vê instruções). (ii) Em Gaveta de Nuvens relanceia o capítulo de gramática ‘Variação e normalização linguística’.


Aula 109-110 (3 [5.ª], 7 [2.ª], 8 [3.ª, 4.ª], 9/mai [9.ª]) Enquadramento do passo a ler na ação de Os Lusíadas (cfr. Apresentação).
Reconstitui as quatro estâncias cujos dísticos recortados tens no envelope. Deves aproveitar o que já sabes acerca do esquema rimático seguido nas estrofes de Os Lusíadas. Os dísticos A, B, C, D são os primeiros, respetivamente,  da primeira, segunda, terceira e quarta estância. Os restantes dísticos estão todos muito bem desordenados.

Faz uma releitura das estâncias na p. 240 (VIII, 96-99). Convém perceberes a cadeira anafórica em que assentam estas estrofes finais do antepenúltimo canto dos Lusíadas. Ao referente «dinheiro» sucedem-se vários termos anafóricos (uns sete pronomes demonstrativos «este» e um grupo nominal «este encantador [este feiticeiro]», todos correferentes, é claro). Depois, preenche a tabela, copiando as transcrições do texto que podem abonar cada uma das afirmações da coluna à esquerda.
O poder corruptor do dinheiro percorre todas as camadas sociais.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A deterioração dos valores da classe nobre é destacada pelo poeta.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O dinheiro influencia a compreensão das situações.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Nem os membros religiosos (os sacaninhas!) escapam à influência negativa do dinheiro.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O domínio do dinheiro pode influenciar situações legais.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sob influência do dinheiro, o ser humano pratica ações desleais.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


Leitura em voz alta (oitavos de final da LC).
TPC — Vai lendo a ficha informativa 4 (pp. 242-243) e, em geral, os textos ensaísticos perto dos cantos que temos vindo a ler. 


Aula 111-112 (7 [5.ª], 8 [2.ª], 10 [4.ª, 9.ª], 14/mai [3.ª]) Responde às perguntas 1, 2 e 3 de um modelo de prova de exame, acerca das estrofes que estão na p. 237 do manual (canto VII, 78-83) e no cimo da p. 238 (84)

1. Identifica o destinatário da mensagem do poeta e o motivo que o leva a dirigir-se-lhe, interpretando a dimensão metafórica da estância 78.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Nas estâncias 79, 80, 81 e na primeira metade da 82, o poeta fala da sua vida. Caracteriza-a, fundamentando a tua resposta com elementos textuais.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Na estância 82, o poeta utiliza um tom crítico e sarcástico. Sintetiza os motivos que o determinam.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. Explicita brevemente o conteúdo da estrofe 84.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Diluição em prosa (por Amélia Pinto Pais) das estâncias da prova (78-84):
O Catual pediu então a Paulo da Gama que lhe descrevesse as cenas representadas. A primeira dessas bandeiras representava um velho, vestido com traje grego, e tendo um ramo na mão: — Um ramo na mão tinha...
[Nova invocação e desabafo autobiográfico]
Aqui vou precisar da vossa ajuda, Ninfas do Tejo e do Mondego — sem ela, não me será possível contar devidamente as palavras de Paulo da Gama. É que me sinto desalentado. Há tanto tempo venho cantando o vosso Tejo e os vossos Lusitanos, andando peregrinando por terras diversas, enfrentando trabalhos excessivos e muitos riscos, no mar, como na guerra, numa mão sempre a espada e noutra a pena.
Também a pobreza me tem trazido degredado por hospícios alheios. E sempre que a esperança me volta, logo se lhe segue, de novo, o desalento. Por último, até um naufrágio sofri, e foi grande milagre dele ter escapado com vida.
Mas o que mais me tem magoado é que não bastavam tamanhas misérias; também aqueles que eu vinha cantando me recompensaram, inventando-me trabalhos nunca usados. Ora isso é muito grave, porque é ingratidão e não incentiva a que haja futuros escritores que venham a celebrar tais feitos! Por isso, de novo invoco a vossa proteção, agora que vou ter de cantar feitos tão diversos.
Juro-vos que não irei nunca celebrar quem o não mereça, como aqueles que pensam mais nos seus interesses do que no bem comum; ou os ambiciosos que querem ter cargos para melhor usarem de seus vícios; também não cantarei os que mudam de cor como os camaleões ou o deus Proteu; muito menos cantarei quem, com ar honesto, pretendendo contentar o Rei, despe e rouba o pobre povo. Ou aqueles que acham justo cumprir-se a vontade do rei, mas não acham justo que se pague o suor da servil gente. E também não cantarei aqueles que sempre censuram e põem nódoa, criticando, no que os outros fazem.
Apenas irei cantar aqueles que aventuraram a vida por seu Rei e por seu Deus e que, ao perdê-la, a dilataram em fama.
Apolo e as Musas, que até aqui me acompanharam, hão de ajudar-me, redobrando-me o talento, enquanto descanso um pouco, antes de voltar, mais folgado, ao trabalho.
TPCAproveita para fazer tarefas em atraso, se for caso disso. (Ver a lista de tarefas paratodo o período.)


#